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r Estratégia Concursos Aula 01 Direito Administrativo p/ Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Autores: Herbert Almeida, Time Herbert Almeida Aula 01 1 de Fevereiro de 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Sumério 1 Organizagao Administrativa... 2 Administragao puiblica.. 3 AutarqQsias cee “ conracencarananancronst easmesSOD 4 Questées para fixacai 5 Questées comentadas na aula... steerer sansa peel 6 Gabarito 7 Referéncias...... os pease saractnesencrmaareeieesconadl ih Ola pessoal, tudo bem? Ne ule de hoje, vamos estudar os seguintes itens do edital: "1 Nogdes de organizacao administrativa. 1.1 Centralizaga descentralizagao, concentragéo e desconcentragao. 1.2 Administragao direta e indireta. 1.3 Autarquias.”. ‘Aos estudos, aproveitem! FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal ORGANIZAGAO ADMINISTRATIVA A organizagao do Estado € material de ordem constitucional, tratando da divisdo politica do territério nacional, da estruturacao dos Poderes, da forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes e aos direitos e garantias fundamentais." Para 0 Direito Administrativo, por outro lado, cabe o estudo da organizaco administrativa, matéria que estuda a organizacao das entidades estatais, das suas autarquias e das empresas estatais. Nessa linha, devemos entender que a Administrago é o instrumental de que dispée o Estado para colocar em pratica as op¢ées politicas do Governo. Em outras palavras, enquanto o Governo traco 6 0 aparelhamento 6 0 responsavel pelo estabelecimento de diretrizes e planos, a Admi utilizado para pér em pratica essas decisdes. A atuacao da Administragao e do Governo ocorre por meio de entidades — pessoas juridicas -, de érgaos — centros de decisdo — e de seus agentes — pessoas fisicas investidas em cargos e fungées?. Os agentes nao so objeto de nossa aula. Nesse momento, interessa-nos entender o conceito de entidade e de érgéo, conforme veremos nos tépicos seguintes. Vamos iniciar pelas entidades, depois debateremos os conceitos de centralizagdo, descentralizago e desconcentracao e, finalmente, vamos entender o que séo os érgios. 1.1 Entidades politicas e administrativas A Lei 9.784/1999 define entidade como "a unidade de atuacao dotada de personalidade juridica” (art. 1°, § 2°, Il). Possuir personalidade juridica significa que o ente pode, em nome préprio, adquirir direitos e contrair obrigacées. Assim, as entidades séo unidades de atuac&o que possuem personalidade juridica e, portanto, podem adauirir direitos e contrair obrigacdes em seu préprio nome. ‘As entidades dividem-se em politicas e administrativas. Aquelas, também chamadas de entidades primérias*, sf0 as pessoas juridicas de direito piiblico que recebem suas atribuigdes diretamente da Constituico, integrando, portanto, a estrutura constitucional do Estado. Séo entidades politicas a Unido, os estados, o Distrito Federal e os municipios. * Meirelles, 2013, p. 63. 2 Meirelles, 2013, p. 67. 9 Furtado, 2012, p. 140. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot &, PRESTE ATENGHO ‘Sao entidades politicas a Unido, os estados, o Distrito Federal e os municipios. As entidades politicas possuem capacidade de auto-organizago, autogoverno e autoadministracdo, possuindo, portanto, autonemia plena. yr Vames ver © que significa cada uma dessas capacidades: autogoverne: 6 a competéncia que os Estados-membros possuem para organizar os seus Poderes Executivo, Legislative e Judiciériot locais, conforme consta nos arts. 27, 28 e 125 de Constituig&o Federal; auto-organizagao (e autolegislacao): 6 a capacidade do ente para se organizar na forma de sua constituigéo (CF, art. 25, caput) ou lei orgénica (CF, ert. 29, caput, 2 32) e de suas leis. Em sintese, a auto-organizaclo representa a capacidade de legizler, autoadministragao: cepecidade que cada entidade politica possui para prestar oeservicos dentro da distribuigéo de competéncias estabelecidas na CF/88 (arts. 18 e 25 a 28). Representa a capacidade dos entes politicos para prestarem os servigos de catide, educagao, acsistancia social, ete. As entidades administrativas so pessoas juridicas, de direito public ou de direito privado, criadas pels entidades politicas para exercer parte de sua capacidade de autoadministragdo. Assim, podemos dizer que as entidades administrativas so criadas pelas entidades politicas para desempenher determinado servigo daqueles que Ihes foram outorgadas pela Constituigéo Federal. * Lombrando que os municipios no possuem Poder Judiciério préprio. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal So entidades administrativas as autarquias, fundacdes piblicas, empresas piblicas e sociedades de economia mista, que juntas formam a chamada Administracao indireta ou descentralizada. Enquanto as entidades politicas gozam de capacidade genérica, nos termos previstos na Constituiclo, as entidades administrativas possuem somente a capacidade administrative especifica, ou seja, elas possuem somente a capacidade de autoadministragao, sendo ainda de forma restrita. Isso porque o ente politico cria a entidade administrativa para atuar em uma area especifica, ou seja, a criagio das entidades administrativas ocorre para especializar a Administraco. Contudo, a diferenga principal entre as entidades politicas e as entidades administrativas é que aquelas possuem autonomia politica, decorrente de sua capacidade de legislar (auto- organizac&o). Ou seja, as entidades politicas possuem capacidade para editar atos normativos que inovem na ordem juridica, criando direitos e obrigagdes. & PRESTE ATENGAO Somente as entidades politicas possuem autonomia politica. Ademais, as entidades politicas recebem, diretamente da Constituigéo, competéncia para legislar e administrar. Por outro lado, as entidades administrativas recebem suas competéncias de lei FUB - 2013) As entidades politicas sao aquelas que recebem suas atribuicées da prépria CF, xercendo-as com plena autonomia. omentarios: as entidades politicas possuem autonomia plena, pois possuem capacidade d utogoverno, auto-organizacio e autoadministracio. Com efeito, as atribuigdes dessa: ntidades decorrem diretamente da Constituico Federal, em particular dos arts. 18 a0 32. Logo, it e " FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot 1.2 Centralizagao e descentralizacao Somente os entes politicos recebem competéncias diretamente da Constituigéo para prestar servico piblico a sociedade. Assim, quando o Estado presta os servigos por meio de seus érg8os @ agentes intagrantes da Administrago direta, ou seja, que compdem as pessoas politicas, diz- 30 que 0 servico 6 prestado de forma centralizada. Assim, 08 services s80 prestados pelos érgaos despersonalizados integrantes da propria entidade politica. Exemplo disso sd0 0¢ servigos prestades pelos ministérios, pelas secretarias ‘estaduaic © municipais ou por seus érgaos cubordinados. scLaneceNDO A Secretari um érgao integrante do Ministério da Economia. Assim, 0s servicos prestacos pela Receita Federal so realizados de forma centralizada. Contudo, @ entidade politica pode opter por transferir a terceiro @ competincia para determinada atividade administrativa, ceso em que teremos e descentralizagao. ‘Segundo Maria Zyivia Zanella Di Pietro’, a descentralizacao é a distribuigo de competéncias de uma pare outre pessoa, fisica ou juridica. A autora classifica e descentralizacio em politica o administrativa. Aquela se refere a distribuigéo de competéncias previstas na Constituigéo, que da origem & federagéo. Sendo assim, quando os estados ou municipios prestam os servigos previstos na Constituicio, eles esto prestando os servigos préprios, que néo decorrem do ente central. Em outras palavras, a descentralizagao politica envolve a distribuiglo de competéncias aos Estados-membros ¢ aos municipios. A descentralizacao administrativa, por sua vez, ocorre quando o Estado no executa o servigo por meio de sua Administraggo direta. Envolve, portanto, dues pessoas distintas: 0 Estado — Unido, estados, Distrito Federal e municipios — e a pessoa que executard o servico, uma vez que recebeu essa atribuigéo do Estado’. $DiPietro, 2014, p. 481 * Aloxandrino Paulo, 2011, p. 23. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal DPE AM - 2018) Considere que o Estado do Amazonas tenha decidido criar, por lei specifica, uma autarquia, atribuindo a ela o servico publico de transporte intermunicipal. jituagao narrada constitui exemplo de descentralizagdo politica, com transferéncia, no: ermos da lei editada, do servico piiblico antes titulado pelo Estado, dotando o novo ent. ie autonomia. fomentarios: @ situagao representa a descentralizagéo administrativa. A descentralizacd olitica ocorre no nivel constitucional, quando os estados, o DF e os municipios recebem as sua ibuicdes préprias. Desta fo on Nesse contexto, podemos mencionar trés formas de descentralizagao administrativa: ¥ descentralizac&o por outorga, por services, técnica ou funcional; V descentralizagao por delegagao ou colaboracao; Y descentralizacao territorial ou geogrética A descentralizagao por outorga, por servigos, técnica ou funcional ocorre quando o Estado ria uma entidade com personalidade juridica propria e a ela transfere a titularidade e a execucio de determinado servico piblico. Esse tipo de descentralizacéo dé origem & Administragao indireta (autarquias, fundagdes piblicas, sociedades de economia mista e empresas publicas), pressupondo a elaboragio de lei para cria¢Se ou autorizacio da criagao da entidade. Na descentralizagao por delegagao ou colaboracao, uma entidade politica ou administrativa transfere, por contrato ou por ato unilateral, a execucdo de um servico a uma pessoa juridica de direito privado preexistente. Assim, a pessoa que recebe a delegagao podera prestar o servico. diretamente & populacao, em seu préprio nome e por sua conta e risco, sofrendo a fiscalizagao do Estado. Esse tipo de descentralizagao da origem aos delegatarios de servigo publico por meio de concessao, permissao ou autorizagao. Um exemplo de descentralizacao por delegagao ocorre com os servicos de telefonia, prestados por empresas privadas. E fundamental distinguir essas duas formas de descentralizagao. Na primeira hipétese, a outorga, a propria titularidade do servico é transferida ao terceiro por meio de lei e, por conseguinte, somente por lei poder ser retirada ou modificada. Ademais, a outorga tem presungio de definitividade, isto é, em tese seré exercida indeterminadamente pelo ente outorgado. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Por outro lado, na descentralizagéo por delegagdo, transfere-se epenas a execugéo do s¢ por ato administrative (unilateral) ou contrato administrative (bilateral). Na primeira hipétese ato administrative — autorizagao de servicos piblicos), em regra, ndo ha prazo determinado para a delegagéo, uma vez que esse instrumento reveste-se de precariedade, isto 6, pode ser revogade a qualquer tempo e, em geral, sem direito @ indenizagéo. No caso do contrato (concesso ou permissdo de servicos piblicos), porém, e delegacao é efetivada por prazo determinade, estendo sujeite as cléusules legeis ¢ contratuais para modificagao e revogacao do instrumento. Vejamos alguns exemplos: Va Agéncia Nacional de Telecomunicagées (Anatel) é uma autarquia sob regime especiel criada pela Lein® 9.472, de 16 de julho de 1997, vinculada ao Ministério das Comunicagées, com a fungéo de érgéo regulador des telecomunicacdes (descentralizacdo por outorga); Va Empresa de Planejamento e Logistica S.A. (EPL) 6 uma empresa piblice cuja criagdo foi eutorizeda pela Lei n° 12.404, de 4 de maio de 2011, vinculede ao Ministério da Infraestrutura, com o objetivo de plenejar © promover o desenvolvimento do servigo de transporte ferrovisrio de alta velocidade de forma integrada com as demais modalidades de transporte (descentralizacdo por outorga); © Yas diversas empresas de telefonia mével (Oi, Tim, Claro, Vivo, ete.) oferacem os servicos de forma descentralizada por meio de contrato de concesséo de services piiblicos (delegacao ou descentralizacdo por colaboracdo). Na descentralizagdo por outorga, ndo hé hierarquia ou subordinag3o entre as pessoas envolvidas, mas apenas vinculacao. Assim, 0 érgéo central realiza a tutela (administrativa), supervisdo (ministerial) ou controle finalistico sobre o exercicio da atividade por parte do ente descentralizado, nos termos estabelecidos om lei Nesse contexto, Hely Lopes Meirelles conceitua o controle finalistico da seguinte forma: “Eo que a norma legal estabelece para as entidades auténomas, indicando a) autoridade controladora, as faculdades a serem exercitadas e as finalidades! objetivades. Por isso mesmo, & sempre um eontrole limitade @ externo. Nao tem | fundamento hierérquico, porque ndo hé subordinagao entre a entidade controlada | ea autoridade ou 0 érgao controlador. E um controle teleolégico, de verificacao do } enquadramento da instituicéo no programa geral do Governo e de seuj acompanhamento dos atos de seus dirigentes no desempenho de suas fungées | estatutérias, para o atingimento das finalidades da entidade controlada. i Assim, 0 controle finalistico & exercido pela Administragdo direta sobre a indireta, com o objetivo de garantir que a entidade administrative esteja realizando adequadamente as atividades para a qual se destinam. Contudo, em razéo da autonomia administrativa que as entidades da FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Administracao indireta deta , este 6 um controle limitado, que necessita expressa previséo legal que determine os meios de controle, os aspectos a serem controlados e as ocasiées em que ocorrera. No caso da descentralizagéo por colabora¢o ou por delegacdo, as formas de controle so mais amplas do que na outorga. Isso porque a delegacao ocorre por meio de ato ou contrato administrativo, admitindo alteraco unilateral e diversas formas de fiscalizagio das condicdes do servigo prestado. O entendimento é simples. Como a outorga é feita por lei, transfere-se a titularidade do servico, permitindo o desempenho da atividade com autonomia. Assim, as interferéncias do ente politico so somente aquelas admitidas na lei que transferiu a competéncia para a Administracao Indireta Por outro lado, por meio da delegagao — descentralizagao por colaboracao - transfere-se apenas © exercicio da atividade, por meio de ato ou contrato administrativo. Dessa forma, a titularidade permanece com o Estado, que podera exercer formas de controle mais amplas. De qualquer forma, nao havera relagao hierarquica em nenhuma forma de descentralizacao. Além das formas apresentadas acima, podemos falar, ainda, na descentralizacao territorial ou geografica. A Constituigao Federal, no §2° do artigo 18, dispde sobre a possibilidade de criagso dos chamados territérios federais, vejamos: Art. 18. [...] | § 2°- Os Territérios Fedlerais integram a Unio, e sua criac&o, transformacao em Estado | ou reintegra¢gao ao Estado de origem serao reguladas em lei complementar. Essa é uma modalidade de descentralizac&o na qual a Unido cria uma pessoa juridica com limites territoriais determinados e competéncias administrativas genéricas. Assim, enquanto as entidades que compdem a Administracdo indireta apresentam capacidade administrative especifica para desempenhar a atividade para a qual foram criadas, os territorios possuem capacidade administrativa genérica para atuar em diversas éreas dentro do limite geogréfico que os compéem. Os territérios nao integram a federacao, mas possuem personalidade juridica de direito publico. Nao possuem também capacidade politica, mas apenas administrativa genérica, por esse motivo alguns doutrinadores chegam a chamé-las de autarquias territoriais ou geograficas. Por fim, cabe destacar que atualmente no existem territérios federais no Brasil, apesar de existir a possibilidade de sua criagéo. A figura abaixo resume 0 que vimos sobre a descentralizacao. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Exge-se © para crarou autor zara cragdo de outa entade Da orgem a Adm n stragao nd reta (autarqu as, fundagdes pub cas, EP e SEM) Transfere a t tuar dade do serv go Presungdo de defntvdade DESCENTRALIZACAO Duas pessoas juridicas distintas Tutea ou contro e fna ist co ‘Ato adm strat vo - autor zagio de ‘Serv 60 pllb co (precar edade) Contrato - concesstio ou perm sso {(prazo determ nado) Capac dade adm n strat va gonér ca Nao hé hierarquia Especializagao (SEFIN RO - 2018) Na centralizagao, o Estado executa suas tarefas diretamente, po! intermédio dos inumeros érgaes e agentes administrativos que compéem sua estruture funcional. ‘Comentarios: quando os servigos edo prestados diretamente pelos érgéos da Administrag: direta, diz-se que 0 servigo foi prestado de forma centralizada. Portanto, o quesito esta correto. Se, por outro lado, os servicos forem prestados por entidades edministrativas ou mediante 1.3 Concentra¢gdo e Desconcentra¢gao. Passaremos, agora, a falar sobre a desconcentragéo. Diferentemente da descentralizacéo, a desconcentracao ocorre exclusivamente dentro de uma mesma pessoa juridica, constituindo uma técnica administrativa utilizada para distribuir internamente as competéncias. Assim, quando ‘05 municipios se organizam em secretarias, nada mais estéo fazendo do que desconcentrando as competéncias dentro de sua prépria estrutura. Por meio da desconcentracéo é que surgem os Stgios piblicos FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Para Hely Lopes Meirelles’ a desconcentragao é uma técnica administrativa de simplificagao e aceleragao do servigo dentro da mesma entidade, diversamente da descentralizagao, que é uma técnica da especializago, consistente na retirada do servico de dentro de uma entidade e transferéncia a outra para que o execute com mais perfeigdo ¢ autonomia. Nesse contexto, ha desconcentragéo quando a Unido se organiza em ministérios ou quando uma autarquia ou empresa ptblica se organiza em departamentos para melhor prestar os seus servicos. Dessa forma, podemos perceber que a desconcentragao pode ocorrer tanto no ambito das pessoas politicas (Unido, DF, estados ou mut s) quanto nas entidades administrativas da Administragao indireta [ScLARECENDO! A descentralizagao pressupde a existéncia de, no minimo, duas pessoas distintas: uma que transfere a competéncia e a outra que recebe. Nao hé relagao hierarquica. A desconcentragio ocorre dentro uma Unica pessoa juridica, constituindo uma técnica administrativa de distribuicao interna de competéncias. Existe relacao hierarquica. Conforme destacado acima, a desconcentrago ocorre na mesma pessoa juridica e, por conseguinte, realiza-se dentro de uma estrutura hierarquizada, com relacao de subordinacao entre os diversos niveis. Nas entidades desconcentradas, temos o controle hierarquic, que compreende os poderes de comande, fiscalizagao, revisdo, punigao, delegagao, avocagao, solugio de conflitos de competéncia, etc.* Por exemplo, as inspetorias especiais e alfandegas séo érgaos subordinados as superintendéncias regionais, que, por sua vez, so subordinadas a Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nesses casos, as unidades superiores controlam as inferiores por meio do controle hierarquico. Existem trés formas distintas de desconcentracao: vem razao da matéria: Ministério da Educagao, da Satde etc.; Y por hierarquia (ou grau): ministérios, superintendéncias, delegacias, ete; 7 Meirelles, 2013, p. 394. ® Alexandrino e Paulo, 2011, p. 27. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Y territorial ou geogréfica: Superintendéncia Regional do INSS do Norte, Superintendéncia Regional do INSS do Nordeste, etc. © inverso dessa técnica administrative 6 » concentracdo, isto 6, « situagéo em que a pessoa juridica integrante da Administraco Pablica extingue seus érgdos até entBo existentes, reunindo em um niimero menor de unidades as respectivas competéncias. Podemos mencionar, como ‘exemplo, uma situagéo em que uma secretaria municipal de obras resolva diminuir o nimero de subsecretarias regionais com o objetivo de cortar gastos, distribuindo as subéreas des unidades extintas entre as estruturas remanescentes. Vamos dar uma olhada em mais uma figura de resumo. Em razéo da matéria (Satide, Educacdo, Previdéncia, etc.) Por hierarquia (ministério, suverintendncia, delegacia, ete. Territorial ou geogréiica (Norte, Sul, Nordeste, etc.) E importante destacar, ademais, que a concentrag&o/desconcentragéo e a centralizagdo/descentralizagéo Nd s0 conceitos excludentes, ou seja, um servico pode ser prestado de forma centralizade mediante desconcentragio, quando for desenvolvido por um 6rgéo integrante da Administracéo direta; ou pode ser prestado descentralizadamente mediante desconcentracéo, quando for realizado por uma unidade integrante da Administrag&o indireta (ex. Superintendéncia Regional do INSS). Desconcentragio IMesma pessoa jurdica Hierarquia (controle hierérquico) ‘Técnica edministrativa Dé origem aos érgi0s piblicos Por exemplo, um servigo prestado por uma delegacia regional da Receita Federal 6 prostado de forma centrelizada - uma vez que a Receita Federal 6 érgdo da Administrado direta - ¢ desconcentrada — pois a delegacia regional é criada para desconcentrar as competéncias dentro do Ministério da Economia. Outro exemplo um servigo prestado pela Superintendéncia Regional do Instituto Nacional do Seguro Social — INSS, que é uma autarquia da Unido. Assim, o INSS pertence & Administragso indireta. Assim, 0 servigo em anélise foi prestado de forma descentralizada - Administragio indireta - ¢ desconcentrada - Superintendéncia Regional. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal (TCE PB - 2018) No processo de descentralizagao por servico, em que o orgao passa a deter titularidade e a execugao do servico, ocorre a distribuigao interna de competéncias n mbito de uma mesma pessoa juridica. omentarios: a distribuiggo interna de competéncias é manifestacdo da desconcentragio e na ja descentralizaco. Logo, o quesito esta incorreto. Na verdade, a descentralizacio envolve relacdo de mais de uma pessoa juridica, criando uma nova entidade (descentralizagao por servico) u firmando um vinculo de delegagao (descentralizacao por colaboracao). Logo, o item esta 1! 1.4.1 Conceito Segundo Hely Lopes Meirelles, os érg3os piiblicos so “centros de competéncias instituldos para © desempenho de fun¢ées estatais, através de seus agentes, cuja atuacdo € imputada a pessoa juridica”? Na mesma linha, Maria Sylvia Zanella Di Pietro define érgio piiblico como "uma unidade que congrega atribuicdes exercidas pelos agentes publicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado” .'" Os érgiéos séo, portanto, centros de competéncias, sem personalidade juridica propria, que atuam, por meio dos agentes nele lotados, em nome da entidade politica ou administrativa que a integram. Nesse ponto, é importante destacar que os érgéos néo possuem personalidade juridica, pois fazem parte de uma pessoa politica ou administrativa, essas sim possuidoras de personalidade juridica prépria. Dessa forma, o desempenho das atribuicdes dos érgos € imputado & pessoa juridica a que pertencem. Por exemplo, a Unido, que é uma entidade politica que recebe suas atribuigées diretamente do texto constitucional, pode se organizar por meio de ministérios (érgdos). A atuagdo de cada ? Meirelles, 2013, p. 69. © Dj Pietro, 2014, p. 590. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot ministério, no entanto, deveré ser atribuida & Unido — entidade politica possuidora de personelidade juridice prépria. Da mesma forms, quando @ Superintendéncia Regional do INSS desempenha as suas competincias, ela no o faz em seu nome, mes sim em nome do INSS, que ¢ ume eutarquia federal - entidade adminictrativa com personalidad juridica prépria. © Estado ~ ou seus entes politicos ~ é uma pessoa juridica, um ente abstrato, e, nessa condigéo, no pode, por si sé emitir declaragdes de vontade, néo pode produzir atos juridicos sozinho. Pera tanto, ele atue por meio de pessoas fisices, cujas manifestagdes representam a sua vontade. Tais pessoas fisicas so denominadas agentes puiblicos.”" No entanto, apesar de materialmente ser praticado pela pessoa ficica (agente puiblico), a autoria dos atos administrativos deve ser atribuida ao Estado, ou a pessoa juridica que o agente representa. Nesse contexto, existem trés teorias principais para explicar a atuagéo do Estado por meio de seus agentes: ‘Teoria do mandato: © agente piblico 6 mandatério (como se atuasse por meio de uma procuragdo ~ contrato de mandato) da pessoa juridica. O mandato 6 um contrato e, como tal, pressupée a existéncia de duas pessoas com vontades préprias. Assim, a teoria foi criticada por nao explicar como o Estado, que 6 um ente abstrato e, portanto, sem vontade prépria, poderia ‘outorgar o mandato. Essa teoria ndo é adotada no Brasil. ‘Teoria da representacao: equipara o agente piblico a figura do tutor ou curador, que representa, 0s incapazes. Dessa forma, o agente piblico seria o representante do Estado por forga de lei Essa teoria foi criticada por diversos motives: (i) por equiparar a pessoa juridica eo incapaz; i) por representar a ideia de que o Estado confere representantes a si mesmo, quando nao é isso que ocorre na tutela e curatela; (ii) apresenta 0 inconveniente de que, quando o representante ultrapassasse os poderes da representacdo, a pessoa juridica nao responderia por esses atos aos terceiros prejudicados. Também nfo 6 uma teoria adotada no Brasil. * Barchet, 2008, p. 25. ® Di Pietro, 2014, p. 589. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal pessoa juridica manifesta sua vontade por meio de érgaos, de modo que Teoria do éraao: quando os agentes que os compéem manifestam a sua vontade, é como se o préprio Estado 0 fizesse. Dessa forma, substitui-se a ideia de representaco por imputacdo. De acordo com Otto Gierke, idealizador dessa teoria, © érgio parte do corpo da entidade e, assim, todas as suas manifestacdes de vontade séo consideradas como da prépria entidade. Esta é a teoria adotada no Brasil A teoria do érgao fundamenta-se no principio da imputagao volitiva (teoria da imputac&o), que significa que a manifestacdo emanada de um érgao — e materializada pelo respective agente pubblico ~ é atribuida externamente & pessoa juridica @ cuja estrutura organizacional pertenca. Dessa forma, quando um érgo externa a vontade, é a prépria entidade, sob o ponto de vista juridico, que a manifesta de forma a produzir os efeitos juridicos.”? Maria Di Pietro ensina que, enquanto a teoria da representagao considera a existéncia da pessoa juridica e do representante como dois entes auténomos, a teoria do érgao funde os dois elementos, concluindo que o érgao ¢ parte integrante do Estado. A teoria do érgao ¢ utilizada para justificar a validade dos atos praticados por “funcionario de fato”"*. Desde que a atividade provenha de um érgio, néo tem relevancia o fato de ter sido praticado por um agente que nao tenha investidura legitima. Basta a aparéncia de legalidade e o exercicio da atividade pelo érgao, pois os efeitos da conduta sero imputades pessoa juridica."* Esse é 0 ponto fundamental para entender o que é um érgao puiblico. O érgo nada mais é do que a parte de um todo. Eo mesmo raciocinio do corpo humano. O érgio (figado, estémago, ® Carvalho Filho, 2007. ¥ Segundo Celso Anténio Bandsira de Mello (2014, p. 249), 0 “funcionario de fato” & “aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situaco tem aparéncia de legalidade. Em nome do principio da aparéncia, da boa-fé dos administrados, da seguranga juridica e do principio da presungo de legalidade dos atos administrativos reputam- Por exemplo, o Departamento Nacional de Infraestrutura — DNIT, autarquia federal criada pela Lei 10.233/2001, tom o seu objetivo definido no art. 80 da Lei, compreendendo a implementagéo, em sua esfera de atuacéo, da politica formulada pare a administrago da infraestrutura do Sistema Federal de Viagdo. Essa cera a finalidade especifica do DNIT, ao qual o Departamento ‘encontra-se vinculado. A Gltima caracteristica comum as entidades administrativas que elas nao esto subordinadas & Administracao Direta, embora estejam sujeitas ao controle destas. Jé discutimos acima que, no caso de descentralizacio, n&o ha relecdo hierérquica. Contudo, as pessoas juridicas integrantes da Administragéo Indireta encontram-se vinculadas & Administracéo Direta, em geral tério da rea correspondents. Por exemplo, a Anetel, que ume autarquie sob regime especial criade com a fungio de érgéo regulador das telecomunicagées, esta vinculada ao Ministério da Ciéncia, Tecnologia, Inovagdes © Comunicagdes. Da mesma forma, © INSS, que também ¢ autarquia, tem por finalidade promover o reconhecimento de direito ac recebimento de beneficios administrados pela Previdéncia Social, e, portanto, esté vineulado eo Ministério da Economia, A vinculago, no entanto, no é subordinago nem relacdo hierérquica, mas téo somente uma forma de assegurar o controle para fins de cumprimento das atividades da entidade. Nessa linha, % Marinela, 2013, p. 112. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal © Decreto Lei 200/67 esclarece que 0 controle da Administrago Indireta tem por objetivo (art. 26): a) assegurar o cumprimento dos objetivos fixades no seu ato de criacao; b) harmonizar sua atuacdo com a politica e programacio do Governo; ©) assegurar a obtengao da eficiéncia administrativa; d)assegurar a autonomia administrativa, operacional e financeira. Por isso, diz-se que, entre as entidades administrativas e a Administracao Direta, ocorre 0 chamado controle finalistico, também chamado de supervisdo ministerial. Além do controle da administragao direta, as pessoas juridicas da administrac&o indireta realizam © controle sobre os seus préprios atos ~ controle interno ~ e também esto submetidos a agdes. de érgaos estranhos a sua estrutura - controle externo. Assim, essas pessoas juridicas se submetem a fiscalizagao contabil, financeira e orgamentaria dos Tribunais de Contas; as agdes do Ministério Publico; e ao controle de legalidade do Poder Judiciario. Além disso, também podemos mencionar as formas de controle da sociedade, como a aco popular ou representagdes aos érgaos de controle do Estado. Antes de finalizarmos, cumpre destacar que a doutrina diverge sobre a classificag3o do controle realizado pela Administragdo Direta sobre a Indireta. 2.2.2 Instituigaéo das entidades da Administragao Indireta As entidades da Administracio Indireta podem ser de direito pubblico ou de direito privado. O que vai definir isso sera a forma de criagao: sero de direito publico quando criadas diretamente por lei especifica e de direito privado quando forem criadas pelo registro de seu ato constitutivo, apés autorizagao para criagao em lei especifica. A matéria é tratada na Constituigéo Federal no inc. XIX do art. 37, nos seguintes termos: | XIX~ somente por lei especifica podera ser criada autarquia e autorizada a instituicao | | de empresa publica, de sociedade de economia mista e de fundagao, cabendo a lei! § complementar, neste ultimo caso, definir as dreas de sua atuaco; ‘A redacao do inciso mencionado acima decorre de alteragao da Emenda Constitucional 19/1998. Acontece que, na antiga redagéo, as fundagdes também eram criadas diretamente por lei. Isso gerou muita polémica e divergéncia sobre a natureza juridica e forma de criagdo das fundagées. publicas. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Atualmente, no entanto, o assunto foi resolvide pelo STF, que as: atualmente existem dois tipos de fundagdes publicas: es de direito pubblico — criadas diretamente por lei especifica; as de direito privade, criadas pelo registro de seu ato constitutive, apés Dessa forma, podemos concluir que as autarquias ¢ fundacées piiblicas de direito publico séo criadas diretamente por lei especifica. Qu seja, logo apés a promulgacéo de sues leis, as ‘entidades adquirem personalidad juridice, independentemente de qualquer procedimento complementer. Por outro lado, es empresas piiblicas, as sociedades de economia mista e as fundagoes Piblicas de direito privade séo criadas apés 0 registro de seu ato constitutive no érgéo competente, dependendo, para isso, de autorizacéo legislativa. © procedimento 0 seguinte: @ lei autorize a instituiglo da entidede administrative de direito privado; em seguida, o chefe do Poder Executivo edita, por meio de decreto, o ato constitutive de entidede; por fim, o decreto 6 levado & Junta Comercial ou ao Registro Civil de Pessoas Juridicas, conforme o caso; apés a efetivacéo do registro, a entidade adquire personalidade juridica prépria. Quanto as fundagées piblices, ainda vale destacar que a parte final do inc. XIX do art. 37 da CF/88 determina a edico de lei complementar para definir area de atuaglo das fundagdes puiblicas. Essa lei complementar iré balizar a érea de atuacdo tanto das fundacées piiblicas de direito piblico quanto das de direito privado. No entanto, até o presente momento, mencionads lei nao foi editada. Encerrando 0 assunto, vale destacar novamente o que foi abordado no capitulo seguinte. A ‘extinggo das pessoas juridicas da Administragéio Indireta deve ocorrer da mesma forma como ocorreu sua criacdo. Assim, as entidades de direito publico so extintas diretamente por lei, ‘enquanto as de direito privade dependem de lei para autorizar sua extingdo. © quadro abaixo resume os procedimentos de instituigo das pessoas juridicas da Administragdo Indireta: Pernrrrrceren try ae) ,Aeareaias Vigéncia da lei de criagdo Direito Pablico Entidade administrativa Natureza juridica Vigencia da lei de Pablico G0) FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal = Fundagdes piblicas | Registro do ato constitutive, Direito Privado apés autorizagao legislativa. + Empresas ptiblicas; | Resistro do ato constitutivo, Direito Privado = Sociedades de apés autorizagao legislativa. economia mista O ine. XX do art. 37 da Constituigdo Federal disciplina a criagdo das subsidiarias das entidades da Administraco Indireta ou sua participagio em empresa privada, vejamos: EXX™- depende de autorizacso legislativa, em cada caso, a eriagao de subsidiarias das | | entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participagéo de qualquer | | delas em empresa privada; Uma subsididria é uma empresa controlada pela empresa matriz. Trata-se, portanto, de uma entidade com personalidade juridica prépria, controlada por outra empresa. Por exemplo, @ Petrobras Distribuidora e a Petrobras Combustiveis sao empresas subsidiarias da Petrobras. Nao se confundem com meros “érgaos”, ou “unidades” ou ainda “filiais”, uma vez que séo empresas. distintas, com personalidade juridica prépria. As subsididrias so pessoas juridicas controlades indiretamente pelo Poder Publico, no integrando 0 conceito formal de Administragao Publica. Dessa forma, devemos consideré-las. como empresas privadas, que so controladas indiretamente, mas nao integram a Administragéo Publica. Sobre a necessidade de autorizacio legislativa, o entendimento do STF é que a criagdo das. subsidiarias depende de “autorizag3o em lei”. Isto é, a criag3o de subsididrias depende de lei ordinéria, editada pelo ente politico ao qual esta vinculada a entidade da Administragdo Indireta que iré criar a subsidiaria. Quanto ao “cada caso” previsto no inc. XX, art. 37, da CF, o STF firmou entendimento de que nao ha necessidade de uma lei para autorizar a criacao de cada subsidiaria. Basta, para tanto, existir uma autorizagéo genérica permitindo que a entidade crie suas subsidiérias. Isso pode constar inclusive na lei de criag&o (ou autorizacao de criagao) da entidade administrativa.* 1s foi analisado na ADI 1649 / DF, que entendeu como constitucional dispositivo da Lei 9.478/1997, que autorizou a Petrobras “a constituir subsididrias” para o estrito cumprimento de atividades de seu objeto social que integrem a industria do petréleo (art. 64), sem definir exatamente quais e quantas subsidiarias seriam. O STF entendeu o dispositivo como constitucional, firmando entendimento que é suficiente existir previséo legal autorizando a criago de subsidiarias. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Por exemplo, se 0 Governo Federal criar a “empresa publica ESTUDANDO”, a lei que autorizou a criagdo dessa entidade pode conter um seguinte: "Art. XX— A empresa pibblica Estudendo pode criar subsidiérias para melhor decempenhar suas funcdes”. Perceba que o dispositive foi genérico, mas esté de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal para 0 caso. Apesar de o STF sé ter se pronunciado sobre a criagéo de subsidiérias, o mesmo entendimento pode ser eplicado para a participacao das entidades da admi privadas. Isso porque seria estranho o Pretério Excelso” dar entendimento diferente & matéria que se insere no mesmo dispositive das subsid Perfilham com esse entendimento os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Enfim, para que es entidades ca edministragéo indireta eriem subsil ‘empresas privadas, deverd existir autorizacio em lei, bastando para tanto a existincia de autorizagio legislative genérica (EBSERH - 2018) Somente por decreto especifico poderd ser criada autarquia ¢ autorizada instituigéo de empresa piblica, de sociedade de economia mista e de fundagao, cabendo lei complementar definir as dreas de atuagao. Comentarios: 0 item quase reproducéo do art. 37, XIX, da Constituic8o Federal. Contudo, criagdo @ exting&o de entidades administrativas depende da edicao de lei especifica (e nao de decreto). Por isso, a assertiva esta incorret 2 Para aqueles que esto pouco familiarizados com a linguagem juridica, 0 termo “Pratorio Excelso” & uma forma de designar 0 Supremo Tribunal Federal, % Aloxandrino © Paulo, 2011, p. 38. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal 3.1 Conceito O Prof. Celso Anténio Bandeira de Mello define autarquia como "pessoas juridicas de Direito Publico de capacidade exclusivamente administrativa". Para José dos Santos Carvalho Filho, pode-se conceituar a autarquia como a “pessoa juridica de direito publico, integrante da Administragao Indireta, criada por lei para desempenhar fungées que, despidas de carter econémico, sejam préprias e tipicas do Estado” Outra importante definicdo € da lavra da Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que define autarquia como a: TL] a pessoa juridica de direito publico, criada por lei, com capacidade de | | autoadministracdo, para o desempenho de servico publico descentralizado, mediante | § controle administrativo exercido nos limites da le i No ordenamento juridico, é muito utilizada a definigao prevista no Decreto-Lei 200/1967, que, apesar de ser aplicado exclusivamente 8 Administragao Publica federal, costuma servir de referéncia para os demais entes. Vejamos, entao, o contetido do art. 5°, |, do DL 200/1967: iT 2 Autarquia = 0 servigo autonome, criado por lei, com personalidade juridica, | | patriménio e receita proprios, para executar atividades tipicas da Administracao | Publica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestéo administrativa financeira descentralizada. De forma mais simples, as autarquias representam uma extensao da Administragao Direta, pois, em regra, realizam atividades tipicas de Estado, que s6 podem ser realizedas por entidedes de direito publico. Assim, elas séo a personificagao de um servico retirado da Administragao Direta. Elas so criadas para fins de especializago da Administragao Publica, pois desempenham um servigo especifico, com maior autonomia em relacao ao Poder central. iiewros ¥ Segundo Maria Syivia Zanella Di Pietro, ha certo consenso entre os autores ao apontarem as caracteristicas das autarquias: + criagdo por lei; FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot + porsonslidede juridica piblica; * capacidade de autoadministragio; * especializagéo dos fins ou atividades; + sujeigdo a controle ou tutela. Assim como todas as demais entidades edministrativas, nao se encontram subordinadas a nenhum érgéo de Administragio Direta, ou seje, elas nao se submetem ao controle hierarquico da administrago centralizade, mas estéo vinculadas & pessoa politica que a criou, normalmente por intermédio do ministério da érea correspondente. Vejamos alguns exemplos de auterquias federaie: «Institute Nacional do Seguro Social - INSS: autarquia vinculada ao Ministério da Economia; * Agéncia Nacional de Telecomunicagées ~ Anatel: autarquia vinculada ao Ministério das Comunicagdes. Quando se relacionam com os administrados, justamente pelo fato de serem pessoas juridicas de direito publico, as autarquias agem como se fossem a propria Administraao Publica central ¢, portento, gozam das mesmas prerrogativas e restrigoes que informam o regime juridico- ‘administrative. Ademais, como possuem personelidade juridica propria, os seus direitos ¢ obrigagdes 280 firmados em seu proprio nome. Com efeito, ainda em decorréncia de personalidade juridica prépria, como esses entidades recebem competéncia em lei para desempenhar determinado servigo (principio da ‘especializago), as autarquias s80 chamades de servico pubblico personalizado. No que se refere & relacdo com a Administrago central, a Prof® Maria Di Pietro ensina o seguinte: Perante a Administracao Publica centralizada, a autarquia dispée de direitos e! obrigagées; isto porque, sendo instituida por lei para desempenhar determinado | servico ptiblico, do qual passa a ser titular, ela pode fazer valer perante a Administracao | © direito de exercer aquela funcao, podendo opor-se as interferéncias indevidas; vale | dizer que ela tem o direite ao desempenho do servigo nos limites definides em lei. | Paralelamente, ela tem a obrigagae de desempenhar suas funcdes; originariamente, | essas fungdes seriam do Estado, mas este preferiu descentralizé-las a entidades as : uais atribuiu personalidad juridica, patriménio proprio e capacidade administrative; | essa entidade toma-se a respensdvel pela prestacao do servigo; em consequéncia, a ! Administragao centralizada tem que exercer 0 controle para assegurar que essa funcao | seja exercida. i Complements a autora afirmando que esse duplo aspecto — direite e obrigagae - dé margem a outra duslidede: independéncia e controle. Dessa forma, a capacidade de autoadministragao FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal 6 exercida nos limites da lei; enquant, da mesma forma, os atos de controle no podem ultrapassar os limites legais. Pei (TCE PB - 2018) Servico auténomo com personalidade juridica de direito publico, patriméni receita préprios, criado por lei para executar atividades tipicas da administragao publica ue requeiram, para seu melhor funcionamento, gestio administrativa e financeir: lescentralizada é 0 conceito de autarquia. Comentarios: perfeito! As autarquias so entidades de direito publico; possuem seu prépri ‘atriménio e receita; so criadas por lei; e atuam de forma descentralizada. Vale lembrar qu ormalmente se utiliza a expressao servico publico personelizado ou servico auténomo par lescrever a forma de criago dessas entidades. Logo, o item esta correto! 