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O lugar da América: por uma expressão arquitetônica moderna, panamericana e

universal nos anos 1920


JOSIANNE FRANCIA CERASOLI*

Introdução: (des)encontros arquitetônicos

Em novembro de 1930, em Bruxelas, o delegado brasileiro junto ao III Congresso


Internacional de Arquitetura Moderna-CIAM, Gregori Warchavchik, expõe em seu relatório
sobre o continente americano as perspectivas e limites da arquitetura moderna na América,
identificando duas forças opostas: de um lado, uma flexibilidade que incetiva a adoção de
novidades, sobretudo técnicas e científicas, de outro, "uma falta absoluta de compreensão do
século em que vivemos" (WARCHAVCHICK, 2006: 170). Ao lado de algumas dificuldades
práticas para a adoção dos princípios modernos no continente, como desvantagens
econômicas e problemas relativos à mão-de-obra, destaca a existência de uma postura hostil
ao moderno, visto como uma arquitetura internacional e, portanto, contrária ao nacionalismo
que se enuncia significativamente no momento; hostilidade similar identifica na insistência de
um "verniz clássico" na arquitetura ensinada e produzida na América, que mesmo sem grande
espessura, opõe resistência às estéticas modernas, com base em uma autoridade acadêmica. O
relatório, publicado em 1931 no segundo número do Cahier d'Art de Paris, por Siegfried
Giedion, tem como base as observações de Warchavchik sobre o IV Congresso Panamericano
de Arquitetos, realizado no Rio de Janeiro em 1930, alguns meses antes do III CIAM. O
Panamericano de 1930, primeiro realizado no Brasil, foi marcado por polêmicas intensas, e
trouxe para o centro das discussões dos profissionais ligados à Arquitetura a questão do
moderno na paisagem cultural da cidade, por meio da análise de aspectos como a pertinência
dos arranha-ceus, o papel do ensino da Arquitetura e do Urbanismo nesse cenário, o lugar do
regionalismo e internacionalismo nas linguagens artísticas, bem como a percepção do
"espírito da época" por esses profissionais, expresso, por exemplo, na definição e discussão da
tese IX do congresso: "como julgar as tendências de moderna arquitetura – descadência ou
ressurgimento?" (ARCHITECTURA E CONSTRUCÇÕES, 1930: 3-7).

*
Departamento de História, IFCH-Unicamp. Doutora em História.

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Apesar de legarem registros quase sempre fragmentados, os congressos profissionais


da primeira metade do século XX são significativos para se mapear a circulação das ideias e
suas múltiplas territorialidades; não apenas a circulação, mas os embates de ideias. Pela força
política e simbólica que assumem, os posicionamentos tecidos a partir de prismas diversos
constituem visões de futuro e do presente plurais, em plena disputa por espaço, inclusive nos
meios acadêmicos na época. Talvez se possa falar de uma paisagem política, dada a força das
imagens construídas nesses discursos e os efeitos que buscavam impregnar. Pode-se perceber
nas descrições e observações diretas do relatório de Warchavchik, por exemplo, uma vontade
objetiva de narrar aos colegas do CIAM sobre "as tendências arquitetônicas na América do
Sul", ao mesmo tempo em que se nota impulsos veementes em julgar negativamente as
críticas ao moderno e sublinhar certo otimismo em relação à superação desse quadro: "é
apenas uma questão de educação, pois nos meios cultos, interessam-se muito pelas
novidades" (WARCHAVCHIK, 2006: 172). No Panamericano que lhe serve de fonte à
descrição, as tensões em torno da pertinência de uma arquitetura moderna na América
aparecem na discussão de quase todas as dez teses analisadas, e o defensor mais frequente do
modernismo nas artes é Flávio de Carvalho, sempre "aplaudido por seus partidários", mas não
apoiado por toda a assembleia, segundo os registros do evento. Apesar da constância desse
debate, as conclusões sobre a temática, em resposta à tese IX, são as mais breves e lacunares
de todo o evento, sugerindo mais dúvidas e discussões que assertivas: "tendências da moderna
Arquitetura constituem expressão plástica inicial de um novo ciclo na adaptação de formas ao
'Espírito da Época' e que deve caracterizar-se pelo anseio de harmonizar suas criações com
novos materiais e elementos construtivos e técnicos que o progresso incorporou ao patrimônio
da Civilização". É tudo que se registra a respeito, oficialmente.
Além da conclusão, só há a possibilidade de interpretações e deduções, a partir de
registros dos outros temas debatidos, muitos dos quais anotados em opiniões, manifestações e
repercussões na imprensa em diversos locais. Pela primeira vez na história dos Congressos
Panamericanos, não há a publicação de anais ou atas oficiais, e as notas na imprensa acabam
por assumir um papel importante na difusão de opiniões sobre o encontro. Somam-se à
suscinta publicação das conclusões oficiais do Congresso, quase que discretamente, nos
periódicos especializados no Brasil, outros registros: o relato publicado por Giedion em Paris;
a minuciosa descrição de cada plenária e sessão, publicada pela Sociedad Central de
Arquitectos, da Argentina (REVISTA DE ARQUITECTURA, 1930: 468-556); os numerosos
artigos na imprensa. As anotações sobre as plenárias sugerem um congresso repleto de ativas

