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Filosofia Wiccana

A filosofia básica da Antiga Religião fundamenta-se nos caminhos da Natureza, e a compreensão da


espiritualidade pela humanidade é revelada por um sentido de comunidade saudável. É nessa estrutura
sustentadora de códigos de conduta, cortesia comum e respeito pelos outros que a essência de nossa
espiritualidade pode ser compreendida.

Essencialmente, a filosofia da Wicca emana da antiga visão de que tudo foi criado pelos Grandes Deuses
(a partir da mesma fonte procriadora) e de que tudo possui uma “centelha divina” de seu criador. Na
Criação, ensina-se que existem quatro “Reinos”: Mineral, Vegetal, Animal e Humano, cada um deles
expressão ou manifestação da Consciência Divina. Almas individuais atravessam esses Mundos,
adquirindo conhecimento e experiência, movendo-se rumo à reunião com a Fonte de Todas as Coisas.
Num certo sentido, pode-se dizer que as almas vivenciando o plano físico são como sondas conscientes
enviadas pelo Criador Divino. Da mesma forma, pode-se dizer que as almas são como os neurônios na
mente do Divino Criador, entidades individuais que formam parte de um todo.

Embutida na criação física está a Lei da Causa e Efeito (sendo o “Karma” seu contraponto espiritual), que
serve para manter tudo em um equilibrado movimento. O Karma faz com que a alma experimente os
níveis de energia positiva e negativa que ela própria projeta a outras almas. Assim, através de muitas
existências, a alma é temperada e moldada para que possa ser funcional nos Mundos Espirituais nos quais
um dia habitará. De acordo com as crenças antigas, a alma pode encarnar fisicamente muitas vezes até se
libertar do Ciclo do Renascimento.

Nos “bastidores” da existência física habitam as forças que animam o mundo. Os antigos se referiam a
essas forças como os Reinos Elementais: Terra, Ar, Fogo e Água. Nessas Forças ou Reinos, os antigos
viam seus agentes ativos como espíritos conscientes. Aos espíritos da Terra eles deram o nome de
“Gnomos”; aos do Ar, de “Silfos”; aos do Fogo, “Salamandras”; e aos da Água, “Ondinas”. Tudo na
Natureza foi criado e é mantido por um ou mais desses Elementos (e seus agentes). Eis por que os
Elementais são chamados em rituais ou em magia, para que algo possa ser criado ou estabelecido (apesar
de, nesse caso, nós assumirmos a condição de “Criador” que dirige a manifestação).

Todas as formas de vida são respeitadas na Antiga Religião. Tudo possui igual importância. A única
diferença é que as coisas estão meramente em diferentes níveis de evolução dentro dos Quatro Reinos. Os
humanos não são mais importantes do que os animais, que não são mais importantes do que as plantas e
assim por diante. Vida é vida, não importa que forma física ela adote em um determinado tempo. Somos
todos parte da mesma criação e tudo se conecta e se une.

A Natureza é considerada o Grande Mestre. Os Ensinamentos dos Mistérios nos dizem que a Fonte
Divina depositou no tecido da Criação um reflexo do que a criou. Assim, as leis da Natureza são reflexos
das Leis Divinas ou princípios, os quais operam numa dimensão acima e numa abaixo da natureza física.
Destarte, os antigos cunharam a frase “assim na terra como no céu”.

Ao estudar os Caminhos da Natureza, obtém-se uma visão (por mais crua que seja) dos Caminhos
Divinos e, a partir destes, podemos ver o retorno das estações (reencarnação) e as leis de causa e efeito
(karma) ligados ao uso (bom ou mal) da terra, do ar, dos recursos naturais e das criaturas vivas. Esse é um
dos propósitos dos rituais sazonais, pois tais ritos nos saturam e nos harmonizam com a essência
concentrada da Natureza nesses períodos determinados. Quanto mais acumulamos nas marés sazonais da
Natureza, mais nos tornamos iguais a ela. Ao nos tornarmos como a Natureza, fica mais fácil
compreende-la.

