Contrato

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turn-key DE TRANSPORTE
IMPERMEABILIZAÇÃO
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instalação de geomembranas
ENGENHARIA/2008
585

INDIARA GIUGNI VIDAL**

esquisadores internacionais têm veri- • Lagoa de emergência: 124,80m x 74,80m -

ficado que mesmo nas obras executa-
das com rigoroso Construction Quality As-
surance Program (CQA) ou asseguramento
da qualidade, ocorrem muitos dos danos ou
defeitos, não por deficiência da qualidade da
instalação e sim pela colocação das camadas
de solo de proteção ou de concreto e de dre-
nagem sobre a geomembrana. Em algumas
obras estes defeitos podem atingir mais de
70% entre os detectados. Neste contexto, a
execução da instalação e da proteção mecâ-
nica pela mesma empresa tem sido uma prá-
tica que procura minimizar problemas deste
tipo de dano.
Ao contrário de grandes obras – como
construção de metrô, rodovias, indústrias
e conjuntos residenciais, entre outros – em
instalação de geomembranas um contrato
profundidade média: 5m.
A inclinação dos taludes de todas as lagoas
foi de 1V:2H.
As lagoas foram revestidas com geo-
membrana de PEAD lisa, espessura de 2mm,
fabricada em matriz plana, fornecida pela En-
gepol Geossintéticos Ltda. e a instalação foi
executada pela Tecnoplás - Comércio e Ser-
viços Técnicos em Termoplásticos Ltda. Sob
a geomembrana foi projetado um sistema
drenante e sobre esta uma camada de pro-
teção mecânica de concreto com espessura
de 8cm. A figura 1 mostra a vista geral das
lagoas prontas.
PROJETO EXECUTIVO
O projeto executivo foi bem detalhado,
assim como o memorial descritivo para im-
FOTOS: DIVULGAÇÃO

“turn-key” é muito interessante do ponto de permeabilização e revestimento das lagoas,

vista de haver menos danos à geomembrana,
que constitui a barreira impermeabilizante,
principalmente quando está especificada
uma proteção mecânica de concreto, de
solo ou uma camada drenante de areia. Isto
porque a empresa que executa a instalação
da geomembrana realiza também todos os
serviços que envolvem a colocação de ou-
tros materiais sobre a mesma, a qual possui
técnicos treinados e capacitados para tomar
os cuidados necessários.
DESCRIÇÃO DA OBRA
Trata-se de uma obra industrial localizada
no interior de São Paulo, constituída por qua-
tro lagoas de tratamento de efluentes com as
seguintes dimensões:
• Lagoa de aeração: 166,90m x 61,90m - pro-
fundidade média: 9m.
• Lagoa de estabilização: 170,30m x 104,50m
(irregular) - profundidade média: 5,50m.
• Lagoa de equalização: 146,80m x 82,80m -
profundidade média: 5m.
e seguiram as recomendações da IGSBR
GM 01/03 – Instalação de Geomembranas
Termoplásticas em Obras Geotécnicas e de
Saneamento Ambiental – Recomendações
para Projeto, a qual será publicada como
norma ABNT NBR.
O projeto executivo recomendava no me-
morial descritivo, que o sistema de imperme-
abilização e a proteção mecânica de concreto
deveriam ser executadas pela mesma empre-
sa especializada em instalação de geomem-
branas e com experiência comprovada.
O solo de apoio da barreira impermea-
bilizante é constituído por argila arenosa,
tendo o nível água a profundidade variável
de 4m a 8m. Em função da topografia local,
parte da área de implantação das quatro la-
goas foi em corte e parte em aterro do mes-
mo solo. O aterro foi controlado com grau
de compactação de 98% Proctor Normal.
Drenagem
No fundo das lagoas, sob a geomem-
brana, foi projetado um sistema drenante
constituído por uma malha de drenos tipo
“espinha de peixe” com três ramos prin-
cipais, um no centro de cada lagoa e dois
paralelos ao central, nos pés dos taludes.
As dimensões dos três drenos principais
foram de 0,40m de largura por profundi-
dade variável de 0,40m a 1,15m e dos se-
cundários foram de 0,40m de largura por
profundidade variável de 0,20m a 0,46m.
Nos drenos principais, além da brita 2 foi
colocado um tubo de PEAD corrugado e
perfurado. Todos os drenos foram reves-
tidos com geotêxtil nãotecido antes da
colocação da brita.
Sobre a malha de drenos foi projetada
uma camada de 10cm de areia média com-
pactada.
A figura 2 mostra a execução dos drenos
em forma de “espinha de peixe”.

