Motores de Indução Trifásicos: Conceitos,
Funcionamento e Aplicações Industrial.
RAUL ADAME SERON-
rauladame@alunos.utfpr.edu.br
GUILHERME DE OLIVEIRA BENTO -
guilhermeoliveira256@outlook.com
PEDRO RAFAEL ROSA MATEUS-
pmateus@alunos.utfpr.edu.br
VITOR TOSCHI –
vitortoschi@alunos.utfpr.edu.br
O artigo proposto trata-se de uma abordagem em relação
aos Motores de Indução Trifásicos M.i.t. no qual será
explicado seu conceito e suas aplicações voltado para a
industria, será abordado sua construção e algumas
desvantagens e vantagens de sua utilização. Tendo como
intuito abordar seu funcionamento por conseguinte.
I. INTRODUÇÃO
O S MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS, geralmente
chamados também como assíncronos, é utilizado
fortemente na indústria, sendo responsável por 98% dos
acionamentos industriais, de modo geral os motores trifásicos
são defasados 120º por três ondas senoidais [7]. O objetivo
deste artigo é exemplificar algumas aplicações industriais,
como também os conceitos de motores trifásicos e seu
funcionamento.
Os motores trifásicos obedecem à lei de Faraday, a qual um
campo magnético variável induz corrente. Atribui-se a
Michael Faraday a descoberta da indução eletromagnética, por
isso o nome da lei relativa a esse fenômeno, no qual foi
comprovada diversas vezes experimentalmente por Faraday, a
primeira formulação matemática foi feita por Franz Emst
Neumann em 1845- “A força eletromotriz produzida em um
circuito, pela indução, era expressa pelo negativo da derivada
do fluxo magnético com o tempo através da área delimitada
por esse circuito.” Franz Emst Neumann em 1845.
Analisando de modo geral alguns conceitos básicos dos
motores indutivos, destaca-se o rotor como componente de
extremo entendimento para a área eletro-eletrônica, no qual o
rotor pode ser composto por três enrolamentos similares ao do
estator (rotor bobinado) ou pode ser composto por um
conjunto de barras condutoras conectadas em seus extremos
por dois anéis (rotor tipo gaiola ou esquilo), no qual será
abordado posteriormente. Se o enrolamento do rotor for curto-
circuitado (circuito fechado), surgirão correntes induzidas, que
produzirão um campo magnético no rotor em oposição ao
campo do estator, resultando na produção de torque e no giro
do rotor em uma dada velocidade.
Figura 1. Rotor do tipo Gaiola.
Se tratando em um aumento da potência do motor; No
estator são montadas grupos de bobinas para cada fase,
responsáveis pelo campo magnético girante trifásico dentro da
máquina. As bobinas são posicionadas estrategicamente de
modo que as bobinas de entrada das fases tenham defasagem
de 120º entre elas. A montagem do rolamento, de acordo com
o número de ranhuras, número de polos e potência desejada,
pode ser imbricada ou meio imbricada. O enrolamento
imbricado possibilita, com a mesma carcaça, obter um
aumento na potência do motor [1].
Rotor Bobinado
A finalidade do rotor bobinado é permitir que sejam
inseridas resistência em séries com o enrolamento trifásico do
rotor bobinado, controlando a velocidade imprimida. Logo a
partida será suave, tem-se portanto um enrolamento trifásico
no estator e um enrolamento com três saídas no rotor. O
contato com o rotor e o meio externo é feito por escovas
conectadas a três anéis fixos no eixo do rotor, aos quais estão
ligadas, as três terminações do bobinado do rotor [2].
No tópico II serão abordados os seguintes aspectos dos
M.i.t.: Seu respectivo funcionamento, onde será tratado com
mais detalhe a Lei de Faraday, as três fases de indução do
motor e suas respectivas velocidades de operação; No tópico
posterior (III), será relatado os passos de sua construção,
carcaça, trocadores de calor, estatores, bobinagens, rotores,
dentre os diversos componentes presentes nos M.i.t. Levando
a diante o estudo presente, destaca-se no quarto tópico suas
devidas aplicações industriais e vantagens e desvantagens dos
M.i.t. Por fim aborda-se uma conclusão referente ao estudo
sobre os motores de indução trifásicos.
 II. FUNCIONAMENTO
Lei de Faraday
Os motores de indução trifásicos funcionam devido à Lei de
Faraday. Essa lei afirma que a variação no fluxo de um campo
magnético induz o surgimento de corrente elétrica no material
condutor sob a influência desse campo. O reverso também é
verdadeiro, ou seja, a corrente elétrica aplicada em um
condutor induz o surgimento de um campo magnético.
