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O que é Fato Social?

O fato social é o instrumento social e cultural que determina a maneira de agir,


pensar e sentir na vida de um indivíduo.

Esta definição foi formulada por um dos fundadores da sociologia, o francês Émile
Durkheim (1858-1917).

Para Durkheim, o fato social é o conjunto de regras e tradições que estão no


centro de uma sociedade. Assim, o fato social obriga o ser humano a se adaptar
às regras sociais.

Exemplos de fatos sociais são as normas de convivência, valores e convenções


que existem independente da vontade e da existência do indivíduo, como explica
Durkheim.

Características do Fato Social


Segundo Durkheim, o fato social está na percepção do indivíduo. Por isso, o
comportamento do ser humano será condicionado por realidades sociais que
limitam as atitudes aceitas pela sociedade.

O fato social deve atender a três características: a generalidade, a exterioridade e


a coercitividade.

Generalidade
Os fatos sociais atingem toda a sociedade e, portanto, são coletivos e não
individuais. Desta maneira dizemos que os fatos sociais acontecem com a maioria
e alcançam a todos de forma geral.

Exemplo: num jogo de futebol, os torcedores cantam incentivando seu time,


vestem-se com o uniforme da sua equipe e gritam quando sai o gol. Todas estas
ações são esperadas e não precisaram ser previamente explicadas, pois já fazem
parte de um evento esportivo.

Exterioridade
Os fatos sociais são exteriores ao indivíduo, ou seja, existem antes dele nascer e
também acontecem de forma independente da ação individual.

Exemplo: tomando o jogo de futebol novamente. Se um indivíduo desejasse


impedir os torcedores de gritar gol, quando o seu time marcasse, dificilmente
conseguiria ou seu comportamento seria visto como estranho. Afinal, já é
esperado que fãs de uma equipe comemorem um gol desta maneira.
Coercitividade
A coercitividade é usada com dois significados pelo sociólogo francês.

Primeiro, a coercitividade está relacionada ao poder que os padrões culturais de


uma sociedade são impostos aos integrantes.

Essa característica obriga os indivíduos a cumprirem os padrões culturais e


sociais que nem sempre estão de acordo, mas que são convenções e existem
apesar do indivíduo concordar com elas ou não.

O segundo significado da palavra coercitividade é utilizado para descrever o poder


que a lei exerce na vida de um indivíduo. Desta maneira, o ser humano pode não
concordar com o modo que a sociedade funciona, mas aceita, por medo de ser
punido pela lei.

Na coercitividade cultural, o ser humano pode passar vergonha ou


constrangimento, caso não cumpra o comportamento social relacionado ao fato
social onde esteja inserido.

Já a coercitividade da lei é punitiva, no sentido que o indivíduo pode sofrer multas


e privação de liberdade.

Exemplos de Fato Social

A educação escolar é um fato social que está presente na maioria das sociedades
e molda o indivíduo

Fatos sociais são comportamentos simples do cotidiano, como tomar banho, pagar
os impostos, ir a encontros sociais ou fazer compras.

Todos sabemos que devemos tomar banho diariamente, a fim de conservamos


nosso corpo limpo, evitar doenças e o mal cheiro. Da mesma forma precisamos
pagar impostos para que o governo possa manter os serviços sociais funcionando.

Todas essas ações são organizadas e obedecem a uma rotina, são respeitadas e
têm poder real sobre o indivíduo. O fato social, conforme Durkheim, afeta toda a
sociedade.

Outro exemplo clássico de fato social que foram estudados em profundidade por
Durkheim é a educação, pois está presente na vida do indivíduo desde a infância
e o afetará durante toda sua trajetória, moldando seu comportamento social.

Durkheim definia a escola e sua influência nestes termos:

"O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em


que está inserido, a saber quais são suas origens e as condições de que depende.
E não poderá sabê-la sem ir à escola, começando por observar a matéria bruta
que está lá representada."

Conceito de ação social em Max Weber


O conceito de ação social baseia-se no processo comunicativo entre sujeitos, tomando
como ponto de partida o sentido dado pelo autor de uma ação e seu objetivo.

Em meio ao grande labirinto de interações que tomam grande parte de nossa


convivência diária em uma sociedade, não é raro nos encontrarmos em situações
em que acabamos nos preocupando com os significados ou o sentido que podem
ter nossas ações para as pessoas com quem nos relacionamos. Afinal de contas,
nossas interações com os demais indivíduos estão relacionadas com uma parte
muito importante de nossas vidas sociais: a comunicação.

A teoria sociológica da ação social foi amplamente trabalhada pelo teórico Max


Weber, que acreditava que a principal função da Sociologia era compreender os
diversos aspectos da ação social. A ação social é entendida por Weber como
qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que, no entanto,
possua um sentido determinado por seu autor. O contínuo processo de
comunicação está intimamente ligado ao conceito de ação social. A manifestação
do sujeito que deseja uma resposta é manifestada em função dessa resposta. Em
outras palavras, uma ação social constitui-se como ação a partir da intenção de seu
autor quanto à resposta que deseja de seu interlocutor.

A partir desse entendimento, Weber justifica que a função dos esforços


sociológicos é justamente tentar compreender os sentidos dados às ações
humanas em suas relações sociais. As relações humanas e, por sua vez, as ações
que estão inseridas no contexto dessas relações possuem sentido atribuído a elas
por seus autores. Para que se compreenda o processo de comunicação e de
interação social, é necessário, então, que se compreenda o sentido da ação, bem
como, ainda mais importante, desvende-se o objetivo do autor da ação em seu
esforço comunicativo. Peguemos, por exemplo, a ação social de um abraço, que
pode carregar uma infinidade de sentidos. O autor da ação, ao realizá-la, deseja
que seu interlocutor apreenda o sentido que desejou implantar em seu ato, e não
apenas que entenda o sentido genérico do ato de abraçar.

Weber ainda faz distinção em relação a tipos ideais de ações sociais. É importante
entender que o estabelecimento de tipos ideais, método comum da teoria
weberiana, não busca construir tipologias fixas nem mesmo buscar classificar o
objeto em questão. Eles nos servem como parâmetro de observação, um “boneco”
com características fixas que serve apenas como ponto de comparação entre o que
é observado e sua obra teórica. Com isso em mente, Weber estipula quatro tipos
ideais de ações sociais: a ação racional com relação a fins, a ação racional com
relação a valores, a ação afetiva e a ação tradicional.

Uma ação social é considerada como sendo relacionada a fins quando é


tomada tendo em vista um objetivo racionalmente estabelecido, no qual o autor da
ação busca atingir um resultado e, para isso, utiliza os meios necessários. A
conduta científica em busca do entendimento de um fenômeno é um exemplo.

Uma ação social é entendida como sendo relacionada a valores quando o autor


da ação orienta seu sentido de acordo com seus valores e convicções pessoais. O
autor orienta o sentido de sua ação de acordo com o que acredita ser correto, o
que pode ser observado no exercício das ações baseadas em crenças religiosas ou
políticas.

A ação do tipo tradicional está alicerçada em hábitos e costumes firmados na


vivência do sujeito. Age-se de determinada forma porque sempre se agiu assim.

Por fim, a ação do tipo emocional é realizada com base nas emoções do
indivíduo. O objetivo é mostrar sentimentos pessoais, como o choro do luto ou a
risada de momentos alegres, sem, no entanto, levar em consideração os fins que se
deseja atingir.

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