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versão 1 – 28.set.2013

Trabalho nº1 - Arrefecimento ao ar de sólidos bons condutores – convecção


natural e convecção forçada

Quando um sólido quente é exposto ao ar ambiente, a sua temperatura baixa


gradualmente. Estando o ar em repouso, diz-se que o arrefecimento do sólido se dá por
convecção natural. Conforme se procura ilustrar na Fig. 1, ainda há movimento
espontâneo do ar na vizinhança do objeto, devido à diferença de densidade entre o ar
mais quente (junto ao objeto) e o ar mais frio da sala.

(a) Convecção natural (b) convecção forçada

Figura 1 – Movimento do ar perto de objeto em arrefecimento.

Se o sólido for arrefecido por exposição a uma corrente de ar, como seja o vento, ou o ar
impelido por uma ventoinha, diz-se que há convecção forçada e o arrefecimento é mais
rápido.

Neste trabalho vai-se estudar o arrefecimento de um cilindro metálico, que foi


previamente aquecido a pouco mais de 100 ºC, e é retirado da estufa para ser exposto ao
ar ambiente (parado ou em movimento). Como os metais são bons condutores de calor,
é razoável admitir que, em cada instante, a temperatura seja (praticamente) a mesma em
todos os pontos do cilindro e varie apenas no tempo.
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O trabalho experimental consiste em fazer o registo da curva de arrefecimento T vs t,


para cada cilindro e situação estudada, em que T é a temperatura do sólido, dada por um
termopar, e t é o tempo medido por um cronómetro, desde o início da experiência.

Sendo desprezável a resistência interna à transferência de calor (por se tratar de um


metal), a temperatura na superfície do sólido é também T e, de acordo com a lei da
convecção, pode-se escrever:

Q = hA (T − T0 ) (1)

em que Q é o valor instantâneo da potência calorífica transferida do sólido para o ar, h é


o coeficiente de transferência de calor, A é a área externa total do cilindro e T0 é a
temperatura do ar ambiente, que se supõe constante durante a experiência.

A perda contínua de calor traduz-se num abaixamento contínuo da temperatura do


sólido, que está relacionada com Q através de:

dT
Q = − mCP (2)
dt

em que m é a massa do sólido e CP é a sua capacidade térmica mássica.

Igualando os segundos membros de (1) e (2), com T0 constante pode-se escrever

d(T − T0 ) hA
=− dt (3)
T − T0 mCP

que é equivalente a

hA
d [ ln(T − T0 ) ] = − dt (4)
mCP

Num intervalo de tempo em que hA / mCP seja constante, pode-se integrar esta equação
e obter

 hA 
ln(T − T0 ) = −   t + constante (5)
 mCP 
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que é a equação de uma reta de declive α = −hA / mCP , numa representação de

ln(T − T0 ) vs. t.

Sendo conhecidos os valores de m, A e CP , facilmente se obtém

h = − (mCP / A) × α (6)

No trabalho a realizar nas aulas, os cilindros metálicos a arrefecer são suspensos de um


arame e têm um pequeno furo numa das bases, onde se pode introduzir a extremidade de
um termopar. Ligando o termopar ao microcomputador ou a um milivoltímetro
(conforme se ilustra na Fig. 2), pode-se fazer o registo da curva de arrefecimento, isto é,
da função T vs. t, e a partir dela construir a representação de ln(T − T0 ) vs. t.

Figura 2 – Esquema da instalação para obtenção de curva de arrefecimento.

Para se poder estudar o arrefecimento do cilindro por convecção forçada, coloca-se uma
ventoinha próximo do cilindro e ‘apontada a ele’, na perpendicular ao eixo; com a
ventoinha ligada, o arrefecimento dá-se por convecção forçada.

Nas experiências a realizar no laboratório, a ventoinha pode ser ligada e desligada vezes
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sucessivas, por forma a dividir o período total de arrefecimento numa sucessão de


períodos mais curtos, intercalados, ora de convecção forçada, ora de convecção natural.

A representação de ln(T − T0 ) vs. t, para uma experiência desse tipo, tem a aparência de

uma linha contínua ‘quebrada’, que permite distinguir segmentos com inclinações
distintas; os segmentos de maior declive (em valor absoluto) correspondem aos períodos
de convecção forçada, enquanto os de menor inclinação correspondem à convecção
natural. Os valores de h para cada um dos períodos podem ser obtidos dos
correspondentes valores do declive, no gráfico respetivo, de acordo com a expressão
acima apresentada h = − (mCP / A) × α .

Tipicamente, os valores de h para convecção natural são da ordem de 5 a 15 W/ m2 K,


enquanto para convecção forçada eles se situam na gama 25 a 80 W/ m2 K (muito em
função da velocidade da ventoinha e da proximidade entre esta e o cilindro a arrefecer).

• Comparação com valores de h dados por correlações

Na referência [1] apresentam-se correlações para a previsão de valores do coeficiente de


transferência de calor, quer para convecção natural, quer para convecção forçada.

Para convecção natural no ar, em torno de um cilindro horizontal, a temperaturas


moderadas, a expressão dada em [1] reduz-se a:

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 T − T0  4
h = 1.32   (7)
 d 

com h em W/m2 K, T e T0 em K e d (o diâmetro do cilindro) em m.

A dependência de h em relação a T é compreensível, pois se o objeto estiver muito mais


quente que o ar da sala, há um movimento ascensional do ar relativamente intenso; se o
objeto estiver pouco mais quente que o ar ambiente, o movimento do ar junto do objeto
será mais lento. Como o coeficiente de transferência de calor entre sólido e ar é tanto
maior quanto maior é a velocidade deste, há normalmente uma diminuição gradual do
valor de h, para convecção natural, durante o processo de arrefecimento.
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Para convecção forçada no ar, em torno de um cilindro, uma das correlações


apresentadas em [1] reduz-se a:

Nu = 0, 25 Re 0,6 Pr 0,38 (8)

válida para 103 < Re < 2×105. A definição dos números de Nusselt e de Prandtl
(respetivamente, Nu e Pr) deverá ser procurada em [1] e sugere-se que os alunos
também calculem os valores de h a partir da representação gráfica dada na Figura 6-12
da referência [1]. Note-se que para calcular Re é necessário conhecer o valor da
velocidade u com que o ar se dirige para o cilindro (ver Fig. 1) e, no laboratório, é
possível medir o valor dessa grandeza por meio de um anemómetro portátil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Holman, J.P. Heat Transfer - 8th ed., McGraw-Hill, 1999.

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