Você está na página 1de 11
apres ARTIGOS INTERNACIONAIS Psicomotricidade e Psiconeurologia: Introdugdo ao Sistema Psicomotor Humano (SPMH)* Vitor da Fonseca** Introdueao a uma Abordagem Filogenética 0 objectivo fundamental da presente comunicasio ¢ provocar uma inte- racgio transdisciplinar entre a Neurologia, a Psicologia e a Matricidade. A ideia principal procura perspectivar e desenvolver a nogdo de que a Motri- cidade 6 uma forma basica de adaptagio de qualquer espécie, o que envolve, 86 por si, uma Neuroanatomia de sentido comparativo e evolutivo De acordo com SARNAT c NETSKY (1981), aneuroanatomia comparada reflecte uma complexidade creseente da motricidade, complexidade organi- zativa essa, associada a uma evolucao bicantropolégica, que cada vertebra- do possui, € expressa, na sua relagio com o envolvimento e na sua capaci- dade de utilizagao dos recursos ecoldgicos. Outros autores, como BOURRET e LOUIS (1983), enquadram aevolugao do sistema nervoso em substractos neurolégicos que sao responsaveis pela promotricidade, pela paleomotricidade e pela arquimotricidade, até atingir ‘a neomotricidade, ou soja, a emergéncia de uma motricidade intencional, de uma motricidade portadora de significagbes extra biolégicas equivalente portanto, a psicomotricidade. A motricidade humana, envolve um processo novo, uma tomada de consciéncia, um sistema de representacves, isto é, um salto qualitativo nos sistemas de significantes, cuja amplitude ¢ complexi- dade é desconhecida na motricidade animal. ‘Como € que em termos evolutivos e sistémicos se adquire e atinge,a psicomotricidade? Que condigves s6cio-histricas sao necessérias garantir @ que substractos neurolégicos a integram? ‘Pensamos que em primeiro lugar, ha que olhar para a nossa dimensio filogenética. Sem compreendermos a razao da nossa evolugao antropolégica eo lugar que ocupamos na Natureza, torna-se dificil entender o significado da nova motricidade, que obviamente transcende a fungio do muisculo. Apesar do "misculo mover o Universo" (GRANIT, 1977), limitar a motrici- dade a um produto final ¢ insuficiente para captar asua complexidade como processo integrativo e elaborativo, ‘De acordo com a perspectiva neurolégica evolutiva de PLOOG (1970), as, reas e os centros funcionais do cérebro do primata e do Homo Sapiens, apresentam uma grande diferenciagao espacial, o que nos ajuda a pereeber a diferenga entre motricidade (equipamento caracteristico de qualquer RESUMO, Neste aig aprecentnae una perspacivn t ‘ons vonogentia, frente Nera os Weticzate Humana = de pcemotdade& n> roticesan 0 uo: aprsens ahaa @ Stone Pecomsiet Murano con an suas pcpeabies Eisen « or tau tubsstomas posers Prana tn, oF ails eiso nevopecologcareta oe nena Pr ee {C3 baseatnnumaatora pene (se fa Poceoton de. Forse, 1950), ra al se Nectens 0 mato propos for Lia om tree UNITERMOS “To igraieta pease ra vata “Eas aio Epueo eabagi™ Val Prolaesor Aeocade Caridad do Univers (de Tecnica So toa (SEP FONSECA, V. - Paicomotrisidads« Peconeurologia:Introduqio ao ‘Ree, Neuropsig. da Inféncia e Adoleseéneia 23): 23-99, 1904 Sistama Pscomotor Humano (SPMED 24 FIGURA Cada venebrado possi uma mtrcidade prépia cua evelugo reuroanat6mica materiliza ma interacsoespesfiea entre ocércheo, corpo e oenvalvimente we. euto FIGURA2 {A Hierarguia dos cenrosnervoss subertende uma organizao Plurineuronal da motricidae, desde a protomoticidade & eomotricidade LHIERARQUIA DOS CENTROS NERVOSOS vertebrado) e a psicomotricidade (funcionamento desse equipamento e especificamente, humana). ‘De uma forma global, a grande expansao est reser- vada aos campos frontais (de planificagao motora), tem- i [wis 56) ‘rea pie infror [9 ho is 7) sistemalinbico [9 7 mss) cérex motor la sa mss 21 ‘ecatona (3 fae sis 175 fea tempore 10 iiss nis 9) _ 77 mis 17 Taaoen? — |ssoem? | (muis 600) porais (de integragdo ¢ elaboragio da linguagem ¢ da estruturagio temporal do movimento) e parietais (de integragao da imagem do corpo), ou seja, representam as fungies complexas, uma vez que as reas do accao motora ¢ de projeceao sensorial constituem, parametros de org nizagio extrinseea de todas as espécies (HEBB, 1976), Por isso, nao apresentam expansoes significativas. ‘Na drea occipital, a avolugao verficada, est ligada & componente espacial do movimento, aferéncia de dados extracorporais de grande relevancia na elaboragao da noomotricidado. Na drea parietal inferior, a expansto & ainda mais signifieativa, area esta associada a integra- Ho téctiloquinestésica da imagem do corpo, verdadeiro Somatograma que reune sistémicamente os dados intra- corporais de auto-referéncia. O sistema limbico, rela nado com a integragio sensorial e afectiva, apresonta ‘uma expansio reduzida & qual estao ligadas fungdes paleomamiferas de grande signifieado ontogenética, n20 86 no que respeita a integragao das atitudes, bem como, rogue cancerne ao conforto emocional ecorpral, sistema crucial da linguagem corporal e nao verbal, e factor de integragao endopsiquica e energético-motivacional aque riltiplas formas de motricidade estao aggoriadas. O ‘cértex motor, com uma expansio de 21 cm* demonstra também, que a expansio nesta area nao é quantitative. mente