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BAKHTIN

OUTROSCONCEITOS-CHAVE

BETHBRAIT
(organizadora)

64581
.B..4KHrlN outros conceitos-chave

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

AMORIM,M. O pesa Zszzzü7


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Diálogo
Remata Coelho Marchezan

A vida[.-] não aâetaum enunciado de cora;ela penetra e exerce


influência num enunciado de dentro, enquanto unidade e comunhão da
existência que circunda os falantes e unidade e comunhão de julgamen-
tos de valor essencialmente sociais, nascendo deste todo sem o qual
nenhum enunciado inteligível é possível. A enunciação está na fronteira
entre a vida e o aspecto verbal do enunciado; ela, por assim dizer,
bombeia energia de uma situação da vida para o discurso verbal, ela dá a
qualquer coisa linguisticamente estávelo seu momento histórico vivo, o
seu caráter único. Finalmente, o enunciado reflete a interação social do
falante, do ouvinte e do herói como o produto e a fixação, no mareria]
verbal, de um ato de comunicação viva entre eles.
tVotosbinov/Balabtinh

DO DIÁLOGO COMO CONCEITO

Nos estudosdo Círculo de Bakhtin, aGlrma-sea característicadialógica da


linguagem. Diante disso,é razoávelafirmar que, entre seusconceitos-chave,
destaca-seo diálogo. Caberia, pois,.aponta-lo e, em obra dedicada ao assunto,
apresentaruma definição do termo, quem sabejá lida, já ouvida?THvez se
consiga algo mais, depois de uma certa convivência com o conceito.

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23ÁKHTIN outros conceitos-chave Diálogo REMAta SOEZ..HO.IWÁRC.HEZÁN

Um bom começo é introduzir aquela citação que se eez esclarecedora, da, até popular, que a obra bakhtiniana, como. mostra a citação, eazreviver,
abriu caminhos e que, assim, nos animou a explora-los como sefossemosos avivandoo reconhecimentoda reciprocidadeentre o eu e o outro, presente
primeiros: "Um diálogo no sistemade Bakhtin é um dado oriundo da expe- em cadaréplica, em cadaenunciado,que compreendeo verdadeirodiálo-
riência passívelde servir de paradigma económico para uma teoria que go, o diálogo "real", concreto, não aquele que já seíez letra morta, decorada
abarque dimensões mais globais".: Que a citação sela ainda instigantel Não mecanicamente,repetida sem razão, sem vontade. Diálogo e enunciado
para nos reter na discussãosobre a oportunidade do emprego dos termos são, assim, dois conceitos interdependentes.4 O enunciado de um sujeito
"sistema", "paradigma", e das vozes quc repercutem, mas a Gim dc colocar- apresenta-se de maneira acabada permitindo/provocando, como resposta, o
mos o foco na economia teórica sugerida e em sua produtividade. enunciado do outro; a réplica, no entanto, é apenasrelativamente acabada,
As "dimensões mais globais", a quc sc refere mais diretamente a citação, parte que é de uma temporalidade mais extensa,de um diálogo social mais
dizem respeitoà comunicação,mas se pode manter a mesma proposição amplo e dinâmico.
para o âmbito da linguagem e considerar a mesma economia teórica , Consideradodessamaneira o diálogo, não é difícil acompanhara ex-
uma vez que a comunicaçãoé a essênciada linguagem na reflexão tensão do conceito para a lingtpgem em geral, para a pertinência do reco-
bakhtiniana, que considera âccional: a Lingüística que abstrai a comunica- nhecimento de seucaráter dialógico, para o entendimento de que qualquer
ção, tanto a que o Eazpara ressaltarsuafunção expressiva,quanto a que desempenho verbal é constituído numa relação, numa alternância de vozes.
renuncia a ela para con6ormaf um objeto científico mais homogêneo. Não é também difícil recortar uma citação que estimule esseaproveitamen-
Assin.t,o diálogo interessaaos dois domínios de reflexão, tanto à comu- to do conceito:
nicação quanto à linguagem, quando é caso de distingui-los, tarefa ingrata,
O diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui, é claro,
no contexto bakhtiniano, em que há uma profusão de termos, e dc suas
senão uma das formas, é verdade que das mais importantes, da
traduções, que se relacionam, se articulam. Nessa trama teórica, é mais interação verbal. Mas pode-se compreender a palavra "diálogo"
sensato e fecundo sc]ecionar um nlo, impossível outra escolha, e segui-lo, num sentido amplo, isto é, não apenascomo a comunicaçãoem
na tentativa de obter uma amostra relevante. voz alta, de pessoascolocadasface a face, mas toda çomunicaçãa