3.2 Criagdo e extin¢ao Conforme ja estudado anteriormente, tanto a criagdo quanto a extingdo das autarquias devem ocorrer por meio de lei especifica, nos termos previstos no art. 37, XIX, da CF. Na esfera federal, a lei para a criago ou extingo das autarquias é de iniciativa privativa do Presidente da Republica, por forga do art. 61, §1°, Il, “e"®, da Constituigo Federal. Essa regra ios. Assim, cabera aos aplica-se, por simetria, aos estados, Distrito Federal e mun ingao de autarq governadores e prefeitos a inici esfera de governo de cada um. dentro da iva de |. & PRESTE ATENGAO Tanto a criagdo quanto a extingao de autarquia dependem de edicao de lei * Art. 61, ..] § 1° - Sdo de iniciativa privativa do Presidente da Republica as leis que: Il disponham sobre: [..] @) criagdo extingiio de Ministérios e érgaos da administragao publica, observado o disposto no art. 84, VI; FZ] direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Entretanto, na hipétese de autarquie vinculade aos Poderes Legi de lei caberé ao respectivo chefe de Poder. islativo ou Judiciério, a iniciativa (SEFIN RO - 2018) As autarquias sao er das por lei Comentirios: facil demeis, ni vigéncia da lei de cri o!? As autarquies 280 efetivamente criades por lei, "nascendo” com 3.3 Atividades desenvolvidas Segundo © DL 200/1967, as autarquias so criadas para executer atividades tipicas da Administragao Publica. A doutrina defende, entéo, que as autarquias devem executar servicos piblicos de natureza social e atividades administrativas, exeluindo-se os servigos @ atividedes de cunho econémico e mercantil.” Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo mencionam como atividades desenvolvidas pelas autarquias a prestacéo de servicos publicos em sentido amplo, a realizacéo de atividades de interesse social e 0 desempenho de atividades que envolvam as prerrogativas publicas, como 0 exercicio do poder de policie. Com efeito, as autarquias podem ser criadas para o desempenho 2 fiscalizacio de obras, a exemplo do que faz 0 Departamento Nacional de Infraestrutura e Rodagens ~ DNIT, eriado pela Lei 10.233/2001." 3.3.1 Conselhos de fiscalizacao de profisséo Os conselhos regionais ¢ federais de fiscalizagéo de profissdo, com excegdo da OAB, so autarquias federais (conhecidas como autarquias corporativas ou profissionais), consoante ‘entendimento do STF (MS 22.643/SC). ® Carvalho Filho, 2014, p. 477. 3% Lei 10.233/2001; Art. 60. Constitui objetivo do DNIT implementar, em sua esfera de atuagéo, a politica formulada para a administrag3o da infra-estrutura do Sistema Federal de Viacdo, compreendendo sua ‘operagdo, manutencio, restauragao ou reposi¢do, adequagao de capacidade, e ampliaglo mediante segundo 0s principios e diretrizes estabelecidos nesta Lei. ® Os conselhos regionais so entidades federais. Pode parecer confuso, mas os conselhos “regionals” no pertencem aos estados. Por exemplo: 0 Conselho Regional de Medicina de So Paulo 6 uma entidade FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Por conseguinte, os conselhos de fiscalizacdo de profissio (exemplos: Conselho Federal de Medicina - CFM; conselhos regionais de medicina - CRM; Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - Confea; Conselho Federal de Nutricionistas - CFN; conselhos regionais de nutricionistas - CRN), como entidades autarquicas federais, sao (RE 539.224/CE): * criados por lei, tendo personalidade juridica de direito publico com autonomia administrativa e financeira; + exercem a atividade de fiscalizacdo de exercicio profissional, atividade tipicamente publica; = tém o dever de prestar contas ao Tribunal de Contas da Unido. Todavia, tal regra nao se aplica & Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, conforme decidido pelo STF na ADI 3.026/DF. Pare o STF, a OAB nao integra a Administragao Publica, sendo considerada um servigo piblico independente, categoria impar no elenco das personalidades juri ito bras 3s existentes no di Podemos concluir, dessa forma, que as entidades de fiscalizagao de profissio integram a Administracao Publica indireta federal, com excego da OAB, que nao faz parte da Administracao Publica. No entanto, apesar de serem entidades de direito publico, os conselhos acabam se submetendo a um regime juridico especial. Por esse motivo, o STF jé entendeu, por exemplo, que “os pagamentos devides em razao de pronunciamento judicial pelos conselhos de fiscalizagao no se submetem ao regime de precatérios”. Logo, a cobranga de dividas dos conselhos segue regramento semelhante ao das entidades privadas, como por exemplo por intermédio da penhora de seus bens. Prova ‘J CE - 2018) Embora seja reconhecida a natureza autarquica dos conselhos de classe, e azio da natureza privada dos recursos que Ihes sao destinados, essas entidades nao si submetem ao controle externo exercido pelo TCU. Comentérios: 03 conselhos de fiscalizagéo de atividade profissional possuem natureza utarquica, conforme informado na questdo. Consequentemente, por integrarem autérquica da Unido (e nao do estado de SP). Consequentemente, a prestagio de contas destas entidades seré analisada pelo TCU e a tutela é realizada pela Unido. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Administragéo indireta federal, submetem-se ao controle externo do TCU! Portento, « assertiv esta incorreta. 3.4 Tutela ou controle do ente politico [34 Tutelaoucontroledoentepoitien | Como jé abordado, es autarquias, essim como es demeis entidades administrativas, no estéo subordinadas 20 ente instituidor, ou seja, ndo ha relaglo de hierarquie entre uma entidade autérquica e os érgéos da administragio direte do ente politico que as instituiu. Diz-se, no entanto, que ha vinculagéo administrative, normalmente com o ministério da area correspondent. Por exemplo, © DNIT esta vinculade ao Ministério da Infraestrutura; o INSS esta vinculado ao Ministério da Economia; a Anatel vincula-se ao Ministério das Comunicagées; a Ancine® ‘encontra-se vinculado ao Ministério da Cultura; @ assim por diante. O érgéo da administragéo direta exerce sobre a autarquia o denominado controle finalistico - também conhecido como tutela administrativa ou supervisdo (normalmente chamada de “supervise ministerial” em decorréncia da vinculagdo com os ministérios). A grande diferenga do controle hierérquico (quando ha relagéo de hierarquia) ¢ © controle finalistico, 6 que © primeiro 6 mais emplo, sendo considerado presumide © permanente, abrangendo todos os aspectos da atuaco do subordinado controlado, independentemente de previsao legel; © controle finelistico, por outro lado, s6 pode ocorrer nos limites expressamente previstos em | Ademais, 0 controle finalistico tem como 0 objetivo de verificaggo do enquadramento da instituiggo no programa geral do Governo e de seu acompanhamento pera garantir o atingimento das finalidades da entidade controlada.** (PC MA - 2018) As autarquias sdo pessoas juridicas com capacidade de autodeterminagao, patriménio e receitas préprias, eriadas por lei para o desempenho de atividades tipicas do Estado, submetidas ao controle hierarquico pela administragae publica direta. Agéncia Nacional do Cinema. * Moirellos, 2013, p. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Comentarios: as autarquias no se submetem ao controle hierarquico, uma vez que nao h ubordinagao com o ente instituidor, mas apenas tutela ou controle finalistico. Desta forma, assertiva esta incorreta 3.5 Patriménio De acordo com 0 nove Cédigo Civil, "Sao puiblicos os bens do dominio nacional pertencentes as pessoas juridicas de direito puiblico interno; todos os outros sao particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem" (CC, art. 98). Por conseguinte, a natureza dos bens das autarquias é a de bens piiblicos, uma vez que essas. entidades so pessoas juridicas de direito piblico. Em decorréncia dessa qualificacio, os bens das autarquias possuem os mesmos atributos dos bens publicos em geral", destacando-se a impenhorabilidade (nao podem ser objeto de penhora - assim, a execuggo de judicial em desfavor de uma autarquia se submete ao regime de precatérios, nos termos do art. 100, CF); a imprescritibilidade (no podem ser adquiridos por meio de usucapiao); e as restricSes quanto & alienagao de bens publicos (que se submetem a regras especificas) Ademais, © patriménio inicial da autarquia é oriundo de transferéncias do ente que as criou, passando a pertencer & nova entidade. Por outro lado, ao se extinguir a autarquia, os seus bens sero reincorporados ao patriménio da pessoa pollitica®. 3.6 Pessoal A Constituigao Federal de 1988, na redacao ir I do art. 39, determinava que a Unido, os estados, 0 Distrito Federal e os municipios deveriam instituir, no &mbito de sua competéncia, regime juridico unico (RJU) para os servidores da administragao publica direta, das autarquias e das fundagées publicas. Dessa forma, os entes da Federagao deveriam instituir o mesmo regime juridico para os servidores da administraco direta, autarquica e fundacional. A Constituico no determinou que o regime devesse ser estatutério, apenas impés que os entes adotassem um regime juridico nico. Contudo, o re , em virtude das inumeras garantias que representa ao servidor, foi o que prevaleceu.” 5 Carvalho Filho, 2014, p. 487. % Alexandrino e Paulo, 2011, p. 43. » Marinela, 2013, p. 123 FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot No entanto, a Emenda Constitucional 19/1998 alterou a redac&o do art. 39, caput, da Constitucional, tendo por objetivo abolir o regime juridico Gnico. A nova redacéo, portanto, permitiu a adogo de regime juridico miltiplo, ou seja, um mesmo ente poderia utilizar tanto o regime estatutério quanto o regime celetista pare a administracéo direte, autarquias e fundacdes piblicas. Para ter uma nocao melhor, vamos comparar as duas redagées do art. 39, caput, antes @ pos EC 19/1998: fsa ECENDOL Redagao anterior 4 EC 19/1998: Art. 39. A Unido, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios instituiréo, no émbito de sua competéncia, regime juridico Gnico e planos de carreira para os servidores da administragéo, publica direta, dac autarquias © das fundagdes piblicas. Redagao instituida pela EC 19/1998 (atualmente suspensa pela ADI 2.135): Art. 39. A Unido, os Estados, 0 Distrito Federal e os Municipios instituirao conselho de politica de administraggo e remuneragéo de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. Contudo, 20 analisar a Acdo Direta de Inconstitucionalidade — ADI 2.135, o STF, em sede de cautelar, reconheceu a inconstitucionalidade formal da nova redagéo do ert. 39 da CF, uma vez que nao foram observadas as regras para alterago do texto constitucional, resgatando, por conseguinte, regime juridico Unico. Todavia, a medida foi tomada com efeitos ex nunc, ou seja, 08 efeitos valem da data da decisio (2/7/2007) em diante. Com isso, toda a legislagéo editada durente @ vigéncia da redagéo do art. 39, caput, com redagéo dada pela EC 19/1998, continua vVélide, bem como as respectivas contratacées de pessoal? Assim, a partir da deciséo ¢ até que o STF pronuncie-se definitivamente sobre o mérito da ADI 2.135, voltou a vigorar a redagio inicial do art. 39, caput, da Constituigo Federal. Dessa forma, atualmente os entes devem possuir regime juridico Gnico, aplicével a todos os servidores da Administragdo Direta, das autarquias e das fundagdes publicas. Com efeito, atualmente no mais permitida @ contratagfo concomitante de servidores piblicos (regime estatutério) & ‘empregados piblicos (regime celetista) na administragéo direta, autérquica e fundacional dos ‘entes politicos, uma vez que vigora novemente a regra do regime juridico Gnico. 38 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 46. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Tendo em vista que o regime estatutério foi adotado pelo Governo Federal, as autarquias e fundagdes, atualmente, seguem este tipo de regime. Com efeito, 0 art. 1 da Lei 8.112/1990- que institui o regime juridico dos servidores publicos civis da Unido — deixa claro que suas normas se aplicam as “autarquias, inclusive as em regime especial” e as fundagées publics federais. Nesse contexto, os agentes das autarquias, assim como todos os servidores publicos, sujeitam- se a regras como: exigéncia de concurso publico (CF, art. 37, Il); proibigao para acumulagao (CF, art. 37, XVII); teto remuneratério (CF, art. 37, Xl); direito a estabilidade (CF, art. 41); regras de regime especial de aposentadoria (CF, art. 40); seus atos séo passiveis de remédios constitucionais e ao controle de improbidade administrativa; bem como sao considerados funcionérios publicos para fins penais.” 3.7 Nomeagao e exoneragao dos dirigentes Anomeagao dos dirigentes das autarquias cabe privativamente ao Presidente da Republica, nos termos do art. 84, XX", da Constituigdo Federal. Essa competéncia aplica-se, por simetria, aos governadores e prefeitos. A forma de investidura seré disciplinade na lei que criar a entidade, podendo prever aprovacdo prévia do Senado Federal ou da casa legislativa dos estados ou municipios, (CF, art. 84, XIV). E ‘© que ocorre, por exemplo, com as agéncias reguladoras (Anatel, Antag, ANP, etc.), em que a lei instituidora determina que a nomeacao dos dirigentes seja aprovada previamente pelo Senado, tomando como fundamento 0 art. 52, Ill, “f" da Constituigao. Por exemplo, a Lei 9.472/1997, que criou a Anatel, determina que a nomeaczo de seus conselh: s seja aprovada pelo Senado Federal: Art. 23. Os conselheiros sero brasileiros, de reputagao ilibada, formagéo universitéria e elevado conceito no campo de sua especialidade, devendo ser escolhidos pelo Presidente da Republica e por ele nomeados, apés aprovaco pelo Senado Federal, nos termos da alinea Fdo inciso Ill do art. 52 da Constituicéo Federal. 39 Art. 1° Esta Lei institui o Regime Juridico dos Servidores Pablicos Civis da Unido, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundagdes piblicas federais. 40 Marinela, 2013, p. 128. 