extraordindria, uma ver quo, quer no animal quer no ser humano, preside ao processo de expressao motora om a activagao das células piramidais. A érea frontal, ‘om uma expansio quéntica, tem certamente a ver com 1 motricidadle superior "higher function"), dado que est envolvida na elaborugio de praxias, verdadeira motrci dade transcendente onde so localiza drea suplementar ‘motora, (ROLAND, 1984, 1980, e ECCLES, 1985) "piloto cibernético” onde se operam sistemas sinergéticos com- plexos de sequencializacéo espacio-temporal intencional, que consubstanciam na sua esséncia, a motricidade cons: ¢rutiva exclusiva, intriseca e peculiar do ser humano. A FONSECA, V. - Picomotricidade ¢ Przoneuroogia Intro 00 ‘Sistema Psicontor Humana (SPMD ‘Rev, Neuropsig. da Infancla e Adolescéneta 3(3): 29:9, 1904 rea temporal, érea de grande expansioe ligada & fungao da linguagem, e no fundo ao processo de encefalizagio, participa igualmente, na integracio temporal, sequén- cial e eurftmiea da motricidade ideacional. A miscelan- dia, obviamente associada A organizacao intrinseca do cerebro, parece reflectir a inespecificidade das éreas ter- cidrias, com as quais o ser humano produz as mais, ‘complexas e organizadas fungbes cognitivas donde emer- ge a claboragao da motricidade humana. Esta area, que nos distingue do animal, demonstra que o cérebro huma- rondo é tanto sensorial nem motor, mas sim, associativo ¢ integrativo, de forma a tornar a motricidade num produto final que possui processos elaborativos comple- xos, Apesar de desfrutarmos com os outros mamfferos, formas posturais ¢ motoras similares, atitudes emocio- nais e reflexos basicos de orientacao idénticos, porque possuimos estruturas subcorticais préximas, a motric dade humana envolve as areas associativas integradas, ‘inicas da espécic. (FONSECA 1982). Introdugao a uma Abordagem Ontogenética Esta organizagéo, muito complexa desde o bébé a adolescéncia, evolui de acordo com WALLON (1969), do acto a0 pensamento, e de acordo com PIAGET (1964), da inteligencia pratica A inteligéncia reflexiva, através do tuma ontogénese, cujas estruturas esto inacabadas e inconclusas quando nascemos. Tais estruturas vao-se ‘transformando, aquilo a que PRESCHTL (1981), doter- minou por factores transientes, isto 6, consubstanciam a transigio de sistemas funcionais com longo passado filo- genético, em sistemas novos, cuja complexidade crescen- tee sistémica, que envolve uma sistemogénese composta de subsistemas, se vai hierarquizando da inffincia & adoleseéncia, ‘Tais subsistomas como: a Tonicidade, a Equilibragio, 1 Lateralizagao, a Nogao do Corpo, a Estruturagio Espa- cio-Temporal, a Praxia Global e a Praxia Fina, consti- ‘tuem a organizagdo psicomotora humana. Dorecém-nas- cido & maturidade pubertal, opera-so uma verdadeira ontogénese sistémica, que s¢ estrutura numa evolugao psicomotora e se complexifica pela experiéncia integrada durante a vida adulta, Do adulto ao geronte, algures num ‘momento determinado pelo relogio genético, vai-se dar ‘uma desmontagem deste processo, ou seja, a retrogénese psicomotora onde se vai dar uma delapidacdo sistémica {da mosma organizacao, isto 6, da Praxia Fina a Tonici- dade (FONSECA 1981, 1982 ¢ 1986). AJURIAGUERRA (1974 e 1976), reforga este modelo de evolucao e de involugao psicomotora, modelo este, que tem por base uma organizagao ténico-emocional, garante energético da seguranca gravitacional (AYRES, 1982), que culmina, transientemente, na postura bipede, que por sua vez, d4 suporte, posteriormente, & organizardo FIGURAS Da onlogentse&retragénese, T - Tonicidade:E - Equilibrago, |L Latralizagio: NC - Nogo do Corpo; BET - Estruragio Espacio-Temporal; PG - Praxia Global e PF -Praxa Final ‘Adolescéncia Adulto (Representagdo) Planiticagio) PF PF AS PG | PG EF \ arly g| eer “Bl ne |B Bixc L 6 & L “ 3 E ) E ~ 1) \ t Bebe Geronte (Acgiio) (Acgao) FIGURAS ‘A onganizagio psicomotora humana envelve em primero lugar, a ‘rganizago motora de base, re posteriormerte a organizago do plano organiza vertical ascendeate dos ‘moter, tendo em aengi substractosreurlégicos. smaruragko terran Marugacho ALAMIEA aruracho, EMEDULAK FONSECA, V- Pricomotreidade e Puconeuralogia: Intredugdo a> ‘Sistema Psicometor Human (SPM) ‘Reo, Neuropsig. da Infancia ¢ Adolescéncia (2) 28-38, 1994 26 do plano motor (planificagao motors), que envolve o con- ceito de melodia einética introduzido por BERNSTEIN (1967), e mais tarde, aprofundado por LURIA (1966 ¢ 1975), Introdugao ao Sistema Psicomotor Humano 0 Sistema Psicomotor Humano (SPMH), que emerge dos fundamentos filogenéticos e ontogenéticos atrés re- ferenciados, baseia-se em estruturas simétricas do siste- ‘manervoso, compreendendoo tronco cerebral, ocerebelo, ‘omesencéfalo eo diencéfalo, que constituem a integracao e a organizacao psicomotora, fundamentalmente, da To- nicidade, da Equilibragao e parte da Lateralizagao, que integram substractos neurolégicos de grande passado filogenético, e de certa forma, inerentes & maioria dos vertebrados, e também de estruturas assimétricas com- preendendo os dois hemisférios cerebrais, que assegu- ram a organizagio psicomotora da Nogio do Corpo, da Estruturagao Espacio-Temporal