É no âmbito da linguagemque insistimos,na afirmaçãode scu caráter verbal, de qualquer tipo que seja.S

dialógico, que aponta para a consideração do diálogo como uma boa amostra,
um conceito-conteirradiador e organizador da reflexão como nos confirma
o trecho a seguir --, que, além de explicar porque celebra o diálogo, também DA CONVERSADO COTIDIANO Á OBRA'ESCRITA
ajuda a defini-lo como a alternância entre enunciados, entre acabamentos,ou
É claro -- e produtivo, conforme se quer enfatizar aqui -- o convite à
seja, entre sujeitos Edantes, entre diferentes posicionamentos.
aplicação do diálogo para a compreensão da linguagem verbalõ como
O diálogo, por sua clareza e simplicidade, é a forma clássica da um todo, de modo a considera-lasemprecomo um acontecimentoen-
comunicação verbal. Cada réplica, por mais breve e fragmentária tre sujeitos.
que seja, possui um acabamento específico que expressaa .poi;fúa
Como é recorrente, e imprescindível, não somente nos estudos lingüísticos,
do Zorw/ar, sendo possível responder, sendo possível tomar, com
relação a essaréplica, uma paiifãa repc7m/z"z.' mas nas Ciências Humanas em geral, a reflexão bakhtiniana reúne sujeito,
tempo e espaço e o diálogo o mostra de maneira modelar --, mas, diferente-
Bcm apropriada a um contexto de crítica à abstração,à neutralidade, a mente de outras perspectivas,lhes conserva e releva a constituição histórica,
forma clássicaé também do rés-do-chão;uma terminologia nada complica- social c cultural, também explorada por meio do conceito de cronótopo.

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/3,,4KHTIN outros conceitos-chave Diálogo RENAZH CO.EZ,.HOMO.RCIVEZHN

A aGlrmaçãoa seguir,que, à primeira vista, parececontradizer asanterio- Nessa inter-relação entre conceitos, assinalamos o diálogo, agora em
res, valoriza e acentuaa diversidadedos diálogos,dos cronótopos que os sua relação com o gênero, como o conceito fomentador e organizador da
motivam e em que ocorrem: reflexão, como a unidade de base necessáriae primordial, requerida por
Bakhtin,9 para a classificação dos gêneros. Muitas vezesaproveitado cora do
[...] A relação existente entre as réplicas de tal diálogo [o diálogo
âmbito da reflexão dialógica, o próprio conceito de gênero é, antes, caracte-
real (conversacomum, discussãocientínlca, controvérsia política,
etc.)] oferece o aspecto externo mais evidente e mais simples da rizado com baseno diálogo. A distinção entre gênero primário e gênero
relaçãodialógica. Não obstante, a relação dialógica não coincide secundário -- que, emprestada a outros domínios, pode ser considerada pouco
de modo algum com a relação existente entre as réplicas de um específica ou operacional retoma, respectivamente, as duas maneiras de se
diálogo real, por ser mais extensa, mais variada e mais complexa. considerar o diálogo, a que já fizemos menção: em i/r;c/o ir iz/, o diálogo
Dois enunciados, separadosum do outro no espaçoe no tempo e
cotidiano, espontâneo, e, com base nele, o diálogo mais extenso e complexo
que nada sabem um do outro, revelar)-se em relação dialógica
que constitui todo e qualquer enunciado.
rnedianre uma confrontação do sentido, desde que haja alguma
convergência do sentido (ainda que seja algo insigninicanre em A atençãodedicadaao romance'' não encobrea importância também
comum no tema, no ponto de vista, etc.). conferida ao gênero primário, inclusive para o estudo do próprio romance,
cujas características prosaicas, o tom não elevado, o aproximam da lingua-
Sem recuo ao convite, o reconhecimento das propriedades do diálogo
gem comum e, defende Bakhtin, o deixam à margem da classificaçãoclás-
permite apreender a linguagem viva, em ato, não apenaspara a afirmação de sica dos gêneros, sem existência oficial.''
sua base comum, para a necessáriaidentificação de suas invariantes -- desde O diálogo não é, assim, tão-somente uma metáforalz na reflexão, resulta-
que sem desvios para a reiGicação--, mas também para a caracterização de seus do da transferênciade um termo de um domínio semânticoa outro que, não
diferentes modos de existência. Não sc considera, pois, um grande diálogo sendo o scu habitual, nele se destaca e agua.Trata-se de considerar, conjunta-
geral, sem feições, mas uma diversidade de diálogos, traduzíveis em men.te, os diálogos no sentido mais estrito do termo c os diálogos no sentido
especificidadesde estilo; e gênero, que os particularizam e localizam em prá- amplo de condição dialógica da linguagem. Os diálogos.que experimentamos
ticas sociais cotidianas c em esferasde atividade mais sistematizadas.
sensívele concretamente, no dia-a-dia, são assimiladospor gênerosmais com-
plexos, os secundários, que sc desenvolvem mediante uma alternância dife-
DOS DIÁLOGOS AOS GÉNEROS rente entre sujeitos, não imediata ou espontânea;menos evidente. Nestes
gêneros, os diálogos são mais fortemente estabilizados, institucionalizados,
Entende-se que os diálogos sociais não se repetem de maneira absoluta, mas continuam a receber dos diálogos cotidianos, mais permeáveis a mudan-
mas não são completamente novos, reiteram marcas hist(tricas e sociais, ças sociais, o alimento de mudança e transformação.
que caracterizamuma dada cultura, uma dada sociedade.Por meio do con- Base,então, da constituição e da dinâmica dos outros gêncros,os diálo-
ceito de gênero, apreende-se a relativa estabilidade dos diálogos sociais, ou gos do cotidiano, os gêneros primários, constituem o cerne da linguagem.
seja, assimilam-se as formas prrKzz'zntzique manifestam as razoabilidades (e Proposição que se desenvolve no estudo sobre o romance tanto no exame
também a constituição) do contexto sócio-histórico c cultural. Assim se da complexadialogizaçãodas Elas dos heróis em Dostoiévski, quanto na
configura o desato a que se propõe responder com a noção de gênero: análiseda incorporação da linguagem popular em Rabelais--, e também na
apreender a reiteração na diversidade, organizar a multiplicidade buscando reflexão sobre a produção artística de um modo geral, como mostra, já pelo
o comum, sem cair cm abstraçõesdessoradasde vida. Longe disso, é a título, a aproximação entre E)úc'z/rso#zzuizúzr zZ&rzzz30
n.z /zrf?: sobre poética
própria dinâmica e heterogeneidade social que podem explicar os gêneros. sociológica, em que se examinam os "enunciados da#a& da #/d# e das zzfões

