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Concílio Vaticano II

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O Concílio Vaticano II (CVII), XXI Concílio Ecumênico da


Igreja Católica, foi convocado no dia 25 de Dezembro de 1961,
II Concílio do Vaticano
através da bula papal "Humanae salutis", pelo Papa João
XXIII. Este mesmo Papa inaugurou-o, a ritmo extraordinário,
no dia 11 de outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4
sessões, só terminou no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o
papado de Paulo VI.[1][3][4]

Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados de


todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da
Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4
constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e
Basílica de São Pedro, Vaticano.
aprovadas pelo Concílio.[1] Apesar da sua boa intenção em
tentar atualizar a Igreja, os resultados deste Concílio, para Data 11 de outubro de 1962 – 8
de dezembro de 1965
alguns estudiosos, ainda não foram totalmente entendidos nos
dias de hoje, enfrentando por isso vários problemas que Aceite por Igreja Católica
perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens Concílio Vaticano I
teólogos dessa época, que participaram do Concílio, anterior
salvaguardem a sua natureza; depois de João XXIII, todos os Concílio —
Papas que o sucederam até Bento XVI, inclusive, participaram seguinte
do Concílio ou como Padres conciliares (ou prelados) ou como Convocado Papa João XXIII
consultores teológicos (ou peritos).[3][4] por
Presidido Papa João XXIII, Papa
Em 1995, o Papa João Paulo II classificou o Concílio Vaticano por Paulo VI
II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre si Afluência cerca de 2 540[1]
mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele Tópicos de O aggiornamento e a ação
acrescentou também que esta "reflexão global" impelia a Igreja discussão da Igreja nos tempos
"a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o actuais
impulso vinha também das grandes mudanças do mundo Documentos Constituições:
contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser
Dei Verbum:
decifradas à luz da Palavra de Deus".[5] Revelação divina e
Tradição
No ano 2000, João Paulo II disse ainda que: "o Concílio Lumen Gentium: Igreja
Vaticano II constituiu uma dádiva do Espírito à sua Igreja. É Gaudium et Spes:
por este motivo que permanece como um evento fundamental Pastoral e a relação da
não só para compreender a história da Igreja no fim do século Igreja com o mundo
moderno
mas também, e sobretudo, para verificar a presença
Sacrosanctum
permanente do Ressuscitado ao lado da sua Esposa no meio Concilium: Liturgia
das vicissitudes do mundo. Mediante a Assembleia conciliar, Decretos:
[...] pôde-se constatar que o património de dois mil anos de fé
se conservou na sua originalidade autêntica".[6] Ad Gentes: actividade
missionária
Apostolicam
Actuositatem:
apostolado dos leigos
Todos os concílios católicos são nomeados segundo o local Christus Dominus:
onde se deu o concílio episcopal. A numeração indica a Bispos
quantidade de concílios que se deram em tal localidade. Inter Mirifica:
comunicação social
Vaticano II portanto, indica que o concílio ocorreu na cidade-
Optatam Totius:
Estado do Vaticano, e o número dois indica que foi o segundo formação sacerdotal
concílio realizado nesta localidade. Orientalium
Ecclesiarum: Igrejas
Os concílios, que são reuniões de dignidades eclesiásticas e de orientais católicas
teólogos, são um esforço comum da Igreja, ou parte da Igreja, Perfectæ Caritatis:
para a sua própria preservação e defesa, ou guarda e clareza da renovação da vida
Fé e da doutrina. No caso do Concílio Vaticano II, a consagrada
necessidade de defesa se fez de modo universal, porque as Presbyterorum Ordinis:
vida dos presbíteros
situações contemporâneas de proporções globais abalaram a
Unitatis Redintegratio:
Igreja. Isto fez com que a autoridade universal da Igreja, na ecumenismo
pessoa do Papa, se encontrasse persuadida a convocar um Declarações:
concílio universal ou ecumênico. A força do Concílio não
Dignitatis Humanæ:
reside nos bispos ou em outros eclesiásticos, mas sim no Papa, liberdade religiosa
como pastor universal que declara algo como sendo próprio das Gravissimum
Verdades reveladas (e, por isso, implica a obediência dos Educationis: educação
católicos). Fora disso, o Concílio tem apenas poder sinodal. cristã e digna
Porém, quando o concílio está em comunhão com o Papa, e se Nostra Ætate: relação
o Papa falasse solenemente (ex cathedra) de matérias com os não cristãos[2]
relacionadas com a fé e a moral, o episcopado plenamente Todos os Concílios Ecuménicos Católicos
reunido torna-se também infalível.[7] Portal do Cristianismo

Índice
Antecedentes históricos
Influência de Pio XII
Objetivos
Inauguração e número de participantes
Resultados e respectivos documentos
Igreja
Eclesiologia: Lumen Gentium
Pastoral: Gaudium et spes
Bispos, presbíteros, leigos e consagrados
Igrejas Orientais Católicas
Revelação divina e Tradição
Liturgia
Liberdade e direitos humanos
Relação com os não cristãos e Ecumenismo
Educação e formação sacerdotal
Missionação e comunicação social
Natureza e interpretação
Posição oficial
Posição tradicionalista
Posição neomodernista
Atualidade
Referências
Ver também
Bibliografia
Ligações externas
Em português
Em inglês

Antecedentes históricos
Da Revolução Francesa ao início do século XX, passando por todo o século XIX, a Igreja Católica foi sendo
"perseguida, difamada, dessacralizada e desacreditada" pelos liberais, pelos comunistas e socialistas e pelos
radicais ateus. A Igreja, por outro lado, vendo tudo isso acontecer, condenou por isso as novas correntes
filosóficas agnósticas e subjectivistas, que estão associadas à heresia modernista. Esta heresia foi fortemente
condenada pelos Papas Gregório XVI (1831-1846), Pio IX (1846-1878) e São Pio X (1903-1914). Esta
atitude foi também o espírito do Concílio Vaticano I (1869–70), que definiu o dogma da infalibilidade papal.[1]

