Você está na página 1de 3

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA - UFDPar


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E INOVAÇÃO - PROPOPI
Campus Universitário Ministro Reis Velloso, Bloco 16 – Bairro Reis Velloso
Cep: 64202-020 – Parnaíba (PI) – Brasil – Fone: (86) 3323-5125
E-mail: pesquisa.ufdpar@ufpi.edu.br

EDITAL nº 02/2022 – PROPOPI/UFDPar

ANEXO V – Diretrizes para resumo expandido do Seminário de Iniciação Científica da


UFDPar

O CURRÍCULO DO NOVO ENSINO MÉDIO

Naéli Cabral Macêdo¹; Élido Santiago da Silva²

Palavras-chave: Currículo; Ensino Médio, Pedagogia das Competências; Currículo Piauí.

1. Introdução
Sabe-se que provavelmente o currículo apareceu pela primeira vez como uma teoria, ou seja, um objeto
específico de estudo e pesquisa nos Estados Unidos nos anos vinte, ligado com o processo de industrialização
e os movimentos imigratórios, que intensificaram a massificação da escolarização, nessa época houve um
impulso por parte de pessoas ligadas sobretudo à administração da educação, para racionalizar o processo de
construção, desenvolvimento e testagem de currículos.
Para Silva (2011), a existência de teorias sobre o currículo está ligada com a emergência do campo do
currículo como um campo profissional, especializado, de estudos e pesquisas sobre currículo. Sob o ponto de
vista científico a emergência do currículo como área de estudos está implicitamente ligada a processos como, a
formação do corpo de especialistas, a formação de disciplinas e departamentos universitários sobre currículo, a
institucionalização de setores especializados sobre o currículo na burocracia educacional do estado e o
surgimento de revistas acadêmicas especializadas sobre currículos, dessa forma, todas as teorias pedagógicas
educacionais são também teorias sobre o currículo.
Nos dias atuais, com a globalização, e a crescente demanda das empresas por mão de obra, há uma
crescente necessidade de aprimoração de pessoal para adentrar o mercado de trabalho. Segundo Araújo (2004)
a racionalização dos processos formativos deriva das necessidades empresariais, de governos na busca por
informações mais precisas para planejar e controlar os processos formativos e do advento da informática e novas
tecnologias, então há o aprimoramento dos currículos educacionais.
Essa questão, juntamente com outras que permeiam a realidade levam a mudanças no processo de
formação que cada vez são atualizados em decorrência das novas demandas propostas na sociedade atual, seja
na vida cotidiana ou no trabalho, com isso, a escola se configura como a porta de entrada para realizar essa
tarefa, de formar as pessoas de acordo com a realidade do mercado.
Sabe-se que ao longo dos anos, o ensino no Brasil vem passando por uma série de reformas, a fim de melhorar
o processo de ensino e aprendizagem dos educandos. Paranhos e Ramos (2022) falam que em 2016, durante
o mandato da então Presidenta Dilma Rousseff, o país atravessava por uma onda de instabilidade política e
financeira, o que resultou em um golpe jurídico-midiático-parlamentar, levando a mesma a sofrer processo de
Impeachment e seu Vice Michel Temer assumiu seu mandato.
A partir da reforma do Novo Ensino Médio no Brasil e as alterações feitas nele a partir da BNCC, os Estados
procuraram seguir as novas diretrizes curriculares, com isso, o estado do Piauí lançou em agosto de 2021 o
caderno do Novo Ensino Médio a fim de que os alunos Piauienses desenvolvessem o conjunto de competências
e habilidades necessários à vida cotidiana e ao mundo do trabalho.
Este documento é um recorte de uma pesquisa que analisou uma parte do caderno 1 do Novo Ensino
Médio do Estado do Piauí. Que consiste respectivamente nos tópicos 3 e 4, que tratam da Base Conceitual e da
Arquitetura Geral do Currículo, onde procurou-se identificar elementos que fizessem parte da Pedagogia das
Competências a partir da implementação do Novo Ensino Médio.
______________________
1- Discente Bolsista de Iniciação Cientifica Voluntária PIBIC, UFDPar.
2- Professor Orientador, Departamento de Ciências Sociais, UFDPar.

1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA - UFDPar
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E INOVAÇÃO - PROPOPI
Campus Universitário Ministro Reis Velloso, Bloco 16 – Bairro Reis Velloso
Cep: 64202-020 – Parnaíba (PI) – Brasil – Fone: (86) 3323-5125
E-mail: pesquisa.ufdpar@ufpi.edu.br
2. Metodologia
O diálogo teórico se valeu das contribuições de autores como: Silva (2011); Saviani (2016); Araújo (2004);
Paranhos e Ramos (2022) entre outros que oferecem contribuições importantes para a compreensão do tema
em estudo. A análise está pautada em pesquisa bibliográfica e análise documental, observou-se as leis, livros e
artigos que tratavam do objeto em análise.

