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Adolescentes e a internet

Loc.1
Muito se discute sobre os benefícios ou males que o uso da internet
causa às crianças e adolescentes. Em Moçambique, a preocupação
justifica-se pelo número crescente de acesso destes jovens à redes
sociais e outros sites.
Loc. 2
Embora não se tenham dados estatísticos sobre o acesso desta camada da
população, acredita-se que mais de 20 milhões de pessoas acessam
diariamente a Internet com os mais variados interesses e necessidades,
uma vez que ela acabou se tornando a intermediária de relações pessoais
e comerciais.
Loc. 1
Quando a Internet é usada para procurar informação com vistas à
pesquisa, estudos, conversas entre amigos, podemos concluir que ela é
um bem. Mas, ainda assim, teríamos que pensar sobre a fonte de
informação e com quem relacionam-se esses jovens. Seria esta fonte
segura? Seria esta fonte capaz de prover informações confiáveis para
contribuir com o processo educacional? Seriam esses relacionamentos
estabelecidos com pessoas confiáveis?
Loc. 2
Logicamente colega Antenor, estas preocupações demonstram a
necessidade de julgamento não somente segundo juízos de valor, mas
também segundo critérios objetivos que poderiam avaliá-las sob o ponto
de vista científico dentro da área de interesse em questão, ou quando
não, quem são as pessoas com as quais se relacionam os jovens ao
navegar na rede.
Loc. 2
Disso decorre uma outra pergunta. Teriam as crianças e adolescentes
discernimento para julgá-las? Provavelmente, não. É sabido que nesta
idade esses jovens ainda são carentes de educação para a vida, ou seja,
dependem de orientação para guiarem-se no enfrentamento das próprias
realidades ainda conflituosas em relação ao mundo que as rodeiam. Sem
acompanhamento de adultos – pais ou responsáveis, educadores, etc – a
Internet pode ser um mal.
Loc. 1
As pessoas adultas, pais ou responsáveis, têm o dever moral de se
colocarem próximas a esses jovens a fim de estabelecer limites e
disciplina por meio do diálogo franco demonstrando as razões de suas
preocupações com as potencialidades da Internet.
Loc. 2
Estas preocupações não teriam razão de existir se não houvesse notícias
de casos de ofensa às crianças e adolescentes. Mas, o que se vê e o que
mais se ouve, são os impactos negativos pelo mau uso da rede, capaz de
deturpar valores e viciar comportamentos com prejuízos à própria pessoa
quando incapaz de discernir sobre o valor das ações e dos conteúdos
presentes na Internet.
Loc.1
Na verdade, a Internet pode representar tanto um bem como também um
mal. Existe um ditado popular que diz que a dose é a distância que
separa o remédio do veneno. Esta analogia também é cabível para a
Internet, especialmente em relação às crianças e aos adolescentes, onde a
dose do uso da Internet deverá ser prescrita e ministrada por pais ou
responsáveis. 

Loc. 2
Não é possível negar que a internet é muito importante para todos.
Através dela encurtamos muitos caminhos; conhecemos lugares,
construímos aprendizagens, fazemos amigos. O problema passa a existir
quando o jovem deixa de experimentar outras coisas, como: passear,
viajar, estudar, a praticar esportes, conversar, para dedicar todo o seu
tempo às redes sociais ou jogos online.

Dicas para orientar o uso da internet para crianças e adolescentes

 Negocie o tempo diário do acesso dos seus filhos online. Dessa


forma, eles podem organizar os horários para estudos e outras
atividades que também são prazerosas, como passear, estar com a
família e amigos e praticar uma atividade física.

 Oriente que eles tenham liberdade com responsabilidade, ou seja,


não compartilhar qualquer imagem que eles podem se arrepender
depois. A Internet não guarda segredo.

 Ter um celular é uma grande responsabilidade. Atualmente,


crianças pequenas já possuem os seus próprios dispositivos, com
isso é importante que os pais orientem sobre como gerenciar o seu
uso. Com os celulares, crianças e adolescentes podem: 
 Ao acessar algum conteúdo que cause medo ou desconforto,
solicite que eles conversem com você e busquem ajuda.
Independente do que for vocês podem protegê-los sempre. 

 Dicas de uso para crianças e adolescentes

 - O que você compartilha na internet com seus amigos não fica só


entre vocês. Informações pessoais nas redes sociais se tornam
públicas.