Quando contemplamos os chamados Reinos Inferiores, vemos a cooperação entre diversos insetos, tais
como formigas ou abelhas, e em muitos animais encontramos rebanhos ou matilhas, etc. (nisso podemos
reconhecer o Caminho Divino do Espírito Grupal). Todas as almas experimentarão tanto o grupo quanto a
individualidade, para que possam compreender a necessidade de autolimitação (como no compromisso e
na cooperação). Um grupo de criaturas trabalhando em conjunto pode defender-se e suprir suas
necessidades melhor do que uma criatura solitária. Na reflexão Divina desse princípio, vemos que uma
alma se enriquece ao dar de si mesma a outra alma, e é isolada quando se posiciona acima de outra.

Todos já experimentamos o prazeroso sentimento de proporcionar bem-estar a outra pessoa, e o


sentimento de culpa ou de egoísmo ao darmos mais importância a nós do que a um amigo ou ser amado.
Todos experimentamos o sentimento de aceitação e reconhecimento num grupo, assim como a dor da
rejeição. Até mesmo quando obtemos prazer ou alegria solitariamente sentimos a necessidade de
compartilhar esse sentimento com outra pessoa de algum modo. Disso surge o ensinamento de servir aos
outros, pois os Wiccanos sempre foram os conselheiros ou curandeiros locais.

No que concerne ao ensinamento do relacionamento de uma alma a outra, sabemos que os antigos criam
numa raça de deuses que observavam e interagiam com a humanidade. Para os antigos, um deus podia
representar qualquer força da natureza singular, aparentemente independente, cujas ações podiam se
manifestar na forma de tempestades, tremores de terra, arco-íris, belas noites estreladas e assim por
diante. À medida que o esclarecimento e a intelectualidade dos humanos cresceu, também cresceu o
conceito dos deuses.

Os Wiccanos geralmente vêem seus deuses como Seres cuidadosos e benevolentes, num papel semelhante
ao de um amável pai ou mãe (apesar de muitos Neo-Wiccanos encararem o Deus e a Deusa como
conceitos metafísicos em vez de aspectos da Consciência Divina). Um pai ou uma mãe cuidam em certos
aspectos de uma criança, mas devem basicamente ensinar a criança a se preparar para viver sua própria
vida. Ao correr de seu relacionamento, a criança nem sempre entenderá os atos de seus pais. No entanto,
ainda existirá uma relação, e esta requer compreensão mútua e comunicação para que um espírito
amoroso floresça.

Por vezes, uma criança pode achar que o pai ou a mãe são injustos ou pouco amorosos, sem compreender
que o pai deve estabelecer limites e regras de comportamento para o próprio bem da criança. Regras e
limites existem na Natureza e são essenciais para a formação de raciocínio e comportamento maduros
(“assim na terra como no céu”). Ainda assim, não é crença entre os Wiccanos que os deuses coloquem
obstáculos ou tragédias no caminho dos humanos, tampouco que tenha o costume de testar a fé humana.
É a lei do Karma, e o azar de fatos aleatórios, que manifestam o que compreendemos como as agruras e
dificuldades da vida. São os deuses que se mantêm a nosso lado e nos auxiliam a encontrar a força de que
precisamos para prosseguir.

Um dos maiores dogmas de crença na Antiga Religião é o de aceitar as responsabilidades por nossos
próprios atos. Nós fazemos ou destruímos nossas próprias vidas, e ativamos ou desativamos nosso próprio
“quinhão” na vida. Os Deuses estão a postos para nos auxiliar, mas nós é que devemos realizar o
trabalhão. Até mesmo quando fatos aleatórios ou o Karma aparentemente nos alquebram, somente nós é
que podemos lutar para continuar. A Natureza fornece as chaves para compreender esse processo a fim de
que não fiquemos sós; essas chaves são encontradas nos Mistérios Wiccanos. Na verdade, os
Ensinamentos Misteriosos da Wicca nos auxiliam a encontrar nosso caminho ao seguirmos o caminho
batido dos que já passaram.