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discussões. Desde a abertura anunciam-se marcadas oposições entre "correntes extremistas",


que negam a "beleza amparada no espírito decorativo", e "conservadores", defensores das
"leis que construíram a beleza no passado", conforme discurso do presidente do IV
Panamericano, arquiteto Nestor de Figueiredo. Para ele, o arquiteto era convidado naquele
momento a "viver seu século", situando seu ofício no contexto de grandes conquistas da
técnica e de um "dinamismo vertiginoso" (REVISTA DE ARQUITECTURA, 1930: 482) –
argumento semelhante a muitos colegas de profissão na época, sobretudo aqueles que
hesitavam em se filiar entre "extremistas" ou "conservadores".
Parece tratar-se de um momento singular para a formulação e defesa de ideias acerca
do que deveria ser a inserção do arquiteto na composição de uma paisagem urbana e,
sobretudo, na configuração de uma paisagem cultural no continente, sobretudo observando-se
o entrecruzamento entre essa percepção da contemporaneidade como um tempo de mudanças
e as questões identitárias no continente americano expressas em versões do que se entendia
por panamericanismo. O mapeamento desse quadro levanta numerosas indagações que
inclusive ampliam a própria noção de circulação de ideias como uma via de mão dupla. Mais
que circulação, é debate intenso de ideias o que se percebe. As indagações indicam ainda
dimensões políticas dessas ideias, como partícipes de jogos de forças mais complexos do que
sugere a metáfora da via. A percepção, expressa também por Figueiredo na abertura do
Panamericano de 1930 é significativa para se atentar para tal dimensão, quando menciona a
missão da Arquitetura como "arte de penetração política" e de inédito papel entre as
civilizações, devido ao "alcance moral na formação mental de nossos homens".

A América, as tradições, as civilizações

Idealizados como encontros trienais desde a primeira edição, em 1920, em


Montevideo, sempre lembrada pela precocidade em relação a outras reuniões profissionais,
como os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), iniciados em 1928, os
Congressos Panamericanos de Arquitetos tiveram periodicidade e frequência de participantes
variadas. Na primeira edição, participam mais de cem arquitetos de diversos países
americanos, especialmente provenientes do que hoje denominamos Cone Sul (Argentina,
Brasil, Chile, Uruguai) – algo que se repetiu nas primeiras quatro edições do evento. No
Brasil, em 1930, cada uma das dez comissões de discussão das teses do Congresso era
composta por profissionais oriundos desses países, exceto a tese III, que abordava o tema dos