e da Praxia Global ¢ Fina, exclusivas da espécie humana, devido & sua com- plexidade organizativa e sistémica. FIGURAS ‘SPM -um sistema total compost de subsistemas 4 aa ( ey sn) { ves ) i ue ast ) FIGURAS (0 movimento voluntsrio 6 um prod final que resulta de wm complexo procesto cerebral segundo Luria, 1975, A dinamica sistémiea do SPMH, requer a participaczo Gialéctica e total da trés unidades funcionais do eérebro proposta por LURIA (1975). Este modelo de organizasao funcional, ja confirmado por inimeras investigagées em individuos com miltiplos traumatismos e disfuneées, ‘confere ao eérebro a fungao da integragio, elaboracao & expresso do movimento voluntirio. ‘AT’ unidade, que compreende as funcdes psicolégicas vvitais da integragdo polissensorial e fisiognémica, bem como, da atengao e da vigilincia intrassomatica, consti- ‘tui o éubstracto neurol6gico dos factores psicomotores da Tonicidade e da Equilibragao. ‘A2" unidade, que compreende as fungbes psicolgicas de anslise, sintese, armazenamento, associagao visual, auditiva e tactilo-quinestésica intra ¢ interneurossenso- rial, intra e interhemisférica, constitui o substracto nou- rroldgico dos lobos occipital, temporal e parietal, rospon- saveis pela organizagao dos factores psicomotores da ‘Nocao do Corpo, da Bstruturacéo Espacial e Temporal. ‘A.3° unidade, que compreende as fungdes psicoldgicas de planificagio, programagao e regulagao, tém por mis- flo, transformar a informagao intra © extrassom: um projecto motor e numa intencionalidade, inclui substracto neurolégico dos lobos frontais, responséveis pela organizagao dos factores psicomotores da Praxia Global ¢ da Prazia Fina (FONSECA, 1985). FONSECA, V.- Picometricidade ¢Priconeurologia:Introdugio a0 ‘Sistema Puicomotor Humane (SPMD Ree, Neuropeig. da Infdneia ¢ Adolesctneia 23): 23-83, 1994 27 (2 Unidade) REGULAGAO TONICA DE ALERTA £ DOS ESTADOS MENTAIS ‘Tonicleade ‘tengo, Sono Selegi da Informagio Repulagoe Ativagio [Equilibeagio| Vigiincia -Tonicidade | Facto -Iibigio Modulagio Nevro-Tonica Integragio Imer sensorial Factores Psicomotores| Sistemas Substractos Anatémicos Focmagio rexiculada [Meats sistemas vesbulaes |Tronco Cerebral proproceptivos \cerebelo /atrturas Takimicas (Unidad) RECEPCAO, ANALISE E | ARMAZENAMENTO DA INFORMACAO |LateraizagSo Recepeoe andlise sensorial, Ongani2agio espacial e temporal. SimbolizasSeesquematca, |Nogio do Corpo Descoificagioe caitiagio. Processamenta, [Bstracurgo ‘Armzenameno Integragoperceptiva dos proprioceptorese dos |Espacio-Terporsl telerecepres, ‘Laboragdo gésica (@Unidade) PROGRAMAGAO, REGULACAO E VERIFICAGAO DA ATIVIDADE Invengoes Planes Sinise Elaborago Préxica Execugio Conegio Sequeniaizago das Operagdes Copaiivas [Praxia Global Praxia Fina lAreas Associatvas corals |Cétex Cerebral \secundériaseterctrias) | Hemisério Esquerdoe Dieito [Cento associative posterior |Lobo-paietal (actilo-Quinestésco) [Lobo occipital (visual) |Lobo temporat (ative) sistema Piramida deocindico Areas pré-Fronais (ea 68) [Cento associative anterior (Cénex motor (Comex pé(psco) motor ‘Lobos frontais AAs trés unidades om pormanente interaceo formam, uuma constelapao de trabalho que processa a motricidade, organizando-a antecipadamente antes que se constitua em produto final. Tal constelagao de trabalho, verdadeiro sistema harmonioso e auto-organizado, composto de sub- sistemas espalhados pelo todo cerebral, preside & orga- nizagdo psicomotora humana, como conjunto de compo- nentes ordenados ¢ integrados, conferindo ao movimento voluntério, uma arquitectura operacional de estruturas corticais c subcorticais. A teoria classica sabre 0 movi- mento voluntério, defendia que este teria a sua origem nas grandes células piramidais do eértex, eélulas com grandes axénios que conduziam os impulzos & medula espinal. Sabe-se, segundo LURIA (1975), que outras 20- nas participam no movimento voluntario: (1) zona pos- central, que se ocupa do feed-back sensorial tactilo-qui- nestésico, precedente dos misculos; (2) zona parieto-oc- cipifal, que est implicada na orientagao espacial do ‘movimento; (3) zona pré-motora, que se ocupa da sequen- cializagao do comportamento motor, ¢ a, (4) zona frontal, que tem por missdo a programagao dos movimentos. Para ‘omesmo autor, as lesdes nas diferentes zonas dao lugar a diferentes perturbagies comportamentais e a diferen- tes disfuncoes psicomatoras, A constelacéo psicomotora sistémica de nivel supo- rior, contém um nivel sintéctico © um nivel analitico, susceptiveis de se traduzirem reciprocamente em multi: pplos programas e subprogramas processados a niveis Intormédios e inferiores, © SPMH, composto pelas trés unidades funcionais que envolvem substractos nourologicos especificos a que correspondem as fungdes psicoldgicas ¢ os factores psico- ‘motores ja abordados, envolve uma sintese aferente que ‘emerge da funcao, de nivel molecular, desde o fuso mus- cular, da eélula de Renshaw, dos corpiscalos de Golgi, das coactivagies alfa-gama, até as multiplas excitagies FONSECA, V.. Picomotrisidode e Prconeuroogia Intro oo Sistana Phicomtar Humana (SPMD Rev, Neuropsig. da Infancia e Adolesctneta (9) 29-93, 1994 28 reflexogéneas, quer