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A Importância do Petróleo – A Geopolítica do

Petróleo
A geopolítica do petróleo actual decorre da grande importância desse recurso
natural, muito cobiçado por diversas nações do mundo.

A exploração do Petróleo é um dos principais componentes da Geopolítica actual

Falar de Geopolítica do Petróleo é falar dos cenários e dinâmicas


políticas globais referentes ao principal recurso natural da actualidade,
1
que esteve em boa parte dos últimos tempos em disputa pelas grandes
potências económicas internacionais.

Mas por que o petróleo é tão importante? – A Matriz Energética do


Mundo.
A importância do petróleo reside no facto de a humanidade ser, em sua
maior parte, dependente do uso de seus derivados, principalmente como
fonte de energia. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que
cerca de 60% da produção energética mundial advenha desse recurso.
Assim, considerando que o nível de consumo de um país está
directamente relacionado ao seu poderio económico, podemos dizer que
quanto mais desenvolvido for um Estado, mais dependente do petróleo
ele se torna.

Por outro lado, os derivados do petróleo não são apenas utilizados como
combustível. Eles são igualmente utilizados, como matéria-prima na
crescente indústria dos sintéticos (indústria petroquímica), e na indústria
dos lubrificantes. Por esse motivo, esse recurso possui um peso de ouro
na economia internacional, que é bastante vulnerável às oscilações do
seu preço, a exemplo do que aconteceu na década de 1970, na
chamada Crise do Petróleo.
Assim, aquela nação que possuir um maior controle sobre a produção e
exportação de petróleo fatalmente ficará em uma posição confortável nos
cenários político e económico globais, o que revela a importância da
compreensão dessa questão na actualidade.

A Matriz Energética Mundial.

O que é matriz energética?

O que é matriz energética? É um conjunto de fontes de energia


ofertado no país para captar, distribuir e utilizar energia nos sectores
comerciais, industriais e residenciais. A matriz representa a
quantidade de energia disponível em um país, e a origem dessa
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energia pode ser de fontes renováveis ou não renováveis.
A matriz energética mundial é composta, em sua maioria, por fontes
não renováveis – os combustíveis fósseis como petróleo, carvão
mineral e gás natural ainda constituem grande parte da energia
utilizada em todo o mundo.

Em todo o mundo, tem-se discutido a respeito da necessidade


de substituição da matriz energética baseada em combustíveis
fósseis e fontes de energia não renováveis. A questão ambiental é
prioritária nesse debate, contudo, a dependência do petróleo como
fonte de energia também é uma das causas dessa preocupação.
3
A geopolítica do Petróleo.

Quem são os países envolvidos na Geopolítica do Petróleo?


Podemos dizer que, de modo geral, os principais actores na Geopolítica
do Petróleo são aqueles países que possuem amplas reservas desse
recurso e também aqueles que o consomem em grande quantidade.
Assim, os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo) fazem parte dessa dinâmica, além de outras nações como os
Estados Unidos e a China, que estão entre os maiores consumidores da
actualidade. Observe o quadro abaixo:

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Quadro com os 10 maiores produtores, consumidores e reservas petrolíferas do mundo*

Conforme podemos notar, a Arábia Saudita é líder mundial na produção


de petróleo no mundo, o que influencia bastante em sua postura
geopolítica. Os Estados Unidos, por sua vez, mesmo estando em terceiro
lugar em produção, não são auto-suficientes, pois que este país é o
maior consumidor. Isso explica as diversas acções que esse país
realizou a fim de ampliar o seu mercado e baratear os custos de
importação do petróleo. Para se ter uma ideia, os norte-americanos
consomem cerca de 18 milhões de barris por dia, quase cinco vezes
mais do que o Japão, terceiro colocado em consumo do produto e mais
de dez vezes a produção diária de Angola.

Outra análise interessante nesse contexto é o papel crescente que os


BRICS (grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul) estão a desempenhar, visto que quatro
países desse grupo estão entre os 10 maiores consumidores de petróleo
do mundo, sendo que a Rússia e a China também fazem parte do grupo
de maiores produtores.

Além disso, é interessante notar que os países que mais produzem e


também que possuem maiores reservas estiveram recentemente
envolvidos, de uma forma ou de outra, em questões diplomáticas ou
militares. Citam-se os casos da Venezuela, que segue uma postura de
questionamentos e tensões com os EUA, assim como a Líbia,
recentemente invadida pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico
Norte) no contexto da Primavera Árabe. Isso explica também, ao menos
em partes, o porquê de o Oriente Médio ser tão instável politicamente,
afinal, essa região é responsável por 60% da produção mundial de
petróleo.

Qual é o papel de Angola na Geopolítica do Petróleo?


Angola está entre os grandes produtores de petróleo no continente
africano. As recentes descobertas de enormes reservas de petróleo nas
águas profundas e ultra-profundas do litoral angolana intensificaram a
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presença de Angola no contexto geopolítico do petróleo mundial.
Por esse motivo, será necessário que, nos próximos anos, Angola
intensifique a sua política externa de fazer frente às grandes
potências mundiais na Geopolítica do Petróleo, algo que já
vem realizando desde que aderiu à OPEP .
(Incluiremos neste texto uma adenda sobre o sector petrolífero
angolano e a sua importância para o desenvolvimento económico e
social do país.
Imagem alusiva às guerras provocadas por petróleo.

A Geopolítica do petróleo é hoje o campo multidisciplinar do


conhecimento cujo objecto é a disputa de poder em torno do petróleo ao
redor do mundo.

Nesta abordagem vamos focalizar as nossas atenções sobre os


seguintes aspectos:

 A criação da OPEP e outros eventos que


antecederam os choques do petróleo
 Primeiro choque do petróleo (1973)
 Segundo choque do petróleo (1979)
 Os anos dourados;
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 Década dos 80
o A reestruturação da indústria petrolífera
o A redução dos preços
o O colapso da União Soviética
 A Década dos 1990
o A Guerra do Golfo
o As disputas pelo legado da antiga União
Soviética
 A geopolítica do petróleo no século XXI
1. A criação da OPEP e outros eventos que
antecederam os choques ou Crises do Petróleo.

Países membros da OPEP em verde escuro .