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arranha-céus, presidida pelo arquiteto Carl A. Ziegler, dos Estados Unidos.1 Todas as versões
dos Congressos organizaram-se em torno de um temário geral previamente preparado sob a
forma de diversas teses que deveriam compor as sessões de discussão e deliberação dos
delegados, como era usual nos congressos técnicos e científicos desde o século XIX; no caso
dos arquitetos do continente, são predominantemente teses relacionadas à formação, ao
exercício e à inserção profissional na sociedade.2
A abrangência desse temário geral permite vislumbrar um quadro interessante sobre a
inserção da Arquitetura no continente americano, mesmo se considerarmos apenas esta visão
de conjunto e sem atenção a detalhes, desdobramentos e relações com outras questões
contemporâneas aos eventos. Essa abrangência permite antever a pluralidade que tem definido
esse campo profissional, pelo menos desde o século XIX, quando a ampliação das técnicas e
dos espaços conhecidos e explorados tornou-se um artifício universalizante, ao lado da
diversificação dos problemas e desafios advindos das novas formas de vida urbana e de novas
forças políticas. Essa pluralidade converte-se assim em complexidade, e se apresenta como
um desafio à pesquisa histórica ao se pensar a Arquitetura nas Américas no século XX,
considerando-se as tensões políticas e sociais, bem como os desníveis em termos de
modernizações materiais e técnicas, ao lado de heranças culturais singulares, às vezes
partilhadas.
Particularmente sensível ao desenvolvimento científico aplicado e aos
aperfeiçoamentos técnicos, o campo da Arquitetura é ao mesmo tempo mobilizado a dialogar
com heranças culturais dos povos, mesmo que de modo instrumental. O tradicional dilema de
sua caracterização enquanto ciência ou arte – dilema intensamente debatido nos primeiros
Congressos Panamericanos de Arquitetos e suas repercussões – pode ser entendido como
sintoma de pressões específicas que atuam como desdobramentos do próprio papel da técnica
e dos conhecimentos científicos. Enquanto progresso material ou acumulação e
melhoramentos que tendem à universalização como "finalidade instrumental" que estimula o
afloramento de uma "consciência única da humanidade", a própria noção de "civilização
mundial" parece submeter as culturas tradicionais a um constante tensionamento. Essa tensão

1
Além das delegações brasileira, chilena, argentina e uruguaia, estavam presentes a delegação norte-
americana, com três membros, um delegado do Panamá e outro da Venezuela, além de alguns convidados
especiais, representando arquitetos britânicos e canadenses, portugueses, espanhois e franceses (Alfredo
Agache).
2
A partir de 1950, um tema geral definido para cada Congresso passou a nortear essas discussões, abarcando
questões como: "Problemas da arquitetura contemporânea Panamericana" (1950, sétimo Congresso, em
Havana, Cuba), "A função social do arquiteto" (1955, nona edição, Caracas, Venezuela), "Cidades das Américas"
(1965, em Washington, primeira edição do evento ocorrida nos Estados Unidos), "O arquiteto e a humanização
da vida urbana" (1970, San Juan, Porto Rico).

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é sublinhada por Paul Ricoeur, em texto de 1964 reeditado em 2007 como parte de uma
coletânea sobre "regionalismo arquitetural". O autor sintetiza essa tensão ao abordar o
ingresso da humanidade "numa única civilização planetária que representa ao mesmo tempo
um progresso gigantesco para todos e uma tarefa esmagadora de sobrevivência e adaptação da
herança cultural a esse quadro novo." (RICOEUR, 1968: 277).3 Aproximando a ideia de uma
civilização técnica e universal, o pensador chama atenção para "uma espécie sutil de
destruição" a que então estão submetidas as culturas tradicionais, e se pergunta sobre suas
possibilidades criadoras nesse tensionamento. Analisado historicamente no âmbito do
continente americano sob esse prisma, o dilema ciência/arte figura com singular importância
no panorama das discussões sobre o lugar da Arquitetura na/da América no mundo.
A partir desse quadro geral e tomando-se as reflexões sobre as relações entre
civilização e tradição – entre outros, de Ricoeur – como proposição para se pensar a
problemática, seleciona-se neste estudo, no interior dos debates feitos nos Congressos
Panamericanos de Arquitetos, questões em torno da configuração de uma referência
identitária à Arquitetura nas Américas, como se fosse portadora de mensagens (e imagens)
específicas relativas ao continente e sua inserção no "concerto das nações". Esse debate foi
particularmente intenso entre as décadas de 1920 e 1940, quando os impulsos universalizantes
dos modernismos nas artes, e do próprio repertório técnico-científico expresso nos diferentes
modos de modernização, enfatizaram vários questionamentos em torno do lugar dos
"regionalismos" ou "interpretações locais" nas diversas linguagens, inclusive na Arquitetura.
Seus desdobramentos estão longe de desaparecer, assim como as tensões que os instigam, mas
foi na década de 1930 que os debates em torno do internacionalismo, proclamado pelo
modernismo, pressionaram enfaticamente as identidades locais e nacionais, os chamados
regionalismos – motivo que justifica o privilégio do período neste estudo. Para não perdermos
a dimensão histórica e ao mesmo tempo atual da questão, é importante lembrar a vigência da
discussão sobre o lugar das culturas americanas na "civilização mundial", nos termos de
Ricoeur. Há menos de uma década o Congresso Panamericano de Arquitetos propôs como
tema geral, significativamente: "Mestiçagem, cultura e criação" (2004, em Point-à-Pitre,
Guadalupe), e não é menos sugestivo o tema geral deste ano de 2012, no Brasil: "Viver o
território, imaginar a América".

