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255 Semindrio internacional Superar violencia, concur alternatives cecrever en novormunde MAOS E IMAGINARIOS QUE COSTURAM A HISTORIA DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE Divane Oliveira de Moura Silva” Marcia Pereira Gomes Silva Adelmo Teoténio da Silva ** RESUMO. Considerando a importincia da cultura popular, das exprossdes _c manifestagées populares regionais, contemplamos a riqueza histérica do Polo de Confecgdes do Agreste de Pernambuco, estudando memérias & imagindrios que dio identidade cultural ao municipio de Santa Cruz do Capibaribe - PE. Neste trabalho, destacamos através da feira popular de confecgdes a participaedo e contribuigo da costureira santa-cruzense, a0 transformar o imaginario, 0 simbélico, em forma de sobrevivéncia. O trabalho dessa profissional retrata uma cultura passada de geragdo a geragio pelas ages do cotidiano familiar em todas as esferas do social, Também ‘razemos reflexdes sobre o empreendedorismo feminino favorecendo um novo olhar para as questées de género numa cidade sindnimo de oportunidades, uma verdadeira fonte viva de memérias, experiéncias, didlogos conhecimentos, Palayras-chave: Feira popular. Costura, Empreendedorismo ferninino. Teoria do Imaginério. Relagées de género, INTRODUGAO Diante dos inimeros desafios trazidos pela era modema, a presenga do universo feminino em diferentes espagos de trabalho, muito além do ambito doméstico, representa um ‘grande salto de conquista social e luta por insergdo, valorizagao e igualdade de géneros. Nessa construgdo de autonomia, as mulheres sinalizam mudangas em suas relagdes no mercado de trabalho, deixando de lado a visio estigmatizada de cuidadoras, donas de casa, esposas ¢ mies para se tornarem administradoras e empreendedoras. No contexto de uma cidade no Agreste pernambucano, Santa Cruz do Capibaribe, 0 oficio de costurar de forma rudimentar mercadorias a serem comercializadas, em seus primérdios, no chao, marca o desenvolvimento de uma forga produtiva voltada para a confecgao © Universidade de Pemambuco - UPE, Especialista em Programago do Ensino da Lingua Portuguesa - divanemoura@hotmail.com © Universidade Federal de Pernambuco — UFPE, Licenciada em —Letras/Portugués — marciaperciragomessilva@gmail.com “ Universidade Federal de Perambuco - UFPE, Licenciado em Letras/Portugués / Claretiano Centro Universitario - Polo Recife - Bacharelando em Biblioteconomia EaD. e-mail: adclmo.cad@hotmail.com 256 Semindrio internacional Superar violencia, cacver en eavormendo do vestuario, por meio de um espirito empreendedor que floresce entre as mulheres da regio. Nessa experigneia produtiva conhecida como a confecgao da sulanca, vale destacar que o trabalho artesanal das mulheres costureiras, em suas maquinas caseiras de costurar e através de um conhecimento adquirido no espago de socializagdo da familia, caracteriza-se como 0 inicio de uma industria na cadeia téxtil-confecgdes. Muito além de uma educagio limitada a tarefas domésticas, esse papel feminino supera a expressdo da fragilidade ¢ desencadeia uma nova onda de reivindicagio de direitos e de consolidagdo de sua identidade, frente a uma sociedade patriarcal permeada de preconceitos, Fica evidente que diante da realidade posta, hd um ser feminino carregado de sonhos, desejos, ideais e crengas. Curiosamente esse cendrio negativo ou imagem apresentada é transformada em possibilidades. Deste modo, observamos como o imaginério pode emergir com forga capaz de mover a existéncia, pois é “a estrutura essencial na qual se constituem todos os processamentos do pensamento human” (DURAND, 1997. p. 14) Diante de um panorama adverso e com os pés no passado, essas mulheres guerreiras, com mios calejadas pelo empreendedorismo, visualizaram no seu oficio possibilidade de ascensiio, que consequentemente constituiu alavanea para o atual progresso da cidade. Compreendemos que 0 imagindrio dessas profissionais “ndo sé se manifestou como atividade que transforma 0 mundo, como imaginago criadora, mas, sobretudo como transformagio eufémica do mundo, como intellectus sanctus, como ordenanga do ser as ordens do melhor” (DURAND, 1997. p. 432). Assim, a feira de confecgdes e a costura constituem expressdes por exceléncia da cultura do povo santa-cruzense. Elas distinguem os tragos comportamentais da populagdo ¢ trazem na sua maneira de ser executada, um peculiaridade ao grupo no esforso criador. As novas geragdes