Atividade 3: O aluno deverá entregar relatório de ao menos um documentário dentre
estes selecionados para ser assistido, o relatório deverá conter necessariamente a relação entre o conteúdo e a área do direito com o qual o documentário trata.
Retirado de: https://www.youtube.com/watch?v=or3mNrjTUxA
RELATÓRIO
O documentário retrata entrevistas e dados a respeito dos crimes cibernéticos que
surgiram e aumentaram drasticamente conforme a tecnologia e a internet tornou-se acessível para a maioria das pessoas do Brasil e do mundo. De modo geral, a principal preocupação demonstrada é a relação entre a quantidade de crimes virtuais cometidos com a ausência de pessoas qualificadas e leis específicas sobre o assunto. O Ministro Gilson Dipp, entrevistado no documentário, aponta que “nós (os juristas brasileiros) não temos tipificações penais adequadas para essa gama de crimes que podem ser praticadas através da internet”. Por se tratar de crimes, o documentário é diretamente conectado ao Direito Penal, entretanto, suas consequências afetam pessoas físicas e jurídicas das mais diversas esferas. Nos últimos anos, diversas ferramentas jurídicas de relacionadas a internet surgiram no Brasil, como o Marco Civil da Internet, a Lei Carolina Dieckmann e a Lei Geral de Proteção de Dados, mas, como novamente apontado pelo Ministro Gilson Dipp, a maior parte dessas leis não são voltadas para a esfera criminal especificamente. No âmbito processual penal, o grande desafio é a tentativa de enquadrar os crimes cibernéticos com o fim de promover a devida justiça. A ausência de especificidade na lei causa a necessidade de analogia que, apesar de ser um elemento jurídico comum, pode gerar diversas nulidades processuais, o que não aconteceria diretamente se houvesse tipificação estreita a respeito de cada tema. Outra complicação é a complexidade da internet em si. A tecnologia evolui a cada dia e, com isso, novos métodos surgem e com eles a possibilidade de mais crimes serem praticados. Não obstante, os criminosos podem se utilizar de meios que dificultem aos investigadores seu encontro, escondendo seu IP ou triangulando sua localização para outro país; além disso, muitos crimes cibernéticos podem ser feitos em outro país. Quando são considerados internacionais e dependem da ajuda e suporte de outros países, o que dificulta ainda mais o trabalho da justiça. Um tema recente que não foi explorado no documentário, uma vez que à sua época ainda não ocorrera nenhum escândalo a respeito, é a fake news como método de manipulação. O assunto, frequentemente em voga, recebeu atenção especial do mundo quando descobriu-se que uma empresa chamada Cambridge Analitica obteve dados de usuários do Facebook para direcionar propagandas políticas de Donald Trump durante o período eleitoral dos Estados Unidos. Posteriormente e atualmente, no Brasil, a quantidade de notícias falsas durante as eleições, geradas nas redes sociais e através de aplicativos de mensagem como o Whatsapp, causou grandes estragos, uma vez que as notícias propagavam falsas informações a respeito da oposição do então candidato – e atual presidente, Jair Bolsonaro. Recentemente instaurou-se a CPI da Fake News, buscando averiguar os ataques cibernéticos que atentaram contra a democracia e o debate público e a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições presidenciais 2018. Ainda que não tenha sido explorado pelo documentário, o assunto “fake news” tornou-se um dos mais populares no mundo e também deve ser atentado ao legislador no momento em que os crimes cibernéticos forem regulados. Em suma, constatou-se que urge a necessidade de se instituir uma legislação pertinente aos crimes cibernéticos. Milhares de pessoas são vítimas todos os dias desses crimes – muitos nos quais a internet é mera ferramenta, outros nos quais a internet é elemento, onde, na sua inexistência, o delito não seria possível. A precariedade jurídica nesse aspecto é visível, entretanto, em momentos como este que o Brasil – e o mundo – estão passando, surgem diversos obstáculos que tornam esse debate não tão prioritário quanto deveria – como a infinita corrupção já enraizada em praticamente todo setor público brasileiro, a pandemia de Corona Virus e a constante ameaça presidencial (e de seus aliados) da instauração de uma ditadura militar.