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1º Semestre - 2º Ano

Direito das Obrigações I


18/09/2018

Conceito e estrutura da Obrigação

Os juristas preocuparam-se em definir a obrigação de maneira mais teórica.

A obrigação de registar uma compra não é uma obrigação. Simplesmente é uma situação em que se não
se cumprir isso há consequências → ónus.

O artigo 397º - primeiro artigo das obrigações - nas obrigações sempre se refere a sujeitos.

Artigo 397º (Noção)

Obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de
uma prestação.

A lei diz que a obrigação é o vínculo, engloba quer a posição do devedor quer a do credor.

A obrigação é um vínculo que resulta um dever - produto de uma evolução histórica.

Artigo 817º (Princípio geral)

Não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir judicialmente o seu
cumprimento e de executar o património do devedor, nos termos declarados neste código e nas leis de
processo.

Consagração legal do princípio da execução específica - quando há obrigação, o credor tem o direito de
exigir que a prestação seja efetuada mesmo sem a colaboração do devedor. Prestação de facere - A
execução específica não pode ser alcançada através deste meio. O credor tem direito a que os órgãos
públicos vão buscar dinheiro ao património do devedor para pagar a um terceiro que executará a
prestação.

Existindo uma obrigação, o credor pode pedir ao tribunal para obrigar ao cumprimento - 817º e seguintes.

Execução específica - 827º

Desacreditada a ideia de que o devedor tivesse um direito e porquê? Entendia-se que não existe maneira
de forçar o devedor a cumprir, não há maneira de forçar o que a pessoa não quer fazer. Se não há maneira
de praticar aquilo que é correcto ( concluiu-se assim que, não havendo maneira de obrigar, NÃO há dever )
porque o dever é incoercível, então o que existe nas obrigações é o direito de atacar o património do
devedor ( TEORIA REALISTA ).

Culpa do devedor: é uma ideia que pressupõe a existência de um dever.


O direito não é uma ação humana maS sim um direito sobre o património humano.

*TEORIAS REALISTAS - ULTRAPASSDAS* derrubas pelas *TEORIAS PERSONALISTAS * - 897º e ss: tem
um dever mas não tem um poder de escolha.

Obs: Nos direitos anglo-saxónicos não há dever.

Execução de prestações infungíveis. Nestes casos, não dá para executar especificamente. Mas podemos
pedir ao tribunal sanção compulsória pecuniária.

Prestações infungíveis - só pode ser executada pelo devedor.

Sanção - impulso.

829º a): Sanção pecuniária compulsória - só se aplica se houver um dever.

Tese da Schuld (débito de responsabilidade em alemão)



Parte do princípio de que podem existir obrigações sem deveres. Não está demonstrado.

Teorias Mistas
A obrigação implica um dever e um direito sobre um património ( mas podem não coexistir ).

*Podem existem obrigações sem deveres*

A obrigação implica o tal dever de prestar, implica também no seu interior ( estrutura mais complexa )

Características da obrigação

1ª característica:

• Patrimonialidade: decorria na tese da patrimonialidade da prestação ( só tinha uma obrigação se tivesse


uma prestação avaliada em dinheiro, caso contrario não se tinha com exigir o cumprimento da
obrigação ). Depois foi decidido que não precisa ser patrimonial, ou seja, a prestação não tem que ser
avaliável em dinheiro: artigo 398º/2.

Artigo 398º

(Conteúdo da prestação)

1.As partes podem fixar livremente, dentro dos limites da lei, o conteúdo positivo ou negativo da prestação.

2. A prestação não necessita de ter valor pecuniário; mas deve corresponder a um interesse do credor,
digno de protecção legal.

Prof Antunes Varella - tem uma autoria para o entendimento das obrigações, principalmente em relação ao
artigo 398, diz que respeita a duas exigências:

- excluir da obrigação prestações que tenham origem em outras ordens normativas ( ex: ordem religiosa )
obrigação de alguém se rezar um determinado numero de orações e isso não poderia ser uma obrigação
judicia ou mesmo de ordem moral e também se excluiria aqueles casos enquete a prestação se destinaria
em fazer um mero capricho do credor. Existe um problema aqui -> problema de constitucionalidade
segundo a regente, será constitucional limitar as pessoas de constituir as obrigações? A regente diz que
não é constitucional limitar as obrigações pessoais. Como se pode "salvar"esse requisito? É
inconstitucional e logo não vale, os próprios tribunais não podem aplicar regras institucionais. Mas
podemos considerar que esse requisito não vai contra a constituição, significando exigir que as partes
atuem em intenção jurídica.

2ª característica:
• Relatividade: separar as fronteira entre as obrigações e os direito reais ( de credito )

No direito de credito nos só conseguimos pensar na existência desse direito se pensamento


simultaneamente numa prestação. Só há direito de crédito se existir uma prestação.

Distinção de direitos reais, uma vez que nesse direito não seria necessário imaginar um outro lado, o ato
passivo - o dever - do direito real. O direito real diz-se um direito absoluto, dispensa a relação com outra
pessoa. No direito real também há uma projecto da minha posição sobre a posição dos outros - porque se
sou proprietária de algo, todos tem de respeitar a minha propriedade. O direito real é fonte de deveres mas
consegue-se pensar o direito real sem o recuso a esses deveres, ao passo que para definir o meu direito de
credito é necessário afirmar que alguém esta obrigada aprestar algo.

Fala-se também em relatividade num sentido de ineficácia - o que esta m causa é saber se os terceiros que
não o devedor podem ou não ser responsabilizados pela violação ou pela lesão do direito de credito. Não
importa tanto a estrutura mas sim o regime ( aspecto pratico que resulta de serem discutível um direito real
- se eu colocar uma duvida sobre o cc e depois eu destruir o código e ser indemnizar, pode-se existi algo
semelhante no direito de credito ? Se um terceiro que não o devedor tiver alguma interferência sobre o
cumprimente pode ou não ser responsabilizado pelo incumprimento ) ex: um terceiro levar o devedor a não
cumprir a promessa. A este problema tem sido dadas varias respostas diferentes ( e um problema que não
se encontra regulado na lei ). A responsabilidade do terceiro que possa contribuir para o cumprimento da
obrigação, nunca será uma responsabilidade, em princípio que exclua a responsabilidade do devedor. Seria
considerada uma responsabilidade plural e não individual. Não há liguem que defenda a responsabilidade
do reitero em todos os casos. Se por hipótese o terceiro ( empresário ) não soubesse que o cantor estava
obrigado a cantar, neste caso o terceiro não pode ser responsabilizado.

Há 3 teses em relação da responsabilidade do terceiro:

- Negativa pura: nunca pode haver a responsabilidade do terceiro pela violação do direito de crédito. O
direito de credito tem como único obrigada o devedor. Diz que como o direito de credito da ao crer um
direito sobre o devedor, só este ultimo é que pode violar o direito de credito. Esta doutrina faz uso de um
argumento lógico. Na opinião da regente, não esta certa essa doutrina, porque os terceiro podem
praticar cotas que tenham com consequência o incumprimento ( ex: aprisionar e não conseguir
cumprir ), há uma serie de condutas factuais que levam ao incumprimento.

- Tese intermedia: nega em principio a relatividade das obrigações, não faz uso do argumento estrutural
( mas faz uso de outros ), defendida pelo Menezes Leitão, Antunes Varella, Almeida Costa. Essa tese tem
em principio a não responsabilidade de terceiros mesmo que em principio, pratiquem atos que tenham
causado incumprimento da obrigação, mas há algumas exceções como os casos do abuso do direito
( 334º ). Os casos de abuso do direito são muito restritos nessas situações. A doutrina alemã abre aqui
uma exceção, refere casos em que o terceiro se az passar pelo devedor e recebe a prestação ( exemplo:
ir levantar 1 bilhete para um espetáculo, alguém que sabe disto vai levantar o bilhete no lugar da suposta
pessoa e o que se pergunta é se o credor pode ou não responsabilizar o terceiro pelo incumprimento. A
doutrina alemã quando caracteriza esses casos, fala da lesão da titularidade do credito.

- Tese da eficácia externa: o direito de credito é um direito como qualquer um e tem de ser respeitado por
todos e sua violação deve gerar o direito de indemnizar. Para sustentar a base dessa formulação, recorre
ao artigo 483º. Os defensores da eficácia externa recorrem a este artigo, desde que preenchidos os
requisitos nele estipulados. Há quem entenda que no artigo 483º, não cabem direito de credito ( há um
argumento histórico e portanto é preciso algum esforço interpretativo para fundamentar a tese
contraria ).

Assim, qual a melhor tese para se adotar? A regente diz que nos casos em que há violação de titularidade
do credito, há responsabilidade do terceiro, mas nos demais casos, em que o terceiro induz o devedor ao
incumprimento por exemplo, e bastante duvidoso.

1º argumento contra a eficácia externa:


• Estrutura

Esse argumento não é bom para contratar a tese da eficácia ex

2º argumento:
• Validade dos contratos incompatível

3º argumento:
• Segurança jurídica ( bastante impossível )

Não é valido porque ninguém defende que o terceiro seja responsabilizado em todos os casos.

27/09/2018

Argumentos (que não podem ser utilizados) contra a eficácia externa:

4º argumento:
• Principio da relatividade dos contratos

Artigo 406º (Eficácia dos contratos)


1.O contrato deve ser pontualmente cumprido, e só pode modificar- se ou extinguir-se por mútuo
consentimento dos contraentes ou nos casos admitidos na lei.

2. Em relação a terceiros, o contrato só produz efeitos nos casos e termos especialmente previstos na lei.

Esse artigo tem sido utilizado por defensores da eficácia externa.

Há casos na lei em que o contrato produz efeitos em relação a terceiros. Ex: contratos em favor de
terceiros - as partes podem celebrar um contrato que atribui imediatamente um direito a terceiro ( seguro
de vida ) = contrato a favor de terceiro. Porque esse artigo é um mau elemento para defender? O artigo
406º refere-se a eficácia dos contratos, apenas para contratos, não necessariamente para obrigações.

Um contrato não se constitui apenas de obrigações mas também de direitos reais e os contratos que se
criam a partir de contratos, criam efeitos na esfera de um terceiro, assim a partir do momento que aquilo se
torna ineficaz, o terceiro tem de respeitar o facto daquele direito ter sido transmitido.

Os contratos simples ou que resultam da constituição de um direito real, envolve necessariamente efeitos
indirectos na esfera de terceiros.

O que significa a relatividade dos contratos? Significa que as partes de um contrato não podem estipular
algo na esfera jurídica de um terceiro, ou seja, os contratos não podem produzir os efeitos que resultam de
suas estipulações na esfera jurídica de um terceiro. As partes não podem referir-se a terceiro a menos que
a lei os permita ( no caso de contratos a fazer de terceiro ). Assim a relatividade dos contratos não podem
ser um argumento contra a eficácia externa.

*Há argumentos que não podem ser usados para ser a favor da eficácia externa. A própria tese que a
defende, utiliza argumentos que não batem.

Argumentos menos convincentes a favor da ineficácia externa

5º argumento:
• Impugnação pauliana ( artigo 610º )

Artigo 610º (Requisitos gerais)


Os actos que envolvam diminuição da garantia patrimonial do crédito e não sejam de natureza pessoal
podem ser impugnados pelo credor, se concorrerem as circunstâncias seguintes:

a) Ser o crédito anterior ao acto ou, sendo posterior, ter sido o acto realizado dolosamente com o fim de
impedir a satisfação do direito do futuro credor;

b) Resultar do acto a impossibilidade, para o credor, de obter a satisfação integral do seu crédito, ou
agravamento dessa impossibilidade.

O artigo 610º e ss: permitem em determinadas circunstancias: se uma pessoa que esta obrigada a pagar
perante outra ( obrigada a pagar 10 mil euros ) e a medida que se aproxima o prazo de vencimento não
quer pagar a divida, e para salvar seu património, transmite para um terceiro. Essa transmissão pode ser
feita pela impugnação pauliana = permite que os bens que foram transmitidos, possam ser executados na
esfera jurídica do terceiro. Aqui existiria uma responsabilidade do terceiro.

A impugnação pauliana também atua quando o terceiro não é todo responsável. Ela permite que um bem
que estava na esfera jurídica do devedor, seja executada na esfera jurídica de um terceiro.

O terceiro vai responder através do seu património e não se limite pelo bem do património que pertencia ao
devedor. Por essa razão a impugnação não pode ser um argumento aceitável.

6º argumento:
• Artigo 483º (Princípio geral) 

1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição
legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes
da violação.

2. Só existe obrigação de indemnizar independentemente de culpa nos casos especificados na lei. 


Dizem que o direito é qualquer um, mas historicamente isto só se refere a 



direitos absolutos.

Abrange os direitos de credito e também os direito absolutos. Pode ser assim sem mais ? Não. Tem-de
apresentar argumento histórico, tem de se apresentar um razão de inferir os direitos de credito nesse
artigo.

7º argumento:
• Artigo 490º (Responsabilidade dos autores, instigadores e auxiliares) 

Se forem vários os autores, instigadores ou auxiliares do acto ilícito, todos eles respondem pelos danos
que hajam causado. 


O artigo 490º não vale, contudo, só por si. Os cúmplices e instigadores pressupõem que o auxiliar é
também responsável. Mas isto pressupõe que, se a pessoa praticasse o ato, também seria ilícito, o que
não é verdade quanto a terceiros a auxiliar na violação de direitos de crédito. 


O único argumento bom a favor da eficacia externa:

Por ser um direito de credito, tem de ser respeitado como qualquer outro. - Ideia da regente.

A tese que é contraria eficacia externa:

Argumento da concorrência

MC fala sobre ele. Hoje em dia a ordem jurídica protege o direito da concorrência, tutela a concorrência.
Tem efeito no direito das obrigações.

