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Por que dizemos ‘custam caro’ em vez de ‘custam

caros’?
Por Sérgio Rodrigues - Atualizado em 31 jul 2020, 05h13 - Publicado em 10 out 2013, 17h01

“Li numa revista de prestígio, do tipo (cada vez mais raro)


que trata a língua portuguesa com respeito, a seguinte frase:
‘Boas escolas custam caro’. Sei que a frase é considerada
correta, mas sempre me atrapalhei com isso. Se as escolas
são caras, no feminino e no plural, por que dizemos que
custam caro, no masculino e no singular? Que concordância
é essa?” (Luiz Accioly)
Na frase trazida ao consultório por Accioly, a palavra caro não é um adjetivo que
concorde com o substantivo escolas, mas um advérbio que modifica o verbo custar –
e portanto é invariável.

Se a frase fosse, por exemplo, “boas escolas são caras”, teríamos um adjetivo, com
todas as flexões correspondentes. Ocorre que caro se liga a custar do mesmo modo
que o advérbio alto se liga a falar (“eles falam alto” e não “eles falam altos”), feio ao
verbo brigar (“aqueles dois brigaram feio” e não “aqueles dois brigaram feios”) e
direto aos verbos passar ou ir (“todos os meus alunos passaram direto” e “os carros
foram direto para a oficina”, e não “todos os meus alunos passaram diretos” ou “os
carros foram diretos para a oficina”).

Em todos esses casos, temos a forma mais curta do advérbio, sem o sufixo mente que
deixaria mais explícita a ligação da palavra com o verbo. Trata-se da mesma forma
assumida pelo adjetivo, o que explica a confusão de Accioly

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