Por outro lado, floresceram também na Igreja tentativas de adaptação ao mundo moderno, através, como por
exemplo, da "atitude de vários leigos católicos no campo político e social" (destaca-se Frédéric Antoine
Ozanam, fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo); da publicação da encíclica Rerum Novarum
(1890) pelo Papa Leão XIII (1878-1903), que defendia os direitos dos trabalhadores; da criação da Acção
Católica (1922) pelo Papa Pio XI (1922-1939); e da perda gradual de popularidade da Escolástica e do
conseqüente aparecimento da Nouvelle Theologie (que é diferente do modernismo). Este movimento teológico
do início do século XX, que é apoiado por alguns sectores eclesiásticos, defendia principalmente "a
valorização da leitura das Sagradas Escrituras" (que foi também um dos temas da encíclica Divino afflante
Spiritu do Papa Pio XII) e uma "volta às fontes", através do estudo da Bíblia e das obras patrísticas. Os
defensores mais ilustres da Nouvelle Theologie foram os progressistas Karl Rahner, John Courtney Murray,
Yves Congar, Joseph Ratzinger e Henri de Lubac. Teilhard de Chardin e Jacques Maritain também
defenderam uma maior abertura da Igreja.[1]

Ao mesmo tempo, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Cúria Romana
"encontrava-se em franco processo de estagnação" e vários dos seus elementos mais tradicionais condenaram
as novas tendências teológicas mais progressistas. Em 1950, o Papa Pio XII, na sua encíclica Humani Generis,
chegou mesmo a alertar para os possíveis desvios "neo-modernistas" da Nouvelle Theologie. Enquanto que
tudo isso aconteça, os bispos de todo o mundo tiveram que enfrentar novos problemas originados por drásticas
mudanças políticas, sociais, económicas e tecnológico-científicas. É neste ambiente paradoxal, quer ao nível
interno quer ao nível externo da Igreja, que muitos católicos sentiram a necessidade de a Igreja encontrar uma
nova postura para enfrentar o mundo moderno.[1]

E é também neste ambiente que o Papa João XXIII sentiu a necessidade urgente de convocar o Concílio
Vaticano II. Aliás, "a ideia de um Concílio já havia sido pensada por Pio XI e mesmo por Pio XII, mas sem
grandes sucessos em sua realização". João XXIII, "temendo um novo desastre, como foi o da Reforma
Protestante", decidiu realizar este Concílio a todo o custo. Esta sua intenção foi anunciada por ele no dia 25 de
janeiro de 1959, causando uma grande surpresa dentro da Cúria Romana e até dentro da Igreja Católica. Em
Junho de 1960, através do motu proprio Superno Dei nutu, teve oficialmente início a preparação do Concílio.
Passado apenas um ano, no Natal de 1961, João XXIII convocou oficialmente o Concílio para o ano seguinte
(1962), através da bula papal "Humanae salutis". Esta convocação era "uma decisão totalmente pessoal do
Papa, contrariando as opiniões de alguns cardeais, que pretendiam seu adiamento, em vista de uma melhor
preparação".[1]
Influência de Pio XII

Segundo o Papa Bento XVI, depois das Sagradas Escrituras, o Papa Pio XII é o autor ou fonte autorizada
mais citada nos documentos do Concílio Vaticano II. Bento XVI considera que não é possível entender o
Concílio Vaticano II sem levar em conta o magistério de Pio XII. (...) A herança do magistério de Pio XII foi
recolhida pelo Concílio Vaticano II e proposta às gerações cristãs posteriores.[8]

Nas intervenções orais e escritas, se encontram mais de mil referências ao magistério de Pio XII e o seu nome
aparece mencionado em mais de duzentas notas explicativas dos documentos do Concílio, estas notas com
freqüência constituem autênticas partes integrantes dos textos conciliares; não só oferecem justificativas de
apoio para o que afirma o texto, mas também oferecem uma chave de interpretação, disse o Papa Bento XVI
no discurso que dirigiu aos participantes do congresso sobre "A herança do magistério de Pio XII e o Concílio
Vaticano II", promovido pelas universidades pontifícias Gregoriana e Lateranense, no 50º aniversário da morte
de Pio XII (2008).[8]

Como por exemplo, os conceitos e as ideias expressas na encíclica Mystici Corporis Christi (1943), do Papa
Pio XII, influenciaram fortemente a redacção da constituição dogmática Lumen Gentium, que trata da natureza
e da constituição da Igreja. Este documento do Concílio Vaticano II usou e defendeu o conceito de Igreja
expresso nesta encíclica (a Igreja como Corpo místico de Cristo), que era baseado na teologia de São Paulo.

Objetivos
O objetivo do Concílio é discutir a ação da Igreja nos tempos atuais, ou seja, a sua finalidade é "promover o
incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adaptar a disciplina
eclesiástica às condições do nosso tempo" e do mundo moderno.[9] Por outras palavras, o Concílio pretende o
aggiornamento (actualização e abertura) da Igreja.

O Papa João XXIII "imaginava o Concílio como um «novo Pentecostes» [...]; uma grande experiência
espiritual que reconstituiria a Igreja Católica" não apenas como instituição, mas sim "como um movimento
evangélico dinâmico [...]; e uma conversa aberta entre os bispos de todo o mundo sobre como renovar o
Catolicismo como estilo de vida inevitável e vital".[10]

Por esta razão, ao contrário dos concílios ecuménicos anteriores, preocupados mais em condenar heresias e em
definir verdades de fé e de moral, o Concílio Vaticano II "teve como orientação fundamental a procura de um
papel mais participativo para a fé católica na sociedade, com atenção para os problemas sociais e
econômicos".[11] Aliás, o próprio Papa João XXIII teve o cuidado de mencionar a diferença e a especificidade
deste Concílio: "a Igreja sempre se opôs a [...] erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade.
Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga
satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando
condenações".[12]

Logo, o Concílio não visava a condenar heresias nem proclamar nenhum dogma novo.[10][13] O Concílio
apenas queria dar uma nova orientação pastoral à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas
católicos ao mundo moderno, mas sempre fiel à Tradição.[14] O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que
mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e
ensinado de forma mais eficaz".[15] Para satisfazer esta sua intenção, o Papa queria ardentemente que a Igreja
mudasse de mentalidade, para poder melhor enfrentar e acompanhar as transformações do mundo
moderno.[16]

Pelas palavras da constituição Sacrosanctum Concilium, o "Concílio propõe-se a fomentar a vida cristã entre
os fiéis, adaptar melhor às necessidades do nosso tempo as instituições suscetíveis de mudança, promover
tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e fortalecer o que pode contribuir para chamar
a todos ao seio da Igreja".[17]