 - O que você divulga na rede dificilmente será removido depois.

 - Os “cadeados” e bloqueios de acesso podem ser “quebrados” por


pessoas mal-intencionadas.

 - Evite exibir imagens com pouca roupa ou sensuais, pessoas


malintencionadas podem distorcer e usar suas imagens para te
intimidar e ameaçar publicá-las.

 - Evite usar webcam com estranhos. Sua imagem pode ser


manipulado e você ser ameaçado de ter essa foto montada em
situações humilhantes e divulgada entre amigos e familiares.


 - Bloqueie o contato dos agressores no celular, chat, e-mail e redes
de relacionamento.

 - Jamais aceite convite para encontrar presencialmente um amigo


virtual sem autorização. Mesmo que vá com seus pais ou adultos
responsáveis, vá a local público.

 - Quando um conteúdo pornográfico (fotos, vídeos, histórias


escritas) envolvem crianças e adolescentes na Internet, isso é
crime! Você pode denunciar no endereço www.denuncie.org.br,
ligar para o Disque 100, ir a uma delegacia especializada ou se
dirigir ao conselho tutelar mais próximo.

 Quais as situações difíceis você pode encontrar na internet?

 Ciberbullying – Bullying virtual. Assim como o bullying, o


ciberbullying também é uma forma de violência. Consiste em
humilhações e ameaças de colegas nas redes sociais ou pelo
celular.

 Sexting – É quando adolescentes e os jovens trocam imagens de si


mesmos (com pouca roupa ou nus) e mensagens de texto eróticas,
com convites e brincadeiras sensuais entre namorados,
pretendentes e amigos. Trata-se de fotos e vídeos feitos com o uso
de tecnologias (câmeras fotográficas, webcam etc) e trocados
através da internet e de seus aparelhos celulares.

Os 10 principais riscos na Internet para crianças e adolescentes


Abuso sexual de crianças e adolescentes na Internet
Esta ameaça refere-se a todas as formas de abuso sexual facilitadas
por tecnologias da informação e ou divulgadas através da mídia on-
line, onde a exploração, o assédio e o abuso sexual ocorrem cada vez
mais por meio da Internet.
#2 Cyberbullying / Assédio virtual
É uma forma de assédio e agressão que ocorre entre os pares,
tomando como meio novas tecnologias, com a intenção de propagar
mensagens ou imagens cruéis, para que sejam vistas por mais
pessoas. A rápida propagação e sua permanência na Internet
aumentam a agressão contra a vítima. Segundo dados da Organização
das Nações Unidas (ONU) e da Fundação Telefônica, 55% dos jovens
latino-americanos já foram vítimas de cyberbullying.
#3 Exploração sexual de crianças e adolescentes na Internet
Inclui todos os atos de natureza sexual cometidos contra uma criança
ou adolescente através do uso da Internet como meio de explorá-los
sexualmente. Também inclui o uso das novas tecnologias de
informação e comunicação, que geram imagens ou materiais que
documentam a exploração sexual com a intenção de produzir,
disseminar, comprar e vender.
#4 Exposição a conteúdos inapropriados
Refere-se ao acesso ou exposição de crianças e adolescentes,
intencionalmente ou acidentalmente, a conteúdos violentos, de
natureza sexual ou que gerem ódio, sendo prejudicial ao seu
desenvolvimento.
#5 Grooming
O termo refere-se às estratégias que um adulto realiza para ganhar a
confiança de uma criança ou adolescente, através da Internet, com o
propósito de abusar ou explorar sexualmente. O grooming sempre é
realizado por um adulto.
Existem dois tipos de grooming: o primeiro é quando não há fase
anterior de relacionamento e geração de confiança, mas o assediador
consegue obter fotos ou vídeos sexuais da criança para extorquir. A
segunda é quando há uma fase anterior em que o assediador procura
gerar confiança, fazendo com que a criança ou adolescente entregue
material sexual a fim de torná-lo alvo de chantagens. O assediador
geralmente finge ser uma criança, consegue manipular através dos
gostos e preferências da vítima e usa o tempo para fortalecer o
vínculo.
#6 Materiais de abuso sexual de crianças e adolescentes gerados
digitalmente
É a produção artificial, através da mídia digital, de todo tipo de
material que represente crianças e adolescentes que participam de
atividades sexuais e/ou de maneira sexualizada, para fazer com que os
fatos pareçam reais.
#7 Publicação de informações privadas
Refere-se à publicação de dados sensíveis de forma on-line. Por
exemplo, nas redes sociais.
#8 Happy slapping
É uma forma de cyberbullying que ocorre quando uma ou várias
pessoas agridem um indivíduo enquanto o incidente é gravado para
ser transmitido nas redes sociais. O objetivo é “tirar sarro” da vítima.
#9 Sexting
É definido como a autoprodução de imagens sexuais, com a troca de
imagens ou vídeos com conteúdo sexual, por meio de telefones e/ou
da Internet (mensagens, e-mails, redes sociais). Também pode ser
considerado como uma forma de assédio sexual em que uma criança e
um adolescente são pressionados a enviar uma foto para o parceiro,
que a propaga sem o seu consentimento.
#10 Sextorsão (sextortion)
É a chantagem realizada a crianças ou adolescentes por meio de
mensagens intimidadoras que ameaçam propagar imagens sexuais ou
vídeos gerados pelas próprias vítimas. A intenção do extorsionista é
continuar com a exploração sexual e/ou ter relações sexuais com a
vítima.

