Você está na página 1de 109
p Estratégia Aula 00 Direito Administrativo p/ Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Autores: Herbert Almeida, Time Herbert Almeida Aula 00 25 de Janeiro de 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Sumario 1 Regime Juridico Administrativo. 2 Prinejpios expressos. <3 Prineiplas tinplicitos ou réconhed dO scarce raceeaancincicm DD Questées para fixagao .. CSR OSS Teese ts SS Gabarito RePEPENCIAS ea cececevensceceneneneeece cevestsersntnteeenetntntntntventsese APRESENTAGAO DO CUR Ola concurseiros e concurseiras. E com muita satisfagio que estamos langando este livre digital de Nocées de Dirsito Administrative para 0 concurco de Agente de Policia Federal. Antes de mais nada, gostaria de me apresentar. Meu nome é Herbert Almeida, sou Auditor de Controle Extero do Tribunal de Contas de Estado do Espirito Santo eprovado em 1° lugar no coneurso para © cargo. Além disso, obtive o 1° lugar no concurse de Analista Admi do TRT/23° Regiéo/2011. Meu primeiro contato com a Administragao Publica ocorreu através das Forgas Armadas. Durante sete anos, fui militar do Exército Brasileiro, exercendo atividades de administragéo como Gestor Financeiro, Pregoeiro, responsével pela Conformidade de Registros de Gestdo e Chefe de Segéo. ‘Sou professor de Direito Administrative e Administragéo Publica aqui no Estratégia Concursos. Alam disso, tenho quatro paixdes na minha vide! Primeiramente, sou apaixonado pelo que eu faco. ‘Amo der aulas aqui no Estratégis Concursos @ espero que essa paixdo possa contribuir na sua busca pela aprovagéo. Minhas outras trés paixdes so a minha esposa, Aline, ¢ meus filhotes, Pictro © Gael (que de tdo especial foi presenteado com um cromossomosinho a mais). Agora, vamos falar do nosso curso! © curso é composto por teoria, exercicios e videoaulas. O contetide sera completo tanto no livro digital como nas videoaulas. Assim, vocé podera opter por estudar tanto pelo material escrito, como pelos videos ou ainda pelos dois. Além disco, FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa abordaremes a teoria completa, mas de forma objetiva, motivo pelo qual vocé néo precisara complementar os estudos por outras fontes. As nossas aulas tera © contetido suficiente para vocé fazer a prova, abrangendo a teoria, jurisprudéncia e questées. Observo ainda que © nosso curso contaré com o apoio da Prof. Leticia Cabral, que nos auxiliara com as respostas no férum de diividas. A Prof. Leticia é advogada e trabalha também como assessora de Procurador do Estado em Vitoria-ES. Atualmente também é aluna do mestrado em Direito Processual na UFES (Universidade Federal do Espirito Santo). Com isso, daremos uma atencio mais completa e pontual ao nosso forum O contetide do nosso livro digital sera distribuido em 12 aulas, conforme o seguinte cronograma: AULAS TOPICOS ABORDADOS DATA ‘administrativo. 8.1 Conceito. 8.2 Principios | Disponivel Aula 0 5 a I expressos e implicitos da Administragéo Publica. T Nogdes de organizagio administrativa. 1.1 Centralizagao,| 01/02 Aula1 | descentralizacéo, concentragioe desconcentracéo. 1.2 Administracao direta e indireta. 1.3 Autarquias. Aula 2 __ | Fundagdes, empresas publicas e sociedades de economia mista 08/02 ‘Aulag [4 Poderes administrativos. 4.1 Hierarquico, disciplinar, | 15/02 regulamentar e de policia. 4.2 Uso e abuso do poder. ‘Aula [2 Ato administrative. 21 Conceito, requisites, atributos, | 22/02 classificagao e espécies. ‘Aula |© Lisitacéo. 5.1 Principios. 5.2 Contratagio direta: dispensa e| 29/02 inexigibilidade. 5.3 Modalidades. 5.4 Tipos. 5.5 Procedimento. © Controle da Administragao Publica. 6.1 Controle exercido pela| 07/03 Aulaé | Administragéo Publica. 6.2 Controle judicial. 6.3 Controle legislativo. 7 Responsabilidade civil do Estado. 7.1 Responsabilidade civil do| 14/03 Estado no direito brasileiro. 7.1.1 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. 7.1.2 Responsabilidade por omisséo do Estado. 7.2 Requisitos para a demonstracdo da responsabilidade do Estado. 7.3 Causas excludentes e atenuantes da responsabilidad do Estado. ‘3 Agentes publicos. 3.1.2 Disposigdes constitucionais aplicaveis. 3.2| 21/03 Aula8 | Disposicdes doutrinarias. 3.2.1 Conceito. 3.2.2 Espécies. 3.2.3 Cargo, emprego e fungao publica, 3.1 Legislacao pertinente. 3.1.1 Lein® 8.112/1990 e suas alteracbes| 28/03 = parte 1. 3.1 Legislacao pertinente. 3.1.1 Lein® 8.112/1990 e suas alteragbes| 04/04 =parte 2. Aula 7 Aula 9 Aula 10 FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 3.1 Legislacdo pertinente. 3.1.1 Lein® 8.112/1990 e suas alteragdes] 11/04 Aula tt | arte 3 Vamos fazer uma observagae importante! Ao longo da aula, vamos utilizar questdes de varies bancas de concurso, porém com assertivas adaptadas para verdadeiro ou falso. O motivo dessa adaptacéo é permitir a contextuelizagao do contetido do capitulo recém estudedo com 0 tema da questéo. Jé ao final da aula, teremos uma super bateria de questdes da banca Cespe @ devidamente comentadas para vocé resolver. Por fim, se vocé quiser receber dices dirias de Direito Administrativo, siga-me nes redes sociais (no esquega de habilitar as notificagdes no Instagram © Youtube, assim vocé sera informado sempre que eu poster uma novidede per Id): e @profherbertalmeida @ /profherbertalmeida © ‘Pretherbertaimeida ‘Sem meis delonges, espero que gostem do material e vamos ao nosso curso. ‘Observacao importante: este curso é protegide por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altere, etualiza e consolide a legislacdo sobre direitos autorais e da outras providéncias. Grupos de rateio e piraterie so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize 0 trabelho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estrategia Coneursos ;-) ‘Antes de iniciarmos o nosso curso, vamos a alguns AVISOS IMPORTANTES: 1) Com 0 objetivo de otimizar os seus estudos, veeé encontrara, em nossa plataforma (Area do aluno), alguns recursos que iro auxiliar bastante a sua aprendizagem, tais como “Resumes”, "Slides" @ "Mapas Mentais" des contetidos mais importantes desse curso. Essas ferramentes de aprendizagem irdo te auxiliar 6 perceber aqueles tépicos da matéria que vocé precisa dominar, que vocé nao pode ir para a prova sem ler. 2) Em nossa Plataforma, procure pela Tuilha Estratégica e Monitoria da sua respectiva rea/concurso alvo. A Trilha Estratégica elaborada pela nossa equipe do Coaching. Ela ira te indicar qual & exatamente o melhor caminho a ser seguido em seus estudos ¢ vai te ajudar a responder as sequintes perguntas: FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 BSB) ww ostratogiaconcursos.com.br aa > Qual @ melhor ordem para estudar as aulas? Quais séo os assuntos mais importantes? - Qual a melhor ordem de estudo das diferentes matérias? Por onde eu comeco? - “Estou sem tempo e 0 concurso esta préximo!” Posso estudar apenas algumas partes do curso? O que priorizar? - O que fazer a cada sesso de estudo? Quais assuntos revisar e quando devo revisa-los? - A quais questdes deve ser dada prioridade? Quais simulados devo resolver? - Quais so os trechos mais importantes da legislagao? 3) Procure, nas instrugées iniciais da “Monitoria", pelo Link da nossa “Comunidade de Alunos" no Telegram da sua area / concurso alvo. Essa comunidade é exclusiva para os nossos assinantes e sera utilizada para orienté-los melhor sobre a utilizacao da nossa Trilha Estratégica. As melhores duvidas apresentadas nas transmissdes da "Monitoria” também serdo respondidas na nossa Comunidade de Alunos do Telegram. (*) © Telegram foi escolhido por ser a Unica plataforma que preserva a intimidade dos assinantes e que, além disso, tem recursos tecnolégices compativeis com os objetivos da nossa Comunidade de Alunos. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 1 REGIME JURIDICO ADMINISTRATIVO fa - Regime de Direito Publico e de Direito Privado A expresso regime juridico é comumente utilizada para demonstrar um conjunto de normas juridicas que disciplinam as relages juridicas firmadas pelos sujeitos de uma sociedade. Ademais, parte da doutrina costuma dividir 0 regime juridico em regime de direito ptiblico e regime de direito privade. Oregime de :0 pliblico “consiste num conjunto de normas juridicas que disciplinam poderes, deveres direitos vinculados diretamente @ supremacia © & indisponibilidade dos direitos fundamentais"*. Em termos mais simples, 0 regime de direito piblico é aquele aplicével no ‘exercicio da fungle publica, buscando satisfazer os interesces indisponiveis da sociedade. Aplica- se esse regime, por exemplo, quando o Estado desapropria um imével particular pare construir um hospital: nesse caso, hé 0 conflito entre o interesse do proprietério do imével (que muitas vezes ndo quer se desfazer do seu bem) e o interesse da sociedade (que precisa do hospital). Nesse caso, o Estado se utiliza da supremacia do interesse puiblico, colocando-se em posicéo de superioridace perante o particular. No regime de direito publico, os interesses da sociedade so indisponivels. Isso agente piiblico, que atua em nome da sociedade, néo é proprietério da coisa piblice, ele apenas atua em nome da sociedade. Justamente por isso que o poder piiblico sofre um conjunto de limitag3es ou restricSes. Um agente pubblico, por exemplo, nao pode alienar (vender) um bem que esteja sendo utilizado diretamente na prestagdo de servicos para @ sociedade. No pode, por ‘exemplo, vender um prédio em que esteja funcionando uma escola piiblica Da mesma forma, quando desejar firmar um contrato, © poder piiblico néo pode escolher livremente quem deseja contratar, devendo primeiro fazer um processo licitatério para a escolha do contratado. Ademais, os agentes piblicos sujeitam-se ao principio da legalidade, de tal forma que sé podem fazer aquilo que a lei autorize ou determina. Trata-se da aplicacdo da legalidade administrative. Por outro lado, o regime de direito privado, normalmente direcionado para os particulares, trata das relagdes individuais da populagdo. Neste regime, nao ha eplicagéo dac prerrogetivas do poder piblico, colocando os individuos em igualdade de condigSes em sues relagdes juridicas (horizontalidade). 1 Justen Fiho, 2014 (p. 145). FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Por exemplo: nos contratos administrativos, ha aplicagao do regime de direito puiblico e, por isso, a Administragao poderé realizar alteragdes unilaterais no contrato, ou seja, realizaré mudangas no contrato independentemente da vontade da outra parte contratada. Trata-se, nesse caso, da aplicagao do principio da supremacia. Por outro lado, quando dois particulares firmam um contrato, as alteragées das cléusulas contratuais somente poderao ocorrer quando as duas partes concordarem; neste caso, uma parte nao poderé alterar o contrato sem a concordancia da outra. Ocorre, aqui, a aplicagéo do regime de direito privado, ndo estando presentes as prerrogativas ou as restricées inerentes ao regime de direito publico. Essa separagao é mais doutrinaria do que pratica, uma vez que, "no mundo real”, os dois regimes convivem "lado a lado”. As relacdes que a Administragdo firma submetem-se tanto ao regime de direito pubblico como ao de direito privado, ocorrendo, na verdade, o predominio de um ou outro regime, conforme o caso. Por exemplo: as empresas estatais exploradoras de atividade econémica sao entidades de direito privado. Em regra, suas relagdes so regidas pelo direito privado, como ocorre num contrato de financiamento firmado entre um banco piblico e © seu cliente. No entento, esse mesmo banco publico sujeita-se a um conjunto de regras de direito puiblico, como a necessidade de realizagao de concurso piblico para 0 provimento de seus empregados piblicos e o dever de licitar em determinadas condigdes. Na mesma linha, uma prefeitura municipal, em regra, sujeita-se ao regime de direito public se sujeitard ao regime de direito privade quando, por exemplo, emitir um cheque de pagamento ‘ou quando firmar um contrato de seguro de um veiculo, uma vez que nestas situagdes nao estarZo, presentes (pelo menos néo diretamente) as prerrogativas de direito pubblico. 2 - Regime Jurfdico Aplicavel & Administragao Publica A Administragao Publica pode submeter-se a regime juridico de direite privado ou de direito piblico. A aplicaco do regime juridico é feita conforme determina a Constituigao ou as leis, levando em consideragio a necessidade, ou nao, de a Adi aco encontrar-se em situaco de superioridade em relagao ao particular. mas Por exemplo, o art. 173, § 1°, da Constituigdo, determina que a lei estabelega o estatuto juridico da empresa piblica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiarias que explorem atividade econémica de produgao ou comercializacéo de bens ou de prestacao de servigos, dispondo, entre outros aspectos, sobre “a sujei¢o ao regime juridico proprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigacées civis, comerciais, trabalhistas e tributarios” (CF, art. 173, § 19, Il). Nesse caso, ficou nitida a determinagao de que esse tipo de empresa devera submeter-se ao regime de direito privado. Isso porque a natureza da atividade (exploragzo de atividade econémica) nao permite uma relacdo de desigualdade. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Assim, havera casos de aplicago de regras de dit Todavia, mesmo quando emprega modelos privati direito privado. Vale dizer: mesmo quando ocorre a aplicago do regime de direito privado, utilizagdo n&o seré isolada, pois haveré, de alguma forma, aplicagdo de regras de direito pablico. icos, nunca serd integral a submissdo ao ue Nesse contexto, Maria Sylvia Zanella Di Pistro diferencia a expresséo regime juridico da Administracao Pil direito privado a que pode submeter-se a Administragéo Piblica. Por outro lado, a autora utiliza a ‘expresso regime juridico administrative pera abranger téo somente o “conjunto de tragos, de conotagdes, que tipificam 0 Direito Administrativo, colocando a Administragao Publica numa posigao privilegiada, vertical, na relagao juridico-administrativa”. para designer, em sentido amplo, os regimes de direito piblico de Em sintese, 0 regime juridico da Administracdo Pablica se refere qualquer tipo de regramento, seja de direito piblico ou de direito privado; enquanto o regime juridico administrative trata das regras que colocam a Administracio Pablica em condigdes de superioridade perante o particular. O regime juridico administrative resume-se em dois aspectos: de um lado, esto as prerrogativas, que representam alguns privilagios para a Administragéo dentro das relagSes juridicas; de outro, ‘encontram-se as Sujei¢des, que so restricbes de liberdade de ago pera a Administracdo Publics. Regime juridico administrativo Prerrogativas Sujeicdes As prerrogativas ou pr Administrag8o em condigées de superioridede nes relagdes com o perticular. Sé0 faculdades especiais que 0 setor piblico dispde, como, por exemplo, © poder de requisitar bens e services, de ocupar temporariamente imével alheio, de aplicar sangdes administratives, de alterar ou rescindir unilateralmente os contratos administrativos, de impor medides de policia, etc.” |giOs so regras, desconhecides no direito privado, que colocam 3 Por outro lado, as sujeigées ou restrigdes retiram ou diminuem a liberdade da Administragéo quando comparada com 0 particular, sob pene de nulidade do ato administrativo ou, até mesmo, de responsabilidade da autoridade que © editou. So exemplos a necescidade de observar a finalidade piblica ou de pauter-se segundo os principios da moralidade, legelidade e publicidade. 2Di Piotro, 2017. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Além desses, podemos mencionar a sujeigéo & realizacio de concurso piblico para seleciona pessoal e de fazer licitacao para firmar contratos com particulares. Dessa forma, enquanto prerrogativas colocam a Administracéo em posic¢So de supremacia perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o beneficio da coletividade; as restrigées limitam a sua atividade a determinads fins e principios que, se nao observades, implicam desvio de poder e consequente nulidade dos atos da Administracao. Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o regime juridico administrativo é um regime de direito publico, aplicével aos érgaos e entidades que compdem a Administracéo Publica e a atuagao dos agentes administrativos em geral. Os eminentes autores destacam que ele se baseia na existéncia de “poderes especiais” contrabalancados pela imposigao de “restrig6es especiais” As prerrogativas e sujeigées, conforme ensinamentos de Celso Anténio Bandeira de Mello, traduzem-se, respectivamente, nos principios da supremacia do interesse ptiblico sobre o privado e na indisponibilidade do interesse puiblico. ? ‘A supremacia do interesse ptblico fundamenta a existéncia das prerrogativas ou poderes especiais da Administragao Publica, caracterizando-se pela chamada verticalidade nas relacdes entre a Administrag’io e 0 particular. Baseia-se na ideia de que o Estado possui a obrigagio de atingir determinadas finalidades, que a Constituigéo e as leis exigem. Assim, esses poderes especiais representam os meios ou instrumentos utilizados para atingir 0 fim: 0 interesse publico. Dessa forma, havendo conflito entre o interesse ptblico e os interesses particulares, devera prevalecer o primeiro. Por outro lado, a indispenibilidade do interesse publico representa as restricSes na atuacio da Administracao. Eseas limitagdes decorrem do fato de que a Administragdo nao é proprietaria da coisa publica, néo € proprietaria do patriménio piiblico, tampouco titular do interesse publico. Estes pertencem ao povo! A indisponibilidade representa, pois, a defesa dos interesses dos administrados. Em decorréncia do principio da indisponibilidade do interesse piblico, segundo Alexandrino e Paulo, a Administracao somente pode atuar quando houver lei que autorize ou determine sua atuagao, € nos limites estipulados por essa lei. Dessa forma, enquanto os particulares atuam conforme a autonomia da vontade, os agentes administrativos devem agir segundo a “vontade” da lei. + Bandeira de Mello utiliza a expresso “indisponibilidade, pela Administragdo, dos interesses publicos”. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 importante destacar que Maria Sylvia Zenella Di Pietro diz que os principios | fundamentais que demonstram a bipolaridade do Direito Administrativo - de um lado ac prerrogativas © de outro as sujeiges — co os principios da supremacia do interesse pliblico sobre © particular e da legalidade. Perceba que a autora | "troca” © principio da indisponibilidade pelo principio da legalidade pare lemonstrar as sujeicdes administrativas. Independentemente de quais séo os principios basilares, o fundamental é entender que o regime. juridico administrative se resume @ um conjunto de prerrogetivas © sujeigdes especiais que permitem, de um lado, o aleance da finalidade publica do Estado e, de outro, « preservacao dos direitos fundamentais e do patriménio piiblico. iin (TCE-PE - 2017) A administragao publica pode estar sujeita tanto ao regime juridico de direito ! privado quanto ao regime juridico de direito publico. Comentarios: A essertiva esté correta. A diferenciagdo entre o regime de direito piblico e o regime de direito privado é um trabalho doutrinario, porém dificil de se observar no mundo real. Por exemplo, no Ambito da Administragdo Pablica, as relacdes juridicas ora so regidas pelo direito piblico ora pelo direito privado. Cita-se, por exemplo, a realizagdo de concurso pilblico (direito piblico) e um de financie i elizados pili FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa % regime de direito ptiblico: normas que disciplinam a supremacia e a indisponibilidade do interesse piblico, colocando a Administragdo em posi¢ao de verticalidade perante os particulares. % regime de direito privado: normas, em geral aplicaveis aos particulares, que colocam as partes em condigées de igualdade (horizontalidade). % regime juridico administrative: conjunto de normas formadas, por um lado, pelas prerrogativas (supremacia) e, de outro, pelas sujeicées (restrigdes). Por isso que a sua base é formada pelos principios da supremacia e da indisponibilidade do interesse pubblico % regime juridico da administragao: envolve todo o regime juridico aplicavel Administrac&o, tratando tanto das regras de direito pubblico como das regras de direito privado. 1.3 - Principios da Administragao Publica —- No¢gdes Gerais ico administrativo encontra-se nos principios da suprema indisponibilidade do interesse publico. Porém, temos vérios outros principios que orientam a atividade administrativa. Dessa forma, é fundamental compreendermos o conceito dos principios administrativos antes de estudarmos detidamente cada um deles. os valores, as diretrizes, os mandamentos mais gerais que orientam a elaboragao das leis administrativas, direcionam a atuac3o da Administragao Publica e condicionam a validade de todos os atos administrativos.* So, portanto, as ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido légico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensao de sua estrutura. Ademais, os principios determinam o alcance e sentido das regras de determinado subsistema do ordenamento juridico, balizando a interpretagso e a propria produgao normativa.> Percebe-se, pois, que os principios estabelecem valores e diretrizes que orientam n&o sé a aplicagao como também a elaboracao e interpretag3o das normas do ordenamento juridico, permitindo que o sistema funcione de maneira harmoniosa, equilibrada e racional. Por exemplo, 0 principio da moralidade condiciona a atuagao administrativa segundo os principios da probidade e boa fé, invalidando, por conseguinte, os atos decorrentes de comportamentos “Barchet, 2008, p. 34. 5 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 183. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 fraudulentos e astuciosos. Esse tipo de principio serve pare balizer as ages administratives, auxiliar a interpretagéo des regras e direcionar a produce legislative. Nesse sentido, existem inimeros principios como a legalidade, a razoabilidade, a moralidade, a publicidade, a continuidade, a autotutela, etc. (Os principios podem ser expressos, quando esto previstos taxativamente em uma norma juridica de cardter geral; ou implicitos, quando no constam taxativamente em uma norma juridica, decorrendo, portento, de outros principios, da jurisprudéncia ou da doutrina. ‘Saber se um principio 6 expresso ou implicito depende do ponto de vista. Por exemplo, entre os principios expressos, podemos destacar os principios constitucionais previstos no art. 37 da Constituigéo Federal de 1988 (CF/88), nos seguintes termos: legalidad i Os principios previstos acima so considerados expressos tendo como referéncia a Constituigéo: Federal. Ou seja, tendo como referéncia unicamente a Constituigé0, sé0 principios previstos, expressamente pera @ acministragéo piblica direta e indireta — autarquias, fundecdes piblicas, ‘empresas piblicas sociedades de economia mista -, de qualquer dos Poderes — Legislative, Executivo ¢ Judiciario - da Unido, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios: legalidace, impessoalidade, moralidade, publicidade ficiéncia - LIMPE. ss Os principios previstos expressamente no art. 37 da Constituigéo Federal aplicam- se indistintamente as administragées direta e indireta, de todos os Poderes e de todas as esferas. Ou seja, os principios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia— que formam o famoso mneménico: IMPE ~ orientam @ atuagéo administrativa dos érgaos de todos os Poderes ~ devemos incluir aqui © Ministério Piblico e © Tribunal de Contas -; das entidades administratives que integram 2 administraco indireta — independentemente se 280 de direito pilblico ou de direito privado —; e de todos os niveis de governo — Unido, estados, DF e municipios. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Além dos principios previstos expressamente na Constituicéo Federal, temos previséo taxativa em diversas leis, como na Lei 9.784/1999, que dispde sobre © processo administr: Administracao Publica Federal, na Lei 8.666/1993, que estabelece normas gerais de licitagdes e contratos, e na Lei 12.462/2011, que disciplina o regime diferenciado de contratagées puiblicas. na ESCLARECENDO! As normas itucie também apresentam principios expresso: aplicdveis & Administracdo Pablica. Vejamos alguns exemplos: Lei 8.666/1993 (Lei de Licitagdes e Contratos): “Art. 3° A licitagao [...] ser processada e julgada em estrita conformidade com os principios basicos d legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, d: probidade administrativa, da vinculagéo ao instrumento convocatério, di julgamento objetivo [...]." Explicando: © principio da igualdade 6 implicito na CF, mas expresso na Lei 8.666/93. Logo, dizer se um principio é implicito ou expresso vai depender d: norma que estamos utilizando como referéncia. Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo da Administragao Publica Federal): “Art. 20 A Administragdo Publica obedecer, dentre outros, ao principios da legalidade, finalidade, motivaco, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditério, seguranca juridica, interesse publico eficiéncia.” Lei 12.462/2011 (Lei do Regime Diferenciado de Contratagdes Publicas): “Art. 30 As licitagdes e contratagdes realizadas em conformidade com o RDC dever3o cobservar os principios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, igualdade, da publicidade, da eficiéncia, da probidade administrativa, di economicidade, do desenvolvimento nacional sustentavel, da vinculag3o 20 instrumento convocatério e do julgamento objetivo. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Por outro lado, os principios implicites* ndo constam taxativamente em uma norma juridica geral, decorrendo de elaborac&o doutrinéria e jurisprudencial. Nao significa que eles ou texativamente. Qu seja, 0 principio implicito encontra-se previsto nas normas, apenes néo consta expressamente o seu “nome”. Podemos encontrer principios (i) que decorrem de algum ‘estéo previstos em uma norma juridica, apenas néo constam expressa principio expresso ou da interpretagéo ldgica de vérios principios; (ii) cuja aplicacéio conste texativamente na Constituigéo, ou seja, no consta uma designaco (0 “nome") para chamar 0 principio, mas consta o seu significado; e (ii) outros por serem implicagSes do préprio Estado de Direito @ do sistema constitucional como um todo. Vamos exemplificar. O principio da finalidade néo se encontra previsto expressamente na Constituigdo Federal. Contudo, ele decorre do principio da impessoalidade. Assim, toda atuacéo administrativa deveré ter como finalidade, em sentido amplo, o interesse puiblico e, em sentido estrito, a fungao especifica desenvolvida pela norma. Essa é a aplicagéo do principio da finalidade, que decorre de um principio previsto expressamente na Constituicéo Federal: 0 principio de impessoalidace. No segundo caso, temos o exemplo do principio da seguranga juridica, que possui apenas a cua aplicago prevista na Constituigéo Federal, conforme consta no ine. XXXVI, ert. 5°, determinando que “a lei nao prejudicara o direito adquitido, 0 ato juridico perfeito e a coisa julgada”. Assim, CF veda a aplicagao retroativa de | juridico perfeito ¢ a coisa julgada. E justamente essa e aplicacao do principio da seguranca juridice. Contudo, no consta no texto constitucional algo do tipo “s lei deve respeitar © principio da seguranga juridica”. que tenha o poder de prejudicar o dirsito adquirido, o ato Assim, pedemes perceber que, no segundo cato, no eperece texativamente a denominaglo do principio, mas consta a sua aplicago, cebendo & doutrine e & jurisprudéncia reconhecer @ sua ‘existéncia e designagao. Por fim, o principio da supremacia do interesse piblico & exemplo da terceira situago, pois é um geral de Direito, decorrende de interpretagéo sistemética de nosso ordenemento juridico. Apeser de existir diversos dispositivos constitucionais de base para esse principio, néo hé ‘como fazer uma mengo taxetiva. O principio da supremacia significa a propria raz8o de ser da Administrago, representando a lagica do nosso ordenamento constitucionel. Antes de encerrarmos essa parte introdutéria, cabe fazer uma diltima observacéo. Em que pese a doutrina disponha que 08 prineipios da supremacia do interesse piiblico e da indisponibilidade sejam os principios basilares ou fundamentais do Direito Administrative, nao ha hierarquia entre « José dos Santos Carvalho Filho denomina de “principios reconhecides” aqueles que n3o possuem previsio ‘expressa, Todavia, adotaremos a expresso “principios implicites", uma vez que esta é a designagao da doutrina majoritiria. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa © prineipios. Ou seja, nao podemos afirmar que o principio da supremacia encontra-se acima do principio da moralidade, por exemple. No caso de aparente conflito entre eles, cabera 20 interpretador dar uma aplicag3o que mantenha a harmonia e unidade do ordenamento juridico.’ Apés essa abordagem, vamos resolver algumas questdes e, em seguida, vamos abordar cada principio separadamente. Rain ubordinados ao principio da legalidade, erigido pela Constituigéo Federal como cléusula étrea. Comentarios: A assertiva esta errada. Nao ha hierarquia entre os principios. Quando houver um aparente conflito entre os principios, deveré ser adotada uma ponderacdo entre eles para aplicar a interpretacao que melhor se harmonize com a situago concreta, sem que exista um principio que imediatamente esteja “acima dos demais”. Por exemplo: a atuacao administrativa deve pautar-se ‘a lei, de tal forma que a Administragio nao pode praticar ou manter os efeitos de atos ilegais; ma vez identificada a ilegalidade, em regra, 2 Administrag3o deveré realizar a anulago. No ntanto, se a ilegalidade ocorreu ha muito tempo, a sua anulago podera trazer prejuizos maiores fo que a manutengdo do ato. Assim, o principio da legalidade dé espago para aplicaggo do incipio da seguranga juridica, de tal forma que o ato, ainda que ilegal, nao poderé ser anulado uando houver a prescricao ou a decadéncia. Nao significa que o principio da seguranca juridica steja acima do principio da legalidade, mas no nosso exemplo, na ponderagéo entre os dois, revaleceu o principio da seguran¢a juridica (TRE BA - 2017) Sao principios que regem a administragao publica expressos na Constituico ‘ederal de 1988: legalidade, indivisibilidade, moralidade, publicidade e eficiéncia. Comentarios: 7 A doutrina classica faz a diferenciacao entre normas, regras e principios. As normas sdo ganero, enquanto as regras e os principios sdo as suas espécies, As regras possuem comandos a serem seguidos, com contetido mais objetivo. Por exemplo: uma lei determina que a Administragdo dé publicidade acs gastos realizados; isco & uma regra. Quando ha um conflito entre ragras, uma prevalecera sobre a outra, com base na hierarquia (ex: a Constituigo prevalece sobre uma lei ordinéria), na cronologia (leis novas prevalecem sobre leis mais antigas) ¢ na especialidade. Os principios, por outro lado, possuem um comando mais geral, abstrato. Quando ha um conflito sobre os principios, ndo existira um critério nico para definir qual devera prevalecer, pois um néo excluira 0 outro; por isso, deverd o interprete utilizar @ solugo mais harmoniosa para cada situagdo real. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Federal so « legelidade, a impessoslidade, @ mors sta incorreta, “indivicibilidade” na 2 PRINCIPIOS EXPRESSOS Vamos trabalhar agora os cinco principios expressamente previstos no art. 37, caput, da Constituigdo Federal de 1988: legalidade, impessoalidade, moralidade, publ 2.1- Principio da Legalidade © principio da legalidade esté previsto expressamente no artigo 37 da Constituigdo Federal, sendo aplicavel as administragdes publicas dirsta e indireta, de todos os Poderes e todas ac esferas de governo. Este principio nasceu com o Estado de Direito, que impée a atuagéo administrativa nos termes da lei. E 0 Estado que cria as leis, mas ao mesmo tempo deve submeter-se a elas. A sociedade nao quer um governo de homens, mas um governo de leis. Segundo Maria Sylvia Zenella Di Pietro, o principio da legalidade constitui uma das garantias principeis de respeito aos direitos individuais. Isso ocorre porque a lei, 20 mesmo tempo em que 06 define, estabelece também os limites de atuago administrativa que tenha por objeto a restrigdo a0 exercicio de tais direitos em beneficio da coletividade. A legalidade apresenta dois significados distintos. O primeiro aplica-se aos administrados, isto 6, {as pessoas e as organizagées em geral. Conforme dispde 0 inciso Il do artigo 5° da CF/88, ninguém seré obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sendo em virtude de lei. Dessa forme, para os administrados, tudo © que nao for proibido sera permitido. O segundo sentido do principio da legalidade é aplicavel & Administragéo e decorre diretamente do art. 37, caput, da CF/88, impondo a atuacéo administrative somente quando houver previséo legal. Portanto, a Administragao sé poder agir quando houver previsao legal. Por esse motivo, ele costuma ser chamado de principio da estrita legalidade. Q inciso II do art. 5° da Constituigdo também serve de protec&o aos direitos individuais, pois, ao mesmo tempo em que permite que o administrado faga tudo o que néo estiver proibido em lei, ele impede que a Administracao tente impor as restricBes. Ou seja, o contetido da norma permite que © administrado atue sobre cua vontade auténoma e impede que a Administragéo imponha limites néo previstos em lei. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Nesse contexto, a Administragdo deve se limitar aos ditames da lei, ndo podendo, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigagdes ou impor vedacées. Para tanto, depende de prévia edico legal Em sintese, a fungio administrativa se subordina as previsées legais e, portanto, o agente ptblico sé poderd atuar quando a lei determinar (vinculagao) ou autorizar (discricionariedade). Ou seja, a atuagao administrativa obedece a vontade legal. Por outro lado, os administrados podem fazer tudo 0 que nao estiver proibido em lei, vivendo, assim, sob a autonomia da vontade. Diz-se, portanto, que a Administragao nao pode atuar contra a lei (contra legem) nem além da lei (praeter legem), podendo atuar somente segundo a lei (secundum legem). Por outro lado, os administrados podem atuar segundo a lei (secundum legem) e além da lei (praeter legem), 6 nao podem atuar contra a lei (contra legem). Por exemplo, se dois particulares resolverem firmar um contrate em que um vende uma televis’io sob a condicSo de 0 outro cortar a sua grama, teremos uma situacao nao prevista no Cédigo Civil, que € 0 normative responsavel por regulamentar este tipo de relagdo juridica. Todavia, a lei no proibe este tipo de relagéo, sendo possivel, por conseguinte, realizé-la. Nesse caso, os particulares atuaram além da lei (praeter legem), mas nao cometerem nenhuma ilegalidade. Por sua vez, a Administragao deve atuar somente segundo a lei. Assim, no é possivel, por exemplo, que um érgio public conceda um direito a um servider nao previsto em lei. Diga-se, a lei nao proibiu a concessao do direito, mas também nao o permitiu, logo nao pode a Administragao concedé-lo. Outro aspecto importante do principio da legalidade é que a Administrac3o néo deve seguir somente os atos normativos primarios ou os diplomas normativos com forga de lei. A atuagao administrativa também deve estar de acordo com os decretos regulamentares e outros atos normativos secundarios, como as portarias e instrugées normativas. E claro que esses tltimos atos normativs ndo podem instituir direito novo, ou seja, eles ndo podem inovar na ordem juridica, criando direitos e obrigagées. No entanto, esses diplomas detalham as determinagdes gerais e abstratas da lei, permitindo a sua aplicagao no dia a dia da Administragao. Assim, 0s agentes publicos se vinculam também aos atos normativos secundétios. Nesse sentido, se um agente pubblico descumprir somente um decreto ou uma portaria, 0 ato, ainda assim, podera ser considerado ilegal. Por exemplo, suponha-se que uma lei estabeleceu que a remessa de determinados produtos por meio postal deveré obedecer a padrées de seguranga estabelecidos em decreto regulamentar. Em seguida, 0 decreto disciplinou os padrées de segurenca e disciplinou as regras para sua fiscalizagao. Agora, se um agente publico realizar a apreensao do produto sem observar as normas FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 do decreto @ forma de sus fiscalizagéo, eventual multa aplicada poderd sr considerada ilegal. No caso, apenas 0 decreto foi infringido pelo agente piblico, mas 0 ato foi dado como ilegel. Contudo, ndo devemos confundir 0 prineipio da legalidade com o da reserva legal. O primeiro determina que 2 atuagéo administrative deve pautar-se ne lei em sentido emplo, abrangendo qualquer tipo de norma, desde a Constituigéo Federal até os atos administrativos normativos (regulamentos, ragimentos, portarias etc). Por outro lado, a reserva legal significa que determinadas matérias devem ser regulamentadas necessariamente por lei formal (lei em sentido estrito - leis ordindrias e complementares). Por exemplo: @ Constituigéo exige que ” lei regulera a individualizaco da pena” (CF, art. XLVI) - consequentemente, somente ume lei aprovada pelo Poder Legisletive poderé dispor sobre esse tema, néo cabendo um decreto ou ‘outro ato normative secundério. Veja que séo sentidos bem distintos, um envolvendo a atuagéo administrative (principio da legalidade), e o outro tratando da regulamentacdo de determinadas matérias. Em que pese a administracao esteja sujeita ao principio da legalidede, existem situagdes em que 1 legalidade pode ser, de certa forma, “mitigada”. Nessa linha, a doutrina apresenta como excegao ao principio da legalidade (ou restrigdes excepcionais a0 principio da legelidade) « # edigdo de medidas provisérias (CF, art. 62); 1" decretagio do estado de defesa (CF, art. 136) ¢ 1" decretagio do estado de sitio (CF, arts. 137 a 139). As medidas provisérias so atos normativos, com forga de lei, editados pelo Presidente da Repiblica, em situagdes de relevaneia e urgéneia. Apesar de as medidas proviséries poss forga de lei, Celso Anténio Bendeira de Mello as considera excecao a0 principio da legalidade em decorréncia de uma série de limitagées, como as caracteristicas de excepcionalidade © preceriedade. O estado de defesa podera ser decretado pelo Presidente de Repiiblica, ouvides o Conselho da Repiblica e o Conselho de Defesa Nacional, pera “preseivar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem publica ou a paz social ameacadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporgées na natureza” (CF, art. 137). O estado de defesa implicaré na restrigéo de alguns direitos, conforme constaré no decreto que o inctituira e, por isso, representa excegéo ao principio da legalidade. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Por outro lado, o estado de sitio podera ser decretado pelo Presidente da Republica, apés autorizagao do Congresso Nacional, ouvidos © Conselho da Republica e o Conselho de Defesa Nacional, em caso de “comogao grave de repercussao nacional ou ocorréncia de fatos que comprovem a ineficacia de medida tomada durante o estado de defesa” ou de "declarago de estado de guerra ou resposta a agressao armada estrangeira” (CF, art. 137, capute incs. |e Il). O estado de sitio é uma medida mais gravosa que o estado de defesa, representando uma série de medidas restritivas previstas na Constituicao. Para finalizar, vale falar sobre o principio da juridicidade, que basicamente é uma ampliago do conceito de legalidade. Segundo o principio da juridicidade, o administrador nao se sujeito apenas @ lei, mas a todo o ordenamento juridico. Consequentemente, a discricionariedade administrativa fica mais reduzida, uma vez que o agente ptblico se sujeita as leis, aos regulamentos, aos principios e a todos os demais componentes de nosso ordenamento juridico. Assim, se um ato atender a lei, mas ferir um principio, podera ele ser anulado, até mesmo pelo Poder Judi Principio da legalidade: a Administragao Publica somente podera agir quando houver lei determinando ou autorizando a sua atuacao. O principio envolve qualquer tipo de norma, normativas. No entanto, os atos secundarios nao podem criar direitos e obrigagdes \cluindo atos secundarios como os decretos e instrugdes, Principio da autonomia da vontade: significa que os administrados (particulares) podem fazer tudo que no estiver proibido em lei. Reserva legal: trata das matérias que a Constituicao exige que obrigatoriamente sejam disciplinadas em lei em sentido estrito (lei formal). Restrigdes (excegées) excepcionais ao principio da legalidade: medida proviséria, estado de defesa e estado de sitio. 2.2 - Principio da impessoalidade O principio da impessoalidade, também apresentado expressamente na CF/88, apresenta quatro sentidos: FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Principio da finalidade: em sentido amplo, o principio da finalidade é sinénimo de interesse piiblico, uma vez que todo e qualquer ato da administracdo deve ser praticado visando a satisfagéo do interesse publico. Por outro lado, em sentido estrito, 0 ato administrative deve satisfazer a finalidade especifica prevista em I Assim, do primeiro significado do principio da impessoalidade, decorre um principio implicito: 0 principio da finalidade. Dessa forma, todo ato da Administragéo deve ser praticado visando & satisfacdo do interesse piblico (sentido amplo) e da finalidade para ele especificamente prevista ‘em lei (sentido estrito). Se ndo for assim, 0 ato ser walido. Exemplificando, podemos analisar 0 caso da remogSo de servidor piblico, que tem como finalidade especifica adequar o nimero de servidores nas diversas unidades administrativas de ur tito de punir um servidor que desempenha mal suas funcées, Srgéo. Ceso seje eplicade com © ato atendeu apenas ao sentide amplo, pois punir um servidor que trabalhe mal tem interesse piblico. Contudo, o ato é nulo, por desvio de finalidade, uma vez que a lei ndo estabelece esta finalidade para a transferancia’. Prinefpio da igualdade ou isonomia: © principio da impescoslidade se traduz na ideia de isonomia, pois a Administracao deve atender a todos os administrados sem discriminacées. Nao se pode favorecer pessoas ou se utilizar de perseguicées indevidas, consagrando assim o principio da igualdade ou isonomia. Nesse ponto, devemos lembrar que a Constituigéo Federal estabelece que todos so iguais perente a lei (art. 5°, caput), endo que eventuais tretamentos diferenciados s6 podem ocorrer quando houver previeso legal. A Constituiggo Federal apresenta diversas referéncias @ esta eplicagdo do principio da impessoalidade como o art. 37, Il, que exige a aprovacéo prévia em concurso piblico para a investidura em cargo ou emprego piblico, permitindo que todos possam disputar-lhes com 1aldade; o art. 37, XXI, que exige processo de licitagao publica para a contratacéo de obras, servigos, compras e alienagSes, assegurando igualdade de condigées a todos os concorrentes; 0 art. 175, que também exige licitag&o publica para as permissdes e concessées de servigo puiblico; © o art. 100 que trata do regime de precatérios judiciais para o pagamento dos débitos das fezendas publicas. Analisando esses dois primeiros aspectos, podemos perceber que o principio da impessoalidade: decorre do principio da supremacia do interesse puiblico — em virtude de busca pele finalidede * Exemplo apresontado na obra de Alexandrino © Paulo, 2011, p. 194-195. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa ou pelo interesse piiblico - e da isonomia ou igualdade - em decorréncia do tratamento igualitério, nos termos da lei Vedacao de promogao pessoal: os agentes publicos atuam em nome do Estado. Dessa forma, nao podera ocorrer a pessoalizagéo ou promogao pessoal do agente pUblico pelos atos realizados. Esse significado decorre diretamente da disposigao do §1° do Art. 37 da CF/88: § 1°- A publicidade dos atos, programas, obras, servicos e campanhas dos érgios publicos devera ter cardter educativo, informative ou de orientagSo social, dela nde podende constar nomes ;mbolos ou imagens que caracterizem promocao pessoal de autoridades ou servidores publicos. Isso significa que as atividades da Administrago nao podem ser imputadas aos funcionarios que as realizaram, mas aos érgaios e entidades que representam. Dessa forma, um governador no pode se promover, a custa da Administragéo, por obras realizadas em seu governo. Nao poderé constar, por exemplo, que “Fulano de Tal’ fez isso, mas apenas que o “Governo Estadual” ou a “Administragdo Municipal” realizou determinadas obras. Se um agente se eproveitar das realizagées da Administracéo para se promover individualmente, estaré realizando publicidade indevida. Isso impede que, nas placas ou propagandas de publicidade publica, constem nomes pessoais ou de partidos politicos. Impede também a utilizagdo de slogans, que possam caracterizar promocao pessoal. E mister informar que a promogio pessoal, conforme estamos vendo, fere © principio da impessoalidade. No entanto, é claro que esse tipo de conduta também infringe outros principios, como a legalidade e a moralidade. Impedimento e suspeigao: esses institutos possuem 0 objetivo de afastar de processos administrativos ou judiciais as pessoas que nao possuem condigdes de aplicar a lei de forma imparcial, em fungao de parentesco, amizade ou inimizade com pessoas que participam do processo. Por exemplo, se um juiz possu izade reconhecida com uma pessoa que seja parte de um processo, ele ndo podera julgar de forma imparcial. Dessa forma, buscando evitar possiveis favorecimentos, preservando a isonomia do julgamento, recomenda-se 0 afastamento da autoridade Na verdade, os dois ultimos aspectos nada mais s80 do que consequéncia légica das duas primeiras aplicagées (principio da finalidade e da isonomia). FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Em sintese, o principio da impessoalidade representa a busca pela finalidade publica, o tratamento isonémico aos administrados, a vedagéo de promog&o pessoal e @ necessidade de declarar o impedimento ou suspeiglo de autoridade que no possua condigées de julgar de forma igualitaria. 2.3 - Principio da moralidade © principio da moralidade, que também esté previsto de forma expressa no caput do art. 37 da Constituigdo Federal, imp&e que o administrador piblico nao dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. Dessa forma, além da legalidade, os atos administrativos devem subordinar-se & moralidade adminictrativa. Muito se discutiu sobre a existéncia da moralidade como principio auténomo, uma vez que o seu conceito era considerado vago ¢ impreciso. Dessa forma, a doutrina entendia que, na verdade, principio estava absorvido pelo principio da legalidade. No entanto, tal compreenso encontra-se prejudicada, uma vez que a prépria Constituigéo Federal incluiu os principios da legalidade © moralidade como prin um de forma individual jos auténomos, ou seja, tratou cada Ademeis, s80 diversas es previsées de condutas contra @ moralidade administrative apresentadas na Carta de 1988, como, por exemplo, 0 art. 37, §4°, que dispde que os atos de improbidade administrativa importer8o e suspense dos direitos politicos, e perda da fungéo publica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erario; o art. 14, §9°, com a redac&o da Emenda Constitucional de Revisdo n° 4/1994, que dispSe que os casos de inelegibilidade devem proteger, ‘entre outras coisas, a probidade administrativa e a moralidade pera exercicio de mandato; ¢ 0 art. 85, V, que considera crime de responsabilidade os atos do Presidente da Repiiblica contra a probidade administrativa. Com efeito, 0 art. 5°, LXXll, dispde que qualquer cidadéo € parte lagitima pare propor ago popular que vise a anular ato lesivo @ moralidade administrativa. A Lei 9.784/1999 também prevé 0 principio da moralidade em seu art. 2°, caput, obrigando, assim, ‘2 Administragéo Publica federal. parégrafo dnico, inc. IV, do mesmo artigo, exige “atuacao segundo padres éticos de probidade, decoro e boa-fé". Dessa forma, podemos perceber a autonomia do principio de moralidade. Nessa linha, Meria Sylvia Zanella Di Pietro dispSe que “sempre que em matéria administrative se verificar que o comportamento de Administrago ou do administrado que com ela se releciona juridicamente, embora em consenéncia com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administragao, os prineipios de justica e de equidade, a ideia de honestidade, estaré havendo ‘ofensa ao principio da moralidade administrativa””. ° Di Pietro, 2014, p. 79. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Assim, podemos observar uma atuacao administrativa legal, porém imoral. Por exemplo, pode nao existir nenhuma lei proibindo um agente publico de nomear o seu cénjuge para exercer um cargo em comisso no érgao em que trabalha, ou seja, 0 ato foi legal. Contudo, tal ato mostra-se imoral, pois @ conduta ofende os bons principios e a honestidade. Nova wv Com base nos principios previstos no caput do art. 37, 0 Supremo Tribunal Federal firmou entendimento sobre a vedacio do nepotismo na Administraco Publica, cendo que o fundamento decorre diretamente da Constituigao, ndo havendo necessidade de lei especifica para disciplinar a vedagao. Vejamos: Stimula Vinculante n° 13 - A nomeago de cénjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa juridica investido em cargo de direcio, chefia ou assessoramento, para o exercicio de cargo em comissao ou de confianca ‘ou, ainda, de fun¢So gratificada na administracio ptblica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unido, dos estados, do Distrito Federal e dos municipios, compreendido 0 ajuste mediante designagées reciprocas, viola a Constituigao Federal Entretanto, ha uma pequena restrigdo em relacdo aos cargos de natureza politica. Inicialmente, © STF possuia o entendimento de que a Simula Vinculante 13 nao seria aplicada aos cargos de natureza pol ios de estado (RE 579.951, julgado em 20/8/2008). Atualmente, todavia, o entendimento é de que a vedacao deve ser analisar caso a caso, de tal forma que a nomeagio para cargo de natureza politica nao afasta a aplicagao da Sumula Vinculante 13 automaticamente. Assim, somente estara caracterizado nepotismo, nos cargos de natureza politica, se o nomeado no possuir capacidade técnica para o cargo ou ficar demonstrada “troca de favores” ou outra forma de fraudar a legislacdo (RCL 7.590/PR; RCL 17.102/SP). Em resumo, podemos dizer que a nomeagéo de um irm&o para ocupar um cargo de natureza administrativa ofende os principios da moralidade, impessoalidade, porém a nomeagao do irmao do prefeito para exercer 0 cargo de secretario municipal (natureza politica) ofendera a Constituigao se ficar demonstrada a falta de capacidade técnica do nomeado ‘ou ainda a troca de favores ou outro meio de fraude da lei. Devemos considerar, portanto, que um ato até pode ser legal, mas se for imoral, possivel a sua anulagao. Com isso, a moralidade administrativa ganha um sentido juridico, permitindo até FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 mesmo o controle judicial do ato. Com isso, caso a autoridade administrativa atue de forma imoral, © ato podera ser anulado pelo Poder Judiciério. Nao cignifica, pois, que os prineipios da legalidade © da moralidade so indicsociaveis. Na verdade, eles esto muito relacionados, sendo que, na maior parte das vezes, as pessoas acabam infringindo ‘os dois simultaneamente. Diga-se, muitos atos imorais séo também ilegais e muitos atos ilegais também s& imorais. Cumpre observar que o principio da morelidade se aplica as relacées entre a Administracio © os administrados @ também nas atividades internas da Administracdo. A extensio aos particulares & muito importante, uma vez que no so raros os casos de formago de conluio buscando frauder a realizacdo de licitagdes piblicas. Nesses casos, um pequeno grupo de empresas se retine para obter vantagens em seus relacionamentos com a AdministragSo. Tais condutas mostram-se, além de imorais ¢ desonestas. De acorde com as ligdes de Gustavo Barchet, 0 principio da moralidade em divide-se em trés sentidos:”® io da probidade): o agente publico deve ter um comportamento ético, transparente e honesto perante o administrado. Assim, 0 agente piiblico néo pode sonegar, violar nem prestar informagées incompletas com 0 objetivo de enganar os administrados. Nao pode um agente se utilizar do conhecimento limitado que as pessoas tém sobre a administragéo para obter beneficios pessoais ou prejudicar indevidamente o administrado; Concretizagao dos valores consagrados na lei: o agente piblico ndo deve lir 3@ & aplicagdo da lei, mas buscar alcangar 0s valores por ela consagrados. Assim, quando a Constituigdo institui 0 concurso piiblico para possibilitar a isonomia na busca por um cargo piiblico, o agente piiblico que preparar um concurso dentro desses ditames (proporcionar a isonomia) estaré também cumprindo o principio da morelidade; Observancia dos costumes administrativos: a validede da conduta administrative se vincula @ observancia dos costumes administrativos, ou seja, as regras que surgem informalmente no quotidiano administrative a partir de determinadas condutas da Administragéo. Assim, desde que nao infrinja alguma lei, as praticas administrativas realizadas reiteradamente, devem vincular a Administrac3o, uma vez que causam no administrado um aspecto de legalidade. ® Barchot, 2008, pp. 43-45. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Por fim, vale anotar que a doutrina considera que a imoralidade surge do contetide do ato. Por conseguinte, nao é preciso a intengae do agente ptblico, mas sim 0 objeto do ato pratica. Logo, um ato pode ser imoral, ainda que o agente néo tivesse a intencdo de cometer uma imoralidade. Por exemplo: 0 ato de nomeagao de um parente para um cargo em comissao é imoral, ainda que a autoridade nao saiba que o nomeado é seu parente ou mesmo que a intencdo fosse efetivamente melhorar a qualidade dos servigos piblicos e nao favorecer o familiar. 2.4- Principio da publicidade © principio da publicidade, previsto taxativamente no artigo 37 da Constituicio Federal, apresenta duplo sent exigéncia de publicagao em érgaos oficiais como requisito de eficaci administrativos gerais que produzi @nus para © patriménio publico devem ser publicados em érgaos oficiais, a os atos 0 efeitos externos ou os atos que impliquem exemplo do Diario Oficial da Unido ou dos estados, para terem eficdcia (produgao de efeitos juridicos). Nao se trata, portanto, de requisite de validade do ato, mas to somente da produge de seus efeitos. Assim, um ato administrativo pode ser vélido (competéncia, finalidade, forma, motivo e objetivo), mas nao eficaz, pois se encontra pendente de publicagao oficial. Nem todo ato administrative precisa ser publicado para fins de eficdcia, mas tao somente os que tenham efeitos gerais (tém destinatarios indeterminades) e de efeitos externos (alcancam os administrados), a exemplo dos editais de licitagdo ou de concurso. Esses atos iro se aplicar a um niimero indeterminado de administrades, néo se sabe quantos. Outra situago decorre dos atos que impliquem ou tenham o potencial de implicar em 6nus ao patriménio piiblico, como a assinatura de contratos ou a homologago de um concurso publico. exigéncia de transparéncia da atuagdo administrativa: © principio da transparéncia deriva do principio da indisponibilidade do interesse piblico, constituindo um requisito indispensavel para o efetivo controle da Administrag3o Publica por parte dos administrados. Com efeito, a publicidade podera se manifestar pelas seguintes formas: (i) direito de peticionar junto aos érgaos publicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (CF, art. 5°, XXXIV, "a”); i) direito de obter certidées em reparticdes pubblices, para defesa de direitos e esclarecimento de situacées de interesse pessoal (CF, art. 5°, XXXIV, "b"); FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 (ii) divulgagae de oficio de informagées, por intermédio de publicagées na imprensa oficial, jomais impressos ou pela internet. Ademais, segundo e CF/88: “art. 5° (...) XXXIIl - todos tém direito a receber dos érg&os piblicos informacées de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestades no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindivel ‘a seguranga da sociedade e do Estado”. Outros dispositives constitucionais que merecem destaque sé os seguintes: “Art. 37. (-) § 3°A lei disciplinara as formas de participacao do usuario na administracao | publica direta e indireta, regulando especialmente: (...) Il - 0 acesso dos usuérios a! registros administrativos e a informagdes sobre atos de governo, observado o disposto | no art. 5°, X e XXXIll. Art. 216. .) § 2° - Cabem a administragao piblica, na forma da lei, a gestao da documentagao governamental ¢ as providéncias para franquear sua consulta a quantos | dela necessitem. L Esses dispositivos foram regulamentados pela recente Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso & Informacao), que dispée sobre os procedimentos a serem observados pela Unido, Estados, Distrito Federal ¢ Municipios, com o fim de garantir 0 acesso a informagées. Dessa forma, esse segundo sentido 6 muito mais amplo que o anterior, uma vez que a publicidade torna-se um preceito geral eo sigilo « excecéo. Mes vale resseltar: @ publicidade é @ regra, mas nao é um dever absoluto. Nessa linha, com excegao dos dados pessoais (dizem respeito 8 intimidade, honra e imagem das pessoas) ¢ das informag6es classificadas por autoridades como sigilosas (informagdes imprescindiveis para a seguranga da sociedade e do Estado), todas as demais informagées devem ser disponibilizadas ‘08 interessados, algumas de oficio (pele internet ou por publicagées) © outras mediante requerimento. As informagées divulgades de cficio constituem @ denominada transparéncia ativa, ao passo que ‘5 informagdes que séo fornecides em virtude de solicitagdes representam a transparéncia passiva. ‘5- Principio da eficiéncia Este 6 0 “mais jovem” principio constitucional. Foi incluido no ertigo 37 pela Emenda Constitucional 19/1998 como decorréncia da reforma gerencial, iniciada em 1995 com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Assim, a eficiéncia diz recpeito e uma atuacéo FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa da administracdo publica com exceléncia, fornecendo servicos piiblicos de qualidade a populagao, com 0 menor custo possivel (desde que mantidos os padrées de qualidade) e no menor tempo. Segundo Maria Sylvia Di Pietro", 0 principio da eficiéncia apresenta dois aspectos: em relago ao modo de atuagao do agente puiblico: espera-se a melhor atuagdo possivel, a fim de obter os melhores resultados. Como consequéncia desse primeiro sentido, foram introduzidas pela EC 19/1998 a exigéncia de avaliagéio especial de desempenho para aquisigao de estabilidade e a possibilidade de perda de cargo piblico (flexibilizagao da estabilidade) em decorréncia da avaliage periédica de desempenho. quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a administragao publica: exige-se que seja a mais racional possivel, permitindo que se alcancem os melhores resultados na prestago dos servicos publicos Nesse segundo contexto, exige-se um nove modelo de gestdo: a administragSo gerencial. Assim, os controles administrativos deixam de ser predominantemente por processos para serem realizados por resultados. O momento do controle prévio passa a ser realizado prioritariamente a posteriori (apés 0 ato), aumentando a autonomia do gestor, e melhorando a eficiéncia do controle. A transparéncia administrativa, 0 foco no cidadao, a descentralizagao e desconcentracao, os contratos de gestéo, as agéncias auténomas, as organizacées sociais, a ampla participacio da sociedade no controle e no fornecimento de servigos so todos conceitos relacionados com este segundo aspecto da eficiéncia. O principio da eficiéncia surge do descontentamento da sociedade com a qualidade dos servicos © 0s intimeros prejuizos causados em decorréncia da morosidade administrativa. Assim, a atuago da Administracdo no devera ser apenas legal, mas também eficiente. ncia deve ocorrer em harmonia com os Finalizando, é importante destacar que a busca da efi demais principios da Administracao Publica. Assim, ndo se pode deixar de obedecer aos principios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade somente para alcangar melhores resultados. Por exemplo, se um agente piblico deixar de realizar a licitagdo em determinada situacdo, contratando a empresa de um amigo seu sobre o pretexto de que @ contratecéo foi mais célere, barata e com mais qualidade, o ato sera mais eficiente, porém sera ilegal, imoral e contra a impessoalidade. Dessa forma, devera ser considerado nulo. * Dj Pietro, 2014, p. 84, FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Vamos resolver uma questo pera consolidar © conhecimento! Constituigso Federal de 1988, e que exige dos agentes pil resultados e um menor custo possivel, é o da eficiéncia. Comentarios: a asser 3 PRINCIPIOS IMP. ITOS OU RECONHECIDOS Os principios ebordados @ seguir so considerados implicitos ou reconhecidos quando se tem como parémetro a Constituigéo Federal. No entanto, se considerarmos as normas infraconstitucionais, varios deles constam expressamente ‘em algume lei. Por exemplo, na Lei 9.784/1999, que regula o processo administrative no émbito da Administragao Publica Federal, constam expressamente os principios da legalidede, finalidade, motivagéo, razoebilidade, proporcionelidade, moralidade, ampla defese, contra: Juridica, interesse pilblico e eficiéncia. Srio, seguranca Feita essa abordagem, vamos partir para o estudo especifico dos principios implicitos. Principio da supremacia do interesse publico © principio da supremacia do interesse piblico sobre o privado um principio implicito, que tem suas aplicagdes explicitamente previstas em norma juridica. Trata-se, pois, das prerrogativas administrativas. A essancia desse principio esté na prépria razdo de existir da Administracao, ou seja, a Administragéo atue voltada aos interesses da colatividade. Assim, em uma situacéo de contlito ‘entre interesse de um particular @ o interesse piblico, este dltimo deve predominar. E por isso fundamental do regime juridico adi que @ doutrina considera esse um prinei As prerrogetives administrativas 380, portento, os poderes conferidos & Administrago, que the ‘acseguram a posigéo de superioridade perante 0 administrado, aplicando-ce somente nas relagdes FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa em que o Poder Piblico atua em prol do interesse da coletividade. Podemos ver a aplicagao desse principio quando, por exemplo, ocorre a desapropriacao de um imével, em que o interesse publico prevalece sobre 0 proprietério do bem; ou no exercicio do poder de policia do Estado, quando 380 impostas algumas restric5es as atividades individuais para preservar o bem-estar da coletividade. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 0 principio da supremacia do interesse piblico esta presente tanto no momento de elaboragdo da lei como no momento de execugo em concreto pela Administragio Publica. Dessa forma, o principio serve para inspirar 0 legislador, que deve considerar a predominancia do interesse publico sobre o privado na hora de editar normas de carater geral e abstrato. Assim, quando legislador inclui a possibilidade de a Administrago alterar de forma unilateral as cléusulas de um contrato administrativo, obrigando o particular a cumpriclas (desde que respeitados os limites e condicdes previstos na lei), fica evidente que o principio da supremacia serviu de fonte inspiradora para a legislagao. Por outro lado, o principio vincula a Administrac&o Publica, 20 aplicar a lei, no exercicio da fung3o administrative. Nesse contexto, quando a lei concede poderes & Administrago para desapropriar, intervir, punir, é porque tem em vista atender ao interesse coletivo, que nao pode ceder perante interesses individuais. Assim, a aplicacdo da lei deve ter como objetivo tutelar o interesse coletivo, nao podendo ser utilizado com finalidades privadas como favorecimentos ou vantagens pessoais. Por exemplo, quando a lei permite que uma prefeitura municipal faga a desapropriagdo de um imével, isso s6 deve ser feito quando o interesse geral assim 0 exigir. Caso a autoridade administrativa realize a desapropriagao com 0 objetivo de punir um inimigo politico do prefeito ou para favorecer determinado grupo empresarial, estara realizando por questées individuais, e no gerais, desviando a finalidade da lei. Ou seja, estaremos diante de um vicio de desvio de poder ou desvio de finalidade, tornando o ato ilegal. Come dito acima, o principio da supremacia se fundamenta na prépria razo de ser do Estado, na busca de sua finalidade de garantir o interesse coletivo. Assim, é possivel ver sua aplicagao em diversas ocasides como, por exemplo: a) nos atributos dos atos administrativos, como a presuncao de veracidade, legitimidade e imperatividade; b) na existéncia das chamadas clausulas exorbitantes nos contratos administratives, que permitem, por exemplo, a alteracdo ou rescisio unilateral do contrato; ©) no exercicio do poder de policia administrativa, que impée condicionamentos ¢ limitagdes ao exercicio da atividade privada, buscando preservar o interesse geral; FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 d) nes diversas formas de intorvengao do Estado na propriedade privada, como a desepropriago (assegurada 2 indenizagéo), a servidao administrativa, 0 tombamento de imével de valor histérico, a ocupacao temporéria, etc. ae A imposigao de restrig6es ao particular depende de previsao legal. Por fim, de ‘a consecugéo do interesse piiblico, come nos contratos de locacéo, de seguro ou quando agir como Estaclo-empresario, nao Ihe cabe invocar 0 principio da supremacia. Contudo, Alexandrino Paulo destacam que, mesmo que indiretamente, ainda nessas situagées — quando n&o séo impostas obrigagdes ou restrigées aos administrados -, os atos da Administragéo Publica revestem-se de aspectos préprios do direito piiblico, a exemplo da presungéo de legitimidade. -se destacar que nas situages em que a Administracdo nao atuar diretamente para 3.2 - Principio da indisponibilidade do interesse publico de evitar que ela atue de forma lesiva aos interesses piblicos ou de modo ofensivo aos direitos fundamenteis dos administrados"’. Como exemplos de sujeigées podemos mencioner a necessidade de licitar— para poder contratar servicos e adquirir bens; e @ realizacdo de concursos. pliblices, para fine de contratagéo de pessoas. Percebam que os particulares néo se sujeitam a ‘essas limitacdes. Uma pessoa tem disposiggo de um bem quando é © seu proprietério. Contudo, essa néo 6 a realidade da Administragdo ou de seus agentes. Como bem essevera José dos Santos Carvalho Filho, cabe-Ihes apenas geri-los, conserva-los e por eles velar em prol da coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses piblicos. ® Barchot, 2008, p. 55-56. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Dessa forma, a Administracao nao possui livre disposicao dos bens e interesses puiblicos, uma vez que atua em nome de terceiros, a coletividade. Por consequéncia, impdem limitagdes a alienagdo de bens, que s6 podem ocorrer nos termos previstos em lei; & contratac¢do de pessoal efetivo, que deve seguir a regra de concurso piblico; a escolha de fornecedores para firmar contrato, que depende da realizagao de licitagao, e por ai vai. Uma informagio importante ¢ que, enquanto o principio da supremacia do interesse piiblica nao se aplica em algumas situagdes - como na exploragao de atividade econémica ~ o principio da isponibilidade do interesse plblico esta diretamente presente em qualquer atuacdo da Administracdo Publica. Outro aspecto relevante € a relagao do principio da indisponibilidade do interesse piiblico com 0 principio da legalidade. Como vimos acima, Maria Di Pietro coloca o principio da legalidade como um dos principios basilares do Direito Administrative. Para a autora é a legalidade que demonstra a preservagio da liberdade dos individuos, por meio de restrigées impostas ao Poder Publico, uma vez que a Administracao s6 pode fazer o que estiver previsto em lei, ndo podendo pautar-se pela autonomia de vontade prevista para o particular. Em outras palavras, a Administragao deve seguir a “vontade da | Nesse sentido, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo afirmam que, justamente por nao ter disposig&o sobre a coisa publica, toda atuacao administrativa deve atender ao estabelecido em lei, Unico instrumento habil a determinar o que seja interesse ptblico. Isso porque a lei é a manifestacdo legitima do povo, que é o titular da coisa publica. Nenhum principio é ilimitado e irrestrito. Todos os principios encontram alguma relativizacdo na sua aplicacao, permitindo a coexisténcia de todos os principios no cordenamento juridico. Assim, mesmo que os principios da supremacia e da indisponibilidade do interesse publico sejam basilares para o Direito Administrativo, eles podem ser relativizados para preservar @ aplicagao dos outros principios, como a moralidade e a eficiéncia. Com base nisso, 0 STF ja firmou entendimento sobre a possibilidade de a Administrac&o fazer acordos ou transa¢ées", relativizando, assim, a aplicagio do 9 A trancagdo & um inctrumento previsto no Cédigo Civil para que os interessados terminem um litigio mediante concessées miituas (CC, art. 840). Em linguagem mais simples, a transaco é um acordo em que um dos lados abre mio de parte de seu direito para evitar uma longa demanda judicial. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 principio da indisponibilidede do interesse piblico (e também da legelidade), sobremansira quando 0 acordo seja a maneira mais eficaz de se beneficiar coletividade (RE n? 253.885/MG). Alam da relagéo com as sujeigdes administrativas, hé outros dois sentidos para o principio da indisponibilidade: 2) poder-dever de agir: sempre que o ordenamento juridico conceder uma competéncia (poder) aos agentes piblicos, esse poder representaré também um dever. Assim, na situac&o concreta, a Administracao deve agir conforme manda o interesse pilblico, néo podendo escolher se deve ou nao fazer, mas aplicer o Direito. Um agente de transito, por exemplo, ac mesmo tempo em que tem o poder de aplicar uma multa, é obrigado a fazé-lo quando uma pessoa infringir uma regra de transito; b) lade dos direitos concernentes a interesses publicos: trata-se do impedimento imposto & Administragéo de transferir aos particulares os direitos relacionados aos interesses piiblicos que a lei lhe encarregou de defender. Assim, quando faz uma concesso, por exemplo, nao se transfere o direito (ou a atividade propriamente dita), mas somente o exercicio da atividade. Da mesma forma, nfo se pode alienar um bem que esteja vinculado a satisfagao do interesse pubblico. alienal A alienagéo de um bem ocorre quando o Estado transfere este bem a um terceiro. Em outras palavras, trata-se da venda de um bem. Ocorre que a Administragéo nao pode se desfezer de seus bens quando eles estiverem afetados a0 exercicio do interesse pubblico. Néo & necessério aprofundar © assunto. © que devemos saber é que os bens pilblicos, quende possuirem uma finalidede propria relacionada a catisfagao do interesse piblico, n&o podem ser alienados. Por exemplo, um prédio utilizado como sede de uma prefeitura municipal nao podera ser alienado ‘enquanto possuir essa destinacdo. Dessa forme, o principio da indisponibilidade do interesse piiblico impée que os bens piblicos, quando relacionados & satisfacéo do interesse publico, 50 inalienaveis. A Gnica rescalva & que ¢ inalienabilidade ndo & uma regra absolute, existindo um procedimento legal que permita @ alienacéo de bens. Apés essa abordagens, vamos resolver algumas questSec! FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa SEFAZ RS - 2018) A previsdo em lei de cléusulas exorbitantes aplicdveis aos contratos dministrativos decorre diretamente do principio da supremacia do interesse publico. omentarios: a assertiva esta correta. As clausulas exorbitantes so poderes especiais que a administragao dispée, nos contratos administrativo, para fazer prevalecer o interesse puiblico. Um xemplo de cléusula exorbitante ¢ a possibilidade de alterar unilateralmente um contrato, independentemente da concordancia da outra parte, dentro dos limites permitidos em lei. Nesse caso, portanto, as clausulas exorbitantes sio exemplos de aplicaco do principio da supremacia. (CD - 2014) O principio da indisponibilidade do interesse puiblico nao impede a administragao liblica de realizar acordos e transacées. omentarios: a assertiva esté correta. o STF entende ser possivel atenuar o principio da indisponibilidade do interesse publico, em particular na realizagdo da transagao, quando o ato nao se demonstrar oneroso para a Administracdo e representar a melhor maneira para ultimar 0 interesse coletivo. Nesse sentido, vejamos a ementa do RE 252.885/MG: "Em regra, os bens e 0 interesse publico sao indisponiveis, porque pertencem a coletividade. E, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa publica, ndo tem disponil realizacdo. Todavia, ha casos em que o principio da indisponibilidade do interesse publico deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que @ solugéo adotada pela Administracio é a ue melhor atendera a ultimagao deste interesse. (...)" lade sobre os interesses confiados & sua guarda 3.3 - Principios da razoabilidade e da proporcionalidade Os principios da razoabilidade e da proporcionalidade exigem da administrago publica a aplicagao de limites e sangdes dentro dos limites estritamente necessérios para satisfazer 0 interesse piblico, sem aplicacao de sangdes ou restrigdes exageradas. Esses principios nao estéo previstos de forma expressa na Constituicao Federal, mas esto previstos na Lei 9.784/1999, que regula 0 processo administrative na Administragao Publica federal Muitas vezes, esses dois principios sao tratados como sinénimos ou, pelo menos, so aplicados de forma conjunta. Por conseguinte, tentar diferencié-los é um trabalho um tanto dific Os dois principios se aplicam na limitagdo do poder discriciondrio. A discricionariedade ocorre quando a lei deixa uma margem de decisio para 0 agente pubblico aplica-la ao caso concreto. Por exemplo, a Lei 8.112/1990 apresenta, entre as penalidades aplicéveis aos servidores puiblicos, a adverténcia, a suspenso e a demisséo. No caso concreto, cabera & autoridade responsavel decidir qual das penalidades sera cabivel. Isso é a discricionariedade. Contudo, ela nao pode ser exercida de forma ilimitada. Vamos voltar a0 exemplo. Quanto a suspensao, a Lei 8.112/1990 determina que ela sera aplicada em caso de reincidéncia das faltas punidas com adverténcia e de violagdo das demais proibigées que nao tipifiquem infracao sujeita a penalidade de demiss4o, nao podendo exceder de noventa dias. Agora, suponha que um servidor chegue atrasado, de forma injustificada, por uma hora e, FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 por consequéncia, apés a realizagéo das formalidades legais, seja penalizado com adverténcia. Imagine que, uma semana apés ser penslizado, o agente volte a chegar atrasado. Apés o reguler proceso administrativo, a autoridade competente aplicou a penalidade de cuspenséo por noventa dias, ou seja, 0 limite maximo para este tipo de penalidade. Todavia, 0 atraso do servidor néo gerou nenhum outro prejuizo nem prejudicou ninguém. Dessa forma, podemos considerar o ato da autoridade publica desarrazoado, uma vez que ele poderia ter alcangado a finalidade publica ‘com uma pena muito menos gravosa. No caso, a autoridade agiu dentro de sua competéncia, cumpriu as formalidades — pois inctaurou © devido processo administrative — @ teve como finalidade 0 interesse piiblico — uma vez que buscou punir o agente para evitar novas irregularidades. Contudo, a medida foi exagerada, incoerente com os fates. Imaginem um novo atraso, novemente sem outros prejuizos, seria o servidor demitido por isso? Dessa forma, os principios em comento realizam uma limitagdo a discricionariedade administrativa, em particular na restrigo ou condicionamento de direitos dos administrados ou na imposiggo de sangdes administrativas, permitindo que o Poder Judiciario anule os atos que, pelo seu excesso, mostrem-se ilegais ¢ ilegitimos e, portanto, passiveis de anulagao. Apés esse exemplo, podemos tentar conceituar os dois principios. pSe que, ao atuar dentro da discrico administrativa, o agente puiblico deve ios aceitaveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas. Dessa forma, ao fugir desse limite de aceitabilidade, os atos serao ilegitimos 1, por conseguinte, sero passiveis de invalidacdo jurisdicional. So ilegitimas, segundo Celso Anténio Bandeira de Mello, “as condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com desconsideragdo as situagdes e circunsténcias que seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de prudéncia, sensatez e disposicao de acatamento as finalidades da lei atributiva da discrigéo manejada”. A proporcionalidade, por outro lado, exige o equilibrio entre os meios que a Administragao utiliza @ os fins que ela deseja alcangar, segundo os padrdes comuns da sociedade, analisando cada caso concreto’’. Considera, portanto, que as competancias administrativas sé podem ser ‘exercidas velidemente na extensao e intensidade do que seje realmente necessério para alcanger a finalidade de interesse ptblico a0 qual se destina. Em outras palavras, 0 principio da proporcionalidade tem por objeto 0 controle do excesso de poder, pois nenhum cidadéo pode sofrer restrigdes de sua liberdade além do que seja indispensavel para o alcance do interesse publico. Dos conceitos apresentados acima, possivel perceber o quanto é dificil diferenciar um do outro. Nos dois casos, os agentes publicos nao podem realizar exageros, devendo sempre obedecer a ¥ Exemplo adaptado de Furtado, 2012, p. 101. ® Marinela, 2013, p. 56. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa padrdes de adequagio entre meios e fins. Quanto ao exeesso de poder, por exemplo, podemos afirmar seguramente que ele se aplica aos dois principios. Nesse sentido, alguns doutrinadores chamam o principio da razoabilidade de principio da proibi¢o de excesso;"* enquanto outros relacionam esse aspecto (excesso de poder) ao principio proporcionalidade””. Por isso, alguns autores consideram que © principio da proporcionalidade é uma das facetas do principio da razoabilidade"’, ou seja, aquele esta contido no conceito deste. Isso porque o principio da razoabilidade, entre outras coisas, exige proporcionalidade entre os meios de que se utiliza a Administragao Publica e os fins que ela tem que alcangar. Em que pese sirvam de fundamento para 0 Judiciério anelisar os atos discricionérios, os principios no significam invasdo ao poder de decisio do Administragéo Publica, naquilo que se chama mérito administrativo ~ conveniéncia e oportunidade. © juiz jamais podera intervir quando o agente publico possui duas alternativas igualmente vélidas para alcangar a finalidade publica, ou seja, quando existe um grau de “liberdade” e o agente age dentro desse parametro, o Poder Judiciério n3o podera desfazer o ato admi istrativo. Entretanto, os atos desarrazoados, realizados de maneira ildgica ou incoerente, nao estdo dentro da margem de liberdade. As decisdes que violarem a razoabilidade no so inconvenientes; mas so, na verdade, ilegais e ilegitimas, por isso passiveis de anulago mediante provocagao do Poder Judiciario por meio da agao cabivel. Nesse sentido, vejamos as palavras do Prof. Celso Anténio Bandeira de Mello: Nao se imagina que a correcdo judicial baseada na violacdo do principio dai razoabilidade invade o “mérito” do ato administrativo, isto 6, o campo de “liberdade” i conferido pela lei a Administragao para decidir-se segundo uma estimativa da situacdo | e critérios de conveniéncia e oportunidade. Tal nao ocorre porque a sobredita | “liberdade” é liberdade dentro da lei, vale dizer, segundo as possibilidades nela | comportadas. Uma providéncia desarrazoada, consoante dito, nfo pode ser havida | rtada pela lei. il Dessa forma, quando © Judiciério analisa um ato administrative com fundamento da rezoabilidade © proporcionalidade, ele ndo tomaré como base a conveniéncia e oportunidade, mas a legalidade legitimidade. Dessa forma, nao se trata de revogagao ~ que sé pode ser realizada pela propria ‘Administragao -, mas de anulagao do ato desarrazoado ou desproporcional. * e.g. Meirelles, 2013, p. 96; Marinela, 2013, p. 54, e.g. Mendes, 2001 * Dj Pietro, 2014, p. 81; Bandeira de Mello, 2014, p. 114. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Bisa s prineipios da razoabilidade e da proporcionalidade nao invadem 0 mérito idade. A proporcionalidade possui trés elementos que devem ser analisados no caso concreto: adequaglo, necescidede e proporcionalidade em sentido estrito. O principio _da_proporeionalidade possui trés elementos que devem ser ‘observedos no caso concreto: a) adequagao (pertinéncia, aptidao): significa que © meio empregado deve ser compativel com o fim desejado. Os meios devem ser efetivos para 0: resultados que se deseja alcancar. b) necessidade (exigibilidade): ndo deve existir outro meio menos gravoso ou ‘oneroso para alcancar o fim piblico, isto é, 0 meio escolhido deve ser o que causa ‘© menor prejuizo possivel para os individuos; ©) proporcionalidade em sentido estrito: @ vantagens a serem conquistadas devem superar ac desvantagens. Pela adequacdo, verifica-se se 0 ato realmente é um meio compativel para alcancar os resultados desejados. A necessidade, por outro lado, verifica se no existem outros atos que causem menos limitagdo e, ainda assim, sirvam para satisfazer o interesse publico. Por fim, a proporcionalidade ‘em sentido estrito avelia se es vantagens conquistadas superam as limitacdes impostas 20 administrado. Na Lei 9.784/1999, podemes encontrar diversas aplicagdes desses principios. Por exemplo, o art. 29, § 2°, estabslece que os “atos de instrugdo que exijam a atuac&o dos interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes”. Jé 0 paragrafo Unico, art. 2°, dispée que, nos processos administrativos, deve ser observados, entre outros, os seguintes critérios: “adequacao FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa entre meios e fins, vedada a imposicéo de obrigacées, restrigées e sangées em medida superior quelas estritamente necessdrias a0 atendimento do interesse ptiblico" (ine. Vl); “observancia das formalidades essenciais & garantia dos direitos dos administrados" (inc. Vill); “adogao de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, seguranga e respeito aos direitos dos administrados”. Com efeito, os principios da razoabilidade e da proporcionalidade nao servem apenas para o controle dos atos administrativos”, mas de qualquer outra fungao do Estado. Nesse contexto, nao é raro o STF pode declarar a inconstitucionalidade material - aquela que se relaciona com o contetido ~ de uma lei (que se insere na funcao legislativa) se ela se mostrar desproporcional ou desarrazoada.” Da mesma forma, quando o legislador for elaborar uma lei, deveré elaboré-la dentro dos limites da razoabilidade e da proporcionalidade. Por exemplo: se o legislador resolver criar restrigdes de acesso a determinado cargo publico, n’o poderé criar restrigdes exageradas, desproporcionais, uma vez que tal limitaggo poderé ser considerada inconstitucional por restringir desnecessariamente 0 acesso a0 cargo. (STJ - 2018) O princi fins, deve ser obrigatoriamente observado no processo administrativo, sendo vedada a imposico de obrigagSes, restrigdes © sangdes em medida superior aquelas estritamente necessérias a0 atendimento do interesse publico. Comentarios: © Exemplo de aplicacdo dos principios da proporcionalidade © da razoabilidade no controle de ato administrativo encontra-se no RMS 28208/DF, em que o STF anulou a pena de demissio de servidor, uma vez que © suposto delito cometido no ficou comprovado no ambito Penal, além de no se ter noticia da pratica de outros atos irregulares por parte do agente, podendo-se afirmar que se tratava de servidor piblico possuidor de bons antecedentes, além de detentor de largo tempo de servico prestado ao Poder Publico. ® Por exemplo, na ADI 855/PR, © STF declarou inconstitucional lei que obrigava os estabelecimentos que comercializem gés liquefeito de petréleo a pesarem, a vista do consumidor, os botijées ou cilindros entregues ou recebidos para substituigéo, com abatimento proporcional do preco do produto ante a eventual verificagdo de diferenga a menor entre o contetido @ 2 quantidade liquida especificada no recipiente. A Corte entendeu que esse tipo de balanca nio alcancaria os beneficios desejados, uma vez que sua utilizago enssjaria custos elevados, alta capacidade tecnolégica ¢ inviabilizaria, por exemplo, a entrega domiciliar. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 A assertiva esta correta. A legislago de processo administrative exige a aplicagao de adequagéo. ‘entre meios @ fins, vedada a imposigéo de obrigagdes, restrigdes @ sangdes em medida superior Aquelas estritamente necessérias a0 atendimento do interesse publico (Lei 9.784/99, art. 2%, pardgrafo Unico, VI), sendo essa justamente a aplicagéo dos principios da razoabilidade e da roporcionalidede. 3.4- Principio do controle ou da tutela Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o principio do controle ou da tutela foi elaborado para assegurar que as entidades da Administracio Indireta observem o principio de especialidade” Esse principio 6 representado pelo controle de Administragéo Direte sobre as atividedes das ntidades administretivas, com o objetivo de garentir @ observancia de sues finelidades itucionais. Dessa forma, s8o colocados em confrento a independéncia da entidade, que possui autonomia administrativa e financeira; @ a necessidade de controle, uma vez que a entidade politica (Unido, ‘estados, Distrito Federal e municipios) precisa se ascegurar que a entidade administrative atue em conformidade com os fins que justificaram a sua criacéo. Contudo, como nao hé subordinago entre a Administrago Direte @ a Indireta, mas téo somente vinculago, @ regra seré a autonomia; sendo o controle a excego, que ndo poderé ser presumido, isto @, 86 podera ser exercido nos limites definidos em lei 3.5 - Principio da autotutela Nao se pode esperar que os agentes piblicos sempre tomem as decisdes corretas no desempenho de suas fungdes. Dessa forma, ¢ imperioso que existe uma forma de a Administraglo corrigir os seus préprios atos. Nesse sentido, o principio da autotutela estabelece que a Administracao Publica possui o poder de controler os seus préprios atos, anulando-os quando ilegais ou revogando-os quando inconvenientes ou inoportunos. Assim, a Administragéo nao precisa recorrer ao Poder Judiciério para corrigir os seus atos, podendo fazé-lo diretamente. Este principio possui previséo em duas simulas do STF, e 346, que estebelece que “A Administragao Publica pode declarar a nulidade dos seus préprios atos", e 473, que dispSe o seguinte: 2 Vamos falar do principio da especialidade ainda nesta aula. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Sumula n° 473 - A Administracdo pode anular seus préprios atos, quando eivados de vicios que os tornam ilegais, porque deles nao se originam direitos; ou revogé- los, por motivo de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciagao judicial. Atualmente, o principio ganhou previsio legal, conforme consta no art. 53 da Lei 9.784/1999: “A Administraco deve anular seus préprios atos, quando eivados de vicio de legalidade, e pede revogé-los por motivo de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos” Nesse contexto, a autotutela envolve dois aspectos da atuagao administrativa: legalidade: em relagdo ao qual a Administrago procede, de oficio ou por provocagao, 2 anulacéo de atos jlegais; ¢ mérito: em que reexamina atos anteriores quanto a conveniéncia e oportunidade de sua manutencdo ou desfazimento (tevogaco). Quanto a0 aspecto da legalidade, conforme consta na Lei 9.784/1999, a Administragio deve anular seus préprios atos, quando possuirem alguma ilegalidade. Trata-se, portanto, de um poder- dever, ou seja, uma obrigagao. Dessa forma, o controle de legalidade, em decorréncia da autotutela, pode ser realizado independentemente de provocagao, pois se trata de um poder- dever de oficio da Administracao. Todavia, no Brasil vigora o principio da inafastabilidade de tutela jurisdicional (sistema de jurisdig&o Unica), segundo 0 qual a lei ndo afastaré do Poder Judiciario lesdo ou ameaca a direito (CF, art. 5%, XXXV). Assim, 0 controle de legalidade realizado pela prépria Administrac&o Publica nao afasta a competéncia do Poder Judiciario de controlar a legalidade dos atos piiblicos. A diferenga, no entanto, 6 que a Administragao pode agir de oficio, enquanto o Poder Judiciario 86 atuaré mediante provocacio. fa ao controle de ato: A Administracao nao se li .gais, pois poderé retirar do mundo juridico atos valides, porém que se mostraram inconvenientes ou inoportunos. Nesse caso, nao estamos mais falando de controle de legalidade, mas de controle de mérito. Dessa forma, apés 0 juizo de valor sobre a conveniéncia e oportunidade, a Administragéo poderé revogar o ato. Aqui reside uma segunda diferenca da autotutela para o controle judicial, pois somente a prépria Administraco que editou o ato poder revogé-lo, no podendo o Poder Judiciario anular um ato vélido, porém inconveniente de outro Poder. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Vale dizer, 0 Poder Judiciério poderé anuler um ato ilegal de outro Poder, porém néo poderé revogar um ato vilido. Isso ocorre porque o controle judicial enelisa os aspectos de leaslidade & legitimidade, mas ndo pode se imiscuirno administrative. ‘Cumpre frisar, no entanto, que o controle judicial faz parte da fungéo que ocorrera, por exemplo, quando esse Poder anula um ato administrativo do Poder Executivo. Contudo, quando estiver exercendo a sus funcdo atipica de administrar (funcao administrativa), 0 Poder Judiciério também podera revogar os seus préprios atos. Isso porque, nesse caso, estaré atuando como um érgéo administrativo e ndo como “Poder Judlicidrio”. Dessa forma, a autotutela é mais empla que o controle judicial em dois aspectos. Em primeiro luger, porque permite @ etuaglo, tanto na revogagio quanto na anulacéo, de oficio, ou seje, independentemente de provocagéo; enquanto a tutela jurisdicional prescupée necessariamente tal menifestacéo (principio da inércia). Em segundo lugar, porque somente na eutotutela é possivel revogar os atos administrativos. Autotutela need Legalidade Poderé anular seus atos, de oficio | Poderé anular, somente por ou por provocagao. provocacéo. Miérito Poderé revogar seus atos, de | Nao pode revoger. (conveniéncia _@ | offcio ou por provocagéo oportunidade A despeito de ser um poder-dever, nem sempre a anulacéo seré melhor alternative. Em alguns casos, © administrador devera anular os atos ilegais, salvo quando a sua retirada causar danos graves ao interesse piiblico, motivo que, considerando a sua supremacia, justifica a manutengéo do ato, desde que no se perca de vista a proporcionalidade entre o beneficio © prejuizo causados, além do principio da sequranca juridica.” Com efeito, a autotutela também encontra limites no principio da seguranga juridica e da estabilidade das relagdes juridicas. Assim, conforme consta no art. 54 da Lei 9.784/1999, 0 direito da Administragao de enular os atos administrativos de que decorram efeitos favoraveis para os destinatérios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salve comprovada mé-fé. Assim, apés ese prazo, 0 exercicio da autotutela se torna incabivel. 2.0 Poder Judicisrio, © os demais érgios de controle, ndo poderso invadir o mérito, ou soja, a conveniéncia © 2 oportunidade que cabe a0 gestor. Todavia, isso no impede o controle dos atos discricionérios, que poderso ser analisaclos sobre 0 prisma da legalidade e legitimidade. Assim, se um ato discriciondrio fugir da liberdade atribuida pela lel ao agente pablico, ou entdo se for realizado de forma desproporcional, poder o Poder Judiciario realizar 0 controle, anulando 0 ato. Dessa forma, ndo ocorreu revogacao, mas sim a anulagdo em virtude de 0 ato ocorrer fora dos pardmetros legais, ou seja, 0 ato née era valido. 2 Marinela, 2013, p. 64. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Finalmente, outra limitagio para a autotutela se refere a necessidade de oportunizer o contraditério e a ampla defesa, por meio de processo administrativo, as pessoas cujos interesses serao afetados negativamente em decorréncia do desfazimento do ato. Todavia, conforme ensina Lucas Rocha Furtado”, a necessidade de direito de defesa s6 ocorre nas hipéteses de atos individuais — definidos estes como os atos que afetam pessoa ou pessoas determinadas -, como a anulago da nomeago de uma pessoa aprovada em concurso. Nesse caso, a nomeaco é um ato individual, pois alcancou uma pessoa determinada. Para anular esse ato, devera ser oportunizado o contraditério ¢ a ampla defesa ao interessado, que poderé trazer argumentos para evitar o desfazimento do ato. Por outro lado, quando os atos forem gerais, como. a anulagdo de um concurso piiblico por motivo de vazamento de gabarito, nao se fala em direito de defesa. A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro apresenta um segundo significado do principio da autotutela. De acordo com a doutrinadora, a autotutela também se refere ao poder que a Administraco Publica possui para zelar pelos bens que integram o seu patriménio, sem necessitar de titulo fornecido pelo Poder Judiciério. Assim, ele pode, por meio de medidas de policia administrativa, impedir quaisquer atos que coloquem em risco a conservagao desses bens. Vamos resolver algumas questdes? (TRT 11 - 2017) A atuagSo da Administragao é pautada por determinados principios, alguns positivados em ambito. constitucional ou legal e outros consolidados por construgées doutrinarias. Exemplo de tais principios séo a tutela ou controle e a autotutela, que diferem entre si nos seguintes aspectos é através da tutela que a Administragdo direta exerce o controle finalistico sobre entidades da Administracao indireta, enquanto pela autotutela exerce controle sobre seus préprios atos. Comentarios: A assertiva esta correta. A tutela trata do controle finalistico exercido pela Administragao direta sobre a indireta, ou seja, trata-se de um controle que tem o objetivo de verificar 0 cumprimento das finalidades legais das entidades administrativas. Por outro lado, a autotutela trata do controle : % Furtado, 2012, p. 114, FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 da administraco sobre os seus préprios atos, permitindo realizar @ anulagdo ou revogagéo, conforme 0 caso. 36 rincipio da motiva¢ao A motivago representa que 0 administrador deve indicar os fundementos de fato e de direito que 0 levam a adotar qualquer deciséo no ambito da administragao publica, demonctrando a correlagao logica entre a situago ocorride e as providéncias adotades. Dessa forma, a motivacdo serve de fundamento para examinar a finalidade, a legalidade © a morelidade da conduta administrativa. principio da motivacdo 6 decorréncia do Estado Democritico de Direito, determinando que os agentes piblicos, ao decidirem, apresentem os fundamentos que os levaram a tal posicionamento. Assim, apesar de no constar expressamente, ele decorre da interpretagéo de diversos dispositivos constitucionais.”* Conforme ensina Hely Lopes Meirelles,®* para 0 direito piblico a vontade do administrador irrelevante, pois o¢ seus desejos, ambicdes programas © atos néo possuem validade juridica se nao estiverem alicercadas no Direito e na Lei. Dessa forma, como ninguém esta obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senéo em virtude de lei, todo ato do Poder Publico deve trazer consigo a demonstrago da base legal e de seu motivo. As discussdes doutrinérias deixam dividas sobre a necessidade ou néo de motivar todos os atos administrativos. Alguns doutrinadores” entendem que, em alguns atos administratives, oriundos do poder disericionario, a justificagéo sera diepensavel, bastando demonstrar a competéncia e a conformagio do ato com o interesse publico. Contudo, 0 posicionamento da doutrinéria majoritaria ¢ da jurisprudancia, no é esse. A professora Marie Di Pietro essevera que a obrigatoriedade de motivar ce justifica em qualquer tipo de ato, pois se trata de formalidade necesséria para permitir o controle de legelidade dos atos administrativos. No mesmo sentido, Lucas Rocha Furtado” ensina que todos os atos administrativos devem ser motivados, sejam eles discricionérios ou vinculados, com uma tinica Para o Poder Judiciario, todavia, este principio consta expressamente no inc. X, at. 93— que também se aplica {20 Ministério PGblico por determinac3o do art. 129, §4°— que determina que as “decisdes administrativas dos tribunais serdo motivadas e em sesso publica, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros". Para concursos, contudo, vale a regra geral: 0 principio da motivagao ¢ implicto. 2 Meirelles, 2013, p. 106. 2 e.g. Meirelles, 2013, p. 107. 2 Dj Pietro, 2014, p. 82. ® Furtado, 2012, p. 104. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa excegao, que é a exoneracao de ocupante de cargo em comissio, conhecida como exoneragao ad nutum, uma vez que possui tratamento constitucional proprio”. Na mesma linha, 0 STJ entende que o motivo é requisito necessario a formacio do ato administrativo, sendo que a motivacao é obrigatéria 20 exame da finalidade e da moralidade administrative.” Com efeito, a Lei 9.784/1999 determina que a “indicagSo dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisio” é um dos critérios aplicéveis a0 processo administrative (art. 2°, paragrafo Unico, VIl). Além disso, “os atos administrativos deverao ser motivados, com indicac&o dos fatos e dos fundamentos juridicos” (art. 50). Em seguida, a Lei dispde que os atos administrativos devem ser motivados quando: | - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sangées; Ill - decidam processos administratives de concurso ou sele¢ao publica; IV- dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatorio; V- decidam recursos administrativos; VI- decorram de reexame de oficio; VII - deixem de aplicar jurisprudéncia firmada sobre a questio ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatérios oficiais; vill Segundo a Lei de Processo Administrative, a motivagao deve “ser explicita, clara e congruente, istic em declarac pareceres, informagées, decisdes ou propostas, que, neste caso, serdo parte integrante do ato” (art. 50, §1°). Nesse caso, percebe-se a possibilidade da motivacao aliunde, que é realizada pela mera referéncia, no ato, a pareceres, informacées ou propostas anteriores.” Por exemplo: em um % Art. 37. [..]I-a investidura em cargo ou emprego publico depende de aprovacao prévia em concurso pil [...] ressalvadas as nomeages para cargo em comissao declarado em lei de livre nomeagao e exoneragao; 3" STJ, AgRg no RMS 15.350/DF: "1. O motivo é requisito necessério 8 formacao do ato administrativo e a motivacao, alcada a categoria de principio, é obrigatéria ao exame da legalidade, da finalidade ¢ da moralidade administrativa”. % A motivacdo aliunde é aceita pela doutrina (Meirelles, 2013, p. 108) e também na jurisprudéncia (STF, MS 25518/DF). FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 proceso administrativo foi emitide um parecer juridico sobre determinado assunto; ac decidir, a autoridade no precisa “copiar” todo o contetido do parecer em sua motivago, bastando a mera mengo do parecer como fundamento de sua deciséo (isso se @ autoridade concordar com 0 contetido do parecer). A Lei dispée ainda que, “na solugao de varios assuntos da mesma natureza”, poderé ser utilizado meio mecdnico que reproduza os fundamentos das decisées, desde que isso n&o prejudique direito ou garantia dos interessados (art. 50, §2°) Por fim, @ motivagéo das “decisées de érgaos colegiados @ comissées ou de decisdes orais” devera constar da respective ata ou de terme escrito (art. 50, §3°). juidade do servico publico Pelo principio da continuidade, os servigos piblicos devem ser prestados de maneira continua, ou seja, sem parar. Isso porque & justamente pelos servicos pibblicos que o Estado desempenha suas fungées essenciais ou necessérias & coletividade. Segundo Carvalho Filho, a “consequéncia légica desse fato 6 a de que ndo podem os servigos publicos ser interrompides, devendo, ao contrério, ter normal continuidade”. Em que pese a aplicacao desse principio seja principalmente na prestagio de servigos piblicos, ele ce aplice a qualquer atividade administrativa. Nessa linhe, a paralisagao da Administragao em suas atividades administrativas internas também pode trazer prejuizos ao interesse publico. laria Sylvia Zenella Di la continuidade:* Pietro apresenta as seguintes conzequéncias do principio ) proibigdo de greve dos servidores piblicos - essa ndo é mais uma proib ibsoluta, uma vez que o art. 37, Vil, determine que “o direito de greve serd ercido nos termos e nos limites definidos em lei especifica”; ) necessidade de institutos como a supléncia, a delegaggo e a substituico para reencher as fungées piblicas temporariamente vagas; ® DiPietro, 2014, pp. 71-72. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Ec) impossibilidade, para quem contratada com a Administracéo, de invocar a clausula da excecao do contrato no cumprido (exceptio non adimpleti contractus) nos contratos que tenham por objeto a execucao de servico puiblico [na verdade, ndo temos uma impossibilidade, mas uma limitacdo. Por exemplo, a Lei 8.666/1993 determina que o particular devera continuar a cumprir © contrato, mesmo apés um atraso de até 90 (noventa) dias nos pagamentos devidos (art. 78, XV) ) faculdade que se reconhece & Administracéo de utilizar os equipamentos e | instalagdes da empresa com que ela contrata, para assegurar a continuidade do Outra situago que demonstra a aplicagao do principio da continuidade dos servicos publicos é a possibilidade de reversdo dos bens necessarios 8 prestago dos servigos publicos nos contratos de concessfo ou permissio. Isso significa que os bens que as delegatérias de servicos publicos utilizam na prestagao dos servigos sera, ao término do contrato, incorporados ao patriménio da ‘Administraco Publica, realizando-se a devida indenizagao daqueles que ainda nao amortizados. A continuidade dos servicos publicos guarda relagao com o principio da supremacia do interesse publico, pois pretende que a coletividade nao sofra prejuizes em razio de eventuais interesses particulares. Também guarda relagZo com o principio da eficiéncia, pois um dos aspectos da qualidade dos servicos piiblicos é justamente que eles nao sofram solucao de continuidade. Por essa razio, acaba limitando, em algumas hipéteses, os direitos individuais, buscando assegurar © interesse maior da coletividade. Nesse sentido, vale trazer a situagao do exercicio do direito de greve pelos servidores pil eficdcia limitada e que, portanto, nao poderia ser exercida enquanto nao fosse editada a lei especifica prevista no art. 37, Vil. Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal, a0 julgar os jun¢3o 670-ES, 708-DF e 712-PA, decidiu pela aplicacSo da Lei 7.783/1989 — que regulamenta o direito de greve dos trabalhadores — suprimindo temporariamente @ omisséo legislative. Com isso, os servidores publicos passaram a poder exercer o seu direito constitucional mente, o STF entendia o direito de greve era norma de mandatos de Atualmente, no entanto, ha mui ito de greve de determinadas categorias, sobretudo aquelas consideradas essenciais. © STF j4 chegou a afirmar que determinadas categorias seriam privadas do direito de greve, como as que exercem atividades relacionadas com a manutengao da ordem publica e a seguranga piiblica, a administragdo da Justiga, as carreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegaveis, inclusive as de discussio em relagéo ao di FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 exagao tributaria, e a saude publica*. Contudo, esse tema ainda nao foi discutido de forma mais aprofundeda no STF. Em relagdo aos policiais civie, porém, o entendimento ja esta consolidado na linha de que o dirsito de greve é inconstitucional. Nessa linha, entendeu o STF que 0 exercicio do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis ¢ a todos os servidores publicos que atuem diretamente na drea de seguranga piblica.®* Vale lembrar que os militares em geral jé nao possuem direito de greve, por expressa disposigéo da Constituig&o Federal (art. 142, § 3°, IV). Com isso, tanto os policiais civis como os policiais militares nao podem exercer o direito de greve. Ainda em relagao a0 direito de greve e ao principio da continuidade, o STF também jé firmou o entendimento de que @ administragéo publica deve proceder ao desconto dos dias de paralisagdo decorrentes do exercicio do direito de greve pelos cervidores piblicos, em virtude da suspense do vinculo funcional que dela decorre, permitindo, todavia, a compensago em caso de acordo. Essa regra do desconto, contudo, n&o se aplica quando ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilicits do Poder Piblico, a exemplo do atraso no pagamento da remuneracéo dos servidores.** Em resumo, podemos dizer 0 seguinte: } em regra, os servidores possuem direito @ greve, nos termos da legiclagao plicével eos trabalhadores; ) os militares no possuem direito @ greve, conforme expressamente dispde a ‘onstituigéo Federal (CF, art. 142, IV); ) 08 policiais civis so equiparados, em relaco ao direito de grave, aos policiais militares, sendo vedade © dirsito de grove (ARE 654.432/GO; Rel 11246 \gR/BA); ) uma ver iniciada a greve, a Administragao deve proceder ao desconto dos dias isago, permitindo-se a compensagde de horario; porém, o desconto seré reve decorreu de conduts ilicita do poder publico (RE 693.456/RJ). Além disso, principio da continuidede jé foi invocedo pelo Tribunal de Contas da Unido, que, ao identificar falhas em procedimento licitatério utilizado para contrater determinada empresa pare prestar servigos essenciais & Administragao Piblica, optou por determinar que 0 érgao realizasse nova licitacdo, sem fixar, no entanto, prazo para que 0 érgio anulasse o contrato. Com isso, o TCU 3 STF: Rel 6.568-SP. 5 ARE 654,432/GO. Vide também a Rel 11246 AgR/BA. % RE 693.456/RJ, 27.10.2016. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa permitiu que fosse dada continuidade aos servicos durante o periodo estritamente necessario para a realizaco da nova contratagio”. Além disso, © principio da continuidade relaciona-se com o dever do dever piiblico de manter o equilibrio econémico-financeiro dos contratos administrativos. No meio privado, os contratos somente podem ser alterados por acordo das partes. Nos contratos administratives, por outro lado, a Administragéo pode realizar alteragées unilaterais, ou seja, mesmo sem concordancia prévia da outra parte. Contudo, essas alteracées nde podem modificar 0 equilibrio econémico- financeiro do contrato — por exemplo: se o contratado ia receber R$ 100,00 pelo fornecimento de 10 unidades de um produto; devera receber R$ 120,00 se as quantidades forem alteradas para 12, mantendo © equilibrio financeiro inicial. Se a Administragao pudesse alterar unilateralmente o equilibrio-financeiro, o contratado poderia sofrer prejuizes, tornando insustentavel a continuidade da prestacio do servigo. Dai a aplicagao do principio da continuidade do servigo publico. Todavia, a continuidade nao possui carater absoluto, existindo situagdes em que é possivel a paralisagdo temporaria dos servigos publicos. Eventualmente, o servigo podera ser paralisado temporariamente para reparos técnicos ou para a realizagdo de obras de expenséo e melhorias dos servicgos. > Nesse sentido, a Lei 8.987/1995 prescreve que nao se caracteriza como descontinuidade do servigo a sua interrupgao em situacko de emergéncia ou, apés prévio aviso, quando: (a) motivada or razSes de ordem técnica ou de sequranca das instalacdes; (b) por inadimplemento do usuario, considerado o interesse da coletividade (art. 6°, §3°). Dessa forma, é plenamente possivel a suspensio de servigo por falta de pagamento de fatura, mas que deverd ser restabelecido tao logo © débito seja quitado. Vamos resolver algumas questdes de provas. (TRE PE - 2017) ® Acérdo 57/2000-TCU-Plenario: "3. Acerta, a meu ver, a unidade instrutiva ao propor que o Tribunal determine 3 ICC a imediata realizacao de procedimento licitatério para a supressdo da impropriedade acima referida e, a0 mesmo tempo, sugerir a continuidade da execucdo dos servicos por parte da atual prestadora. Essa solucdo parece-me consenténea com o principio da continuidade do servico piiblico, que nao permite a interrupgao dos servicos referidos, necessarios & preservacao do patriménio publico". Veja também: Furtado, 2012, p. 113. % Carvalho Filho, p. 38, 2017. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 O principio de continuidede dos servigos publicos 2) afesta a possibilidade de interrupgéo, einda que se trate de sistema de remunerago por tarifa no qual 0 usuario dos referidos servigos esteja inadimplente. b) diz respeito, apenas, a servigos pibblicos, no alcangando as demais atividades admi ¢) torna ilegal a greve de servidores piiblicos. d) tem relacao direta com os principios da eficiéncia e da supremacia do interesse publico. 2) impede a parelisacéo, since que a justificative desta seja o aperfeicoamento des atividaces. Comentarios: 1) a legislagao permite a interrupgao dos servigos por falta de pagamento da tarifa da prestacéo. dos servigos. Nesse caso, prevalece o interesse piiblico em detrimento do interesse privado, pois s¢ no fosse possivel a interrupgao do servico por inadimpléncia, consequentemente o custeio dos servigos podria ser tornar invidvel pele felta de pagemento de varios usuérios - ERRADA; b) © principio aplica-se predominantemente aos servigos piblicos, porém alcanga todas as idedes administrativas, j4 que @ interrupcao destes também afeta o interesse piblico - ERRADA; 6) 2 greve dos cervidores publicos néo é, em Constitui legal, poi se trata de um direito acsegurado na fo Federal. A falta de regulamentacéo especifica, entretanto, fez o STF determinar a aplicago das normas privadas acs servidores piblicos, até que o Poder Legislative elebore a norma correspondent. Porém, ressalva-se que algumas categorias néo podem exercer o direito de greve, seja por expressa previséo constitucionel (militares), ou por entendimento do STF (policiais civis, categories de seguranga piiblica) - ERRADA; d) o principio da continuidade tem relacéo com o principio da supremacia, pois deve prevalecer o interesse piblico em detrimento do interesse privado da empresa ou do agente que pretende paralisar a sua prestagéo; e também tem relagdo com o principio da eficiéncia, pois a qualidade do servico € diretamente ligada a sua prestacdo continuada - CORRETA; 2) © principio nao é absoluto, uma vez que pode ocorrer @ paralisagdo temporaria, seja por manutengo ou aperfeicoamento do servigo, ou ainda em virtude de inadimpléncia no pagamento da fatura - ERRADA. 3.8 - Principio do contraditério e da ampla defesa © principio do contraditério © da empla defesa decorre do art. 5°, LV, da Constituicéo Federal, que determina que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditério ¢ ampla defesa, com os meios ¢ recursos a ela inerentes”. Além disso, eles constam expressamente no caput do art. 2° da Lei 9.784/1999. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Conforme ensinamentos de Ada Pellegrini Grinover,2” a Constituigao estende as garantias a todos 08 processos administrativos, cejam eles punitives, caso em que estaremos falando dos acusados, ou no punitives, quando os envolvides s8o apenas litigantes. Em sintese, 0 principio do contraditério e da ampla defesa deve ser aplicado tanto em processos punitives quanto nos néo punitivos. © contraditério e a ampla defesa estdo intimamente relacionados com © principio do devido processo legal. Na verdade, alguns autores os consideram eles subprincipios deste. O devido processo legal esté previsto na CF, art. 5°, LIV, nos seguintes termos: “ninguém seré privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". Por esse principio, a autoridade administrativa deve atuar, material e formalmente, nos termos que o direito determinar, impedindo que 0 processo de deciso do Poder Publico ocorra de maneira arbitraria® Dessa forma, consagra-se a exigéncia de um processo formal e regular, realizado nos termos de previsio legal, impedindo que a Administragéo Publica tome qualquer medida contra alguém, atingindo os seus interesses, sem Ihe proporcionar o direito ao contraditério e a ampla defesa. © contraditério se refere ao direito que o interessado possui de tomar conhecimento das alegagdes da parte contréria e contra eles poder se contrapor, podendo, assim, influenciar no convencimento do julgador. A ampla defesa, por outro lado, confere ao cidadao o direito de alegar e provar 0 que alega, podendo se valer de todos os meios e recursos juridicamente validos, vedando, por conseguinte, o cerceamento do direito de defesa. Decorre da ampla defesa o direito de apresentar os argumentos antes da tomada de decisao; de tirar cépias do processo; de solicitar produgao de provas; de interpor recursos administrativo, mesmo que nao exista previsdo em lei para tal ete. Por fim, a ampla defesa abrange também o direito & defesa técnica. Contudo, em processos administrativos, cabe ao interessa decidir se precisa ou néo de defesa técnica, conforme entendimento do STF constante na Stimula Vinculante n° 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar néo ofende a Constituicéo” AIO ® Grinover, apuc Meirelles, 2013, p. 109. * Marinela, 2013, p. 51 FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Em processo administrativo disciplinar, nao é obrigatéria a defesa técnica por advogade. Vejamos como esses principios s8o exigidos em proves. (Camara de Salvador — BA/2018) Proceso administrative @ um conjunto concatenedo de atos edministrativos sequenci respeitada 2 ordem legel, com uma finalidede especifica que no confronte com o interesse pilblico, ensejando a pratica de um ato final. Como corolério do principio de ampla defeca vigente no processo administrativo, tem-se a defesa técnica, que é exercida pela imprescindivel presenga de advogade no processo administrative disciplinar, sob pene de nulidede. Comentar Conforme enunciado da Simula Vinculante ° 5 do STF, a “falta de defesa técnica por advogado no processo administrative disciplinar néo ofende @ Conctituiggo”. Logo, # defeca por advogado nao ¢ indispencével, motivo pelo qual a questo esté errade. Gabarito: errado. 3.9 - Principio da especialidade O principio de especialidadle reflete a ideia de descentralizagao administrativa, em que se criam ‘entidades para o desempenho de finalidades especificas. Decorre, ademais, dos principios da legalidade e da indisponibilidade do interesse piiblico. Nessa linha, vale dizer que @ Constituicao Federal exige ediclo de lei especifica para a criagdo ou autorizacao de criacao das entidades da Administracao Indireta (art. 37, XIX). Nesse caso, a lei devera apresentar as finalidades especificas da entidade, vendando, por conseguinte, 0 exercicio de atividades diversas daquelas previstas em lei, sob pena de nulidade do ato @ punico dos responsaveis. Embora tenha sido criado inicialmente para as autarquias, uma das espécies de entidades administrativas, 0 principio aplica-se modernamente @ todas es pessoas administrativas que integram a Administragéo Piblica Indireta (autarquias, fundacées piblicas, empreses publicas & sociedades de economia mista), FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa 10 — Principio da seguranga juridica e protegao a confianga O principio da seguranga juridica, também conhecido como principio a confianga legitima, é um dos subprincipios basicos do Estado de Direito, fazendo parte do todo e, portanto, trata-se de um dos mais importantes principios gerais do Direito. ema constitucional como um Ele tem por objetivo assegurar a estabilidade das relagdes juridicas j4 consolidadas, considerando a inevitavel evolug&o do Direito, tanto em nivel legislativo, jurisprudencial ou de interpretacao administrativa das normas juridicas. Tal principio mostra-se, sobretudo, no conflito entre o principio da legalidade com a estabilidade das relagées juridicas consolidadas com o decurso do tempo. Muitas vezes, anular um ato apés varios anos de sua pratica podera ter um efeito mais perverso do que a simples manutengo de sua ilegalidade. Trata-se de um principio com diversas aplicagdes, como a protegao ao direito adquirido, o ato juridico perfeito e a coisa julgada. Além disso, ¢ fundamento da prescrigao e da decadéncia, evitando, por exemplo, a aplicagdo de sangdes administrativas varios anos apés a ocorréncia da irregularidade. Ademais, o principio @ base para a edigao das simulas vinculantes, buscando pér fim a controvérsias entre os érgaos judiciarios ou entre esses e a administragéo publica que acarretem "grave inseguranga juridica e relevante multiplicagao de processos sobre questéo idéntica” (CF, art. 103-A, §1°). O principio da seguranga juridica possui previséo no art. 2°, caput, da Lei 9.784/1999". Além disso, © inciso XIll, do paragrafo Gnico, do mesmo artigo, determina que a Administraclo Publica deve obedecer ao critério da “interpretagao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim publico a que se dirige, vedada aplicagao retroativa de nova interpretaco”. Nao se busca evitar que a Administragio evolua e, por conseguinte, modifique o seu entendimento sobre as normas. Na verdade, deseja-se evitar que esse entendimento seja aplicado de forma retroativa, alterando as decisées jé tomadas. Assim, a nova interpretagéo dever ser aplicada somente aos casos futuros. Segundo Di Pietro, a seguranca se relaciona com a ideia de boa-fé. Caso a Administragéo adote determinado entendimento como correto, aplicando-o ao caso concreto, néo pode depois vir a anular atos anteriores, sob 0 pretexto de que eles foram praticados com base em errénea * Art. 2° A Administragio Publica obsdecera, centre outros, 20s principios da legalidade, finalidade, motivago, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditério, sequranca juridica, interesse piblico e eficiéncia. (g.n.) FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 interpretac&o. Busca-se, assim, que os direitos dos administrados nao fiquem flutuando conforme a variagéo de entendimentos da Administragéo ao longo do tempo. Ademais, a doutrina costuma diferenciar os principios da seguranca juridica da protegao & confianga. © primeiro trate do aspecto objetivo do conceito, indicando a inafastabilidade da ‘estabilizagéo juridica; o segundo, por sua vez, trata do aspecto subjetivo, que refiete o sentimento do individuo em relagéo aos atos que possuem presungéo de lagitimidade e de aparéncia de legalidade.® Vale dizer, 0 aspecto subjetivo (protegéo confianca), trata da boa-fé que os indivicuos possuem ao crer que os atos estatais foram praticados conforme a lei Estabilidade das relacdes juridicas Protecéo a confianca - Relacionado Subjetivo boa-fé do administrado perante a administracao Nesse contexto, vale analisarmos o contetido do art. 54 da Lei 9.784/1999, que dispSe que o “direito da Administragao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favordveis para os destinatérios deeai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada ma-fé". Tal regra, conjuga simultaneamente o aspecto do tempo e da boa-fé. Primeiro porque a estabilizacéo juridica surge pelo decurso do tempo (seguranca juridica), mas também depende do aspecto subjetivo: a boa-fé do beneficiério do ato (proteco a confianca). Dessa forma, evita-se que a Administragéo, por meio de exercicio da autotutela, anule atos administrativos apés cinco anos contados da data em que foram realizados, excepcionando os cacos de comprovada ma-fé. Necces casos, buscando estabilizar as relagSes juridicas, flexibilize-se © principio da legelidade convelidando atos viciados. ‘Com base nos postulados da seguranca juridica ¢ da protegio a confianca, © STJ jé firmou o ‘entendimento de que é incabivel a devolucéo de parcelas remuneratérias percebidas de boa-fé , mas que a dacisdo que fundamentou © pagamento venha a ser desfeita por s@ considerar que foi adotade em virtude de errénea ou inadequada interpretagéo da lei. Vele © Carvalho Filho, 2017, p. 38. 8 RESp 1.244.182/PB, de 10/10/2012; o Tribunal de Contas da Unio possui entendimento semelhante, porém com exigéncia de erro escusavel na interpretagao de lei, conforme Simula TCU 249: “F dispensada a reposi¢ao de importincias indevidamente percebidas, de boa-té, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusavel de interpretacao de lei por parte do érgao/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em funcao de orientagao e supervisao, a vista da presuncao de legalidade do ato administrative e do carster alimentar das parcelas salariais". Por fim, segue © mesmo sentido a Simula Administrativa 24 da AGU: FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa dizer: a admit istraco tinha um entendimento sobre a matéria, mas depois mudou a sua sterpretacdo — nesse caso, o agente piblico nao tera que devolver aquilo que ja percebeu, mas no continuara percebendo a vantagem daquele momento em diante. Em termos mais simples: 0 que passou, passou! Além disso, o principio da seguranca juridica, no aspecto subjetivo (protecao a confianga), se aplica na preservagao dos efeitos de um ato administrativo nulo, mas que tenha beneficiado terceiros de boa-fé. O exemplo classico ocorre quando uma pessoa 6 aprovada em concurso publico para © qual se exigia curso superior. Posteriormente, a pessoa é empossada e passa a expedir autorizagées de anuéncia de entrada de produtos importados no Brasil. Contudo, alguns meses depois, constata-se que a pessoa nao possuia o curso superior, fazendo com que sua nomeagao seja anulada. Nesse caso, nao faria sentido anular todas as anuéncias expedidas pelo agente piblico investido irregularmente, uma vez que 0 ato foi praticado com aparéncia de legalidade e as pessoas beneficiados sequer tinham ideia de que o agente nao estava legalmente investido no cargo. Nessas situagdes, 0 principio da seguranca juridica fundamenta a preservacio dos efeitos do ato que tenham atingido os terceiros que agiram de boa-fé, ou seja, aqueles que agiram dentro. da legalidade e que nao faziam ideia da ilicitude presente na investidura do agente. Vamos resolver mais uma questéo?! (STJ - 2018) Em decorréncia do principio da seguranca juridica, ¢ proibido que nova interpretagao de norma administrativa tenha efeitos retroativos, exceto quando isso se der para atender o interesse piblico. Comentarios: Na verdade, o principio da seguranga juridica veda a aplicagao retroativa de nova interpretagao. Isso no significa que ele vede a evolucao da interpretagdo, uma vez que, no direito, é muito comum a mudanga de entendimentos conforme os acontecimentos da sociedade. O que se veda 6 que essa nova interpretagio volte no tempo. Por isso, © novo entendimento vale do momento em que ele for proferide em diante. Nessa linha, o item esta incorreto, pois nao se pode alegar 0 interesse pUblico para voltar no tempo com a interpretagao. Por exemplo: se a administragao. mudar o entendimento sobre o pagamento de um beneficio, “voltar no tempo” pode atender 20 a repeticao os valores recebidos de boa-fé pelo servidor pablico, em decorréncia de errénea ou inadequada interpretaggo da lei por parte da Administragao Publica”, FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 piiblico, pois isso representaria « devolugéo de dinheiro jé pago. Contude, isso fere o principio da seguranga juridica (tanto no aspecto objetivo como subjetivo). Gabarito: errado. 3.11 - Outros principios Principio da hierarquia: trata de relago de coordenagéo e de subordinagfo presente na administrag’o. Assim, como regra, © subordinado deve cumprir as ordens emanadas de seus superiores hierarquicos. Alam disso, representam aplicagéo do poder hierarquico a possibilidade do rever os atos dos subordinados; delegar @ avocar“* atribuigdes; punir os subordinados que cometam irregularidades, etc. Com efeito, esse 6 um principio tipico do exercicio de fungo administrativa. Logo, ndo sera um principio presente no exercicio das fungSes jurisdicional e legislative. A Prof. Maria Di Pietro ressalva, no entanto, que com o advento das siimulas vinculantes também pessou a existir uma relagéo de subordinagao hierérquica dos érgaos do Poder Judiciério ao Supremo Tribunal Federal, uma vez que este poder determinar que sejam emitidas noves decisées das demais instancias quando @ decisio anterior contrariar © enunciado da stimula vinculante. Esse mesma relagéo de subordinago ocorre também em decisdes proferidas nas ages diretas de inconstitucionelidade nas ages declaratérias de constitucionelidade. Principio da precaugao: decorre da ideia de que é preciso evitar a ocorréncia de catéstrofes antes, que elas ocorram, uma vez que muitos danos 280 de dificil reparaio quando ja consumados. Com isso, a Administragéo deve adotar conduta preventiva diante da possibilidade de danos ao ambiente ou a0 proprio interesse publico. Uma consequéncia desse principio é a inversdo do énus da prova diante de projetos que possam causar riscos & coletividade. Caberd ao interessado prover que © seu projeto € seguro para a coletividade, devendo a Administragao sempre avaliar a existéncia ou no de reais condigées de seguranca. Principio da presungae de les idade ou de veracidade: a presungao de legitimidade significa que 0 ato foi praticado conforme a lei, a0 passo que a presungéo de veracidade significa que os fatos alegados para praticar um ato so verdadeiros. Por exemplo: quando um guarda aplica uma multe porque um motorista usava o celular enquento dirigia, presume-se que 2 multa foi licitamente aplicada (presunc&o de legitimidade) e que o fato alegado realmente aconteceu, ou seja, que a pessoa realmente usava o celular (presungio de veracidade). Eles so analisados como se fossem um inico principio, que, &s vezes, é também chamado de presungao de legalidade. Delegar é passar a parcela do exercicio de uma competéncia para terceiros; por outro lado, avocar é atrair para si uma compaténcia que originariamento seria de seu subordinado. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa A consequéncia desse principio é que os atos administrativos sero de execugéo imediata, ainda que o particular afetado nao concorde com o contetido do ato ou venha até mesmo a questionar a sua legalidade. Assim, enquanto nao for declarada a nulidade, 0 ato estaré apto a produzir os seus efeitos. Essa presungo, no entanto, é relativa (juris tantum), pois admite prova em contrario, mas ocorre a inversio do énus da prova, ou seja, o particular que tera que provar a ilegalidade do ato administrativo. Principio da sindicabilidade: significa que todo ato administrativo pode se submeter a algum tipo de controle. Vale lembrar que, no Brasil, vigora © principio da inefastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5°, XXXV), de tal forma que toda leséo ou ameaca de direito podera ser controlada pelo Poder Judiciario. Além disso, a sindicabilidade também abrange a autotutela, pois a propria Administracao pode exercer controle sobre os seus préprios atos, anulando os ilegais e revogando os inconvenientes e inoportunos. QUESTOES PARA FIXAGAO 1. (Cespe/MPE PI - 2018) Conforme o regime juridico administrative, apesar de assegurada a supremacia do interesse piiblico sobre 0 privado, a administragao publica é vedado ter privilégios nao concedidos a particulares. Comentarios A assertiva esté errada. A supremacia do interesse piblico fundamenta a existéncia das prerrogativas ou poderes especiais da Administragao Publica, caracterizando-se pela chamada verticalidade nas relagdes entre a Administragao e o particular. Sendo assim, esse € 0 principio que legitima a Administragao Publica a ter os privilégios nao concedides aos particulares, quando estamos diante de uma situaco na qual o objeto final é 0 interesse piblico. Assim, havendo conflito entre o interesse publico e os interesses particulares, deveré prevalecer o primeiro. 