Tabirinticas, quer proprioceptivas © fexteroceptivas, Trata-se de uma sintese de todo o univer- ‘0 intrassomAtico, que o o6rebro necossita para se adap- tar ao meio exterior envolvente, uma vez que 0 ser hhumano se notabilizou, e se notabiliza, pela sua capaci- dade de produzir e assimilar conhecimento extrassomé- tico (SAGAN, 1985), ‘0 SPMH 6 um sitema aberto, uma vez que recebe matéria e energia do seu mundo envolvente, ao mesmo ‘tempo que se apropria dolas, assimilando-as e ineorpori- zando-as, em termos de desenvolvimento. Como sistema ‘otal, possti componentes (subsistemas) que fazem parte de-um eonjunto, conjunto esse que possui propriedades e atributos, para além de relagdes internas de efeito rect proco e interdependentes funcionalmente, e obviamente ‘afectados, pelo meio onde ele ge estrutura e se complexi- fica. Propriedades do SPMH © SPMH possui, portant, vérias propriedades que ‘nao se exeluem métuamente, uma vez que ele 6 um todo ‘nico, Dentrode tais propriedades destacamos as seguin- tes: = Totalidade: 0 SPMH 6 um todo tinico, composto de varios subsistemas ou factores psicomotores:‘Tonicidade, Equilibragdo, Lateralizagao, Nocao do Corpo, Estrutura ‘gao Espacio-Temporal, Praxia Global e Praxia Fina. Tra- ta-se de um todo holistico e intogrado, e nao meramente, de um sistema somative ou duma’ colectividade sem ‘qualidades préprias, A nogio de integragdo psicomotora 6 erucial ao SPMH, * Interdependéncia: 0 SPMH constitui-se numa ges- talt exactamente porque 0s factores psicomotores se in terrelacionam ese afectam miituamente, quer em termos de maturagao e organizacio neurolégica, quer em termos de planificagao motora. Hé uma combinagdo mitua entre 4a Tonicidade e a Equilibragio para assogurar o controlo postural, assim como, a Lateralizagdo, a Nogao do Corpo © a Estruturasio Espacio-Temporal se interrelacionam para elaborar qualquer tipo de Praxia. Os factores psico- motores esto correlacionades, cada um integra-se nos outros, coibem-se funcionalmente em diferentes graus de liberdade, dat que cada disfungao num factor psicomotor produza mudangas em todo o SPMH. A nogio de familia Psicomotora, ou de sistema de factores interactuantes, ‘ajuda-nos a compreender os sinais disfuncionais difusos da crianga disprézica em todos os factores psicomotores da SPMH (FONSECA, 1986). = Hierarquia: 0 SPMH, como sistema complexo que é, ‘contér niveis de organizacio de complexidade crescente, consubstanciando uma hierarguia sistémica de factores psicomotores simples, como a Tonicidade e a Equilibra- FONSECA, V. - Picomotrcidade « Piconeurlopia:Inroduoto ao ‘Sistema Psicomator Hamano (SPM {gho, de factores psicomotores mais complexos, como a Lateralizago, a Nogto do Corpo e a Estruturagéo Espa- cio-Temporal e, de factores hipercomplexos, como as Pra~ xxins, A nogio de hierarquia ilustra 0 desenvolvimento psicomotor humano; primeiro dependente da apropris- ‘edo da postura bfpede e do controlo postural, e 36 mais tarde, da elaboragdo e expresso ideocinética, o que em si evoca um progresso continuo, quer filogenético quer ‘ontogenético; -Auto-regulagio e controlo; O SPMH é teleoldgico, isto 6, esta orientado para determinados fins. 0 SPMH € governado pelos seus propésitos, pois 6 controlado pelas suas finalidades. 0 sistema regula o seu comportamento para realizar os fins, pressupondo uma cibernética e uma adaptagdo ao meio exterior, na base de feedbacks multi- pplos. A cibernética psicomotora, facilita-nos a comprecn- so da nogao de praxia, como a materializagao de uma intengao, de que se ocupa a 3* unidade funcional de LURIA, ou melhor, a drea suplementar motora de ROL- LAND, depois de rechamar constelagées sinergéticas por ‘meio de intmeros processos de controlo e de feedback. eérebro néo pensa em miisculos, mas sim, em fins & ‘tingir como afirmoa SHERRINGTON. Os’ meios (que envolvem a participagao dos outros factores psicomoto- tes) sao organizados e animados pelas estruturas sobcor- tieais, O SPMH reune em si, uma estrutura cibernética de controlo, que cria programas que precedem o m mento propriamente dito, isto 6, uma antecipagao da faccao que permite impregné-la de uma constante repre sentasao psicoldgica. = Interaegdo com 0 mundo envolvente: 0 SPMH, como sistema aberto possui sistemas de alimentagao (input) e de desearga (output), reforgando a inseparabilidade dos processos de pereepgao, de pensamonto e de acgao. Os Gados extrassomaticos interagem com os intrassomati- 0s, através da mediagao intrinseca do e6rtex, supra-sis- tema que comunica dialecticamente com os seus sub-sis- ‘temas. Isto é, as Praxias constituem 0 produto final, que ‘resulta da sintese aferente e reaferente e da coactivagao aferente e eferente inerente ao SPMH. O SPMH afecta 0 meio envolvente, e este afecta o SME, um ¢ concomi- tante do outro, O perfil psicomotor do individuo, depende sempre da integridade dos substractos neuroldgions, © bem assim, da sua experiéneia pretérita, dat a importin- cia interactiva do SPMH; - Equilibrio: O SPMH possui uma homeostasia, atri- uto associado A auto-regulagdo e & organizagao sistémi- ca. Tal homeostasia evita a entropia que € caracteristica dos sistemas fechados, Trata-se de uma montagem, da trianga para 0 adult, e de uma desmontagem (retrogé- nese) do adulto para geronte, que visa a obtengio e a manutengao de um equilibrio, que pode ser posto em ‘causa por um proceso traumiético ou patologico (WAL LON, 1992). 