A primeira dica é: educar os adolescentes a darem mais importância


às pessoas de sua convivência cotidiana e também às atividades de
interação que não precisam ser mediadas pela tecnologia. A interação,
o jogo, as redes sociais não podem estar acima dos horários, rotinas e
da convivência familiar. Para isso ajuda muito estabelecer um horário
de atividades diárias que contribua para assegurar que o/a adolescente
tenha tempo para viver experiências reais de interação para além da
internet. Dialogue com seu filho para que o tempo que ele passa na
internet não seja sem limites.
Para que o desenvolvimento do corpo e das funções cognitivas e
emocionais na adolescência seja equilibrado é fundamental ter um
tempo adequado de sono (em torno de 10 horas), alimentação
equilibrada e em horários regulares, exercícios físicos e frequência à
escola (Desde 2009 a lei brasileira tornou obrigatória a educação dos
4 aos 17 anos).
Se o/a adolescente dorme 10 horas; passa 4 horas na escola, faz todas
as refeições em 2 horas, vão sobrar 8 horas do seu tempo para outras
atividades. Num cenário com este poderíamos dizer que passar menos
de 3 horas/dia em atividades exclusivamente na internet pode ser
aceitável desde que não sejam contínuas. Se ele/a passa de 3 a 6
horas/dia em atividade exclusiva na internet isto representa um risco
para a saúde física e mental; mais de 6 horas/dia, nem pensar.
2 – Adolescentes vivem testando seus limites, por isso têm
necessidade de correr risco. É importante ajudá-los a calcular riscos.
Uma forma de fazê-lo é perguntar se a consequência pode ser
desfeita. Por exemplo: numa hora de raiva você ofendeu seu amigo/a,
depois você pede perdão e reconstrói a sua amizade. Agora se você
compartilhar na internet uma ofensa, imagem ou qualquer conteúdo
que ofenda seu amigo/a vai ser muito difícil de apagar.
A segunda dica é: ajude seu filho/a a entender as consequências do
seu ato. A internet não é um mundo sem lei. Tudo o que você faz na
internet tem consequência.
3 – A adolescência é uma fase de desenvolvimento na qual o
autoconhecimento, a autoconsciência e a autoestima são essenciais,
por isso é preciso assegurar a intimidade e o espaço pessoal para que
eles/as possam refletir, pensar, sentir e tomar decisões livres.
Entretanto, este direito não exime os pais da responsabilidade de
orientar para que estes momentos não os coloquem em situações de
maior vulnerabilidade e sofrimento.
A terceira dica é: não confunda direito à intimidade com privacidade
na internet. Do ponto de vista prático não existe privacidade na
internet. Tudo o que circula na rede tem a possibilidade de se tornar
público com consequências para o/a própria/o adolescente e seus
responsáveis. Por isso, os pais têm o direito e a responsabilidade
diante do Estado, de saber por onde os filhos andam, inclusive na
internet.
4 – O reconhecimento das qualidades, habilidades, capacidades e
competências dos/as adolescentes é o melhor caminho para
estabelecer vínculos de confiança e corresponsabilidade. Reconheça
as habilidades reais do/a adolescente. Se tem bom senso de humor; se
tem agilidade nos jogos, se tem perspicácia para identificar notícias
falsas; se é popular entre os colegas. O reforço positivo é a mais
antiga e eficiente ferramenta para a educação.
A quarta dica é: valorize as capacidades do/a adolescente na
navegação online e navegue junto para descobrir as coisas
interessantes da internet e ajudá-lo/a a distinguí-las das coisas
absurdas.
5 – Querer sempre mais é uma característica humana que se expressa
de forma mais incisiva na adolescência. É uma característica positiva
do desenvolvimento humano que ajuda a humanidade a evoluir. O
lado perverso desta característica é a insatisfação constante e a