Os Wiccanos não podem depositar tudo nas mãos dos deuses e dizer: “Cuide disto agora”. Devemos ser
responsáveis por nós mesmos e por nossas próprias ações (ou falta delas), pois, mais do que nunca, somos
nós mesmos quem trouxemos a situação à sua manifestação. Quando nos conscientizamos disso, e agimos
de acordo, então os deuses se aliam a nós. É desejo de nossos deuses que sejamos felizes em nossas vidas
e que atinjamos nosso objetivos e ambições antes do fim de nosso período na terra.

Na Antiga Religião, a morte significa simplesmente a passagem de um mundo a outro. O corpo físico,
como a vestimenta da alma, é descartado quando se desgasta ou é danificado permanentemente. O
nascimento é a entrada da alma no mundo. E, “assim na terra como no céu”, os outros Mundos
aparentemente possuem sua próprias versões de nascimento e morte.

Os ensinamentos nos dizem que deste mundo físico os Wiccanos passam a um mundo espiritual
conhecido como Summerland (ou o Reino de Luna). Esse é um domínio astral metafísico de prados, lagos
e bosques, onde é sempre verão. É um paraíso pagão repleto de amáveis criaturas das antigas lendas; os
próprios deuses residem lá. Ainda assim, o objetivo espiritual máximo dos Wiccanos não é Summerland,
mas a união original que eles a um tempo compartilharam com a Alma Grupal, habitando em unidade
com a Divina Fonte de Todas as Coisas.

Essa união não é um lugar num plano astral, como o é Summerland, é, isso sim, um estado de ser. Esse é
um dos motivos pelos quais reencarnamos, vivendo nossas diferentes existências ora como machos, ora
como fêmeas, ora ricos, ora pobres, etc., numa sucessão de personalidades, aprendendo e crescendo,
tomando ciência e respeitando as outras almas.. Esse tipo de espiritualidade cria uma vibração mais
elevada no interior da alma, permitindo que ela escape do retrocesso à matéria física, inerente a uma
vibração mais baixa.

De tudo o que os Wiccanos compreendem da ordem do mundo físico, surge um código básico de conduta:

• Se ninguém for prejudicado por uma ação sua (seja física, emocional ou espiritualmente), então aja
como desejar na Vida, de acordo com sua Individualidade mais Elevada. Busque sua identidade e seu
propósito.
• Quando alguém faz algo de bom para você, retribua o gesto bondoso fazendo algo de bom por outrem,
para que a semente plantada dê fruto.
• Mantenha sua palavra e seus juramentos quando os empenhar.
• Não mate ser algum, exceto quando necessitar de alimento ou proteção.
• Reconheça e preste a devida reverência a seus deuses, observando todos os períodos e festivais
sagrados.
• Não despreze as crenças de outrem, simplesmente ofereça o que acredita ser verdade.
• Busque viver em harmonia com os que discordam de você.
• Tente se conscientizar dos que estão a seu redor e encontre a compaixão em seu interior.
• Seja sincero com seus próprios conhecimentos e lute para se afastar do que se opõe dentro de você.
• Auxilie os outros de acordo com suas necessidades e de acordo com sua habilidade em dar de si mesmo.

• Respeite a Natureza e lute para viver em harmonia com Ela.

Reencarnação

A reencarnação é a crença no renascimento de uma alma no plano físico após a morte. Esse ensinamento
é um conceito importante na Wicca bem como em outras religiões, como o budismo, o hinduísmo, o
janismo e o sikhismo. Entre os antigos gregos, era conhecida como palingenesis (“ser gerado
novamente”) e era um ensinamento comum no orfeísmo.