Inauguração e número de participantes


No dia 11 de outubro de 1962, o Concílio Vaticano II, idealizado pelo
Papa João XXIII, "teve seus trabalhos oficialmente inaugurados,
contando com a presença de 2 540 padres conciliares ou prelados,
número este inédito para a História da Igreja: 1060 europeus (dos
quais 423 italianos, 144 franceses, 87 espanhóis, 59 poloneses, 29
portugueses…), 408 asiáticos, 351 africanos, 416 da América do
Norte, 620 da América Latina e 74 da Oceânia". Mas, mesmo assim,
"estavam ainda ausentes do Concílio muitos bispos de dioceses que
A abertura do Concílio Vaticano II. viviam sob regimes autoritários", na sua maioria de ideologia
comunista. "O número de participantes variou muito de acordo com
as sessões, nunca porém estando abaixo de 80% do total de padres
conciliares".[1]

Pela primeira vez na História, "os peritos [...] foram ouvidos na elaboração dos textos conciliares, trazendo
consigo uma imensa riqueza de tradições e culturas". Estes peritos, que não tinham direito a voto, são também
chamados de consultores teológicos e tinham uma grande influência no Concílio.[1] Várias dezenas de
observadores protestantes e ortodoxos também foram convidados e estiveram presentes nas 4 sessões do
Concílio.[3]

De acordo com Giacomo Martina, os padres conciliares "se organizavam em torno de duas alas"
(conservadora e progressista), sendo que os progressistas contam com cerca de 90% dos votos. A minoria
conservadora era essencialmente constituída "pela velha-guarda italiana (Ottaviani, Ruffini, Siri...)", por
Marcel Lefebvre, por um grupo de espanhóis (entre os quais o cardeal Larraona) e "por vários latino-
americanos, representantes de escolas teológicas de certo prestígio, especialmente na Espanha". A maioria
progressista era essencialmente "constituída por um grupo da Europa central e do Norte (a que pertenciam os
cardeais Frings, Dopfner, Alfrink, König, Suenens, Liénart e Bea)", por Montini, por Léger, pelo Patriarca
Melquita Máximos IV, pelos bispos africanos e asiáticos e por "uma grande maioria dos bispos latino-
americanos e dos Estados Unidos". Mas, mesmo assim, os progressistas tiveram que, por diversas vezes, fazer
várias concessões aos conservadores, tornando, por isso, os documentos conciliares menos radicais.[1]

Resultados e respectivos documentos


Entre várias decisões conciliares, destacam-se as renovações na constituição e na pastoral da Igreja, que passou
a ser mais alicerçada na igual dignidade de todos os fiéis e a ser mais virada e aberta para o mundo. Além
disso, reformou-se também a Liturgia, onde a Missa de rito romano foi simplificada e passou a ser celebrada
em língua vernacular.

Foi clarificada a relação entre a Revelação divina e a Tradição e foi também impulsionada a liberdade
religiosa, uma nova abordagem ao mundo moderno, o ecumenismo, uma relação de tolerância com os não
cristãos e o apostolado dos leigos.

O Concílio Vaticano II não proclamou nenhum dogma, mas as suas orientações doutrinais, pastorais e práticas
são de extrema importância para a Igreja atual.

Igreja
O tema da Igreja, nos seus aspectos dogmáticos e pastorais, mereceram
uma grande atenção dos padres conciliares, ou seja, dos participantes-
eleitores do Concílio Vaticano II.

Eclesiologia: Lumen Gentium

O Concílio Vaticano II, refletindo sobre a constituição e a natureza da


Igreja, reafirmou várias verdades eclesiológicas, sendo os seus juízos
registados na constituição dogmática "Lumen Gentium". Este documento
salientou que "a única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e
organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja Católica".[18][19]
Também destacou que "a Igreja é sacramento de Cristo e instrumento de
união do homem com Deus, e da unidade de todo o género humano". Ele
continua que, para atingir esta missão da Igreja, é necessário dar aos
católicos "uma "consciência de Igreja" mais coerente, para que também se Paulo VI, o Papa que encerrou
possam valorizar as relações com as outras religiões" (cristãs ou não) e o Concílio Vaticano II e que
com o mundo moderno. "Com esse objetivo, os padres conciliares aplicou os seus documentos.
dirigiram a sua atenção para: o primado do método bíblico; o sacerdócio
comum de todo o "Povo de Deus"; a função profética, sacerdotal e real de
todo baptizado; a colegialidade episcopal; a missão de serviço da Igreja, que deve estar voltada para toda a
humanidade".[20]

A partir de então, a Igreja passou a ser vista não apenas como uma instituição hierarquizada, mas também
como uma comunidade de cristãos espalhados por todo o mundo e constituintes do Corpo Místico de Cristo.
Por isso, a constituição e "as estruturas da Igreja modificaram-se parcialmente e abriu-se espaço para maior
participação e apostolado dos leigos, incluindo as mulheres, na vida eclesial". O concílio clarificou, também,
a igual dignidade de todos os católicos (clérigos ou leigos). Mas, mesmo assim, a estrutura da Cúria Romana
permaneceu intacta, o que permite ainda um governo da Igreja centralizado nas mãos do Papa.[11]

Pastoral: Gaudium et spes

Alguns temas eclesiológicos debatidos no "Lumen Gentium", tais como a missão de serviço ou o sacerdócio
comum do Povo de Deus, são também tratados pela constituição pastoral "Gaudium et spes", que foi
aprovada somente em 8 de dezembro de 1965, dia de encerramento do Concílio.[20]

Mas, este documento centra sobretudo a sua atenção nos aspectos pastorais e não dogmáticos da Igreja e nos
diversos problemas do mundo atual: "a explosão demográfica, as injustiças sociais entre classes e entre povos
e o perigo da guerra nuclear", entre outros problemas sociais e económicos. Esta constituição também
mostrou uma maior abertura da Igreja para os progressos científicos.[20]

