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HELIO OITICICA ASPIRO AO GRANDE LABIRINTO | ee Rape paro no oRaNDE UARNTO 5 ~ ce. AO ' fteo- Rio de Janciro — 1986 ANAMSRIA DUARTE 09.0484 gen. 2.s0a| Um. INTRODUCGAO, © Projeto Helio Oiticca, dando seguimento a seus obetivos nauanio prevervaco dvulgasao da obra de leg Gite ay elaborou este volume, que ¢Yormado de uma sla de cits bios do arta, Correspondents a ua pegse tntte os anos de 19841989 “Acrediamos que pulicasdo dese texos pela prime tact poder contribu para uncon tas aroteadoas Aoletoreespectador soma obra do arta vos Na tals moderna das Artes Psa, temos exe los de como foi importante, pars alguns arstan a Sab. Fasio de extos onde o proceso e niverso aise; Soe tao demonstrados em propose toric ¢multas sens {ambém pottcas. Desde 0s cscs dos sonsruvitase gs ‘anifesto das vanguadas do inicio do staf aos est Mondrian, Arp, Duchamp, exe legado teonco poston, como formulasio profunda de cada arsta em tschen tin obra, e com vido de mundo. porte Oiticica € um dos casos raros na arte brasileira on- 4c arts labora ora, conceltaneensas propa chee {Assim ofr desde ts anos de uprendendo atavohea rs forma prpria come sua pote, a0 longo de td su era. Para Otis, eerever fol nicaimente um metic Sfixar quesbes essencais no campo da rice teen hes claro em tus primetros exon cures cainda sb forme oe Sri. Onticia partion ativamnene de um den pene tmas fortes da rica de arte no Bras o 0s neocon ‘A propria produto de obras nesseperiodo demandou, por parte da entice de arte, uma conceituasdo iniramente vol. {ada para as questdes novas que as obras spresentavan, di. So resultando uma feliz impregnacao entre obras e ii Ave instaurou uma nova maneia de vere seni sobsante ‘A Experiéncia Negconeretaestabeleceu rigor etco ja: suis won arte rat, end suri cor epotl dos proprios que a Tundamentaram como o moviniate aus super qe sofia nari dr wai ‘onstrutivista sofreu aqui sua mais radical transformacto’ Finda a Experiencia Neoconcreta enguanto\ ovine 10), Ota, em crescente produgdoe desoberias, ava sou Dotencialtebrico que ira visceralmente acompashar sada obra ¢ invengto, A.partic de 1960, tcorzae conssitaa & ropra obra: se durante o periodo Neoconereto as Sora hot Teidas por ele mesmo como Blaieras ¢ Reeves Eypactas sitavamse dentro da concetuaga ¢ torts Nao Ober ae Ferreira Gullar, a producdo seguinte inaugura “ordens de anf aba com acrid Nl ¢ Pe ‘netrveis,acompanhados de exos especifeos etios po Proprio Oitciea. Nomeando cada decabeta e dasie ae ¢onectuasso eapecifca, adquire dominio ¢ controle tata Sobre sua produeio. Intensificando essa pratica, val desenvolvendo-se ¢refinando-se como tetico ees pro. ‘reso, escrever passa a ser uma forma a mai em sua ex. reso, a ponto de obra e texto caminharem juntos pr tre ena. ‘Nomearcalxas de madera, vidros, garrafbes com pig 'mentos era, capas para sem colocads no corpo stat aries de Bolide e Parangol € estabelecer, na propia magia do nome, a inguictasao © pulssto da obra. A palavra Pe ‘angolé do desgna nada de imediato, nao “classifica a ‘obra e nfo nos conduz sengo a0 "Iugat”* no qual a obra se funda. O texto “Bases Fundamentals para ums Defnigao Jo Parangole™ € uma explanagdo que em nenhum momento Betendeilustar" ou tornara obra compreensiel sive nea, pelo contririo,distingue easinala sua inovagaoy ofe. ‘eeetido ao ltr miltipasramifcagdes de ignficados, ‘Consciente de que suas obras cadaver mals deseneades ‘vam questbes novas dentro da ate, Oia pasa teortsar sobre'o que produz como esirategia calculeda contra ‘ “classificé-las" ou reduci-las a {ilrios