0 SPMH esta portanto apto para captar desvios e carrigi-los por meio de dinamicas cibernéticas proprias; - Adaptibilidade: 0 SPMH porque se tem de adaptar ao meio envolvento em constante mudanea, 6 um sistema ‘adaptével. Como sistema avancado, deve ser capaz de processar mudancas e de as reajustar consoante as exi- géncias envolvimentais, a partir das quais se estrutura progressivamente através de uma morfogénese espectfi- ‘ca, Tal morfogénese, inconclusa a nascenca, diferencia~ se, sistematiza-se e contraliza-se progressivamente, quer em termos de simultaneidade, quer em termos de s ‘quencializagio de informagio. Na centralizagdo progres- siva (processo de encefalizagao), um determinado subsis- tema tende a tornar-se cada ver mais importante na orientagao do sistema, isto ¢, adrea euplementar motora donde emerge a planificagao motora. Outros subsistemas passam atermaior dependénciado subsistema principal, azo pela qual as Praxias macro e micromotoras, inte {gram dados ténico-posturais, somatognésicos intra e ex- tracorporais e espacio-temporais, que conferom ao movi- ‘mento voluntério a qualidade de adaptabilidade e de disponibilidade que caracteriza a natureza realmente dinamica do SPMH, sistema capar de seleccionar uma resposta duma pluralidade de alternativas, exactamente aquela que satisfaz mais plenamente o organismo, num ‘momento dado, e numa situagio dada, de acordo com as necessidades que ocorrem entretanto, F dentro deste coneeita que a melodia cinestésica, proposta por LURIA, confere & motricidade humana uma propriedade de transcendéncia, a qual se deve a Evolugao Instrumental Civilizacional;, = Equifinalidade: O SPMH visa um fio e uma meta, executa, portanto, uma tarefa, Um certo estado final pode ser realizado de multiplas e variadas formas: a macromotricidade para as fungoes posturais e locom toras da atividade Ivdica e expressiva; a micromotrici- dade para as fungdes artisticas, grafomotoras e instru- ‘mentais; e, a oromotricidade para as fungoes da lingua- gem. Tal estado final, pode ser aleangado em vérias condigdes envolvimentais, ilustrando a adaptabilidade do SPMH, sistema capaz de processar dados recebidos Gnputs) de diferentes modos, a fim de produzir a mo- tricidade (output), como projecto, materializando 0 pensamento, o psiquico, ou seja, o conjunto de fenéme- ros psfquicos formando uma unidado pessoal e singu- lar. A motricidade € viedria do psiquico ("vicarious behavior" de MUENZIGER, 1983). A motricidade eq vale ao pensamento, representa-o, ela 6, simultanea- mente, processo e produto da actividade cortical, e & nesse contexto, que se constitui como neomotricidade psicomotricidade. OSPMH, éefectivamente, um sistema aberto compos- to de um conjunto de factores psicomotores com proprie- dades e atributos, que se interrelacionam, com 0 meio envalvente para formar um todo unico (perfil psicomotor intraindividual), Trata-se de um sistema que possui qualidades de: totalidade, interdependéncia, hierarquia, auto-regulagao e controlo, interac¢ao como meio envol- 29 FIGURAT © movimento votuntro requer a parcipacto do eénex de associio (ASSN CX), do cerbel eterl (CBM la), dotlamo ventral anterior ‘externa (VA VLTHAL}, qu respectvamentecontzibuem com 3 [Noglo do Corpo ea Estrturacio Espacio-Temporal, com 8 Equlibragio, ecom a Laeralizagio. Assess evocam as miiplas lnteraogtes da cierntia psicomoter FIGURAS Registro dos potenciais corebrais que precedem os movimentos volurtrios (C3, C4 e C2) potencias fronts ascendentes que se regisram antes da atvagio do c6riex moto. vente, equilibrio, adaptabilidade e equifinalidade. (BER- ‘TALANFY, 1968, HALL e FAGEN, 1968). ‘A seqiiéncia espdcio-temporal intencional de PIAGET (1960) e de GESCHWIND (1972 e 1985), que caracteriza omovimenta intencional e voluntétio, envolve uma ideia, uma formulagio, uma antecipagdo, como demonstram 05 modelos de ALLEN e TSUKAMARA (1974) por um lado, ede KRISTEVA e KORNHUBER (1978), por outro (EC- CLES, 1977 e 1985). FONSECA, V.-Paisomotrieidade« Peiconeurologia:Itradupdo ao ‘Sistema Psicomotar Humane (SPA) ‘Ree. Neuropsig. da Inféncia e Adolevctncia 23): 29-33, 1994 30 Sintese de um Ensaio Exprimental - Factores Psicomotores a Luz de A.R. Luria De acardo com os pressupostos psiconeuroldgicos © sistémicos da psicomotricidade que acabémos de apre- sentar, tentdmos desenvolver uma BATERIA PSICO- MOTORA (BPM - FONSECA, 1980 ¢ 1985), composta ‘por situagoes ¢ tarefas distribuidas pelos sete factores Psicomatores, em cujo manual estio deseritas e especifi- cadas as cotagves ¢ 0s respectivos procedimentos. Dentro dos parametros de cotagio diferencidmos os, seguintes: ——— Cotacio [Nivel de Realizagio | Nive Privico 1 ponte |Reatzagéoincomplet,inadequadse | Apeaus impertita 2 ponios |Realizagao com diculdades Dispos \deconrolo 2 pontos [Realizasio completa aequadae | Eupraxia _|contoiada “Fpontos |Realzag petit, prods, meld e |Hiperpraxia com fcidades de conrlo ‘Tendo