Você está na página 1de 1

Comunicação Científica Políticas Educacionais e Curriculares

___________________________________________________________________________
CURRÍCULO NO CONTEXTO DAS AULAS REMOTAS/HÍBRIDAS: REFLEXÕES
ACERCA DA REORGANIZAÇÃO CURRICULAR PROPOSTA PELA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Marcelo Ricardo Moreira


Universidade Federal de Pernambuco. marcelo.rmoreira@ufpe.br.
Divane Oliveira de Moura Silva
Universidade Federal de Pernambuco. divane.oliveira@ufpe.br.
Neide Menezes Silva
Universidade Federal de Pernambuco. neide.msilva@ufpe.br.

Resumo:
Esta pesquisa insere-se no campo das políticas educacionais, com foco no documento de
Reorganização Curricular, direcionado às aulas remotas/híbridas durante o ano de 2020,
proposto pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, em decorrência da suspensão
das aulas presenciais, motivada pela pandemia da Covid-19. O objetivo do estudo é analisar
como o normativo se estrutura e suas implicações no desenvolvimento da prática docente. Para
fundamentar teoricamente o trabalho, pautamo-nos em abordagens evidenciadas por Lopes e
Macedo (2018); Freire (1967); Lima; Zanlorenzi; Pinheiro (2012); Garcia Moreira (2008); Ball
(2016). O percurso metodológico, de caráter qualitativo, desenvolveu-se a partir da análise
documental do Reorganizador Curricular, partindo da concepção de que o currículo já não pode
mais ser concebido apenas como documento, instrumento ou registro de conteúdo a ser seguido
pelo/a professor/a. As discussões evidenciadas no contexto da educação acerca da organização
curricular apontam reflexões significativas no que se referem ao seu objetivo e contribuições
ao ambiente escolar, mais especificamente na relação entre o desenvolvimento da prática
docente e seu imbricamento com o processo de ensino e aprendizagem. O Currículo, por ser
uma proposta norteadora do processo educativo, configura-se no eixo principal da escola,
espaço privilegiado de desenvolvimento da profissionalização docente, cujo sentido deve
transcender a ideia de modelo puramente reprodutivista. Sendo assim, conceber o currículo
como homogeneizador, descaracteriza sua essência. Na ponte contrária, defendemos que sua
organização deve acontecer em plena sintonia entre os anseios dos educandos, dos/das
professores/as, envolvendo toda a comunidade escolar, constituindo-se assim, na concepção
freireana, em um currículo humanizado. Entretanto, na análise do documento aqui discutido,
percebemos uma concepção de reorganização limitada ao ato de elencar conteúdos, dividindo-
os entre prioritários e complementares, indicando aos/às docentes o que deveriam priorizar em
suas práticas e o que deveriam desenvolver se “houvesse tempo” no contexto pedagógico. Vale
salientar que nesse movimento, mais uma vez, o/a professor/a não teve lugar de fala, anulando-
se sua participação e contribuição no processo. Para tanto, destaca-se um documento normativo,
instrumentalizador, que limita e precariza o trabalho docente. Configura-se, nesse sentido,
numa política que, em sua (re)formulação, não se leva em consideração os diversos contextos
de produção das práticas docentes.

Palavras-chave: Política Educacional. Reorganização Curricular. Aulas Remotas/Híbridas.

Você também pode gostar