incapacidade de valorizar pequenas conquistas, aprendizagens e
sucessos.
A quinta dica é: não deixe seu filho/a decidir que celular ele quer, que
pacote de dados e de chamadas você irá adquirir para ele/a. São os
pais que devem decidir de acordo com as condições econômicas da
família e a conveniência. Não faz muito sentido dar um equipamento
com mil possibilidades e pacotes de navegação infinitos e depois
querer regular o tempo que passam na internet.
6 – É na adolescência que aprendemos a diferença entre uma
brincadeira para descontrair e nos aproximar dos outros e a ofensa, o
bullying e o assédio. A regra é simples: se o/a outro/a se sentiu
ofendido você deve parar.
A sexta dica é: adolescentes precisam aprender que ofender, agredir e
humilhar alguém é uma atitude socialmente e juridicamente
inaceitável, inclusive na internet.
7 – Por mais paradoxal que pareça ao senso comum, adolescentes
gostam de aprender. Eles estão em busca de conhecimento que lhes
facilite a vida e aumente sua realização pessoal. Mesmo que os seus
próprios amigos, conhecidos e pessoas da mesma idade sejam a
principal fonte de informação quando se trata da internet, pais e os
adultos em geral também são levados em conta quando percebem que
a informação é compartilhada e não imposta.
A sétima dica é: disponibilize aos adolescentes, informações, dicas,
procedimentos, cartilhas, sites, aplicativos, ferramentas que lhes
ensinem a fazer um uso seguro da internet. As dicas sobre o uso
seguro da internet devem ser como camisinha. Se você não tem muita
habilidade para conversar sobre a importância do uso, como se usa,
quais as consequências de não usar, simplesmente disponibilize.
Deixe na gaveta dele/a ou num lugar acessível. Faça o mesmo com as
dicas de uso seguro da internet, incluindo canais de ajuda e denúncia
para possíveis casos em que se sintam vulneráveis.
8 – As regras de convivência que propiciam mais e melhor interação
familiar para além da internet devem ser seguidas também pelos
adultos. De que adiantaria um discurso favorável ao equilíbrio se, na
prática, os pais exageram na atenção à telinha para resolver seus
assuntos particulares ou de trabalho, em detrimento de momentos de
conversa, brincadeiras, atividades culturais e/ou esportivas com os
filhos?
A oitava dica é: mantenha a coerência entre o que você ensina e o que
você faz.
9 – A internet também pode motivar conversas entre adultos e
adolescentes. O meme do momento, a opinião de um influenciador
sobre um tema da atualidade, um artigo de uma revista eletrônica
podem servir de mote para trocar impressões, aprender e se divertir
juntos.
A nona dica é: mantenha um diálogo frequente com os/as
adolescentes. Quanto mais você conhecer do universo deles/as, mais
condições você terá de opinar e ajudar.
10 – O fenômeno da pós-verdade característico da internet (em que
fatos objetivos têm menos influência para moldar a opinião pública
do que apelos à emoção e às crenças pessoais) afeta a todos – adultos
e adolescentes. Boatos são reproduzidos como verdades, com forte
impacto na formação de opinião e comportamento.
A décima dica é: ajude os/as adolescentes a ponderar a veracidade de
determinadas fontes de informação, comparar informações de
diversas fontes, encontrar fontes legítimas e desencorajar o
compartilhamento de informações sem checar as fontes. Além disso, a
internet hoje é fonte de renda para muitas empresas. Os adultos
podem contribuir para o desenvolvimento de senso crítico por parte
dos/as adolescentes para que compreendam quem e como essas
empresas lucram, com um marketing digital que nem sempre é muito
explícito e pode induzir desejos de consumo, tendências de moda e
comportamento.

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