assimilam e dio continuidade a esta tradigo, incorporando-a como heranga cultural local Diante da relavancia do tema e as diferentes abordagens que englobam 0 pessoal, social € teérico, interessou-nos observar: como costureiras santacruzense lidam com os discursos hegeménicos a respeito de género, familia, costura domiciliar, nas relagdes que pressupdem atitudes, sentimentos e comportamentos culturais, como se configura ao longo do percursso antropologico do que seja ser mulher? Considerando os fatos apresentados, nossa pesquisa em seu cardter bibliogrifico 257 Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde qualitativo, metodologicamente condensa as principais ideias acerca da temética discutida, trazendo contribuigdes cientificas e académicas. Tomamos por base um amplo referencial teérico, em uma revisio bibliografica acerca da temitica, e adotamos como procedimentos metodolégicos a observacio e a histéria oral. Por fim, reforgamos que essa abordagem também assinala uma proposta de discussdo dos géneros nas relagdes de trabalho da indistria da confeccao. Nosso objetivo geral visa discutir © papel feminino e seu imagindrio, memérias na construgdo da identidade cultural empreendedora na historia da Terra da Sulanea, no Agreste de Pernambuco, Santa Cruz do Capibaribe, com foco para as relagdes de género na confecgao domiciliar. Com os objetivos especificos procuramos: a) destacar as prineipais condigdes histéricas da costura no mundo e do desenvolvimento da feira da sulanca na cidade de Santa Cruz do Capibaribe-PE; b) Apontar 0 papel da criatividade imagética na economia da confecgio, com destaque para o engajamento feminino ¢ as relagdes de género; c) Investigar representagdes sociais e praticas cotidianas do papel da mulher na familia, ‘No caminho metodolégico a pesquisa tem como fundamento a correlagdo de dados ¢ a coleta de informagées, que é uma “(...) atividade de aproximagdo sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinagao particular entre teoria ¢ dados” (MINAYO, 1993, p. 23), Ao procurar analisar ¢ interpretar os dados, refletir e explorar 0 que eles podem propiciar, de modo a criar um profundo ¢ rico entendimento do contexto pesquisado, vale a mar que o trabalho, em sua abordagem, se configura em uma perspectiva qualitativa, por ser um tipo de pesquisa que: “(...) produz descobertas nio obtidas por procedimentos estatisticos ou outros meios de quantificagdo. Pode se referir & pesquisa sobre a vida das pessoas, experiéncias vividas, comportamentos, emogées, (...)” (STRAUSS; CORBIN, 1998, p. 10). Na tentativa de “conhecer e analisar as contribuigdes culturais ou cientificas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema” (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 55), a pesquisa, quanto aos meios, é bibliogratica, ao permitir a andlise de diferentes teorias, a comparagio entre as opinides e tornar possivel a visualizagao de diferentes pontos de vista, buscando familiarizar- se com 0 assunto em foco (VERGARA, 2005), além de ser especializada para a temética levantada, uma vez que engloba “todo referencial jé torado piiblico em relagio ao tema de 258 Semindrio internacional Superar violencia, concur alternatives cecrever en novormunde estudo, desde publicagées avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dissertagdes, teses, entre outros.” (BEUREN, 2004, p. 87). Com a contribuigdo de uma das primeiras costureiras da cidade e a coleta de seu depoimento acerca dos primérdios da Feira da Sulanea, tendo por base a metodologia da historia oral, que busca registrar impressdes, vivéncias, lembrangas de individuos que se dispdem a compartilhar sua meméria com a coletividade, adotamos “(...) um método de pesquisa (histérica, antropoldgica, sociolégica, etc.) que privilegia a realizagio de entrevistas com pessoas que participam de, ou testemunharam acontecimentos, conjunturas, visdes de mundo” (ALBERTI, 2001, p. 18). Entio se buscou obter um conhecimento mais rico, dinmico e colorido de situagdes que expressam a riqueza de informagées, a intensidade dos fendmenos investigados e, acima de tudo, a histéria viva, pois “(...) evidenciar 0 passado no presente imediato das pessoas, através dos depoimentos orais, constitui essa possibilidade de reconstrugo e compreensio da histéria humana” (BORELLI, 1992, p. 81). Portanto, f e da “meméria”, da “experiéncia” e do “tempo” clementos fundamentais para a recuperagdo daquilo que foi vivido conforme concepgio de quem viveu, participou ou testemunhou. 