Nos antigos cultos de mistérios do sul da Europa, ensinava-se que a alam sobrevive à morte física e
posteriormente reencarna em outro humano ou outro mamífero, libertando-se por fim do Ciclo do
Renascimento. Os antigos romanos registraram que doutrina semelhante era abraçada pelos druidas no
norte do continente.

Os druidas acreditavam que a alma passava para o plano de Gwynvyd se os feitos dos indivíduos
tivessem sido positivos. Se fossem da natureza malilgna, então a alma passaria para o plano de Abred. Em
Gwynvyd, a alma ingressa num estado de bem-estaopriada à sua natureza após a morte. Em qualquer dos
casos, os druidas acreditavam que a alma poderia retornar novamente a um corpo humano numa vida
posterior.

Summerland

Os Wiccanos crêem num mundo “pós-vida” conhecido como Summerland, a Terra do Verão, no qual as
almas repousam e se renovam antes de renascerem no mundo físico. Entre os cletas, esse mundo era
normalmente conhecido como Tir nan Og, a Terra da Juventude Eterna. Ele é aludido no conhecido verso
Wiccano O Chamado da Deusa.

... pois minha é a porta secreta que se abre para a Terra da Juventude, e minha é a taça com o vinho da
vida, e o Caldeirão de Cerridwen, que é o Cálice Sagrado da Imortalidade.

Esse mundo é muito semelhante a outros presentes na mitologia britânica-celta. Nas lendas do Rei Arthur,
encontramos o mundo da Ilha das Macieiras (conhecido como Avalon), onde habitam os reis e heróis
mortos. Entre os druidas, havia um mundo similar conhecido como a Ilha de Sein ou a Ilha dos Sete
Sonos (Enez Sizun). Todos possuem semelhanças com a Summerland dos Wiccanos.

Na Bruxaria do sul da Europa há um mundo chamado Luna, muito semelhante ao Summerland Wiccano.
É um paraíso pagão repleto de criaturas mitológicas que habitam belos bosques e campos. Lá, as almas
dos bruxos residem por algum tempo, encontrando-se com os Ancestrais que morreram antes deles, bem
como o Deus e a Deusa.

O Deus e a Deusa

A Fonte de Todas as Coisas, também conhecida como o Grande Espírito, é geralmente personificada na
crença Wiccana nas figuras de uma Deusa e de um Deus. Uma vez que a Wicca é uma religião natural,
ela busca um equilíbrio entre o Masculino e o Feminino em seu conceito de Deidade. Há, porém, algumas
tradições que concebem a Deidade apenas com uma Deusa, que contém as polaridades masculina e
feminina em Si mesma. Um exemplo disso seria a Tradição de Diana. Muitos Neo-Wiccanos vêem a
Deidade por uma filosofia mais oriental, encarando os Deuses como conceitos metafísicos independentes,
associados aos ciclos do Karma e renascimento.

A Deusa na crença Wiccana representa a Grande Mãe dos antigos cultos matrifocais. É também vista
como uma deusa tríplice conhecida como Donzela, Mãe e Anciã. O Deus é o Deus Cornífero das
Florestas, o aspecto da fertilidade tão comum na antiga religião pagã. Em algumas tradições, ele é
representado com chifres de bode, e em outras com chifres de gamo.

Assim na Terra como no Céu

Este ensinamento aborda a dimensão física como um reflexo de uma dimensão não-física superior. Tudo
o que existe no mundo físico foi antes uma forma de energia numa dimensão superior que acabou por se
manifestar no mundo da matéria física. A expressão física dessa forma ou conceito se torna mais densa
(em todos os aspectos) à medida que penetra na dimensão física, e ainda assim reflete o conceito básico
do princípio superior.