*MC defende a eficácia externa.*

3ª característica:
• Mediação: significa que nas obrigações qualquer relação com uma coisa corrobora é necessariamente
levada por uma conduta do devedor. Ex1: celebração de contrato de locação. O locador tem de entregar
a coisa. Ex2: Contrato de promessa: alguém promete vender algo, que direito cria? De credito, de adquirir
um bem. O comprador tem direito de uma conduta e não de uma coisa.

4ª característica:
• Tipicidade

Artigo 1306ºm («Numerus clausus»)


1. Não é permitida a constituição, com carácter real, de restrições ao direito de propriedade ou de figuras
parcelares deste direito senão nos casos previstos na lei; toda a restrição resultante de negócio jurídico,
que não esteja nestas condições, tem natureza obrigacional.

2. O quinhão e o compáscuo constituídos até à entrada em vigor deste código ficam sujeitos à legislação
anterior.

As partes num contrato não são livres de criar direitos de credito. A ausência de tipicidade marca uma
característica muito relevante.

*Os direito de crédito podem se referir imediatamente a uma obrigação.*

Duas caracterizas do direito real que não aparece no direito de credito:


1. Sequela: se alguém interferir na relação entre o titular do direito e a coisa, o titular do direito pode ir
buscar essa coisa onde quer que ela se encontre. Ex: furto. Se um tiver um direito real dobre isso,
posso reivindicar minha propriedade sobre aquele que me furtou a coisa. O direito de credito não pode,
quem foi furtado não tem a possibilidade de acompanhar a coisa onde quer que ela se encontre.
2. Princípio da Prevalência: No caso de conflito de direitos reais entre a mesma coisa, há um que
prevalece - priori in tempori - constituído em primeiro lugar. Isto não é válido nos direitos de crédito,
porque ambos são válidos e eficazes e nenhum deles prevalece.

Garantia patrimonial: As obrigação são invalidas ou alguma prevalece sobre a outra? Não. Sendo meu
património insuficiente para solver todas as minhas dividas, meu património vai ser repartido entre meus
credores.

Figuras sobre o gozo: direitos pessoais de gozo.

Ex: direito do arrendatário. O direito do locatário é o direito que tem por objeto a coisa ou o direito de
prestação?

Ideia de ocupação obigacional complexa


A obrigação pressupõe o dever de prestar. Ex: 1038º - obrigações do locatário.

Dever de prestar acessórios

Dois grandes grupos:

• Os destinados a reforçar as prestações

• Os destinados a proteger a pessoa ou património do credor

Pode ser posto em risco por conta da prestação.

Ex: caso do empreiteiro, tem de tomar a precauções necessárias para não estragar o móvel das pessoas
mas acaba por não tomar e estraga. Trata-se de proteger o património do credor.

Nem sempre se entendeu que esse tema fez parte de bens obrigacionais. Muitas vezes são chamados de
deveres de protecção, eles existem mesmo quando estamos foram de uma relação obrigacaional.
Entendeu-se que esse deveres não tinha nada a ver com a relação obrigacaional e vem sendo chamados

O empreiteiro tem um dever especial e não um dever geral de respeitar os moveis do dono da obra.

02/10/2018

Damno in - obrigação de tirar/eliminar o dano ou prejuízo, traduz-se na obrigação de indemnizar.

A responsabilidade civil define-se pela constituição de uma obrigação de indemnizar. A sua estatuição é a
constituição de uma obrigação de indemnizar.

Negócios unilaterais - Artigos 457º esse.


Sua eficácia se reproduz pela simples eficácia da mera emissão pelo seu autor, sem que essa
emissão esteja sujeita pela aceitação de uma pessoa em relação a qual esse negócio ira reproduzir
efeitos.
Obrigação de apenas uma das partes, só uma parte tem a obrigação de algo.
Ex: testamento. A lei proíbe que sejam feitas disposições de uma vontade antes da morte - proibição de
contratos com eficácia pós morte. Não é um contrato porque os contratos não podem ser alterados
unilateralmente.

A lei quer salvaguardar que as disposições de ultima sejam eficácias após a morte do autor. Para preservar
a liberdade do autor do testamento, para preservar sua ultima vontade.

As partes não podem estipular obrigações ou outras situações passivas diretamente na esfera jurídica de
terceiros. Isto resulta do princípio geral da autonomia privada. Não posso produzir este tipo de efeitos
unilateralmente na esfera jurídica de outrem.

Uma promessa unilateral que consta na assunção do autor, obrigada unilateralmente somente o seu autor.

Não é possível o autor criar uma obrigação para outrem ( as partes não podem estipular obrigações ou
outras situações passivas, na esfera jurídica de terceiros ).

O mesmo artigo ( 457º ) diz que: mesmo quando estou a assumir uma obrigação e a criar na esfera de
outrem um direito de credito, esse negocio em princípio não me vincula.

• Princípio do contrato : as pessoas só podem assumir obrigações por meio de uma celebração de um
contrato, não podem assumir obrigações unilateralmente. Mas isso não impede que crie um grande
numero de negócios unilaterais.

Esse artigo não dá nenhuma diretriz.

457º diz outra coisa - nos casos previstos na lei pode haver promessa unilateral de obrigação. Esta regra
não significa alguma diretriz interpretativa quanto ao regime legal de certos negócios.

Esta regra não diz que se eu me quero obrigar a favorecer a alguém antes de qualquer aceitação, ao dizer
que em princípio não estou vinculado, parece haver uma limitação de autonomia privada, para a prof.
Podiam dizer que isto aumenta a liberdade porque não há vinculação, mas o princípio da autonomia
privada tem em causa o reconhecimento de que as pessoas se vinculam às declarações. Devo poder
rejeitar as vantagens que me queiram atribuir, e isso faz parte da tutela da autonomia privada, e é por isso
que no nosso ordenamento a doação é um contrato. Mas a doutrina diz que este princípio não é suficiente
para justificar a tipicidade dos negócios unilaterais, porque esta possibilidade de alguém não ser obrigado
a receber o que não quer, porque a pessoa poderia rejeitar, havendo uma condição resolutiva da parte do
beneficiário.

No próprio contrato muitas vezes há uma vinculação irrefletida.


O princípio da tipicidade dos negócios unilaterais é um princípio relativo a constituição de obrigações e


de direitos de credito. Não fala de outros negócios unilaterais como transmissão de direitos reais ou
extinção de direitos reais. A forma como esse principio esta formulado no artigo 457º só abrange negócios
unilaterais obrigacionais e não de outra natureza.

* A pessoa não é obrigada a agir em conformidade com a sua promessa. Esta regra não diz que se eu me
quero obrigar a favorecer a alguém antes de qualquer aceitação, ao dizer que em princípio não estou
vinculado, parece haver uma limitação de autonomia privada, para a regente. MC nega a tipicidade.

Principio da autonomia privada - reconhecimento da vinculatividade dos atos, e o artigo 457º quando diz
que a pessoa só se vê obrigada nos casos previstos na lei, está a limitar a autonomia privada ( apesar de
não parecer a primeira vista ).

Podiam dizer que isto aumenta a liberdade porque não há vinculação, mas o princípio da autonomia
privada tem em causa o reconhecimento de que as pessoas se vinculam às declarações. Devo poder
rejeitar as vantagens que me queiram atribuir, e isso faz parte da tutela da autonomia privada, e é por isso
que no nosso ordenamento a doação é um contrato. Mas a doutrina diz que este princípio não é suficiente
para justificar a tipicidade dos negócios unilaterais, porque esta possibilidade de alguém não ser obrigado
a receber o que não quer, porque a pessoa poderia rejeitar, havendo uma condição resolutiva da parte do
beneficiário.

Fundamentos

* 1º fundamento da restrição

Ninguém pode ser beneficiado contra a sua vontade. Devo poder rejeitar as vantagens que me querem
atribuir ( por isso doações são contratos e não negócios unilaterais ), portando para perdoar uma dívida é
percuti a aceitação do devedor.

* 2º Tutela do declarante contra sua irreflexão

Os negócios ligareis seriam mais irreflectidos. Não é muito bom pois há outros modos de garantir a
irreflexão e no próprio contrato há uma vinculação irreflectiva. Antunes varela diz que não há expectativas
que justificam vincular alguém antes de sua aceitação. Regente: afirmação duvidosa pois está a fazer
depender a vinculatividade da confiança. Confusão entre autonomia privada e principio da confiança.

Artigo 459º (Promessa pública)


1. Aquele que, mediante anúncio público, prometer uma prestação a quem se encontre em determinada
situação ou pratique certo facto, positivo ou negativo, fica vinculado desde logo à promessa.

2. Na falta de declaração em contrário, o promitente fica obrigado mesmo em relação àqueles que se
encontrem na situação prevista ou tenham praticado o facto sem atender à promessa ou na ignorância
dela.

Em determinados casos, a promessa pública é feita mediante anúncio público, tendo normalmente número
indeterminado de destinatários. E pode acontecer que haja vários destinatários que pratiquem o facto
constante da promessa pública. O problema que se coloca é quem tem direito à prestação.

Artigo 459º - admite promessa publica, ou seja, a declaração de alguém feita mediante a um serviço
publico em que esse alguém promete uma prestação a quem se encontra em uma determinada prestação -
a lei permite a vinculatividade nesse negocio e cria um tipo importante de negocio unilateral, nesse caso
reconheceu a promessa publica um carácter vinculativo pois havia a necessidade de satisfazer e os
terceiros independentemente da aceitação que justificasse isso ( negativo ou positivo ).

Artigo 459º abrange os seguintes casos:

Promessa publica: promessa de recompensa de animal perdido e também alguém que se obriga a realizar
uma prestação pecuniária se a quem num determinado prazo encontrar a cura do câncer.

A promessa unilateral é o facto de alguém fazer um anuncio publico sobre essa promessa de prestação e
justifica negativamente ou positivamente um eventual beneficiário, tem um caracter vinculativo.

Em regra tem um numero indeterminado de destinatários e pode acontecer que haja vários destinatários
que praticam-o, artigo 462º > divisão equitativa de acordo com o papel que as partes praticaram para
alcançar o resultado previsto --> confusão ao "resultado previsto"--> opinião regente: o resultado é o de
agir de acordo com o facto positivo e negativo que estava previsto na promessa.

O artigo 462º aplica-se somente naqueles casos em que não se determine a quem se destina a prestação
( caso a promessa enuncie que só resulta a primeira pessoa, somente ela tem direito ).

462º (Cooperação de várias pessoas)


Se na produção do resultado previsto tiverem cooperado várias pessoas, conjunta ou separadamente, e
todas tiverem direito à prestação, esta será dividida equitativamente, atendendo-se à parte que cada uma
delas teve nesse resultado.

- Aplica-se apenas àqueles casos em que o anúncio público não resulte critério de seleção.

Artigo 460º (Prazo de validade)


A promessa pública sem prazo de validade fixado pelo promitente ou imposto pela natureza ou fim da
promessa mantém-se enquanto não for revogada.

Questão do prazo -->promessas com prazo ( o próprio promitente determina um prazo ) e aquelas que por
sua natureza ou por fim da promessa deixa de vigorar quando atingido o seu resultado, caduca-se caso
prazo não cumprido.

* A promessa não tem de ter um prazo.


Promessas sem prazo - vigoram enquanto as mesmas não forem revogadas e enquanto isso não acontece,
elas se mantém. Uma promessa pública mantém durante muito tempo.

As promessas de termo incerto têm o problema de vincularem seu autor indefinidamente. Há um principio
geral da ordem jurídica aceita pela doutrina que tem varias consagrações legais : ninguém tem de
permanecer obrigado indefinidamente. Este princípio tem consagração em várias consagrações legais,
como algumas regras dos contratos em especial. A promessa pública é revogável a todo o tempo se não
tiver prazo - 461º/1. A regente entende que este princípio coloca alguns dificuldades.

Dificuldade óbvia: haver terceiros que organizam sua vida e fizeram determinar disposições patrimonial em
função no pressuposto de que aquela obrigação se mantém.

O que a lei pretende é salvaguardar a posição do direito por parte dos terceiros, com base na promessa,
que já adquiriram.

A própria promessa que tenho um prazo, seja ela com um prazo certo ou incerto, também é revogável e a
lei diz que essa faculdade de revogação pode ser eficaz se não for feita na forma de promessa ou em
forma equivalente. 

A regente diz que a revogação pode ser eficaz depois de a situação já se ter verificado desde que a
pessoa com o direito de crédito já adquirido o mantenha.

Artigo 461º (Revogação)


1.Não tendo prazo de validade, a promessa pública é revogável a todo o tempo pelo promitente; se houver
prazo, só é revogável ocorrendo justa causa.

2.Em qualquer dos casos, a revogação não é eficaz, se não for feita na forma da promessa ou em forma
equivalente, ou se a situação prevista já se tiver verificado ou o facto já tiver sido praticado.

A ideia de quem alguém possa por um termo unilateralmente à uma vinculação é um principio de
abrangência mais legal - ideia de justa causa. O principio de justa causa é muito vaga, na generalidade dos
casos, contratos sinalagmáticos, a justa causa corresponde ao incumprimento da outra parte. Eu posso
dispor de uma casa e serei a senhoria, eu arrendei uma casa e se o arrendatário não pagar, posso cancelar
o contrato com uma justa causa.

Em outro tipo de negocio, os negócios gratuitos: se eu por exemplo tenho um negocio gratuito típico,
empresto a um familiar meu carro porque estou no exterior viajado mas por algum motivo voltei antes da
data prevista, eu posso exigir meu carro de voltar, ou seja, o comandante pode exigir a coisa de volta se
existir justa causa e a necessidade de utilizar o carro, ter a coisa é uma justa causa.