convencionais. Tropical um exemplo claro dec 5 textos que escreveu sobre esta obra sdo pressor quite definem sua génesee significado, mas insstetements ee ‘am para. que Tropicale nao Hélio Oiticiea penssta a propria obra e o mundo. sen cit ¢ alia don Prblenas asia como pensador ativista, visionando, ques Febelando-se contra conformismos locates ¢ cultural dominante no meio das artes No eats Squema Geral da Nova Objetividade”, Yr ana ‘pie de “balanco”” de toda expressto nova no’ Breulrs pono possibiidade univers Em 1968 propde © organiza Apocalipopétese(conceito ‘de Rogério Duarte) como manifesta coletwae alte gee ‘é4 mais suas proposigoes de “manifestacdes ambientay ‘nciadas com o Parangole. Em 1969 realin em Londres eu Imais ousado e ambiciovo projeto ate enldo: uma eapocican ‘ue nao chamava de exposicao, mas de Whitechapel Exe. ‘Hence, um experimento onde colocou toda a sua produce até aaula data, um cumpus de experincias que chamou de den. E 0 inicio de sua aluagao internacional © de extenea dlivulagao de sua obra e-pensamento no’ cca Pan LLondtes ¢ seguidamente Nova lorgue. ‘Acompanha, era eipago importants imo em concedes arquitetOni- cas contemporiness. A arquleture tnde ius oe aco ao mesmo tempo que'0 incorpora como um elemento feu, Nao é mais “plastica, como dia Worringer, no sent. do da massa, como na arqiteture greg. Para Worrnger 8 farquitetura grega¢“orgdnica® no sentido de Eorperfeito eqilibrio entre a dela ea ene o Seu elementos. E pos, gui sigificando nao-spacial, ou dniespacal, A'medida, orem, que a arqultetura vai-se tornando.ndo-objetiva, "Efbstrata,oespago passa a erescer de importincia, Asim, \ para mim, quando reaizo maquetas ou projetos de maque \ as, labirintos por exceléncia, quero que a eorutura argu |\Gniea rearieeincorpore espago real num espagovitua, «stético, enum tempo, que & também esttico, Sei tentat. 1a i a ae eum emo, ua vena ein, “Aproximando-se assim do magico tl 0 seu arate Wal rietr indo deo 0 carded abinio, que ends os SSpicio-emporal De maneira mais vital, ¢, ports ‘usnonovosaukdots vedendeants alo ‘alouno horizontal as maquetas. Ese sulon sho como 1c fados pelo espaco”,quebrando a pared outrora cation € ‘nass'emttensOes diversas, Para mim ees sulos oho elementos importantes que podem set desenvolvidos na Con. Sep das maqueta na argultetura sm eral, As maguetas Sue sucedem aes primcros bins so mais simples do ia labios noe eo do me as iain © So, o que ¢ mais importante. Ax porta: rodantes the ‘uta dimensto, juntamente com o& falco, mals complexa brofunda, A maqueta & mais vital nfo tanto labios Porém movimento.etesio, tomando asim uma densa fue sende a serimitada.O cpayo.eo tempo se casa em de- nv 2» (mesmo dia) tans. to, pelo menos, menor “raconas'*¢ mus Ser ‘© para mim toda grande expresso de arte aspira ao sublime.” 12de marco de 1961 — Que seria uma “grande ordem da cor"? 5 = Uma grande ordem ngo seria fogosamente acon mas im qu poss al siniiado a cor aus se poder Say ‘que é csmica ou subli Wieser i Gia supera ou se ceva acima do coidano, para crpeenae ‘ida exstencil um cman, um sopro de Vida: Nada ie ot a dsr doar, pot ants seu propio fim ao em fone 0 puramenteraciona, po esratho que see, ese do arta uma dsponbiidade © um deere. que ue um brincar com a or Desa rincar facet mri ane ova ordem, desconhecda, que nem mesme 6 aes ‘ela conhecinento a prior Acot eum nesesidade sens $= somo auc Taste rss dalogae at com cor sc tambemse Taz etomacsarande orden. # 21 deabrilde 1961 Hoje est para mim mais claro do que nunca que ndo a apartncia exterior o que dia caracerstia da ob& de atee sim o seu