2. A HISTORIA COSTURADA POR MAOS ENGENHOSAS Figura 1: Costureira produzindo colcha de retalhos. Fonte: Mesel 259 Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde Em sua origem latina, 0 termo “costura” formado pela jungdo de “com” (unto) € “sutura”, (do verbo suere: “‘costurar, unir pegas por meio de um fio”): “consutura”. Ao remontar a0 periodo Paleolitico Inferior, a arte de costurar aparece com a invengio das primeiras agulhas de mao, feitas de espinhas polidas de peixe, ossos de rena ou presas de ledo marinho, capazes de costurar pedagos de pele e moldé-los ao corpo. Antes mesmo do advento da maquina de costura, a confeegdo de roupa era uma das principais ocupagdes humanas, ndo apenas constituida por mulheres. Até meados do século XIX, consistia em um trabalho manual, por meio do qual as familias utilizavam como meio de subsisténcia na produgdo a domicilio e, posteriormente, nas oficinas extemas (LEHNERT, 2001). De fato as mulheres ricas ou pobres sabiam como costurar ou entendiam de costura - um ‘grande niimero delas ganhava a vida com isto. Assim, “(...) para as mulheres, mas ndo para os homens que as observavam, suas roupas no eram nenhum mistério criado em lugares desconhecidos por processos ndo-familiares” (HOLLANDER, 1996, p.149-150), logo, para a maioria delas, confeccionar roupas era uma questo doméstica intima. Flas costuravam roupas de baixo, e faziam outros tipos de costura para o lar como acabamento de lengdis ¢ toalhas. Durante a Revolugdo Industrial, avangos tecnolégicos no setor téxtil permitiram uma aceleragio na produgdo de tecidos ¢ uma nova forma de produgdo do vestuério, a industrial, de tal modo que a confecgo de vestudrio popular viabilizou-se com o invento da maquina de costura em 1829, Deste modo, “(...) 0 tecido era cortado, colocado em pacotes individuais ¢ enviado as casas das costureiras para ser montado” (JONES, 2005, p. 56) Posteriormente, para garantir a qualidade, otimizar tempo, custo de entrega e coleta, as costureiras que tinham disposigdo para trabalhar fora de casa foram reunidas nas fabricas. Porém, foi com a introdugio da maquina com pedal em 1859, “(..) que a maquina de costura assumiu um papel importante tanto nos domicilios quanto nos locais de trabalho”. (JONES, 2005, p. 56). Portanto, a criagdo da maquina de costura possibilitou uma revoluco na produtividade do trabalho a domicilio, afetando, significativamente, o trabalho da mulher. Por outro lado, apés a Segunda Guerra Mundial, a forma de produgo da confecgo ainda guardava caracteristicas artesanais, com a costureira domiciliar produzindo uma pega inteira, Com a descoberta do fato de que o aprendizado de formagio de uma ou duas partes da roupa pela costureira levaria a uma maior rapidez no processo fabril, sem falar no aumento da competitividade e na diminuigdo de custos, o setor de confecgdes adotou um padrio de organizagdo da produgao, cuja referencia 260 Semindrio internacional Superar violencia, concur alternatives cecrever en novormunde era o taylorismo/fordismo. Assim as mulheres foram submetidas ao trabalho mecdnico, no qual no s6 Ihes pedia velocidade, impossibilitando a imaginacdo fluir enquanto se trabalhava, poi havia estimulo a reflexdo. “O trigico dessa situagdo & que o trabalho ¢ maquinal demais para fommecer assunto ao pensamento, e, além disso, impede qualquer outro pensamento”. (WEIL, apud VICENTINO, 2001, p. 338). ‘Nesse sentido, nota-se um ponto critico ja debatido por Marx de extragio da mais-valia, mediante as condigdes de trabalho e acumulagio capitalista do século XX, que reforga a desigualdade de género, quando a industrializagdo incorporou ¢ marginalizou habilidades adquiridas pelas mulheres no espago de socializagao do lar (bordar, costurar, lavar, passar), com a exelusio de sua forga de trabalho nas formas de organizagdo, especialmente a domicflio. A contagem do tempo de trabalho ndo é mensurada e nem valorizada no espago social. Logo, “este tempo, que toma grande parte do tempo de vida das mulheres, ndo existe para o capital e para o Estado e sua inexisténcia é instrumental para a acumulagio capitalista.” (FERREIRA, 2005, p. 36), sem comprometimento do Estado ¢ com marginalizagdo das mulheres. Enfim, o mundo da costura, “(..) & composto de uma multiplicidade de situagdes potenciais que abrem vasto leque de possibilidades nas relagdes de trabalho das costureiras” (ABREU, 1986, p. 213). © costurar enquanto saber, nesse contexto, pertence ao universo feminino adaptado as variadas situagdes de sua vida, perpassando a vida doméstica associada aos cuidados do lar, elaborado de modo artesanal, como exemplo as costuras particulares sob encomenda ou mesmo em produgdo em pequenas confecgdes. 3. SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE: A CULTURA ARTESANAL E 0 CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO Nas ciéncias sociais compreendemos que o sentido da palavra cultura esté associando a0 conjunto de “atividades”, de “estilos de vida” ou ao conjunto de “materiais claborados por um grupo humano”, Isto inclui “invengGes, instrumentos, todo o equipamento mental do grupo” ou fatores imateriais como “a lingua, a Arte, a Religido”. Ao desvendar a meméria ¢ alma coletiva dos habitantes de Santa Cruz do Capibaribe, manifestada por suas histérias, costumes do cotidiano, e pelo relato oral das experiéncias de vida das pessoas, identificamos especialmente as raizes culturais, tradigdes peculiares e a arte deste lugar chamado “Terra da Sulanca” 261 Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde Assim como na maioria das sociedades, o presente e o passado se entrelagam nesta cidade. Mesmo em tempo de constantes avangos na tecnologia, sua cultura esté impregnada de significados como formas solidificadas de ser e de viver, baseados em costumes dos antepassados. O fato é que as priticas e movimentos populares permanecem no cotidiano e se propagam no fazer e produzir, como exemplo na manutengdo da feira popular de confecgées. Esses elementos no tangiveis ou imateriais, sendo téenicas, saberes, conhecimentos, ou modos de fazer, transformam-se num patriménio cultural, Situado na Mesorregido do Agreste de Pemambuco, regio intermedidria entre o Litoral/Mata de clima amido e 0 Sertio semiérido, 0 municipio de Santa Cruz do Capibaribe, com uma distincia média de 192 quilmetros de Recife, foi criado no século XIX ¢ earacteriza- se pela comercializagao de tecidos, retalhos e aviamentos, No final da década de 40, quando a cidade ainda era uma vila, 0 pioneirismo de trés comerciantes com a venda de retalhos (subprodutos de fébricas de tecidos), permitiu a confeccdo de cobertas (tiras emendadas), fazendo surgir o termo “sulanca”, que remete ao fato do tecido helanea ter vindo do Sul do pais para ervir de produgao local. E: processo inicia- se com a ago de caminhoneiros que transportavam mercadorias de Sao Paulo e, deparando-se com a falta de carga na viagem de retomo, passaram a comprar retalhos de tecido (helanea) ¢ a transporti-los até Recife ¢ as costureiras de Santa Cruz do Capibaribe (DUARTE; FUSCO, 2008). Com o uso de retalhos, que serviam de matéria-prima para as costureiras da zona rural produzirem pegas de roupas ¢ cobertas a serem vendidas nas feiras livres que ocorriam nas segundas-feiras, ¢ importante lembrar que, a ampliag3o das confecgées, conhecidas por “sulancas”, aconteceu mais intensamente durante as décadas de 1960 e 1970 (CAMPELLO, 1983), quando, nas residéncias locais, a “mae de familia” confeccionava roupas, consideradas mercadoria de “combate”, de “grito”, de “pobre”, de “camel”, por encomenda ou por conta propria, 262 Semindrio internacional Superar violencia, construe alternatias (ccrerer wn neve mando Foto: Blog Terra da Sulanca Assim, com a crescente chegada de toneladas de retalhos trazidas de Sao Paulo, houve uma intensificago na fabricagao de confecgdes populares de baixa qualidade que, a partir de 1979, comega a configurar a “Feira da Sulanca”, como instituigo independente da feira livre. Foi a iniciativa de uma costureira, em dificuldades financeiras, que, ao exibir suas confecgdes na calgada de sua rua, a Rua Siqueira Campos, despertou 0 mesmo exemplo para outras costureiras (CAMPELLO, 1983). Diante disso, vale afirmar que o fenémeno produtivo/comercial, a Feira da Sulanca, faz emergir a “Indistria da Sulanca”, na década de 1970, e“(...) constitui um caso particularmente interessante do processo de industrializagao do Nordeste, pelo seu cardter esponténeo ¢ auténomo” (DUARTE; FUSCO, 2008, p. 338). Até tomar-se 0 maior centro de vendas de sulanca do Brasil, a cidade, nos anos 1980 1990, sofreu uma expansio no nimero de bancas na feira, em fungo da diminuigdo do parque industrial no centro-sul, da redugo de oferta de emprego formal e do declinio das migragdes internas (XAVIER, 2006), até chegar a ocupar, em 2006, um espaco de 28 ruas em sua regidio central. Em sua