Justa causa é um conceito independente dos contratos sinalagmáticos e onerosos tem um acontecimento
mais restrito que tem haver com o incumprimento da outra parte e nas relações gratuitas a um conjunto
mais amplo.

Concursos públicos -> 463º : há oferta de uma prestação com premio em um concurso.

➜ Promessa de uma prestação a quem praticar um determinado facto mas aquilo que especifica os
concursos públicos é a existência de uma situação de concorrência entre várias pessoas.

A lei diz que a oferta dessa prestação só é valida se houver prazo para apresentação dos concorrentes

❊ Mas porque aqui precisa-se de um prazo? Os concursos públicos carecem de um prazo fixado porque a
inexistência de prazo, daria ao promotor do concurso uma forma de descriminar os concorrentes, ocorreria
a desigualdade. Assim o prazo leva ao tratamento de igualdade entre concorrentes para que não haja esse
tratamento desigual. *A revogação a qualquer momento seria uma forma de privilegiar alguns
concorrentes. Mas o dano tem o problema de não se saber se ganharia.*

Artigo 463º (Concursos públicos)


1. A oferta da prestação como prémio de um só é válida quando se fixar no anúncio o prazo para a
apresentação dos concorrentes

2. A decisão sobre a admissão dos concorrentes ou a concessão do prémio a qualquer deles pertence
exclusivamente às pessoas designadas no anúncio ou, se não houver designação, ao promitente.

Isto porque a revogação a qualquer momento seria uma forma de privilegiar alguns concorrentes.

Promessa de cumprimento de uma divida

Artigo 458º
1. Se alguém, por simples declaração unilateral, prometer uma prestação ou reconhecer uma dívida, sem
indicação da respectiva causa, fica o credor dispensado de provar a relação fundamental, cuja existência
se presume até prova em contrário.

2. A promessa ou reconhecimento deve, porém, constar de documento escrito, se outras formalidades não
forem exigidas para a prova da relação fundamental.

* Consagração de um negocio unilateral mas a regente acha que não deveria ser.

Exemplo:

A vende o carro a B mas B não paga logo e então A começa a insistir com B para que o mesmo pague.
Então A exige a B que assine um documento em que se dá como devedor pelos 5000 euros do carro.
Aplica-se aqui o 458º porque alguém reconhece uma dívida. A vende carro a B, não paga logo, e A começa
a insistir com B para que pague. Então exige a B que assine um documento em que se dá como devedor
pelos 5000€ do carro. Aplica-se aqui o 458.o, porque alguém reconhece uma dívida. Quem se faz valer de
um direito tem de provar em juízo o que o constituiu. A deixou de ter de provar, basta apresentar. Mas B já
pagou mas não pediu a declaração de volta. E A pede a condenação de B a pagar sob a declaração.

RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade civil constitui um conjunto de regras (regime da responsabilidade civil, não enquanto
efeito, mas enquanto conjunto de regras) que tem por finalidade a imputação de um dano a uma pessoa
que não seja inicialmente afetado.

2 temas tratados: em que circunstâncias é que a lei manda que o dano seja imputável a uma esfera
diferente daquela em que inicialmente ocorreu? = Fundamentos de imputação, (as previsões); por outro
lado, as estatuições = qual a característica distintiva da estatuição de uma norma de responsabilidade civil
= é a constituição de uma obrigação de indemnizar.

Saber se uma pessoa é responsável é anterior a lógica da obrigação de indemnizar. Primeiro conclui-se
que a pessoa é responsável, depois quais os danos que ela deve compensar por via da sua obrigação de
indemnizar. São duas perguntas distintas, mas que costuma haver confusão - cuidado!

Na RC existem vários fundamentos de imputação:



1. Prática de um facto ilícito e culposo = maior título de imputação. Alguém é responsável porque causou o
dano praticando um facto

ilícito e culposo = chama-se RESPONSABILIDADE DELITUAL/EXTRA OBRIGACIONAL - principal, as


outras são mais residuais

❊ Artigo 483/2 -> em princípio, para que ocorra a imputação de um dano é necessário existir CULPA e só
em casos especificados na lei a responsabilidade civil ocorre sem que haja culpa.

❊ Artigo 483/1 -> 5 pressupostos da responsabilidade civil.

➜ Conduta humana controlável pela vontade (há aqui uma delimitação muito diminuta do universo - não há
grande poder seletivo, segundo a regente);

➜ ilicitude (função seletiva maior - no artigo 483: "violar o direito de outrem", "ou qualquer disposição legal
destinadas a proteger interesses alheios" - a lei separa essas duas cláusulas porque no primeiro caso,
teríamos a violação deveres gerais de respeito a direitos subjectivos e no segundo, teriamos a violação de
normas que não criam direitos, mas que protegem interesses alheios = normas de proteção) - revela uma
intenção do legislador de selecionar os casos, levada muito a sério na doutrina - acentua seu carácter
restritivo. Ex.: alguém causa um dano em um comportamento lícito - uma pessoa abre uma loja perto da
outra e começa a captar a clientela da primeira -> está a causar um dano, mas não é ilícito. - danos sem
ilicitude.

➜ Culpa -

➜ Nexo de causalidade/imputação (entre a conduta e o dano)

➜ Dano. 


2. RESPONSABILIDADE PELO RISCO - Criar, controlar, tirar proveito de um risco - Artigo 503 CC -
dispensa a ilicitude e culpa

3. Ideia de sacrifício por vezes a lei autoriza que alguém provoque danos a outrem em nome da defesa dos
bens dessa pessoa, (ex.: um estado pode expropriar licitamente bens, mas tem de pagar uma
indemnização.) Alguém pode sacrificar bens alheios, mas com esse sacrifício que foi feito em proveito
próprio, mas deve compensar. Não tem a ver com facto ilícito. Casos em que a lei permite a causação de
danos a outrem - RESPONSABILIDADE PELO SACRIFÍCIO

A parte da estatuição é sempre a mesma, nos 3 casos

Regra geral na lei portuguesa: pode-se dizer que há um princípio geral de que em princípio a perda é
sofrida pelo próprio e só se houver razoes especial que estejam consagradas na lei é que dará lugar a uma
indemnização. Costuma-se denominar como Principio .... Dominos - ligada a propriedade mas lida de
forma generalizadora. -> "a perda fica onde aconteceu" - contraria uma ideia de imputação constante do
dano - não há nenhum fundamento para imputar o dano e, portanto, a pessoa fica com ele.

Contrapondo-se à Responsabilidade Civil à outros tipos de responsabilidade =Imputação do dano =


através de uma obrigação de indemnizar - é diferente de Responsabilidade penal, disciplinar, de controlo
emocional = a estatuição não corresponde à imputação de um dano, logo são responsabilidades diferentes
- pode haver um caso em que há as duas responsabilidades

Fim da RC = compensação do dano

Há uma corrente que entende que ao lado, cumulativamente em relação a finalidade de compensar o dano,
a RC também tem uma função que é própria da responsabilidade penal = finalidade preventiva, a qual visa
dissuadir o infractor da prática de um facto ilícito. Mas há uma restrição: está a se pensar na
Responsabilidade Delitual.

Para a regente, é muito difícil avaliar o efeito danoso da violação de um direito de personalidade, mas se a
indemnização for muito alta, pode dissuadir violação desses direitos.

A regente é desfavorável à ideia de que a responsabilidade civil delitual tem uma eficácia definitiva - há
uma distinção importante no plano dos factos X plano das finalidades jurídicas do instituto. É inegável que
no plano dos factos a ameaça da obrigação de indemnizar pode ser bem mais dissuasor do que uma
ameaça de uma pena (pena - maiores exigências de prova). Do ponto de vista jurídica tem essa finalidade
de dissuasão? Não. Está a legitimar que a indemnização possa ser maior que o dano nos casos mais
difíceis.

Regras do regime da RC que podem ser utilizadas para apoiar essa tese da finalidade preventiva da RC =
art 494, art 497, art 570 - em nenhum deles se admite que haja lugar a uma indemnização quando não
existiu dano ou que haja uma indemnização superior ao dano. O grande argumento das teses preventivas =
...

Grande critica = não há nenhuma regra nesse sentido

Distingue-se entre Responsabilidade Contratual (Obrigacional) X Extra Contratual (Delitual)



É importante porque aparentemente no Código Civil há uma grande distinção entre a responsabilidade que
deriva do incumprimento de um dever de prestar principal, conteúdo de uma obrigação, que resulta da
violação da obrigação e a responsabilidade que não resulta da violação de uma obrigação, mas da
violação de deveres gerais de respeito pelos respeitos absolutos alheios ou de normas destinatárias a
defesa de direitos alheios. Artigo 483 - RC extra obrigacional X artigo 798 Responsabilidade Obrigacional

A essa separação sistemática soma-se uma diferenca grande do ponto de vista do regime. Exemplo: culpa
- na robg presume-se, na rdelitual so alguns casos; prescricçao - na rdelitual = 3 anos, na obg = 20 anos;
responsabilidade por actos de outrem - rdelitual é sempre resp por actos de aux.... , robg - limitacoes p
repson pelo facto de outrem

Há uma diferença na previsão - logo, há um regime distinto (universos diferentes de casos em que se
aplicam cada uma); mas em ambos há responsabilidade civil, com a consequência comum de um dever de
indemnizar.

RC Obrigacional - sentido amplo e improprio - inclui todos os meios de defesa do credor em relação ao
incumprimento do devedor -> ex.: exceção ao não cumprimento - ex.: se quem comprar algo não pagar, o
vendedor pode não entregar a coisa. -> isso não tem NADA A VER com indemnização, mas apenas um
meio de defesa.

Tese da eficácia preventiva da responsabilidade civil

A regente diz que a responsabilidade civil tem uma eficácia distintiva.

Algumas regras da responsabilidade civil que podem ser utilizadas para apoiar a tese da finalidade
preventiva da responsabilidade civil - artigo 494º, 497º e 570º

Em nenhum lugar do ordenamento civil se admite que haja lugar há uma indemnização quando não existe
o dano ou quando não existe nada superior ao dano sofrido portanto estas teses preventivas não são de
defender. Nenhuma deles oferece apoio para a tese preventiva.

Responsabilidade extraobrigacional e obrigacional

Importante porque aparentemente no CC há uma grande distinta entre a responsabilidade que lida com
incumprimento da obrigação e a responsabilidade que não resulta da violão de uma obrigação mas sim de
deveres gerais.

Em ambos há uma responsabilidade civil, com a consequência comum de um dever de indemnizar.

Responsabilidade obrigacional - usado um sentido amplo e impróprio que leva a incluir todos os meios de
defesas que um credor dispõe perante seu devedor. Mas isso nua tem nada a ver com o dono, não é uma
consequência que se pode incluir no instituto da responsabilidade civil.

Por um lado temos o artigo 483º e por outro o artigo 799º, que regula o incumprimento da obrigação.

Essa distinção soma uma diferença grande do ponto de vista do regime. Ex: culpa, na responsabilidade
obrigacional, a culpa do devedor presume-se e na responsabilidade extracontratual só há presunção de
culpa; prescrição, artigo 498º para a responsabilidade extracontratual ( decorre em 3 anos ) e na
responsabilidade obrigcional, decorre dentre 20 anos.

Dever de imunizar do devedor esta previsto no artigo 798º do CC que diz que o devedor que falta
culposamente ao cumprimento da sua obrigação, é obrigado a indemnizar o credor.

11/10/2018

Situações de enquadramento duvidoso

Há situação que não são de resposnblidade extraobrigacional e nem responsabilidade obrigacional. Há


então, uma 3ª via.

1º grupo de situações: culpa in contrahendo.


Os deveres que se constituem entre duas partes em negociação ou que já se encontrem em cumprimento
do contrato, estão tuteladas pela boa fé ( princípio da materialidade ) e também pelo tutela da confiança.

Diz a doutrina que a maior parte dos deveres que estão associados à obrigação não são necessariamente
uma obrigação. Os deveres que se constituem entre as duas partes em negociação se são violados
(deveres esses que emergem da lei - clausula geral da boa fé) - são verdadeiras obrigações? Se sim,
aplicamos o regime a resp obrigacional. Mas há quem diga que esses deveres não são qualificados como
verdadeiras obrigações. Ex.: dever de informação - não é configurado como obrigação, logo há aplicação
do regime da responsabilidade extra obrigacional. Artigo 498 = 498 regra da prescrição da
responsabilidade delitual 

Artigo 498º - limite à responsabilidade extra obrigacional.

2º grupo de situações: violação de um dever geral de respeito, no contexto de uma relação entre pessoas
determinadas ( ex: o empreiteiro agir descuidadamente e destrói património do dono da obra - através
disso, o empreiteiro tem de ser responsabilizado, não tem de haver uma relação extra- contratual para
indemnização ) -> logo, como deve ser responsabilizado? Como qualquer outra pessoa (delitual)? 

Há quem diz que não (doutrina alemã, a violação deve seguir um regime diferente -> da obrigacional =
deveres de proteção 

Orientação alemã - Quando o dever de respeito se coloca no contexto do cumprimento de uma obrigação,
então deve ser incluido num outro regime. A responsabilidade por deveres de protecção é incluido por
grande parte da doutrina no regime obrigacional e não extra-contratual.

3º grupo de situações: Culpa pós pactua infinitum: os contratos mesmo depois de terminados podem inda
produzir efeitos. Ideia de pós eficácia do contrato e das obrigações de boa-fé, os deveres resultam do
próprio contrato - os efeitos queridos pelas partes cessaram mas o contrato ainda serve como elemento da
previsão para aplicação de certos deveres por força da boa fé . A característica desses deveres é que são
deveres que não resultam do próprio contrato . Exemplo: O dever de não concorrência, obrigação de sigilo
-> não é um efeito voluntário, nasce da aplicação da lei . Uma parte da doutrina diz que é o regime da
responsabilidade obrigacional, apesar de contrato não produzir mais efeitos e nesse caso não existirem
efeitos ditos contratuais. 