Bispos, presbíteros, leigos e consagrados

Além da constituição e da pastoral da Igreja, o concílio preocupou-se também com vários assuntos sobre os
diferentes membros da Igreja:

os Bispos, cuja função e ministério pastoral foi abordado pelo decreto "Christus Dominus",
que foi aprovado no dia 28 de outubro de 1965. Este documento enfatizou também a
"communio" povo-hierarquia já expressa na "Lumen gentium".
os presbíteros, cujo "ministério e vida sacerdotal" foram abordados pelo decreto
"Presbyterorum ordinis", que foi aprovado no dia 7 de dezembro de 1965. Este documento
insiste no "serviço que, no próprio tempo e nos ambientes particulares, deve ser realizado por
todo presbítero". Nesta sua análise, superou inclusivamente "os aspectos hierárquicos para
destacar antes o "corpo real" de Cristo, sacerdote e servo no mistério da Eucaristia", que é
celebrada na Missa. A formação sacerdotal dos presbíteros é tratado especialmente pelo
decreto "Optatum totius".
os leigos, cujo apostolado é analisado pelo decreto "Apostolicam actuositatem", que foi
aprovado em 18 de novembro de 1965. Este documento "reconhece o papel essencial que
cabe aos leigos na vida da Igreja, a sua responsabilidade e autonomia em função de sua
vocação específica".
os consagrados e a vida consagrada em geral, cujas renovações estão expressas no decreto
"Perfectae charitatis", que foi aprovado em 28 de outubro de 1965. Este documento "dirige a
sua atenção para a renovação e modernização da "vida consagrada" a Deus no exercício dos
conselhos evangélicos de castidade, pobreza, obediência, estabelecida por meio dos votos
"em ordens", "congregações religiosas" e "institutos seculares"".[20]

Igrejas Orientais Católicas

O decreto "Orientalium ecclesiarum", que foi aprovado no dia 21 de novembro de 1964, aborda a questão
das Igrejas orientais católicas. Estas Igrejas particulares sui iuris possuem características únicas e diferentes em
relação à Igreja Latina (a Igreja sui iuris predominante), nomeadamente ao nível histórico, cultural, teológico,
litúrgico, hierárquico e de organização territorial.

Este documento afirma que, "na única Igreja de Cristo" (que subsiste na Igreja Católica), as Igrejas Latina e
Orientais "... desfrutam de igual dignidade... nenhuma prevalece sobre a outra... são confiadas ao governo
pastoral do Pontífice Romano". O decreto defende, também, que estas Igrejas orientais podem e devem
salvaguardar, conservar e restaurar o seu rico património espiritual, nomeadamente ritual, através, como por
exemplo, da celebração dos seus próprios ritos litúrgicos orientais e das suas práticas rituais antigas.

O documento salienta também o carácter autónomo das Igrejas orientais católicas, especificando os seus vários
poderes e privilégios. Em particular, como por exemplo, afirma que os Patriarcas Orientais, "com os seus
sínodos, constituem a instância suprema para todos os assuntos do Patriarcado, não excluído o direito de
constituir novas eparquias e de nomear Bispos do seu rito dentro dos limites do território patriarcal, salvo o
direito inalienável do Romano Pontífice de intervir em cada caso. O que foi dito dos Patriarcas vale também,
de acordo com as normas do direito, para os Arcebispos maiores, que presidem a toda uma Igreja particular
ou rito sui iuris".[21] Mas, é preciso também salientar o facto de nem todas as Igrejas orientais serem
Patriarcados ou Arquidioceses maiores.[20]

Revelação divina e Tradição

A constituição dogmática "Dei Verbum", que foi aprovada no dia 18 de novembro de 1965, "aborda o tema
da Revelação divina sob dois pontos de vista: a Revelação em si mesma e a sua transmissão". A relação entre
estes dois pontos de vista, que geram alguma confusão entre os católicos, foi clarificada também por esta
constituição.[20]

Liturgia

A constituição "Sacrosanctum concilium" foi aprovada no dia 4 de dezembro de 1963, sendo por isso o
primeiro documento resultante do trabalho conciliar. Esta constituição centra-se em torno da Liturgia, que é
analisada pelos padres conciliares sob "uma tríplice dimensão teológica, eclesial e pastoral: a liturgia é obra
da redenção em ato, celebração hierárquica e ao mesmo tempo comunitária, expressão de culto universal,
que envolve toda a criação".[20] Os padres conciliares descrevem ainda a Liturgia como "a primeira e
necessária fonte onde os fiéis hão de beber o espírito genuinamente cristão".[22]

Logo, o concílio pretende renovar a Liturgia, para que "todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e
ativa participação nas celebrações litúrgicas", visto que esta participação é, "por força do Batismo, um direito
e um dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Ped. 2,9; cfr.
2, 4-5)".[22] Entre outras reformas introduzidas na Liturgia, destaca-se obviamente a reorganização da Missa
de rito romano pelo Papa Paulo VI, com o uso de novos formulários, e a conseqüente permissão e uso
majoritário da língua vernacular e da posição versus populum na sua celebração.[11][20]

Liberdade e direitos humanos

A declaração "Dignitatis humanae" foi aprovada no dia 7 de dezembro de 1965 e, através dela, o Magistério
da Igreja Católica mostrou grande "sensibilidade para com os problemas da liberdade e dos direitos do
homem", nomeadamente da liberdade religiosa. O documento considera a liberdade religiosa como um "direito
da pessoa e das comunidades à liberdade social e civil em matéria religiosa". Ele reconhece, ainda, que todos
estes direitos humanos, incluindo o da liberdade, são inerentes à dignidade inalienável da pessoa humana.
Após o concílio, com a aplicação da liberdade religiosa, os países oficialmente católicos, pressionados pela
Santa Sé, largaram essa posição, para apoiarem constitucionalmente a liberdade de cultos e de
imprensa.[11][20]

Relação com os não cristãos e Ecumenismo

A declaração "Nostra aetate", aprovada no dia 28 de outubro de 1965, "analisou a atitude da Igreja Católica
para com as religiões não cristãs, sintetizada no pedido joanino: "Buscai primeiramente aquilo que une,
antes de buscar o que divide"". Isto criou um espírito de maior tolerância e aproximação respeitosa às outras
religiões não cristãs e também à progressiva rejeição do antissemitismo. Mas, isto nunca pretendeu negar a
crença católica de que só por meio da Igreja Católica "se pode obter toda a plenitude dos meios de
salvação".[18] Mas, isto também não impede a Igreja de defender que todos (mesmo os não cristãos) podem
também ser salvos, desde que, sem culpa própria, ignoram a Palavra de Deus e a Igreja, mas que "procuram
sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade".[23]