41 Art. 84. Compete privativaments ao Presidente da Repablica: [..] XXV - prover e extinguir os cargos pablicos federais, na forma da lei; 42 Art, 84, ...] XIV - nomear, apés aprovago pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal @ dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territérios, 0 Procurador-Geral da Republica, o presidente 08 diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Em outras situagées, a prépria Constituigao determina que a nomeagéo dos dirigentes de autarquias passe pelo crivo do Senado, a exemplo do que ocorre com o presidente @ os diretores do Banco Central (CF, art. 52, Ill, “d” ‘Ademais, o Supremo Tribunal Federal jé consolidou o entendimento que, nos estados, Distrito Federal e municipios, 6 possivel que as leis instituidoras de autarquias fundagdes publicas exijam a prévia aprovagéo da assembleia legislativa ou da cémara de vereadores, conforme o rennet Todavia, o STF entende que é vedada e exig&ncia de autorizacéo legislativa para a exoneragéo de dirigentes da administragao indireta pelo chefe do Poder Executive. Com efeito, também néo & possivel que # exoneragdo seja efetivade diretamente pelo Poder Legislative. Dessa forma, em respeito a0 principio da ceparacdo dos poderes, no é possivel que a exoneragio de dirigentes, das autarquias soja reelizada pelo Poder Legislative, nem mesmo que se exija autorizagao desse Poder para que o chefe do Executive possa exoneré-los.* 3.8 Autarquias sob regime especial Muito ce tem falado sobre as “autarquias sob regime especial”. Porém, a legislacdo reramente apresenta a definigéo adequada, José dos Santos Carvalho Filho apresenta uma classificagéo das autarquias quanto ao regime juridico em: (a) autarquias comuns (ou de regime comum); (b) autarquias especiais (ou de regime especial). As primeiras apresentam um regime sem qualquer especificidade, enquanto as, Ultimas seriam regidas por um regime com disciplina especifica, atribuindo como caracteristica ai algumas prerrogativas especiais e diferenciades a certas autarquias. Todavia, 0 dificil é saber sobre o que elas se distinguem. Assim, alguns autores mencionam o regime previsto no Decreto Lei 200/1967 como o regime ordinario, comum ou normal, enquanto ‘as autarquias sob regime especial receberiam de suas leis instituidoras as caracteristicas propries. © Nesse sentido, vide ADI 2.225 MC/SC: EMENTA: Separagao @ independéncia dos poderes: submissso & Assembleia Legislativa, por lei estadual, da escolha de diretores e membros do conselho de administracso de autarquias, fundacdes ptiblicas e empresas estatais:jurisprud@ncia do Supremo Tribunal. 1. A vista da clausula final do abertura do art. 52, Il, f da Constituico Federal, consolidou-se a jurisprudéncia do STF no sentido da validade de norms locais que subordinam a nomeagéo dos dirigentes de eutarquias ou fundacSes piblicas 4 prévia aprovago da Assembleia Legislativa. 2. Diversamente, contudo, atento ao art. 173 da Constituigo, propende 0 Tribunal a reputar ilegitima a mesma intervencdo parlamentar no processo de provimento da direc3o das entidades privadas, empresas piiblicas ou sociedades de economia mista da administragao indireta dos Estados. * Nese sentido: ADI 1.949/RS. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal No entanto, o DL 200/1967 aplica-se exclusivamente ao governo federal e, em geral, os entes administrativos nao possuem uma norma que discipline o regime ordinario dessas entidades. De qualquer forma, devemos saber que as autarquias sob regime especial s4o entidades que recebem caracteristicas préprias do ordenamento juridico, em geral com o objetivo de outorgar- Ihes maior autonomia em relago ao ente instituidor. Atualmente, 0 exemplo mais comum séo as agéncias reguladoras. Nao significa que todas as autarquias sob regime especial sio agéncias reguladoras, porém este é 0 exemplo mais comum. Algumas universidades também recebem a designacao de autarquia especial e, para parte da doutrina, os consércios publices, quando organizdos na forma de associago piiblica, também s&o considerados autarquias sob regime especial. Para exemplificar, vamos apresentar 0 contetido do art. 8°, caput e § 2°, da Lei 9.472/1997, que criou a Anatel: Tart. 8° Fica criada a Agéncia Nacional de Telecomunicagées, entidade integrante da | | Administracdo Publica Federal indireta, submetida a regime autarquico especial e | vinculada ao Ministério das Comunicacées, com a fung3o de érgao regulador das ! telecomunicagées, com sede no Distrito Federal, podendo estabelecer unidades : regionais. L..] § 2° A natureza de autarquia especial conferida 4 Agéncia 6 caracterizada por ! independéncia administrativa, auséncia de subordinagao hierérquica, mandato fixo | ¢ estabilidade de seus igentes e autonomia financeira. Conforme ensinam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o termo “independéncia administrativa” 6 utilizado de forma inadequada, pois nenhuma entidade da administragdo indireta pode ser “independente”, por forca, dentre outros dispositives, do art. 84, Il, da CF. Com efeito, todas as autarquias possuem autonomia administrativa e financeira e auséncia de subordinacdo hierarquica, o que, portanto, nao é nada de novo. Dessa forma, de especial, so sobra o mandate fixo e estabilidade dos dirigentes. Importante também destacar que ndo se confunde autarquia sob regime especial com agéncias executivas, pois estas s40 autarquias que cumpriram os requisitos previstos em lei (Lei 9.649/1998, art. 51) para receber a mencionada qualificagao, podendo ser, inclusive, as autarquias "normais"; enquanto aquelas so as autarquias que receberam um regime especial de sua lei instituidora 3.9 Juizo competente Nos termos do art. 109, |, da CF, serdo julgadas na Justiga Federal as causas em que uma autarquia federal for interessada na condigo de autoras, rés, assistentes ou oponentes. Na FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot mesme linha, os mandados de seguranga contra etos coatores de agentes autarquicos federais também sero processados e julgados na Justica Federal (CF, art. 109, Vill). Nas causas envolvendo usuérios-consumidores @ concessionérias de servigos piblicos, intervindo agéncia reguladora federel, na qualidade de litisconsorte passiva necesséria (quando ‘a agéncia obrigatoriamente 6 ré do processo juntamente com a concessionéria), assistente ou ‘oponente, a competéncia para julgar 0 caso seré da Justica Federal. Porém, quando a agéncia nao estiver em nenhuma dessas situagSes, ou seja, quando a demanda envolver apenas o usuario @ 2 concessionérie, sem participaclo de agéncia reguladora, o proceso seré de competéncia da Justiga Estadual. Nesse sentido, vale transcrever e Simula Vinculante n® 27 do STF: Stmula Vinculante n° 27 Compete a justica estadual julgar causas entre consumidor e concessionéria de servigo pblico de telefonia, quando a Anatel nao seja litisconsorte passiva nocesséria, essistente, nem opoente. No caso des auterquies estadusis ou municipsis, néo existe regra especifica. Por conseguinte, seré da Justiga Estadual as causas em que figurarem as autarquies estaduais © municipais, inclusive nos mandados de seguranca contra atos das autoridades dessas entidadles. Por fim, no que se refere as acdes de relagéo de trabalho, a competéncia ocorreré de acordo com 0 regime de pessosl adotado. Ne esfers federal, as causas entre os servidores piiblicos (vinculo estatutério) e 2s auterquies, serdo processadas e julgadas na Justica Federal. Nos ‘estaclos © municipios, essas mesmas causas sero de competéncia da Justica Estadual. Por fim, ‘em qualquer caso, quando o regime for 0 celetista (empregados puiblicos), as causas seréo resolvidas na Justiga do Trabalho (CF, art. 114). Contudo, & importante lembrar que, com 0 retorno de redaco primitiva do art. 39, caput, da Constituigdo Federal (regime juridico unico), no & mais possivel a existéncia de dois regimes pare o pessoal da administragao direte, autérquica e fundacional. (TJDFT - 2013) Nos s comuns, as causas que digam respeito as autarquias federai sejam estas autoras, rés, assistentes ou oponentes, sdo processadas e julgadas na justica federal. ‘Comentarios: conforme redagio do art. 109, |, da Constituigio Federal, as causes em que Unido, entidade autérquica ou empresa pilblica federal forem interessadas na condigéo dk FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal wutoras, rés, assistentes ou oponentes sero processadas e julgadas na Justiga Federal. Assim, item esta correto. [310 Atos,contratoselicitago 3.10 Atos, contratos e licitagao Existem dois tipos de atos, os atos administrativos, que gozam de certos atributos que colocam a Administragao em posicao de superioridade perante o administrado, como a presungao de veracidade e de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade; e os atos de direito privado, que, de forma geral, sdo produzidos em condigdes de igualdade na relagdo Da mesma forma, os contratos podem ser contratos administrativos, que possuem as chamadas. clausulas exorbitantes, que asseguram a posico de superioridade da Administragao ante o istrado; e os contratos de direito privado, em que as partes (Administragdo e istrados) esto em condigdes de igualdade. As autarquias, como so entidades de direito piblico e que realizam atividades tipicas de Estado, formalizam, em regra, atos administrativos e contratos administrativos. Vale dizer, seus atos possuem todos os requisites de validade (competéncia, finalidade, forma, motivo e objeto) e possuem os atributos de presuncao de veracidade e de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade; enquanto os seus contratos sujeitam-se ao mesmo regime juridico direito pUblico dos ajustes da administrac&o direta. Lembrando, é claro, que em algumas hipéteses, da mesma forma como na administrago direta, as autarquias realizarao atos e contratos de direito privado. E 0 que ocorre, por exemplo, em um contrato de compra e venda da Administracao. Por fim, 03 contratos firmados pelas autarquias devem se submeter previamente & licitagdo, na forma da Lei 8.666/1993, na forma do art. 22, XVII, da CF, com excegao das ressalvas previstas na propria lei (dispensa e inexigibilidade de licitac&o). Com efeito, 0 paragrafo Unico, art. 1°, da Lei 8.666/1993 - Lei de normas gerais de licitagdes e contratos ~ dispde que a Lei de Licitacées e Contratos aplica-se aos érgaos da administracao direta, aos fundos especiais, as autarquias, as, fundagdes publicas, a empresas piblicas, 8s sociedades de economia mista e &s demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unido, estados, Distrito Federal e Municipios. 3.11 Prerrogativas das autarquias Considerando a natureza da atividade desempenhada pelas autarquias, 0 ordenamento juridico as atribui algumas prerrogativas de direito ptiblico. Segundo José dos Santos Carvalho prerrogativas mais importantes séo as seguintes:* * Carvalho Filho, 2014, pp. 491, 492. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot 2) imunidade tributdria reciproca: o art 150, §2°, da CF (c/c art. 150, VI, “a"), veda a instituigdo de impostos sobre o patriménio, a renda © os servigos das autarquias, desde que vinculadas @ cuas finalidades essenciais ou ae que delas decorram. O entendimento literal € que a imunidade protege somente o patriménio, a renda e os ervigos vinculados as finalidades essenciais das autarquias, ou decorrentes dessas finalidades. No entanto, o STF possui um entendimento mais amplo, estendendo a aplicago da imunidade tributéria & renda decorrente de atividades estranhes as finalidades da auterquie, desde que esses, recursos cejam integralmente aplicados nas finalidades essencieic da entidade.” Assim, ce uma autarquia federal alugar um imével pertencente ao seu patriménio © empregar a renda decorrente da locagéo em suas finalidades essencieis, © municipio em que esta sediado o imével ndo podera cobrar-lhe o IPTU. b) impenhorabilidade de sous bens © de suas rondas: os seus bens néo podem ser penhorados como instrumento coercitivo para garantia do credor. Os dabitos decorrentes de decisées judiciais transitadas em julgado devem ser quitados por meio do sistema de precatérios (CF, art. 100). As regras de exigibilidade seguem as linhas préprias da legislagdo processual.** ¢) imprescritibilidade de seus bens: os bens das autarquias so considerados bens piblicos ©, portanto, no podem ser adquiridos por terceiros por meio de usucapiéo; 4) prescricao quinquenal: as divides e os direitos em favor de terceiros contra as autarquias prescrevem em cinco anos (Decreto 20.910/1932, art. 1°, c/e Decreto-Lei 4.597/1942, art. 2°), Dessa forma, se alguém tem um crédito contra uma autarquia, deverd promover cobranga nesse prazo, sob pene de prescrever o direito de aco; ¢) craditos sujeitos & execucde fiscal: possibilidade de inscrever os seus créditos em divida ativa © realizar @ respective cobranga por meio de execugae fiscal, na forma da Lei 6.830/1980; “6 c/e" = combinado com. Nesse sentido, STF: RE 589,185 RS; ¢ RE 237.718 SP: * Imunidade tributéria do patriménio das instituicées de assisténcia social (CF, art. 150, VI, ¢): sua aplicabilidade de modo a preexchir a icdéncia do IPTU sobre imévelde propiedad de entidade imune, ands quando alugado a terceiro, (RE 237.118, Rel. Min. Sepiiveda Pertence, Tribunal Plono, DJ 6.9.2001) "Ha excecdes ao sistema de precatorios, conforme prev o art. 100, §3°, da CF. Art. 1° As dividas passivas da Unio, dos Estados dos Municipios, bem assim todo ¢ qualquer dirsito ou acéo contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for @ sua natureza, prescrevemn em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. ant. 2° 0 Decreto n” 20.910, de 6 de janeiro de 1932, que regula a prescricao qiiinqlienal, abrange as dividas passivas das autarquias, ou entidades © érgaos paraestatais, criados por lei e mantidos mediante impostos, taxas ou quaisquer contribuicoes, exigidas em virtude de lei federal, estadual ou municipal, bem como a todo © qualquer direito © ago contra os mesmos. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal f) principais situacées processuais especificas: > prazo em dobro para todas as suas manifestagdes processuais (Novo CPC, art. 183);** > esto sujeitas ao duplo grau de jurisdicao obrigatorio, de forma que a sentenga proferida contra tais entidades, ou a que julgar, no todo ou em parte, embargos opostos a execucéo de sua divida ativa, 26 adquirem eficacia juridica se confirmada por tribunal (Nove CPC, art. 496). © duplo grau de jurisdicdo obrigatério significa que o juiz, ao prolatar a sentenga, deverd determinar @ remessa dos autos ao tribunal, ainda que no tenhe ocorrido recurso voluntério. (apelagao). Caso o juiz nao o faga, deverd o presidente do tribunal avocar os autos (Novo CPC, art. 496, § 19). Por fim, podemos apresentar outros privilégios processuais para as autarquias: — isengdo de custas judiciais, com excecdo da obrigacéo de reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora (Lei 9.289/1996, art. 4°, le parégrafo Unico); > dispensa de apresentacéo do instrumento de mandato, pelos procuradores de seu quadro de pessoal, para a pratica de atos processuais em juizo (Lei 9.469/1997, art. 9°); 5 Art, 183. A Unido, os Estados, o Distrito Federal, os Municipios ¢ suas respectivas autarquias ¢ fundagdes de direito piblico gozarao de prazo em dobro para todas as suas manifestacdes processuais, cuja contagem ters inicio a partir da intimaco pessoal § 10 A intimago pessoal far-se-a por carga, remessa ou meio eletrénico. § 20 Nao se aplica o beneficio da contagem em dobro quando a préprio para o ente piblico. 5 De acordo com 0 Novo Cédigo de Processe Civil, o duplo grau de jurisdigdo nao se aplicara em dois grupos de casos. O primeiro refere-se ao “proveito econémico obtido na causa”, isto 6, quando o valor certo e liquide for inferior a: 11.000 (mil) salarios-minimos para 2 Unio o as respectivas autarquias # fundagdes de direito publico; I -500 (quinhentos) salérios-minimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundaces de direito publico e os Municipios que constituam capitais dos Estados; III 100 (cem) salatios-minimos para todos os demais Municipios ¢ respectivas autarquias e fundagdes de direito piblico. © segundo grupo refere-se aos casos em que a sentenga esteja fundada em: I- simula de tribunal superior, Il - acérdo proferide pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiga em julgamento de recursos repetitivos; IIl- entencimento firmado em incidente de resolugdo de demandas repetitivas ou de assungdo de competancia; IV - entendimento coincidente com orientacao vinculante firmada no ambito administrative do proprio ente piblico, consolidada em manifestaggo, parecer ou simula administrativa estabelecer, de forma expressa, prazo FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot ‘Sumula n° 644/STF: “Ao titular do cargo de procurador de autarquia ndo se exige a apresentagao de insirumento de mandato para representé-la em juizo". Eo (TRT MS - 2017) Os bens e rendas das autarquias, nao apenas quando vinculados a sua: lidadles essenciais, mas em toda © qualquer circunstancia, possuem imunidade tributéria Comentarios: @ imunidade tributéria reciproca alcanga patriménio, a renda ¢ os servigos da: autarquias, desde que vinculadas a suas finalidades essenciais ou que sejam decorrentes dessas (CF, art. 150, VI, “a” ¢ § 2%), Portanto, em regra, a imunidade alcanga tao somente os bens ligados as finalidades essenciais dessas entidades. O STF até possui uma interpretaco um pouco mais ampla, alcangendo 0 patriménio e rend néo ligados diretamente as finalidades ‘essenciais, mas desde que os recursos oriundos sejam aplicados integralmente na finalidad essencial da entidade. Por exemplo: a renda decorrente da locagéo de um imével pertencente uma autarquia néo seré tributada se © recurso for integralmente aplicado na finalidade da autarquia. Contudo, isso nao significa que ela seré aplicada @ qualquer circunstancia. A questo, ortanto, incorreta. 3.12Agéncias reguladoras e agéncias executivas 3.12.1 Agéncias Reguladoras 3.12.2 Origem das agéncias reguladoras Nao ha uma definiclo exata do curgimento das agéncias reguladoras no mundo. Segundo Alexandre Santos Aregio, as agéncias reguladoras possuern como marco principal a Interstate Commerce Commission, criada nos Estados Unidos da América em 1887 para regulamentar os servigos interestaduais de transporte ferroviario. No Brasil, as primeiras entidades com fungdes regulatérias e fiscelizatérias do setor econdmico j8 existiam no inicio do século XX, conforme destaca Maria Sylvie Zanella Di Pietro: no periodo de 1930-1945, 0 Comissariado de Alimentacao Publica (1918), Instituto de Defesa Permanente do Café (1923), 0 Instituo do Acticar e do Alcool Dj Pietro, 2009, p. 190-181. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal (1933), o Instituto Nacional do Mate (1938), 0 Instituto Nacional do Pinho (1941), © Instituto Nacional do Sal (1940), todos esses institutos instituidos como autarquias econémicas, com a finalidade de regular a produgSo e 0 comércio. Além desses, podem ser mencionados outros exemplos, como 0 Banco Central, © conselho Monetario Nacional, a Comissdo de Valores Mobiliérios e tantos outros 6rgdos com funcées normativas e de fiscalizacdo. No entanto, a adogao do modelo atual e a designacao de “agéncia reguladora” surge no bojo da Reforma Gerencial, a partir de 1995. Assim, as emendas constitucionais 8 e 9 de 1995 incluiram © terme “érgao regulador” na Constituiggo Federal de 1998, especificamente para tratar da regulacdo dos servigos de telecomunicagdes (art. 21, Xl) € atividades relacionadas com 0 petréleo (art. 177, §2°, Ill), vejamos: Art. 21. Compete 4 Unido: [..] XI ~ explorar, diretamente ou mediante autorizacdo, concessao ou permissao, os | servigos de telecomunicagdes, nos termos da lei, que dispord sobre a organizagao dos | servigos, a criagéo de um érado requlador e outros aspectos institucionais; (Redacdo | dada pela Emenda Constitucional n° 8, de 15/08/95:) } Art. 177. Constituem monopélio da Uniao: [...] | § 2° A lei a que se refere 0 § 1° dispord sobre: (Incluido pela Emenda Constitucional n°: 19, de 1995) lll - a estrutura e atribuicées do érgdo regulador do monopédlio da Unido; (Incluido A partir desses dispositives, foram criadas as duas agéncias reguladoras que possuem respaldo constitucional: a Agéncia Nacional de Telecomunicagées (Anatel), criada pela Lei 9.472, de 16 de julho de 1997, e 2 Agéncia Nacional do Petréleo (ANP), criada pela Lei 9.478, de 6 de agosto de 1997. Deve-se destacar que essas foram as primeiras agéncias reguladoras criadas com previséo icional, mas ha diversas outras agéncias criadas pelo legislador infraconstitucional. Assim, consti atualmente, existem onze agéncias reguladoras federais, sendo que somente a Anatel e a ANP possuem previséo na CF, vejamos: eae Fae Agéncia Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Agéncia Nacional de Telecomunicagdes Lei n® 9.472/1997 (Anatel) FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Agéncia Nacional do Petréleo, Gas Natural e Lei n® 9.478/1997 Biocombustiveis (ANP) Agencia Nacional de Vigilancia Sanita Lei n® 9.782/1999 (Anvisa) Agéncia Nacional de Sade Suplementar Lei n® 9.961/2000 (ANS) ‘Agéncia Nacional de Aguas (ANA) Lei n® 9.984/2000 Agéncia Nacional de Transportes Terrestres Lei n? 10.233/2001 (ANTT) ‘Agéncia Nacional de Transportes Aquaviarios Lei n? 10.233/2001 (Antag) ‘Agéncia Nacional do Cinema (Ancine) Medida Proviséria 2.228/2001 ‘Agéncia Nacional de Aviagao Civil (Anac) Lein® 11.182/2005 Agéncia Nacional de Mineracao Lein? 13.575/2017 Assim, podemos perceber que a primeira agéncia reguladora criada no ambito federal foi a Agéncie Nacional de Energie Elétrica, criade em 26 de dezembro de 1996 com a finalidade de regular e fiscalizar « "produgao, transmissao, distribuigao e comercializagao de energia elétrica, em conformidade com as politicas e diretrizes do governo federal" (art. 2°, Lei 9.427/1996). 3.12.3Conceito e atividades desenvolvidas As agéncias reguladoras surgiram no Brasil @ pertir de décade de 90, durante © periodo da Reforma Gerencial ou Reforma do Aperelho do Estado. Este foi um period em que o modelo intervencionista, ou de prestago direta de cervigos, foi substituido por um modelo regulader, ‘em que o Estado diminuiu @ sua atuagéo direta na economia, privatizendo diversas empresas ‘estatais. Todavia, para o desequilibrio do mercado em virtude do poder econémico das grandes ‘empresas, foi necessério criar entidades administrativas com grande capacidade técnica e autonomia pera realizar @ regulagéo da atividade econémica. Essas entidades so as agéncias reguladoras. No Brasil, elas se inserem no estudo da regulagdo. Inicielmente, foram criades pare regular atividades econémicas atribuidas ao Estado, possuindo ou no natureza de servigo piiblico, sendo objeto de concessio permisséo ou autorizagio. Isso ocorreu primeiro nos setores de energia elétrica, telecomunicagées, exploragao de petrdleo e outras. Dessa forma, pode-se dizer que as agéncias reguladoras passaram a desempenhar uma dupla fungéo:%* DiPietro, 2012, p. 180. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal a) de um lado, elas assumem os poderes e encargos do poder concedente nos contratos de concesséo, como os de fazer licitagSo, contratar, fiscalizar, punir, alterar, rescindir, ‘encampar, etc.; b) de outro lado, as agéncias exercem a atividade chamada de regulacao propriamente dita que, em sentido amplo, abrange a competéncia de estabelecer regras de conduta, fiscalizar, reprimir, punir, resolver conflitos, nao s6 no Ambito da propria concessao, mas também nas relaces com outras prestadoras de servico. A despeito de a primeira funco praticamente estar abrangida pela segunda, Maria Di Pietro faz uma abordagem em separado para destacar o papel classico das agéncias de atuar em nome do poder concedente, como parte do contrato de concesso, ¢, por outro lado, o papel mais amplo de resolver conflitos e garantir a competicao. Para exemplificar, devemos lembrar que a Anatel é responsavel pelos contratos de concessao de telefonia e, ao mesmo tempo, promove a competi¢ao e resolve conflitos sobre a prestagao de servigos. No entanto, além desses papéis desempenhados pelas primeiras agéncias, atualmente a Administrago Federal possui agéncias com papel tipicamente de poder de policia, voltadas. para outras éreas de atividade privada, sem que ocorra concessio de servico pliblico. Sd0 exemplos a Agéncia de Vigilancia Sanitaria (Anvisa), a Agéncia Nacional de Satide Publica Suplementar (ANS) e a Agéncia Nacional de Aguas (ANA). Ainda assim, essas entidades fiscalizam, reprimem, aplicam sangdes e impdem outras limitagdes administrativas. Percebe-se, portanto, que atualmente as agéncias reguladoras atuam em um campo mais amplo que os servigos publicos. Nesss linha, esse tipo de agéncia que exerce atividade tipica de poder de policia, nao representa novidade no Direito Piblico brasileiro. Isso porque, desde a década de 30-45, conforme vimos acima, ja existiam entidades que exerciam esse tipo de fiscalizagao. Dessa forma, 0 nosso ordenamento juridico comporta, ha varias décadas, a existéncia de entidades que exercem 0 poder de policia, nos moldes que fazem a ANS, a ANA, a Anvisa, etc, mas, ainda assim, nao recebem a designacao de agéncias reguladoras. Por exemplo, © Banco Central do Brasil (Bacen) e @ Comiss8o de Valores Mobiliérios (CVM) possuem fungdes normativas e de fiscalizac&o, mas ndo séo considerados agéncias reguladoras em sentido estrito. Assim, de acordo com Maria Sylvia Di Pietro, agéncia reguladora, em sentide amplo, é "qualquer Grgo da Administragéo Direta ou Indireta com fungao de regular a matéria especifica que lhe esta afeta”. Dessa forma, este conceito abrange, além das “verdadeiras” agéncias reguladoras, que vimos acima, 0 Bacen, a CVM, 0 Conselho Administrative de Defesa Econémica (Cade) € outros érgao com fungéo de regulacio e fiscalizagao. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Por outro lado, em sentido estrito, © abrangendo apenas o modelo que surge « partir da dacada de 90, 2 “agéncia reguladora é entidade da Administragao Indireta, em regra autarquia de regime especial, com a fungao de regular a matéria que se insere em sua esfera de competéncia, outorgada por lei". Assim, nesse segundo conceito, no nivel federal, encontramos apenas aquelas onze agéncias reguladoras que mencionamos acima. Em concursos e, por conseguinte, no restante da aula, vamos utilizar apenas © conceito estrito de agéncia reguladora Mas qual é a diferenga entre as agéncias do conceito amplo e do conceito estrito? Em geral, costuma-se dizer que as agéncias reguladoras séo autarquias sob regime especial. Diz-se especial, pois esses entidades possuem algumas caracteristicas distit yas das demais autarquias, concedendo-Ihes maior autonomia em relagao ao ente instituidor. A mais marcante caracteristica des agancias reguladoras se refere eo mandato fixe de seus membros, conforme prezo disposto na Lei Geral das Agéncias Reguladoras. Isso porque os dirigentes das auterquias “comuns” podem ser exonerados ad nutum, ou seja, 0 chefe do Poder Executive pode exoneré-los a qualquer momento. Dessa forma, apesar de todas as autarquias possuirem maior autonomia em relaco ao ente instituidor, os seus dirigentes podem ser exonerados a qualquer momento. Por outro lado, nas agéncias reguladoras, a aprovacio e exoneracio dos diretores no tio flexivel, permitindo que eles atuem com maior autonomia em relagéo ao Presidente da Republica, por exemplo, Outra caracteristica dessas entidades que elas devem possuir competéncie regulatéria para serem consideradas agéncias reguledoras. Ou seja, ume autarquia sera considerada uma agéncia reguladora, em sentido estrito, quando os seus membros possuiram mandate fixe e, ao mesmo tempo, possuirem competéncias regulatérios em um setor especifico (telecomunicacées, petréleo, cinema, etc.) Depois dessa apresentag&o, vamos discutir 0 conceito e as caracteristicas das agéncias reguladoras, abordando inclusive as quest6es de autonomia. 