Depois da II Guerra Mundial, o preço do barril do petróleo manteve-se


estável nas décadas de 1950 e 1960, oscilando entre US$ 1,50 e US$
2,00. Entretanto, durante este período o dólar sofreu uma
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desvalorização, causando prejuízos aos países produtores.
O petróleo barato ] foi essencial para a reconstrução da Europa
ocidental e do Japão. Também foi fundamental para a consolidação da
hegemonia dos Estados Unidos sobre o bloco capitalista e do estilo de
vida consumista dos americanos, conhecido como american way of life,
que foi utilizado como instrumento de propaganda contra a ameaça de
expansão do comunismo.
O mercado petrolífero era então dominado por um cartel de empresas
transnacionais, conhecido como “The Seven Sisters” (As Sete Irmães).
Cinco destas empresas eram sediadas nos Estados Unidos: a Standard
Oil de New Jersey (Exxon), a Standard Oil de New York (Mobil), a
Standard Oil da Califórnia (Chevron), a Texaco e a Gulf Oil Company.
Outra empresa era sediada no Reino Unido: a British Petroleum, actual
BP. E a última era sediada nos Países Baixos e no Reino U nido: a Royal
Dutch Shell. Havia ainda uma oitava empresa muito importante: a
Companhia Francesa de Petróleo, hoje conhecida como Total.
Em 1960, surge um cartel de países produtores para fazer frente ao
cartel das transnacionais: a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP). A indústria petrolífera da União Soviética se tinha
recuperado depois de ter sido destruída na Segunda Guerra Mundial. E,
agora, a União Soviética estava exportando petróleo para países fora do
bloco socialista, como a Itália. A reacção das transnacionais foi reduzir o
preço do petróleo para tirar a União Soviética do mercado dominado
pelas transnacionais. A redução dos preços implicava na redução da
renda petrolífera dos países produtores, pois era obtida por meio de
impostos sobre os lucros líquidos e pelo pagamento de royalties.
A OPEP, no início não foi bem sucedida, pois o valor real dos preços do
petróleo foi caindo ao longo dos anos de 1960 com a desvalorização do
dólar e as transnacionais continuaram negociando directamente com os
governos dos países produtores. Contudo, a procura crescente por
fontes de petróleo, por parte de países como a Itália e o Japão e por
empresas americanas independentes como a Getty Oil e a Occidental,
contribuiu para que os governos dos países produtores exigissem das
empresas condições que lhe fossem mais favoráveis. A chamada
repartição dos lucros líquidos fifty-fifty, ou meio a meio, foi conquistada
primeiramente pela Venezuela em 1943, durante a Segunda Guerra
Mundial, quando a Venezuela exercia um papel fundamental de fornecer
petróleo para os Estados Unidos, enquanto os Estados Unidos forneciam
petróleo para os seus aliados na Europa. O fifty-fifty gradativamente
tornou-se regra também no Oriente Médio, o que compensava em parte
a perda pela desvalorização do dólar e pela manutenção dos preços do
petróleo.

A Guerra dos Seis Dias-


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Em 1967, Israel e os árabes, liderados pelo Egipto, travaram mais uma
guerra, conhecida como a Guerra dos Seis Dias. O Egipto, mesmo tendo
sido derrotado por Israel, fechou o Canal de Suez, que ficou com o fluxo
interrompido até 1975, encarecendo o frete para o envio de petróleo para
o mercado europeu. Enquanto o canal esteve fechado, os navios
petroleiros teriam de contornar o Cabo da Boa Esperança, na
extremidade sul da África.

2. Primeiro choque do petróleo (1973).


Em 31 de outubro de 1973, o Ministro das Relações Exteriores do Egipto (esquerda)
encontra-se com Richard Nixon (meio) e Henry Kissinger, Secretário de Estado
americano, logo após o fim da Guerra do Yom Kippur.

Em 1969, um golpe de Estado derrubou a monarquia na Líbia e conduziu


o coronel Muamar Kadafi ao poder. O novo governo passou a pressionar
as companhias petrolíferas estrangeiras. Inicialmente, o governo exigiu
um aumento de US$ 0,43 no preço do barril, mas a Exxon ofereceu
apenas US$ 0,05. Na época, o Canal de Suez encontrava-se fechado e a
Líbia fornecia 30% do petróleo consumido na Europa. A Líbia também
pressionou a Occidental uma companhia independente dos Estados
Unidos, cuja produção de petróleo se concentrava na Líbia. O governo
líbio estabeleceu um corte na produção da Occidental, de 800 mil bpd
para 500 mil bpd, a fim de que a companhia cedesse às novas
exigências. Por fim, o governo líbio conseguiu um aumento de US$ 0,30
no preço do barril e um aumento nos impostos sobre os lucros líquidos
de 50% para 55%.
Em 1971, pelo Acordo de Teerão, as companhias petrolíferas aceitaram
a determinação da OPEP em estabelecer uma tributação mínima de 55%
sobre os lucros líquidos, um aumento de US$ 0,35 no preço do barril e
aumentos programados para os próximos cinco anos.

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A Guerra de Yom Kippur.
Em 1973, Anwar Sadat, que sucedera Gamal Abdel Nasser, após a sua
morte em 1970, levou o Egipto e a Síria a um ataque surpresa a Israel no
feriado do Yom Kippur. O propósito do Egipto era retomar a Península do
Sinai e a Faixa de Gaza, que foram conquistadas por Israel, em 1967, na
Guerra dos Seis Dias. Embora Israel tenha derrotado rapidamente o
Egipto e a Síria, após a guerra, como resultado das negociações de paz,
o Egipto retomou o controle sobre a Península do Sinai, alcançando um
dos seus principais objectivos. Como contrapartida, o Egipto foi o
primeiro país árabe a reconhecer a legitimidade da existência do Estado
de Israel.
Antes, em meio à Guerra do Yom Kippur, os países árabes produtores de
petróleo ]impuseram um embargo aos Estados Unidos, que durante a
guerra anunciou um pacote de ajuda militar de US$ 2,2 bilhões, além de
reduzir progressivamente a produção de petróleo, medidas que contaram
com ampla aprovação entre a população árabe, que, em geral, eram
contra a existência do Estado de Israel. E o embargo do petróleo dos
países árabes se estendeu aos Países Baixos, a Portugal, à África do Sul
e à Rodésia do Sul (actual Zimbábue), países que apoiaram Israel.
Em poucas semanas, somente os países árabes reduziram a sua
produção de 20,8 milhões bpd para 15,8 milhões bpd. Outros produtores,
liderados pelo Irão, aumentaram a produção em apenas 600 mil bpd. Em
apenas dois meses, a oferta de petróleo fora do bloco comunista
diminuiu em 9%, o que representava 14% do comércio internacional de
petróleo. E a taxa de crescimento do consumo de petróleo no mundo era
de 7,5% ao ano. Tudo isso, gerou uma busca desenfreada pelo petróleo
no mercado à vista, especialmente para assegurar os stocks. Em
Dezembro de 1973, a OPEP fixou o novo preço do barril de petróleo:
US$ 11,65. Aumentara em 1970, de US$ 1,80 para US$ 2,18. Em
Setembro, antes da Guerra do Yom Kipur, o preço era de US$ 2,90 o
barril. Em Outubro, o preço havia sido fixado em US$ 5,12. Este facto
foi o conhecido “Primeiro Choque” ou “Primeira Crise” do petróleo.

O efeito imediato ao Choque de 1973    foi a crise energética mundial.


Foram tomadas, por toda a parte, diversas medidas de racionamento e
de uso mais eficiente da energia.