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O texto "Civilização universal e culturas nacionais" foi elaborado para a segunda edição francesa de História e
Verdade, e editado também em Canizaro (2007).

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Busca-se inicialmente situar o debate dos primeiros Panamericanos entre outras ações
do período, relacionadas ao papel das artes e dos conhecimentos técnicos e científicos no
continente, bem como às implicações políticas da discussão, e em seguida prioriza-se o estudo
dessas questões nos debates da temática no Brasil, tomando-o como um exemplo importante
para se entender essas tensões, seja pela inserção dos profissionais brasileiros nessa pauta,
seja em função do significativo alcance da questão entre os profissionais ligados ao campo da
Arquitetura no país. Apenar de ser possível notar, entre os diversos registros analisados,
diferentes entendimentos sobre o lugar da Arquitetura e sobre o alcance de conceitos e noções
próximas, como de latinidade e de pan-americanismo, com significativos desdobramentos
políticos no período, este estudo não pretende uma abordagem conceitual4. Pretende-se
discutir a questão identitária fortemente presente nos Congressos Panamericanos como parte,
mais ou menos involuntária, de forças políticas mais penetrantes e sutis.

América sem os (norte)americanos?

No âmbito dos conhecimentos científicos e técnicos, chama atenção o esforço


sistemático de discussão e organização de critérios sobre diversos campos do saber, tanto para
o intercâmbio de experiências quanto para o debate acerca dos resultados e, sobretudo, o
estabelecimento de parâmetros comuns de avaliação e ação. É o caso, por exemplo, dos
Congressos Panamericanos de Medicina, iniciados em Washington em 1893 e, duas décadas
depois, em 1915, fundidos aos Congressos Médicos Latino Americanos e às Exposições
Latino Americanas de Medicina. A listagem de encontros científicos e de caráter tecnológico
similares seria extensa, incluindo-se iniciativas como o Congresso Sul-Americano Ferroviário
e o próprio Congresso Panamericano de Arquitetos, cuja vigência alcança a atualidade, porém
busca-se aqui apenas caracterizar a abrangência, a inserção e a articulação de iniciativas
participantes das diversas políticas e ações voltadas ao aperfeiçoamento do instrumental
racional de atuação no continente americano. Além disso, esforços sistemáticos e
diversificados, capazes de tangenciar várias dimensões da vida no continente, parecem ter
sido mobilizados de modo voluntário e organizado na direção de efetivamente conferir
materialidade e vida à abstrata conceituação política denominada panamericanismo. Nesse
panorama, seria percebida e mesmo desejada ou festejada em um esforço do qual participa
também a Arquitetura.

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Ver Camilotti (in: SEIXAS et.al, 2012, no prelo), Bruit (2000) e Beired (2009).

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Em densa pesquisa documental publicada recentemente sobre o panamericanismo e as