Este espírito de abertura a outras comunidades religiosas está também presente no decreto "Unitatis
redintegratio", que foi aprovado no dia 21 de novembro de 1964. Este documento é sobre o ecumenismo e
"fundamenta-se em duas ideias : todo aquele que acredita em Cristo, mesmo que não pertença à Igreja
Católica, encontra-se em algum tipo de comunhão" com a verdadeira Igreja de Cristo (que subsiste na Igreja
Católica); e "não existe ecumenismo verdadeiro sem uma conversão interior que se aplica a todos, inclusive à
Igreja Católica".[20] Actualmente, a Igreja Católica ensina que os cristãos não católicos são, apesar de um
modo imperfeito, membros inseparáveis do Corpo Místico de Cristo (ou seja, da Igreja Católica), através do
Batismo. Eles dispõem também de muitos, mas não da totalidade, dos elementos de santificação e de verdade
necessárias à salvação.[24]

Educação e formação sacerdotal

A declaração "Gravissimum educationis" foi aprovado no dia 28 de outubro de 1965 e, basicamente, tratou
dos vários temas sobre a educação e, mais em particular, sobre a educação cristã. O documento exprimiu a
necessidade de a actuação da Igreja nesta área tão importante "não se restringir às escolas católicas".
Defendeu também "o direito de todos os homens a receber uma educação que seja fundamentada na
dignidade da pessoa".
O decreto "Optatum totius", igualmente aprovado em 28 de Outubro de 1965, aborda um tipo específico de
educação cristã: a formação sacerdotal, que é extremamente importante, principalmente para o aggiornamento.
Este documento "insiste na necessidade de maior amadurecimento humano, psicológico e afetivo dos
candidatos ao sacerdócio e da estruturação da formação nos seminários vinculando a missão da Igreja às
exigências do mundo moderno".[20]

Missionação e comunicação social

O decreto "Ad gentes", que foi aprovado em 7 de dezembro de 1965, "reflete sobre a atividade missionária da
Igreja, atitude inerente à sua natureza. A atividade missionária deve começar com o testemunho, continuar
com a pregação e formar as comunidades valorizando as riquezas de cada cultura. Isto para, entre outras
coisas, "ressaltar a afirmação de que a fé católica não se vincula diretamente a nenhuma expressão cultural em
particular, mas deve adequar-se às diversas culturas dos povos aos quais a mensagem evangélica é
transmitida".[11]

O decreto "Inter mirifica", que foi aprovado em 4 de dezembro de 1963, "pronuncia-se sobre os meios de
comunicação de massa, sem julgá-los de forma moralista, mas solicitando-os a se tornarem "admiráveis dons
de Deus", respeitando o bem comum de "todo o homem"".

Natureza e interpretação
Não existe nenhuma diferenciação oficial dos pensamentos dos católicos em relação ao Segundo Concílio do
Vaticano, mas a dividiremos em 3 grupos:

Posição oficial (sustentada pelos papas pós-conciliares);


Posição tradicionalista (sustentada por grupos minoritários);

Posição neomodernista (sustentada por aqueles que dão interpretações mais heterodoxas dos
textos conciliares em relação à doutrina católica).

Posição oficial

Devido aos seus objetivos supramencionados, o Magistério da Igreja Católica reconhece que o Concílio
Vaticano II tem uma natureza e um fim predominantemente pastoral, não chegando por isso a proclamar
nenhum dogma novo.[10]

Mas, o Papa Bento XVI insistiu sempre que este Concílio tem a mesma autoridade do que todos os outros
concílios ecuménicos que o precedem. Para ele, o Concílio é mais uma expressão da continuidade da Tradição
católica.[25] Segundo o Papa, os vários temas tratados pelo Concílio "podia emergir alguma forma de
descontinuidade que, de certo modo, se tinha manifestado", mas, volta a defender que, "feitas as diversas
distinções entre as situações históricas concretas e as suas exigências, resultava [...] num processo de
novidade na continuidade", que é caracterizada como a "natureza da verdadeira reforma". O Papa defende
ainda que, sob a óptica desta continuidade renovadora, "devíamos aprender a compreender mais
concretamente do que antes que as decisões da Igreja em relação às coisas contingentes. [...] Em tais
decisões, somente os princípios exprimem o aspecto duradouro, permanecendo subjacente e motivando a
decisão a partir de dentro. Não são, por sua vez, igualmente permanentes as formas concretas, que dependem
da situação histórica e podem portanto ser submetidas a mutações. Assim as decisões de fundo podem
permanecer válidas, enquanto as formas da sua aplicação a estes novos podem mudar".[26]
O Papa Bento XVI, em 2005, acrescentou também que "se [...] lemos e recebemos [o Concílio Vaticano II]
guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre
necessária renovação da Igreja". E esta "justa hermenêutica" (ou interpretação), em oposição à hermenêutica
tradicionalista ou neo-modernista, consiste na "justa [...] leitura e [...] aplicação" dos documentos conciliares
pelo Papa, o Chefe da Igreja Católica.[26] Ainda segundo Bento XVI, os católicos devem manter-se fiéis ao
Magistério do Papa e à Igreja de hoje, que está precisamente expressa nos documentos deste Concílio.[25]

Por esta razão, "os cristãos estão obrigados a respeitar as decisões conciliares" (principalmente em matérias
de fé e moral), até porque "os concílios ecumênicos, quando legalmente convocados, presididos, com decisões
aprovadas pelo Papa e legalmente encerrados, são detentores da infalibilidade quando se trata de fé e moral.
Não é necessário apresentar cânones dogmáticos na forma de anátema para que o fenômeno da
infalibilidade se verifique. É preciso, sim, que existam documentos com juízos definitivos sobre fé e moral" (o
que pode não ser dogmas ou verdades de fé novos), como as constituições dogmáticas produzidas por este
Concílio.[27]

Embora o Papa Paulo VI afirmasse que "…diferentemente dos outros Concílios, este não é directamente
dogmático, mas é mais doutrinal e pastoral",[28] ele não quis dizer que as decisões conciliares referentes a
matérias de fé e moral sejam falíveis e "de caráter provisório, sujeitas a modificações futuras". O Papa apenas
quis dizer que "o Concílio Vaticano II não apresentou cânones dogmáticos que expressam imediatamente a
infalibilidade", mas, ele próprio ressalvou que o Concílio, tal como os outros que o precedem, "conferiu a seus
ensinamentos a autoridade do Supremo Magistério da Igreja Católica".[27]