4º grupo de situações: realização defeituosa de uma prestação, cujos danos não recaem sobre a prestação
em si. Colocam problemas ao nível própria prestação, mas pode ocorrer dano fora da prestação, por
contagio. Aplica-se o mesmo regime que a responsulidde contratual. Aplicam-se ambas as regas
( contratual e extra contratual ) e é o julgador é que defendo no caso concreto. Ex.: credor compra um gado
doente, que contamina as outras vacas - o dano se localiza fora da prestação. Há quem diga que nesse
casom há um problema de concurso entre a aplicação das regras da responsabilidade contratual e extra
contratual - aplicam-se ambas e cabe ao julgador decidir em qual sera aplicada no caso concreto. 


3 grandes fundamentos de imputação de responsabilidade obrigacional:

1. Baseado na pratica de um facto ilícito e culposo

Artigo 483º(Princípio geral)


1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal
destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da
violação.

2. Só existe obrigação de indemnizar independentemente de culpa nos casos especificados na lei.

5 pressupostos da responsabilidade civil, consagrados mas não identificados/ explícitos no artigo 483º:

❊ 1º requisito da responsabilidade: toda a responsabilidade por factos ilícitos pressupõe uma acção
humana ( serem controladas pela vontade ). - conduta humana.

❊ 2º requisito da responsabilidade: ilicitude - valoriza o facto. Acto praticado em violão de um dever


judicio. - ilegalidade.
❊ 3º requisito da responsabilidade: culpa ( culpa de censura sobre o sujeito)

❊ 4º requisito da responsabilidade: nexo de causalidade ( imputação entre a conduta e o dano ).

❊ 5º requisito da responsabilidade: dano

Para que ocorra a imputação é necessário existir culpa. E so em casos especificados na lei é que a
imputação de uma dano a outrem, ocorra sem que haja culpa. A culpa esta um sentido amplo que se refere
a ilicitude e causalidade

2. Criação, controlo ou aproveitamento de um risco

3. Sacrifico dos bens alheies em proveito próprio - responsabilidade pelo sacrifico.

16/10/2018

Iliicitude

Artigo 483º

- contém uma seleção restritiva.

O danos patrimoniais puros são os danos detectáveis no património de alguém sem violar o direito
subjectivo.

A existência de normas de protecção em muitos casos permitem a indepenioda de danos patrimoniais


puros.

Direito de outrem - 483º > é o direito subjectivo absoluto e não um direito de credito e a regente remete
integralmente para a matéria da eficácia externa ou responsabilidade de terceiro por violação de credito.
Uma parte da doutrina diz que também se incluem no artigo 483, os direitos de credito mas essa não é a
tese tradicional.

Diretos de outrem abracem tais matérias:

- Direito sobre bens pessoais: vida,

- Direitos reais: propriedade, superfície, etc. A destruição do bem que alguém é proprietário pode surgir
um dever de imunizar abrangido no artigo 483º, posse do direito real do gozo, direitos de autores, etc -
todos geram o dever de indemnizar .

Um dos problemas é: não poderemos ter os outros direitos para além desses?

- direito a empresa : terá surgido na jurisprudência alemã, a jurisprudência serve para resolver casos
difíceis que a lei não conseguiria, veio construir então uma protecção absoluta para empresa. Casos: um
atividade empresarial ser suspensa em pendência de processo de violação de propriedade industrial.

A definição de ilicitude do art.o 483.o contém uma função restritiva, porque há ações que causam danos a
outrem, mas que nem por isso geram dever de indemnizar porque não são ilícitas.

Artigo 483º (Princípio geral)


1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição
legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos
resultantes da violação.

2. Só existe obrigação de indemnizar independentemente de culpa nos casos especificados na lei.

A lei portuguesa consagra uma regra de não ressarcibilidade dos danos patrimoniais puros. É uma
expressão usada correntemente para enunciar ou descrever esta função restritiva da ilicitude do 483.o e o
facto de a lei em princípio só atribuir uma indemnização ao lesado se tiver origem num facto ilícito ou a não
ser que exista uma norma legal destinada a proteger interesses alheios. Os danos patrimoniais puros são
os detetáveis no património de alguém. Faz-se a comparação entre o património que existe e o que
existiria se não tivesse acontecido nada. Diz-se puro porque não há violação de nenhum direito subjetivo.

Hoje em dia a professora diria que na doutrina portuguesa esta é a ideia mais generalizada. Diz-se que a lei
acolhe isto porque:

• Tutela do desenvolvimento da personalidade - qualquer limitação da atuação de alguém,


designadamente em nome da não causação de danos a outrem implica uma limitação da liberdade de
ação.

• Ao admitirmos que as fronteiras da ilicitude fossem pouco nítidas, haveria uma expansão demasiado
grande da ilicitude 

A existência de normas de proteção dá guarida a indemnização de muitos direitos patrimoniais puros. 

O que são direitos subjetivos do art.o 483.o

Entende-se que é sempre um direito subjetivo absoluto e não um direito de crédito

• Direitos sobre os bens pessoais, como a vida, o corpo, a saúde e a liberdade.

• Direitos de propriedade industrial e direitos de autor



Não podemos ter algum direito para além destes?

O caso de alguma atividade empresarial ser suspensa por pendência de processo de violação de
propriedade industrial. A empresa que processou pode ser responsabilizada pelo dano que causou? A tese
tradicional diz que não. Do mesmo modo são os juízos depreciativos.

A professora Menezes Leitão diz que o reconhecimento do direito à empresa só se pode fazer dentro da
concorrência desleal.

A professora é desfavorável à ideia do direito à empresa. 

As normas de proteção podem ser normas que tutelem interesses patrimoniais puros. Exemplo: uma regra
que imponha que determinada empresa dê informações ao público em geral pode ser uma norma de
proteção. Se essa norma for violado, temos um direito potencial à indemnização.

Também há normas de proteção que não têm a ver com direitos patrimoniais puros. Exemplo: regra de
trânsito. Tem a ver com a defesa da integridade física e da vida. É uma norma de proteção que visa
defender direitos subjetivos. Não alarga a tutela delitual. Vem concretizá-la mas não a alarga. 

A tutela do interesse público não é uma norma de proteção, a não ser que tenha uma finalidade dupla. É
perfeitamente admissível termos uma norma de proteção quando tenha finalidade pública. Frequentemente
existem normas que tutelem apenas o interesse público mas cuja aplicação tenha efeito em interesses
particulares.

18/10/2018

Vários pressupostos para que surja a obrigação de indemnizar
❊ FACTO
❊ ILICITUDE
❊ CULPA

❊ DANO

❊ NEXO DE CAUSALIDADE

ILICITUDE: é ilícito quando é violado o direito de outro ou uma norma de proteção (483.º - cláusula geral
voltada para fatos que consubstanciam uma ação). 486.º omissão que da origem à obrigação de reparar
danos.

Indicar o dever que resulta o respeito necessário

Delitos específicos: configurações da ilicitude que tem objecto determinado e que tem uma norma
especifica de aplicação que não só 483.º. Em particular o abuso de direito (334.º), colisão de direitos (335.º)
ofensa de crédito e bom nome (484.º), prestação de conselhos, recomendações e informações (485.º).

ABUSO DO DIREITO (334.º)

Pressupostos básicos: existência de um direto ou uma posição jurídica adquirida legitimamente.

O abuso está em como esse direito é exercido. A lei determina o que é considerado exercício ilegítimo -
quando excede manifestamente ultrapassa os limites impostos pela boa-fé (tutela da confiança e
materialidade subjacente - se o exercício infringir os pressupostos da confiança ou à própria racio do
direito, respectivamente; aos bons costumes (situação social que vigora); e fim social e económico
(atender as utilidades que o legislador visou conferir ao titular do direito.

Dentro do abuso de direito existem algumas concretizações:

1. Venire contra factum proprium - existência de dois factos, um prévio e um posterior que é
contraditório ao prévio;

2. Inalegabilidade formal - alegação de um vício de forma conhecida pelo sujeito porque os efeitos
da nulidade lhe dão jeito. É uma submodalidade do venire. Excede o que é imposto pela boa-fé.

3. Suppressio e surrectio - suppressio situação em quem for força do decurso do prazo torna-se
uma confiança legitima que eu não vou exercer o direito que tenho (contra o princípio da boa-fé);
surrectio situação

4. Tu quoque - alguém se aproveita da violação de uma norma para retirar benefício ilegítimo ou vir
exigir o cumprimento de uma norma que o mesmo não respeitou. “Faça o que digo não faça o que
faço”.

O abuso de direito é um tipo de regime especifico, que nos bastara o preenchimento dos respectivos
pressupostos para configurar efeitos de ilicitude e, assim, efeitos da responsabilidade extra-obrigacional.

COLISÃO DE DIREITOS (335.º)

Não é a colisão em si a cláusula especifica, mas sim o não cumprimento que leva a uma posição que
deveria ser exercida. Colisão de 2 ou mais direitos de sujeitos distintos no qual seu exercício ao mesmo
tempo são incompatíveis. Pode ser direitos de mesma espécie (ex: uma casa na qual o seu proprietário
falece, os 3 filhos são herdeiros e tem direito a queda casa em partes iguais; porem nenhum dos 3
pretender viver naquela casa com os outros; mas se um viver está impedindo o exercício do direitos dos
outros 2; ou chegam a acordo ou devem ceder na medida do possível para que todos possam usufruir da
casa) ou direitos de espécie diferentes/desiguais, prevalece o que deva ser considerado superior (ex:
direito ao descanso e direito a ouvir música; se a música estiver alta pode ferir o direito ao descanso; nesse
caso, o direito ao descanso prevalecer porque há outras maneiras de ouvir musica alta - fones de ouvido).
Tendencialmente os direitos de personalidade são superiores - direito à vida, integridade física. Quando
não houver um direto superior deverá haver apreciação casuística.

OFENSA AO CRÉDITO E AO BOM NOME (484.º)

A ofensa pode prejudicar a vid social-económica do ofendido. A questão se coloca se há ilicitude


consoante a um facto verdadeiro. A doutrina diverge:

• Professor Jorge defende que só há responsabilidade civil extra-obrigacional quando houver


divulgação de factos falsos sobre algo ou alguém (calúnia ou difamação).

• Professores Antunes varela e MC defendem que relativamente a um facto falso e um verdadeiro


existem sempre responsabilidade, porque apesar de um facto ser verdadeiro não significa que
quando divulgado não ofenda o crédito e bom nome.

• Professores Almeida Costa e Menezes Leitão defendem que se os factos verdadeiros perseguirem
os interesses públicos não deverá haver responsabilidade extra-obrigacional - exceptio vertatis.

• Professor Roberto Faria restringe a responsabilidade extra-obrigacional por factos verdadeiros se


houver dolo.

Liberdade de informação X Direito à honra/ao bom nome

A ilicitude está no facto de eu não ceder a uma posição jurídica quando deveria. Se for exercício de direito
com fim de infirmar o exercício do direito é legitimo, mas se for denegrir não é.

Conselhos e recomendações implicam numa proposta de adotar uma determinada conduta, enquanto que
a informação é a descrição de uma coisa como ela é. Em regra, não existe responsabilidade. A racio
subjacente ao n.º 1 é a liberdade da contra parte de aceitar ou não o conselho e a recomendação.

MC não concorda: entende que não se pode, por essa via, fazer com que haja uma desresponsabilização
das pessoas que aconselham e recomendam porque criam uma expectativa. Proposta: simples conselhos
e recomendações - meras indicações circunstanciais - (ex: eu indico um caminho errado para chegar em
algum lugar), estes integram-se na regra geral do 485.º/1 X verdadeiros conselhos e recomendações que
criam determinadas convicções que levam a uma determinada conduta (ex: compra e venda de uma casa
que “não há problema nenhum”, a pessoa vai e compra e, depois, vê que o conselho levou a uma mau
negócio), esses devem escapar à regra geral do 485.º/1. Se houver dolo ou intenção há responsabilidade
civil.

• MENEZES LEITÃO: se houver dolo ou não deverá haver responsabilidade

• JORGE E ALMEIDA COSTA: mesmo se houver dolo só se se adequar ao regime do abuso de direto.

EXCEÇÕES: “2. A obrigação de indemnizar existe, porém, quando se tenha assumido a responsabilidade
pelos danos (1), quando havia o dever jurídico de dar conselho (2), recomendação ou informação e se
tenha procedido com negligência ou intenção de prejudicar, ou quando o procedimento do agente
constitua facto punível (3).”

(1) Funciona como uma garantia ao dano que poderá ser causado pelo conselho.

(2) Caso dos advogados e médicos os quais devem informar seus clientes - art. 573.º

(3) EX.: 518.º e 519.º Código das Sociedades Comerciais

23/10/2018

É possível causar danos por omissão. Alguém pode ser responsabilizado por danos que não provocou
porque não agiu mas omitiu -> previsto no artigo 10º do Código Penal.

Alguém deve evitar todos os danos que esteja em condições de evitar. Através disso, surge o artigo 486º e
ele vem extender a responsabilizar prevista no artigo 483º.

Artigo 486º ( Omissões )

As simples omissions dão lugar à obrigação de reparar os danos, quando, independentemente dos outros
requisitos legais, havia, por forca da lei ou do negócio jurídico, o dever de praticar o acto omitido.

Só há responsabilidade por omissão se existir um dever de praticar um acto omitido.

É necessário que esse dever provenha da lei ou de negocio jurídico. Essa formula tem sido divergida e
ultrapassada pela doutrina porque se ela fosse entidade a letra, isso significava que so quando a lei
estabelecesse um dever de actuar em concreto, é que alguma poderia ser responsabilizado por omissão.