visões sobre a Arquitetura na América, González (2011) aborda a adoção de uma série
medidas que buscavam dar visibilidade e tornar vivenciáveis os sentimentos de pertencimento
à América (às Américas), ou seja, de certa identidade continental. Descreve iniciativas como
as grandes exposições, feitas nos moldes das chamadas exposições universais, mas
concebidas precisamente como oposição a elas, como que para manifestar, declaradamente, a
existência de uma "civilização do hemisfério ocidental". Para ele, as aspirações à integração
continental expressas nessas festividades espetaculares, que atraíam milhares de pessoas,
estão em sintonia com outras políticas de aproximação dessas nações e, pela força simbólica e
alegórica que mobilizavam, eram capazes de redimencionar inclusive conflitos dos mais
tensos e persistentes no interior do próprio continente.5 Vários aspectos podem ser
considerados, comparativamente ou mesmo na diacronia, mas merece atenção o evento que
tem sido mencionado como de força singular na articulação desses sentimentos
"panamericanos". Trata-se da Pan-American Exposition de 1901 (em Buffalo, estado de Nova
York), cuja preparação trouxe ao debate uma significativa carga simbólica relacionada ao
continente. O entrelaçamento entre arte e técnica, entre arqueologia e linguagens artísticas,
entre história e um programa claramente apresentado, aliado à monumentalidade do evento,
parece ter sido proporcional às repercussões da Exposição. Segundo seus objetivos
declarados, pretendia realizar uma "demonstração das recíprocas relações existentes entre as
Repúblicas e Colônias Americanas" (GRAY, 1901), e para isso fez uso de todas as linguagens
disponíveis, inclusive a arquitetônica.
A despeito da grandiosidade da exposição, chama atenção em seus catálogos a
existência quase exclusiva de artistas e profissionais estadunidenses entre os participantes, o
que sugere vestígios de uma doutrina política bastante conhecida e criticada no continente,
muito menos voltada à integração e mais à justificação de certa hierarquia entre os países. Nos
registros da exposição, parece haver a reedição da eloquência das grandes exposições
universais europeias iniciadas no século XIX, nas quais a posição subalterna das ex-colônias é
anunciada e demonstrada com todos os recursos. Nos dois casos, assume também a
Arquitetura um papel importante como linguagem capaz de expressar certa interpretação do
lugar das nações não apenas do ponto de vista geopolítico, ao apontar simbolicamente para o

5
São exemplos as tensões entre México e Estados Unidos por questões territoriais no final do século XIX, as
intervenções norte-americanas em prol da independência do Panamá e da gestão da comercialmente preciosa
"passagem" entre o oceanos Atlântico e Pacífico. Apesar da presença militar estadunidense na região, o próprio
Panamá e seu importante canal foi reelaborado no cenário panamericano como alegoria máxima da integração
entre as Américas.

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potencial de determinadas heranças culturais, mas a linguagem arquitetônica parece capaz de


inserir também no tempo essa espécie sutil de hierarquia ou mesmo dominação, de dominium.
Na visão progressiva dos "estilos" que correspondem a momentos específicos da "história da
civilização", nem mesmo na Pan-American Exposition há lugar destacado para expressões
culturais que remetam, por exemplo, a povos pre-colombianos, a especificidades ou
"regionalismos" existentes no continente. Ao lado da presença discreta dos Estados Unidos
nos Congressos Panamericanos de Arquitetos, esses usos simbólicos das linguagens artísticas
e arquitetônicas denota a existência de panamericanismos – no plural, talvez conflituoso, que
não permite desconsiderar o uso das ideias como uma força que atua intensamente enquanto
"circula".

Arquitetura na América: moderno regional, modernidade universal

A ambiguidade da abordagem panamericana vista a partir dos Estados Unidos não é


menor que aquelas dos americanos que não são do norte, ou, seguindo a demonimação
consolidada após a Segunda Guerra, dos latino-americanos, como denotam as calorosas
disputas em torno das definições de uma cultura regional/nacional afinada ao “espírito
moderno” nas primeiras décadas do século XX, contemporâneas aos debates sobre a
integração nas Américas e as exposições continentais. Amplamente registradas na imprensa
brasileira, inclusive a não especializada, essas disputas originam a formulação de sínteses
intrigantes sobre os destinos imaginados para o continente americano, tais como: a aposta em
uma cultura “indoamericana” como formadora da nação; a defesa dos laços tradicionais
Brasil-Portugal e do passado como referencial necessário a uma arte futura; o apoio à arte
tradicional americana (ou hispano-americana ou ainda íbero-americana), muitas vezes
denominado revival neocolonial, como legítima expressão arquitetural nas Américas.6
Essas mesmas discussões aparecem de modo sistemático nos Congressos
Panamericanos de Arquitetos, ora explicitamente tidas como elementos de distinção ou
legítima expressão americana na Arquitetura, ora como reconhecimento da necessidade de
maior do conhecimento sobre o passado histórico das antigas colônias do continente,
recuando-se esse passado inclusive para tempos anteriores à chegada dos europeus, ora ainda

6
Cabe observar a importância do chamado Mission Style no início do século XX, difundido inclusive como
expressão possível de uma arquitetura panamericana. Atique (2007) faz exaustiva investigação sobre a questão,
indicando ao papel do estilo em exposições similares, como a Panama-Pacific Exposition de San Diego,
Califórnia, ocorrida em 1916 em homenagem à abertuda do Canal do Panamá.