Em 1974, foi criada a  Agência Internacional de Energia  (AIE) por 16


países do chamado Primeiro Mundo (países desenvolvidos do bloco
capitalista) e a Turquia, a fim de coordenar acções emergenciais em
novas crises energéticas, além de 10 ser um fórum permanente sobre
segurança energética. Hoje, a AIE é constituída por 28 países, todos
membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Económico (OCDE), que reúne a maior parte dos países desenvolvidos
do mundo.
O aumento da renda petrolífera dos países exportadores de petróleo
possibilitou ampliar a importação de bens e serviços e a aplicação dos
recursos excedentes no sistema financeiro das principais economias
capitalistas. Isto contribuiu para a recuperação das principais economias
capitalistas (1º. Mundo). Os mais prejudicados foram os países pobres
do chamado Terceiro Mundo que não produziam petróleo, que passaram
a contrair empréstimos no exterior devido ao aumento dos preços dos
produtos importados, que encareceram com o aumento do petróleo.
Após o Choque de 1973, os governos dos países exportadores assumem
o controle das empresas e dos activos petrolíferos, e o regime de
concessão é substituído pelo regime de prestação de serviço.
Os aumentos no preço do barril de petróleo viabilizam a produção em
outras localidades, como no mar do Norte, no México e no Alasca, além
de ter contribuído para a redução às barreiras impostas ao petróleo
da União Soviética.
3. Segundo Choque do Petróleo (1979).]

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Protesto em Washington, DC, Estados Unidos, contra a Revolução Iraniana.

Uma das principais razões para o Choque de 1979 foi a  Revolução


Iraniana . E a outra foi a guerra entre o Iraque e o Irão.
O xá Reza Pahlavi foi deposto, em 1941, durante a Segunda Guerra
Mundial pela União Soviética e pelo Reino Unido, a pretexto de que o
petróleo do Irão não caísse nas mãos da Alemanha nazista. Em seu
lugar foi colocado o seu filho Mohammad Reza Pahlavi, às vésperas de
completar 21 anos de idade. Ele havia sido educado na Suíça e pouco
conhecia a realidade do seu país.
Em 1951, os activos petrolíferos no Irão da companhia petrolífera
britânica Anglo-Iranian foram nacionalizados, sob a liderança do primeiro-
ministro, de orientação nacionalista, Mohamed Mossadegh. Todavia, o
Reino Unido sufocou a economia do Irão, de modo que o Irão não
conseguisse produzir e exportar petróleo. Com a crise económica e
enfraquecido politicamente, Mossadegh perde grande parte do apoio
popular e é deposto do poder em 1953 em uma operação que contou
com agentes da Agência Central de Inteligência (CIA). A população
descontente com a situação económica foi incitada a crer que
Mossadegh estava a aproximar-se da União Soviética e dos comunistas.
Isso desagradou principalmente os mais religiosos que associavam o
comunismo ao ateísmo. O xá Reza Pahlevi, o filho, em meio à convulsão
popular, foge do país, mas ao ser avisado de que Mossadegh fora
deposto, volta ao país, e leva-o ao julgamento. Mossadegh passou três
anos na prisão e depois viveu o restante da sua vida em prisão domiciliar
até falecer em 1967.
A Anglo-Iranian, que passou então a se chamar British Petroleum,
ingressou num consórcio, que retomou o controle do petróleo iraniano
em 1954, com a Standard Oil de Nova Jersey (Exxon), a Standard Oil de
Nova York (Mobil), a Standard Oil da Califórnia (Chevron), a Texaco, a
Gulf, a Royal Dutch Shell e a Companhia Francesa de Petróleo (Total).
Com o progressivo aumento da renda petrolífera, o xá Reza Pahlevi
superou a sua insegurança, gerada pela forma como foi conduzido ao
poder, ainda muito jovem e distante de seu pai, que estava no exílio.
Assim, foi eliminando ou controlando os espaços políticos (partidos,
sindicatos etc.) que pudessem representar alguma ameaça à sua
hegemonia, tornando a religião o principal local de resistência ao
seu despotismo.
Além disso, o seu regime era caracterizado pelo colaboracionismo com
as grandes potências, com o secularismo (o que particularmente irritava
os mais religiosos), com a corrupção e com a concentração da riqueza e
a consequente desigualdade social.
Embora o Irão se tenha tornado um país muito rico, sobretudo após o
Choque de 1973, o despotismo,12a corrupção, a crise de valores
(secularização versus conservadorismo religioso) e a pobreza
galvanizaram um levantamento contra o regime do xá por parte de todos
os sectores descontentes, como os comunistas, os nacionalistas e os
democratas. Todavia, como o regime havia-se caracterizado pela
repressão violenta a todas as agremiações políticas divergentes, a
revolução no Irão foi liderada pelos clérigos, que estavam mais
organizados e mais próximos das aspirações populares. Em 1979, o xá
Reza Pahlevi foge para o exílio e o aiatolá Ruhollah Khomeini assume o
poder no Irão, que se torna uma República Islâmica.
As exportações de petróleo do Irão foram interrompidas no final de
Dezembro de 1978. A produção diária de petróleo, fora do bloco
comunista, do primeiro trimestre de 1979 foi de 2 milhões bpd a menos
comparada à produção do último trimestre de 1978.
A crise se prolongou porque o Iraque, em 1980, aproveitou-se da
vulnerabilidade causada pela Revolução Islâmica no Irão e, tentou tirar
proveito, declarando-lhe guerra. Pelo Tratado de Argel de 1975, entre o
Irão e o Iraque, o Irão rompeu com os curdos iraquianos que lutavam
para constituir uma nação independente em uma região petrolífera no
Iraque. O Iraque, em troca, cedeu a margem leste do canal
de Xatalárabe, um rio formado pela confluência dos rios Tigre e Eufrates
e que deságua no Golfo Pérsico.
Com a tomada do poder pelos religiosos xiitas, Saddam Hussein, que
havia assumido o poder no Iraque em 1979, rompeu com o Tratado de
Argel, reivindicando todo o canal de Xatalárabe e a autonomia
do Cuzistão, uma região petrolífera e de maioria árabe. Se o Iraque
anexasse o Cuzistão, além de se apropriar de seus recursos petrolíferos,
ampliaria a curtíssima saída do Iraque para o golfo Pérsico, melhorando
significativamente a exportação do petróleo iraquiano. O Iraque possui
uma costa de 58 Km de extensão. Já o Irão possui cerca de 1.700 Km de
litoral no golfo Pérsico. Saddam Hussein, que era sunita, também sabia
que as actividades políticas dos xiitas eram uma ameaça, pois a
população do Iraque era e permanece sendo constituída
maioritariamente por muçulmanos xiitas. Por isso, em 1978, Saddam
Hussein, Ministro do Interior, a pedido do xá, expulsou o aiatolá Khomeini
do Iraque onde se encontrava exilado depois de ter permanecido lá por
catorze anos, Khomeini exilou-se na França e logo retornou para liderar o
Irão.
Além disso, o governo de Saddam Hussein pretendia enfraquecer a
posição do Irão pós-Reza Palevi no golfo Pérsico, substituindo o Iraque
no lugar do Irão como potência regional.
No início dos ataques iraquianos ao Irão, 4 milhões bpd foram tirados do
mercado, o que representava 15% da produção da OPEP. O petróleo
árabe leve chegou a US$ 42,00 o barril.
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4. Os Anos Dourados.