origem, com uma mao-de-obra tipicamente familiar, tendo como unidade produtiva o proprio domicilio, as costureiras tinham 0 objetivo de aumentar a renda familiar e, para isso, transformavam retalhos de tecido em colcha, camisa, roupa infantil (GOMES, 2002) 263 Semindrio internacional Superar violencia, construe alternatias (ccrerer wn neve mando : Costureiras da década de 1960 vendendo produtas feitos de retalhos. Figur: Foto: Blog Terra da Sulanca Pouco a pouco, essa estratégia feminina de compor o orgamento doméstico, ganhou corpo e, logo, a sulanca passou a seguir uma nova dindmica de exigéncias tecnolégicas e a se difundir pelos arredores da regido, formando arranjos produtivos ¢ comerciais diferenciados, cuja denominagao passa a ser 0 “Polo de Confecgdes do Agreste de Pernambuco”, que vem provocando uma nova onda de movimentagio social, ou seja, envolvida pela realidade do éxodo rural gue atingia muitas familias da localidade, a forma de migragdo vivida por Santa Cruz do Capibaribe passa a acontecer de forma inversa das demais cidades nordestinas: as pessoas, mais propriamente os homens, que estavam na capital do estado ¢ até mesmo no Sudeste do pais a0 saberem do sucesso da sulanea voltaram para a cidade ¢ investiram 0 pouco que economizaram no ramo da confecgao, aqui se restabelecendo. (MELO, 2009). 4, EMPREENDEDORISMO FEMININO: A CONFECGAO E SUAS RELAGOES DE GENERO Com as mudangas nas relagdes de trabalho, os individuos passam a vivenciar uma “revolugdo silenciosa, que sera para 0 século XXI mais do que a revolugdo industrial foi para 0 século XX” (TIMMONS, 1990 apud DOLABELA, 2008, p. 38): o empreendedorismo. Desde a primeira ago humana inovadora, com o objetivo de melhorar as relages dos homens entre sie coma natureza, que 0 individuo ¢ empreendedor. A raiz da palavra tem cerca de 800 anos, 264 Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde derivado do verbo francés entreprendre 0 qual significa fazer algo ou empreender (BOM ANGELO, 2003). Esta associado a utilizar, empregar, tomar posse ou atitude. Em sua origem francesa, “entrepreneur” era usado para designar aquele que incentivava brigas, passando a descrever, no século XVI, uma pessoa que assumia a responsabilidade de dirigir uma ago militar. Mas, a partir do final do século XVII, surge o sentido de assumir riscos, a0 realizar algum servigo ou fornecer produtos, ou seja, o espirito empreendedor (“entrepreneurship”) & movido pelo risco de criar um novo empreendimento. Ao longo do tempo, vemos que o “empreendedor é uma pessoa imaginativa, caracterizada por uma capacidade de fixar alvos e objetivos. Esta pessoa manifesta-se pel perspicdcia, ou seja, pela sua capacidade de perceber e detectar as oportunidades.” (FILION, 1986 apud LIMA, 2001, p. 4). E um agente de transformagio, iniciativa, imaginagao fértil, para conceber ideias ¢ transformd-las em negécio. Deste modo, “cada objeto contemplado, cada grande nome murmurado é o ponto de partida de um sonho e de um verso, é um movimento linguistico criador” (BACHELARD, 2001. p. 5). Se partirmos para uma visio mais abstrata, porém consistente, sobre o ser empreendedor, chegaremos a nos apropriar de uma perspectiva sobre o ser criativo: “Quem foi © pri saverdote, um politico? Sem davida, o primeiro homem foi um artista iro homem, um cagador, um ferramenteiro, um fazendeiro, um trabalhador, um ” (NEWMAN, 1990, p. 158). Em outras palavras, o empreendedorismo ¢ um ato comportamental, de criatividade, que, adequadamente impulsionado, traz o aproveitamento integral do potencial hum ano, porque os empreendedores sio: “(...) eximios identificadores de oportunidades, aqueles que so capazes de criar ¢ construir uma visio sem ter uma referéncia prévia, isto é, so capazes de partir do nada.” (DORNELAS, 2004, p. 82) Assim, destacamos 0 entendimento que: "o homem é uma criagdo do desejo endo uma \sfio_ da. necessidade” (BACHELARD, 1994, p.25). Nesse espirito empreendedor ¢ a motivador, lembramos uma questo peculiar que permeia a esséncia do bergo da Feira da Sulanea: a forga de vontade feminina ao encontrar uma oportunidade de negécio em um ambiente antes inexplorado, a calgada de uma rua no centro da cidade, aliada 4 garra, determinagao e paixio por seu oficio foram determinantes para o nascimento da confecgo em Santa Cruz do Capibaribe, visto que: “(...) a atividade de costurar, tida como caracteristica feminina, desenvolvida no ambito da pequena e micro empre familiar, funciona como