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entendidas como oportunidade de singularizar a presença do continente americano entre


outras nações civilizadas. De todo modo, as discussões expressam tensões diante das
exigências de inserção na modernização, pressionadas pela busca de algum "enraizamento"
em tradições que impedissem a diluição do percurso da América nos aclamados "progressos"
da civilização moderna: tensões entre aquilo que significa a civilização ocidental e as culturas
tradicionais, nos dizeres de Ricoeur.7 Nas conclusões do 4o Congresso Panamericano de
Arquitetos no Rio de Janeiro, em 1930, chega-se a indicar a criação de uma "cátedra de arte
decorativa de arquitetura, especialmente destinada ao aproveitamento e utilização dos
elementos de flora e fauna nacionais" para que servissem à "individualização das expressões
arquitetônicas". Nesse debate, a defesa de uma "arte regional" reverte-se em indicações para o
estabelecimento de políticas públicas claras, como a criação de leis voltadas a impedir a
exportação de objetos de arte tradicional e estabelecer a "fundação de museus de arte nacional
para o estudo arqueológico da arquitetura e das artes de que são tributárias" as nações
(GUTIÉRREZ et al, 2007: 60-62).8
Merece destaque entre as iniciativas voltadas à valorização desse repertório, as
manifestações de José Marianno Filho, diretor da Escola Nacional de Belas Artes entre 1926 e
1917, sócio da então Sociedade Central dos Arquitetos, ambas no Rio de Janeiro. Ele é
reconhecido como defensor de uma arte e uma arquitetura "tradicional brasileira" – para ele
"imprópria e perversamente chamada de estilo neocolonial" (MARIANNO Fo., 1927: 290-
300) – , estudioso de questões relacionadas às tradições artísticas brasileiras e espécie de
"mecenas" incentivador de tais estudos, inclusive por meio de viagens de jovens arquitetos a
regiões brasileiras em busca desses referenciais históricos e estéticos. Há certamente outros
profissionais importantes no período, também identificados de algum modo com a defesa
dessa arquitetura tradicional, como Alexandre Albuquerque, engenheiro-arquiteto egresso da
Escola Politécnica de São Paulo e professor de História da Arquitetura na mesma instituição;

7
No temário dos Congressos, registra-se insistentemente a preocupação com questões como: as
especificidades do ensino de arquitetura nesse contexto de inserção da América no "concerto das nações"; a
defesa do patrimônio artístico e histórico das nações americanas; a importância da criação de museus de
materiais construtivos do continente, a fim de subsidiar a formação da arquitetura nacional; o papel da tradição
regional na formação do arquiteto e na composição de sentimentos nacionais; o regionalismo e o
internacionalismo na arquitetura; a necessidade de uma "orientação espiritual para a arquitetura na América",
entre outros temas que tiveram deliberação coletiva após serem discutidos em cada Congresso entre 1920 e
1940.
8
Justificava essa proteção ao patrimônio certa concepção de arquitetura em certo sentido bastante tradicional,
espelhada nos tratados arquitetônicos clássicos que subsidiavam os estudos e projetos da área pelo menos
desde o chamado renascimento cultural do século XVI. Essa concepção é norteada por uma leitura linear da
história e, como se argumenta na justificativa da proteção, só a existência de tratados de arquitetura e arte aliado
a um sólido conhecimento do passado e das manifestações artísticas regionais poderia fornecer repertório
efetivo para a criação de uma arte e uma arquitetura legítimas – nesse caso, legitimamente americanas.