O direito penal nesse aspecto, na forma do artigo 10, é mais generoso do que o direito civil. Antunes Varella
entende que há casos em que não é expressamente "dito", mas que pode haver responsabilidade civil por
omissão, a partir de uma ponderação dos princípios que envolvem o litígio. Ex:. Criação de uma fonte de
perigo - o criador tem que tomar providencias para que não haja dano a partir desse perigo criado, senão
há responsabilidade por omissão.

Pode haver responsabilidade civil por omissão mesmo se não houver responsabilidade penal por omissão.

A lei fala em negocio jurídico mas isso só aparece para caracterização de uma assunção voluntária do
direito. A lei exige que alguém assuma voluntariamente um dever de agir. Se esse dever de agir é valido ou
não, é irrelevante. [ara efeitos de responsabilidade, não vale a pena exigir que esse dever seja valido. Ex:.
imagina-se que alguém assuma a responsabilidade de vigiar uma criança e essa criança causa prejuízos,
seu único dever era de viajar a criança para que nada acontecesse.

Se o negócio for invalido tem relevancia inter partes.

A violação pode ou não ser ilícita, porque há possibilidade de existir causas de justificação. Essas retiram
ao acto o caracter nocivo que ele tinha ao constituir um dever. As causas de justificação são causas de
exclusão da ilicitude.

Causas de justificação que existem:

- Exercício de um direito: se alguém causa danos num exercício de um direito então esse alguém está
autorizado a fazê-lo. A mera existência de um direito não é suficiente para afirmar que a iliciutde do acto
está excluída. Quando se tem um direito de casar danos a outrem, geralmente é porque há uma colisão
de direitos, sendo que o exercício de um direito viola o outro. Deverá, portanto, um direito ser afastado
em benefício do outro, ou os dois devem ceder para que o exercício conjunto seja possível.

- Cumprimento do dever: coloca-se questões semelhantes ao exercício do direito. Alguém pode no


cumprimento do dever estar obrigado a causar danos a outrem mas isso não é so por si licito porque
pode acontecer que este dever esteja colidido com o dever de não causar danos a outros, respeitar o
direito subjectivo de outro. Ex:. Um medico não tem sangue o suficiente para todos as pessoas que
precisa e enevoa só emprega o sangue em alguns pacientes que encestem mais da transfusão - não há
ilicitude, mas sim um conflito de deveres. Cumprimento do dever de Obediência hierárquica ( artigo 271º
da CRP ) é outro exemplo - quando alguém causa dano a outrem visto ordens do seu superior
hierárquico, uma vez que é obrigado a cumprir seus deveres.

- Legítima defesa, estado de necessidade e acção directa: tem justamente o efeito de excluir a ilicitude
do acto, apensar de causar danos, e não torna possível o responsável civicamente perante quem sofre
os danos. A legítima defesa é a causa mais generosa em matéria de exclusão de responsabilidade ciivl
porque eu posso até matar em legitima defesa mas não posso matar em estado de necessidade e nem
em acção direta. Pressupostos da legitima defesa: (1) agressão contra a pessoa ou terceiros e seus
patrimónios, (2) ilicitude de agressão, por isso não pode haver legitima defesa da legítima defesa, (3)
agressão tem que ser atual ou eminente, não podendo ser futura ou passada, (4) quando não houver
possibilidade de recursos aos meios normais ( força policial ) em tempo util ou eficaz, (5)
proporcionalidade da legítima defesa, o prejuízo causado não pode ser manifestamente superior àquele
que poderia ser causado pela agressão. Entre os meios escolhidos para parar a agressão o melhor
deverá ser o menos agressivo - excesso de legitima defesa. Causa de exclusão: MENEZES LEITÃO -
causa da exclusão da culpa: agiu de maneira ilícita mas é desocupado por se permitir que não agisse
dessa forma. Porém essa não é a solução da lei, que por sua vez, considera o acto justificável e,
portanto licito, a situação não apenas exclui a culpa como também exclui a ilicitude. Já no caso do
artigo 338º, se o erro for desculpável.

❊ O agente deve esmoler em principio o meio menos lesivo dentro daqueles que são admissíveis, mas
também pode escolher um mais lesivo se sua escolha for determinada por medo ou reacção não culposa
do agente ( artigo 337º/2 ). Culposa no sentido de ser inevitável, que não se poderia exigir o contrario do
agente da legítima defesa.

❊ Legítima defesa à ataques de animais: só é possível quando um humano use o animal como arma para
executar a agressão. Para a regente, isso não é uma situação de legítima defesa. Para agressão por
culpa dos animais podem usar o regime da acção direito e até estado de necessidade. Quando os
animais agem por conta própria, não há responsabilidade civil e nem um acto ilícito porque os animais
não tem personalidade jurídica.

- Estado de necessidade em face a legitima defesa ( 339º ): nos casos, a ponderação dos interesses é
muito diferente. Alguém pode agir em necessidade sem esperar os meios de emergência normas e pode
assim acusar um dano, mas essa reacção é muito limitada porque tem que ser destinada sempre a
manifestação de interesses manifestamente superiores. O dano tem de ser inferior em termos
monetários e em termos valorativos. Não há estado de necessidade que justifica a casaução de danos
não patrimoniais. Particularidade do estado de necessidade é encontrada no artigo 339º/2: a atuação no
estado de necessidade pode gerar uma responsabilidade civil de indemnizar, ou seja, há indemnização
mesmo o facto sendo ilícito. Artigo 494º: mera culpa -> fixada à indemnização equitativamente
( observação: pode ser fixada abaixo do dano ).

❊ A regente diz que é incompreensível que o agente ( que não causou o perigo ) sei obrigado a indemnizar.
Mas aquele que colaborou com o perigo, tem de indemnizar. Pode haver indemnização ao lesado se o
património desse for sacrificado para impedir dano a um interesse considerado superior de uma pessoa
que não seja do lesado - responsabilidade por sacrifico.

- Acção direta - tem um âmbito amplo de aplicação. Não pressupõe ameaça. Visa reagir contra o perigo
de indemnização pratica do direito e quando não existe esse perigo, não há acção direita. Ex:. Alguém
me rouba, mas antes deste fugir eu reajo pegando minhas coisas de volta e causo um dano ao ladrão -
acção direta.

Requisitos da licitude da acção direta:

1. Necessário que se exista um direito que se pretenda assegurar ou realizar

2. Risco de inutilização pratica do direito.

3. Impossibilidade de se recorrer os meios coercitivos normais.

4. Só permite interesses inferiores ou iguais - 336º/3

5. Não pode exceder o necessário para alcançar um fim, não pode haver qualquer tipo de medo ou
excesso por medo como na legítima defesa.

❊ Acção direta no direito de credito? É possível a apropriação provisória dos bens do devedor? A garantia
do credito é o património do devedor através de acues em tribunais. Vendo que o devedor está a fugir
com seus bens e vendo que seria impossível a execução da prestação devida o credor apropria-se dos
bens do devedor, quando nua havia tempo de recorrer aos meios coercitivos normais.

❊ Divergências na doutrina quanto a essa questão:

• Menezes Leitão diz que não.

• Pessoa Jorge e regente diz que sim. Dizem que sim para assegurar ou realizar um direito de credito.

- Consentimento do lesado ( 340º ): o que está em causa não é uma mera renuncia do direito à
indemnização, trata-se em dizer que determina a intervenção nos direitos de uma pessoa, é licito. Essa
pessoa autoriza o acto, dá a permissão. Mas no entendo, sem o consentimento da pessoa, é
considerado ilícito.

Também se distingue aqui, a auto exposição consciente a um risco: situações em que uma pessoa
consente num determinado risco mas fala na expectativa de que esse risco não se concretize num dano
( ex: aceito entrar num carro que quem dirigirá sera uma pessoa embriagada, estou a me auto expor a um
risco, eu reconheço esse risco uma vez que a pessoas está num grau de embriaguez ). Aqui não há
necessariamente um consentimento segundo a regente porque não há um consentimento de permitir lesão
dos meus direitos porque assumo aquele risco mas na expectativa daquele risco não se converter num
dano, expectativa que não haja nenhum acidente.

❊ O consentimento pode ser expresso ou tácito, que pode se aplicar o artigo 217º e seus pressuposto
( ex: participação em certos desportos com violencia física, há o consentimento tácito de agressão a
integridade física - boxe). Em outros tipos de desportos como o futebol, que envolvem contacto físico e ,
assim, possibilidade de dano, não há consentimento à lesão, segundo a regente.

❊ Consentimento em sentindo próprio e presumindo (340º/3 ) - não há verdadeiramente um


consentimento no consentimento presumido.

❊ Consentimento a posteriori vale como consentimento? Usamos a mesma palavra ? A regente


concorda que é possível um acto posterior que exclua a ilicitude, mas não a ilicitude historia, só daquele
momento para frente. Não se trata, porém, de excluir o dever de indemnizar, mas so se tornar ilícita um
acção que não era.

30/10/2018

- Responsabilidade civil delitual: responsabilidade por culpa


Significa que o agente tem que estar em tais condições que se possa dizer que ela podia e devia ter agido
de outra forma, é necessário que se preencham determinados requisitos que o acto praticada revista
determinadas características para s dizer que o sujeito praticamente deveria ter agido de outra forma. Juízo
de censura. Pode não haver responsabilidade se nua houver censura.

Ex:. Conduce de um automóvel a noite dentro do que se espera ( faróis ligados, dentro da velocidade
máxima, etc ), o agente atropela um animal que havia pulado na estrada do nada; não há porém,
responsabilidade civil porque não foi culpa do agente.

ARTIGO 488º (Imputabilidade)

1. Não responde pelas consequências do facto danoso quem, no momento em que o facto ocorreu,
estava, por qualquer causa, incapacitado de entender ou querer, salvo se o agente se colocou
culposamente* nesse estado, sendo este transitório.

2. Presume-se falta de imputabilidade nos menores de sete anos e nos interditos por anomalia psíquica.

* Por uso de drogas ( estupefacientes, alcohol ) que prejudiquem o discernimento da realidade.


A título subsidiário, pode haver obrigação de indemnizar.

ARTIGO 489º (Indemnização por pessoa não imputável)


1. Se o acto causador dos danos tiver sido praticado por pessoa não imputável, pode esta, por motivo de
equidade, ser condenada a repará-los, total ou parcialmente, desde que não seja possível obter a
devida reparação das pessoas a quem incumbe a sua vigilância.

2. A indemnização será, todavia, calculada por forma a não privar a pessoa não imputável dos alimentos
necessários, conforme o seu estado e condição, nem dos meios indispensáveis para cumprir os seus
deveres legais de alimentos.

ARTIGO 483º (Princípio geral)


1. Aquele que, com dolo ou mera culpa*, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição
legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos
resultantes da violação.

* Culpa no sentido muito mais restrito da negligência.

O agente pode praticar o acto com a intenção de o fazer ( "fiz por querer" ) ou sem intenção de com isso
violar regras jurídicas ( "fiz sem querer" ). Há uma menor censura, no direito penal, para o ultimo caso. Já
no direito civil, "por querer" ou "sem querer" não há uma diferenciação tão forte, salvo em alguns casos.
Equiparação do dolo à negligência.

Dolo
Supõe sempre um elemento cognitivo - a pessoa tem que se perceber que não é um acto devido ou uma
omissão devida e tem que querer o praticar também. Se intender provocar o dano como resultado final
temos o dolo direito; se o dolo necessário, dolo eventual/negligencia consciente - a pessoa que se
apercebe que pode causar um dano a outrem, mas aceita esse risco ao praticar o acto querido,
acreditando que o risco não se concretizaria.

Para que haja negligência não basta que esteja preenchido essa caracterização prevista, é necessário que
haja a violação de um dever de equidade.

Critério para apreciação da culpa:

ARTIGO 487º (Culpa)


2. A culpa é apreciada, na falta de outro critério legal, pela diligência de um bom pai de família, em face
das circunstâncias de cada caso -> Ideia de um homem médio.

Os critérios necessários a partir desse artigo são:

(1) Negligência aferida de uma critério pessoal - diligência normalmente adoptada pelo agente em
questão - não revela se o agente sempre agiu daquela forma e se só dessa vez causou o dano;
(2) Alguma incapacidade pessoal que o agente tenha - acontece que há pessoas mais sagaz e mais
inteligente mas isso não é um critério relevante, até porque um bom pai de família não é necessário ser
ultra sagaz e ultra inteligente.
* Tem que se atender o que aquela pessoa naquela situação faria ou deveria ter feito.

* Ex:. Um operário especializado numa determinada atividade causa um dano, deve se ter em conta o que
um operário especializado diligente deveria fazer.
Causa de exclusão da culpa:

I. Erro desculpável: falando nos pressupostos da legítima defesa ( artigo 338º ). Caso de alguém ter uma
apreciação errada sobre haver uma agressão iminente, mas que de facto não há. Nesses casos exclui-
se a culpa e o autor não é obrigado a indemnizar. Voltamos ao critério do bom pai de família para saber
se o erro era desculpável ou não.

II. Medo invencível: é aceite a exclusão da ilicitude. Ex: dois náufragos que estão numa situação onde só
um deles pode se salvar e assim causando dano a outro, não é im estado de necessidade ( artigo 339º )
em sentido próprio, mas um estado de necessidade desculpável.

Os artigos 491º à 493º preceitos que consagram presuntos de culpa, não em sentido estrito, mas
prestações de ilicitude, responsabilidade por omissão. Não s presume apenas que a pessoa a actuou com
culpa, mas também que violou um dever.