3.12.4 Caracteristicas e autonomia das agéncias reguladoras Para Alexandre Santos de Aragao, as agéncias reguladoras independentes brasileiras sao: “] auitarquias sob regime “especial, dotadas de consideravel autonomia frente a Administragéo centralizada, incumbidas do exercicio de fungdes regulatérias e | FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal | dirigidas por colegiado cujos membros so nomeados por prazo determinado pelo ! | Presidente da Republica, apos prévia aprovagéo pelo Senado Federal, vedada a | exonera¢do ad nutum. Portanto, as agéncias reguladoras séo autarquias sob regime especial, integrantes da Administragao indireta, criadas por lei, dotadas de autonomia financeira e orgamentaria, corganizadas em colegiado cujos membros detém mandate fixo, com a finalidade de regular e fiscalizar as atividades de prestaclo de servigos publicos. No esto subordinadas a nenhum outro érgao publico, sofrendo apenas a superviséo ministerial da area em que atuam. Assim, as agéncias reguladoras no representam uma nova entidade administrativa, elas sio apenas uma forma especial de autarquia. Ou seja, atualmente nés possuimos quatro tipos de entidades administrativas, quais sejam as autarquias, fundagdes ptiblicas, empresas publicas e sociedades de economia mista, sendo que as agéncias reguladoras sio apenas um modelo diferente das primeiras. Percebam que 0 conceito que apresentamos de autarquia envolve a autonomia. Contudo, as agéncias reguladoras possuem uma autonomia ainda maior, ao ponto de alguns autores chamarem de independéncia. Lembramos, todavia, que a expresso “independéncia” & inadequada, ja que a entidade se submete a diversas formas de controle dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciario. inado em 1e especial dessas entidades vem disci izendo respeito, em regra, (a) @ maior autonomia em relacio & Administracao direta; (b) estabilidade de seus dirigentes, garantida pelo exercicio de mandato fix, que eles somente podem perder nas hipéteses expressamente previstas, afastada a possibilidade de exoneragdo ad nutum, e; (c) ao cardter final de suas decises, que ndo séo passiveis de apreciago por outros érgos ou entidades da Administragao Publica (em regra). Nessa linha, Mar suas leis Assim, a autora faz uma relagdo entre as margens de autonomia das agéncias em relagao a cada um dos trés poderes: a) em relagao ao Poder Legislative ~ porque dispéem de func&o normativa, que justifica o nome de érgéo regulador ou agéncia reguladora; b) em relagao ao Poder Executivo - porque suas normas e de: ‘ou revistas por autoridades estranhas ao préprio érgao; Ses no podem ser alteradas <) em relagdo ao Poder Judiciério - porque dispdem de fungéo quase-jurisdicional, no sentido de que resolvem, no ambito das atividades controladas pelas agéncias, litigios entre os delegatarios (empresas/pessoas que prestam servigos mediante concessio, permissao ou autorizagdo) e entre estes ¢ os usuarios dos servicos publicos. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Por exemplo, em relagio 20 Poder Judiciério, apesar de cuss decisdes (das agéncies) torem um caréter quase-jurisdicional, uma vez que encerram a discuss no émbito administrative, nao afastam a possibilidade de apreciagao da decisao pelo Judiciario, nos termos previstos no art. 5°, XXXV, da CF/88. Com efeito, as agéncias reguladoras se submetem ao controle externo realizado pelos tribunais de contas, que podem realizar auditorias e inspecdes para verificar o desempenho das entidedes, ¢ do Poder Legislative. Ademais, 0 poder normative das agéncias nao pode conflitar com os regramentos previstos na Constituigao e nas leis. Elas submetem-se também ao controle interno (como @ Controladoria Geral da Uniéo- CGU) e {a vinculagao ao ministério do setor correspondente, pare fins de tutela ou superviséo ministerial. Dessa forma, podemos perceber que @ autonomia é muito relativa e 26 € marcente em relacko ‘20 Poder Executive. A autonomia elevade, nesse contexto, tem como principel fungao diminuir as influéncias politica sobre a atuagéo da agéncia como érgao regulader. Além disso, a Lei 13.848/2019 dispSe que a natureza especial conferida @ agéncia reguladora & caracterizade pela (art. 3°): a) auséncia de tutela ou de subordinagao hierarquic b) pela autonomia funcional, deciséria, acministrativa e financeira; )_ pela investidura a termo de seus dirigentes e estabilidade durante os mandatos; d) poles demais disposigdes constantes deste Lei ou de leis especificas voltades & sua implementagéo. Segundo a Lei 13.848/2019, a autonomia administrativa da agéncia reguledora é caracterizada pelas seguintes competéncias: solicitar diretamente a0 Ministério da Economia: ) autorizacdo para a realizago de concursos piblicos; ) provimento dos cargos autorizedos em lei para seu quadro de pessoal bserveds a disponibilidade orcamentaria; ) alteragdes no respectivo quedro de pessoal, fundamentedas em estudos d fimensionamento, bem como alteragdes nos planos de carreira de seu servidores; Il - conceder diérias e passagens em deslocamentos nacionais ¢ internacionais | autorizar afastamentos do Pais a servidores da agéncia; FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Il - celebrar contratos administrativos e prorrogar contratos em vigor relativos a idades de custeio, independentemente do valor. Com efeito, as agéncias reguladoras se distinguem das demais autarquias por serem dirigidas por colegiado cujos membros sd nomeados por prazo determinado pelo Presidente da Republica, apés prévia aprovacao pelo Senado Federal, vedada a exoneracdo ad nutum. Nessa linha, a Lei 13.848/2019 fixa em cinco anos o prazo de duracao do mandato dos das agéncias reguladoras federais, vedando a recondugao. ESCLARECENDO! Agéncias reguladoras Os dirigentes possuem mandato fix, ndo podendo ser exenerades ad nutum. Outras autarquias Os dirigentes so exonerados ad nutum pelo chefe do Poder Executivo. A exoneragao, por sua vez, néo podera ocorrer ad nutum. Nessa linha a Lei 9.986/2000, estabelece que os conselheiros e os diretores das agéncias reguladoras somente perderao 0 mandato (art. 9°): a) em caso de rentincia; b) em caso de condenacao judicial transitada em julgado; ©) em caso de condenagdo em proceso administrative disciplinar; d) por infringéncia de quaisquer das vedagées previstas na Lei 9.986/2000. Além do mandato fixo, os membros das agéncias reguladoras submetem-se a um periodo de quarentena. Nessa linha, a quarentena é o periodo em que os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer servico no setor regulado pela respectiva agéncia, por periodo de seis meses, contados da exonerago ou do término de seu mandato, assegurada a remuneracéo compensatéria. Quem violar tal vedagao incorreré na pratica de crime de advocacia administrativa (Lei 9.986/2000, art. 8°). 85 © art. 8°-B, da Lei 9.986/2000 enumera uma série de vedagées aplicaveis aos diretores das agancias reguladoras. A infringéncia as mencionadas vedacées ensejara na perda do mandato. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Para exemplificar: um ex-dirigente de Anatel néo pode, durante o periodo de quatro meses contados de sua exonerago ou término de mandato, prestar servigos para es empresas de telefonia, como TIM, Vivo, Qi, Claro, ete. Durante 2 quarentena, 0 ex-dirigente ficaré vinculado & agéncia, percebendo remuneragéo compensatéria equivalente a do cargo de diregdo que exerceu @ aos beneficios a ele inerentes (Lei 9.986/2000, art. 8°, § 2°). Em relagéo @ supervisdo ministerial e a0 controle hierérquico impréprio, ¢ importante tecer alguns comentarios. Entende-se que, em regra, as decisdes das agéncias reguledoras néo podem ser revistas pelo ente central. Contudo, Advocacia-Geral da Uniao emitiu parecer flexibilizando tal entendimento. De ecordo com o Parecer AGU 51/2006, 0 Presidente da Republica, por motivo relevante de interesse piblico, poderd avocar e decidir qualquer essunto na esfera da Administraao Federal, luindo competancias das agéncias reguladora Alam disso, © Parecer reconheceu @ possibilidade de interposigéo de recurso hierérquico impréprio, desde que a decicéo da agéncie fuja as finelidades da entidade ou estejam inadequades as politicas piblicas definides para setor. Por conseguinte, hé possibilidade de interposi¢ao de recurso hierérquico impréprio, mas apenas ‘em situacdes excepcionais. Por outro lado, se @ daciséo da agéncia for coerente com as suas finalidades @ com as politices definidas para o setor, ndo poderé ser provido o recurso dirigido 20 ministario. Diente do que vimos até aqui, podemos resumir as caracteristicas das agncias reguladores no Brasil da ceguinte forma: Y sho pessoas juridicas de direito publico; ¥ desempenham atividades tipicas do Poder Publi Y so autarquias sob regime especial (néo representam uma nova forma de entidade administrative); ¥ integram a administracao indireta (descentralizeda); Y possuem maior autenomia que as outras entidades de administragéo indirete; ¥ sao dirigidas por colegiado cujos membros sio nomeados por praze determinado pelo Presidente de Repiblica, apés prévia aprovagae pelo Senado Federal, vedada a exoneragao ad nutum; FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal ¥ nao se submetem, em regra, ao controle hierarquico do ente central. Porém, em casos especifices, admite-se 0 controle hierérquico improprio pelo ministério ou a avocagéo de competéncias pelo Presidente da Republica; Y encontram-se vinculadas a0 Ministério do Setor correspondente, para fins de tutela, superviséo ou controle finalistico. 3.12.5 Agéncias executivas © Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), que é o documento de referéncia da Reforma Administrativa implementada no Brasil na década de 90, estabeleceu como objetivo para o setor das atividades exclusivas™: transformar as autarquias e fundagées que possuem poder de Estado em agéncias auténomas, administradas segundo um contrato de gestao. Percebam que o termo utilizado pelo PDRAE foi agéncias auténomas. Todavia, a Lei 9.649/1998, que dispée sobre a organizaco da Presidéncia da Replica e dos ministérios, preferiu utilizar 0 termo agéncias executivas, estabelecendo algumas exigéncias para que a autarquia ou fundaggo receba tal qualificagao. Segundo a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro™, Agéncia executiva é a qualificacdo dada a autarquia ou fundagao que tenha | Gelebrado contrato de geste com 0 drado da Administracgo Direta a que se acha : vinculada, para melhoria da eficiéncia e redu¢do de custos. | N&o se trata de entidade instituida com a denominacao de agéncia executiva. Trata-se | de entidade preexistente (autarquia ou fundacéo governamental) que, uma vez: i | preenchidos os requisitos legais, recebe a qualificacdo de agéncia executiva, podendo | erdé-la, se deixar de atender aos requisitos. Dessa forma, podemos perceber que as agéncias executivas nao representam uma nova forma de entidade administrativa, mas to somente uma qualificagao especial outorgada & autarquia ou & fundaco publica que celebre um contrato de gestdo com o respective érgo supervisor. Busca-se, com o contrato de gesto e, por conseguinte, com a qualficagdo, aumentar a eficiéncia das autarquias e fundagdes publicas Os requisitos para receber a qualificagao estao disciplinados nos arts. 51 ¢ 52 da Lei 9.649/1998, vejamos: © setor de atividades exclusivas ¢ aquele em que est presente o poder de império do Estado que, portanto, £6 podera ser desenvolvido por entidades de direito publico, como as autarquias @ fundagSes publicas de direito publico. *? Dj Pietro, 2014, p. 538. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot VA 51. © Poder Executivo pederd qualificar como Agéncia Executiva a autarquia ou | fundagao que tenha cumprido os seguintes requisitos: i |- ter um plano estratégico de reestruturagao e de desenvolvimento institucional | em andamento; i II-ter celebrado Contrato de Gestdo com o respective Ministério supervisor. § 1° A qualificagéo como Agéncia Executiva seré feita em ato do Presidente da: Repiiblica. i § 2°0 Poder Executivo editaré medidas de organizacao administrativa especificas para Executivas, visando assegurar a sua autonomia de gestdo, bem como a idade de recursos orcamentarios e financeiros para o cumprimento dos | objetivos e metas definides nos Contrates de Gestao. i Art. 52. Os planos estratégicos de reestruturagao e de desenvolvimento institucional defini diretrzes, politicas e medidas voltadas para a racionalizagao de estruturas @ do quadro de servidores, a revisao dos processos de trabalho, o desenvolvimento dos | recursos humanos ¢ 0 fortalecimento da identidade institucional da Agéncia Executiva. § 1° Os Contratos de Gestdo das Agéncias Executivas sero celebrados com | periodicidade minima de um ano e estabelecerao os objetivos, metas e respectivos | indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos necessdrios @ 05 | critérios e instrumentos para a avaliagdo do seu cumprimento. i § 2° O Poder Executivo definira os critérios e procedimentos para a elaboragao e o} acompanhamento dos Contratos de Gestéo e dos programas estratégicos de! reestruturagao e de desenvolvimento institucional das Agéncias Executivas. i Assim, a autarquia ou fundagae que quiser ser qualificade como agéncia executive deverd, ‘cumulativamente: FIQUE ATENTO! Para receber a qualificagao como agéncia executiva, a autarquia ou fundagao publica deve: 2) ter um plano estratégico de reestruturagéo @ de desenvolvimento institucional em andamento; & b) ter celebrado contrato de gestdo com o respective Ministério supervisor. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal Acelebracéo do contrato de gestéo com o respective Ministério 6 apenas um dos requisitos para receber a qualificag3o. Contudo, é por meio de decrete que a autarquia ou fundagio publica ce torna agéncia executiva. Vale dizer, apés elaborar o plano estratégico de reestruturag3o € desenvolvimento e ter celebrado © contrato de gestdo, sera expedido um decreto, que efetivamente outorgaré & qualificagao & entidade. Além disso, a concesséo da qualificacéo € ato discriciondrio do Presidente da Repiblica. Conforme dispde o caput do art. 51 da Lei 9.649/1998, o “Poder Executivo poderd qualificar” as. entidades como agéncias executives. Dessa forma, mesmo que a entidade preencha os requisitos, cabera ao Presidente da Repiblica decidir se concede ou nao @ qualificagao. Os contratos de gestdo das agéncias executivas devem ser celebrados com periodicidade minima de um ano e estabelecerao os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da entidade, bem como os recursos necessarios e os critérios e instrumentos para a avaliagdo do seu cumprimento. Apés receber a qualificagSo, a autarquia ou fundagio publica passa a se submeter a um regime juridico especial, em que ha maior autonomia para atuaco. Por exemplo, no que se refere as licitagdes e contratos, as agéncias executivas possuem um limite duplicado para dispensa de proceso licitatério: 0 art. 24, |e Il, da Lei 8.666/1993 (com valores atualizados pelo Decreto 9.412/2018), estabelece o limite normal de dispensa de licitacdo no valor de R$ 33.000,00 para obras e servigos de engenharia e de RS 17.600,00 para compras e demais servicos. Para as agéncias executivas, esse valor é dobrado (Lei 8.666/1993, art. 24, § 19): R$ 66.000,00 para obras e servigos de engenharia e de RS 35.200,00 pare compras e demais servigos. E importante frisar que a Lei 9.649/1998 ¢ uma lei federal e, portanto, aplice-se to somente 8 Unido. Caso os estados e municipios desejam disper de mecanismo semelhante, deverdo elaborar leis proprias, estabelecendo o regramento de qualificacao. ci (TJ CE - 2018) Autarquias e fundagées puiblicas podem receber, por meio de lei especifica, alificagao de agéncia executiva, para garantir 0 exercicio de suas atividades com maior ficiéncia e operacionalidade. Comentarios: a qualificagdo das fundagées e autarquias em agéncias executivas ocorre mediant. lecreto do Poder Executive. Logo, néo ecorre por meio de lei especifica. Vale lembrar, ademais, éncia de um plano estratégico de reestruturacio e d FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot desenvolvimento institucional em andamento © de um contrato de gestéo celebrado com o rio supervisor. Desta forma, a questo esté incorreta. 