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B..'lKHT7N outrosconceitos-chave Diálogo REMAta C'0.EL.f-iOÀ4HRCHEZ,4N

cc}//d'zmm,porque em tal eHajá estãoembutidas asbases,aspotencialidades atividade humana mais diretamente submetidas a injunções, réplicas e ra-
da forma artística".i3 zões históricas, políticas, religiosas, científicas.
Segundo o estudo, há entre os participantes do diálogo, tanto na vida O que é pressuposto socialmente, o já-conhecido, o já-admitido, não é
quanto na arte, uma parte que não é explicitada, uma parte presumida, que repetido diretamcnte no conteúdo da obra de arte, não é reproduzido em
compreendevalorescomuns para os membros de uma dada sociedade.Este sua temática; é, sim, incorporado em sua forma artística, que "libera o
é o mote da reflexão. O diálogo na vida cotidiana não verbalizao que é conteúdo de suasamarrascom a ciência e com a ética e permite quc o
presumido pelo evento que o integra: por exemplo, o horizonte comum autor-criador se torne um elemento constitutivo da forma".:õ À negaçãoda
dos falantes, sua gestualidade, sua entoação. Também não reafirma os valo- autonomia da arte, o estudo não vincula, portanto, uma rejeiçãoda forma;
res sociaisconsentidos:"Um julgamento de valor social que tenha corça enfatiza, ao contrário, sua importância para a consideração da estética. Não
pertenceà própria vida e desta posiçãoorganiza a própria forma de um se trata, porém, da forma do material, nem da forma dessubstancializada,
enunciado e sua entoação;mas dc modo algum tem necessidadede encon- mas da forma forjada pelo trabalho social, pelos valores da época aí inclu-
trar uma expressãoapropriada no conteúdo do discurso".:4 A significação ídos os juízos estéticos--, modulada pela entoação, pela inflexão dasvozes,
do diálogo depende diretamente da situação, que, assim, pode-se dizer, tam- cujo exame revela signiâcados, posicionamentos sociais:
bém o constitui. Essa íntima dependência expõe claramente a natureza so-
Quando uma pessoaentoa e gesticula,ela assumeuma posição
cial do diálogo cotidiano, e se mostra exemplarpara o entendimento da
social atava com respeito a certos valores específicos e esta posição
linguagem como um todo, aí incluída a linguagem artística. É por esse é condicionada pelas próprias basesde sua eústência social. É pre-
caminho, ou seja, a partir da reflexão sobre o diálogo primário, especifican- cisamente este aspecto objetivo e sociológico da entoação e do
do-lhe as raízes embrenhadas na sociedade, que o estudo caracteriza a obra gesto e não o subjetivo ou psicológico que deveria interessar os