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entre outras ações, organizou viagens de estudo para cidades do interior do país, em Minas
Gerais, para examinar com os futuros arquitetos o repertório construtivo remanescente do
período colonial. Não caberia neste estudo inventariar as diferentes iniciativas nesse sentido,
mas interessa pontuar a inserção destacada dessas ideias nos encontros de arquitetos. A
participação de Marianno Filho junto ao Panamericano de Arquitetos do Rio de Janeiro, em
1930, é anotada em todas as sessões plenárias e de encerramento (REVISTA DE
ARQUITECTURA, 1930: 470-546), e na terceira sessão, em que se discutiu a tese I do
Congresso ("Regionalismo e internacionalismo na arquitetura contemporânea. Orientação
espiritual da arquitetura na América"), Marianno foi o primeiro a contestar as restrições
apresentadas pela assembleia ao relatório da comissão encarregada do exame da tese;9 por
uma arquitetura mesológica, defende enfaticamente na plenária a criação de uma cátedra de
Arte Nacional das Escolas de Arquitetura, fundamentando a sugestão em estudos de
Geografia, História e Literatura.
O reconhecimento das posições de Marianno no evento, em homenagens
individualizadas na sessão de encerramento e mesmo nos registros posteriores do encontro,
aponta indícios de aprovações mais amplas acerca dessas ideias. Quando se aproxima os
debates do Congresso de 1930 de manifestações difundidas nas décadas seguintes, favoráveis
ao que se denominou como moderno em arquitetura, é possível perceber que a defesa enfática
de certa "racionalização" dos projetos e uma "simplificação" decorativa não esteve presente
de modo destacado quando se buscava a definição de uma arquitetura americana. Ao contrário
disso, as conclusões dos Congressos sinalizam cautela em relação ao "internacionalismo" e ao
"modernismo" em arquitetura, e mantêm por várias edições recomendações preocupadas
acerca da estética das edificações: "não existe incompatibilidade entre o regionalismo e o
tradicionalismo com o espírito moderno, já que é possível obter uma expressão plástica
nacional dentro das normas e práticas da comum orientação que programas e materiais
análogos nos impõem." (ARQUITECTURA E CONSTRUCÇÕES, 1930: 3). Portanto, não
está explícito como algo necessário opor tradição e modernização nesse momento, ao menos
como orientação estética. Os discursos sobre a presença e originalidade da arquitetura
moderna no continente, bem como os lugares simbólicos a que serão remetidas,
historicamente, as iniciativas plurais em prol de uma arte e uma arquitetura tradicionais
certamente contribuirão, a posteriori, para outras leituras acerca desses debates.

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Comissão interna formada pelos arquitetos Elzeario Boix (uruguaio), Fortunato Passerón (argentino) e
Christiano Stockler das Neves (brasileiro).

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O entrecruzamento entre esse debate, a questão da identidade nacional e o


internacionalismo, tensionado pela controvertida defesa do "estilo neocolonial" ou da arte
tradicional como expressão do moderno nacional/panamericano, é merecedor de um olhar
mais detido. Pelos desdobramentos dessas polêmicas, inclusive na sustentação de julgamentos
desabonadores persistentes sobre o continente, e por entender os debates no período como
fundamentais na consolidação de uma longa tradição de pensamentos negativistas sobre o
Brasil (como a suposta inadequação da nação e seus projetos), busca-se aqui uma leitura
menos apressada desses dilemas, paradoxalmente expressos na forma de defesas apaixonadas
ou exposições grandiloquentes. Hamilton Harris, em texto de 1958 originalmente publicado
na Texas Quarterly, traz elementos interessantes à questão. Para ele, "fundamentalmente,
regionalismo é um estado de espírito".10 O autor diferencia um tipo de regionalismo que seria,
segundo afirma induzido pela pobreza, não só material, mas sobretudo de possibilidades
construtivas em uma região – um regionalismo que entende como limitador, independente de
suas características supostamente originais; a este o autor opõe outro que denomina
"regionalismo de liberação", capaz de expressar a variedade, a liberdade e a expansividade:
segundo afirma, este o regionalismo que pode alimentar as imagens que representam as
qualidades que um povo, ou mesmo as qualidades que esse povo acredita serem expressivas
de si, assumindo mesmo a forma de uma expressão nacional.11 Na defesa do regionalismo no
Panamericano parece haver uma voluntária defesa de uma auto-imagem da cultura nacional
que busca, de algum modo, "liberar-se" de outras amarras postas, por exemplo, por tradições
não escolhidas, como que involuntárias.
Considerando-se a abrangência dos debates em torno da Arquitetura e, pontualmente,
das polêmicas vividas nos Panamericanos de Arquitetos, parece-me possível sublinhar alguns
aspectos que caracterizam não alguma expressão moderna na arte, mas a própria
modernidade, como experiência histórica específica. A tensão é enfática característica da
modernidade – não apenas a pressão do universal e da técnica sobre o tradicional e criador,