Os anos de 1980.|: A reestruturação da indústria petrolífera[.


Com os choques do petróleo, as grandes companhias transnacionais
procuraram reposicionar-se. Somente com a revolução iraniana e as
estatizações na Nigéria, a British Petroleum perdeu 40% do seu
fornecimento de petróleo bruto, além do que já havia perdido no Kuwait,
no Iraque e na Líbia. Como outras companhias, a British Petroleum
procurou explorar áreas com menores riscos geopolíticos, como o mar do
Norte e o Alasca. Em Mukluk [] no Alasca, arcou com a maior parte dos
US$ 2 bilhões investidos, em que as chances de sucesso de encontrar
petróleo em abundância eram de um para três em vez de um para oito,
como era habitual. Todavia, nenhum petróleo foi encontrado.
Após a onda de estatizações nos países produtores e o fracasso em
Mukluk, a exploração, para as grandes transnacionais, passou a ser
encarada como um investimento de alto risco. Logo, as grandes
companhias passaram a dar preferência à aquisição de activos de uma
operação já existente. Além disso, as grandes transnacionais possuíam
os oleodutos, as refinarias e os postos de distribuição, restando às
companhias nacionais dos países produtores vender o petróleo bruto às
grandes companhias.
Os mais prejudicados com os choques foram as companhias refinadoras
independentes que, acostumadas com o preço do barril inferior a US$
2,00 das décadas de 1950 e 1960, não suportaram os aumentos de
preço decorrentes dos Choques de 1973 e 1979. As refinarias
independentes que não suportaram o impacto tiveram os seus activos
depreciados e ou foram adquiridas por companhias mais robustas ou,
simplesmente, tiveram as suas actividades encerradas.

A redução dos preços[.


Com a concorrência, vinda por exemplo, da União Soviética e do mar do
Norte, a OPEP enfrentou o dilema de ou cortar a produção e manter os
preços ou reduzir os preços e perder a influência que a OPEP havia
adquirido. Em 1979, a OPEP produzira 31 milhões bpd. E em Março de
1982, a OPEP decidira limitar a produção em 18 milhões bpd com quotas
individuais para cada país membro da OPEP. Contudo a produção fora
da OPEP continuava crescendo e os 14preços caindo, levando os países a
exportarem acima da quota a fim de compensar as perdas, forçando
ainda mais a queda dos preços.
Apenas a Arábia Saudita não tinha uma quota estabelecida, pois
ajustaria a sua produção conforme as necessidades da OPEP. Todavia,
a receita petrolífera da Arábia Saudita, que no seu auge chegou a US$
119 bilhões em 1981, caíra para US$ 36 bilhões em 1984 e US$ 26
bilhões em 1985. Como os demais países da OPEP não respeitavam as
quotas estabelecidas e promoviam descontos, a Arábia Saudita, em
meados de 1985, aumentou a produção de 2 para 5 milhões bpd. Ao
estabelecer contratos de lucros garantidos para os refinadores, a Arábia
Saudita esperava recuperar a sua participação no mercado, decorrente
dos preços praticados pelos seus concorrentes.
O aumento abrupto da oferta de petróleo no mercado mundial contribuiu
ainda mais para a queda de preços e, consequentemente, para a
redução da renda petrolífera dos países produtores, dentro e fora da
OPEP. Um dos efeitos foi agravar a crise económica na União Soviética ].
Mesmo os principais países consumidores temiam que a queda de
preços estimulasse a dependência do fornecimento externo de petróleo e
paralisasse o desenvolvimento de fontes alternativas ou a produção
interna, que, em geral, apresentava custos superiores ao da produção
nos países da OPEP. Logo, até mesmo os Estados Unidos pressionavam
a OPEP pela estabilização dos preços.
Um ano e meio após a decisão da Arábia Saudita, a OPEP consegue
restabelecer as quotas e estabelece acordos de redução da produção
com outros produtores, como o México e a Noruega. Com isso, os preços
se estabilizaram em patamares anteriores ao Choque de 1979.
Apesar de ainda ser um importante player (actor) na geopolítica do
petróleo, a partir deste momento a OPEP não mais exerceu o seu poder
como exercera na década de 1970.

O colapso da União Soviética.

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Cidade fantasma de Pripyat com a usina nuclear de Chernobil ao fundo.

O colapso da União Soviética, em 1991, representou o fim de uma era na


geopolítica do petróleo, marcada pelo temor por parte das grandes
potências fora do bloco socialistas, como a França, o Reino Unido e,
especialmente, os Estados Unidos, e das companhias transnacionais de
que os países produtores de petróleo aderissem ao comunismo e se
aliassem aos interesses da União Soviética. Além disso, o fim da União
Soviética marca o início de um período de intensas disputas pelo controle
do petróleo e gás natural que antes era controlado pelo Estado soviético.
Esta abordagem limita-se a apresentar brevemente os principais eventos
que estão ao mesmo tempo relacionados com a geopolítica da energia e
que contribuíram para o fim da União Soviética.

1. O acidente nuclear de Chernobil.


Em 1986 aconteceu o acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia, que na
época era uma república soviética. Este foi o pior acidente nuclear da
história, pois, além das vítimas fatais, a radioactividade contaminou não
somente a União Soviética, como diversos países da Europa. O acidente
fez com que crescesse a resistência à energia nuclear como alternativa
ao petróleo, sobretudo nos países desenvolvidos.
A economia da União Soviética, que estava abalada pela queda nos
preços do petróleo decorrente do aumento da produção por parte da
Arábia Saudita, sofreu graves prejuízos com o acidente nuclear. A
produção agrícola teve que ser reduzida drasticamente devido à
contaminação pela radioactividade. Com isso, houve um sério
desequilíbrio na balança comercial, com a queda da renda da exportação
de petróleo e gás natural e com a importação de alimentos, sobretudo
grãos.

2. A guerra do Afganistão
Outro evento relevante foi a guerra no Afeganistão ] . Em abril de 1978 os
comunistas tomaram o poder no Afeganistão. O novo governo solicitou o
apoio das tropas soviéticas para conter os insurgentes, que lutaram ao
lado de combatentes do Paquistão e da Arábia Saudita, apoiados
por Osama Bin Laden e pelos Estados Unidos, que temiam que o
Afeganistão se tornasse uma nova república soviética e que a União
Soviética avançasse em direcção ao petróleo do Oriente Médio e
ao Oceano Índico. Em 1988, Mikhail Gorbachev ordenou a saída das
tropas soviéticas. Os custos dos combates no Afeganistão também
contribuíram para o fim da União Soviética.
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Os anos de 19900.