significado, que surge do idloge ene oats eg matéra com quese expresa: Dao ero ¢ ugardade osc 0 tingdo “informal” e formal". Naobra de ate tudo infor: male formal, no sendo a aparéncla "'geometrca ou a apa. FRocla *wem sontornos ou de manchas” que determina 9 formal eo informal, O problema ¢ bem mais profundo ees acima desta aparencia. Quem dita que Mondrian p.x., 80 {sth proxime a Wols, ido proximo na expresso de gradeza fevor¢ de concepea de vida. Mondrian funda um espaco Himitado, uma dimensao infiaita, dentro-da “geomet aso" que the tribuem, fazendo o mesmo Waly na sua "huo-geometrizaeao™. Amibos eriam 0 "fazer-se" do seu ‘paco, dando-he absolota ranscendzacia, dimensdo infin ‘Quis longe estdo a obras de Wols das “manchas" da maio- ‘a dos seus seguidores, assim como as de Mondeian nada {ma ver com as “geometrics" que vieram logo apes a sua ttande démarche, E- por inrivel Que pareya, Mondrian sta tao proximo de Wot, Pensando nos dois penso em. Lao- ‘Tot. Sdo ambos pintores de espaeo, tm a faculdade de dar 0 espago dimensto infinita e colacam a pintura numa po: Siedo ttcae vital de profundissima significacao. Nesse sen {do sto ambos os male sgniicativos precursores do desapare- fiimento da pintura como veio até agora sendo entendida ‘Mondrian num polo, Wols no outro. Nao se preocupam com ncla mat com significados. Nao tratam de destrait a Superfcie sim dao signifcagdes que ransformam essa su Derliciede dentro para fora. Mondrian chega ao ponto exe ‘mo da tepresentagdo no quadro pela vericalizacdo hor ontalizagao dos seus meios. Dal, 0 para tr, ou para a su peragdo do quadro como meio de expresso, por estat 0 es. mmo esgotado. Mas Wols, no outro polo, chega & mesma con. ‘lusto pela ndo-fixagao num ncleo de representacao espa ale temporal dentro da tela. Ambos sao pintores do espaso Sem tempo, do espago no seu fazer-se primordial, nt sa Imobilidade mavel, Nao sera este o limite mesmo da pintura derepresentagao? 28dejunhode 1961 CCreio que a cor chee jt & sublimidade, ou as suas por- 3 porem a desenvoltura necesarie pura ima 6 esté nos seus inicios. A experiencia dos unas maquelas peave 2s, ari. todas spo cade ora para. berdad d ore pata Sua perftantarasdo crural oo epee Pa de agosto de 1961 rus mith sre de magus dos nko", print ava tps de nce se dstngsens ake Braue; aio medio; c)prands nines A Hie {te ets rt tipos de ncleo ndo 36 em rlacao asians {Gono © nome nda), comoem reaslo Saaeeaee do gue spresenia, qualidade ni no scatds Wann ae {9m ta de aerupamena os seeenn eae eaueno nicl pode postr mas poss ane rant eg elo Oe aie cs ovave possui"O “pean pater (or niles 1 e Seas pbs ¢ em comealsnca, ds expentnsads psa ae Rake, Slo come Ss sas gee fndam em bios ‘pean cleo" jase separa, en abarata Cae nese cue jt sed diretamente com acorepor ao dena doo ym “suporie™, Esse nucleo também @ desimegrarse ae bois és gue se combinam cm agrupamente placa para oura maior eo cspagoexicmno che come on che mamas eer ame fe sue Ste oct renters se skisalga "duane sare \¢ incorporado com signo, tal ¢ a importancia do mesmo, As ASST ea Naame 32 ro se cortam se projetadas numa superficie plana, nem de tio nam de to, ¢posauem ana porta quanto ‘ espago. A concrugao desse nucle, que vir acaracetizar 'Smacieo medio”, €arguitetOnica por excelencia,ndo so pe fosandares (niveis) de placas, como pela sua ortogonalidae. oder, eno, east dinanci gc var ds ala ‘ortogonaidade neoplasticista de Mondrian, ever © quanto difereysendo tao diferente daquilo ea sua evolugao. A dis ‘incla que separa essa experiencia da de Mondrian €a mesma ‘Que separa Cezanne do Cubismo, ¢aflarao