4 QUESTOES PARA FIXAGAO 1. (Cespe - $TJ/2018) © fato de a advocacia publica, no ambito judicial, defender ‘ocupante de cargo comissionado pela pratica de ato no exercicio de suas atribuigées amolda- se & teoria da representacao. Comentarios © exercicio das funcdes dos agentes puiblicos é justificado pela teoria de imputagio, ¢ no da representacdo. Pela teoria da representacao o agente pilblico seria como um representante do Estado, por forga de lei. Nao é a teoria adoteda pelo Brasil, que adota a teoria do érgéo (ou da imputago). Por essa teoria, 2 pessoa juridica manifesta sua vontede por maio de érgéos, de modo que quando os agentes que os compéem manifestam a sua vontade, é como se 0 préprio Estado o fizesse. 'Sé por este trecho, 0 item jé esté incorreto. Alam disso, tem um tema bastante polémico na questo. A advocacia pilblica no se destina defender servidores, mes sim © érgéo ou entidade. Assim, se um servider cometer uma irregularidade, no exercicio de suas fungSes, ele teré que contratar 0 préprio advogado. Gal cerrado. 2. (Cespe-PF/2018) A centralizagao consiste na execugao de tarefas administrativas pelo préprio Estado, por meio de érgaos internos e integrantes da administragao publica direta. ‘Comenta Quando © Estado presta os servigos por meio de seus érgéos e agentes integrantes da Administrago direta, ou seja, que compéem as pessoas politicas, diz-se que 0 servigo é prestado de forma centralizada. Assim, 08 servigos so prestados pelos érgios despersonalizados integrantes da propria entidade politica. Exemplo disso séo os servigos prestados pelos ministérios, pelas secretarias estaduais e municipais ou por seus érgéos subordinados. Vale lembrar que um servigo pode ser prestado de forma centralizada e desconcentrada simultsneamente. Exemplo: © servigo prestado por um ministério (desconcentracéo) no ambito da Administrago direta (centrelizagéo). Gabarito: correto. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal 3. (Cespe - TCE PB/2018) Servigo auténomo com personalidade juridica de direito publico, patriménio e receita préprios, criado por lei para executar atividades tipicas da administracao piiblica que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestéo administrativa ¢ financeira descentralizada é 0 conceito de a) consércio piblico. b) autarquia. ©) empresa publica. ¢) fundagao publica. e) sociedade de economia mista. Comentarios Dentre as alternativas, a Unica pessoa juridica que ¢ de direito piblico e somente pode ser criada mediante lei especifica é a autarquia (art. 37, XIX). Portanto, nossa alternativa é a letra ‘B'. Vamos analisar as demais alternativas: a) 0 consércio piiblico 6 uma pessoa juridica criade por lei com a finalidade de executar a gestéo associada de servicos piblicos, onde os entes consorciados, que podem ser a Unido, os Estados, © Distrito Federal e os Municipios, destinarao pessoal e bens essenciais 3 execugao dos servicos, ituira associacao publica (pessoa juridica de direito publico) ou pessoa juridica de direito privado (art. 1°, § 1°, c/c art. 6° §§° 1° e 2°, todos da Lei 11.107/05) - ERRADA; ¢) € e) ambas so autorizados por lei e so pessoas juridicas de direito privado - ERRADAS; d) é autorizada por lei e admite os dois tipos de personalidade j - ERRADA; (direito piblico ou privade) Gabarito: alternativa B. 4, (Cespe - CAGE RS/2018) Na administracdo publica, uma entidade criada por lei especifica, com personalidade de direito publico e patriménio préprio, que desempenha atribuigées publicas tipicas e tem capacidade de autoadministracéo sob controle estatal é denominada a) ente de cooperagio. b) consércio publico. ) autarquia. d) fundago publica. e) empresa governamental. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot Comentarios 2) 0s entes de cooperagao so formados pelas pessoas juridicas de direito privado que prestam servigos piblicos n&o exclusives do Estado, que, por terem essa fungéo de auxilio © complementagéo das atividades do préprio Estado, recebem esse nome de “entes de cooperagéo”. Tais entidades nao compdem a Administragao Publica, pois integram o terceiro setor — ERRADA; b) os consércios ptblicos admitem os dois tipos de personalidade juridica (privado e publico) - ERRADA; c) a autarquia 6 criada por lei especifica © ser, necesseriamente, de direito ptblico, pertencendo a administrago indireta; assim, teré capacidade de autoadministragao especifica @ sofreré o controle finalistico por parte dos integrantes da administracéo direta - CORRETA; 4) 9 fundagao publica podera ser pessoa juridica de direito piblico ou privado. Maria Sylvia Zanella di Pietro leciona que a fundacéo tem natureza publica quando “é instituida pelo poder piiblico com patriménio, total ou parcialmente piblico, dotado de personalidade juridice, de direito pablico ou privado, e, destinado, por lei, a0 desempenho de atividades do Estado na ‘ordem social, com capacidade de auto administragéo e mediante controle da Administragéo Publica, nos limites da lei” - ERRADA; 2) empresa estatal ou governamental 6 género, que tem duas espécies: sociedade de economia mista e empresa piblica. Ambos so pessoas juridicas de direito privado, pertencentes & administragao indireta e sua criagéo ocorre mediante autorizaco por lei- ERRADA. Gabarito: alternativa C. 5. (Cespe - STM/2018) Julgue o item que se seguem a luz do Decreto-lei n.° 200/1967. Autarquias possuem personelidade juridice © patriménio préprios, embora néo fagam jus receitas proprias. Comentarios Devemos considerar a autarquia como sendo o servigo auténomo, criado por lei, com perconelidade juridica, patriménio e receita préprios, para executar atividades tipicas da Administrag&o Publica, que requeiram, pera seu melhor funcionamento, gestéo administrative e financeire descentralizada (Decreto n° 200/67, art. 5°, |). Com efeito, as receitas das eutarquias possuem previséo direta no orgamento piblico, permitindo assim a sua maior autonomia. Gabarito: errado. FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal 6. (Cespe - STJ/2018) A supervisdo ministerial exercida sobre as autarquias é exemplo de controle administrative hierarquico. Comentétios Todas as entidades administrativas submetem-se a supervisio ministerial, também conhecida como tutela ou controle finalistico. Tal controle caracteriza-se, no entanto, pela inexisténcia de relaco hierarquica. O controle, aqui, ocorre mediante vinculagdo. Portanto, no ha controle hierarquico. 7. (Cespe - EMAP/2018) As autarquias, pessoas juridicas de direito pubblico, sio criadas por lei e tam capacidade de autoadministracio. Comentarios Outra questao conceitual! As autarquais so criadas por lei especifica, tam capacidade de autoadministragao, porque possuem patriménio e receita préprios e executam atividades tipicas da Administracao Pablica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestéo administrativa e financeira descentralizada (Decreto n° 200/67, art. 5°, |). Gabarito: correto. 8. (Cespe - PGE PE/2018) Assinale a opgao correta acerca da organizagao administrativa. a) Ocorre descentralizacao por servigos quando 0 poder pubblico contrata empresa privada para desempenhar atividade acesséria a atividade finalistica da administracao. b) A autorizagio, a permiss’o e a concesso de servicos pilblicos a empresas privadas caracterizam desconcentrago administrative. ©) O ente titular do servigo piiblico pode interferir na execugio do servigo puiblico transferido a coutra pessoa juridica no caso descentralizagdo por servicos. d) A descentralizacao por colaboracao resulta na transferéncia da titularidade e da execugéo do servigo piiblico para empresas piblicas ou sociedades de economia mista. €) No caso de descentralizagao por colaboracao, a alteragao das condigdes de execugao do servico piiblico independe de previséo legal especifica. Comentérios a) a descentralizagao administrativa por services - também chamada de descentralizacio por outorga, técnica ou funcional — ocorre quando o Estado cria uma entidade administrativa, transferindo a realizagio de servigo pubblico por prazo indeterminado (presungéo de definitividede). O que a questo descreveu foi a descentralizagéo por delegacéo ou colaboracéo, FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020 Herbert Almeida, Time Herbert Almeida ‘Aula ot que ocorre quando se delega um servico, mediante contrato ou ato administrativo, a uma pessoa privada - ERRADA b) a desconcentragao ocorre dentro de uma mesma pessoa juridica, constituindo uma técnica administrative utilizada para distribuir internamente as competéncias - exemplo: municipios criando secretarias. No entanto, a alternativa descreveu uma situagéo descentralizagao administrativa por delegago — ERRADA; ¢) na descentralizagao por servigos, © controle, mediante tutela, ocorre nos limites da lei; esse controle tem que ser limitado pela lei precisamente pare assegurar certa margem de independéncia 20 ente descentralizado, sem o que no se justificeria @ sua instituigéo. Logo, genericamente falando, o ente titular no pode “interferir” na execug&o do servigo - ERRADA; 4) a descentralizago por colaboracao a que se verifica quando, por meio de contrato ou ato administrativo unilateral, se transfere @ execugdo de determinado servigo piiblico & pessoa juridica de direito privado, previamente existente, conservando o Poder Publico a titularidade do servigo. Além disso, em regra, as empresas piiblicas e sociedades de economia mista prestam servigos mediante descentralizac&o por servicos e no por colaboracéo. Dai o erro da questo. Porém, existem casos especificos em que uma EP e SEM podera prestar servicos também por delegagdo ou colaboragéo. Vamos dar um exemplo: a Unigo criou uma EP para atuar no setor de energia elétrica. Assim, no ambito da Unido, houve uma descentralizagdo por servigos, com a criagdo da entidade administrativa, mediante autorizacdo legislativa. Porém, tal entidade podera atuar no mercado competitivo, juntamente com empresas privadas. Ela poderé, por exemplo, concorrer em ums licitagao, no 4mbito estadual, para poder prestar o servigo de distribuigéo de ‘energia elétrice. Se vencer a licitacdo ¢ firmar o contrato, a EP estaré prestando, no émbito estadual, 0 servigo mediante delegagdo. Logo, tivemos simultaneamente a descentralizagao por servigos, quando a Unigo criou a EP, e por delegagao, quando o estado delegou o servico de distribuigéo de energia elétrica para a EP criada pela Uniao - ERRADA; 2) como essa descentralizagio ¢ feita por contrato ou por ato unilateral, o Poder Publico conserva a sue titularidade. Isso Ihe permite dispor do servico de acordo com o interesse publico, envolvende @ possibilidade de alterar unilateralmente as condig6es de sua execugao e de retomé-las antes do prazo estabelecido - CORRETA; Gabarito: alternativa E. 9. (Cespe - STJ/2018) A descentralizagéo administrativa, um dos principios que regem a administragao piiblica, pressupée a criacdo de entidades com personalidade juridica prépria para 0 oxereicio de fungées tipicamente estatais. Comentarios FF} Direito Administrativo pl Policia Federal (Agente) Com Videoaulas -2020 $29 www ostratogiaconcursos.com.br h ictnainal A descentralizacio administrativa ocorre quando 0 Estado nao executa o servigo por meio de sua Administragao direta. Envolve, portanto, duas pessoas distintas: o Estado — Unido, estados, Distrito Federal e municipios — e a pessoa que executaré o servico (entidade administrativa ou particular), uma vez que recebeu essa atribuigéo do Estado. Gabarito: correto. 10. (Cespe - CGM Jodo Pessoa/2018) A descentralizagio, uma caracteristica da administragao direta, visa distribuir competéncias dentro de uma mesma pessoa juridica, organizada hierarquicamente, a fim de atingir um melhor desempenho. Comentarios Essa 6 a desconcentragao. A descentralizacao € a distribuicao de competéncias de uma para outra pessoa, fisica ou juridica. Gabarito: errado. 11, (Cespe ~ MPE PI/2018) O fato de a administragao piiblica desmembrar seus érgaos, distribuindo os servigos dentro da mesma pessoa juridica, para melhorar a sua organizagao estrutural, constitui exemplo de ato de desconcentragao. Comentarios Isso mesmo. A desconcentragao ocorre exclusivamente dentro de uma mesma pessoa juridica, constituindo uma técnica administrativa utilizada para distribuir internamente as competéncias. Gabarito: correto. 12. (Cespe — MPE P1/2018) A existéncia de érgaos ptiblicos que realizem atribuicées predeterminadas, origindrias da prépria administracao publica, caracteriza um processo de desconcentragao administrativa. Comentarios Por meio da desconcentragéo é que surgem os érgéos piiblicos. Assim, ha desconcentraco quando @ Unido se organiza em ministérios ou quando uma autarquia ou empresa publica se organiza em departamentos para melhor prestar os seus servicos. Afinal, a desconcentragao 6 uma técnica administrative de simplificacao e aceleracao do servico dentro da mesma entidede. Gabarito: correto. FZ] Direito Aaministrativo pr Policia Federal (Agente) Com Videoaulas - 2020

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