2. (Cespe/IPHAN - 2018) Maria tomou posse recentemente no IPHAN e ficou responsavel por desenvolver um projeto cujo objetivo era restaurar um acervo de pinturas pertencentes ao municipio do Rio de Janeiro e reformar uma drea especifica de um museu municipal, para a exposicao das pinturas restauradas. Essas pinturas possuem grande valor histérico, artistico FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 e cultural, consideradas pecas de grande raridade pelo estilo @ método de pintura utilizado. Essa restauragao 6 uma tarefa que somente pode ser realizada por técnico especializado, e ha no pais somente uma profissional habilitada para trabalho, Em relaga Dado © principio da legalidade, Maria, como funcionaria do IPHAN responsavel pelo projeto, 56 pode fazer o que lhe 6 permitido de forma expressa por legislacao pertinente. 1 988a situagdo hipotética, julgue o item a seguir. Comentérios A assertiva esté correta. Como servidora publica, Maria deve obedecer ao principio da legalidade, previsto na CF, art. 37. Assim, esté correta a afirmativa. Afinal, de acordo com esse prin: Administrago Pablica somente poder egir quando houver lei determinando ou autorizendo a sua atuagdo. 3. (Cespe/IPHAN - 2018) Mesmo pertencendo ao quadro da administragao indireta, 0 IPHAN deve obedecer aos preceitos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiéneia. Comentarios A assertiva esta correta. Por ser uma autarquia, o IPHAN pertence a administragio indireta © assim, se enquadra nos ditames da CF, art. 37, qual seja: a administraco piblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios obedeceré a0 principios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia 4. (Cespe/PGE PE - 2018) Considerando a doutrina e o entendimento jurisprudencial dos tribunals superiores acerca do regime juridico-administrativo @ do principio constitucional da legalidade na administragao publica, assinale a op¢ao correta. ) O principio da legalidade veda & administracéo a prética de atos inominados, embora estes sejam permitides aos particulares. b) Em vir ‘em lei e abster-se de atuar quando « lei proibir. tude do principio da reserva legal, a administracdo publica deve fazer o que esté prescrito ©) Autilizagéo de prove emprestada nos processos edministrativos disciplinares ofende o principio da legelidade. d) Apesar de estar submetida a legalidade estrita, « administracéo piblica poderé interpreter normas de maneire extensiva ou restritiva com relacéo aos dirsitos dos particulares quando néo ‘existir contetido legal expresso. 2) Aplica-se a teoria do fato consumado no caso de remogio de servider piblico para acompenher cénjuge em virtude de deci inda que a remogéo nao se ajuste & legalidade estrita FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Comentérios a) de acordo com o principio da legalidade, a Administragdo s6 poderé realizar os atos que possuem previsao legal. Ato “nominado” é aquele ato que possui previsdo em lei, estando apto a alcangar determinado fim. Por exemplo: para punir um servidor, a legislago “nomina”, entre outros, o ato de demissao. Logo, é vedado @ Administracao praticar atos inominados, isto é, atos sem previséo em lei. Por outro lado, ao particular, é possibilitado fazer tudo © que a lei nao proibe. Portanto, esta correta a afirmativa - CORRETA; b) ndo devemos confundir o principio da legalidade com o da reserva legal. O primeiro determina que a atuagéo administrative deve pautar-se na lei em sentido amplo, abrangendo qualquer tipo de norma, desde a Constituigao Federal até os atos administrativos normativos (regulamentos, regimentos, portarias etc.). Por outro lado, a reserva legal significa que determinadas matérias devem ser regulamentadas necessariamente por lei formal (lei em sentido estrito ~ leis ordinarias e complementares) - ERRADA; c) a admiss3o da prova emprestada homenageia o principio da eficiéncia, j4 consagrado pela CF, bem como do ponte de vista processual, essa admisséo vai ao encontro do principio da celeridade e economia processual. Ademais, conforme entendimento dos tribunais superiores, a prova emprestada nao ofende o principio da legalidade. Por fim, a utilizacao desse tipo de prova exige que a produco da prova original tenha ocorrido de forma licita e que seja concedido o contraditério e a ampla defesa - ERRADA; 4d) a interpretagao, em relagées a direitos, nao pode ocorrer de forma restritiva, ja que estaria limitando um aspecto definido em lei e, em regra, também nao pode ocorrer de forma ampliativa, em virtude da indisponibilidade do interesse publico - ERRADA; e) primeiro, precisamos ter em mente que a teoria do fato consumado seria um mecanismo de estabilizagdo de atos ou decisées, em casos excepcionais, nos quais a restauragao da estrita legalidade seria faticamente impossivel ou, ainda que possivel, causaria danos sociais de grande monta e irreparaveis. Em resumo, seria uma espécie de convalidacao da situaco pelo decurso de longo prazo. Logo, ainda que o fato fosse ilegal, em virtude do longo periodo de tempo, a Administracao no realizaria a anulacSo, por considerar que o fato “se consumou” pelo tempo. Todavia, tal teoria, em regra, nao se aplica quando o caso tomar por base decisdes judiciais de carater precério. Isso porque, nestas situacées, a parte interessada sabe que a questdo esta sendo discutida judicialmente e que, em qualquer momento, o Poder Judiciario podera cassar a decisao anterior. Nessa linha, o STJ ja entendeu que o fato consumado nao se aplica quando houver determinagio judicial, de carater precario, para remover servidor para acompanhar cénjuge (vide art, 36, Ill, “a”, da Lei 8.112/1990): "A “teoria do fato consumado" nao pode ser aplicada para consolidar remogao de | | servidor publico destinada a acompanhamento de conjuge, em hipdtese que nao se | FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 adequa @ legalidade estrita, ainda que tal situagao haja perdurado por varios anos em | _Wirtude de decisao liminar nao confirmada por ocasiao do julgamento de mérito.® Portanto, se © ato praticado 6 questionado pela Administragdo Pablice, que, desde o inicio defende que ele ¢ irreguler, ndo se deve aplicar @ teoria do fato consumado, mesmo que tenha transcorrido muitos anos. Nesce hipétese, verificada ou confirmede a ilegalidade, 0 ato devera ser desfeito, salvo se tiver havido uma consolidacao fética irreversivel - por exemplo: o érgéo néo. ‘existe mais na locelidade anterior, ei no terie como voltar a situago anterior — ERRADA. 5. (Cespe/PC MA - 2018) No exercicio do cargo, 0 servidor puiblico, quando decide entre © honesto e o desonesto, vincula sua decisao a) ética, b) impescoalidade. ©) conveniéncia. 4) eficiéncia. ©) legelidade. ‘Comentérios Vejamos o que indica o Cédigo de Etica Profissional do Servidor Pablico Civil do Poder Executivo Federal: il” O Servidor publico néo poderd jamais desprezar o elemento ético de sua conduta Assim, néo ter que decidir somente entre 0 legal e o ilegal, 0 justo 0 injusto, 0} conveniente e 0 inconveniente, 0 oportuno e o inoportune, mas principalmente entre o | honesto e 0 desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da’ Constituico Federal. i © préprio dispositive indica que, quando se tratar do elemento ético, tem destaque de portancia @ observagéo do critério honestidade. Assim, néo ha divides que, nesse contexto, 0 servidor vincularé sua deciséo & ética, 0 que nos dé 0 gabarito ‘A’. Vamos comentar as demais assertivas: b) em sintese, © principio da impessoalidade representa @ busce pela finalidade piiblica, o tratamento isonémico acs administrados, a vedagdo de promogio pessoal e a necessidade de declarar 0 impedimento ou suspeigio de autoridade que néo possua condig6es de julgar de forma igualitaria - ERRADA; © EREsp 1.157.628.-RJ, 7/12/2016 (Info 598). FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa ©) a conveniéncia deriva do poder discricionario da Administracio, que legitima o gestor publico a avaliar a conveniéncia e a oportunidade de praticar determinado ato administrative ~ ERRADA; d) a eficiéncia diz respeito a uma atuagao da administragao pllblica com exceléncia, fornecendo servigos publicos de qualidade & populagdo, com o menor custo possivel (desde que mantidos os padres de qualidade) e no menor tempo — ERRADA; ©) a legalidade indica que é defeso a Administragao fazer aquilo que nao estiver previsto em lei, ou seja, a Administragao s6 podera agir quando houver previséo legal - ERRADA. 6. (Cespe/Policia Federal - 2018) A administragao publica, além de estar sujeita ao controle dos Poderes Legislative e Judicidrio, exerce controle sobre seus préprios atos. Tendo como referéncia inicial essas informagées, julgue o item a seguir, acerca do controle da administracao publica. © Poder Judiciario tem competéncia para apreciar o mérito dos atos discricionarios exarados pela administragao publica, devendo, no entanto, restringir-se a anélise da legalidade desses atos. Comentarios A questao foi uma pegadinha! O Poder Judiciario nde pode apreciar mérite dos atos discricionarios. A banca colocou a pegadinha no final, dizendo que o Judi i & anélise da legalidade, mas o comego esta incorreto. Vou reforgar: o final esta certinho, mas nao ha anlise de mérito quando se analisa a legalidade, ou seja, ha uma contradic na prépria questo, o que a tornou errada io deve se restri Vale lembrar que ndo podemos confundir “discricionariedade” com mérito. A questo estaria cera se fosse redigida da seguinte forma: “O Poder Judiciério tem competéncia para apreciar os atos discricionarios exarados pela administragao publica, devendo, no entanto, restringir-se anélise da legalidade desses atos”. Ai estaria tudo certo. Porém, o mérito nao é passivel de controle judicial. 7. (Cespe/PM AL - 2018) Em respeito ao principio da publicidade, campanhas de érgaos ptblicos devem ser realizadas em carater informativo, educativo ou de orientagao social, nao podendo nelas constar imagens que possam configurar promogao pessoal de autoridades ou de servidores publicos, sob pena de violacao do principio da impessoalidade. Comentarios O art. 37, caput, da CF determina que, entre outros, aplicam-se & Administracao Publica os principios da impessoalidade e da moralidade. A impessoalidade subdivide-se em varias outras aplicagdes, como a finalidade pal ea vedago & promocio pessoal. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Nesse contexto, o art. 37, § 1°, da CF, estabelece que “a publicidade dos atos, programas, obras, servigos @ campanhas dos érgaos piblicos deveré ter caréter educativo, informative ou de orientagae social, dela n3o podendo constar nomes, simbolos ou imagens que caracterizem promogéo pessoal de autoridades ou servidores piiblicos”. Por conseguinte, o enunciado vai ao encontro do principio da impessoalidede, estando correta a afirmagao. 8. (Cespe/TCE PB - 2018) A administragdo publica pode anular © revogar os seus ates, independentemente de solicitagao ao Poder Judiciario. Esse poder-dever esta consagrado na ragéo publica pode declarar a nulidade dos Samula n.° 346 do STF, que afirma que a admi seus préprios atos, e na Simula n.° 473 do STF, que afirma que a administragéo pode anular 05 seus préprios ates, quando eivades de vicios que os tornem ilegais, ou revogé-los, por motivo de conveniéncia e oportunidade. O poder-dever descrito anteriormente corresponde ao principio da a) moralidade administrativa. b) supremacia do interesse pubblico. ©) autotutela. ) especialidede. ®) legalidade. Comentarios Claramente, estamos diante do principio da autotutela, o qual estabelece que a Administragéo Pablica possui © poder de controlar os seus préprios atos, anulando-os quando ilegais ou revogando-os quando inconvenientes ou inoportunes. Assim, a Administragao no precisa recorrer 20 Poder Judiciério para corrigir os seus atos, podendo fazé-lo diretamente. Ficamos, portanto, coma letra ‘C’, como gabarito. Vamos enalisar as demais alternatives: 2) © principio de morelidade imp&e que o administrador publico no dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em cua conduta. Dessa forme, além da legelidade, os atos administrativos devem subordinar-se 4 moralidade administrativa - ERRAD/ b) @ supremacia diz respeito ae prerogatives da Administragéo, quando em prol do interesse publico, esta em situagao de superioridade sobre os interesses do administrado - ERRADA; d) © principio da especialidade 6 aquele que busca assegurar que as entidades administrativas ‘ercero s atividades previstas em sua lei de criag&o ou autorizacfo. Isso porque nao pode um agente public, por mero ato administrative, mudar a finalidade de uma entidade administrativa. Por isso que @ lei de criago ou autorizacéo deve definir @ finalidade da entidede - ERRADA; FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa e) 0 principio da legalidade obriga a Administragdo a fazer apenas 0 que esta previsto em lei ERRADA; 9. (Cespe/STJ - 2018) A indicagio dos fundamentos juridicos que determinaram a decisio administrativa de realizar contratagao por dispensa de licitagae ¢ suficiente para satisfazer 0 principio da motivagao. Comentarios Os atos administratives que dispensem ou declarem a inexigibilidade de proceso licitatério deverao ser motivados com indicago dos fatos e dos fundamentos juridicos. Assim, a indicac3o dos fundamentos juri faticos (Lei 9.784/99, art. 50). Vale lembrar que, ainda que @ questo tenha cobrado tema de jtago, o item trata de forma geral sobre o principio da motivacio, uma vez que se exige a indicacio dos pressupostos de fato e de direito. A motivacao é a regra, porém existem atos que nao precisam de motivagao, como a exoneragao de ocupante de cargo em comissao. Logo, 0 item esta incorreto. icos nao é suficiente, sendo também necessério indicar os fundamentos 10. (Cespe/EBSERH - 2018) Ao conceder uma dilagao do prazo de execugao sem justificativa prevista em lei, a fiscalizagao contraria, entre outros, o principio da isonomia. Comentarios A assertiva esta correta. Uma das vertentes do principio da isonomia é justamente a vedagao a privilégios injustificados. Ademais, a legislagdo, os regulamentos e os instrumentos convocatérios (como os editais) buscam assegurar a isonomia, na medida em que estabelecem regras impessoais aplicéveis a todos. Logo, quando se concede uma dilagao de prazo para uma pessoa, sem previséo em lei, tal privilégio estaré ferindo a isonomia, uma vez que nao seria de conhecimento de todas as demais pessoas. 11, (Cespe/Policia Federal - 2018) O poder de autotutela tem fundamento, preponderantemente, nos principios da legalidade e da preponderancia do interesse publico e pode ser exercido de oficio quando a autoridade competente verificar ilegalidade em ato de propria administragao. Comentarios Essa é uma questo um pouco mais complicada. Com tranquilidade, podemos afirmar que o principio da autotutela decorre do principio da legalidade e, além disso, permite que a Administraco, de oficio, anule atos ilegais ou revogue os atos inconvenientes e inoportunos. Até aqui, tudo certo! O problema trata da parte sobre o principio da “preponderancia do interesse publico” FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 A doutrina fala em principio da preponderdnncia dos interesses no sentido de que os servigos de interesse nacional devem ser prestados ¢ regulamentados pela Unido; os de interesse regional devem ser prestados ¢ regulamentados pelos estados; por fim, os servigos de interesse regional devem ser prestados e regulamentados pelos municipios. Por esse critério, ndo ha nenhuma corregéo do principio com a autotutela. No entanto, se considerarmos que “preponderancia do interesse piblico” € sinénimo de supremacia do interesse pilblico ¢ que a supremacia fundamenta os poderes da Administragao, ‘ent podemos concluir que hé uma correc&o, ainda que pequena, entre o principio da autotutela ¢ 0 principio da supremacia. Aqui, entreria o poder de anular ou revoger os atos administrativas sem precisar do Poder Judiciério para isso. ‘Come © gabarito foi dado como certo, provavelmente foi esta a linha que © Cespe adotou, ou 2eja, @ autotutele decorre da legelidade (pois a Administragdo deve essegurar que seus atos sejam praticados conforme a lei) e da preponderancia do interesse piblico (no sentido da supremacia do interesse publica, jé que este ¢ um “poder” da Administragio). 12. (Cespe/Policia Federal - 2018) Um servidor publico federal determinou a nomeagao de se ico onde trabalha. Questionado por outros servidores, o departamento juridico de érgae emitiu parecer indicando que o ato de nomeagao 6 ilegal méo para ocupar cargo de confianca no érgao pull © principio da autotutela permite que o Poder Judiciério intervenha para apreciar atos administrativos que estejam supostamente eivados de ilegalidades. Comentirios A autotutela no se aplica ao Judici Publica. Logo, o item esté incorreto. io (exercendo a fungao jurisdicional), mas sit 13. (Cespe/Policia Federal - 2018) Decorrem do principio da reserva legal a exigéncia de que as entidades da administragao indireta sejam criadas ou autorizadas por leis espe: a de que, no caso das fundagées, leis complementares definam suas dreas de atuagao. icas @ Comentarios © principio da reserva legal significa que determinadas matérias dependeréo de lei formal, ou seja, s80 as matérias que devem ser disciplinades em leis ordinérias ou complementares. No caso, a criaglo de entidades administrativas depende de lei especifica para criar ou autorizar e, além disso, a érea de atuagéo das fundagSes puiblicas deve ser definida em lei complementar. Portanto, ‘© quesito também esta correto, FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa 14. (Cespe/IFF - 2018) Os atos da administragao publica devem obedecer nao somente a lei juridica, mas também a padrdes éticos. Tal caracteristica se refere ao principio da a) finalidade, uma vez que o administrador nao pode praticar um ato em interesse préprio. b) moralidade, sendo este pressuposto de validade de todo ato da administracao publica. @) legalidade, pois @ ago do administrador piblico esté condicionada acs mandamentos legais as exigéncias do bem comum. d) eficiéncia, conforme o qual a atividade administrativa deve apresentar resultados positives para © servico piblico e satisfatério para a coletividade. €) indisponibilidade do interesse publico, pois o funcionario publico deve cuidar dos interesses da coletividade com ética e em obediéncia a lei. Comentarios Vamos analisar as assertivas: a) © principio da finalidade imprime autoridade administrativa 0 dever de praticar 0 ato administrativo com vistas & realizagao da finalidade perseguida pela | no € este 0 caso que © enunciado da questo esta tratando — ERRADA; b) quando falarmos em algo ético, temos o principio da moralidade como referéncia, afinal o principio juridico da moralidade exige respeito a padrées éticos, de boa--fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade na pratica didria de boa administracéo - CORRETA; <)0 principio da legalidade, que é uma das principais garantias de direitos individuais, remete a0 fato de que a Administracio Publica s6 pode fazer aquilo que a lei permite, ou seja, s6 pode ser exercido em conformidade com © que é apontado na lei. A alternativa, de forma isolade, até esta certa, pois trata do conceito da legalidade. No entanto, a op¢lo no corresponde ao que pede o enunciado ~ ERRADA; ¢) © principio da eficiéncia exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeigao e rendimento funcional - ERRADA; ©) 0 principio da indisponibilidade do interesse ptiblico aponta que o administrador piiblico, no uso de cuas atribuigdes e em nome do interesse piblico, submete-se a um conjunto de restricées ¢ limitagdes, uma vez que ndo pode dispor dos interesses do povo - ERRADA. 15. (Cespe/TJ CE - 2018) Considerando 0 entendimento doutrinario e jurisprudencial acerca dos prineipios constitucionais e infraconstitucionais que regem a atividade administrativa, julgue os itens a seguir. | - Em obediéncia ao principio da legalidade, a vedagdo a prética de nepotismo no ambito da administragao publica 6 condicionada a edigéo de lei formal. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 I-A publicidade 6 condigo de eficacia dos atos administrativos, razéo pela qual pode caracterizer pratica de ato de improbidade administrative a desobediéncia ac dever de publicagéo de atos oficiais. Ill Viola © principio da isonomia a previsio de critérios discriminatérios de idade em certame de concursos pibblicos, ressalvados os casos em que a natureza das atribuicées do cargo justificar. IV -O principio da protegio de confianga legitima no autoriza a manutencéo em cargo piiblico de servidor piblico empossado por forca de deciséo judicial de caréter provisério posteriormente revista, ainda que decorridos mais de cinco anos da investidura no cargo. a)lell, b) Le lll o)lile IV. Alle. @)l, lev. Comentarios Vamos analisar cada uma das assertivas: | — para © STF, os préprios principios constitucionais vedam a pratica do nepotismo e, consequentemente, néo 6 preciso editar uma lei formal para a sua vedacéo. Por esse motivo, 0 STF julgou valide uma Resolucéo de CNJ que vedava © nepotismo e, no mesmo sentido, editou @ simula vinculante 13, entendendo que a vedacéo para e nomeagéo de perentes para cargos piiblicos fundamenta-se diretamente nos principios constitucionais - ERRADA; Il-em geral, a publicidade é fator de eficacia dos atos administrativos, ou seja, é condigéo pare o ato produzir os seus efeitos. Por exemplo: 0 prazo para a realizago de uma licitagao s6 comega a contar do momento da publicagéo do resume do instrumento convocatério. Ademais, é correto afirmar que negar publicidade de atos oficiais caracteriza ato de improbidade administrativa que atenta contra os principios da Administragao Publica (Lei 8.429/92, art. 11, IV) - CORRETA; Ill - Em regre, néo se admite o estabelecimento de critérios genéricos de discriminagéo em razio da idade, sob pena de ofender o principio da isonomia. Tais critérios comente podem ser estabelecidos quando limitacdo se justifique em face da natureza e das atribuigées do cargo a ser preenchido (Simula n® 683/STF) e haja previséo em lei. Portanto, a discriminacio pela idade deve ‘observer os principios da legalidade e da razoabilidade. Dai porque o quesito é certa (em regra, ha violagao, salvo compatibilidade com as atribuigées do cargo) - CORRETA; IVa teoria do fato consumade decorre da aplicagéo do principio de seguranca juridica e defends ‘a manutengéo de determinades situacdes apés 0 decurso de longo periode de tempo. No entanto, © STF entendeu que néo é compativel com o regime constitucional de acesso aos cargos publicos ‘a manutengdo no cargo, sob fundamento de fato consumado, de candidato nao aprovado em FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa concurso, mas que nele tomou posse em decorréncia de execucao proviséria de medida liminar ou outro provimento judicial de natureza precaria, que posteriormente foi revogado ou modificado. Explicando melhor: se um candidato é desclassifica de um concurso, mas consegue uma medida liminar para obter © provimento, ele ndo podera alegar o fato consumado se perder © proceso, ao final do julgamento. Isso porque © candidato ja tinha nogdo de que © provimento era precério, sujeito & revisdo ao longo do proceso judicial. Dai porque no se pode alegar fato consumado, principio da seguranca juridica ou protegao da confianca legitima para se manter num cargo cujo provimento decorreu de medida liminar'* ~ CORRETA Logo, os itens Il, Ill e IV esto certos. Desta forma o gabarito é a alternativa E 16. (Cespe/PGM Manaus - AM - 2018) O principio da juridicidade, por constituir uma nova compreensio da ideia de legalidade, acarretou o aumento do espago de discricionariedade do administrador publico. Comentarios A assertiva esta errada. © principio da juridicidade decorre de uma ampliaggo do conceito de legalidade. Segundo Di Pietro, por este principio, além da submissao a lei, além da submissdo lei, a Administragio deverd observar os principios constitucionais e demais atos normativos, aumentando a possibilidade de reviséo judicial de seus atos. Pela juridicidade, 0 controle judicial vai além do mero controle de legalidade, abrangendo todo o ordenamento juridico (leis, atos normativos, principios, etc). Consequentemente, a margem de liberdade da Administrago fica mais restrita. 17. (Cespe/STJ - 2018) Embora sem previsio expressa no ordenamento juridico brasileiro, © principio da confianga relaciona-se a crenga do administrado de que os atos administrativos serdo licitos e, portanto, seus efeitos serao mantidos e respeitados pela propria administragao publica. Comentarios A assertiva esta correta. Ela conceitua corretamente o principio da protecao a confianca, o qual 6 aplicado, por exemplo, para assegurar a validade dos atos praticados pelos agentes de fato perante terceiros de boa-fé. Conforme nos ensina Maria Sylvia Di Pietro, “no di iro ndo ha previsio expressa do principio da protec3o a confianga; pelo menos nao com essa designacao, © que no significa que ele ndo decorra implicitamente do ordenamento juridico. O que esta previsto expressamente é o principio da seguranga juridica”. ito brasil “ RE 608482, julgado em 07/08/2014, FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Assim, a protegéo & confianga, ou confianca legitima, trata do aspecto subjetivo do principio da seguranga juridica, representando 2 confienga que os perticuleres depositam na atuacdo da Administrago. Em geral, os particulares confiam nos agentes pilblicos, crendo da legalidade dos atos administrativos, dai porque nao podem ser prejudicados por uma ilegelidede que nao deram cause, 18. (Cespe/STJ - 2018) Situagao : © prefeito de determinado municipio promoveu campanha publicitaria para combate ao mosquito da dengue. Nos panfletos, constava sua imagem, além do simbolo da sua campanha eleitoral. Assertiva: No caso, ndo hd ofensa ao principio da impessoalidade. ‘Comenta A assertiva esta errada. O ato do prefeito representou clara afronta ao principio da impessoalidade, o qual proibe a utilizagao de cimbolos e imagens pectoais nos atos administrativos como forma de promover o egente piiblico. Tal vedagéo, inclusive, encontra-se expressa na Constituigao: Art. 37. [..] 