que ha entteum ‘outro €'evolugio da mesma linha, que se podera diz harmonica 13 de agosto de 1961 Cada vez que procuro stuar a posigao esttica do meu desenvolvimento, hstoricamente em relayao x suas orien, tthego a conclusto de que nao $6 ¢ um desenvolvimento ind dual muito forte e pessoal, como complcia um contento Histérico e cra um movimento, unto a outros artistas. E uma necesidade de grupo, ava. Apatece, entdo, flagdo com a obra de Lygia Clark, que entre nos €0 que de mais “universal existe no campo das artes plasticas. Revendo o seu desenvolvimento, sobresal logo a coerenca ea intuiedo de Sas ideas, uma grandeza geraliirinseca que vem de det Wo, otimista. Sobretudo a coragem alirmativa de suas ‘demarches ne impressiona. Esta aly a meu ver, 0 elo do de ‘Senvolvimento post-Mondrian,o elo iniciadar’ entre nos de tudo o quede universal e novo se fara ness fo de dsenvol mento: Lygia Clark ndo se limitou a compreender super. almente 0 "eometrismo" de Mondrian, mas sim vollar Faiz do pensamento de Mondrian, posibiitando ver assim ‘duas sham as suas demarches mais importantes equ ab. fm um novo umo para a arte. Sua compreensdo primeira ¢ tiva ao "espaco", como elemento fundamental a por Mondrian, ao qual deu nove sentido, sendo este o Dal ponto que levark a se relacionar eom Mondrian e nao £'orma goometrica™ como Lantos outros. Compreenide en {too sentido das grandes intuigoes de Mondrian, nao de fora Mas de dent, como uma colsa viva; a sua necesidade de ‘Nerticalizar” 0 espaco, de "quebrar a moldura’, por ex ‘no sdo necssidades pensadas, ou “interesantes" como ex » Penden ones amet cai ica, Ferosrcmt sana eens rian, como o Cubismo em relagao a Cézanne, - tins etsenmenea oase 2 ino) ges ee Toute, Sua tice mucin eins 4 oa Sees epee inne de tai Srna ge no pate sas Fc Stee no soe re. “ome en Bea ata cee, pasa Spb ne prin memantine Feces see i 5 pa a kava qe opnune eases nls be «2a ado do branco, mas como una cor sate na totic ea Goer HO aor dene ome iets paromaze one a) sobre ss ortpon emanate mace Sapostnan Sonata or te {que houve quem disesse que ninghém faria um quadre ote sonal sem que caisse em Mondrian (ao contrapor horivontl vertical), Agu o sentido ortoponal universal vertical an ‘uitetOnico, ¢ ndo particular em relagdo a Mondrian os so neoplasticlmo, (id Logo em sguida a superficie frontal & consumida total mente peo preto,€ 0 branco aparece na guina do Quadro, Bois esta expeigncia Gi se a) 0 que cla chama do "Tho oespaco™ (mesmo nas unidades), F interessante nota que aqui a ortozonalidade roda no send lang, ce eco eo pan into pata. Stidaparaoespavo (casos, bichos),Lygiachamou este tra batho de "vo", endo realmente odepostario de odo 0 de Senvolvimento espacial posterior. O "evo" j8-marava don i dos erando "runes" de ponta a ponta. Estava a iniciada a tagistalexperizncia que'e crstalizow os "bichor 28 de agosto de 1961 Sobre o "Projeto Cis de Cara’* Nos rine ms de po ei a mast dem jardim,composto de 3 penetavels(maguctas) meus 0 poe Ia enlado de Ferri Gur, eo Teaco Inepai de Rel ‘aldo Jardim, © projetotomou forma de um grande lb Tinto com ts sada logo de nso seu crater passou a set tuo particular, peo fato de nao serum Jardin no seatigo Habitual que se conhece esomente porgue sera contrldo Dermitindo o acesso do public, Plo ato de possur obras, Su'melhor, ser consttigo de obras de carer etic es Salou logs tambem o seu carter nao-ilitaio e, em coro Semtdo, magico, Part, nos peetraves, da cor 0 expago 10 temo, fo ese o carter qu rege a genes formal ev ‘encial do projeto. Nos primetos pence o carter del into aparece claro: a Corse desenvolve numa esrutura po. limorta de pacas que Se sucedem no expayoe no tempo for. as ‘mando labirintos, J nos posterioreso cariter movel & que «ido sentido labirintico do penetrivel: so os de placas Yo antes. Aqui labirinto como labirnto mesmo Ja nfo apare. x; € apenas virtual. A meu ver ¢ um passo adiante eh fe Taga aos primeiros e abre Inclusive ovas posibiidades ‘do-exploradas, para desenvolvimento futuros nesse cats po, A sor aa fag nto a ater decoratv como a a ‘uitetOnico (polcromias ete), para Ser puramente exetico, PHenciad, So como se oss afescos movel, na excl mana, mas, o mals importante, peneirvels. A estututa da obra’ 50 €'pereebida apos 0 completa desvendamento ‘movel de todas’ suas partes, ocultas umas as outs, Sendo impossivelvélas simultancamente. © problema da relapdo com a natureza, j4 que o projeto ‘ela € construida, fol resolvido pelo lento desgartamento do slemento natural, aria penteada,& medida que se penetra © fc. pasagem, due no poder se rasa, ¢ mers dada pelascalgadas de marmore branco que servem como ‘entradas para o grande labirinto, Aareia¢ elemento da, {ureza, 0 marmore um intermedin borado, eva alvenaria (com ou sem cor) 0 Ja labored Conver lembrar que ndo hd plantas ns area, apenas seed a ‘mesma penteada com anciaho e misturada com difercites edrinhas, dando-Ihe assim uma cera colorasao, mas mule Fénue. Poder-seia perguntar qual o sentido, © como ‘aqui o"*poema enterrado" de Gullar 0 "Tea I eio que se integram em esprito, por possuirem tabemn, outro campo, um carateresttico © magico, como ok pe netraveis, também s4o penetraves, sendo possivel de euda ver um 30 espectador. Num sentido mais alto, sfo obras simbolicas, derivadas de dversos campos da express, que ‘8 conjugam aqui numa outra ordem, nova ¢ sublime. & ¢0- ‘mo se 0 projeto fosse uma reinlgrasao do espaco das Vi véncias cotiianas nessa outra ordem espactotemporal estdtca, mas, 0 que € mals importante, Gomo ums sable Imago humana 27 dedezembro de 1961 [Nesta lkima semana lancsi em realizasio o primeiro ‘cleo “improviso™, oulra modalidade do nucleo, 0 agora 36 5 est também montado o nicleo médio 1”, o primeira ter realizado em seu tamanho real. © "nucleo pequeno | ‘london econo expo, em magus anteriores, 0 eiaorato demora, hd a necenidade de realirtorapidamentc, desde 0 Se ort alé a cor, como que deimprovio. Essa necestidade de limprovsar€ uma das caracteriaties mai importants daa {e contempordnea, mesmo dentro de uma expressdo que 3 braseia a laboracdo. Dentro dessa expresao mesmo, 20 Se partcipasao ambietal’" por execen ia, Trata-se da procura de “totaidades ambiente” geen, ‘am criadas ¢ exploradas em todas as suas ordets onic > ‘nfinitamente pequeno ate o espago arguiteionce, urtang i. Essa ordens no estao estabeleidas prior) men Gam segundo a necessidadecriativa nascente, O tse poe de elementos pré-fabricados ou nfo que consituoy, ons obras importa somente como detahe de tlalidad: isnt sativas,€a escotha desses elementos responde & necestats Imediata de cada abra. A relagio dessas obras com obey, ‘ou conceitos jd existengs€ porem de outrs ondemy, Paerre landartes,teidas, capa ete Hi como que uma converpé (8 obra com esses objets, ou melhor, uma semelhanga ap ene erminada a obra, ou ja toma ela, desde 0 comego, ea aparéncia, Essa convergtncia dase, & claro, a priors ota (ate ¢ por exceléncia um elemento ou objeto ulttacsparny ‘nee, implicio'na sua esirutura bjetiva, elementos ue o isd, para um outro lano, mas se aproptia dos seus clementos omen. ‘Sonstfuivos ao tomar corpo, ao plasmar'se na sus ta zacfo. Também a “tenda" € erigida