3. A Guerra do Golfo[.
]
Aviões da Força Aérea dos Estados Unidos voando sobre poços de petróleo
no Kuwait incendiados.

A  Guerra do Golfo  foi o primeiro conflito militar internacional em


que o controle das reservas de petróleo ocupou o papel central.
Interessante notar que a declaração do presidente George Bush é do ano
anterior ao início dos conflitos na região do golfo. Além de defender seus
interesses em relação ao petróleo, os Estados Unidos puderam se
posicionar como única superpotência na nova ordem mundial emergente,
considerando as mudanças em curso no leste europeu, simbolizadas
pela queda do Muro de Berlim no final de 1989, e o colapso da União
Soviética, que se desintegraria no final de 1991, mesmo ano do desfecho
da Guerra do Golfo. 17
O Iraque estava ainda debilitado e endividado devido à guerra contra o
Irão, que se encerrara em 1988 sem vencedores, quando, em 1990,
invadira e anexara o Kuwait [] a fim de se apropriar das reservas de
petróleo do país vizinho e de alargar o seu litoral.
A extensão territorial do Kuwait é cerca de 24,5 vezes menor do que a do
Iraque, porém o seu litoral é aproximadamente 8,5 vezes maior do que o
do Iraque. O litoral do Iraque é de apenas 58 Km de extensão [], o que
dificulta o escoamento da produção de petróleo para o golfo Pérsico. Já o
Kuwait possui um litoral de 499 km de extensão []. Com o fim do Império
Otomano, derrotado na Primeira Guerra Mundial, o Kuwait, que era um
protectorado britânico, expandiu o seu território, restringindo o litoral do
recém-constituído Iraque, a fim de limitar as possibilidades do país
vizinho. O Iraque ficou sob a tutela do Império Britânico de 1919 a 1932.
O regime de Saddam Hussein também tinha pretensões de elevar o
Iraque à condição de potência regional do golfo Pérsico e de país líder no
“mundo” árabe, uma vez que o Egipto perdera esta condição, uma vez
que após a Guerra do Yom Kippur firmara a paz com o Israel e
reconhecera a legitimidade de sua existência.
Com a anexação do Kuwait, o regime de Saddam Hussein teria o
controle sobre um quinto das reservas provadas de petróleo no mundo,
mas ainda assim inferiores às da Arábia Saudita, que possuía cerca de
um quarto das reservas provadas no mundo. De qualquer forma, o
Kuwait anexado ao Iraque alteraria o quadro do comércio internacional
de petróleo, podendo o Iraque exercer maior influência sobre os preços.
Havia o temor de que o Iraque também invadisse a Arábia Saudita e
assumisse o controle de parte de suas reservas de petróleo. Por isso, as
primeiras acções militares dos Estados Unidos tinham como objectivo
proteger a soberania da Arábia Saudita em relação à potencial invasão
iraquiana.
Muitos muçulmanos consideraram uma profanação a presença de
combatentes não-muçulmanos no país que abriga Medina e Meca,
cidades sagradas para o islamismo.
Além disso, a participação de países árabes, como a Arábia Saudita, o
Egipto e a Síria, ao lado de não-muçulmanos, para combater outro país
árabe, o Iraque, também foi outro motivo de escândalo, pois muitos
muçulmanos não se conformavam com a dureza do Estados Unidos em
relação ao Iraque e a complacência com Israel na questão palestina.
Sob este pretexto, os Estados Unidos passaram a sofrer diversos
ataques terroristas supostamente praticados pela Al-Qaeda, como a
morte de 18 militares americanos na Somália em 1993, a explosão de um
carro-bomba na garagem do World Trade Center em Nova York no
mesmo ano, os ataques às embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e
na Tanzânia em 1998, os atentados 18 de 11 de setembro de 2001 nos
Estados Unidos, entre outros. A Al-Qaeda foi formada inicialmente por
ex-combatentes que lutaram, com o apoio dos Estados Unidos, contra os
comunistas no Afeganistão nos anos de 1980. Osama bin Laden, líder da
Al-Qaeda, ofereceu ajuda à monarquia da Arábia Saudita para combater
uma possível invasão pelo Iraque. Todavia, a monarquia saudita preferiu
o apoio dos Estados Unidos.
O Iraque, que invadira e anexara o Kuwait, em agosto de 1990, foi
expulso do Kuwait no final do mês de fevereiro de 1991 após um mês de
combates contra a coalição internacional liderada pelos Estados Unidos,
que rejeitaram a rendição do Iraque que fora negociada pela União
Soviética.
Os Estados Unidos tinham interesse em se estabelecer militarmente na
região para salvaguardar os seus interesses no Oriente Médio, sobretudo
aqueles relacionados ao papel do petróleo na economia mundial [] , e, por
isso, não impuseram uma derrota total ao Iraque, o que provocaria
reacções ainda mais hostis à sua permanência na região. Além disso,
levar o Iraque a uma derrota total teria incentivado a população de outros
países a se voltarem contra governos do Oriente Médio alinhados aos
interesses dos Estados Unidos.
Interessava aos Estados Unidos manter o Iraque economicamente
sufocado por meio de um bloqueio comercial a fim de que os próprios
iraquianos se voltassem contra o governo de Saddam Hussein. A
situação social se agravou de modo a levar centenas de milhares de
crianças à morte, principalmente por conta da fome e da desnutrição,
mas não foi suficiente para que Saddam Hussein fosse destituído do
poder.

4. As disputas pelo legado da antiga União Soviética.

19

Grupo de talibãs.