como referdncia 0 modelo neuropsicolégico de AR. LURIA, a primeira unidade funcional do cérebro compreende 0 estudo dos dois factores psicomotores da Tonicidade e da Equilibragdo, factores esses essenciais {grande conquista antropolégiea da postura bipede. ‘Na Tonicidade, observamos a extensibilidade, a pas- sividade, as paratonias, as diadococinésias as sinciné- sias, em suma, tentémos estudar as fungdes de integra- ‘20 ténico-postural o intorsensorial, bem como a defensi- vidade tact e a atencao.e vigilancia tactico-quinestésica que compreendem o perfil euténico, que retratam no fundo, a integridade funcional do tronco cerebral, da substincia reticulada e das estruturas subtalamicas © talémicas. Na Equilibragdo, procurémos observar ¢ caracterizar ‘o nivel de integracao vestibular eo controlo dos circuitos cerebelosos na imobilidade, no equilibrio estaticoe di ico. Estas estruturas, cuja evolucao filogenética é, em certa medida, paralela ‘ao cértex, pois também possuem ‘um arquicerebelo, um pareocercbelo e um neocerebelo, ppossuem fungies muito especializadas a nivel da estabi- Iidade postural, onde tantamos identificar o papel da seguranga gravitacional, como elemento crucial ¢ rele- vante de uma motricidade superior e transeendente, que permitiu ao ser humano construir um novo envolvimen- to, acrescentando & Natureza um “envolvimento invisi- vel", ou melhor, um envolvimento de aprendizagem a custa de uma motricidade construtiva muito complexa e organizada posturalmente, nas quais posteriormente a fabricagao de instrumentos surge como embriao da pro- dugdo de um mundo sécio-cultural. "A segunda unidade funcional do cérebro, compreende co estudo de trés fatores psicomotores: a Lateralizagdo, Nogdo do Corpo ¢ a Estruturagao Espécio-Temporal, fatores gnésicos e referénciais, essenciais & produgio de ‘uma motricidade intencional e ideacionalmente integra- da, Na Lateralizagdo, observimos essencialmente a do- mindncia ocular, auditiva, manval, pedal, inata e adqui- rida, para além da orientagao intracorporal simbélica (priméria, eruzamento da linha média do corpo e rever: sibilidade direcional) ‘A fungdo da Lateralizagdo, que envolve um mecanis- ‘mo biisico da integragSo sensorio-motora e bilateral oru: zada do corpo, est associada a especializagio hemisféri- a, que é uma eondigao fundamemtal para que qualquer aprendizagem motora e simbélica (meta-motora), isto é, psicomotora, seja apropriada e engramada. O hemisfério direito (hemisferio postural de QUIROS, 1975), integra organiza as fungdes proprioceptivas, que no ser huma- no, devide a sua motricidade superior, foram promovidas corticalmente, enquanto o hemisfério esquerdo, ao liber- tar-se da proprioceptividade, se encarrega das tarefas verbais e simbélicas mais complexas. ‘Acvolugao do ser humano, filogenética e ontogeneti- camente, esté portanto associada a uma hierarquia fun- tional que pasta primeiro pelo hemisfério direito, e de- pois pelo hemisfério esquerdo, consubstanciando uma transigao das funeées psicomotoras as psicolinguisticas ‘Segundo LURIA, a 2" unidade funcional do cérebro é reponsdvel pala integragao tactilo-quinestésica da Nogio do Corpo (somatognésia), que compreende a percepeio das sensagbes intracorporais (inputs proprieceptivos) ea importéncia da evolugao da auto-referenciagao endopst- quica fundamental a estruturagio do Eu e da personali dade, o substracto da auto-consciencializacao, sem a qual ‘ actividade intencional no se clabora nem integra. Na BPM, observémos neste factor psicomotor 0 sentido qui- nestésico, aimitagaode gestos (exterognésias), odesenho do corpo e um “puzzle” do corpo. Nesta unidade funcional, que se ocupa das funges associativas interneurossensoriais, cabe também a inte- ggragaio dos dados do espaco e do tempo, isto é, a Hsirutu ragdo Espacial-Temporal. Tratam-se de dados essenciais (feed: backs e feed-forwarde), que requerem a activacao complexa intra e extrapessoal, imprescindivel & melodia cinestésica. Para que as zonas frontais, como a rea prémotora, a drea suplementar motora e’a area motora primaria, programem, regulem e decidam o movimento voluntédrio, é necessario que se opere uma programacio interna de rotinas e subrotinas que rechamam aferén- cias, nas quais, as partes do corpo que se vao mover FONSECA, ¥.-Peicometricidade ePsconearaegia: Introdugdo ao Sistema Psicomotar Humane (SPA ‘Rev, Neuropsig. da infincia © Adolesctneia 23):23-83, 1994 31 (Nopao do Corpo), a direcso dos movimentos (Estrutu- ragio Espacial), a duragdo ¢ a natureza balistica dos, ‘mesmos (Estruturagdo Temporal), bem como o ndmero de movimentos isolados e armazonados na meméria, que ‘yao ser reutilizados, a fim de que uma complexa sequén- cia de programas motores soja deseneadeada. Neste sen- tido procuramos observar a organizagao espacial, a es truturagio dindmica com fésforos, a representacao topo- grifica ¢ a estruturagio ritmica. Na3*unidade funcional, de claboragio ¢ programagio motora, reside o subsiste ma principal da Praxia Global e da Pravia Fina, que compreendem a sequéncia metédica ¢ espdcio-temporal intencional, numa verdadeira planificagdo motora ("mo- tor planing"), que envolve a sintese dos dados