Nos Mistérios Egípcios, ensinava-se que “o que está abaixo é igual ao que está acima, e o que está acima
é igual ao que está abaixo” (a Criação é da mesma natureza que o Criador). Esse conceito é válido não só
para a manifestação da matéria física, mas também está contida nas Leis da Natureza e nos Princípios da
Física. Eis por que, na teologia Wiccana, a Natureza é vista como o Grande Mestre e por que a Wicca se
baseia na reverência à Natureza. É através de nossa compreensão da Natureza e de suas características
que poderemos compreender os métodos dos Criadores que a tudo originaram, pois a natureza dos
Criadores é refletida em suas criações, assim como o estilo de um artista pode ser identificado em sua
arte.

A Antiga Religião contém certas leis e métodos, pois se baseia no projeto da Natureza (o qual, por sua
vez, reflete a natureza daquilo que o criou – em outras palavras, a Consciência Divina). A filosofia
oriental, de certo modo, prejudicou esse conceito da crença Wiccana, e hoje muitos Neo-Wiccanos
desprezam a antiga estrutura e doutrina dos Ensinamentos Misteriosos. Eles optam pela filosofia oriental
dos Princípios Cósmicos e, enquanto os Antigos Wiccanos adotam um deus e uma deusa conscientes,
muitos Neo-Wiccanos adotam princípios metafísicos.

Dimensões Ocultas

O ocultismo Wiccano ensina que há sete planos ou dimensões que compõem a existência. A mais alta
dimensão é o Plano Máximo (impossível de ser conhecido a partir de nossa natureza humana). O mais
baixo é a Dimensão Física. Essencialmente, essas são as freqüências mais alta e mais baixa nas quais a
energia vibra ou ressoa num senso metafísico.

A ordem tradicional na qual essas dimensões são apresentadas é a seguinte:


1. Máxima
2. Divina
3. Espiritual
4. Mental
5. Astral
6. Elemental
7. Física

Na realidade, ela não ocupam o espaço como por nós compreendido, e sua relação entre si não é
literalmente uma acima ou abaixo da outra. Pode-se dizer que elas ocupam o mesmo espaço ao mesmo
tempo, mas existem inúmeros estados diferentes de energia.

Causa e Efeito

Os Wiccanos crêem que tanto as energia as positivas quanto as negativas retornam (em aspecto
semelhante) àquele que as origina. A isso costuma-se dar o nome de Lei Tríplice. Como “lei”, esse
ensinamento diz que “tudo o que fizer retornará a você triplicado”. É muito semelhante aos Sistemas
Místicos Orientais que ensinam o conceito de Karma. Os Neo-Wiccanos vêem a Lei Tríplice
simplesmente como um princípio de “ação e reação” semelhante às Leis da Física. Os Ensinamentos dos
Mistérios da Antiga Wicca o associam à deusa conhecida como Wyrd.

Magia

Na crença Wiccana, a Magia representa a habilidade de efetuar mudanças de acordo com o desejo ou a
vontade pessoal. Na realidade, é a compreensão de como funcionam os mecanismos internos da Natureza
(o assim chamado Sobrenatural), bem como a compreensão de como uma pessoa pode solicitar o auxílio
de um espírito ou de uma deidade.

A verdadeira magia não é superstição nem magia popular, tal como os poderes atribuídos às ervas e ao
encantamentos naturais. É a compreensão dos princípios metafísicos e de como empregá-los para
manifestar seus desejos ou necessidades. Freqüentemente a magia requer a utilização de instrumentos
preparados e estados de consciência estabelecidos.

Ética

Os Wiccanos basicamente acreditam na filosofia “viva e deixe viver”, sem violência, e tendem a tolerar
as crenças e credos alheios. Existe uma bondade de espírito básica em grande parte dos Wiccanos, bem
como um esforço em busca de uma coexistência pacífica com os que os rodeiam. Ainda assim, dão
também atenção especial à sua individualidade e a suas necessidades pessoais, e não costumam “oferecer
a outra face” quando agredidos.