pela telagae subi sine Slt Perce ead om dower ‘mento da sua estrutura Dela asdo corporal deta do eyes dor, Essa relacdo € pol comingente:ineviavel seas, ‘mente cocrente dentro da dialticn do Panay as (eachar’” na paisagem do mundo urbano, rural ete, slementos ““Parangole” esta também ai induc sane ‘estabelecer relandes perceptivo-estruturais™ Ga gus eneo seem cual ea eee ‘titer geal da estrutura-cor no espace at “achads nstrusdes, ndo hd passagens bruscas doen ara.a “sala” Ou Cozinha”, mas. essen aus delta eng Parte que se liga & tra em continuidade Em “iabiques” de obras em consiruslo,p.ex., x dé 0 ‘mesmo, em outro plano. E assim em odes Geer reo constr Ues populares, geralmente improwsados cae ne ‘odos os dias. Tambént firs, casas de mendiger, en Popular de festasjunina,religiosas, carnaval, teees Sas relacdes poder-se-iam chamsr sinag ean sara tla has uae powsibiidadsv nate lado plurdimensional que dlas decorre entre Seen Susitainacdo” produtiva (Kant), ambas insereraeen, limentando-se mufuamente Todos esses pontos ream para uma teoricato critica ¢ ainda outro que surge, qual seja, oda ventions Wenn, setdadeira retomada, através do conceito de Purteocs se Primordial da arte, que sempre exsius£ ¢laro, mas com maior ou menor definicdo: Devore at tista cm diante houve como que um obscurecinene dense torque tended, com 0 aarceimento da arte do nosee sien, mera cada vez mais, Reta verificar no Parmer 8 aproximaedo com elementos da dang, mitica por excelén- ‘la, cu 2 eriagao de lugares privlegiados ete. Hh como qc uma “‘ontade de um novo mito” proporcicnado sql oe ‘eises elementos da arte; ha uma ierfeencia dele: no coor, portamento do espectador: uma interferéncia continua s de ongo alcance, que se poderia alr nos campos de uicole fia, da antropologi, da socologia eda histor, Este sotto «dos pontos a ser desenvolvido critsamente em detaihe woe estudo tcbrico mas denso.-O ponto de vita fesohice xistejmplicto nesas deinigdes esta talves uma procads (4 definigao de uma “ontologia da obra, uma andes eo. funda da génese da obra enquanto tal, ANOTACOES SOBRE 0 PARANGOLE ‘bras da ““manifestacao da cor no espago ambiental” fe, 8 unidade esrutural dessas ob acto que ‘sta Baseada na estruturae ui fundamental; 0 "ato" do espectador ao can. ‘ou 20 dancar ou corer, revelaatotalidade oe Pressva da mesma na sua estrtura a estututs ate ar) ‘maximo de acdo propria no sentido do “ato expresses A ‘aefo 8 pura manifestacao expressva da one Nh “capa, posterior a do estandarte. ja conscliia my onto de vista: o espectador “veste™ a capa, que se ea winnt dk camadas de pano de cor que se revelamn A medida ate se movimenta correndo ou dangando.-A obra ear ote Participacdo corporal crea; alm te reves sorte eit ee etemaMMeNe, aie dancr, cm altima ae’ O ‘rOprio ato de vestt™ a obra jt implica uma transmuteede, {expressivo-corporal do espetador, carastercing ‘lanea, sua primeira conaigdo. A tlacto da “capa” (jf realizada a 1 ¢ 2) ‘do 36 a questdo de considera um ‘a obra, isto €, um “assistir" © "vest" a shea tong completa visto por pa Nao hi ala pari tempo, ou melhor ob 70 ri SHS sada Sea" eet no moa. ito tae ea Sos an or endnote me maa ore pe Nh er ie cen heer Somat then area he tare oe Srgdpen et ul des ie menage peau Peace Ee ma ada mn cae Oe Sa oe sate tiie view Seis tas dit Sacra 5, SoeSermacemeel Sore rua tae [men une tea a ‘hice cre mettre EO oa crease oat See To Sroda in pat ete Oat cme Stone Cie earns Omen ls Reef cotienp anteaherereoue acc Sing patente th eto wc indie Serraino dn cou telnet gum tars, taco, Core toe in ha gestae meena 3 Seon te