As muitas decisões de âmbito pastoral e disciplinar, apesar de não serem infalíveis e imutáveis, devem ser
obedecidos também pelos católicos porque elas são uma "expressão de uma vontade colegial dominante,
ainda que, eventualmente, por apenas um certo período de tempo". Aliás, as deliberações conciliares,
incluindo as de natureza pastoral e disciplinar, "já foram incorporadas ao Código de Direito Canônico, ou
seja, tornaram-se leis da Igreja". Estas leis merecem respeito e obediência dos fiéis, se bem que o grau de
assentimento e obediência seja inferior ao das verdades de fé e dos dogmas.[27]

Aliás, o próprio Papa Paulo VI, numa alocução feita em 1966, afirmou que "o Concílio [...] será o grande
catecismo dos nossos tempos". Com isto, o Magistério da Igreja Católica quis declarar que os ensinamentos do
Concílio Vaticano II, que estão expressos nos vários documentos aprovados por este mesmo Concílio, são
fundamentais para a transmissão da fé católica nos tempos modernos e recentes.[29] O Papa João Paulo II, em
1995, acrescentou também que o Concílio "não marcou a ruptura com o passado" e até "soube valorizar o
património da inteira" Tradição católica. No ano 2000, ele disse ainda que "interpretar o Concílio pensando
que ele comporta uma ruptura com o passado, enquanto na realidade ele se põe na linha da fé de sempre, é
decididamente desviar-se do caminho".[6]

Posição tradicionalista

Os católicos tradicionalistas diferenciam-se dos católicos tradicionais. Os tradicionalistas rejeitam muitas ou


todas as reformas elaboradas pelo Concílio Vaticano II, por considerarem essas reformas rupturas com a
Tradição Católica . Dentre estas renovações rejeitadas, destacam-se em particular a questão da liberdade
religiosa, do ecumenismo, da colegialidade episcopal e da reforma do ritual romano da Missa. Este novo ritual,
chamado de "Novus Ordo", foi imposto em 1969 pelo Papa Paulo VI e por desejo do Concílio.[30] Os
católicos tradicionais preferem seguir a liturgia e modo de vida espiritual anterior ao Concílio, mas não são
contra suas reformas. A maior sociedade apostólica tradicionalista é a Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

Posição neomodernista
Os "neomodernistas", afirmando, também, que o Concílio apresentou uma ruptura em relação à Tradição
católica, propuseram uma hermenêutica ou interpretação liberal dos documentos conciliares, levando, ao
excesso, o aggiornamento proposto por João XXIII. Segundo a sua interpretação divergente dos documentos
conciliares e da própria Tradição católica, os neomodernistas afirmam, por exemplo, que a missão da Igreja
não devia ser a salvação eterna do homem, mas sim de ordem preferentemente temporal.

Estes afirmam que "os textos do Concílio como tais ainda não seriam a verdadeira expressão do espírito do
Concílio", sendo por isso "preciso ir corajosamente para além dos textos, deixando espaço à novidade em
que se expressaria a intenção mais profunda, embora ainda indistinta, do Concílio. Em síntese: seria
necessário seguir não os textos do Concílio, mas o seu espírito", que cria assim um grande espaço de
manobra, de incerteza e de inconstância. Segundo o Magistério da Igreja Católica, tudo isto viola e desvirtua o
verdadeiro "espírito conciliar" proposto por João XXIII.[26]

Atualidade
Segundo a visão oficial da hermenêutica da continuação, existem
ainda vários problemas pós-conciliares que perduram até aos nossos
dias,[31] porque, segundo alguns estudiosos, este Concílio ainda não
foi totalmente compreendido. Esta posição foi defendida pelo Sínodo
dos Bispos de 1985, que constatou uma "ignorância não pequena de
grande parte dos cristãos para com os conteúdos conciliares". Este
sínodo também "afirmou que em muitos contextos o Concílio estava
sendo usado de forma manipulada, conforme as necessidades das
situações, ou seja, estaria sendo esvaziado de seu sentido original,
perigo este não desprezível".[1] Logo, na Carta Apostólica "Tertio
milennio adveniente (http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/
apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_10111994_tertio-millennio-adve
niente_po.html)" (1994), o Papa João Paulo II convidou a Igreja a
"um irrenunciável exame de consciência, que deve envolver todas as
componentes da Igreja, [e que] não pode deixar de haver a pergunta:
quanto da mensagem conciliar passou para a vida, as instituições e o
O Papa Bento XVI.
estilo da Igreja?".[6]

Por estas razões, os efeitos do Concílio são ainda vistos de forma controversa
por alguns sectores católicos,[31] principalmente pelo catolicismo tradicionalista,
que se opõe a vários pontos (ou até à maioria) das decisões do Concílio
Vaticano II, nomeadamente em questões como a reforma litúrgica, a liberdade
religiosa e o ecumenismo.[32]

Os católicos tradicionalistas acusam o Concílio de, em vez de trazer uma lufada


de ar fresco para Igreja, ser uma das causas principais da atual "crise na Igreja",
que é caracterizado, como por exemplo, na "corrupção da fé e dos
costumes",[33] no declínio do número das vocações sacerdotais e de católicos
praticantes e na perda de influência da Igreja no mundo ocidental. Sobre esta
mesma crise eclesial, alguns teólogos modernistas, como Andrés Torres
Queiruga (que nega a ressurreição real de Cristo [34]) alegam que a sua causa Papa João Paulo II.
principal "é a infidelidade ao Concílio Vaticano II e o medo das reformas
exigidas".[35]

O Papa João Paulo II, em 1995, afirma que não há ruptura:

Graças ao sopro do Espírito Santo, o Concílio lançou as bases de uma nova

“ ”
“ primavera da Igreja. Ele não marcou a ruptura com o passado, mas soube valorizar
o património da inteira tradição eclesial, para orientar os fiéis na resposta aos ”
desafios da nossa época. À distância de trinta anos [do Concílio], é mais do que
nunca necessário retornar àquele momento de graça[6]

Em 2000, João Paulo II afirmou também que:

“ A "pequena semente", que João XXIII lançou [no Concílio], cresceu e deu vida a
uma árvore que já alarga os seus ramos majestosos e frondosos na Vinha do
Senhor. Ele já deu numerosos frutos nestes 35 anos de vida e ainda dará muitos
outros nos anos vindouros. Uma nova estação abre-se diante dos nossos olhos:
trata-se do tempo do aprofundamento dos ensinamentos conciliares, o período da
colheita daquilo que os Padres conciliares semearam e a geração destes anos
cuidou e esperou. O Concílio Ecumênico Vaticano II constitui uma verdadeira
profecia para a vida da Igreja; e continuará a sê-lo por muitos anos do terceiro
milênio há pouco iniciado. A Igreja, enriquecida com as verdades eternas que lhe
foram confiadas, ainda falará ao mundo, anunciando que Jesus Cristo é o único
verdadeiro Salvador do mundo: ontem, hoje e sempre![6] ”
Em 2005, o Papa Bento XVI defendeu também a mesma ideia do seu predecessor, dizendo que:

“ Quarenta anos depois do Concílio podemos realçar que o positivo é muito maior e
mais vivo do que não podia parecer na agitação por volta do ano de 1968. Hoje
vemos que a boa semente, mesmo desenvolvendo-se lentamente, cresce todavia, e
cresce também assim a nossa profunda gratidão pela obra realizada pelo Concílio.
[...] Assim podemos hoje, com gratidão, dirigir o nosso olhar ao Concílio Vaticano II:
se o lemos e recebemos guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-
se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da
Igreja.[26] ”
Referências
1. «O Concílio Vaticano II» (https://web.archive.org/web/20150922162547/http://www.senhoradosr
emedios.com/outros/textos/VATI%20(TEXTOS).DOC). Paróquia de Nossa Senhora dos
Remédios (PB). 1999. Consultado em 14 de junho de 2009. Arquivado do original (http://www.s
enhoradosremedios.com/outros/textos/VATI%20(TEXTOS).DOC) (DOC) em 22 de setembro de
2015
2. Verbete Concílio (http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/) da "Enciclopédia Católica Popular"
3. Faculty of Catholic University of America (1967). New Catholic Encyclopedia (em inglês). XIV 1
ed. Nova Iorque: McGraw-Hill. 563 páginas. ISBN 0-7876-4004-2
4. Giuseppe Alberigo (2006). A Brief History of Vatican II (em inglês) 1 ed. Maryknoll: Orbis Books.
69 páginas. ISBN 1-57075-638-4
5. DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II NO ENCERRAMENTO DO CONGRESSO
INTERNACIONAL SOBRE A ACTUAÇÃO DOS ENSINAMENTOS CONCILIARES (http://ww
w.pcf.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2000/jan-mar/documents/hf_jp-ii_spe_20000227_v
atican-council-ii_po.html) (2000)
6. Palavras de João Paulo II sobre o Concílio (http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=N
OVIDADE1&id=ni11285)[ligação inativa], do site da editora Cléofas
7. Catholic Encyclopedia, General Councils (em inglês) (http://www.newadvent.org/cathen/0442
3f.htm)
8. Zenit (http://www.zenit.org/article-20029?l=portuguese) Arquivado em (https://web.archive.org/
web/20090208221434/http://www.zenit.org/article-20029?l=portuguese) 8 de fevereiro de 2009,
no Wayback Machine. Visitado em 19.11.2008.
9. Papa João XXIII, bula Humanae salutis
10. George Weigel, A Verdade do Catolicismo, Bertrand Editora 2002 ISBN 972-25-1255-2; cap. 3,
págs. 45-46
11. "Catolicismo e mundo moderno" (http://orbita.starmedia.com/~hyeros/catolicnomundcont007.ht
ml) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20090523215552/http://orbita.starmedia.com/~h
yeros/catolicnomundcont007.html) 23 de maio de 2009, no Wayback Machine., do site Hieros
12. Discurso de Sua Santidade Papa João XXIII na Abertura Solene do SS. Concílio (http://www.v
atican.va/holy_father/john_xxiii/speeches/1962/documents/hf_j-xxiii_spe_19621011_opening-c
ouncil_po.html) (1962); cap. VII, n. 2
13. "Vatican II gave us no new dogmatic definitions...". Citação retirada do "Tablet" (2 de Março de
1968)
14. "The substance of the ancient doctrine of the Deposit of Faith is one thing, and the way in which
it is presented is another". Citação retirada do "Discurso de Abertura do Concílio Vaticano II",
feito pelo Papa João XXIII (11 de Outubro de 1963)
15. Discurso de Sua Santidade Papa João XXIII na Abertura Solene do SS. Concílio (http://www.v
atican.va/holy_father/john_xxiii/speeches/1962/documents/hf_j-xxiii_spe_19621011_opening-c
ouncil_po.html) (1962); cap. V, n. 1
16. Austin Cline. «Biography: Pope John XXIII» (http://atheism.about.com/library/glossary/western/
bldef_johnxxiii.htm) (em inglês). About.com: Agnosticism / Atheism. Consultado em 13 de
junho de 2009
17. Sacrosanctum Concilium, n. 1
18. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 162
19. Lumen Gentium, n. 8
20. "O Concílio Vaticano II" (https://web.archive.org/web/20091019090205/http://br.geocities.com/w
orth_2001/segundo.html), do site Doutrina Católica
21. "Orientalium eclesiarium" (http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/docu
ments/vat-ii_decree_19641121_orientalium-ecclesiarum_po.html), decreto do II
22. Constituição Sacrosanctum concilium, n. 14
23. CCIC, n. 171
24. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 163
25. "The Ratzinger Report, San Francisco: Ignatius, 1985, 28-29, 31" (http://doutrinacatolica.trix.ne
t/Downloads/bento.htm)[ligação inativa]
Texto: “It must be stated that Vatican II is upheld by the same authority as Vatican I and the
Council of Trent, namely, the Pope and the College of Bishops in communion with him, and that
also with regard to its contents. Vatican II is in the strictest continuity with both previous councils
and incorporates their texts word for word in decisive points. [...] Whoever denies Vatican II
denies the authority that upholds the other two councils and thereby detaches them from their
foundation. [...] To defend the true tradition of the Church today means to defend the Council. It
is our fault if we have at times provided a pretext (to the 'right' and 'left' alike) to view Vatican II
as a 'break' and an abandonment of the tradition. There is, instead, a continuity that allows
neither a return to the past nor a flight forward, neither anachronistic longings nor unjustified
impatience. We must remain faithful to the today of the Church, not the yesterday or tomorrow.
And this today of the Church is the documents of Vatican II, without reservations that amputate
them and without arbitrariness that distorts them.”
26. Discurso de Bento XVI, no dia 22 de Dezembro de 2005 (http://www.vatican.va/holy_father/ben
edict_xvi/speeches/2005/december/documents/hf_ben_xvi_spe_20051222_roman-curia_po.ht
ml)
27. "Syllabus vs Gaudium et Spes" (https://web.archive.org/web/20091019091648/http://br.geocitie
s.com/worth_2001/silabo.html) e "Magistério Supremo" (https://web.archive.org/web/20091019
103124/http://br.geocities.com/worth_2001/magisterordinaro.html), do site da "Doutrina
Católica"
28. Citação retirada da "Audiência Geral Semanal" (6 de Agosto de 1975) do Papa Paulo VI
29. Ligouri Publications, Handbook for Today's Catholic (em português: Catecismo do Católico de
Hoje, traduzido pelo Pe. José Raimundo Vidigal), subsecção "A tradição, o Vaticano II e os
Santos Padres" (http://www.geocities.com/heartland/Acres/5581/doutrina.htm#A%20tradição,%
20o%20Vaticano%20II%20e%20os%20Santos) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20
010804071706/http://www.geocities.com/heartland/Acres/5581/doutrina.htm#A%20tradição,%2
0o%20Vaticano%20II%20e%20os%20Santos) 4 de agosto de 2001, no Wayback Machine.
30. Podemos chamar a Missa Nova de Rito Romano Ordinário? (http://www.fsspx.com.br/podemos
-chamar-a-missa-nova-de-rito-romano-ordinario/)
31. George Weigel, A Verdade do Catolicismo; págs. 45, 68 e 69
32. "Tradição Católica vs Vaticano II" (http://www.fsspx-brasil.com.br/page%2005.htm) Arquivado
em (https://web.archive.org/web/20090123114329/http://www.fsspx-brasil.com.br/page%2005.h
tm) 23 de janeiro de 2009, no Wayback Machine. e "Missa Tradicional vs Missa Nova'"" (http://
www.fsspx-brasil.com.br/page%2003.htm) Arquivado em (https://web.archive.org/web/2009012
3021401/http://www.fsspx-brasil.com.br/page%2003.htm) 23 de janeiro de 2009, no Wayback
Machine., do site da Fraternidade Sacerdotal São Pio X
33. "Conclusão: Voltar à verdadeira doutrina ou perecer" (http://www.fsspx-brasil.com.br/page%200
5-2i.htm) Arquivado em (https://web.archive.org/web/20090401000704/http://www.fsspx-brasil.c
om.br/page%2005-2i.htm) 1 de abril de 2009, no Wayback Machine., da Fraternidade
Sacerdotal São Pio X
34. «05 Parresía: "Repensar a Ressurreição"?» (https://web.archive.org/web/20111127080116/htt
p://padrepauloricardo.org/audio/05-parresia-repensar-a-ressurreicao/). Consultado em 16 de
janeiro de 2012. Arquivado do original (http://padrepauloricardo.org/audio/05-parresia-repensar
-a-ressurreicao/) em 27 de novembro de 2011
35. "Crise e crítica na Igreja" (http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1205395&se
ccao=Anselmo%20Borges&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco)[ligação inativa], de Anselmo
Borges (no Diário de Notícias; edição de 18 de Abril de 2009)