pilar 265 Semin nternacionsl Sopeavolnca, (ccreverumnevemands principal de sustentagdo.” (PEREIRA, 2004, apud MELO, 2009, p. 40). De modo que ao utilizarem a “habilidade feminina” como iniciativa financeira para sobrevivéncia, e transferindo sua capacidade de administrar o lar para gestio das pequenas fibricas domésticas, Foto: Blog Terra da Sulanca Muito embora, apesar de sua predominancia feminina, a costura, no Polo de Confecgdes do Agreste pernambueano, nao & sé um privilégio das mulheres, mesmo com o tipico esteredtipo de resisténcias 4 insergdo dos homens em tais atividades. Nessa economia das confecgdes, existe uma divisio sexual que orienta com maior ou menor intensidade e identifica as pessoas envolvidas em todo o processo (BEZERRA, 2011). As mulheres, quase sempre, esto na costura, constroem arranjos femininos de parentesco para aumentar a capacidade produtiva e também sio responsdveis pela venda na feira. Por sua vez, nas pequenas produces familiares, os homens exercem tarefas de corte do tecido, cuidam das relagdes com os fomecedores de tecidos, comercializam maquinas de costura ou até mesmo participam da produgdo ou da venda. Quando analisamos unidades produtivas maiores, as mulheres, nas lojas, geralmente coordenam as vendedoras e, nas fabricas, comandam as costureiras. Por outro lado, os homens podem assumir o papel de administradores das finangas e de relagdes comerci is com os fomnecedores e clientes. Vale destacar que “(..) 0 imagindrio é um sonho que realiza a realidade, uma forga que impulsiona individuos ou grupos. Funciona como catalisador, estimulador ¢ estruturador dos limites das priticas. (..)” (SILVA, 2006, p.12). Nesse sentido, as ages 266 Semindrio internacional Superar violencia, construe alternatias cecrever en novormunde acontecem porque esté inserida num arcabougo imagindrio que impulsionam a favor ou contra os ventos. Figura 8: Rua Siqueira Campos nos anos 80, Foto: Blog Terra da Sulanca Como visto, desde a sua fase inicial, a industria de confecgdes se caracteriza pelo envolvimento e constituigdo de uma base familiar, com a distribuigfo de seus membros em varias atividades da produgo. Assim, so constituidas informalmente as “facgSes”, lideradas por donas de casa, sem vinculo empregaticio, que passam a realizar a prestagdo de servigo em 's € A dificuldade de se vincular ao mercado seus proprios lares, frente aos afazeres dom formal de trabalho. E é no espago da feira, fundamental para a manutengao da condigao “livre” do trabalho (GARCIA JUNIOR, 1983), que as costureiras tém a possibilidade de vender suas mereadorias sem submeterem-se a um intermedidtio, uma vez que, “a possibilidade de comercializar a propria produgo leva ao aumento do préprio potencial produtivo do trabalhador que passa a ter interesse em intensificar o trabalho seu e de sua familia porque Ihe € garantida a apropriagio do resultado desse esforgo (...).” (GARCIA JUNIOR, 1983, p. 41- 42). Movida pelo sonho empreendedor de “tentar estabelecer-se por conta propria, abrir uma pequena confecedo, ter um atelié de costura, montar uma ‘oficina’” (ABREU, 1986, p. 222), a mulher santacruzense, sobretudo, a costureira, também gerencia grande parte dos 267 Semindrio internacional Superar violencia, construe alternatias (ccrerer wn neve mando empreendimentos de confecgdo e, sob sua orientagdo, as atividades sio desenvolvidas, porque colaboram num pertencimento de comunidade, por meio do qual os membros da organizagio se unem, ¢ aprendem a acreditar e a cuidar uns dos outros. As informagées so compartilhadas «todos os que serdo afetados por uma decisdo tém a oportunidade de participar da tomada desta decisdo. (GRZYBOVSKI; BOSCARIN; MIGOTT, 2002). Fi 6 67: A esquerda, pegas de vestuiio uilizando retalhos de helanca ea direita, Av, Jodo Francisco ‘Aragio na década de 80 Foto: Blog Terra da Sulanca ‘Nessa relagdo, “o imagindrio é algo que ultrapassa o individuo, que impregna o coletive ‘ou, a0 menos, parte do coletivo, O imagindrio pés-modemo, por exemplo, reflete o que chamo de tribalismo” (MAFFESOLI, 2001, p.76), partindo do individual para a coletividade, pois 0 indrio € a disposig’o de um povo, de uma nagdo, de um estado ¢ comuni Consideremos ainda que, “a construgdo do imagindrio individual se d4, especialmente, por identificagdo (reconhecimento de si no outro), apropriago (desejo de ter o outro em si) € distorgdo (reelaboragao do outro para si)” (ANAZ et al., 2014, p. 9). Uma vez que, 0 imagindrio