er ac tormenta deci | antiga ation-painting, puramente plasmagao visual da 350 find ato ema tara om camo da bra mo aqui) va taal evs io oe aie fundamental de ‘strata ambiental”, possuindo um nicleo principal © partcipador-obra, que 4 desiembra em pariiipador™ Guando assist “obra quando asisda de Tora nese spavo-tempo ambiental. ses ncleos partcipador-obra, 40 se relacionarem num ambiente determinad (auma expo: Sigdo, pcx), cram um “sistema ambiental" Purangote, que Boru ver deta er “asssido™ por outros partisan Dal para oestabelecimento perceptivo de relaydes entre a estrutura Purangole, vivenciada pela parisipad, outtas struturas carateisticas do mundo ambiental, surge 9 que Shamo de “vivéncia‘otal Purangole, que ¢ sempre sions 4a pela participagto do sujeto naa obras lancada no mun 4 ambtenal como que querendo devifrar a sua verdadeia onsiulcao universal, trasformando-o em percepsao ‘iativa"™ Imporia aqui, agora, procurer determinar fin Adncia det ao no comportamento eral do parti rs seta ito uma iniiagdo i etrturas perceptve-cia ‘as do mundo ambiental? Toda obra de arte no Tundo, © Testa saber agu qual aexpesficdade caracteistea nessa com: ‘e=pgdo do que seja 0 Parangole 12 denovembro de 1965 A danca na minha experiéncia Antes de mais nada & preciso eslarecer que o meu inte- fesse pela danca, peo ritmo, no meu caso particular sum ba, Ussessidade vital de deste te, F portant, para mim, wna ex- ade, indispensével,prinipalmente de preconceitos, estercopagder ele. Co re, houve uma convergenesa dessa expe == riéncia com a forma que tomou a minha arte no Purangolée {do o que ast serelaciona Gj que o Purangolénfluencion fmudou 9 rumo de Nucleos, Penetrdvelse olldes). NAO sO isso, como que foo inicio de uma experiencia social defn vate que nem sei que rum tomard. ‘dana ¢ por excelenca a busca do ato expressvo de to, da imanéncia desse alo; ndo a danga de bale, que € exces: cnteintelectuaizada pela inseredo de urna “"corcopra anseencia dese ay as ‘improvisarao reina aqui n ‘coreografia organiza da; em verdade, quanto mais livre a improvisasao, melhor; hi como que ura imersdo no ritmo, uma identifeagdo vit mpl do gto, do ato como to, ama luna onde Inteecto permanece como que obscurecido por uma fores mitica interna individval coletva fem verdade nao se pode terstico das artes ditas plasticas — em verdade a dana, © ‘a0 0 proprio ato plastico na sua crudeza esencial — apontada a diregao da descoberta da Ese Ho do proprio ao, da ontinuldade; ¢ (amber, como © sto todos 0s alos da expresso criadora, um criador de Imagens — alts, para mim, fol como que uma nova desc ma reriagao da imagem, abarcando, co ‘mondo poderia deixar de ser, expresso plastica na minha obra, "A derrubada de preconcetos sociais, das barreiras de ‘grupos, clases et, seria inevitveleesseblal na realizado ‘desea experiencia vital. Descobri al a conexdo entre o colt. Vo ea expressto individual —o passo mais importante pa tal "ou sje, o desconecimente de nves abstatos, de ca ‘adas” sociis, para uma compreensto de uma toalidade ‘Ocondicionamentoburgués aque estavacusubmetdo desde ‘que nas deserse camo por encanto ~ deve dizer, alas, {Que 0 proceso jase vinha formando ans sem que eu 0 ou" ‘ese 0 desequlirio que adveio deste deslocamento socal, {0 continu desredito das etruturas que regem nossa vida nessa sociedade, especifieamente aqui a brasileira, fo ne Vitavel ecarregado de problemas, que long de teeth sido to: a talmente superados, se enovam a cad dia. Crio que a ding amica das etruturas socials revlaramse agua, Sua crudera, nasa expresido mals mediate Proceso de descredito