Os Wiccanos evitam certas ações nem tanto por acreditarem num a possível punição como resultado, mas
por utilizarem uma noção básica de certo e errado. É errado roubar, é errado ceifar uma vida sem
necessidade, é errado ferir alguém intencionalmente. A conduta sexual é geralmente vista como uma
questão pessoal, e na Wicca tradicional ninguém é julgado pelo modo como conduz seus assuntos
pessoais.

O popular texto conhecido como a Rede Wiccana diz: “Se não prejudicas ninguém, faze o que desejas”.
Alguns Wiccanos entendem que isso significa que uma pessoa pode fazer o que quiser, desde que
ninguém seja prejudicado, livrando assim essa pessoa de qualquer dívida cármica. Essa não é exatamente
a interpretação da Rede segundo a Doutrina dos Mistérios.

Fazer o que se deseja fazer significa, na verdade, descobrir o seu verdadeiro propósito e praticá-lo. Isso
visa o bem-estar da pessoa, mas não o dano a outrem. Num sentido mais elevado, esse dogma Wiccano se
relaciona ao Misticismo Oriental. É dever do neófito dominar seus sentidos físicos e ingressar no
desprendimento. Uma vez que o aprendiz se eleve acima dos desejos e necessidades carnais, ele poderá
observar o mundo com desprendimento e desse modo descobrir seu verdadeiro Propósito.
Nesse estágio não há inveja, cobiça ou ciúme, e assim a pessoa pode agir de acordo com o conhecimento
de seu verdadeiro desejo puro, o qual naturalmente não acarreta danos aos demais, pois não se baseia em
relacionamentos, prestígio pessoal ou ganhos pessoais dentro de uma sociedade. É o verdadeiro desejo de
natureza divina no interior da pessoa, agindo de acordo com seu propósito nesta existência.

Ritual

O ritual é tanto um meio de culto quanto um método de comunicação com as deidades ou espíritos. É uma
linguagem simbólica que permite acessar outras dimensões ou estados de consciência. O ritual também
permite que nos afastemos de nossas personalidades mundanas e nos tornemos algo maior do que nós
mesmos.

Na Wicca, os rituais foram criados para nos ligar às energias das mudanças sazonais de nosso planeta.
Esses períodos de fluxos de energia são demarcados pelos Solstícios e Equinócios. Outros períodos de
poder acontecem exatamente entre estes períodos de poder e constituem os outros quatro Sabbats.

Muitas Tradições Wiccanas possuem nomes diferentes para os Sabbats Rituais, dependendo de sua
influência cultural. Os Sabbats são normalmente conhecidos como:
• Imbolc ou Candlemas (2 de fevereiro)
• Equinócio de Primavera ou Dia da Dama (21 de março)
• Bealtaine/Beltane ou Roodmas (30 de abril)
• Meio de Verão ou Solstício de Verão (22 de junho)
• Lughnasadh ou Lammas (31 de julho)
• Equinócio de Outono (21 de setembro)
• Samhain ou Hallowmas (31 de outubro)
• Yule ou Solstício de Inverno (22 de dezembro)

Herbalismo

Os antigos ensinamentos nos dizem que em todas as coisas reside uma consciência viva chama Mana ou
Numen. Do mesmo modo que os humanos são almas encapsuladas num corpo físico, também as plantas
possuem uma centelha divina em seu interior (assim como as pedras, árvores e todos os objetos
inanimados). É o poder do Numen ou Mana de uma planta que é empregado na magia e nos
encantamentos. Os antigos criaram uma tabela de correspondências para diversas plantas aferindo a elas
certas qualidades.

A energia coletiva do Numen ou Mana em um ambiente como uma floresta ou um lago é responsável
pelo sentimento de tranqüilidade que experimentamos em tais locais. Por isso muitas pessoas apreciam
acampar ou fazer caminhadas. É também isso que nos atrai a determinadas áreas ou nos influenciam
quando escolhemos um local para sentar ou estacionar o carro. Em tais casos, estamos respondendo às
emanações harmoniosas do Numen ou Mana.