3. Resultados e discussão
Para a definição da Base Curricular à educação infantil, toma-se como referência o aporte da psicologia
histórico-cultural que estabelece como base para a identificação do conteúdo e forma do desenvolvimento do
ensino a atividade guia-própria de cada período da vida dos indivíduos (SAVIANI, 2016, p. 25). Considerando o
primeiro sentido do trabalho como princípio educativo, vemos que o modo como está organizada a sociedade
atual é a referência para a organização do ensino fundamental. Uma vez que o princípio do trabalho é imanente
à escola elementar, ou seja, no ensino fundamental a relação entre trabalho e educação é implícita e indireta,
dessa forma, o trabalho orienta e determina o currículo escolar em função das exigências da vida em sociedade.
Se no ensino fundamental a relação é implícita e indireta, no ensino médio a relação entre educação e
trabalho, entre o contexto e a atividade prática é tratada de maneira explícita e direta. Aqui, intervém o segundo
sentido do conceito de trabalho como princípio educativo, o papel fundamental da escola de nível médio será, o
de recuperar essa relação entre o conhecimento e a prática do trabalho (SAVIANI, 2016). Sendo assim, no ensino
médio já não basta dominar os elementos básicos e gerais do conhecimento que resultam e ao mesmo tempo
contribuem para o processo de trabalho da sociedade.
Em 2016, com a mudança no cenário político, a BNCC assumiu novo protagonismo passando por um
processo acelerado de elaboração. Com isso, a contrarreforma do ensino médio foi implementada por meio da
Medida Provisória nº 746/2016 que posteriormente foi convertida na Lei n. 13.415/2017 que abarcou um conjunto
de alterações na última etapa da educação básica, tais como: implementação do ensino médio em tempo integral;
ampliação da carga horária mínima anual para 1400 horas; restrição da obrigatoriedade do ensino da arte e da
educação física à educação infantil e ao ensino fundamental (PARANHOS e RAMOS, 2022).
O currículo, apresentou a seguinte divisão como uma garantia para flexibilização: a primeira parte comum
para todos os (as) estudantes e a segunda alterou a redação do artigo 4º, que alterou o artigo 36º da LDB, onde
diz que o currículo do ensino médio será composto pela BNCC e por itinerários formativos, que deverão ser
organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local
e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber: I - linguagens e suas tecnologias; II - matemática e suas
tecnologias; III - ciências da natureza e suas tecnologias; IV- ciências humanas e sociais aplicadas; V - formação
técnica e profissional (BRASIL, 2018 ).
Para Mônica Ribeiro da Silva (2020) (Apud CORRÊA, FERRI E GARCIA 2022), essa ideia de
flexibilização, que interfere diretamente na organização do currículo do ensino médio, por si só, já se afasta da
ideia de educação de base. Pois, a educação de base prevê um ensino voltado para que os alunos tenham uma
visão crítica da realidade, a formação de indivíduos com plenas habilidades para valorizar seu meio social, além
de sujeitos com consciência de classe.
Com isso, o vínculo entre trabalho e educação, formação técnica e profissional ficou mais forte com a
proposta do novo ensino médio. Segundo CORRÊA, FERRI e GARCIA (2022) essas ações definiram, juntamente
com uma gama de legislações, o início de um novo tempo para o ensino médio brasileiro, que passou a
considerar o projeto de formação humana integral por meio da educação unitária, objetivando articular educação
e trabalho. Partindo dessa perspectiva, temos uma ferramenta importante para a união desses dois que se dispõe
na figura do currículo.
O Currículo do Novo Ensino Médio do Estado do Piauí foi reorganizado para atender as novas
recomendações da Lei 341/2017. O novo currículo Piauí elaborado por um corpo técnico do estado e apresenta
no Caderno 1 a nova dinâmica de construção do Novo Ensino Médio.
Tendo como foco o desenvolvimento de competências que garantam a formação humana e integral dos
estudantes piauienses, enquanto sujeitos do direito de aprender em suas singularidades e diversidades, com
uma abordagem de ensino e aprendizagem numa perspectiva de integração de saberes e discorrendo sobre a
construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as
necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, bem como pressupõe um conceito de currículo
que seja flexível, tal qual a perspectiva de Ensino Médio que se tem hoje.
Uma das questões centrais do currículo é a formação e o desenvolvimento humano global do
adolescente, do jovem e do adulto, enquanto sujeitos de direito a uma aprendizagem que considere suas
diversidades e adversidades, mediante a materialização da oferta de uma educação plural, singular e integral.
Assim, para além de um documento orientador, o currículo tem o propósito de contribuir com as aprendizagens
essenciais dos estudantes e indica o componente Projeto de Vida como oportunidade para que estes vivenciem