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IMPERMEABILIZAÇÃO
Sistema impermeabilizante
A figura 3 mostra a seqüência das cama-
das do sistema impermeabilizante da barrei-
ra, que foi composto por um geotêxtil não-
tecido de 200gr/m2 aplicado sobre a camada
de areia no fundo das lagoas e diretamente
sobre o solo compactado nos taludes. Sobre
o geotêxtil foi colocada a geomembrana de
PEAD lisa, na espessura de 2mm e sobre esta
um geotêxtil nãotecido de 200gr/m2, com a
função de proteção. Sobre o último geotêxtil
foi aplicado um filme de polietileno (PEBD)
com espessura de 0,05mm, com a função de
evitar a drenagem da água de reação da cura
da camada de concreto da proteção mecâ-
nica. A figura 4 mostra a camada drenante
de areia sendo lançada no fundo da lagoa e
o geotêxtil sob a geomembrana sendo colo-
cado nos taludes e a figura 5 mostra a colo-
cação da geomembrana com as ancoragens
Figura 1 - Vista geral das quatro
lagoas implantadas
temporárias, constituídas por sacos preen-
chidos com terra.
Proteção mecânica de concreto
A figura 6 mostra a execução da prote-
ção mecânica constituída por uma camada
de concreto de 8cm de espessura, armada
com tela Q113, a qual foi concebida com o
objetivo de:
• Evitar danos a geomembrana durante a
limpeza e manutenção da lagoa, durante a
operação;
• Permitir a construção
dos detalhes necessários
para o tratamento do
efluente (veja figura 7).
Quando não há camada
de concreto sobre a ge-
omembrana, as bases de
concreto construídas para Figura 3 - Seção transversal da barreira
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Figura 2 - Execução dos drenos tipo “espinha
de peixe”
a fixação dos equipamentos e das paredes di-
visórias da lagoa são conectadas a geomem-
brana através dos perfis ou insertos de PEAD.
A experiência tem mostrado que durante
a limpeza e a manutenção ocorrem danos, por
falta de cuidado, que colocam a unidade fora
de trabalho, até que sejam corrigidas as falhas.
Por outro lado, a conexão da geomembrana
em estruturas de concreto se dá através de
solda por extrusão, que é uma descontinui-
dade que pode dar problema de vazamento
futuro, caso não seja bem executada.
CONTROLE DE QUALIDADE DA
INSTALAÇÃO DA GEOMEMBRANA
O memorial descritivo do projeto exe-
cutivo recomendou minuciosamente toda
a seqüência para o controle de qualidade
conforme a IGSBR GM 01/03, e como hou-
ve fiscalização por parte do proprietário e
a empresa instaladora possuía certificação
ISO 9001, a especificação deste controle,
conforme listada a seguir, foi seguida sem
nenhum problema:
• Controle do recebimento, descarregamento
e armazenamento das bobinas.
• Exigência do certificado de qualidade con-
tendo as propriedades da geomembrana, for-
necido pelo fabricante.
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Figura 4 - Camada drenante de areia sendo
lançada no fundo da lagoa e o geotêxtil sob a
geomembrana sendo colocado nos taludes
• Aprovação da superfície de apoio da geo-
membrana e das canaletas de ancoragem.
• Colocação da geomembrana.
• Emendas: cuidados a serem observados na
execução das soldas.
• Ensaios não destrutivos para testar a es-
tanqueidade das soldas. O ensaio de pressão
de ar foi exigido em 100% das soldas duplas
por termo-fusão (veja figura 8). O ensaio da
caixa de vácuo foi pedido para todas as sol-
das por extrusão, e o ensaio da faísca elétrica