ARTIGO 491º (Responsabilidade das pessoas obrigadas à vigilância de outrem)


As pessoas que, por lei ou negócio jurídico, forem obrigadas a vigiar outras, por virtude da incapacidade
natural destas, são responsáveis pelos danos que elas causem a terceiro, salvo se mostrarem que
cumpriram o seu dever de vigilância ou que os danos se teriam produzido ainda que o tivessem cumprido.

Se o natural incapaz causar danos presume-se que o dano é culpa do seu vigilante. Responsabilidade civil
do vigilante face à terceiros. Ex:. Uma criança joga uma pedra e quebra uma vitrine, presume-se que a
culpa disso é dos pais ou dos responsáveis. Obs: os danos sofridos pelos naturalmente incapazes não são
regulados pelo artigo 491º.

Pessoa naturalmente incapaz: o incapaz em termos de incapacidade natural é aquele que tem uma
capacidade diminuída de se aperceber dos riscos de sua atuação. O âmbito do conceito de incapaz nesse
artigo não coincide com o conceito de inimitável no artigo 488º. Ex:. Uma criança que já tem uma
percepção de suas acções podem não ser imputável mas sim uma naturalmente incapaz - a criança sabe
sabe que disparar uma arma em alguém pode causar a morte, mas não tem a perceber que a morte é um
alto desvelo e o fim da vida.

Esse artigo também pode ser aplicado às violações do dever de educar? Nos casos em que se põe uma
criança em causa, um dano não por sua menor percepção da realidade, mas por problemas no dever de
educação por parte dos pais. A resposta é NÃO, o artigo não se aplica nesses casos. O que pode
acontecer é que os deveres de vigilância podem se prolongar devido uma educação muito permissiva dos
filhos, sendo os pais responsáveis pelas acções de deus filhos pro mais tempo.

Consagra no entender da regente um caso de responsabilidade por omissão, porque deixou de vigiar
quando deveria fazê-lo - responsabilidade civil.

SABER DIFERENCIAR: Incapacidade natural: Incapacidade jurídica: Inimputabilidade:

Quando temos amiúde uma pessoa que preenche os pressupostos das normas de responsabilidade e tem
como estatuição o dever de indemnizar - pluralidade de responsáveis pelo mesmo dano. Que regime é que
damos a essa pluralidade? 497º

Artigo 497º (Responsabilidade solidária)


1. Se forem várias as pessoas responsáveis pelos danos, é solidária a sua 

responsabilidade.

2. O direito de regresso entre os responsáveis existe na medida das respectivas culpas e das
consequências que delas advieram, presumindo-se iguais as culpas das pessoas responsáveis. 


Solidariedade jurídica não tem nada a ver com solidariedade em sentido social. Uma obrigação tem uma
pluralidade de devedores e é um credor pode exigir a totalidade da prestação qualquer um dos devedores,
este não está limitado a pedir apenas parte da indemnização a cada um. Porém se um devedor cumprir a
obrigação, esta se extingue e os outros devedores está livre. se um devedor pagou mais do que devia ele
pode obter o que excedeu a obrigação aos outros devedores - direito de regresso.

DEVER CONTRATUAL DE VIGILÂNCIA, por negócio jurídico:

• Será necessário ou não, param efeito de responsabilidade sobre o obrigado, que o negocio seja
válido? A partir não tem de se tratar de um NJ válido, pelo menos pelo ponto de vista da forma. O dever
de vigiar não pode estar depoente da validade judicia ou negocial do NJ. Tem que haver sim uma
assunção voluntária do dever de vigilância, logo se dor uma situação forçada (sem vontade) não há dever
de responsabilidade.

• O que seja legalmente obrigado a vigilância pode transferir seu dever de vigiar por NJ? EX.: os pais se
oneram dos deveres d vigilância quando entregam a criança a uma instituição para tal (colégio, creche,
ama). Há duas posições na doutrina:

❊ Há exoneração se os pais forem cuidadosos na escola da pessoa (instituição) que vai vigiar a criança e
devem instruções corretas a tal. Tese minimalista/limitadora, restringe as responsabilidades dos pais.

❊ Nunca há exoneração, são sempre responsáveis pelo acto alheio da instituição. O problema é deles se
transferem a obrigação de vigilância a terceiros. Tese maximalista, aumenta a responsabilidade dos
pais. REGENTE DEFENDE, com base no artigo 800.o CC.

ARTIGO 492º (Danos causados por edifícios ou outras obras)


1. O proprietário ou possuidor de edifício ou de outra obra que ruir, no todo ou em parte, por vício de
construção ou defeito de conservação, responde pelos danos causados, salvo se provar que não
houve culpa da sua parte* ou que, mesmo com a diligência devida, se não teriam evitado os danos.

2. A pessoa obrigada, por lei ou negócio jurídico, a conservar o edifício ou obra responde, em lugar do
proprietário ou possuidor, quando os danos forem devidos exclusivamente a defeito de conservação. 


*presunção de ilicitude

O ónus da prova releva em tribunal para quando este, apesar das testemunhas e provas, ainda estiver em
dúvida sobre a decisão, assim o tribunal decide em favor da parte que não tem presunção de culpa ou
contra a parte que tem ónus da prova.

ML: quando lei presume a culpa

ARTIGO 493º (Danos causados por coisas, animais ou actividades)


1. Quem tiver em seu poder coisa móvel ou imóvel, com o dever de a vigiar, e bem assim quem tiver
assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais, responde pelos danos que a coisa ou os
animais causarem, salvo se provar que nenhuma culpa houve da sua parte ou que os danos se
teriam igualmente produzido ainda que não houvesse culpa sua.

2. Quem causar danos a outrem no exercício de uma actividade, perigosa por sua própria natureza ou
pela natureza dos meios utilizados, é obrigado a repará-los, 

excepto se mostrar que empregou TODAS* as providências exigidas pelas circunstâncias com o fim
de os prevenir. 


*elevação do padrão de cuidados normalmente necessários, e não só as de um bom pai de família - nível
acrescido de diligência

NEXO DE CAUSALIDADE
Significa que é necessário uma certa relação entre o facto e o dano causado para que se possa obrigar
alguém a indemnizar outrem. Tem que se poder dizer que aquele facto é a causa daquele dano - causa
natural. Como posso dizer em Direito que uma facto realmente causou aquele dano.

Teorias:

- Teoria da Conditio Sine Qua Non: se não houvesse o foco não haveria o dano. Se se provar que haveria
dano apesar do facto, este facto não é conditio sine qua non do dano.

- Teoria da Última Condição:

Nexo de causalidade entre facto e dano

O critério poder diferente consonante o tipo de responsabilidade.

A exigência de uma realçar causal entre o facto e o dano está implica no artigo 483º/1, danos resultantes
da violação tem determinada ligação com o facto.

ARTIGO 483º (Princípio geral)

1. Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição
legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos
resultantes da violação.

ARTIGO 562º (Princípio geral)

Quem estiver obrigado a reparar um dano deve reconstituir a situação que existiria, se não se tivesse
verificado o evento que obriga à reparação.

- Formula baseada no apuramento do que teria acontecido se não houvesse o facto.

CONDITIO SINE QUA NON do dano: verificar qual teria sido hipoteticamente o desenrolar das coisas se
não tivesse corroído o facto e comprar com a situação real, apurar que danos ou não foram causados. Se
chegar a conclusão que ocorrera o mesmo sem o facto em causa, Não há obrigação de indemnizar. É
questionada em situações onde há uma pluralidade de causas para o dano - causalidade cumulativa.
Apesar de não se pode dizer que o facto foi causa do dano ainda sim, deve haver obrigação de indemnizar.

Teoria da adequação
Revela que está aqui consagrada essa teoria, os resultados que um facto causar mas que forem de todo
improváveis não são objecto da indemnização. Está é a ideia geral da adequação, consagrada no artigo
563º.

Artigo 563º Nexo de causalidade

A obrigação de indemnização só existe em relação aos danos que o lesado provavelmente não teria sofrido
se não fosse a lesão.

A teoria limita os danos indemnizáveis.

Há formas da teoria a adequação que limitam mais a causalidade e outras que apoiam mais a causalidade.
Se eu exigir que o dano temeu ser consequência provável do dano, tem que haver no mínimo uma
previsibildade do dano. Se por contrario eu fizer uma FORMULAÇÃO no sentido de haver uma
improbabilidade de que a conduta causaria o dano.

Quase todos os danos são consequências adequadas.

Prognose póstuma - probalidade aferida ex ante

Juízo de probabilidade

Redução dos casos de responsabilidade.

Teoria do Escopo da norma violada ( não tem base legal )

Escopo ou fim da norma violada

Essa teoria nos obriga esclarecer o fim da normatividade e quais são os danos contra os quais ela visa
proteger um determinado interessado.

Os tipos de interesses protegidos: caso de violação de normas de protecção, nos direitos subjectivos são
duvidáveis aos quais se aplicam. É necessário que o dano se localize.

Dois problemas da causa virtual

Causa virtual - é um facto que não seja a produzir um dano mas produzir se o curso das coisas tivesse sido
outro.

Se a causa virtual é um comportamento que poderia gerar responsabilidade para seu agente, este facto de
ser por a causa virtual por dano permite-se por responsabilidade civil?

Não, porque não houve um facto natural causador do dano. Num sistema como nosso não há
responsabilidade do autor da causa virtual.

Relevância negativa da causa virtual

Em princípio. A causa virtual é irrelevante para efeitos negativos. O autor da causa virtual não pode invocar
a causa natural para excluir sua responsabilidade.

A doutrina costuma indicar : os artigs 491º, 492º e 493º

Essa ideia de que esses artigos consagrariam a regra da irrelevância negativa da causa virtual é muito
questionável porque na verdade essas artigos tratam da responsabilidade por omissão e tudo tem de ser
adaptado.

A exigência do dano - artigo 483º

Dano - perda ou não obtenção de uma vantagem juridicamente tutelada.

Dano real ( não pode ser eliminado e não pode ser indemnizado e por isso se torna um dano não
patrimonial.

Nexo de causalidade.

O que significa?

Significa que é necessária uma relação entre o facto e o dano causado para que se possa responsabilizar
alguém, e tem de ser uma relação de causalidade natural.

Como conseguimos aferir em direito se um facto é a causa natural de um determinado dano? A forma que
já não é usada mas é maioritariamente seguida é a da conditio sine qua non. Se, mesmo na ausência
daquele facto, o dano tivesse ocorrido, então o facto não é causa do dano.

Se apenas se exigisse eta causalidade em termos naturalísticos, alargaríamos demais a responsabilidade.

Extensivo a todas as modalidades de responsabilidade.

• A exigência de uma relação causal entre o facto e o dano está implícita no 483º/1. A fórmula sine qua non
aponta para um nexo de causalidade. Para verificar se existe nexo de causalidade, usa-se muitas vezes
esta. Vê-se a diferença entre o que aconteceria com e sem o facto para aferir se ela causou o dano. E
quando há uma pluralidade de causas que contribuem para o mesmo dano?

Esta teoria levar-nos-ia demasiado longe. A pergunta que temos de fazer é se alguém que cometeu um
ilícito deve ser responsabilizado por um nexo causal distante.

• Para o efeito de permitir a libertação de grandes efeitos estranhos surgiu a teoria da adequação - 563º- o
advérbio "provavelmente" revela que está consagrada a teoria da adequação. Os danos que um facto
causar mas que forem de todo improváveis não geram indemnização. Assim, esta limita a
responsabilidade. Há pequenas nuances dentro das várias fórmulas desta teoria. Há fórmulas mais
generosas para o lesante e outras mais generosas para o lesado. Se eu exigir que o dano tem de ser
consequência provável do facto, estou a excluir em princípio bastantes danos. 

Há uma fórmula mais abrangente: sempre que o facto tenha alguma probabilidade de gerar o dano, há
responsabilidade. Assim só não a há quando a probabilidade do dano com ou sem o facto seja igual. Isto
é um juízo ex ante, porque se fizermos um ex poste, é evidente que o facto é causa adequada do dano.
O juízo de adequação é feito de acordo com os conhecimentos que um observador experiente teria e os
conhecimentos que o agente em concreto tem. O juízo de validade é sempre feito com base em
determinados dados do facto. Se eu tiver um conhecimento omnisciente, óbvio que quase tudo seria
causa adequada do dano. Este critério vem introduzir algumas restrições em função do conceito de
probabilidade.

• Mas há quem diga que a certa é a teoria do escopo da norma violada, em que apenas há 

responsabilidade quando o dano cai no círculo de danos que a norma pretende proteger. A professora diz
que não é necessariamente antagónica da causalidade adequada. Em muitos casos a violação da norma
não nos diz propriamente qual o tipo de interesses protegidos, ou se diz muitas vezes a identificação é
insuficiente para introduzir uma criação de responsabilidade. Esta teoria é boa para a violação de normas
de proteção, mas na de direitos pode trazer dúvidas. A professora diz portanto que tem fundamento mas
não substitui a da adequação. 

Não há apenas um problema da causa virtual. O que é? É um facto que não chega a produzir um dano
mas que o produziria se esse tivesse sido o decurso das coisas. Pode haver 2 perguntas: Se pode gerar
responsabilidade para o agente e se pode gerar o dever de indemnizar. A questão é de se o autor da
causa virtual pode ser responsabilizado. A prof diz que não, porque não é um facto que provoque o dano,
e não passa no teste da conditio sine qua non. É necessária causalidade, pelo que não há
responsabilidade do autor da causa virtual. Mas e o autor da causa real? Não se pode defender dizendo
que o dano se praticaria anyways? A resposta encontra-se no art.o 562.o - "quem estiver obrigado a
reparar um dano deve reconstituir a situação que existiria se não tivesse provocado o dano" - se não se
tivesse verificado o evento que obriga a reparação, o dano seria o mesmo. E agora? A generalidade da
doutrina portuguesa tem dito que a causa virtual em princípio é irrelevante para efeitos negativos, ou seja:
o autor da causa real não pode invocar a causa virtual para se retirar da responsabilidade. O argumento
em favor da irrelevância negativa da causa virtual é a função punitiva da responsabilidade civil, porque se
se tirar a responsabilidade de quem provoca a causa real, há um ilícito não punido. 