Com a dissolução da União Soviética, aconteceram diversas investidas,


especialmente por parte das companhias transnacionais de petróleo,
para ganhar posições no controle do petróleo e do gás natural da Rússia
e de outras repúblicas da antiga União Soviética. Além do retorno
económico para as empresas, interessava aos Estados Unidos conter as
pretensões hegemónicas da Rússia na região e enfraquecer o papel
da OPEP na regulação dos preços do petróleo.
A UNOCAL uma grande empresa de petróleo dos Estados Unidos,
estava a planeia a construção de um gasoduto que pudesse levar o gás
natural do Turcomenistão ao Paquistão, de modo que pudesse
transportar o gás natural pelo oceano Índico. Além dos interesses
económicos, o gasoduto atendia a estratégia geopolítica dos Estados
Unidos, de diminuir a influência da Rússia sobre o Turcomenistão, que
depende da malha de gasodutos que passa pela Rússia, para exportar
para a Europa o gás natural, principal produto da economia do
Turcomenistão.
Para isso, a UNOCAL negociava com os talibãs a passagem do
gasoduto pelo Afeganistão antes mesmo de assumirem o poder em
1996. Os talibãs (que, traduzido, quer dizer estudantes) são um grupo de
afegãos religiosos, conservadores, formados em escolas religiosas no
Paquistão, que lutaram contra os comunistas e os soviéticos nos anos de
1980, ao lados de outros combatentes que vieram, principalmente, do
Paquistão e da Arábia Saudita, apoiados pelos Estados Unidos.
O governo talibã estava em vias de ser reconhecido pelos Estados
Unidos, a despeito das violações aos direitos humanos, quando em
1998, houve os ataques terroristas às embaixadas dos Estados Unidos
no Quênia e na Tanzânia, em meio ao escândalo sexual envolvendo Bill
Clinton, presidente dos Estados Unidos, e a estagiária Monica Lewinsky.
Os ataques foram atribuídos à organização Al-Qaeda. Osama bin Laden,
líder da Al-Qaeda, abrigou-se primeiramente no Sudão e, em seguida, no
Afeganistão.
Em meio ao processo de impeachment, Bill Clinton ordenou que o Sudão
e, posteriormente, o Afeganistão fossem bombardeados a fim de que
Osama bin Laden fosse entregue aos Estados Unidos. O regime talibã,
contudo, recusou-se a entregá-lo. Com isso, os Estados Unidos
20 e o gasoduto transafegão não foi
romperam as relações com os talibãs,
viabilizado.
Nesta mesma época, Boris Yeltsin, presidente da Rússia, de 1991 a
1999, promoveu um amplo processo de privatização , sobretudo na área
de petróleo. Um dos principais beneficiários foi Mikhail Khodorkovski com
a privatização da Yukos. Outra empresa privatizada foi a TNK, que se
associou com a BP e formou a TNK-BP. Em 1997, inicia-se uma crise
económica mundial, que ficou conhecida como Crise Asiática. Com a
retracção económica, a demanda e os preços do petróleo caíram, assim
como os investimentos estrangeiros na economia, levando a Rússia a
uma grave crise económica. O Estado russo não dispunha de muitos
meios para reagir, devido ao desmantelamento decorrente das reformas
promovidas por Yeltsin.
A Geopolítica do Petróleo no Século XXI.

21

Kircher e Chávez discutindo sobre o Grande Gasoduto do Sul.