ou “spark test” foi solicitado onde não era
possível fazer o ensaio de vácuo, como em
superfícies irregulares ou curvas, e também
para a verificação da estanqueidade global,
após o término da instalação, através da
“varredura” de toda a superfície da geomem-
brana instalada.
• Os ensaios destrutivos, para avaliar a qua-
lidade das soldas, foram feitos a cada 300m
sempre no final das soldas, para evitar repa-
ros com manchões na área instalada, visando
atender as resistências ao cisalhamento e ao
Figura 7 - Lagoa pronta com a barreira
impermeabilizante, a proteção mecânica
e as bases de concreto para paredes e
equipamentos já executados
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Figura 5 - Colocação da geomembrana de
PEAD no talude e ancoragem temporária com
sacos preenchidos com terra
descolamento especificadas na GRI Test Me-
thod GM 19.
• Relatórios de todos os ensaios realizados.
• Apresentação do “as built” indicando as
posições dos painéis, soldas, interferências
e defeitos.
Nesta obra o proprietário fiscalizou todos
os passos da instalação através de um enge-
nheiro, o qual exigia além de todos os controles
acima citados, a calibração da máquina de solda
no início do dia e ao meio dia, devido à elevação
da temperatura. A calibração é feita através dos
ensaios destrutivos em tiras de geomembrana.
CONCLUSÕES
Este trabalho mostrou um caso de obra
no qual houve projeto executivo correta-
mente especificado e detalhado, fiscaliza-
ção rígida da instalação e da execução da
camada protetora de concreto armado e
instalação por empresa especializada com
experiência comprovada. Esta obra que
cumpriu todos os requisitos necessários
para que haja um bom desempenho du-
rante a sua vida útil, serve de exemplo para
mostrar que é possível atender todas as re-
Figura 8 - Ensaio de pressão de ar na solda
TRANSPORTE
Figura 6 - Execução da camada de concreto
para proteção da geomembrana
comendações da IGSBR GM 01/03, Projeto
de Norma 02:153.19-017 - Geomembranas
Termoplásticas – Instalação em Obras Ge-
otécnicas e de Saneamento Ambiental, que
será publicado como norma da ABNT. Com o
cumprimento destes requisitos todos os en-
volvidos lucram, o proprietário porque terá
uma obra segura, quanto a possibilidade de
haver um futuro passivo ambiental, e com
baixo custo de manutenção, o instalador
porque não terá que dar assistência técnica
pós-construção freqüente, o projetista por-
que terá assegurado que a obra terá o de-
sempenho previsto no projeto e o fabricante
da geomembrana que garantirá o desempe-
nho do material conforme previsto em suas
especificações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.ABNT – PROJETO 02:153.19-017 (2006).
Geomembranas Termoplásticas – Instalação
em Obras Geotécnicas e de Saneamento
Ambiental.
2.GRI TEST METHOD GM 19 (2005).
Standard Specification for Seam Strength
and Related Properties of Thermally Bonded
Polyolefin Geomembranes, rev. 2, GSI, Drexel
University, USA.
3.IGSBR GM 01/03 (2003). Instalação de
Geomembranas Termoplásticas em Obras Ge-
otécnicas e de Saneamento Ambiental - Reco-
mendações para Projeto, IGS Brasil – Associa-
ção Brasileira de Geossintéticos.
* Artigo apresentado no V Simpósio Brasileiro de Geossin-
téticos, junho/2007 – Recife (PE)
** Indiara Giugni Vidal é engenheira da Engepol Geos-
sintéticos Ltda.
E-mail: indiaragvidal@yahoo.com.br