de arte e responde à proposição da autonomia da obra dc arte. A considera- teóricos das diferentes artes, uma vez que é aqui que residem as
corçasda arte responsáveispela criatividade estética e que criam e
ção da arte sem seus laços sociais, cora da vida, é o fundamento de duas
organizam a Forma artística.n
abordagens da arte, ambas identificadas e criticadas pelo estudo: a que re-
duz a obra a um objeto, convertendo-a em um artefato e, até, em um O estudo argumenta que a tarefa do estudioso da arte seriacompreen-
fetiche; c a que deGlnea obra como expressãode uma individualidade do der o diálogo especial que ela realiza e dc que participam o autor, o herói,
autor ou do contemplador.'s o contcmplador. No trabalho dedicado a Dostoiévski, Bakhtin critica, já
no início, os estudos que desconsideram a forma artística, a arquitetânica
DO DIÁLOGO DO COTIDIANO À OBRA DE ARTE. das obras, tanto os conteudísticos, que se aplicam à discussão apaixonada
DO GÉNERO PRIMÁRIO AO GÉNERO SECUNDÁRIO. dos conteúdos filosóficos expostospelos heróis, convertidos, então, em
DO EXEMPLAR Ã InRTICULAR RELAÇÃO ENTRE A OBRA DE filósofos autónomos; quanto os de cunho psicológico, que procuram lo-
ARTEEASOCIEDADE calizar as diferentes vozesdos heróis no universo único da consciência do
autor. Ambas são perspectivasmonológicas, pois ou promovem um mo-
O exemplar não é, obviamente, assimilado tal qual pelos gêneros artís- nólogo Gilosóíicoou traçam um psiquismo uno e único. As críticas ilumi-
ticos. A dependência destes em relação à situação social em que são produ- nam a análise (e vice-versa,certamente), que depreendedas obras de
zidos é relativa. Não é a mesma que caracteriza os diálogos do cotidiano e Dostoiévski uma forma artística inovadora coníigurada pela polifonia:
também não é a mesma que configura os enunciados dc outras esperas
da uma multiplicidade de consciênciaseqüipolentes c imiscíveis dos heróis,
com quem o autor dialoga.

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'q'q'q TFrr-"

BÁKH77N outros conceitos-chave Diálogo RENÁZH COELHOÀ4ÁRCHEZÁN'

A arquitetânica artística denota valores sociais, posicionamentos pro- tuída com a voz do outro e, assim,marcadamentesocial.A identidade do
movidos pela vida social e em resposta a ela. Para Bakhtin, no caso das obras sujeito se processa por meio da ]inguagem, na re]ação com a a]teridadc. Tâ]
de Dostoiévski, a polifonia -- a forma artística produzida -- manifesta uma é a importância da linguagem.
luta contra a coisificação do homem: "Com imensa perspicácia, Dostoiévski Nesse contexto teórico, a palavra diálogo é mesmo "mal-dita" -- é Faraco:4
conseguiu perceber a penetração dessa desvalorização coisiâícante do ho- quem realça -- quando utilizada para caracterizartão-somente tipos de es-
mem cm todos os poros da vida de sua época e nos próprios fiindamentos trutura gramaticalou quando empregadano sentido socialmentecristaliza-
do pensamentohumano".'' do de consenso.É o diálogo reificado, finalizado, convertido em monólo-
Essapercepção, esse posicionamento, não é expresso à maneira de en- go. A palavra diálogo, ao contrário, é bem entendida, no contexto
saio, manifesta-se no conteúdo, sim, e também na própria forma artística, bakhtiniano, como reaçãodo cu ao outro, como "reaçãoda palavraà pala-
na configuração dos heróis, na relação de sua voz com a voz do autor. vra de outrem", como ponto de tensãoentre o eu e o outro, entre círculos
SegundoBakhtin, Dostoiévski não objetiGicao herói, "não fala da herói de valores, entre corçassociais. A essaperspectiva, interessanão a palavra
mas com o herói",:9 não confere ao herói uma existência prévia, acabada, passivae solitária, mas a palavra na atuação complexa e heterogêneados
una. É como seIhc fossemimputadas uma voz própria e, dessemodo, uma sujeitos sociais, vinculada a situações, a fadaspassadase antecipadas.
existência independente do autor, uma autoconsciência dialogizada, quc
;em todos os seusmomentos estávoltada para fora, dirige-se intensamente DAS FRONTEIRAS
DO DIALOGO
a si, a um outro, a um terceiro".:' O herói, o homem, não é objeto de
reflexão, de representação, é o "iate/ío do apego".:t O diálogo é o fundamen- A despeito de sua complexidade e dinamicidade, e, como as formas da
to dessa
reflexão,que continua: língua, também os diálogos, os modos dc "reaçãoda palavra à palavra", de
[.-] Representaro homem Interior como o entendia Dosroiévski transmissãoda palavrade outrem, passampor processos
dc
só é possível representando a comunicação dele com um outro. gramaticalização,:Ssocialmente, reconhecidos, utilizados, obedecidos, re-
Somentena comunicação, na interação do homem com o homem criados. No aprendizado da escrita, as formas gramaticais consagradasa
revela-seo "homem no homem", para outros ou para si mesmo.
essafuncionalidade são logo ensinadas na representação de diálogos.
Compreende-se perfeitamente que no centro do mundo artístico
Com basenessasformas, identifica-se, por exemplo, na propaganda:c
de Dostoiévski deve estar situado o diálogo, e o diálogo não como
quc segue,um diálogo: uma pergunta, sinalizadapelo ponto final de in-
meio, mas como fim. Aqui o diálogo não é limiar da ação mas a
própria ação.Tampouco é um meio de revelação,de descobrimen- terrogação, e uma resposta, que a atende: "Em 97, a Telebrás teve o me-
to do carátercomo que acabado do homem. Não, aqui o homem lhor desempenho da sua história. Então pór que privatizar? Para alguém
não apenas se revelaexteriormente como se torna, pela primeira cuidar da telefonia, enquanto o governo se dedica à saúdee educação"
vez, aquilo que é, repetimos, não só para os outros mas também Embaixo dos dizeres, ao modo de assinatura, dc responsabilidade pelo
para si mesmo.'
texto, estão os logotipos da Telebrás, do Ministério das Comunicações e
É desse modo que o escritor:3 se revela para Bakhtin e -- no diálogo em do prometoBrasil em Ação.
tom entusiasmadocom asobrasde Dostoiévski,revela-seo próprio Bakhtin,
o "homem no homem", a palavra sobre a palavra -- depreendcm-sc a
arquitetânica da reflexão bal<htiniana, o seu conceito dc diálogo, que carac-
teriza o falante como "sujeito do apelo", da consciência dialogizada, consti-