social organiza-se sobretudo pelo reconhecimento do outro. - “légica tribal”, propaga “igualdade na diferenga” ¢ “imitagao”. A bandeira de luta pela insergdo social e pela inserg%o no mundo do mercado de trabalho, aliada proatividade ¢ criatividade do universo feminino, derrubando fronteiras ¢ desfazendo preconceitos, so pilares para o empreendedorismo ¢ cendrio econdmico da regido, Logo, a forga ¢ expresso de mulheres que protagonizaram a indistria da confecgao em Santa Cruz do Capibaribe trouxeram mudangas significativas nos modos de se conceber as relagdes 268 Semindrio internacional Superar violencia, construe alternatias profissionais, provocando, significativamente, uma ruptura da estrutura de dominagio simbélica masculina, Figura 8: Locelizagdo atual da Feira da Sulanca: Moda Center Santa Cruz. Foto: Portal Moda Center Santa Cruz Justamente por esse engajamento que, desde a década de 1950, as mulheres que compravam retalhos de tecidos e, aos poucos, confeccionavam e comercializavam pegas de vestuario nas ruas e nos bancos da feira, so exemplos de mobilizagdo de ideias que, ao longo dos anos de histéria da “Terra da Sulanca”, fomentaram o empreendedorismo ¢ continuam a promover a vocagio de negécios de confecsao livres e auténomos. Figura 9: Corredores do Moda Center lotados de compradores no periodo junino, Foto: Blog da CDL de Santa Cruz do Capibaribe 269 Semindrio internacional Superar violencia, 5, REPRESENTACOES SOCIAIS: TRANSMISSAO DA ESSENCIA CULTURAL LOCAL Com uma entrevista narrativa - no houve o recorte pergunta/resposta - objetivando uma fala espontinea na ordenagdo do raciocinio da entrevistada, ¢ promovendo o resgate de memérias, arcabougo imaginario, nos reportamos ao contexto histérico social da cidade, ao visitarmos a costureira Petronila Senhoria dos Santos. A entrevista ocorreu na residéncia da entrevistada e foi um momento tinico e singular, Iniciamos uma conversa em tomo de sua vida, familia, saiide e a costura, A intengdo foi estabelecer uma relagdo de confianga ¢ respeito. Nao foram realizadas perguntas especificas, apenas a convidamos a contar sua historia de vida, trabalho com o oficio da costura, ¢ como responsavel por incentivar e disseminar a cultura de confecgdes entre sua familia e vizinhas. Petronila Senhoria dos Santos, por D. Pedinha assim € conhecida, 92 anos, reside em Santa Cruz do Capibaribe, e é costureira desde os anos 60, quando ainda residia no sitio Gravata de Sao Domingos, distrito do Brejo da Madre de Deus. Agricultora desde os sete anos, comegou cedo a costurar cobertas de retalhos, ao pereeber a pouca lucratividade no campo. Figura 10, Costureita pioncira da cidade, Petronila Senhorinha dos Santos Font jados da pesquisa, 2019. Logo, para a realizagdo da nova atividade era necessirio que D. Petinha, como é conhecida se deslocasse ao municipio de Santa Cruz do Capibaribe para comprar a matéria prima essencial no desenvolvimento da costura, ou seja, retalhos e aviamentos. Adquirindo os produtos, D. Petinha confeccionava as cobertas em conjunto com as filhas ¢ outras costureiras 270 Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde da vizinhanga para aumentar a produgdo, destinada a venda ao estado da Bahia pelos seus filhos. Na busca de uma melhor qualidade de vida e dos negécios, no ano de 1974, D. Petinha e seus filhos sairam da zona rural com destino a Santa Cruz do Capibaribe, onde compraram uma casa com os esforgos do trabalho em familia. Assim, chegando ao municipio com trés maquinas de pedal e sem mais contar com os recursos agrérios, a costureira decidiu encontrar outra forma de comercializar seus produtos de retalhos, além da estratégia adotada pelos filhos. Esse fato marca o inicio da Feira da Sulanca em 1976, D, Petinha com vontade de vender suas mercadorias, denominadas na época por sulanca, teve a ideia de colocar cobertas para vender no chiio, numa calgada de um primo, “As mulheres chegavam e perguntavam mais tu sempre vende? E eu dizia: vendo, pode vir que 0 mundo é de nés todos!” ~ fala de D. Petinha. Fica explicito aqui como 0 imaginario rompe 0 individual ¢ reverbera no coletivo, nos remetendo ao entendimento que “o imagindrio estabelece um vinculo. E cimento social. Logo, se o imagindrio liga, une numa mesma atmosfera, ndo pode ser individual” (MAFFESOLI, 2001, p. 76). Também diante disso, percebemos que ao produzir suas cobertas, as pessoas so direcionadas pela otica da imitagao: A moda permite assim a existéneia de