1° A publicidade dos atos, programas, obras, servigos e campanhas dos | 6rgéos piiblicos deverd ter caréter educativo, informativo ou de orientagao social, dela | nao podendo constar nomes, simbolos ou imagens que caracterizem promogéo pessoal | de autoridades ou servidores puiblicos. ! Logo, houve ofensa ao principio da impessoalidade, no sentido da vedagdo & promogao pessoal. 19. _(Cespe/STJ - 2018) Em decorréncia do principio da seguranga juridica, é proibido que nova interpretagao de norma administrativa tenha efeitos retroativos, exceto quando isso se der para atender o interesse publico. Comentiérios A Lei 9.784/99 preceitua que, nos processos administrativos, deve ser adotada interpretagéo da norma administrative da forma que melhor garanta © atendimento do fim pilblico e que se dirige, sendo, contudo, expressamente vedada aplicacdo retroativa de nova interpretagao. Nem mesmo o interesse piblico pode excepcionar essa medida. Por exemplo: se a Administragéo alterar © seu entendimento sobre 0 pagamento de um beneficio, decidindo canceler os pagamentos até entdo realizados, ndo podera determinar a devoluglo do que ja foi pago. Note que a devolugéo atenderia ao interesse piblico, pois recursos ingressariam nos cofres piblices; no entanto, ndo seré legitima a exigéncia da devolucéo. Desta forma, a essertiva esta errada. 20. _ (Cespe/STJ - 2018) O principio da proporcionalidade, que determina a adequagao entre os meios ¢ os fins, deve ser obrigatoriamente observado no processo administrative, sendo FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa vedada a imposigdo de obrigacées, restrigdes e sangdes em medida superior aquelas estritamente necessérias ao atendimento do interesse puiblico. Comentérios O principio da proporcionalidade é um daqueles que se aplica ao processo administrative. Nessa linha, a Lei do Processo Administrativo dispde que processo administrative observara a adequaco entre meios e fins, vedada a imposicao de obrigagdes, restricbes e sangdes em medida superior aquelas estritamente necessérias ao atendimento do interesse publico (Lei 9.784/99, art. 2°, § nico, VI). Assim, a assertiva esta correta. 21. (Cespe/TCM BA - 2018) A administragao possui posigao de superioridade em relagao aos administratives, além de possuir prerrogativas e obrigagdes que nao sao extensiveis aos particulares. Além disso, os assuntos ptiblicos possuem preferéncia em relagdo aos particulares. Essas caracteristicas da administragao publica decorrem do principio da a) supremacia do interesse pilblico, previsto expressamente na legislac&o ordinaria. b) presungio de legitimidade, previsto implicitamente na Constituicio Federal e na legislag3o ordinaria. ©) supremacia do interesse ptlblico, previsto implicitamente na Constituiggo Federal e expressamente na legislacdo ordinari d) legalidade, previsto expressamente na Constituicao Federal e na legislago ordinaria. €) seguranca juridica, previsto expressamente na Constituiggo Federal. Comentarios ‘A questo foi bastante infeliz, pois possui uma série de imprecisdes. Vamos por partes! O primeiro problema é que ha um erro no enunciado ao mencionar “relac&o aos administrativos”, quando na verdade o avaliador queria dizer “relagio aos administrados". Isso, em si, néo chega a prejudicar a avaliagao da questdo. Além disso, outro problema é que, analisando as alternativas, somos forgados a concluir que a questo esta abordando o principio da supremacia do interesse publico. No entanto, o enunciado aborda as "obrigacdes que nao séo extensiveis aos particulares”, mas isso no é caracteristica do principio da supremacia, mas sim do principio da indisponibilidade. No entanto, em algumas questdes, o Cespe jé usou o prin da supremacia abordando genericamente tanto as prerrogativas como as obrigacées. Portanto, devemos lembrar que o principio da supremacia trata das prerrogativas, enquanto 0 da indisponibilidade trata das restricdes. Mas, genericamente, podemes colocar a supremacia abordando tanto prerrogativas como restrigdes. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Por fim, o terceiro e dltimo problema é que s banca usou 0 principio da supremacia, mas sé vamos conseguir chegar a um gabarito se adotarmos um principio que alguns autores consideram como sinénimo do principio da supremacia, que é © principio do interesse publico. Agora, vamos analisar as alternatives: 4) a accertiva esta correta se considerarmos que o principio do interesse pubblico esta localizado, expressamente, no art. 2°, da Lei 9.784/99. Todavia, a alternative C é 2 "mais completa”, considerando que alude a mesma informagéo desta assertive, somada ao fato de que tal principio std indirstamente previsto na Constituico Federal (o que ¢ verdade). Portanto, o item esta certo, mas infelizmente teremos que marcé-lo como errado para cheger ao gabarito - ERRADA; b) pelo principio de presungéo de legitimidade os atos presumem-se licitos, logo néo hé correlagéo. ‘com o enunciado - ERRADA; ©) © principio da supremacia do interesse piiblico sobre o interesse privado é principio geral de direito inerente a qualquer cociedade. E @ prépria condicéo de cue existéncia. Esta indiretamente previsto na CF, como, por exemplo, os principios da funcéo social da propriedade, da defeca do consumidor ou do meio ambiente (art. 170, incisos Ill, V, Vl) ou em tantos outros. Afinal, 0 principio em causa é um pressuposto ldgico do convivio social. Além disso, ja comentamos que a sua previso na lei ordinaria 6 edvinda do art. 2°, da Lei 9.784/99, como principio do interesse piblico. Por essas razdes, esta é a assertive correta, Tivemos que “forgar um pouco @ barra” pera cheger 120 geberito. Portanto, ezsa no ¢ uma boa questo pera revisar o tema, ja que foi mal elaborada - CORRETA; ) a legalidade osté oxpressamente prevista em ambos (Constituico @ legislacéo), todavia tal principio remete ao fato de que a Administracao Pablica s6 pode fazer aquilo que a lei permite, ‘ou seje, 86 pode ser exercido em conformidade com 0 que é epontado na lei ~ ERRADA; 2) © principio da segurenga juridica ou da estebilidade das relades juridices impede a desconstituigéo injustfieade de ator ou situagdee juridicac, mesmo que tenhe ocorride elguma inconformidede com o texto legel durante sua constituicéo. Trate-se de principio implicito na Constituigao © expresso na legislagéo ordinaria - ERRADA. 22. (Cespe/ABIN - 2018) S80 considerades principios informativos da atividade administrativa a legalidade e a supremacia do interesse publico, sendo o primeire mencionado na Constituigdo vigente, e © segundo, fundamentade nas préprias ideias de Estado em favor da defesa, da seguranca e de desenvolvimento da sociedade. Comenta E muito comum censiderar que os principios da supremacia e da indisponibilidade do interesse piblico formam a base do regime juridico administrative. Porém, comentamos em nosses aules FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa que Maria Di Pietro considera que a base da atividade administrativa 6 formada pelos prineipios da legalidade e da supremacia do interesse publico. A legalidade serve de instrumento de proteco da sociedade, ditando as formas de atuagdo da Administragdo e protegendo a populacao dos abusos do Estado; jé o principio da supremacia fundamenta os poderes especiais do Estado, utilizados quando ha um conflito entre um interesse meramente individual e o interesse da coletividade. Com efeito, o principio da legalidade esta previsto expressamente no art. 37 da Constituic’o Federal, enquanto o principio da supremacia é um principio implicito, que decorre da propria razZo de ser do Estado, fundamentando-se nas regras de convivio em sociedade. Por fim, quando uma questo fala em “principio informativo” significa que ele é “aplicdvel”. Logo, 0 enunciado esta afirmando que os principios da legalidade e da supremacia se aplicam & atividade administrativa, que esta plenamente correto. 23. (Cespe/ABIN - 2018) © nticleo do principio da eficiéncia no direito administrative é a procura da produtividade e economicidade, sendo este um dever constitucional da administragéo, que nao podera ser desrespeitado pelos agentes publicos, sob pena de responsabilizacao pelos seus atos. Comentarios O principio da eficiéncia exige que a Administrago e os agentes piiblicos atuem com rendimento. Assim, seré possivel produzir mais utilizando menos recursos. Trata-se, ademais, de um dever constitucional, tanto que © principio consta expressamente no art. 37, caput, da CF. Além disso, os agentes publicos que no observarem o dever de eficiéncia podem ser responsabilizados civil e administrativamente. Nessa linha, a propria Constituiggo prevé a realizacao do controle de economicidade por intermédio do controle interno e externo (art. 70). Se um agente publico, por exemplo, tiver uma conduta antieconémica, podera ser responsabilizado pelos érgaos de controle. Desta forma, a assertiva esta correta. 24. (Cespe/SEFAZ RS - 2018) A previséo em lei de cléusulas exorbitantes aplicéveis aos contratos administratives decorre diretamente do princi a) publicidade. b) moralidade. ©) legalidade. io da d) eficiéncia, e) supremacia do interesse publico. Comentarios FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Devemos saber que as cldusulas exorbitantes, também chamadas de cléusulas de privi cléusules dos contratos administrativos que extrapolam, exorbitam, ultrapassam os limites aceitaveis no ambito dos contratos de direito privado. Essac cléusulas garantem & Administragéo algumas prerrogetivas, dando a ele tratamento desigual. Por exemplo: a prerogative de alterer unilateralmente um contrato, aplicar sancdes e fiscalizer @ cua execucéo so exemplos de clausulas, ipio da supremacia do interesse piiblico, que preconiza 2 prevaléncia do interesse piblico sobre o interesse particular, dotando 2 administrag&o publica de determinadas prerrogativas com 0 objetivo de fazer valer o interesse pilblico. Logo, os contratos edministrativos c&o “verticalizados”, pois a Administragéo encontra-se em “posiglo superior” @ outra parte do contrato. Dai o gebarito sera letra E. ‘exorbitantes. Por isso, podemos concluir que tal prerrogativa decorre do pri No entento, precisamos ter cuidado para néo confundir com o principio da legalidade, ja que o ‘enunciado traz os dizeres “a previséo em lei”. Note que o cerne da questo ndo era a previsio em lei, mas sim es eléusulas exorbitantes. Por isso que a letra E é mais adequada para o caso. 25. _ (Cespe/STM - 2018) © principio da impessoalidade esta diretamente relacionado & obrigagao de que a autoridade puiblica nao dispense os preceitos éticos, os quais devem estar presentes em sua conduta. Comentarios © principio que exige atuagdo conforme preceitos aticos ¢ 0 da moralidade. © principio da impessoalidade, por sua vez, exige que a atuagSo administrativa tenha como foco a finalidade piblico, com atuagdes isonémicas e sem promogao pessoal de autoridades. Desta forma, a assertive esta errada. 26. (Cespe/STM - 2018) Embora nao estejam previstos expressamente na Constituigao vigente, os principios da indisponibilidade, da razoabilidade e da seguranga juridica devem orientar a atividade da administragao publica. Comentarios A assertiva esta correta. Apenas 0 LIMPE (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia) esta presente expressamente na Constituigao Federal. Todos os demais principios s80 considerados implicitos (quando © parémetro & a Constituic&o). Assim, os principios da indisponibilidade, da razoabilidade © da seguranga juridica realmente nao constam expressamente no texto constitucional, mas orientam a atuagéo administrativa. 27. (Cespe/PC MA - 2018) A conduta do agente puiblico que busca © melhor desempenho possivel, com a finalidade de obter o melhor resultado, atende ao principio da @) of FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa b) legalidade. ©) impessoalidade. d) moralidade. e) publicidade. Comentarios Questo muito tranquila. Sabemos que tal principio é o da eficiéncia, previsto expressamente no art. 37 da CF. Esse principio é 0 que impée & administragio piblica agentes a persecugo de resultados, qualidade e rendimento necessérios para melhor utilizago possivel dos recursos publicos, de maneira a evitarem-se desperdicios e garantir-se maior | Portanto, nosso gabarito é a letra A. ireta e tae a seus rentabilidade so 28, (Cespe/PC MA - 2018) O preenchimento de cargos publicos mediante concurso publico, por privilegiar a isonomia entre os concorrentes, constitui expresséo do principio constitucional fundamental a) federativo. b) da eficiéncia ©) da separacio de poderes. 4d) do valor social do trabalho e) republicano. Comentarios A questo é bastante interessante e foge ao “comum” das questdes de direito administrativo. Primeiramente, quando falamos em concurso publico, normalmente vinculamos isso aos principios da impessoalidade, da isonomia e da indisponibilidade do interesse piblico. No entanto, nenhum desses principios esta entre as alternativas. Entdo, teremos que partir para outra anélise. O principio da eficiéncia também tem correlag3o com a exigéncia de concurso publico, uma vez que permite a selegdo, pelo menos em tese, de candidatos mais capacitados. No entanto, o enunciado da questéo néo direcionou para esse aspecto. A énfase do enunciado foi para o cumprimento da isonomia. Logo, © enunciado nao tratou da selegéo dos melhores candidatos, mas sim do préprio cumprimento da isonomia. Logo, também podemos eliminar a letra B Nesse contexto, devemos entender que desde a edigdo da Constituigao da Federal de 1988, efetivou-se o principio republicano, que significa que © patriménio piblico é do povo (res = coisa; publica = povo -> coisa do povo). Logo, uma autoridade nao pode contratar quem desejar, para isso teré que fazer concurso piblico, oportunizando condigdes de igualdade para todos os candidatos. Logo, o gabarito é a letra E. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Vamos analisas as outras opgie: 2) 0 fato de o Estado Brasileiro ser dividido em federagdes auténomas néo guarda nenhuma relagdo com 0 concurso pubblico - ERRADA; b) a questdo explora o quesito "isonomia entre os concorrentes" e ndo 6 qualidade do servidor contratado — ERRADA; ©) da mesma forma, e separeco dos poderes néo guarda nenhuma relagéo com o concurso piblico, até porque todos so obrigados a promover concurs - ERRADA; 4d) 0 valor social do trabalho um aspecto mais geral, aplicavel a todos os trebalhadores, € ndo ‘apenas aqueles que ingressam no servigo piblico — ERRADA. 29. (Cespe/CGM Joao Pessoa - PB - 2018) Decorre do principio de autotutela o poder da administragao piiblica de rever os seus ates ilegais, independentemente de provocagio. Comentarios O principio da autotutela estabelece que a Administrago Pablica possui o poder de controler os préprios atos, anulando-os quando ilegais ou revogando-os quando inconvenientes ou inoportunos. Assim, a Administrag&o no precisa recorrer ao Poder Judiciério para corrigir os seus ‘tos, podendo fezé-lo diretemente. Esse principio possui previséo em duas simules do STF, a 346, que estabelece que “A Adminictragdo Publica pode declarar a nulidade dos seus préprios atos”, @ 473, que dispSe © seguinte: Simule n° 473: A Administrag3o pode anular ceus préprios atos, quando eivados de vicios que os tornem ilegais, porque deles néo ce originam direitos; ou revoge- los, por motivo de conveniéncia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, ‘em todos 0s casos, a apreciacio judicial. Desta forma, a assertiva esta correta. 30, (Cespe/CGM Joao Pessoa - PB - 2018) O principio da eficiéncia determina que a administragao publica direta e indireta adote critérios necessérios para a melhor utilizagao possivel dos recursos piiblicos, evitando desperdicios e garantindo a maior rentabilidade social. Comentirios principio da eficiéncia implementou 0 modelo de administraggo piiblice gerencial voltada para um controle de resultades na atuagéo estetal. Nesse sentido, economicidade, redugéo de desperdicios, qualidade, rapidez, produtividade e rendimento funcional séo valores encarecidos por referido principio. Desta forma, a assertiva esta correta. 31. (Cespe/PGE AM Manaus - 2018) Um dos aspectos da constitucionalizagao do direito administrative se refere releitura dos seus institutos a partir dos principios constitucionais. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa Comentérios A constitucionalizacao do Direito Administrativo é um fendmeno muito analisado pela Prof. Maria Di Pietro. A autora vé este fenémeno por dois sentidos: (a) elevacio, ao nivel constitucional, de matérias antes tratadas por legislaco infraconstitucional; e (b) irradiagao dos efeitos das normas constitucionais por todo o sistema juridico. Sdo exemplos do primeiro caso 0 tratamento na Constituig&o de varios aspectos sobre os agentes publicos (regras sobre contratacao, regime juridico, aposentadoria, remuneracdo, etc.), normas sobre organizagéo administrativa (exemplo: criagdo de organizacdes administrativas), entre outras situacdes. © segundo sentido de constitucionalizagao do Direito Administrative produziu reflexos intensos sobre © principio da legalidade (que resultou consideravelmente ampliado) e a discricionariedade (que resultou consideravelmente reduzida). A legalidade foi ampliada porque © seu alcance vai bem além da lei em sentido estrito, alcangando todo 0 ordenamento juridico. A discricionariedade reduziu porque o Judicidrio poder exercer controles com base em outras normas ou em principios, diminuindo assim a liberdade da Administrac&o. Sendo assim, a questo esta correta pois a constitucionalizacao de principios e valores passou a orientar a atuagéo dos trés Poderes do Estado, inclusive, no ambito do direito administrative. 32. (Cespe/TCE PE - 2017) Em razio do principio do interesse piiblico, no € possivel que © poder puiblico atenda aos interesses privados nao estatais. Comentarios © principio do interesse publico nada mais ¢ do que © principio da finelidade, segundo © qual a atuagao administrativa deve ter como fim o interesse da coletividade. Dessa forma, um ato praticado com fins diversos, buscando primariamente prejudicar ou beneficiar particulares, sera considerado um ato ilegal Ocorre, todavia, que varios atos administrativos t8m como fim o interesse piiblico, mas ao mesmo tempo beneficiam particulares. Por exemplo: a concessao de um alvara de funcionamento de um estabelecimento comercial atende ao interesse publico, na medida em que observa os principios da ordem econémica, podendo gerar emprego e renda para a populacao; por outro lado, também atende aos desejos do empresério, que mais do que qualquer um quer ver 0 seu estabelecimento em funcionamento. © que nao pode ocorrer, todavia, ¢ um ato beneficiar primariamente particulares em detrimento do interesse da coletividade. Por exemplo: a concessio de um alvara de funcionamento do estabelecimento comercial de um amigo do prefeito, em condigées que nao observem o plano diretor do municipio, prejudicando a populagao local, viola principio da legalidade e também do interesse publico, j4 que buscou beneficiar o amigo do prefeito em conflito com 0 interesse da coletividade definido na lei FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Assim, © quesito esta incorreto, 6 possi © principio do interesse piblico, desde que o atendimento desses interesses também atenda aos interecses da coletividade ecteja em conconancia com as previsdes legais. | atender aos interesses privados ndo estateis sem violer 33, (Cespe/SERES PE - 2017) Secretério de justiga e direitos humanos de determinado estado da Federago que publicar uma portaria e, na semana seguinte, revogé-la, em nova publicagao, terd praticado ato revogatério com base no principio da a) indisponibilidade. b) moralidade. ¢) autotutela. d) eficiéncia, ) supremacia do interesse piblico. Comentérios ‘A Administrac&o Publica tem o poder de rever os seus préprios atos, revogando os inconvenientes, inoportunos e anulando os ilegais. Trata-se da eplicacéo do principio da autotutela (alternativa C). Vejamos as demais alternativas: 2) © principio da indisponibilidade representa es sujeigdes que e Administragéo se submete, o que implica, entre outras coisas, a necessidade de realizar concurso para contratacao de pessoal e de ‘observar as restrigdes legais para alienar bens - ERRADA; b) © principio da moralidade exige a atuago honests dos agentes pibblicos— ERRADA; d) © principio da eficiéncia exige que a Admi rendimento e qualidade - ERRADA; istrago e os agentes plblicos atuem com @) © principio da supremacia trata das prerrogativas que a Administracdo dispées para cumprir as suas finalidades, como a possibilidade de constituir obrigagdes de forma unilateral ou de desapropriar bens, entre outras medidas em que se impSe o poder extroverso do Estado — ERRADA. 34. (Cespe/TRE BA - 2017) Determinado municipio, apés celebrar com particulares contratos de promessa de venda e compra de glebas de sua propriedade, passou, sob a gestae do novo prefeito, a promover anulagdes contratuais porque os parcelamentos pactuados néo estariam regularizados por ndo atenderem a requisites legais. Nessa situagio hipotatica, para obstar a pretensfio do municipio, seré adequado que o particular prejudicado invoque, em seu favor, o principio da FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa a) igualdade b) continuidade dos servigos publicos. ©) proporcionalidade. d) moralidade. e) confianga legitima. Comentarios A questao trata de uma situagao em que o municipio firmou contratos na gestao de um prefeito e depois desfez esses contratos na gestao do prefeito subsequente. Nessa situago, podemos ter uma ofensa ao principio da confianca legitima, na medida em que os particulares acreditavam na legalidade dos atos emanados na gesto anterior e, por isso, se atuaram de boa-fé, no poderiam ser prejudicados pela Administragao. Logo, o gabarito é a letra E. As demais opcdes esto incorretas, conforme vamos analisar a seguir: a) © principio da igualdade € uma aplicagéo do principio da impessoalidade, exigindo que a Administragao nao favoreca ou desfavoreca indevidamente determinadas pessoas; logo, 6 serso aceitas discriminagées fundamentadas na lei e no interesse publico, como ocorre com as medidas afirmativas (cotas em concursos, por exemplo) - ERRADA; b) 0 principio da continuidade exige que os servicos piblicos sejam prestados continuamente, sem interrupgdes. Dessa forma, o servigo somente podera ser paralisado em situagdes excepcionais, como nos casos de emergéncia e de necessidade de manutengao - ERRADA; ©) 0 principio da proporcionalidade é utilizado como referéncia no controle de atos que impliquem limitacdes. Assim, qualquer limitagao deve ter adequagao entre os meios e os fins ~ exemplo: uma sango sera mais grave quanto mais grave for a infragio comedida - ERRAD) @) pelo principio da moralidade, os agentes publicos devem ter condutas éticas, honestas, pautadas na boa-fé - ERRADA. 35. (Cespe/TRE BA - 2017) Agente ptiblico que se utiliza de publicidade governamental com a finalidade exclusiva de se promover viola 0 principio da a) eficiéncia b) moralidade. ©) autotutela. d) publicidade. €) motivagao. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 Comentarios A vedaco a promogo pessoal costume ser associade dois principios: () da impessoalidade; (i) da moralidade. A violagio 20 principio da impescoslidade surge porque a atuagéo da Administragéo 6 sempre imputada ao érgio ou ao ente no quel o agente atua. Assim, 0 agente no pode se promover as custas do érgéo ente pilblico. A violagéo ao principio da moralidade surge porque no & ético por parte do agente piiblico se utilizar da maquina publica para obter beneficios pessoas s° promovendo. ‘Como nie hé o principio da impessoelidade entre as alternativas, o nosso gabarito é a letra B (moralidade). Alguns alunos costumam associar essa vedagéo ao principio da publicidade. Mas isso esta errado! A violagdo 0 principio da pul informa que deveria ser divulgado. Por outro lado, utilizar @ publicidade oficial pare se promover representa ofensa aos principios da moralidade e da impessoalidade. idade ocorre quendo néo se dé transperéncia a um ato ou 36. _ (Cespe/TRE PE - 2017) O principio da razoabilidade a) se evidencia nos limites do que pode, ou no, ser considerado aceitavel, ¢ sua inobservancia resulta em vicio do ato administrativo. b) incide apenas sobre a func&o administrativa do Estado. ¢) 6 auténomo em relacdo aos principios da legalidade e da finalidade. d) comporta significado univeco, @ despeito de cua amplitude, sendo cua observacéo pelo administrador algo simples. 