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Diálogo RENÁZH SOEZ,.f-íOMÁRCHEZ..'IN

EM 97 A TELEBRAS
TEVE O MELHOR forços, ainda de acordo com o texto, insuficientes em faceda demandae
DESEMPENHO
/ das necessidadesde modernização de um país que crescea cada dia. Abai-
xo, na margem, conclui-se, de maneira resumida: "Telebrás. Privatizar
[H SLÜ HISTORIA. para acompanhar o Brasil". O s/OKam da vez, parte do programa mais geral
do governo da época, que poderia também ser sintetizado: "Privatizar é
ENTÁOPORQUE bom para o país
PR/VATIZARP A propaganda participa do debate da época (que leitura faríamos se não
pudéssemos retoma-lo?). É uma resposta às vozes contrárias à privatização,
Paraalgtlémcuidar da que recrudesceram no caso de uma estatal não-deficitária, com bom de-
:ele/orla, enquanto o governo sempenho. O texto publicitário apropria-se dessareação e contra-argumenta.
se dedica à saúde e educação. O posicionamentocontrário à privatizaçãoé o mote e estáexplicitado na
própria propaganda, mais particularmente no enunciado destacado, que
compõe a pergunta anunciada, mas figura, ali, refutado pela trama do tcx-
8..« ==. áâ to, regulado pelo contrapeso prometido: dedicação à saúde e à educação.
@GE@nêAgS.®P t V$A z@f PÀRÂÊ cal8i''Awu$ÀÊngag KÂã#lc Rompem-se fronteiras, toma-se a outra voz, para domina-la em terreno
próprio. O texto é bem arquitetado, mas, obviamente, isso não Ihe garante
pleno êxito junto a seusinterlocutores; pode provocar ecosde identifica-
A obediência às regras formais não é suficiente para caracterizara sc-
ção, sim, mas também de refutação, hesitação. Ecos, que continuam a soar,
qüência como um diálogo da maneira que o considera a perspectiva
certamente de maneira menos intensa, nos ouvidos de hoje, ocupados tam-
bakhtiniana; trata-se, sim, dc um diálogo retórico. Uma pergunta feita por
bén-bcom outras manchetes,outros diálogos, outras conversas.
quem tem, dc antemão, a respostae a apresentaa serviço da afirmação de
um posicionamento; no caso, assumidopelo governo, em conjunto pelas
três assinaturas. O governo é o autorz7 do texto, mas fda de/por si mesmo DE CONVERSAEM CONVERSA
em terceira pessoa --:* "enquanto o governo [ele] se dedica à saúde e educa-
ção" --, como se, não e]e próprio, mas um outro ]he con6erissea atribuição. Com direito a uma pequena chamada, a ãoZBãde S.Paz/Zo,de 9 de deve
No contexto da propaganda, como um todo, essetexto-mancheteé retro de 2006, publica em página interna::9
reiterado, detalhado, exemplificado, ilustrado. O texto-manchete e asassi- Furlan diz que presidente não bebe há 40 dias
naturas mostram-se sobre um fundo amarelo, com uma moldura verde,
Do enviado especiala Argel
que continua margeando a outra página, incluindo na composição da pro-
paganda uma cena que exemplifica, nas cores da bandeira brasileira, o aten- A dieta que levou Luiz Inácio Lula da Salvaa perder 12 quilos em
dimento à saúde e à educação: a foto de um menino sorridente, de unifor- quatro meses[em privado o presidente de mais uma coisa, além de
massase doces:a bebida. Numa conversainformal ontem com
me, com uma bola, um braço quebrado, masbem cuidado.
jornalistas, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan,
Sobreposto na parte de baixo da imagem do estudante, um outro tcx-
afirmou que Lula está abstêmio há cerca de 40 dias.
to acrescentainformações, detalha o "desempenho invejável" da Telebrás, 'No avião agora, só Coca Light e sorvete", brincou o ministro,
o investimento recorde nos serviços brasileiros de telecomunicações; es- quando contava sobre como tinha sido a viagem de nove horas no