Em 2001, George W. Bush, filho do ex-presidente George Bush, assumiu


a presidência dos Estados Unidos.
George W. Bush, assim como o seu pai, já possuía negócios na área de
petróleo antes de chegar à presidência. Logo no início do seu governo,
George W. Bush constitui um grupo interministerial para formular uma
nova política energética publicada em maio de 2001. O grupo foi liderado
pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, ex-presidente
da Halliburton, uma das maiores empresas de prestação de serviços
para a indústria de petróleo. E este grupo ainda contou com a assessoria
das grandes companhias transnacionais de petróleo. A nova política
energética priorizava a maximização da produção interna e a garantia do
acesso ao petróleo no exterior em detrimento de alternativas como o
desenvolvimento de fontes renováveis e medidas para aumentar a
eficiência energética.
Em meio à crise de legitimidade do governo de George W. Bush, em 11
de setembro de 2001 aconteceu o mais terrível ataque terrorista da
história. Dois aviões comerciais sequestrados por terroristas atingiram as
duas torres do World Trade Center, na cidade de Nova York, e um
terceiro o Pentágono, sede do Departamento de Defesa americano,
sediado em Washington, capital dos Estados Unidos. Um quarto avião
sequestrado foi abatido a tempo e não atingiu nenhum alvo específico.
Cerca de três mil pessoas morreram nos ataques, incluindo as vítimas do
quarto avião. Nenhum passageiro ou tripulante dos aviões sobreviveu.
O ataque teria sido executado pela Al-Qaeda. Por isso, o governo de
George W. Bush lançou a “Guerra ao Terror”, tendo como alvos
principais o Afeganistão e o Iraque, embora não houvesse nenhuma
associação entre o governo de Saddam Hussein com a Al-Qaeda ou
mesmo com o terrorismo. Mesmo assim, com a “Guerra ao Terror”,
George W. Bush alcançou no primeiro momento o prestígio que faltava
ao seu governo, suficiente para conduzi-lo à reeleição.
Parece que os ataques de 11 de Setembro de 2001 acabaram por ser
convenientes a diversos objectivos do governo de George W. Bush,
como os negócios com a indústria 22bélica, importante contribuinte para a
campanha de George W. Bush à presidência, e também para aqueles
objectivos expressos na nova política energética, publicada meses antes
dos atentados.
O início do século XXI também foi marcado pelo crescimento dos preços
do petróleo. É possível observar que, neste período, a demanda
cresceu, especialmente devido ao crescimento económico da China e
da Índia, e, em diversos momentos, a oferta tem sofrido quedas por
guerras, conflitos e até mesmo catástrofes naturais, como a do furacão
Katrina, em 2005, que interrompeu parcialmente a produção petrolífera
no golfo do México, nos Estados Unidos.
Uma das razões para o governo de George W. Bush ter elegido Saddam
Hussein como um dos seus principais inimigos é que no ano 2000 o
Iraque vendeu petróleo em euros, ameaçando a hegemonia do dólar no
comércio internacional de petróleo. E temia-se que o gesto fosse seguido
por outros países exportadores, o que traria graves consequências para
a economia dos Estados Unidos.
A Venezuela, um dos principais fornecedores de petróleo para os
Estados Unidos, que, presidida por Hugo Chávez desde 1999, voltou a
cumprir as quotas estabelecidas pela OPEP e considerou fazer o mesmo
que o Iraque, pois o dólar vinha perdendo valor frente ao euro. Por isso,
Hugo Chávez ] tornou-se outro inimigo do governo de George W. Bush,
sendo inclusive vítima de um fracassado golpe de Estado apoiado pelos
Estados Unidos em Abril de 2002. O governo de Hugo Chávez
enfrentaria a sua pior crise quando enfrentou uma greve da empresa
estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) de Dezembro de 2002 a
Fevereiro de 2003, que praticamente paralisou a produção de petróleo na
Venezuela, ou seja, cerca de 3 milhões bpd a menos no mundo e que
culminou com a demissão de cerca de quinze mil empregados da
PDVSA.
Além disso, Hugo Chávez, contrariando interesses de determinados
grupos económicos sediados nos Estados Unidos, agia desde o governo
de Bill Clinton para frustrar a constituição da Área de Livre Comércio das
Américas (ALCA). Em contrapartida, o governo de Hugo Chávez
efectivou um projecto alternativo de integração, a Aliança Bolivariana
para os Povos de Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos
(ALBA-TCP), que, além da Venezuela, reúne Cuba e outros seis países
da América Latina e Caribe. No contexto da ALBA-TCP, a Venezuela
subsidia petróleo para vários países da ALBA e recebe principalmente
gêneros alimentícios em troca. Cuba, por sua vez, envia médicos e
professores para os diversos países da ALBA-TCP e já obteve
significativos resultados na erradicação do analfabetismo. Tais iniciativas
constituíram uma afronta à hegemonia dos Estados Unidos e do dólar na
América Latina e Caribe.
Foi neste contexto, que os Estados
23 Unidos apoiaram em 2009 outro
golpe de Estado, desta vez em Honduras. O golpe, por sua vez, foi bem-
sucedido, pois terminou com a deposição do presidente eleito e culminou
com a saída de Honduras da ALBA-TCP.
Os Estados Unidos, por fim, concentraram os seus esforços de guerra no
Afeganistão e no Iraque. Os combates no Afeganistão iniciaram em
Outubro de 2001 e continuam até o momento, pois há muitos focos de
resistência à ocupação estrangeira.
O Afeganistão está localizado em uma região estratégica para os
Estados Unidos do ponto de vista geopolítico, pois se situa próximo a
três potências mundiais emergentes, China (país fronteiriço), Índia e
Rússia , e faz fronteira com dois países relevantes do ponto de vista
militar, o Paquistão e o Irão.
O Irão, que possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo, é
uma ameaça a economia americana, que é muito sensível à manutenção
do comércio internacional de petróleo em dólares e às mudanças dos
preços do petróleo, uma vez que os Estados Unidos são, ao mesmo
tempo, um grande produtor e o maior importador de petróleo do mundo.
Logo, a ocupação do Afeganistão e do Iraque é uma forma dos Estados
Unidos intimidar o Irão, pois o Iraque, país fronteiriço, localiza-se ao
oeste do Irão e o Afeganistão, outro país fronteiriço, localiza-se ao leste
do Irão.
Expostas as principais razões, para o estabelecimento da ocupação dos
Estados Unidos no Afeganistão do ponto de vista geopolítico, é
necessário recordar que o Afeganistão se situa no caminho entre o mar
Cáspio, região produtora de petróleo e gás natural, e o oceano Índico.
Não é por acaso que os Estados Unidos estabeleceram dois consultores
envolvidos com o projecto do gasoduto transafegão nos anos de
1990, Zalmay Khalilzad, como embaixador dos Estados Unidos no
Afeganistão e, Hamid Karzai, como presidente interino do Afeganistão
em Dezembro de 2001. Hamid Karzai depois veio a se tornar presidente
eleito do Afeganistão em Dezembro de 2004.
O gasoduto, além de ser promissor do ponto de vista dos negócios
decorrentes, se vier a se concretizar, terá grandes consequências
geopolíticas, especialmente para o Turcomenistão, que dependerá
menos da Rússia para comercializar a sua produção de gás natural.
Todavia, o ambiente de turbulência no Afeganistão ainda não tem
contribuído para que o projecto avance.
Se, todavia, os Estados Unidos não foram bem-sucedidos no gasoduto
transafegão, o mesmo não pode ser dito em relação ao apoio à
construção do oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), que a partir de 2006
passou a levar o petróleo de Baku, no Azerbaijão, para o  mar
Mediterrâneo, especificamente ao porto de Ceyhan, na Turquia,
passando por Tbilisi, capital da Geórgia. Deste modo, mais petróleo da
região do mar Cáspio passou a escoar
24 sem passar pela Rússia, além de
viabilizar uma alternativa ao petróleo proveniente de países membros
da OPEP. O BTC, o segundo maior oleoduto do mundo em extensão,
possui cerca de 1.768 Km e é administrado por um consórcio de
empresas liderado pela BP. Em 2010, o BTC exportou, em média, 784
mil bpd.
Apesar dos poderosos interesses dos Estados Unidos, a Rússia firmou-
se como potência energética e continua exercendo forte influência sobre
as demais ex-repúblicas soviéticas.
Vladimir Putin, sucessor de Boris Yeltsin, esteve na Presidência da
Rússia de 2000 a 2008. Neste período, empreendeu grandes reformas
no Estado e na economia russos, em que o sector do petróleo e do gás
natural voltou a desempenhar um papel-chave . Outro personagem muito
importante na história recente da Rússia é Dmitri Medvedev, que em
2000, assumiu o comando da Gazprom, companhia controlada pelo
Estado e maior empresa de gás natural do mundo. E, a partir de 2008,
Dmitri Medvedev tornou-se o presidente da Rússia.
Em 2003 Mikhail Khodorkovsky, da Yukos, é preso sob a acusação de
crimes fiscais. Em 2004 a Rosneft e a Gazprom, empresas controladas
pelo Estado russo, compraram os cativos depreciados da Yukos.
A questão do gás natural entre a Rússia e a Ucrânia é um exemplo do
poder russo sobre as demais ex-repúblicas soviéticas. A Ucrânia recebe