O autor da causa real não se pode escusar devido à causa virtual, mas a responsabilidade por danos
mediatos pode ser invocada pela causa real.

A maioria da doutrina alemã diz que o dano imediato foi efetivamente causado e em relação a esse há
responsabilidade. Mas quanto aos danos mediatos, se pudessem ter outra causa, não responsabilizam,
admitindo a professora esta regra, não sendo a tese maioritária.

A doutrina costuma indicar como concretizações da relevância negativa da causa virtual

A maioria doutrinária portuguesa diz que a relevância negativa da causa virtual é puramente excepcional.
Os artigos tratam da responsabilidade por omissão, em que tudo tem de ser adaptado. Esta assenta no
incumprimento de um dever legal ou negocial. 

Causalidade na omissão

Como se afere a relação entre a causalidade e o dano?

Os artigos 482/483º/1 têm uma adaptação da ideia de causalidade às condições de responsabilidade por
omissão.

❊Dano

- Há certos casos em que pode haver responsabilidade civil sem dano.

- Responsabilidade civil tem um fim secundário/acessório que é prevenir factos ilícitos.

- Uma coisa é constatar as circunstâncias de que alguém é obrigado a indemnizar.

- Tem uma eficácia preventiva ( plano de factos ).

- A descrição dos factos não influencia a interpretação de normas jurídicas.

- A função principal é ressarcitória e a função preventiva é acessória e subordinada.

• Uma coisa é um dano enquanto PRESSUPOSTOS da realidade e outra coisa é um dano para efeitos de
determinação da obrigação de indemnizar.

• Não se aceitaria como dano uma vantagem que corresponda a uma vantagem ilícita.

• Fixação do contudo da obrigação de indemnizar: torna-se mais difícil a discussão sobre qual é o dano
que vai ser object de uma indemnização.

Artigo 562º e seguintes do CC - matéria de fixação do dano que é objecto da fixação do conteúdo da
obrigação de indemnizar.

Critério da causalidade utliza-se também no momento da determinação de quais os danos - entre os


causados -podem ser objectos da indemnização.

* alguns dos danos mais improváveis não são incluídos no momento de determinar a indemnização.

Danos enquanto objecto da obrigação de indemnizar - pressupõe que alguma é obrigado a indemnizar.

• Princípios retirados das normas:

I. Princípio da indemnização integral: deve em principio abranger todas as consequências do facto


gerador de responsabilidade. Princípio de ressarcimento integral. Artigo 562º, 564º e 566º/2 - ideia de
reparação integral.

II. Não enriquecimento do lesado: obrigação de indenização não serve para colocar o lesado numa
situação melhor do que estava anteriormente -> não cria uma vantagem.

III. Prioridade da reconstituição natural/em espécie: preferencia para uma restituição natural - artigo
566º/1.

* artigo 566º enuncia limitações como no caso de não ser possível uma restituição natural.

Artigo 567º/2 - teoria da diferença.

* Comparação de duas situações: situação patrimonial global que existe no momento mais próximo a ser
atendido pelo Tribunal com a situação hipotética que existiria se não tivesse ocorrido o evento que levou
a lesão ---- aplica-se o principio da reparação integral.

É uma teoria que no fundo é boa para concretizar os princípios citados anteriormente - pois ela toma
como critério da indemnização em dinheiro o reflexo que o fato gerador da responsabilidade teve no
patrimônio do lesado

* lucros cessantes
* Não permite indemnizacao de dano de privacao de uso

DANOS FUTUROS 

- Em decorrência da ideia de que não se deve conceder ao lesado um enriquecimento, a indemnização só
recai sobre danos passados/presentes 

- Código Civil previu a possibilidade de serem exigida uma indemnização por danos futuros - porque há
aqui um desvio? 

- O Código Civil teve uma ideia pragmática de não oneração excessiva do lesado. 

Artigo 564º (Cálculo da indemnização) 

1. O dever de indemnizar compreende não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou
de obter em consequência da lesão. 

2. Na fixação da indemnização pode o tribunal atender aos danos futuros, desde que sejam previsíveis;
se não forem determináveis, a fixação da indemnização correspondente será remetida para decisão ulterior. 


Entende-se que é pedido uma indemnização por danos presentes, mas, na fixação da indenização pode
atender sobre danos futuros.

Quais as condições para que seja indenização danos futuros?

A condição é que eles seja previsível - artigo 564º. É necessário que haja um certo grau de certeza ( não
total ) quanto a produção do dano no futuro. Se for apenas possível mas não houver maneira de demonstra
que se verificará, então não pode o mesmo dano futuro ser indemnizável.

Danos futuros previsíveis - separa-se em:

Determináveis e não determináveis. Pode muito bem suceder que um dano tenha praticamente certeza que
venha ocorrer um dano futuro mas não há elementos suficientes para qualifica-los perante o Tribunal.

Nos casos em que é certo que o dano ocorrerá, mas ainda não se sabe quando, o Tribunal pode condenar
a indenização reservando a quantificação do valor da indemnização para um momento ulterior - parte final
do artigo 564º/2.

No apuramento de um dano futuro, há uma incerteza que nunca irá se revolver, há uma disposição útil
quando o juiz não tenha certeza do valor dos danos e sua extensão - artigo 566º/2.

ARTIGO 566º (Indemnização em dinheiro)


1. A indemnização é fixada em dinheiro, sempre que a reconstituição natural não seja possível, não repare
integralmente os danos ou seja excessivamente onerosa para o devedor.

2. Sem prejuízo do preceituado noutras disposições, a indemnização em dinheiro tem como medida
a diferença entre a situação patrimonial do lesado, na data mais recente que puder ser atendida pelo
tribunal, e a que teria nessa data se não existissem danos.
3. Se não puder ser averiguado o valor exacto dos danos, o tribunal julgará equitativamente dentro dos
limites que tiver por provados.

Se o facto produzir dando futuros que ainda ano sejam prevísseis e que a indenização não possa ser
invocada/exigida em juízo, podemos articular com o regime da prescrição.

Na responsabilidade civil delitual, há u prazo curto de prescindo do direito de indenização ( prazo de 3


anos) - artigo 498º.

ARTIGO 498º (Prescrição)


1. O direito de indemnização prescreve no prazo de três anos, a contar da data em que o lesado teve
conhecimento do direito que lhe compete, embora com desconhecimento da pessoa do responsável e da
extensão integral dos danos, sem prejuízo da prescrição ordinária se tiver decorrido o respectivo prazo a
contar do facto danoso.

2. Prescreve igualmente no prazo de três anos, a contar do cumprimento, o direito de regresso entre os
responsáveis.

3. Se o facto ilícito constituir crime para o qual a lei estabeleça prescrição sujeita a prazo mais longo, é este
o prazo aplicável.

4. A prescrição do direito de indemnização não importa prescrição da acção de reivindicação nem da


acção de restituição por enriquecimento sem causa, se houver lugar a uma ou a outra.

Se o facto já aconteceu a mais de 10 anos, será que eu estou privada de exigir um indemnizar se viera
ocorrer um dano que tenha uma lógica substancial?

Não, não estou privada e o prazo conta-se a partir da verificação do dano.

Um facto gerador de responsabilidade pode ser a própria atribuição de vantagens ao lesado.

* O facto pode acabar gerando vantagem ao lesado.

ARTIGO 568º (Cessão dos direitos do lesado)


Quando a indemnização resulte da perda de qualquer coisa ou direito, o responsável pode exigir, no acto
do pagamento ou em momento posterior, que o lesado lhe ceda os seus direitos contra terceiros.

A indemnização não deve servir de meio para enriquecer o lesado pois o artigo 568º não é mais do que
uma concretização desse principio de não enriquecimento.

Teoria da diferença?

- não existe se não houvessem danos.

- As vantagens devem ser descontadas.

* A determinação da indemnização pode sofrer influencia da conta do lesado - artigo 570º/1.

* A conduta do lesado pode levar a diminuição da indemnização.

* Aplica-se as omissões do lesado? Será que o lesado tem o ônus de impedir o agravamento do dano?

* Artigo 570º não dá nenhuma pista.

* Em outros ordenamentos tem sido aceito, sem grande dificuldades, esse dever de mitigar.

ARTIGO 570º (Culpa do lesado)


1. Quando um facto culposo do lesado tiver concorrido para a produção ou agravamento dos danos, cabe
ao tribunal determinar, com base na gravidade das culpas de ambas as partes e nas consequências que
delas resultaram, se a indemnização deve ser totalmente concedida, reduzida ou mesmo excluída.

2. Se a responsabilidade se basear numa simples presunção de culpa, a culpa do lesado, na falta de


disposição em contrário, exclui o dever de indemnizar.

* O problema é determinar, em cada caso concreto, o agravamento/aparecimento do dano.

> a indemnização também inclui dando não patrimoniais

- A doutrina reconhece como danos que não são suscetíveis de avaliação pecuniária.

- Não se encontra prevista nos artigos 562º e seguintes, mas sim no regime da responsabilidade delitual.

- É um aspecto que leva a dúvidas quanto a saber se essa indenização por dando não patrimoniais pode-
se entender a outras indemnizações que não as que consista na pratica de factos lícitos e culposos.

- No caso da responsabilidade pelo risco, a lei remete ao artigo 499º que, em princípio, elimina as dúvidas
colocadas na pergunta acima.

- No caso da responsabilidade contratual, ainda há dúvidas sobre a questão da indemnizabilidade de


danos morais: hoje em dia, a doutrina vem respondendo em sentido positivo.

- Esses danos não podem ser erradicados.

Ex:. Um grande desgosto não pode ser eliminado.

- Qual o fundamento da indemnização de dando não patrimoniais? Proporcionar, através do dinheiro, ao


lesado a possibilidade de satisfazê-lo, visando o compensar com o sofrimento existente, não se trata
de uma ideia de eliminação, mas sim de uma compensação.
- Do ponto de vista moral, já foi questionado a defensabilidade do ponto de vista moral da não
indenização - visão mercantilista dos danos não patrimoniais

- Artigo 496º exige uma gravidade: um sofrimento mais intenso que dê lugar à indemnização.

- A doutrina diz que não pode bastar um mero incomodo para se considerar que há direito para a
indemnização por parte de danos não patrimoniais.

- Existência de um recurso a equidade, o qual implica a consideração de varias circunstâncias que são
previstas no artigo 494º: condição econômica do responsável, por exemplo.

❊ MORTE 


• A morte é um fenômeno que envolve vários tipos de danos associados [mais ou menos instantâneos;
sofrimento dos familiares/amigos; perda do bem jurídico mais 

importante:vida]

O DANO MORTE É SUSCEPTÍVEL DE INDEMNIZAÇÃO? O que está em causa é perda da vida.

Quando alguém morra em circunstâncias de um fato ilícito e culposo, pode exigir uma
indemnização pelo q a vítima sofreu - essa indemnizacao é transmissivel aos herdeiros 


As pessoas que conviviam com o lesado podem pedir indemnizaçao - art. 496/2 


Artigo 496/3 alarga a legitimidade a quem vivesse em união de facto 



O QUE ESTA REGULADO NO ARTIGO 496 SÃO INDEMNIZACOES DE DIREITO PROPRIO DAS
PESSOAS - seria devida ao titular do direito violado 

Em relação ao lesado, o que morreu, tem direito a indemnização pela perda de sua vida?
DOUTRINA DIVERGE 


NÃO: um argumento pertinente é de que o art. 496, ao prever a legitimidade de exigir uma
indemnização, exclui-se o dano morte 


SIM: o CC nunca pode excluir o direito a indemnização de um bem supremo - VIDA. {doutrina
maioritária} 


Enriquecimento sem causa

Teoria unitária - MC.


Teoria não unitária - defendida por ML, significa que a obrigação da restituição não se reconduz a um
argumento único e consequentemente.
Pressupostos alteram ligeiramente de acordo com a modalidade de enriquecimento sem causa.

I. Enriquecimento por prestação: assenta na realização de uma prestação - um conceito mais amplo que se
utliza no Direito do Cumprimento/Incumprimento.
- Só há prestação quando existe comportamento humano? NÃO. Há outras atribuições - atribuições
patrimoniais - que podem estar na base do enriquecimento por prestação ( transmissão de um direito real/
concessão do gozo de um bem ... ).
- De um âmbito mais amplo, pode-se definir a prestação como qualquer atribuição patrimonial feita a
outrem desde que finalisticamente orientada.
- Além de haver uma atribuição patrimonial ( prestação), é necessário que o autor da atribuição tenha
consciência de que está a entrar em patrimônio alheio, se não houver essa consciência não há um caso
de enriquecimento por prestação.
- A pessoa que faz a atribuição tem que tem um fim e a fazer a função dele, e justamente a frustada desse
fim que toma a atribuição restituível.
- Obrigação pode existir mas não ser da pessoa que fez a atribuição patrimonial, assim também como
pode existir mas não corresponder a um direito de credito da pessoa que está a receber.
* Repetição do indivíduo: significa pedir de volta o que se prestou indevidamente - pode basear-se numa
situação de inexistência pura da obrigação.
* Se eu cumpro sabendo que a prestação não existe, não tenho direito de pedir restituição - repetição do
indevido ( artigo 476º/1 ).
* Para haver prestação deve haver uma vontade de incrementar o patrimônio do receptor.
Obrigação natural: prevista nos artigos 402-404 - não é uma obrigação devida - não são obrigações
jurídicas. Logo, se eu não cumprir o outro não pode exigir de volta.

