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Estomatologia
Introdução
Em aproximadamente 95% dos casos, o tipo de tumor maligno encontrado na boca é do
tipo carcinoma espinocelular. Em função disso, este tumor será o foco deste módulo. Ao longo dos
materiais de leitura utilizaremos câncer bucal e carcinoma espinocelular (CEC) como sinônimos,
visando facilitar a sua compreensão. Os demais 5% correspondem a neoplasias originadas em outros
tecidos da região de cabeça e pescoço e serão apenas comentados brevemente neste material.
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Figura 1. Estimativas do número de novos casos de câncer, por capital (INCA, 2016)
O Brasil pode ser considerado um país com altas taxas de mortalidade por câncer de boca
quando comparado ao resto do mundo (Figura 2). Além de alta (50% dos pacientes vão a óbito
no período de 5 anos de acompanhamento após o diagnóstico), esta taxa vem se mantendo
inalterada nas últimas décadas, ainda que inúmeros estudos tenham sido realizados no sentido
se estabelecer novas formas de tratamento. Isso se deve, provavelmente, a uma combinação
de fatores que incluem atraso no diagnóstico, demora na busca por atendimento especializado
por parte dos pacientes e lentidão do sistema de saúde no momento em que o paciente está
diagnosticado e busca por tratamento.
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Estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes dos problemas de saúde em populações humanas, bem como a aplicação desse conhecimento no
controle dos eventos relacionados com saúde.
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Figura 2. Classificação dos países segundo taxa de mortalidade para câncer de boca em homens.
Taxa para cada 100.000 pessoas.
Figura 3. Taxas brutas de mortalizada para o câncer de boca no Brasil (1979-1998). Fonte: INCA.
Um dos grandes problemas relacionados ao câncer bucal é o diagnóstico tardio, o que leva
a necessidade de tratamentos cirúrgicos mutiladores e a uma baixa taxa de sobrevida em 5 anos2.
Esse dado reforça o importante papel do cirurgião dentista na busca ativa de alterações na cavidade
bucal, na identificação e detecção precoce de qualquer lesão bucal.
Na figura 5, são apresentados os cânceres mais frequentes de acordo com o estágio
(estadiamento clínico)3 em que as lesões são identificadas. Segundo estes dados, o câncer de boca
é o 5º mais frequente. O fato de a boca ser uma região anatômica de fácil acesso ao exame poderia
favorecer a identificação precoce das lesões. Contudo, o que se observa é um grande número de
casos de câncer de boca identificados em estágios mais avançados do que cânceres de regiões que
exigem exames mais sofisticados para detecção como, colo de útero, mama e próstata. Esta situação
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é inadmissível e mudar este cenário depende, em parte, de maior conscientização e mobilização por
parte dos profissionais de saúde, principalmente dos dentistas.
Figura 4. Distribuição dos dez tumores mais frequentes conforme o estadiamento no momento do
diagnóstico. Fonte: INCA, 2006.
FATORES DE RISCO
Consumo de fumo e de álcool
Consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas são os principais fatores de risco para o
desenvolvimento de câncer de boca. A maior parte das pessoas acometidas pela doença se expõe
ao fumo, ao álcool ou a ambos. Quando combinados, estão associados a um efeito multiplicativo.
Na Figura 6, encontramos a demonstração dessa relação de forma mais clara. Nota-se que
existe uma relação dose resposta em relação ao fumo, ou seja, quanto mais cigarros o indivíduo fuma
ao longo da vida, maior o risco de desenvolver câncer de boca. Nesta tabela, o indicador maços/anos
cumulativos é obtido a partir do seguinte cálculo: número de cigarros consumidos por dia x número
de anos ÷ 20 (número de cigarros contidos em uma carteira). Dessa forma, segundo esses dados,
uma pessoa que consome 10 cigarros por 20 anos (=10 maços/anos cumulativos) teria 15,2 mais
chances de desenvolver um CEC na língua do que uma pessoa que nunca fumou.
Figura 6. Consumo cumulativo de tabaco e risco de câncer de boca no Brasil.
ou não. Quanto maior este percentual, mais eficaz foi o tratamento utilizado.
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Estádio, estágio ou estadiamento clínico é uma avaliação que indica o quanto o câncer está avançado. O ideal seria detectarmos os tumores malignos no seu
estágio inicial (Estágio ou estádio 1), o que representa uma lesão mais localizada, que exige um tratamento menos agressivo/mutilador e, consequentemente
que tem melhor prognóstico.
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O consumo de álcool (etanol) tem aumentado em várias populações e a faixa etária dos
indivíduos consumidores tem sido cada vez mais baixa. Diversos estudos epidemiológicos têm
mostrado que o consumo de álcool é um fator de risco independente para o desenvolvimento de
carcinoma espinocelular. Embora existam evidências de que o álcool tenha ação direta e indireta,
os mecanismos que explicam a relação entre consumo de álcool e risco para o câncer de boca são
parcialmente compreendidos. Aparentemente, ele aumenta a permeabilidade da mucosa bucal
a carcinógenos presentes no tabaco, mas também atua sistemicamente prejudicando o sistema
imunológico. Os estudos mais recentes afirmam que o acetaldeído, um dos produtos da sua
degradação, seria o principal responsável pelas alterações relacionadas ao câncer bucal. Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo médio anual de álcool no Brasil é 8,7 litros por
pessoa, sendo este valor superior à media de consumo mundial. A Secretaria Nacional de Políticas
sobre Drogas (SENAD) mostra que houve aumento no consumo de bebidas alcoólicas no Brasil,
sendo este mais acentuado na região sul do país (Figura 8).
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Figura 8. Mudança no consumo de bebidas alcoólicas no Brasil e no Rio Grande do Sul. Fonte: Se-
cretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD).
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Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.
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