Nos motores de indução trifásicos, uma corrente alternada é
aplicada no estator. Ao percorrer o enrolamento do mesmo,
essa corrente induz o surgimento de um campo magnético
rotativo. Esse campo girante, por sua vez, induz corrente
elétrica alternada no rotor do motor. Novamente, devido à Lei
de Faraday, essa corrente elétrica induz um campo magnético.
Devido à atração magnética, o campo do rotor tenta se alinhar
com o campo girante do estator, seguindo-o. Com isso, o eixo
do rotor gira, tornando possível a aplicação do motor de
indução.
Cada fase ligada ao estator produz um campo magnético.
Devido à natureza alternada da corrente e à defasagem de 120°
entre as fases, a intensidade da corrente em cada fase e, por
consequência, desses campos, varia com o tempo, e é isso o
que torna o campo gerado um campo girante [3].
Figura 2. Campo magnético girante e as três fases da alimentação [4].
Velocidade síncrona, assíncrona e escorregamento
A velocidade síncrona de um motor é a sua velocidade
teórica de operação, regulada pelo número de polos e pela
frequência da corrente de alimentação. A velocidade síncrona
corresponde à velocidade do campo magnético do estator.
Quanto maior o número de polos, menor essa velocidade,
porém maior o torque do motor.
A velocidade síncrona é apenas teórica, uma vez que o
campo girante do estator e o campo do rotor nunca se alinham,
uma vez que a defasagem entre ambos é o que produz torque.
A essa defasagem, é dado o nome de escorregamento,
representado por um percentual da diferença entre a
velocidade desses dois campos. O motor é chamado de motor
assíncrono por conta disso [5].
A partir do escorregamento do motor, é possível obter sua
velocidade assíncrona, que representa a real velocidade do
motor uma vez em funcionamento, ou seja, a velocidade do
rotor. A velocidade assíncrona é sempre menor que a síncrona:
para um motor de 4 polos, por exemplo, sua velocidade
síncrona é 1800 rpm. Em funcionamento, porém, a velocidade
desse motor é de aproximadamente 1750 rpm.
III. Construção
Os motores elétricos possuem alguns elementos comum
entre si no que se diz respeito às suas características
construtivas, alguns desses elementos são: Carcaça, tampas,
rotores, ventiladores, estatores, entre outros. Existem vários
tipos de elementos diferentes onde cada um deles tem
características especificas importantes para a aplicação
desses motores [6].
Carcaças
As carcaças de motores trifásicos têm como principal
objetivo apoiar e proteger o motor e seus demais
componentes, basicamente podemos dizer que as carcaças
são a estrutura do motor podendo elas serem construídas na
grande maioria por fundição e em menor número por placas
soldadas. As carcaças também permitem que o motor possa
ser instalado tanto na horizontal quanto na vertical, além
disso elas também são responsáveis por proteger o motor
tendo níveis de proteção para corpos estranhos e água, no
geral a maioria protege contra respingos e granulados
pequenos de até 1mm mas em aplicações onde a exigência
de proteção seja elevada temos carcaças capazes de proteger
o motor até mesmo granulados finos, poeira e até mesmo
jatos de água de qualquer direção.
A carcaça do motor também tem papel fundamental no
resfriamento do mesmo sendo ela responsável pela troca de
calor entre o meio externo e a parte interna do motor, as
carcaças fundidas tem aletas nas direções radiais além de
um ventilador e uma tampa defletora. O ventilador funciona
como uma bomba centrifuga sugando o ar e direcionando o
mesmo para a tampa defletora que por sua vez direciona o ar
para as aletas proporcionando troca de calor por convecção
forçada[6].
Trocadores de Calor
No geral os motores mais comuns que vemos na indústria
são motores fundidos com ventilador e tampa defletora, no
entanto em algumas aplicações mais especificas esse
sistema não é capaz de resfriar corretamente os
componentes do motor, para esse tipo de aplicação surge a
necessidade de trocadores de calor para sanar essa
deficiência térmica. Existem dois tipos de trocadores de
calor, os de ar-ar e os do tipo ar-água.
Os trocadores do tipo ar-ar funcionam aumentando a área
de contato das aletas assim proporcionando uma troca de
calor mais eficiente, já o trocador ar-água funciona
exatamente como o radiador de motores de combustão
interna, onde a agua passa em canais dentro da carcaça do
motor e pelo radiador onde a troca de calor com o meio
ocorre.