aforentos, actilo-quinestésicos, espaciais, temporais e objectais) rechamados da 2" unidade funcional, para que a motrici- dade resulte melédica, econémica, dispontvel e plastica, ‘em produtos macromatores e micromotores, verdadeiros produtos da evolugao do eérebro, emergentes de uma translagao da intencionalidade em motricidade, que ‘mesmo na prépria linguagem (que na sua esséncia nao passa de uma oromotricidade) tom de ser traduzida em comandos motores ordenadamente sequencializados. O ser humano possui, de facto, uma motrieidade psi- quicamente organizada, sécio-culturalmente estrutura dae sistemicamente integrada. A motricidade humana é indissociavel das fungBes psfquicas que Ihe dio origem e das estruturas neuroldgicas que as concretizam. Somos uma espécie que possui substractos neuroldgicos da mo: tricidade com grande passado ilogenético, isto €, subcor- ticais (aubsténcia reticulada, cerebelo, ganglios da base, paleo e neostriatum, pallidum, putamen, ntcleos cauda dos, tilamo, otc.) ¢ substractos neuroligicos corticais recentes (Grea suplementar motora, cértex_pré-motor ete.). Uns, fornecem dados que emergem da Tonicidade, da Equilibragio e da Lateralizagio, certamente ligados FIGURAS (© campo frontal visual (FEF) representa o subsistems principal ds ‘organizaglo micromotora as vias extrapiramidais,teleocinéticasecorebelosas. Ou ‘0s, formecem dados da Nogao do Corpo, da Estruturagao Espacio-Temporal, que suportam as fungées de antecipa- ‘6, para além da Praxia Global e da Praxia Fina que fatdo ligadas As vias piramidais ¢ ideocinéticas. fecti- vamente, a Praxia Fina demonstra que o ser humano € ‘uma espéeio que possui um centro visual no lobo frontal, ochamadocarnpo frontal visual (frontal eye field" - FEF de ROLLAND, 1284), suportando a hipstese de alguns ‘movimentos intencionais requererem uma orientacdo dependente de informagies sensoriais muitos complexas fe diversificadas, que entram em jogo nas tarefas de ‘anipulagdo criativa, no desenho, na fabricagao de ins- ‘ramentos, ou mesmo até, na microcirurgia e em multic plos gestae profssionais Na BPM, obsorvémos as eriangas do nosso ensaio experimental no factor da Prasia Global; na coordenagao ‘eulo-manual, na coordenacio éculo pedal, nas disme- trias inerentes e na dissociagao e planifieagao motora Quanto & Prazia Fin, cbservames: a coordenagao dina aniea micromanual com clips, a dextralidade com pérclas dle madeira, o tamborilar e uma prova de papel e Tapis de velocidade precisao (ntimero de pontos ¢ de cruzes eproduzides em 30 segundos num papel quadriculado normal) ‘Ahierarquizagdo da motricidade humana, queilustra ‘uma evolugdo filogenética e ontogen¢tiea, da seguranga gravitacional a motricidade global, e desta & motrieidade fina, da macromotricidade & micromotricidade, da prato- motricidade aneomotriidade, algo de grande significado para a compreensao da evolugio da espécie, é em cert ‘medida, o alicerce do desenvolvimento biopsicossocial da O nosso ensaio experimental (FONSECA, 1985), com base na BPM, contendo o estudo dos sete factores psico- ‘motores em 120 eriangas normais com idades compreen- didas entre os 4 anos ¢ 058 anos e 11 meses, reflecto,n 86, tal hierarquia, como sustenta a organizacao funcional de cérebro proposta por LURIA, como podemos constatar na elevada correlagao dos factores psicomatores abaixo apontados na matriz de correlagao eno modelo neuropsi- comotor, ‘A motricidade humama (a dinica do reino animal que se pode considerar psicomotora),jé nfo pode ser concebi- da como mero produto da activagao do eértex motor (rea 4), uma vez que, antes deste gerador motor actuar, ha uma ampla elaboragdo que depende do uma ideia inte riorizada,¢ de um eanjunto de estimulos exteriores, que em si dio lugar @ um plano de movimento, onde se definem objectives, se seleccionam subrotinas autométi- case se rechamam programas anteriormente aprendidos ¢€ armazenados. O plano inicial, eoncomitante do plano de execugdo motora, tem ainda de desencadear uma sequéncia espacio-temporal, produzir "Teed-backs", adaptar o plano As cireunstancias e atingir o objective previamente estabelecido, através de modularizagoes e FONSECA, V.» Psicomotrcidade « Plconeurlegia:Inrougio a0 ‘Sistema Peicomotar Humana (SPMID Rev, Neuropsig. da Infancia e Adolescéncia 23): 29-3, 1004 32 FIGURA 10 Matiz de conejo do BPM, onde as correlayes mamas surgem enze a Nogo do Corpo e a Paxia Global e Fina, ene a Fstutrag£o Fspicio:Tempora ea Paxia Fia e entre as das Praxas, confrmando a arcuitectrassémica eneuopsieldpica ds factrespscomotoes. MATRIZ DE CORRELACAO INTER GRUPOS ‘Tonic Equi. Lateral, N.Corpo Eon. PraxiaG. | PraxiaF. emp loor ‘oss lose os [oe (oa “023 lon i080 [a0 loz [oss Lois [o.tss| lo [ | lose 100s 100 | on" 100" 1.00" FIGURA 11 Modelo neuropsicomotor da BPM, segundo FONSECA 1985. reprogramagies automsticas, até obter o movimento ter~ ‘minal, Tudo ista pilotado pela drea suplementar motora, verdadeira central de cooperagio de varios factores psi comotares, que chama antecipadamente as informaghes ‘énico-posturais, tonico-emocionais, envolvimentais.e so- ‘matognésicas, numa complexa interacclo sinergética, entre dados intra ¢ extra-corporais que vao permitir a formulagao da melodia cinestésica, isto 6, 0 movimento vicério do pensamento, Conclusdo A plasticidade do Sistema Psicomotor Humano (SPMED, retrata em sintese, a integragio de conccitos cibernéticos e psiconeurolégicos, uma vez que a totalida- de do pensamente humano, consiste no fundo na expres- sao da sua motricidade. ‘SUMMARY {A phogenate and antogenete approach, with seme reterances 1 the hiorarhy ofthe nenous cents response forthe evan of huran ‘ect Ispreconted, ram tha lowest prtaknactfo te highest neo ‘inects stctures. Tho A introduces also, a model ofthe Human FONSECA, V.