parte do gás natural proveniente da Rússia como pagamento pela
passagem do gás natural que é exportado da Rússia para a Europa. A
outra parte é comprada da Rússia. Em 2005 a Gazprom decidiu
equiparar os preços pagos pela Ucrânia ao mercado internacional
instaurou-se o impasse. Em janeiro de 2006 a Rússia suspendeu a
exportação de gás natural para a Ucrânia. Por sua vez, a Ucrânia se
apropriou da exportação de gás natural da Rússia para a Europa.
Isso gerou um constrangimento com a União Europeia, que apoiava o
fortalecimento dos seus laços com a Ucrânia e o afastamento das
relações que subordinavam a Ucrânia aos interesses da Rússia. Ao final
do mês o fornecimento foi restabelecido, todavia o impasse em relação
aos preços permaneceu até Janeiro de 2009 e a desconfiança em
relação à Ucrânia e à Rússia por parte da União Europeia permanece.
Outro caso polémico refere-se às relações entre a China e o Sudão, pois
o Sudão é um dos maiores fornecedores de petróleo para a China, que
por sua vez tem assento permanente no Conselho de Segurança da
ONU e, portanto, direito a veto. Não fosse a demanda chinesa por
petróleo, o Sudão estaria isolado e sufocado economicamente, sob a
acusação de abrigar terroristas e de violações aos direitos humanos.
Divididos entre muçulmanos, cristãos e animistas, os conflitos no Sudão
se intensificaram a partir de 2003, sobretudo em Darfur, oeste do Sudão,
em que dezenas de milhares de pessoas morreram. Os conflitos
culminaram na independência do Sudão25 do Sul, de maioria não-
muçulmana, do Sudão, de maioria muçulmana, em 2011. Resta o
impasse sobre a divisão da renda petrolífera, pois as reservas se
concentram no Sudão do Sul, mas que depende do Sudão para escoar a
produção até o mar Vermelho. Talvez o caso emblemático da geopolítica
da energia no início do século XXI refira-se à compra da
UNOCAJ pela Chevron. Na ocasião, a UNOCAL controlava reservas de
cerca de 700 milhões de barris de petróleo e as suas reservas de gás
natural equivaliam a um bilhão de barris de petróleo, espalhadas em
diversos países do mundo, inclusive em território americano.
A CNOOC, empresa controlada pelo Estado chinês, ofereceu US$ 18,5
bilhões pela UNOCAL, mas os congressistas do Partido Republicano se
mobilizaram para impedir a aquisição, alegando ameaça à segurança
nacional. E, de fato, o presidente dos Estados Unidos tem o poder para
impedir negócios estrangeiros nos Estados Unidos que ameacem a
segurança nacional.
Os opositores ao negócio ainda alegaram suspeitas em relação à política
energética da China e que, por esta razão, o Congresso deveria
examinar a política energética da China, antes de autorizar a aquisição.
Era uma clara tentativa de ganhar tempo até encontrar uma solução
definitiva que impedisse o intento chinês. E de fato conseguiram, pois os
executivos da CNOCC retiraram a proposta e a Chevron na ocasião
comprou a UNOCAL por US$ 16,5 bilhões.
Ao mesmo tempo em que a China tem crescido economicamente e que,
consequentemente, a sua demanda tem aumentado por petróleo, os
Estados Unidos procuraram dar prosseguimento a estratégia de controlar
grandes reservas no exterior para poder exercer pressão segundo os
seus interesses, além de obter outros benefícios, como as novas
oportunidades de negócio no setor petrolífero, o suprimento próprio e o
suprimento de aliados.
Tendo fracassado em associar os ataques terroristas de 11 de Setembro
de 2001 ao regime de Saddam Hussein, o governo de George W. Bush
apelou para a necessidade de travar uma guerra preventiva, a fim de
impedir o uso de armas de destruição em massa que supostamente o
regime de Saddam Hussein pretendia utilizar contra os Estados Unidos e
os seus aliados. Sem o respaldo do Conselho de Segurança da ONU, da
Rússia, da França e da Alemanha, os Estados Unidos e o Reino Unido
iniciam os combates em março de 2003. Saddam Hussein é capturado
em Dezembro do mesmo ano e executado em Dezembro de 2006, após
ter sido julgado por um tribunal iraquiano.
Em relação ao petróleo, os combates contribuíram para a queda da
produção iraquiana em 2003[]. Em média, a produção em 2003 foi de 1,3
milhões bpd. Em 2002, foram 2,1 milhões bpd produzidos e, em 2004,
2,0 milhões bpd. Apesar da invasão 26 americana, a produção iraquiana
não cresceu de maneira significativa. Isso se deve ao ambiente instável
no Iraque e à resistência à abertura para as empresas estrangeiras.
Logo, pode-se concluir que os Estados Unidos não têm sido bem-
sucedidos nos seus objetivos petrolíferos em relação ao Iraque, pois nos
últimos anos os preços subiram até que em 2008 chegaram a níveis
similares ao Choque de 1979, considerando a correção do dólar no
período. Os preços caíram em 2009 devido à crise econômica mundial.
Todavia os acontecimentos nos primeiros meses de 2011 concorrerão
para uma nova alta dos preços do petróleo ].
O início do ano de 2011 tem sido marcado por diversas manifestações de
descontentamento com a situação política, económica e social em
diversos países como Grécia, Espanha, Chile, Índia, Costa do Marfim,
entre outros. Têm recebido especial atenção por parte dos meios de
comunicação os conflitos no “mundo” árabe, que se caracteriza por uma
especificidade histórica, étnica, cultural e religiosa. Os conflitos no
“mundo” árabe se distinguem pelo enfrentamento a governos autoritários
que se perpetuam no poder e pela sua relação com a geopolítica da
energia, como é o caso do Egipto e da Líbia.
Os países árabes foram afectados pela crise económica mundial,
sobretudo pela redução da demanda dos recursos energéticos (petróleo
e gás natural) que, consequentemente, levou à queda dos preços e das
receitas de exportação. Isso não afectou somente os países
exportadores de petróleo e gás natural, como também os países árabes
não exportadores, pois a economia destes países depende dos recursos
enviados às famílias de expatriados que trabalham ou nos países
exportadores de petróleo e/ou gás natural, como Arábia Saudita,
Kuwait, Emirados Árabes e Catar, ou na Europa, que passa por uma
grave crise económica.
Outro aspecto da crise económica mundial que afectou os países árabes
mais pobres está relacionado com os altos preços dos alimentos. O
crescimento económico de muitos países pobres no mundo nos últimos
anos e especialmente o crescimento da China tem aumentado a
demanda por alimentos e consequentemente os preços.
Os déficits na balança de pagamentos, decorrente, dentre outros
factores, dos altos preços dos alimentos e da queda dos preços do
petróleo, agravaram as condições sociais da população destes países. A
isto se somou o descontentamento com regimes autoritários que se
perpetuam no poder.
Ben Ali, da Tunísia, estava no poder desde Dezembro de 1987 até ser
derrubado por um levantamento popular em Janeiro de 2011. Em
seguida, Hosni Mubarak, do Egipto, que estava no poder desde Outubro
de 1981, também foi derrubado um levantamento popular em Fevereiro
de 2011.
27
Particularmente, o caso egípcio preocupou pela possibilidade de
ascensão de um regime beligerante, que se voltasse contra Israel e a
favor da causa palestina. E, do ponto de vista da geopolítica da energia,
temia-se que os levantamentos interrompessem o fluxo de petróleo e gás
natural pelo Canal de Suez, que poderia levar não somente ao aumento
de preços dos recursos energéticos, como a consequências imprevisíveis
para a fragilizada economia mundial.
Os Estados Unidos e as potências europeias ficaram muito preocupados
com a queda de dois antigos aliados. Devido à sua retórica democrática,
os Estados Unidos e as potências europeias não puderam ser mais
contundentes na defesa de seus tradicionais aliados, pois os movimentos
na Tunísia e no Egipto possuem aspirações democráticas, todavia
podem levar ao poder lideranças que contrariem os interesses dos
Estados Unidos, da União Europeia e de Israel. Por isso, não tardou para
que as potências ocidentais afirmassem a sua hegemonia na região,
incitando os conflitos na Líbia, a fim de afastar Muamar Kadafi do poder.
Aproveitando-se de uma divisão histórica entre leste (onde se
concentram as reservas de petróleo e onde se localiza Bengazi, segunda
maior cidade da Líbia) e oeste (onde está Trípoli, capital da Líbia), as
potências ocidentais apoiaram os insurgentes do leste. Para isso,
contaram com um mandato do Conselho de Segurança da ONU a fim de
proteger civis dos conflitos por meio da criação de uma zona de exclusão
aérea. Contudo, a ação das potências ocidentais, foi muito além da
criação da zona de exclusão aérea, já que a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) bombardeou as forças pró-Kadafi, contribuindo
para a vitória dos insurgentes, que estabeleceram um novo governo na
Líbia. Durante a Guerra Civil Síria, o governo da União Europeia passou
a comprar petróleo de rebeldes sírios.[] Apesar do argumento usado nas
guerras do século XXI de que se fragiliza o adversário economicamente
destruindo poços de petróleo e caminhões de combustível, foi
comprovado que esta actividade destrói o meio ambiente.[]

1.

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