Estatores
O estator é formado por placas magnéticas e sua função é
conduzir o fluxo elétrico magnético, ele fica fixo direto a
carcaça do motor e nele normalmente são colocadas as
bobinas do motor. O estator pode possuir em seu interior
furos para melhorar o resfriamento dos demais componentes
como a bobina por exemplo.
Bobinagens
As bobinas são os indutores do motor, são dispositivos
elétricos passivos que armazenam a energia na forma de
campo magnético. O motivo pelo qual nos preocupamos
tanto com a temperatura do motor são as bobinas, isso
devido ao fato de elas normalmente receberem uma proteção
externa para que não entrem em curto entre os fios, porém
essa proteção não é muito resistente ao calor podendo vir a
derreter e com isso o motor entrar em curto, podendo
aquecer e deteriorar outras partes onde a resina não
derreteu.
As bobinas são fios de cobre cobertos com esmaltes,
esmaltes mais duas camadas de fibra de vidro, fita a base de
mica e esmaltados recobertos com fita a base de mica [6].
Rotores
O rotor é o componente que sofre o torque gerado pelos
campos magnéticos, no geral temos dois tipos de rotores
sendo eles os de gaiola injetados e os de gaiola de barras.
Eixos
Os eixos vão acoplados ao rotor, é através deles que o
torque gerado no rotor é transmitido para a carga que esteja
sendo acionada. Os eixos são muito bem dimensionados
para suportarem as tensões provenientes das cargas
acionadas. No eixo também vão ligados os ventiladores e
mancais porém em alguns motores existe a necessidade de
se usar um motor extra apenas para o ventilador, isso pelo
fato do eixo girar em baixa velocidade e por tanto não
permitir um bom fluxo de ar caso o ventilador seja ligado
nele.
Mancais de rolamentos
Os mancais são responsáveis por suportar o eixo e suas
cargas garantindo a menor quantidade de atrito possível,
podem ser dos tipos rolamentos e em algumas aplicações
especificas por casquilhos sendo esses bastante incomuns
devido ao alto custo. Os rolamentos mais utilizados são do
tipo esfera, porém temos também rolamentos de rolos,
rolamentos de esferas com contato angular e rolamentos de
rolos cônicos.
A lubrificação desses mancais também é de extrema
importância para garantir a vida útil dos rolamentos e
casquilhos, podendo ser feita por óleo ou graxa. A escolha
adequada de proteção do motor influencia bastante na vida
dos mancais, isso se deve ao fato de que a lubrificação é
muito sensível a agentes externos como poeira e afins.
Caixas de ligações
Nas caixas de ligações são feitas as energizações dos
motores e também as suas ligações de partida, normalmente
são construídas de ferro fundido ou placas soldadas
seguindo a forma de construção da carcaça, as caixas no
geral também seguem a mesma proteção das carcaças.
IV. APLICAÇÕES
Vantagens
Algumas das vantagens do M.i.t. é a capacidade de operar
normalmente com a velocidade de rotação quase inalterável,
mesmo quando existem algumas variações do carregamento
que é aplicado no eixo, por causa de sua simples e robusta
construção, é um motor largamente empregado, sendo
utilizado na maior parte das aplicações, atendendo as
demandas encontradas nas indústrias.
E a vantagem do M.t.i. que possui rotor de gaiola em
comparação ao M.i.t. que possui rotor de anéis é que ele
proporciona uma composição de induzido mais barata, devido
sua montagem ser mais prática e rápida. Dessa forma é
considerado um motor de alta durabilidade, e de produção
rápida, sem a necessidade de possuir coletor, o que diminui o
número de elementos no M.t.i. e torna a sua manutenção mais
simples, além de apresentar facilidade para realizar a ligação
na rede [6].
Desvantagens
A grande desvantagem do M.i.t se dá por ele depender da
tensão do estator e o fluxo, onde este fato não acontecem com
os motores CC que possui funcionamento independente. Isso
acaba limitando a variação de rotação do M.i.t., em casos que
são controlados pela variação da tensão no estator.
No entanto atualmente, essa desvantagem deixa de existir,
pois com toda a evolução dos sistemas eletrônicos, hoje já
existem recursos que possibilitam fazer o controle do M.i.t.
pela variação de tensão e da frequência do estator.
Aplicações na indústria
Pelas características mostradas, percebe-se que na condição
de operação nominal do M.i.t. ele tem pouco escorregamento,
sendo assim ele mantém uma rotação sempre próxima à
síncrona, resultando em pequenas variações da rotação.