Em termos remotos, só espíritos da Natureza eram associados ao campos e bosques. Acreditava-se que o
poder de diversas ervas derivava do contato com fadas e outras criaturas sobrenaturais. Cria-se também
que certos corpos planetários, inclusive o Sol e a Lua, energizavam várias ervas. Dizia-se que a
propriedade metafísicas etéreas da Lua passavam poder às ervas. Essa era uma das razões pelas quais se
ensinava que as ervas só poderiam ser colhidas sob a lua cheia.

Familiares

É uma antiga crença que diz que uma relação psíquica pode ser estabelecida entre um humano e um
animal (ou espírito). Descreve-se quem estabelece entre um humano e um animal (ou espírito). Descreve-
se quem estabelece tal relação como possuidor de um espírito familiar. Esse conceito remonta aos
distantes dias xamânicos dos totens animais associados aos clãs humanos. Cada clã acreditava que um
determinado animal protegia e auxiliava seus membros. Isso não difere muito de algumas tribos de índios
americanos que atribuíam a si mesmas o nome de diversas criaturas.
Acreditava-se que o uso de uma pena ou pele de animal emprestava à pessoa que a usasse as qualidades
do animal em questão. A pessoa imitava o animal para despertar o poder que residia na pena ou pele, etc.
Ela ficaria familiar com o espírito do animal, e, uma vez que esse poder podia ser facilmente invocado,
dizia-se que essa pessoa possuía um espírito familiar.

Posteriormente, esse conceito foi expandido para incluir o estabelecimento de um elo psíquico com uma
criatura viva. O espírito vivo da criatura era capaz de possuir o xamã ou ser enviado em forma espiritual
para auxilia-lo em algum trabalho de magia. Durante a Idade Média, essa era a relação mais comum com
um familiar, e é a base da clássica imagem da bruxa e seu familiar como retratado na arte.

Poder Pessoal

Reza um antigo ensinamento que o corpo humano contém zonas de energia. Essa zonas podem ser
aplicadas e acessadas para gerar poder pessoal com uma finalidade de magia. No Misticismo Oriental,
esses centros são chamados de chackras, e ensina-se que há sete zonas como essas no corpo humano. Na
Wicca, o conceito é o mesmo, mas os chackras são normalmente chamados de centros de poder pessoal.

O primeiro centro se localiza na coroa do crânio e é visto como o ponto de encontro da consciência
humana e divina. O segundo fica no centro da fronte, imediatamente acima e entre os olhos. É muitas
vezes chamado de terceira visão, pois acredita-se que a soma dos cinco sentidos humanos seja
amplificada pela glândula pineal, e que isso produz um sexto sentido de visão e percepção psíquicas.

O terceiro centro se localiza na região da garganta e é envolvido na influência dos tons e vibrações que
por sua vez afetam os padrões de energia. O quarto se localiza na região do coração e está relacionado ao
padrões de energia de sentimento, sendo portanto constantemente associado a nossos sentimentos acerca
de locais e situações. O quinto centro está localizado no plexo solar e é o centro através do qual a alma
obtém sustento a partir da energia etérea com a dimensão física.

O sexto centro fica logo abaixo do umbigo e é conhecido como o centro de poder pessoal. É a esse ponto
que associamos nossa própria energia, ou a falta dela. Isso é normalmente sentido por um friozinho na
barriga quando nos deparamos com um desafio (como uma importante entrevista profissional). O sétimo
centro fica na área genital e é associado à energia em forma pura; em outras palavras, é energia bruta.

O grau de vibração desses centros, bem como a harmonia entre eles, cria um campo de energia ao redor
do corpo humano conhecido como aura. A aura é a representação energética de quem e o que somos.
Quando conhecemos alguém e imediatamente sentimos empatia ou antipatia, estamos respondendo à
energia da aura.

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