2) pode servir de fundamento pare a atuac&o do Poder Judiciério quanto ao mérito administrativo. Comentai 2) © principio da rezosbilidade possui varias eplicacdes, inserindo-se na andlise dos atos administrativos para verificar se as decisées s80 aceitveis do ponto de vista do "homem médio”. Por exemplo: 6 aceitével instituir uma idede maxima para um concurso de policial militar? Se a resposta for positiva, podemos dizer que tal restricdo é razodvel. Com efeito, 0 ato que se mostrar desarrazoado (ndo aceitavel) seré um ato viciado, ou seja, seré ilegal, devendo ser anulado - CORRETA; b) 0 principio da razoabilidade informa ndo sé a fungéo administrative, como também a fungo legislative © jurisdicionel, pois permite que uma lei desarrazoada (por exemplo: uma lei que implique limitacdes exageradas para o ingresso em determinado cargo publico) seja considerada inconstitucional pelo Poder Judiciario - ERRADA; FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa ©) de acordo com Bandeira de Mello (2014, p. 81), 0 principio da razoabilidade "descende também do principio da legalidade”. Tais principios esto interligados, motivo pelo qual um ato que seja desarrazoado seré também ilegal, devendo ser anulado - ERRADA; d) certamente a interpretacdo do que € ou nao razodvel ndo é uma terefa téo simples. Uma restricfo pode ser considerada razoavel para um agente piblico, mas nao para outro. Entéo, nao podemos afirmar que a razoabilidade configura significado “univoco” nem que a sua observagio seja tao simples - ERRADA; €) 0 principio da razoabilidade permite que o Poder Judiciério analise os atos administrativos discricionarios, buscando verificar se n&o ocorreram exageros. Porém, ao considerar o ato desarrazoado, 0 Judiciario nao estar invadindo o mérito do ato, mas sim verificando a sua legalidade, uma vez que uma sancSo ou restrigdo desarrazoada/desproporcional ¢ praticada com abuso, o que configura uma ilegalidade - ERRADA. 37. (Cespe/PC GO - 2017 - adaptada) Em relago aos principios expressos e implicitos da administracao publica, assinale a opgao correta. a) © principio da legalidade, quando aplicével ao direito privado, institui um critério de subordinagao a lei, a denominada regra da reserva legal. b) O principio da legalidade, previsto na Constituigao Federal de 1988 (CF), néo possui quaisquer restricbes excepcionais. ©) Respeitado o que predispuser a intentio legis (vontade da lei), compete ao érgéo da administracao publica a livre interpretagao do que seja interesse publico. d) A proibigao da atuacao do administrador de forma despropositada ou tresloucada é também conhecida doutrinariamente como pi da proibico dos excessos. e) A prerrogativa da administragdo publica de desapropriar ou estabelecer restrigao a alguma atividade individual decorre do principio da autotutela. Comentarios A questo foi adaptada, pois a alternativa com 0 gabarito teve um erro de digitaco que implicou na nulidade da questo. Nesta nossa versao, 0 erro foi corrigide e, por isso, conseguimos “aproveitar” mais este exercicio. Vamos la: a) no direito privado, o principio da legalidade representa a ideia de autonomia de vontade, segundo 0 qual “ninguém sera obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senao em virtude de lei” (CF, art. 5°, Il). Logo, se nao houver lei, o particular podera agir livremente. A regra da reserva legal, por sua vez, significa que a regulamentacdo de determinadas matérias devera ocorrer necessariamente por lei. A questo tratou, portanto, da autonomia da vontade e ndo da reserva legal - ERRADA; FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 b) de acordo com Celso Anténio Bandeira de Mello, o principio da legalidade possui trés restricdes, ‘excepcionais (ou exceges): (i) medida pri estado de defess; (ii) estado de sitio — ERRADA; ¢) um dos pilares do regime juridico-administrative 6 0 principio da indisponibilidede, pela Administragao dos interesses piblicos. Dessa forma, ensina Bandeira de Mello que os interesses qualificados como préprios da coletividade no se encontram a livre disposigéo de quem quer que. seja, pois so inapropridveis. Dessa forma, o proprio érgao administrative que os representa nao tem disponibilidade sobre eles, devendo atuer em estrita conformidade com o que dispuser a rentio legis. Logo, com base no principio da indisponibilidade (e também da legalidade), o interesse piiblico aquele previsto em lei, nfo cabendo ao drgéo a livre interpretagéo de seu conceito — ERRADA; ) Hely Lopes Meirelles, eo felar dos prine seguinte: da proporcionalidade e da razoabilidade, dispde o Sem divide, pode ser chamado de principio de proibicéo de excesso, que, em iltima enélise, cobjetiva aferir a compatibilidade entre os meios @ os fins, de modo a eviter restricbes desnecessarias ou abusivas por parte da Administragao Publica, com leséo aos direitos fundementeis. Ja Fernanda Marinela, dispondo sobre 0 principio da razoabilidade, ensina que “tal principio proibe a atuagéo do administrador de forma despropositada ou tresloucada, quando, com a desculpa de cumprir a lei, age de forma arbitraria © sem qualquer bom senso. Trata-se do principio da proibigdo de excessos”.” Logo, o item esté CORRETO. Cumpre observer que, na redacdo originel, a banca utilizou @ expresséo “administrado” no luger de "admi rador”. Por esse motivo, a questo original foi enulada. ©) @ possibilidade de desepropriar ou estabelecer restricées decorre, entre outros, do principio de supremacia do interesse piblico - ERRADA. 38. (Cespe/TRT 7 - 2017) O principio que rege a administragao publica, expressamente previsto na Constituigao Federal de 1988, ¢ que exige dos agentes publicos a busca dos melhores resultados e um menor custo possivel, 6 0 da a) moralidad b) eficiéncia * Marinela, 2014, p. SS. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa 0) legalidade. d) impessoalidade. Comentarios Os principios constitucionais expresses formam 0 mneménico LIMPE (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia). Este ultimo se apresenta em dois aspectos: (i) na forma de organizagao da estrutura administrative, que deve buscar uma estrutura mais enxuta e descentralizada; (ii) na forma de atuagao dos agentes publicos, que devem buscar sempre a exceléncia, prestando servicos com qualidade, zelo e rendimento para atender as necessidades da populacao. Dessa forma, a questo trata do principio da eficiéncia. Logo, o gabarito é a alternativa B. 39. (Cespe/TRF 1 - 2017) Sérgio foi reprovade em concurso public, mas, por forga de decisao liminar obteve sua nomeagao e tomou posse no cargo pretendido. Seis anos depois, a medida foi revogada por decisio judicial definitiva e Sérgio foi exonerado pela administragdo. Nessa situagae, ao exonerar Sérgio a administragao violou © principio da protegao da confianga legitima. Comentérios A assertiva esté errada. O principio da confianca legitima representa 0 aspecto subjetivo do principio da seguranca juridica. Assim, ele representa a confianga que os administrados possuem em relacdo a regularidade e, por conseguinte, @ manutengdo dos atos emanados do poder publico Contudo, no caso da questo, nao ha ofensa ao principio da confianca legitima, uma vez que 0 provimento ocorreu mediante decisdo judicial precéria. Nesse caso, o ex-servidor que, ao final do processo, o ato de provimento poderia ser revisto pelo Poder Judiciario. ha ciéncia de 40. (Cespe/TRF 1 - 2017) Para os autores que defendem o principio da subsidiariedade, a atividade publica tem primazia sobre a iniciativa privada, devendo o ente particular se abster de exercer atividades que 0 Estado tenha condigées de exercer por sua prépria iniciativa e com seus préprios recursos. Comentarios Esse nao é um principio que costuma ser estudado em Direito Administrativo, mas como apareceu em prova vamos analisar a resposta. O principio da subsidiariedade tem aplicago nas teorias liberais, no sentido de que o Estado sé deve atuar nas éreas em que a iniciativa privada nao seria capaz de satisfazer as necessidades da populagao. Logo, a questo inverteu a aplicagao deste principio, a assertiva esta errada. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 41. (Cespe/TCE SC - 2016) De acordo com a jurisprudéncia do STF, em exce¢do ao principio da publicidade, 0 acoso as informagées referentes as verbas indenizatérias recobidas para 0 exercicio da atividade parlamentar é permitido apenas aos érgaos fiscalizadores ¢ aos parlamentares, dado o caréter sigiloso da natureza da verba e a necessidade de preservar dados relacionados idade e a vida privada do parlamenter. Comentarios Essa quectéo dava para responder com a intuiso. A regra 6 a trensparéncia, recsalvando-se 0 igilo somente para os casos imprescindiveis para a seguranca da sociedade e do Estado (CF, art. 5°, XXXill). Nesse contexto, o STF decidiu que: “Ato que indefere acesso a documentos relativos ao pagamento de verbas publicas. (...) | A regra geral num Estado Republicano é a da total transparéncia no acesso a | documentos piiblicos, sendo o sigilo a excegao. (...) As verbas indenizatérias para exercicio da atividade parlamentar tém natureza publica, nao havendo razées de seguranga ou de intimidade que justifiquem genericamente seu carater sigiloso.” | (MS 28.178, rel. min. Roberto Barroso, julgamento em 4-3-2015, Plenario, DJE de 8-5- Logo, as informacées sobre verbas indenizatérias para o exercicio de atividade parlamenter devem ser divulgades. Desta forma, a assertive esta orrada. 42, (Cespe/TCE SC - 2016) O Tribunal de Contas de determinado estado da Federacao, ao analisar as contas prestadas anualmente pelo governador do estado, verificou que empresa de publicidade foi contratada, mediante inexigibilidade de licitagao, para divulgar ages do governo. Na campanha publicitéria promovida pela empresa contratada, constavam nomes, simbolos imagens que promoviam a figura do governader, que, em razdo destes fates, foi made por Whatsapp para apresentar defesa. Na data de visualizagae da intimagio, a roferide autoridade encaminhou resposta, via Whatsapp, declarando-se ciente. Ao final do procedimento, o Tribunal de Contas nao acolheu a defesa do governador e julgou irregular a prestagao de contas. Dado 0 teor da campanha publicitéria, 6 correto inferir que, na situago, se configurou ofensa aos principios da impessoalidade e da moralidade. Comentarios FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa O art. 37, caput, da Constituiggo Federal determina que, entre outros, aplicam-se a administragao publica os principios da impessoalidade e da moralidade. A impessoalidade subdivide-se em varias outras aplicagdes, como a finalidade publica, a isonomia e a vedago & promocao pessoal, Nesse contexto, o art. 37, § 1°, da Constituigdo Federal, estabelece que “a publicidade dos atos, programas, obras, servigos e campanhas dos érgaos piblicos devera ter carater educativo, informativo ou de orientacao social, dela no podendo constar nomes, simbolos ou imagens que caracterizem promogao pessoal de autoridades ou servidores piiblicos” Por conseguinte, 0 ato infringiu 0 principio da impessoalidade. Além disso, também podemos dizer que se trata de um ato imoral, uma vez que se utilizar do aparato do Estado para se promover fere a ética e os bons costumes. Logo, a afirmativa esta correta. Vale reforcar: a violacao aplica-se mais ao principio da impessoalidade, mas também podemos dizer que o ato infringiu outros principios, como a moralidade. Desta forma, a assertiva esta correta. 43. (Cespe/INSS - 2016) Na andlise da moralidade administrativa, pressuposto de validade de todo ato da administragao publica, é imprescindivel avaliar a intengdo do agente. Comentétios Segundo a Prof.* Maria Di Pietro, a imoralidade resulta do proprio objeto do ato, n’o sendo preciso penetrar na anélise da intengSo do agente. Assim, um ato pode ser imoral, mesmo que no fosse a intengdo do agente cometer qualquer imoralidade. A imoralidade, por conseguinte, ocorre quando © contetide do ato é considerado, pelo senso comum, como desonesto, desequilibrado, injusto, nao ético. Logo, nao é necessario analisar a itencao do agente, mas sim o contetido do ato para dizer se ele é imoral. Desta forma, a assertiva esta errada 44. (Cespe/INSS - 2016) Em decorréncia do principio da impessoalidade, as realizacdes administrativo-governamentais sao imputadas ao ente publico e ndo ao agente politico. Comentarios A assertiva esta correta. Uma das aplicagdes do principio da impessoalidade fundamenta a imputagdo das realizagdes do governo ao ente piiblico e nao aos seus agentes. Por isso, uma autoridade administrativa néo pode promover-se pessoalmente as custas da estrutura administrativa, pois as politicas piblicas sao imputadas ao érgao/entidade e nao aos seus agentes. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 45. (Cespe/TRE Pl - 2016) Assinale a opgao correta no que se refere ao principio da continuidade na administragao pul 12) A delegagdo de ato administrative decorre do poder disciplinar, propiciando a continuidade do servigo publico por viabilizar @ manutengo do funcionamento de érgéos e entidades, mesmo durante impedimentos temporérios dos agentes originalmente competentes para a pratica do ato. b) © reequilibrio econémico-financsiro de contrat administrative representa um contraponto & possibilidade de alteracéo unilateral do contrato pela administragdo pilblica, funcionando como mecanismo de garantia da continuidade do servigo piblico contratado. ©) A continuidads do servico piblico afaste a possibilidade de o contratado opor a administragéo a excegio do contrato néo cumprido. d) O principio da continuidade do service piblico néo impede a suspenséo do fornecimento de energia elétrica, ainda que se trate de iluminago publica. ) Embora o direito de greve seja assegurado constitucionalmente aos servidores publicos, a falta de norma federal regulamentadora desse dispositive, que garanta a continuidade do servigo piblico, torna ilicito 0 exercicio desse direito. Comenta A resposta desse questo exige conhecimentos que vo um pouco além daquilo que vimos nesta aula, pois envolve outros assuntos do Direito Administrative. Assim, se vocd teve muita dificuldade, nao se preocupe, pois vamos explicar tudinho abaixo! ;) 2) e delegaco, a supléncia ¢ a substituicio so formas de assegurar que as funcdes piblicas sejam desempenhadas mesmo durante o afactamento do titular (férias, vacancia temporéria, etc.). Logo, de fato a delegacdo relaciona-se com a continuidade dos servigos piblicos. Entretanto, a delegagao decorre do poder hierarquico @ néo do poder disciplinar - ERRADA; b) 0s contratos administrativos podem ser alterados unilateralmente pela Administracdo. Contudo, as alteracdes unilatersis néo podem modificar 0 equilibrio econdmico-financeiro do contrato, | justamente porque o poder pilblico néo pode tornar o contrato financeiramente invi ‘ensejando a sua interrupco. Portanto, a vedaco de alteracéo unilateral do equilibri financeiro do contrato decorre, dentre outros, do principio da continuidade dos servigos puiblicos — CORRETA; ©) a clausula da excegéo do contrato nao cumprido é uma previséo implicita dos contratos em geral, segundo o qual uma parte poderé opor-se ao cumprimento do contrato quando a outra deixar de cumprir com as suas obrigagdes. Nos contratos administrativos, ha um impedimento relativo de se opor tal excegéo, em decorréncia do principio da continuidade dos servigos pilblicos. Entretanto, nao se trata de uma vedacao absoluta, nao é um "afastamento”, mas apenas um condicionamento maior. Assim, se a Administrago n&o cumprir com suas obrigacdes, 0 particular ficaré obrigado a cumprir com © contrato por algum tempo — na Lei 8.666/1993, o FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa particular deve continuar cumprindo o contrato até 90 dias de atraso dos pagamentos (art. 78, XV). Em resumo, a alternativa é errada, pois nao ha “afastamento” da oposicao, mas apenas uma limitagdo maior - ERRADA; 4d) 0 principio da continuidade do servico publico impede, como regra, a suspensdo dos servicos publicos, como o de fornecimento de energia elétrica. Contudo, podera ocorrer a interrupcao do servigo, em situagéo de emergéncia ou, se houver aviso prévio, por razées de ordem técnica, de seguranga das instalacdes ou por inadimplemento do usuario ~ ERRADA; e) de fato, o direito de greve carece de regulamentacao especfica. Todavia, o STF determinou a aplicagdo das normas trabalhistas sobre a greve até que seja editade a lei regulamentando o idores. Logo, 0 exercicio do direito de greve, em regra, é licito - ERRADA. direito dos ser 46. (Cespe/TRT - 8° R - 2016) A respeito dos principios da administracao publica, assinale a opsao correta. a) Decorre do principio da hierarquia uma série de prerrogativas para a admi se esse principio, inclusive, as funcdes legislativa e judicial. istracdo, aplicando- b) Decorre do principio da continuidade do servigo puiblico a possibilidade de preencher, mediante institutos como a delegagao e a substituicao, as fungdes piblicas temporariamente vagas. ©) O principio do controle ou tutela autoriza a administrago @ realizar controle dos seus atos, podendo anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de deciséo do Poder Judiciario. d) Dado o principio da autotutela, a administragao exerce controle sobre pessoa juridica por ela instituida, com 0 objetivo de garantir a observani de suas idades institucionais. e) Em decorréncia do principio da publicidade, a administragao publica deve indicar os fundamentos de fato e de direito de suas decisées. Comentarios a) nao é muito comum se falar em principio da hierarquia. Mesmo assim, a hierarquizac3o é caracteristica da fung3o administrativa. Dessa forma, ndo ha hierarquia no exercicio das fungdes legislativa e judiciéria tipicas. Por exemplo: nao ha hierarquia entre um deputado e o presidente da Camara, mas apenas uma relaco funcional; da mesma forma, nao ha hierarquia entre um juiz © um desembargador ~ aquele nao deve obediéncia hierarquica a este - ERRADA; b) segundo a Prof* Maria Di Pietro, o principio da continuidade tem as seguintes consequéncias: (i) proibiggo de greve dos servidores publicos (nao é uma vedagao absoluta); institutos como a supléncia, a delegagao e a substituigo para preencher as fungdes piblicas temporariamente vagas; (ii) impossibilidade, para quem contratada com a Administragao, de invocar a clausula da excegao do contrato nao cumprido (também nao é uma vedacao absolute); necessidade de FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 (iv) possibilidade de a Administragdo utilizar os equipamentos ¢ instalagées da empresa com que. ela contrate; (v) encampagio da concesséo de servigo pblico. Como se vé, a delegagéo ea substituigg0 encontram respaldo no principio da continuidade — CORRETA; ¢) d) as alternativas inverteram os conceitos. O principio do controle ou tutele representa a possibilidade de a Administracdo direta exercer © controle sobre as entidades administrative: buscando garantir o cumprimento de suas finalidades; por outro lado, o principio da autotutela permite que a Administragéo controle seus préprios atos, revogando os inconvenientes ¢ inoportunos e anulando os ilegais, sem necessidade de prévia autorizagéo judicial - ERRADAS; «) indicagao dos fundamentos de fato e de direito que levaram a prética de um ato representa o principio da motivaggo - ERRADA. 47. (Cespe/TRT - 8* R - 2016) Assinale a opgao correta a respeito dos principios da administragao publica. 1a) Em decorréncia do principio da hierarquia, nega-se 0 direito de greve de livre associagéo sindical para funcionérios do Poder Judi b) Em decorréncia do principio de legelidade, ¢ permitido a0 agente publico praticar atos administrativos que ndo cejam expressamente proibidos pela lei. ©) A observancia dos principios da eficiéncia e da legalidade é obrigatéria apenas & administracdo pablica direta. d) A proibigdo de nomear parentes para ocupar cargos comissionades na administragéo publica & ‘expresso de aplicago do principio da moralidade. 2) O principio da publicidade nao esta expressamente previsto na CF. Comentarios 4) 0 direito de greve e de livre ascociagao cindical & assegurado a0s cervidores publices. Tal direito ‘esta pendente de regulamentagéo, motivo pelo qual o STF determinou a aplicacéo de legislagso trabalhista. Todavia, o STF tem demonstrado algumas restrigdes ao exercicio de greve, principalmente pare a policia civil, Em um julgamento do STF, até houve @ mencéo sobre uma 1g do direito de greve para as categorias “que exercem atividades relacionadas com a manutengéo da ordem publica e a seguranga publics, a administragéo da Justica, as cerreiras de Estado, cujos membros exercem atividades indelegaveis, inclusive as de exagdo tributéria, ea satide publica”. Todavia, néo dé para dizer que esse é um entendimento consolidado, motivo pelo qual néo podemos afirmar categoricamente que os servidores do Poder Judiciario néo podem fazer greve. Além disso, o direito @ associagéo sindical 6 assegurado pela Constituiggo da Repiblica — ERRADA; b) em decorréncia do principio da legalidade, os agentes piblicos somente podem fazer aquilo que esté previ @ aplicagao de legalidade pare os em lei. O caso descrito na alternative FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br aa administrados, que podem fazer tudo o que néo estiver proibido em lei (autonomia da vontade) - ERRADA; ©) 08 princi expressos (legalidade, impessoalidade, moralidade, pub! eficiéncia) aplicam-se a toda a Administrag3o Publica (direta e indireta, de todos os entes da Federag&o e de todos os Poderes) - ERRADA; d) a proibico de nomear parentes para ocupar cargos comissionados na Administragéo decorre da Simula Vinculante n® 13, editada com fundamento no principio consti CORRETA,; icional da moralidade — €) de graca! O principio da publicidade é um dos principios constitucionais expressos - ERRADA 48. (Cespe/TRT - 8* R - 2016) A respeito dos principios da administracao piiblica, assinale a opsao correta. a) Em decorréncia do prine administrativos. io da autotutela, apenas o Poder Judiciério pode revogar atos b) O principio da indisponibilidade do interesse publico e o principio da supremacia do interesse publico equivalem-se. ©) Estdo expressamente previstos na CF o principio da moralidade e o da eficiéncia. ¢) O principio da legalidade visa garantir a satisfacdo do interesse publico €) A exigéncia da transparéncia dos atos administrativos decorre do principio da eficiéncia. Comentarios a) 0 Poder Judiciario, no exercicio de sua fungao tipica, nao pode revogar atos praticados pela Administracdo, pois ndo pode exercer o controle de mérito dos atos administrativos. O Judiciério somente pode revogar quando exercer a fungio administrativa, ou seja, quando estiver atuando como “Administragao Publica”. Por isso que se afirma que somente a Administracao Publica pode revogar seus atos - ERRADA; b) 0 principio da indisponibilidade e o da supremacia tratam de coisas distintas. Aquele representa as sujeigdes administrativas, enquanto este trata das prerrogativas publicas. Juntos, eles formam 08 principios basilares do regime juridico-administrativo - ERRADA; ©) tranquilo! Os principios da moralidade e da eficiéncia constam expressamente na Constituicao Federal, ajudando a compor o famoso “LIMPE” — CORRETA; 4d) 0 principio que visa a garantir a satisfaco do interesse pubblico é o principio da impessoalidade, mais especificamente na sua aplicacao do principio da finalidade — ERRAD/ €) e exigéncia de transparéncia decorre do principio da publicidade ~ ERRADA. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula 00 49. (Cespe/TRT - 8" R - 2016) Assinale a opgao correta a respeito dos principios da racdo puiblica. admi 12) A administragdo deve, em caso de incompatibilidade, dar preferéncia & aplicagéo do principio da cupremacia do interesse puiblico em detrimento do principio da legalidade. b) A publicidade, principio basilar da administragio publica, no pode sofrer restrigBes. ©) A ofense 20 principio de morelidade pressupée afronta também eo principio da legalidade. d) O principio da eficiancia deve ser aplicado prioritariamente, em detrimento do principio da legalidace, em caso de incompatibilidade na eplicagdo de ambos. e) Os institutos do impedimento e da suspeigéo no a&mbito do direito administrativo séo importantes corolérios do principio da impessoalidade. Comentarios a) a saida que permite a compatibilizacéo dos dois principios. Os dois casos mais comuns de conflitos 80 em relagdo aos principios da eficiéncia e da supremacia em confronto com 0 principio da hé hierarquia entre os principios administratives. Logo, se houver conflite, deve-se adoter legalidade. Em ambos 0s casos, deve-se preservar a eficiéncia e a supremacia nos termos da lei. Por exemplo: se for necessério alterar clausulas de um contrato administrativo (principio da supremacia), deve-se fazer a alteragao dentro dos limites previstos em lei (principio da legalidade) da mesma forma, néo se pode dispensar uma licitagdo com a justificativa que a contragéo seré mais eficiente, pelo contrario: deve-se adotar a contratagao mais eficiente, dentro dos parémetros legais - ERRADA; bb) a publicidade & a regra, mas sofre exceges relativas & seguranga da cociedade e do Estado © 4 protecdo da intimidade - ERRADA; «¢) 0¢ principios da legelidade ¢ da moralidade so principio auténomos. Assim, é possivel que um ato seja licito, porém imoral. E 0 caso, por exemplo, de um presidente de uma cémera municipal que usa recursos publicos para comprar carros luxuosos para os vereadores em um municipio que. nem ambuléncia possui pare levar a populagao nos hospitais ~ e compra pode ser realizada dentro dos parametros legais, porém se trata de uma imoralidade utilizer-se de recursos piiblicos pare o conforto de vereadores quando a populacéio nao possui um atendimento adequado em saiide — ERRADA; d) conforme ensina a Prof. Di Pietro: a eficiéncia deve ser buscada dentro dos limites da lei. Nao se pode praticar uma ilegalidade sob o ergumento de que o ato foi mais eficiente, pois a legalidade 6 um parametro q respeitado. Também néo podemos afirmar que a legalidade prevelece sobre a eficiéncia, pois néo ha hierarquia nos principios; porém, @ nica forma de respeitar os dois principios e dizer que a eficiéncia deve ser seguida sem contrariar a legalidade - ERRADA; deve s FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br

Você também pode gostar