uma Iogica de uma logics de identiicagio a partir da imagem ou do personagem para atuar socialmente, uma ferramenta, um principio de insergdo em um grupo ou tribo. Ela € uma mancira de comunicagio, nés ppodemos transmitir, de acordo com nossas roupas, simbolos que dizem respeito 20 nosso trabalho, classe soeial, ida, pais e variados gostos estétiens. (CARVALHO; PIRAUA, 2010, p.325). Desta forma, o espaco social ganhou destaque depois da primeira comercializagio, logo em 60 dias, a calgada do beco e a Rua Siqueira Campos ganhava aos poucos o cariter de feira, com direito a bancas de madeira, antes nao existentes. Conta D. Petinha que a Siqueira Campos foi batizada com 0 titulo de “rua das cobertas” por ser considerada a primeira cidade a ter cobertas expostas para venda. A medida que feira crescia e surgiam melhores qualidades de tecidos voltados para confecgao, 0 governo municipal também passou a cobrar impostos pela utilizagao do local. Hoje, D. Petinha nao costura com 0 mesmo afinco, devido a idade, mas nio Jargou a costura que é sua paixdo e confecciona fronhas, uma atividade monitorada pela familia ‘Na entrevista, percebemos que apesar das mudangas socioculturais sofridas ao longo do século XX, o mito do amor matemo continua com grande forga na construgdo do feminino, de modo a encontrar-se arraigado no pensamento social contempordneo, ainda que tenha se revestido de outras roupagens e modificado alguns elementos. Logo, dentro da configuragio amor matemo incondicional ¢ da primazia da mulher pela educagao dos filhos ¢ 2m Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde responsabilidade com o lar, nesse sentido, relacionado aos interesses que prevaleciam na época € continua em ascensdo, as mulheres ao costurarem as roupas de suas familias visualizaram estender a atividade doméstica na produgao de mereadorias colaborando para ajuda do sustento familiar. Nesta conjuntura, identificamos claramente o “regime diumo” da teoria do imaginario, na conquista vitoriosa e heroica ao se enfrentar a natureza fisica hostil, dominando matérias- primas, pois diante da angustiante consciéncia da morte, o ser humano assume determinadas atitudes imaginativas cujo objetivo seria negar e superar seu destino inevitével ou alterar seus significados para algo que Ihe traga esperanca (DURAND, 1997). Para Durand, 0 conjunto de imagens, elementos simbélicos, mitos ¢ arquétipos “formariam 0 ‘imagindrio’, cuja principal fumgo seria levar 0 homem a um equilibrio biopsicosocial diante da percepgio da temporalidade e, consequentemente, da finitude”. (ANAZ et al., 2014). 6. CONSIDERACOES FINAIS Este trabalho se propds a desenvolver reflexdes sobre o exercicio da costura ¢ as facetas na realidade histérica e cultural vivenciada em Santa Cruz do Capibaribe, ao reunir os principais aspectos das relagdes de genero com sua atividade econdmica central, geradora de uma estimulante forga empreendedora. Isso significa dizer que a presenga feminina na regio além de foi a mola propulsora de seu crescimento local, vindo a atingir um raio de influéne! suas fronteiras. No percurso de valorizagao de seus atores sociais, os(as) costureiros(as), esse estudo fortalece a identidade e personalidade de um lugar pautado no comércio de confec ao cultivar a perspicacia e capacidade de superagao de dificuldades dos seus sujeitos. Vimos, com D. Petinha que nosso saber fazer é elaborado a partir de uma forma que contagion outras mulheres na arte de costurar. Assim, todo imagindrio é fruto de uma inte entre 0 sujeito e os objetos do mundo, seja na base de nossas atividades linguisticas, sejam comportamentais, racionais ou estéticas. Percebemos também que a constante atividade criativa nas ocupagées cotidianas de D. Petinha promoveram seu distanciamento de forgas negativas, sendo fonte de inspiragio, Sua imaginagao a ergueu diante dos desafios deixando-a com otimismo para a vida Retomando nossa proposta inicial, concluimos que dentro das proposigdes tedricas apresentadas, ha vasto campo de investigagdo. Compreendemos que nossa proposigao foi quase 272 Semindrio internacional Superar violencia, cecrever en novormunde que uma apresentagdo introdutéria, para que possamos futuramente desenvolver andlises que vinculem a cultura ¢ o imaginario, bem como sua estrutura herdica (esquizomérfica). Portanto, nosso percurso investigativo no se finda aqui. Isso exige outros espagos e outros momentos. 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