• Situações de individuo subjetivo


a. Pessoa credora - artigo 476º/2 ( só acontece em caso de erro ).
b. Pessoa supostamente devedor - artigo 477º/2 - o autor da prestação passa a ter um direito que o
receptor tinha quanto ao devedor originário - transmissão de direito de crédito.
* Artigo 476º/3- erro desculpável ( antes do vencimento ). Se o erro não for desculpável, o autor da
prestação não tem direito à nada. Caso contrario, só pode receber o proveito que teve antes do
vencimento do tempo -> beneficio de tempo de antecipação. Individuo temporal.
c. Prestação que foi realizada em virtude de uma cause que deixou sem existir - artigo 473º/2.
d. Casos em que alguém realiza uma prestação em virtude de um determinado efeito que não vem
produzir.
* É necessário que esse resultado seja objeto de um acordo por parte do preço e no fim, o contrato não é
celebrado. Pode exigir restituição? Sim, recebeu o dinheiro em virtude da celebração de um contrato de
compre e venda.

II. Enriquecimento por intervenção


- Quem enriquece é quem tem a posição ativa, é quem intervém.
- Intervenção não autorização de uma pessoa sobre direito/posições de outrem e, esta intervenção permite
a retirada de uma vantagem ( segundo a repartição dos vens, pertence ao titular ).
- Ao intervir deforma não autorizada pelo titular, está a retirar utilidade que sã exclusivamente destinadas
ao titular.
- Pode ocorrer quando alguém integrem sobre direitos absolutos, direitos reais, direitos de personalidade,
direitos do autor, posição judicia tutelada pelo direito.
- Casos em que alguém oferece prestação mediante a remuneração.
* Ex:. Parkplatz em Hamburgo
* Arredamento: não é necessário que haja uma desolação patrimonial
Fundamento: ideia de que a ordem jurídica reserva certas vantagens em exclusivo ao titular de direito.

III. Enriquecimento por despesa

Instituto que está intitulado no artigo 47º do artigo civil


- aquele que injustamente se enriquecer a custas de outrem é obrigado a restituir. Tem que haver
enriquecimento, ausência de causa justificativa.
Enriquecimento por prestação

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA - não sai tudo para a frequência

A teoria unitária (menezes cordeiro) e a teoria não unitária (menezes leitão) do instituto.

Os pressupostos lateral ligeiramente dei acordo com a modalidade do enriquecimento sem causa aplicável
ao caso concreto. A análise do caso e a própria valoração é de acordo com essa modalidade.

PRESSUPOSTOS: (1) enriquecimento, (2) ausência de causa, (3) à custa alheia.

São 4 modalidades:

ENRIQUECIMENTO POR PRESTAÇÃO


Quem toma a iniciativa da ação é o empobrecido.

Assenta na realização de uma prestação, mas o conceito de prestação para esse efeito é mais amplo que o
conceito usado no direito cumprimento e incumprimento. Prestação seria um comportamento humano.
Porém poderá haver outras atribuições, que não o comportamento humano, que podem estar na base do
enriquecimento por prestação (ex: transmissão de direito real, concessão de gozo de um bem, constituição
ou transmissão de um crédito). Podemos definir a prestação como atribuição patrimonial feita a outrem
desde que finalisticamente orientada.

Alem disso é necessário que o autor tenha consciência de que está a incrementar o património alheio e
deseje isso - não so saiba como queira. Se houver ausência de vontade não ha enriquecimento por
prestação, mas pode ser pós despesas.

Finalisticamente orientada: a pessoa que faz atribuição patrimonial tem que ter um fim para essa ação. A
frustração desse fim torna essa atribuição sem causa e da ao autor da prestação o direito à restituição.

Muitas vezes o fim da atribuição é cumprir uma obrigação. As vezes se faz uma atribuição patrimonial com
a finalidade de cumprir, mas a obrigação não existe ou então existe ,mas não ºe uma obrigação da
eplssaoa que fez a atribuição.

Caso da repetição do indivíduo: “repetição” aqui significa re-pedir, pedir de volta aquilo que se prestou
indevidamente. Essa repetição pode basear-se numa situação de inexistência pura da obrigação, ou seja,
aluguem cumpre uma obrigação que não exista. O autor da prestação cumpriu sem saber que a obrigação
não existia e com convicção de que existia. Se, porém, eu realizo uma “obrigação” que sei que não existe,
não estou enganado e, logo, não tenho direito de pedir restituição alguma - designam-se de indevido
objeto.

ARTIGO 476.º (Repetição do indevido)


1. Sem prejuízo do disposto acerca das obrigações naturais, o que for prestado com intenção de cumprir
uma obrigação pode ser repetido, se esta não existia no momento da prestação.

2. A prestação feita a terceiro pode ser repetida pelo devedor enquanto não se tornar liberatória nos
termos do artigo 770º.

Entretanto, não se aplica às obrigações naturais, porque essas não podem ser coercitivas, mas se forem
cumpridas não há nada de errado.

Caso de indivíduo subjetivo: ou pessoa é a sua devedor ou a pessoa não é sua credora.

- Não ser credora (476.º/2): só acontece quando há um erro. EX.: eu vou transferir um dinheiro para uma
amiga, mas erro o IBAN dela e vai para outra pessoa; tenho que ser restituído.

- Não ser devedora: alguém que está convencido que é devedor, mas não é, executa uma prestação a um
credor que realmente tinha direito de crédito àquela prestação. Proteção mais forte: restrição do direito
à repetição

ARTIGO 477.º (Cumprimento de obrigação alheia na convicção de que é própria)


1. Aquele que, por erro desculpável, cumprir uma obrigação alheia, julgando-a própria, goza de direito de
repetição, excepto se o credor, desconhecendo o erro do autor da prestação, se tiver privado do título
ou das garantias do crédito, tiver deixado prescrever ou caducar o seu direito, ou não o tiver exercido
contra o devedor ou contra o fiador enquanto solventes.

2. Quando não existe o direito de repetição, fica o autor da prestação sub-rogado nos direitos do credor.

O autor da prestação é agora o credor e pode exigir o pagamento da prestação ao devedor inicial.
Transfere-se o direito de credito do credor inicial para o autor da prestação que não tinha obrigação de
fazê-la- EX.: A paga B achando que devia, mas não devia, quem devia era C; B não é obrigado a restituir
porque era credor, mas o direito de crédito dele transfere-se a A perante a C, logo C agora tem que pagar
quem pagou sua prestação.

INTER USURIUM: beneficio decorrente do período de tempo de antecipação. Juros entre o tempo em que
foi pago antecipadamente o que deveria ser pago mais tarde.

ARTIGO 476.º (Repetição do indevido)

3. A prestação feita por erro desculpável antes do vencimento da obrigação só dá lugar à repetição
daquilo com que o credor se enriqueceu por efeito do cumprimento antecipado.

ARTIGO 473.º (Princípio geral)

2. A obrigação de restituir, por enriquecimento sem causa, tem de modo especial por objecto o que for
indevidamente recebido, ou o que for recebido por virtude de uma causa que deixou de existir ou em vista
de um efeito que não se verificou*.

Alguém realiza um prestação em virtude de um determinado resultado que por fim não vem a existir.

Pressupostos: (1) não ter havido resultado, (2) resultado não ser objecto de uma obrigação, mas sim de um
acordo conhecido pelo recebedor de que o pagamento da prestação levaria a um resultado. EX.: antes de
celebrar um contrato de compra e venda eu pago o preço que seria devido no contrato; entretanto não há
um resultado para mim; posso ser restituído, mesmo sem ter havido constituição de obrigação nenhuma.

ENRIQUECIMENTO POR INTERVENÇÃO


Quem toma a iniciativa da ação é o enriquecido.

Intervenção não autorizada por uma pessoa que não tem direitos ou situação jurídica, que permite retirar
uma vantagem que pertence ao titular do direito ou da posição jurídica afetada. Retira-se utilidades que o
proprietário tem.

Pode ocorrer quando alguém internem sobre direitos absolutos (reais, de propriedade, de personalidade) e
em certos casos que alguém tem uma posição jurídica tutela pela lei (ex: regras de leal concorrência). E
também quando alguém oferece prestações mediante remunerações

TESES PARA EXPLICAR O ENRIQUECIEMNTO SEM CAUSA:

- A doutrina demonstra que não é necessário haver deslocação de património para haver enriquecimento
sem causa.

- Complementarão da responsabilidade civil.

Fundamento do direito à restituição: a ideia de que a ordem jurídica reserva certas vantagens - ordenação
dos bens - reserva ao particular EM EXCLUSIVO de uma posição jurídica (?). alem de haver uma protecção,
excluindo o autor de usar

Teoria do duplo limite; teoria do triplo limite; teoria do empobrecimento subjetivo (?)

Os artigos 479 e 480

- Tem sua origem no próprio acto do enriquecido. É alguém que obtém para si um enriquecimento.

Teoria do Conteúdo da Distinção do Direito


- Reserva-se para titular todas as utilidades daquele bem.

- Direito de propriedade: o proprietário tem o direito de excluir o outro do uso ou da fruição da coisa,
assim como a utilidade. A ordem jurídica destinaria ao proprietário essa utilidades. Considerou-se que é
uma teoriza vazia. Só coloca o problema e não resolve. Não há solução concreta. É apenas um ponto de
partida, porque depois ela se torna necessária a sua concretização em cada caso. O interprete do direito
tem que verificar se aquele bem reserva ou não uma utilidade da coisa ao proprietário. EM alguns casos
a resposta é simples, no neonato outros não.

- Se podemos dizer que a toeira é vazia, é uma verdade parcial. Ela ajuda a colocar o problema, mas não
a resolvê-lo.

Ex:. O caso do pólen das abelhas, caso do apicultor - há um senhor que é apicultor, tem suas abelhas e
explorar atividade de maneira profissional, vende o mel em ferias, lojas especializadas. As abelha vai
recolher o pólen que depois servem para a fabricação do mel nunca zona de campos de imediação.

A questão é: os donos dos terrenos/dos campos em que as abelhas vão colher o pólen, podem ou não
exigir uma restituição do enriquecimento sem causa ao apicultor pelo pólen "fornecido"pelas abelhas, que
depois sé transformado em mel.

- A resposta é NEGATIVA. Mas em razão está em tentar perceber melhor o que o direito de propriedade
rejever em exclusivo ao proprietário. Há um conjunto de utilidades que a ordem jurídicas por razoes
variadas não consegue estabelecer uma barreira a utilização. Impossibilidade da exclusão da utilidade -
externalidades positivas.

Observação: pretensão ao enriquecimento sem causa: não há uma indenização mas sim uma restituição.

Há casos em que a ordem jurídica confere um direito mas não autoriza o titular do direito a comercializar as
utilidades provenientes desse direito conferido. Direitos de personalidade - limites sobre a limitação
voluntária da integridade física. Por ex:. E se alguém obtiver utilidades a partir do exercício desse direito,
posso exigir a restituição por enriquecimento sem causa? A resposta é negativa, porque não é lícito a
utilização do direito, também não é a restituição.

Quantum do direito à restituição: quanto que a pessoa empobrecida tem direito na restituição. A razão pela
qual há reserva em se falar em "empobrecido"é que nem sempre o titular do direito a restituição está
empobrecido, no sentido de ter sofrido um dano, ficando com um valor a meus no seu patrimônio.

Porém a expressão "empobrecido" é consagradíssimo e pode-se usar.

- O valor obtido pelo interventor é maior que utilidade obtida no mercado: mais utilidade do que seria
obtida.

Ex:. Jóquei ( corridas de cavalo ) - alguém queria participar de uma corrida, mas não tinha um cavalo e
pega emprestado um cavalo que não iria competir e por fim acaba por ganhar a corrida. Quanto que o
proprietário do cavalo pode pedir de restituição ao que pegou o cavalo emprestado? Pode-se pedir a
restituição do valor que se alugaria o cavalo ou pode-se pedir o valor do prêmio? DIVERGÊNCIA
DOUTRINÁRIA:

• Lucro > bem comercializado n mercado. Parte desse lucro corresponde ao interveniente, que teve os
cuidados e condições de fazer i cavalo ganho. Restituiria o prêmio ainda que descontadas esses gastos.
Restituiria o prêmio ainda que descontadas esses gastos.

• Regente: utilidade do uso do cavalo e não os prémios, como consequência anterior do usos da
propriedade. Faz mais sentido de acordo com a teoria do conteúdo da destinação.

- O preço cobrado pelo titular do direito é superior ao preço de mercado: o empobrecido retira mais do
bem do que ele normalmente vale; obtenção de uma prestação oferecida ao público.

- No caso do estacionamento de Hamburgo ( que o senhor não quis pagar pega vaga no estacionamento
porque não faria diferença patronal nem para ele, nem para a entidade ): a entidade que explora o
estacionamento cobrava um reco muito superior ao preço de mercado, devido a valorização maior
aquele estacionamento ( Vista suas características ). Nesses casos, o que tem de destituir? Para a
regente tem de se restituir o preço de mercado e não o preço imposto pela entidade daquele
estacionamento.

- Teoria da destinação.

III. Enriquecimento por despesa

Aumento do valor e coisas alheias. Regulada no livro dos direitos reais do CC. Na perspectiva do
enriquecimento sem casa é necessário saber se tem aumentou o valor das coisa agueis alheia tem o direito
à restituição. É pressuposto que essa pessoa o faça desconhecendo o caracter alheio da coisa ou
desconhecendo o caracter alheio dos materiais alheios que está a se utilizar.

No enriquecimento por prestação pressupõe que o empobrecido quer incrementar o patrimônio alheio e no
enriquecimento por despesa não há necessidade de querer incrementar o patrimônio alheio.

Há um porém: o proprietário pode não estar interessado no incremento do patrimônio alheio


( enriquecimento forçado ).

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