10
"Fundamentally, regionalism is a state of mind." (HARRIS In: CANIZARO, 2007: 57-64).
11
Nesse sentido, não deixa de ser significativo notar a presença sempre discreta de representantes e delegados
de países da América do Norte nos Congressos Panamericanos de Arquitetos, como também pontuou Atique em
estudo já mencionado. O primeiro Congresso realizado no norte foi em 1965, em Washington, e a participação
estadunidense nesses debates se deu de modo frequentemente discreto. Considerando-se a profusão de
iniciativas desse país em termos políticos e econômicos no período, por exemplo, nas discussões dos
Congressos Panamericanos de Estradas de Ferro, é possível se indagar a respeito da proposição de Harris
acerca do regionalismo "limitado" e daquele da "liberdade": seria o regionalismo reivindicado nos Panamericanos
de Arquitetura uma expressão induzida pelos limites econômicos e, portanto, nada originais? Certamente essas
indagações abrem outras possibilidades de pesquisa, entrecruzando, por exemplo, as Exposições
Panamericanas de Arquitetura ocorridas nos Estados Unidos (citadas por González, em trabalho já mencionado)
e os Congressos aqui estudados.

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como aponta Ricouer. A própria modernidade expressa-se na ambiguidade, na dúvida que


advém do inacabado e da abertuda constante de possibilidades, na auto-consciência da
mudança, da transformação, da ruptura. Sob esse prisma, o tradicional dilema da
caracterização da Arquitetura enquanto ciência ou arte, como debatido nos Congressos no
início do século XX, perpassada pela discussão sobre o moderno e o tradicional como
expressão de identidades específicas, figura como sintoma de pressões próprias dessa
modernidade. Relaciona-se ao papel da técnica e dos conhecimentos científicos nesse
panorama, e tensionam aquilo que se quer/pode expressar em outras linguagens, como a
arquitetônica. Penso que o estudo da formação desse campo profissional da Arquitetura nesse
período, configurado entre concepções de ciência, arte e mesmo de história, poderá ser mais
completo se inserido no estudo da modernidade, das rupturas e ambivalências que ela encerra.
Ou então, como entender a auto-consciência expressa na conclusão do arquiteto brasileiro
Albuquerque, em 1909: “Virá uma nova era de Arquitetura universal, em que o estilo do ferro
e do cimento armado terão vitoriosa preferência”? O levantamento desse quadro de apostas e
tensões parece deixar algumas inquietações duradouras como reflexão. Cabe perguntar-se
sobre os dois caminhos imaginados nos Congressos Panamericanos: por um lado, equipar a
expressão artística aos modos de funcionamento já reconhecidos nas artes, compondo um
repertório que não se encontrava explorado e sistematizado, voltado a manifestações culturais
indígenas singulares ou regionais; por outro lado, manifestar aberta e francamente o completo
internacionalismo da expressão artística, aliando-se ao "espírito moderno" como "espírito do
tempo". Ao acompanhar esse debate, parece-me possível antever que, uma ou outra saída,
mostram-se como recusas a uma mera filiação ao pan-americanismo e às submissões nele
implicadas. Poderia ser uma reação (in)consciente à dominação cultural eloquente? Seria
assim uma confirmação do que propõe Ricoeur ao refletir sobre o universalismo e as culturas
nacionais: "[...] só uma cultura viva, ao mesmo tempo fiel às suas origens e em estado de
criatividade no plano da arte, da literatura, da filosofia, da espiritualidade, é capaz de suportar
o choque das outras culturas, e não somente suportá-la, mas dar sentido a tal encontro."
(RICOEUR, 1968: 290).

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