2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA - UFDPar
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E INOVAÇÃO - PROPOPI
Campus Universitário Ministro Reis Velloso, Bloco 16 – Bairro Reis Velloso
Cep: 64202-020 – Parnaíba (PI) – Brasil – Fone: (86) 3323-5125
E-mail: pesquisa.ufdpar@ufpi.edu.br
o Ensino Médio não só como uma etapa escolar a ser cumprida, mas, acima de tudo, como um período de
construção de identidade. Nesse processo de construção, o Projeto de Vida visa tornar o ensino significativo
para os jovens, e adequado aos seus objetivos, pois, ao compor o percurso formativo do estudante, contribui
com o desenvolvimento do autoconhecimento, da formação para convivência ética, cidadã e, ainda, contribui
para a autoconfiança e resiliência (PIAUÍ, 2021). Ainda, ajuda-lhes a traçar um caminho para o mercado de
trabalho.
No Brasil, a reforma da lei trabalhista, associada a um conjunto de fatores socioeconômicos trouxeram
para o cenário atual a precarização do trabalho, tornando crescente o predomínio da informalidade (PIAUÌ, 2021).
No Piauí, principalmente por ser um Estado pobre, essas dificuldades de acesso ao mercado de trabalho ficam
mais evidenciadas e nesse cenário, os jovens são os que mais ocupam postos de baixa qualidade, ostentando
frágeis vínculos empregatícios com remunerações pouco satisfatórias devido a necessidade de contribuir com
as despesas familiares.
Para os responsáveis pela elaboração do currículo Piauí, as tendências do trabalho no século XXI, como
mudanças no mundo produtivo, inovações tecnológicas globalizadas e incertezas nas relações de trabalho
influenciam diretamente a educação e as escolas. Nesse aspecto, a educação profissional e tecnológica ganha
nova dimensão, e terá como desafio formar estudantes para habilidades gerais do mundo do trabalho e das
técnicas de forma integrada.

4. Conclusão
Conclui-se que o currículo Piauí possui o desenvolvimento de competências aliado com a BNCC,
baseado na formação humana de todos os jovens, pois, por ser um estado com altos índices de desigualdade
social, o currículo visa preparar os jovens para ocupar altos postos de trabalho, uma vez que estes ocupam
cargos com baixa remuneração. Assim, a grade curricular propõe que estes desenvolvam competências que os
ajude a ocupar cargos mais dignos. O Novo Ensino Médio retomou a noção de competências que se perpetuava
no país em anos anteriores a partir do avanço do capitalismo, com isso, podemos afirmar que o currículo Piauí
pode sim possuir objetivos aliados com essa pedagogia na parte que visa determinar os conhecimentos que
servirão de base para formar os jovens que mais tarde se encarregarão de colocar esses conhecimentos em
prática.

5. Referências
ARAÚJO, Ronaldo Marcos de Lima. As referências das Pedagogias das Competências. Perspectivas.
Florianópolis, v. 22, n. 02, p. 497-524, jul./dez. 2004. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/9664> . Acesso em: 13 jul. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: <
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ >. Acesso em: 10 dez. 2022.

CORRÊA, Shirlei de Souza; FERRI, Cássia; GARCIA, Sandra Regina de Oliveira. O que esperar do Novo Ensino
Médio? Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 16, n. 34, p. 15-21, jan./abr. 2022. Disponível em:<
https://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/issue/view/44>. Acesso em 05 maio de 2023>

PARANHOS, Michelle; RAMOS Marise. Contrarreforma do Ensino Médio: Dimensão renovada da pedagogia das
competências?. Revista Retratos da Escola, Brasília , v. 16, n. 34,p.71-88,jan-abr.2022. Disponível em: <
https://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/1488> . Acesso em: 08 maio. 2023)

PIAUÍ. Secretaria da Educação. Currículo do Piauí Novo Ensino Médio, 2021. Disponível em:
<https://www.seduc.pi.gov.br/arquivos/diretrizes/13-
novo%20ensino%20medio%20Caderno01_Curriculo_Piaui.pdf >. Acesso em 05 jun. 2023.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do currículo. 3 ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2011. p. 7-37
6. Apoio

Você também pode gostar