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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

EXCELENTISSÍMO JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE CONTAGEM - MG.

cópia

Processo nº 0497703-58.2015.8.13.0079

PABLOS DOS ANJOS OLIVEIRA já devidamente qualificado


nos autos da Ação Criminal perante este juízo e processo em epígrafe, por seus
procuradores ao final assinados, vem respeitosamente à presença de V. Exa.,
requerer que lhe seja concedida LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA com
fundamento no art. 310, III c/c art. 321 ambos do CPP, pelos fatos e fundamentos
jurídicos que passa a expor:

Em 15 de setembro de 2015, o requerente foi preso em flagrante pela


suposta prática do delito previsto no art. 157, § 2º, inciso I do Código Penal,
encontrando-se atualmente custodiado no CERESP São Joaquim de Bicas.

Ocorre, todavia, que a despeito de ter sido preso em flagrante, não há


motivos que justifiquem a segregação cautelar do requerente, por mais tempo,
externado pela própria vida pregressa do ora acusado, que não oferece perigo à
sociedade e a subservância à autoridade, bem como ao Poder Judiciário.

A necessidade de ser restringida a liberdade de locomoção do agente


cabe quando houver necessidade de garantir a ordem pública, a ordem econômica,
a conveniência de instrução criminal e de assegurar a aplicação da lei penal.

No que tange ao requisito fático da “ordem pública”, tem-se que


deverá ser invocada quando presentes elementos concretos que possibilitem
constatar uma situação de intranqüilidade coletiva, o quê não é o caso.

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A “ordem pública” deve ser interpretada com cautela, não podendo


ser invocada a partir de um ato isolado que não traz em seu bojo elementos que
possibilitem constatar uma real ameaça.

No âmbito da expressão conveniência criminal deve demonstrar de que


determinada conduta praticada pelo indiciado ou acusado coloca em risco o material
probatório que será ministrado ao julgador durante a fase de coletas das
informações necessárias à emissão do provimento jurisdicional.

Há que se considerar ainda que o presente caso não traz elementos


que traduzam uma perturbação ao regular andamento do processo.

Por sua vez, o requisito que pretende “assegurar a aplicação da


pena” não pode ser aqui invocado, visto que o caso em tela não apresenta risco real
de fuga do acusado, devendo-se considerar a probabilidade do denunciado alcançar
os benefícios da lei penal e processual penal no que tange a aplicação da pena.

Ademais vive com sua família, possuindo residência fixa, situado à


Avenida Perimetral, nº 415, Vila Pinho, Vale do Jatobá, Belo Horizonte- MG, CEP:
30.668-310, possuindo ainda emprego fixo, junto a empresa Minas Máquinas
Automóveis – LTDA, conforme cópias anexas.

A manutenção da prisão cautelar, embora implique sacrifício à


liberdade individual é ditada por interesse social, impondo-se uma decretação
sempre que suficientemente demonstrada, por decisão fundamentada, a presença
de qualquer dos pressupostos inscritos no art. 312 CPP;

Diante dos fatos concretos perpetrados pelo autor da infração penal,


não existe necessidade de mantê-lo encarcerado até o momento em que a instrução
processual se conclua, sob pena de ocorrer desvirtuamento do quadro probatório
que servirá de base para a sentença;

Eis o entendimento jurisprudencial acerca da ordem pública:

“STJ – HC 3933/SP; Hábeas Corpus - DJ 01.07.2005 p. 576 -


Ministro Gilson Dipp. 2004/0156895-0. Criminal. HC.
Homicídio Qualificado. Prisão preventiva. Sentença de
pronúncia. Manutenção da segregação. Ausência de
concreta fundamentação. Custódia baseada na gravidade
do delito e na sua repercussão social. Necessidade da
custódia não demonstrada. Ordem concedida.Exige-se
concreta motivação para o indeferimento do benefício da
liberdade provisória, com base em fatos que efetivamente
justifique uma excepcionalidade da medida, atendendo-se aos
termos do art. 312 do CPP e da jurisprudência dominante. A
mera alusão a requisito legal da segregação cautelar, sem
apresentação de fato concreto determinante não pode servir de
motivação à custódia preventiva. Precedente. Não se prestam
para justificar a prisão cautelar a existência de indícios de

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autoria e prova da materialidade, nem o juízo valorativo sobre a


gravidade genérica do delito imputado ao paciente, bem como o
clamor público e a sua repercussão na sociedade, se
desvinculados de qualquer fator concreto. Precedentes desta
Corte e do STF”.

“EMENTA PARCIAL: Exame de pressupostos do art. 312


CPP-NÃO-VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS PARA
MANUTENÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR-ORDEM
CONCEDIDA- Para manutenção da prisão preventiva deve estar
presente, além dos indícios de autoria e materialidade do crime
perpetrado, pelo menos um dos quatro requisitos previsto no art.
312 CPP- Não verificando os pressupostos para a decretação, a
custódia cautelar padece de ilegalidade, já que ausente o
suporte jurídico que lhe garante legitimidade, devendo ser
deferida a Liberdade Provisória do agente. (N.º
1.000.06.441447-7/000(2),RELATOR: JOSÉ ANTONINO BÁIA
BORGES)”

Ademais, os requisitos fáticos não bastam para a decretação e


manutenção da prisão, há de se observar o princípio da proporcionalidade, de
modo a impedir que a medida seja mais grave e mais intensa que a pena a ser
aplicada na ação penal, pois, como já mencionado, deve-se considerar
probabilidade do denunciado ser beneficiado pela lei penal e processual penal no
momento da aplicação da pena.

A prisão provisória não pode se transformar em cumprimento


antecipado da pena, gerando prejuízos materiais e morais a quem ainda não foi
condenado por sentença transitada em julgado.

A liberdade provisória não é uma faculdade do “Estado Juiz’, mas sim


um direito do preso, consoante o principio da presunção de inocência, segundo o
qual ”ninguém será considerado culpado, senão após o trânsito em julgado da
sentença condenatória” (art. 5º, inciso LVII, da CF);

Pelo exposto e com fundamento no art. 5º, inciso LXVI, da Constituição


Federal de 1988, art. 310, III e art. 321 do CPP, requer a Vossa Excelência, seja
concedido a PABLOS DOS ANJOS OLIVEIRA A, a sua Liberdade Provisória, a
fim de ver-se processar livre e de responder a todos os atos processuais.

Requer ainda a juntada do instrumento de procuração anexo.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Belo Horizonte, 21 de Setembro de 2015.

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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA

Carlos Henrique Carvalho Amaral


OAB/MG 84.638

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