De outra forma, considera-se que o M.i.t tem uma
velocidade com pouca variação, por isso trata-se de motor de
rotação essencialmente constante, e sua aplicação se dá
basicamente em cargas que trabalham desta maneira, isto é,
com uma velocidade de giro quase inalterável. Esses tipos de
carregamentos representam a maior parte das demandas por
motores na indústria, como por exemplo todas as máquinas de [2] DO NASCIMENTO JR., G. C. Máquinas Elétricas: Teoria e Ensaios. 4.
ed. São Paulo: Editora Érica Ltda., 2011. Pp. 188-189.
deslocamento de fluídos, sendo assim, podemos citar as
[3] DO NASCIMENTO JR., G. C. Máquinas Elétricas: Teoria e Ensaios. 4.
bombas, ventiladores, compressores, que são amplamente ed. São Paulo: Editora Érica Ltda., 2011.
empregados na indústria química, petroquímica, e em estações [4] WATTENPHUL, J. How a 3 Phase AC InductionMotor Works. KEB
de tratamento de águas. Além disso, esses tipos de aplicações Automation KG, 12 mar. 2019. Disponível em:
<https://www.kebamerica.com/blog/how-a-3-phase-ac-induction-motor-
que não possui variações de carga e que trabalham em ciclos
works>. Acesso em: 25 out. 2020.
com poucas interrupções, torna as situações de partida menos [5] Engineering ToolBox. Slip in Electrical Induction Motors, 2004.
frequentes. Assim isso contribui para amenizar um dos pontos Disponível em: <https://www.engineeringtoolbox.com/electrical-motor-
negativos do M.i.t. que é a seu acionamento, com grande slip-d_652.html>. Acesso em: 25 out. 2020.
[6] EMPRESA WEG, 2015, p. 21. Motores elétricos assíncronos e síncronos
impacto na rede.
de média tensão –especificação, características e manutenção. Revisão
Também tem forte aplicação em máquinas pesadas da 3.07/2015. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:
indústria siderúrgica e de mineração, como podemos citar as <https://www.kmabrasil.com.br/produtos/arquivos/weg-motores-eletricos-
esteiras transportadoras, moinhos e britadores. O M.i.t. é 3785.pdf>. Acesso em 08 de nov. 2020.
[7] BARBI, IVO. Teoria Fundamental Do Motor De Indução.
amplamente empregado pelo fato de ser muito robusto, e
[8] Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2016, Motor de Indução
suportar sobrecargas frequentes, portanto, esses requisitos Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1615249/mod_
atende a maior demanda das aplicações nas industriais em resource/content/6/MI_PEA3311_2016_Resumo%20.pdf>
geral, como por exemplo o emprego do M.t.i. em mecanismos,
e maquinas operatrizes.
Em casos de máquinas que possuem carregamentos com
inércia elevada, como podemos citar os moinhos de cimento e
sopradores, o M.i.t. de rotor de anéis é a opção mais
apropriada. Nessas situações, a partida é geralmente feita com
a inserção de reostatos rotóricos com uma elevada resistência,
que são cessadas aos poucos de acordo com a aceleração da
carga, o que proporciona um acionamento mais ágil e suave,
com um menor impacto na rede elétrica de alimentação. Esta
variante também tem serventia nos carregamentos que têm
partidas muito frequentes, tais como as máquinas de elevação
e de deslocação, alguns exemplos disso são os guindastes e
pontes rolantes, além de pórticos para o carregamento e
descarregamento. Sendo assim situações que requerem
frequentes partidas de forma controlada, juntamente com um
robusto funcionamento demandado pela aplicação, fazem o
M.i.t. de anéis mais indicados nesses casos [8].

V. CONCLUSÃO
Os motores de indução trifásico correspondem a um tipo de
motor elétrico desenvolvido e composto por dois campos
magnéticos girantes, o estator e o rotor. O espaço existente
entre os campos. Trata-se de um motor muito utilizado hoje
em dia e com uma vasta aplicabilidade, logo, é muito comum
e está presente em grande parte das indústrias.
Eficaz, pois tem uma partida rápida e um alcance em
relação ao resultado esperado. No mercado existem vários
tipos de motores de indução, desde os de baixa potência aos de
alta potência, a escolha do modelo depende do seu emprego e
para qual finalidade será utilizado. Outro ponto positivo deste
motor é que ele não produz ruídos, ou seja, é silencioso, logo,
podem ser empregados nos mais variados produtos no
mercado, o que é perfeito para ambientes que possuem alto
índice de poluição sonora. [

REFERÊNCIAS

[1] G. C. do N. Junior, Máquinas Elétricas: teoria e ensaios / Geraldo

Carvalho do Nascimento Junior – 4. Ed. – São Paulo: Érica, 2011, pp.
187-188.