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23..'1KHTZN outros conceitos-chave Diálogo RENÁZXC'0ELJ?0MÁR(:llEZ.4N

Aerolula, de Brasília a Argel. "Ele vem seguindo à risca o regime espontâneaà notícia com direito a chamada. De brincadeira à inconfidên-
dele, inclusive estáabstêmio há cerca de 40 dias", disse.
cia, como calcula a própria notícia.
Nos últimos meses,o presidenteestáfeliz com os quilos a menos e
Os enunciadosestão cora de scu acontecimento primário, espontâneo,
toca no assuntosempre que pode, com ministros e auxiliares.Na
semana passada, disse ao ministro Antonio Palocci(Fazenda) que
facea face,em que, a qualquerindício dc respostado interlocutor, podiam
ele precisavaemagrecer:"Como eu, que estou com corpinho de ser reajustados de imediato. As falas do ministro são, agora, sem o ministro, e
toureiro espanhol", brincou. sob a batuta de um jornalista, reacomodadasem outro domínio, encaminha-
A nova inconfidência sobre esseingrediente da dieta de Lula acon- dasa outros destinatários. Mesmo relatado o contexto cm que primeiramente
tece menos de dois anos depois de uma das maiores polémicas da
ocorreram,elasnão se orientam mais em fiinção dos jornalistas "em pes-
história do Brasil sobre seuslíderes e bebidas.
soa"," que antes asouviram em (aparente) descanso,mas aosleitoresdo jor-
Em maio de 2004, o correspondente do Ní?mXúré 77mexno Rio
de Janeiro, Larry Rohter, publicou uma reportagem segundoa nal, aosdemaisjornalistas também, enfim, ao público como um todo.
qual o país estava"preocupado com o hábito de beber" do presi- Esseterceiro participante não é, conforme já dissemos,aquele íntimo,
dente. Em reação, o governo chegou a cassaro visto de permanên- situado face a face, quase em fusão com o locutor, e também não se carac-
cia no país do jornalista norte-americano, mas, após a repercussão teriza da maneira mais ou menos homogênea e seletacomo se definem os
negativa do caso, recuou da decisão. [-.] (POL)
membros de uma área de atividade específica, com suas polêmicas aí
estabelecidas e circunscritas.3i
O tcxto termina com comentáriossobrea dieta dasproteínasdo presi-
dente, os exercícios físicos adorados e a boa saúde de que goza. O que nos Trata-sedc um auditório plural; o enunciado cm análise,no entanto, não
parece considera-lo desse modo, mas como uma coletividade homogênea,
interessaaqui, no entanto, além da saúde do presidente, são, no trecho acima,
M Edis do ministro. Elas coram puxadas do evento em quc coram contadas. toda ela interessadanas confidências(inconfidências?) do ministro, divulgadas

O próprio enunciado nos diz que sc tratava de uma "conversainformal com por jornalistas (inconfidentes?).O enunciado, portanto, não antevê ou não
jornalistas", e, conforme avalia, um momento de brincadeiras ("'No avião sepileocupacom eventuaisreaçõesdiversiâcadasde seusinterlocutores, uma
vez que não as prenuncia em forma dc uma "dramaticidade"': interna. Sem
agora, só Coca Light c sorvete', brincou o ministro [...]").
Entre os participantes dc um diálogo informal, que sepode vincular aos pejo, sem conflito, dá como dc interessepúblico e comum o que revela e
chamados gêneros íntimos, são atenuadas as convenções culturais e é dis- como apropriado o tom brincalhão que emprega.
pensada a atenção a hierarquias e a diferentes papéis sociais. Desse relaxa- A considerar-lhc um público plural, a notícia pode ter gerado respostas
diversificadas: esquecimento, desinteresse, menosprezo, reprovação, indig-
mento de regras e coerçõcs sociais, derivam a dcscontração, a confiança, a
nação, identificação, preocupação em relação ao autor e/ou aos "heróis". E
expectativa de boa vontade.
No caso em análise, recomposto com aspas, o diálogo informal é trans- até zombaria, como a publicada no dia seguinte em trecho do Pu/me/.espa-
postoem outro gênero,as palavrasdo ministro passama limitar com os ço bem descontraídodo mesmo jornal, que também interpreta o semblante
enunciadosalheios,que sepode atribuir a um jornalista (PDi-,enviado espe- do ministro, como uma possívelrespostaao quc coradivulgado:
cial a Argel); perdem a relação estreita,espontânea,que certamente tinham Ressaca brava

com o evento em que despertaram,e com os outros enunciadosque o


Senadorgovernista comenta declaraçãodo ministro do Desenvol-
constituíram. Ganham o iíaízzi de notícia, que, por definição do gênero,
vimento: "0 presidente está sem beber, mas o Furlan parece ter
acolhem o relato de acontecimentosda atualidadee de interessepúblico. inauguradoo bar do Aerolula". Chateadocom a repercussãode
Do privado ao público, um caminho explorado pela notícia. De conversa