Ver também
Concílio Vaticano I
Concílio de Trento
História da Igreja Católica
Doutrina da Igreja Católica
Doutrina Social da Igreja
Catolicismo tradicionalista - uma facção e corrente católica que rejeita parte das reformas
deste Concílio.
Magistério da Igreja Católica
Coetus Internationalis Patrum
Pacto das Catacumbas
Constituição Apostólica Missale Romanum

Bibliografia
CALDEIRA, R. Coppe. Os baluartes da tradição: o conservadorismo católico brasileiro no
Concílio Vaticano II. Curitiba: CRV, 2011.
Ligações externas

Em português
«VATICANO, Documentos do Concílio Vaticano II: Constituições, Declarações, Decretos» (h
ttp://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/index_po.htm)
«São Josemaria Escrivá (fundador do Opus Dei) e o Concílio Vaticano II» (http://www.pt.josem
ariaescriva.info/artigo/o-concilio-vaticano-ii)
«Evento: A Modernidade e o Concílio Vaticano II – 50 anos - do Centro Loyola de Fé e Cultura
/ PUC-Rio em outubro/2012» (http://www.clfc.puc-rio.br/modernidade_evento.html)
O Concílio Vaticano II, âmara Clara, por Inês Fonseca Santos, RTP, 2012 (https://ensina.rtp.pt/
artigo/concilio-vaticano-ii/)
A história do Concílio Vaticano II, Os Dias da História, por Paulo Sousa Pinto, Antena 2, 2017
(https://ensina.rtp.pt/artigo/a-historia-do-concilio-vaticano-ii/)

Ligações favoráveis ao Concílio Vaticano II

«Vaticano II» (http://catholico.info/Vaticano_II_-_Introdu%C3%A7%C3%A3o)


«Geocities» (http://web.archive.org/web/20091027035131/http://br.geocities.com/worth_2001/r
esumavatica.html). : Vários tópicos sobre o CVII;
«Cobertura do A12» (http://a12.com/radiofm)

Ligações contra o Concílio Vaticano II

https://web.archive.org/web/20140913032811/http://www.catolicostradicionais.com.br/2010/02/artigo-o-que-
perdemos-videos.html

«FSSPX se pergunta: pode-se criticar o Concilio Vaticano II (1962-1965)?» (http://www.fsspx-b


rasil.com.br/page%2005-2j.htm)
«Reflexões sobre o valor dos documentos do Vaticano II (Jornal SIM SIM NÃO NÃO)» (http://w
ww.permanencia.org.br/SimSimNaoNao/146/art1.htm)
«O Valor do Concílio Vaticano II - O Concílio visto pelo único critério: o Sangue de Nosso
Senhor.» (http://gustavocorcao.permanencia.org.br/Artigos/concilio.htm)
«Textos diversos da Tradição sobre o Vaticano II.» (http://tradicaocatolicaes.wordpress.com/cri
se-da-igreja/2-vaticano-ii/)
«El quiebre doctrinal del Concilio Vaticano II» (http://tradicaocatolicaes.wordpress.com/crise-d
a-igreja/2-vaticano-ii/el-quiebre-doctrinal-del-concilio-vaticano-ii/) - Ciclo de áudio-
conferências por padres da Fraternidade São Pio X, áudio em espanhol.

Em inglês
«All Catholic Church Ecumenical Councils - All the Decrees» (http://www.piar.hu/councils/)

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