-Paicomotricdade «PoconeursogisIntrodago 20 ‘Slime Pricomotor Humano (SPMA) ‘Rev, Nouropalg da Infincta e Adolesedncia 23): 29-9, 1904 33 Psychomotor System based in is systomic proprigies and in soven psychomotor subsystems tonal, posture, aol, body notion, sata fad tomparal organization gical prasa and fine prava, al alae wih {tree tnctona brains unte sugested by Luna. Final, an quase-orper ‘mental essay wit 120 chien tram 4108 years old's xposed based on 2 Poycromotar Baty (Batera Psicometor de V. da Forseca 1980), ‘Standing the Lul's model by a conlavona sty. KEY WORDS Psyookinects Referéncias Bibliograficas 1. AJURIAQUERRA J. do (1974)- Manuel de Psychiatrie chez "E> fant Ed. Masson & Ce. Pai (2 en} 2, AJURIAGUERRA, J. do (1976-1960) - Resume des Cours, Chalre {de Nouropsyenologie du Development «Ed. Colége de France, Pars. Alen, Gi, Tsukahata, (1974) Corobrocerebelar Commun: ‘salon Systems, In Physiol Revi. 1? 64 3. AYRES, J. (1082)-Sonsory integration andthe Child-E¢ Wester Peychologial Servcos, Los Anges 4. BERNSTEIN, NA, (1967) - The Coordination and Regulation of Movements - Ed. Pergamon Pres, Ord 5, BERTALANFY, L. (1968) Goneral System Theory: Foundations Development and Aplications -£4.G. Brazil, N. York. 6. BOURRET, P.eLOUIS R.(1988)- Anatomie du Systéme Nervoux Cenral- E, Expansion Scent fq Franale, Pats ECCLES, J. @ POPPER, K. (1977) The Self and its Brain - Ea Springer int Berm, 8, ECCLES, .(1985)-O Movimento Velutiia-In Hexégone, Roc 12,086. 9. FONSECA, V.da(1961}-Contrbuto para Estudo do Génese da Peleomotieidade- Ea Notas, Lisboa, (3 e3930), 10, FONSECA, Vda (1982)- Escola, Excola quem és tu? Porspoctl- ‘vas Palcomotores do Desenvolvimento Humano -E4. Notas, {oa (ea) om oo-auor 11, FONSECA. V6 (1980) Factores Picoretoresaluzde AR. Lua In Revista do Deservotvimento da Crianga, volume Ia? 1 @2, JaneiDezembre (nova sé} 12, FONSECA, Vda (1082) Filogénese da Motrieidade de-Porspoc: {iva Biosntropologiea do Desenvolvimento Humana - E005 70 soo 19, FONSECA, V. ds (1986) - Gerontopscomotiidade de: Ume ‘bordagem ao concele da eto genet Pscoetara In Rev. Ro- ‘abiltagso Humana, Vo, 2 1 16, 18. ” 18. FONSECA, V. 6a (1865) - Construedo de um Modelo Newropsh Colégico de Reablltagde Pslcometora. Tese de Doutoramento, UT SEF. FONSECA, V. da (1968) - Algumas Aetoxdes sobre A Cranes Deprisica in Temas do Psicomatricidade, UTL ISEF. EER, 3. GESCHVIND, N. (1972) - Anatomical Evoluton and the Hurram Brain In But, Orton Society, XX CGESCHWINO, N. (1985) - Bllegical Foundasons of Reatng. nF DutlyN. Gscrind (Els )-Dystoxia;aNeruroscience Approach to Clinical Evoution - Ed. Lite Brown 0 Co, Boston, GRANT, R. (1977) - The Purposive Braln - Ed. Mascachusote Ingbute 3 Techonalogy, Boston, 19, HALL, AD. @ FAGAN RE. (1968) -Dtnon of stom. In Modern 20. 21 24, 25. 26. 2. 28, ‘System Researehfor the Behavioral Scientist E9, Wator Buco, Ed Aine “Chisago. HEE, 0. 1976) The Organization of Bahavir- Ed. John Wiley, Nc York. KRISTEVA.H, @ KOANHUBER, HH. (1978) - An elect Sign of Peritpaten the Mesial Supplementary Moser Cortex in Human Vo luntary Finger Moveror. I Brain, 150 LURIA, AR, (1965)- Higher Cortical Functions In Man - Ed Basic Books, York. LURIA, AR. (1975) - The Working Brain = Ed. Pegun Books, London. PIAGET, J. (1960) -Les Prasies chez Enlant In Rev. Neurol 102 PIAGET, J. (1964)-La Nalesance de LInteligence chez enfant Es, Oalachaur ot Miost6, Neve. PLOOG, D. o Col. (1970) - Aras of Ragons of Corebral Coax. In Neurosci Res. Symp. n"6. PRESCHTTL, H, (1961) - The Study of Nour Development as a Perspecive of Cincal Problems, In Maturation and Development Ea: Gonnoly and Preseht, Ea Spas Iver Medi. Publ, Landon ‘QUIROS, 18,1975). Postural Sytom, Corperal Porton anc ‘Canguaga. In Foundations of Language Development Ed, Encl. Lannebarg. Academic Press, N Yok. ROLLAND, PE. (1980) -Suplomantary Motor Area and ther Cont ‘cal Areas in the Organization of Vluntry Movements in Man. In. Neurophysiology, 42, ROLLAND PE (1984) Organlzaton of Motor Cental by te Normal Human Brain. in Rev. Human Neurobiology, Vol 2,4 ‘SAGAN, ©. (1085)- 3 Dragies do Edon Ed. Gradva- Lisboa, (SARNAT, HB. e NETSKY, MG, (1981)- Evolution of the Nervous. ‘System “Ea. Oxf Uni Press, N. York. \WALLON, H. (1968) - Do Acto ao Pensamento- Ed, Portupéla Lebo \WALLON, H. (1952) - Syndromes e'nsutfisance Psychomotrce ‘et Types Payehomoteus In An, Med. Psychol FONSECA, V.-Psisomotriciade ¢ Paiconeurologia: Introdugio a2 ‘Sistema Pricomotar lumane (SPME) Ren, Neuropsig. da Infancia # Adoleseéneta 2(3): 29.33, 1994

Você também pode gostar