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B.ÁKHT7N outros conceitos-chave Y' Diálogo R.E7VHtZ CO.EZ,HOÀ4ÁRCHEZAN

suas palavras sobre a abstinência presidencial, Furlan passou o dia consideraro enunciado,o texto, como vozesa compreender,com as quais
de cara amarrada.SS
dialogar.3sO texto não sedirige, cle também, a um outro ausente,reiGlcado.
O esforçodo diálogo do estudiosocom o texto é, então, de se aproximar,
A Eda informal c sua entoação -- que transpostas para gêneros formais,
compreenderas corçasvivas de que surge e em que atua, de vivenciá-las,
oficiais, tradicionais, desencadeiam um processo renovador c destruidor -:,3'
para, depois de volta ao seu cronótopo, ao presentee às fronteiras da
configuram, em nossotempo, os próprios gênerosdo jornalismo institu-
reflexão teórica, scm confundir seus posicionamentos e a especificidade de
cional. A quebra das hierarquias, das formalidades, das barreiras também
sua atividade --, examinar o texto de fora, com a visão de um todo."
asdefinições de certo e errado, de verdadeiro e Edso--, não é, obviamente,
O diálogo instrui a perspectiva de análise, ao mesmo tempo que nomeia
absoluta, mas relativa à vida social, de um modo geral, e à esfera do jorna-
seu próprio "objeto" e, a despeito de outras reverberaçõessemânticas de que
lismo, cm particular. Suaapreciaçãodependetambém do assuntoem pau-
se tenta proteger a mctalinguagem mais abstrata e arbitrária --, auxilia o estu-
ta, seu espaçodc divulgação e suascircunstâncias.
A notícia, de carola com o ministro, traz de volta às páginasdo jornal a dioso da linguagem, que também o experimenta na vida, a contornar o
dualismo entre a teoria e a vida.s7 O emprego dos termos "teoria" e "concei-
reportagem de Larry Rohter, baseadana qual qualifica as Edis do ministro
to", no contexto bakhtiniano, solicita esseesforço.
como uma "nova inconfidência". Obedecendo as regras do gênero, sem
nomear-se, mas, evidenciando-se por meio de modalizações, o autor da
notícia relembra os desdobramentospolêmicos da reportagem e lhes confe- NOTAS
re caráter histórico. Quer fornecer, assim, importância, motivo e ocasião
Clark;Holquist,1998,p. 238
para avivar nova (semelhante) contenda, em que, entretanto, não dá a sua
Bakhtin,1997,p. 290
caraa bater, e sim a do ministro.
3 Idem, p. 294. Em inglês: "Becauseof its simplicity and clarity, diaJogueis a classic6orm ofspeech
communication. Each rejoinder, regardlessof how brief and abrupt, has a specific quality of
completion that expressem
a particular position of the speaker,to which one may respondor may
DO DIÁLOGO NA VIDA AO DIÁLOGO NA TEORIA assume, wiü respect to it, a responsive position." (Bakhtin, 1986, p. 72).
' De que estetexto não esquece,apenasprivilegia o conceito de diálogo como fio condutor de
Das fronteiras do diálogo, de conversaem conversa,o diálogo, alçadoa sua reflexão.

conceitoparadigmático,revela,na relaçãoque mantém com outros conceitos, 5 Bakhtin, Voloshinov, 1979, p. 109. Em inglês: "Dialogue, in the narrow senseof the word, is, of
course, only one of üe forma a very imporEant form, to be:fure ofverbal interaction. But
a "coerência" da reflexão bakhtiniana, não sem razãodesignada"dialogismo". dialogue can algobe understood in a broader senso,mea ning not only direct, Face-to-face,vocalized
O diálogo fiindamenta e também instrui a consideração da linguagem verbal communication between persons, but a]so verbal communicadon of any type whacsoever.
(Voloshinov,
1986,p. 95).
em ato, que constitui e movimenta a vida social, que surge como réplica
' E, embora se trate principalmente da linguagem verbal, as linguagens não-verbais também são
social e contra a réplica que consegue antever. Guarda em relação à lingua- acolhidas nas reflexões
gem, assim entendida, estreita "adequação". Da vida à teoria, o diálogo, dc BaJditin,1997,p. 354.
maneira rccursiva,é identificado na açãoentre interlocutores, entre autor e RSobre estilo, de que não se trata aqui, ver Brait (2005)
leitor, entre autor e herói, entre heróis, entre diferentes sujeitos sociais, 9 BaJ(hein, 1997, p. 284.

que, em espaçose tempos diversos,tomam a palavraou têm a palavrare- io "0 romance em seu todo é um enunciado, da mesma forma que a réplica do diálogo cotidiano ou
a carta pessoal(são 6enâmenos da mesma natureza); o que diferencia o romance é ser um enun-
presentada, ressigniGicada.
ciadosecundário(complexo)."(Idem, p. 281).
O ponto de vista dialógico não cria um objeto ideal, de sujeito ausente, li Nos domínios estabelecidospela grande literatura clássica em que os diferentesgênerosse
a ser tratado a distância; orienta, antes, o estudioso a participar do jogo, a completam organicamente--, não há lugar para receber o insurgente romance (Bakhtin, 1988).

128 129
B..4KH77N outrosconceitos-chave Diálogo RENA.tX CORE.HOMÁRC.l-iEZÁN

:: Holquist, 2002, p. 41. BAKHTiN,M. Proa/emízszZzpo/í/cíz dr l)Obra;éz/sê;.


Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 198 1.
is\zo[oshinov;
Ba](hein,
2001,p. 5.
14Idem, p. 7. SPefcógrz2xzs.zlzz/azÉrr ózí? e=xagK.
Tmd. Mera '9ç( McGee. Ausdn: University ofTexas Press, 1986.

5Procedimentos que configuram, respectivamente, os chamados objetivismo abstrato e subjetivismo (2 fí õrf 2r #/fxnF rn e zü ef//f/ra: a teoria do romance. São Paulo: Unesp/Hucitec, 1988.
idealista. Es//f/r.zcü cr/ fão z,fróaZ.
Trad. Mana HermentinaGalvão G. Pereira.2. ed. SãoPaulo:
6 Bakhtin, 1988, p. 61. Martins Fontes, 1997.

7 Voloshinov, Bakhtin, 2001, p. lO. Biwx, B. Estilo. In: BRNT,B.(org.). BaÁ#ún. conceitos-chave.
SãoPaulo: Contexto, 2005, pp. 79-102.

18Balditin,1981,p. 53. CL.AKK,K.; HoLQuísT, M. ]büêóa// B.z#óün. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva,1998

19Idem, p. 54. FARAco,C. A. Z//ZWgm e ZMZ«22:


as idéiaslinguísticasdo Círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar, 2003.

20Idem, p. 222. FíoKIN, J. L .'k milha zúzezl nrl2zfãa: categorias de pessoa, espaço e tempo. São Paulo: ética, 1996.
Xoü.z zü S.Ea#Za,9 e 10 eev.2006.
Idem, ibidem.
z: Idem, pp. 222-3. Hoi-QuisT,M. Z);a/OKfsm:
Bakhlin and his world. 2. ed. Routledge:London, 2002.
L©íz,São Paulo, 29 abr. 1998
zs"0 autor]não o homem rea]] se enconua no momento inseparávelem que o conteúdo e a forma
se fundem, e percebemos-lhea presençaacima de tudo na#orm.z."(Balditin, 1997, p. 403). VotosnlNov, V N. 7Uarx/ím a/zZ iÉepóiZoiopÁWofázngwózgr.Trad. Ladislav Matejka e 1. R. Titunik.
24Idem, 2003, p. 58. Cambridge/Massachusetts/London: Harvard University Press, 1986.
VotosniNov, VI N.; BAKnTIN, M. Z)ücuzTa nzz z//rZz f zásrz xxa fz ar r. Trad. Carlos Alberto Faraco e
2sBakhtin,'broloshinov-
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Cristovão Tezza. Disponível em:<http://www.shef.ac.uk/uni/academic/A-C/bakh/
:' Veja, São Paulo, 29, abr. 1998.
bakhtin.html>. Acessoem: 27 ago. 2001.
27Não é relevante,aqui, considerara mediaçãodo trabalhopublicitário.
28Sobre essaneutralização entre as pessoasdo discurso ver Fiorin(1996)
2pFolha de S.Paulo, 9 6ev. 2006, p. AI l.
}o Bajçhtin, 1997, p. 321.
3: Idem, p. 322.
3: Idem, ibidem.
3sFolha de S.Paulo, 10 Gev.2006, p. A4.
s4Balditin, 1997, p. 323.
35Idem, pp. 401-14.
3óProcedimentoque configura a exotopia, tratada por Ba](htin(1997), no contexto estéticoe
epistemológico.Ver também Amorim, 2003, pp. 11-25.
37Para uma discussãodessaquestão, que apareceprincipalmente em BaJJitin(1973), ver Faraco,
2003,PP.19-23.

REFERÊNCIASBIBL[OGRÁFICAS

Auoniw, M. A contribuição de Mikhail Bakhtin: a tripla articulação épica,estética e epistemológica


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