nas chamadae sana ‘fo que considers cua sia existenca, man aitan pare $e tommaram como que esquematicas’atifcals come a ‘ere ee dua aura spar seu map, Osc quema, “Tora” dias ~ a marginalizachor ina cones oe Arlt haturalment,ornou se apdameatal pth ni oe fia a total “Talia de lugar socal", ao\mesno temp ques descoberta domeu “lugar individual” como hone ope ga ‘mundo, como “sr sort" no seu senso toa aa ‘luldo numa dterminada camada ou “lite® ep acy, ‘alte artstica marginal may exsente (dos verdadero sta, digo cu, endo dos hobiugs de aris naot ose mais rofundo:€um processo na sovedadeconrnen eae subj! tva — feria. Vontade de uma posi init; socal no os Imai nbre sentido, livre total O que me ines eee que eierimento aqui em mim = nao ace las foals, mas um sat total de ie 1s ‘uli para o equiirio dover aga Polo rete cra de art nto procede ‘mais — mesmo nas obras que hoje nao exjanha parterreces do especiador. 0 ae propoem nue ¢ uae epagaeso transcendente mas um “estar” no mundo, A dames ones ndo propde uma “fuga desse mundo imanenie nate 4a.em toda a sua plenitude — 0 que sera pars Necwooee guezdionbiaca™ na verdadc uma “Wocles ono siva da imanéncia do ato”, ao este que ndo se career or parialidade alguna est por sua oaldade some at ma expresso total do es, Nlo sera eign tal da arte? O Parangole, pen. quando exge t ela dnc, & pcs un adapta dome ttansformagaodesse a danga —€isto apenas uma 1 total do eu O gest, ‘allvos para uma e outta express4o, pos tanto una (a danca pura) como a outra (a danga no Purangold) ato rene "“ © que se convensionou chamar “interpretagio" softe também uma transformaedo nos nossos dias nao se ral {em alguns casos € claro, de repetr uma cragdo (uma canto, ex) aldsdando-the maior ou menor expressto segundo 6 Intéxprete, Hoje o interprete pode assumir umn tl importa cla que sobrepuje a propria cacao (ou outracolsa qualquer) ‘que interprete. Nao se trata de ""vedetsmo talzardeterminados interpretes segundo a sus cisga0 partcipantes” de Zio, em todos cle std presente eta auséncia exemplar de drama =" al as ies 2c So definidas com uma claeza matsana,hedonsta eo. [Enste proseso, Sao atts que ainda enao No comeyo, tr Thane sem divida, e que nos resonfortam com Seu ousaato, 292, Se aqui o processo se torna velor, imediato nas suas in qe der endo dos nvissinor cdo outros ainda {Wlalmente desconheedos que abordam,criam ji0 objeto Sem mais oda essa dialética da "passagem", do turning ‘Poin ec. Esta mostra, primeira da Rova Objetividade, vst ar oportunidade para gue aparegam exes jovens, pari ve sole nce experi oy sna ue interesem a0 proceso (expetifncias que tertinaram imGasve a minha formulacso Go Purangto, No aden coment, mas apenas anolar algts dessez novissimos, bertos a im desenvolvimento: Hans Fleudenschld com sus ‘manequins de cor Geriao noso primeito “totemista”), Mo” tha Gorovitz eos seus underwear, Solange Escostequy com Sas antcaixas ou supravelevos para a cor, Eduardo Clark (otografias, maltdoes c snicaitay, Rensio Landim (ele ‘os ecaitas), Samy Mattar (objeto): Lanarl, 0 baiano Sine {ack com seus instrumentos decor (music) Lygia Pape, que no Neoconcretiso cou ocBebre Li 70 da Crigdo, onde a iagem da forma-cor substan fotum a palavra, era, a par de soa experi con cinema, Calnas de humor negro, manuseSvels, que sao ainda deseo thesidas,eabre novo campo a explora. ou sj, este do tor como tl eno aplicando em representagdes externas 40 ‘etcontus em ous planeta pare oa van Seipa, que passara das expergncias conctets isolugdo etrutal das mesmas, depots ainda, pla fase ‘ica reali, retomou 9 sentido conscuivo da epoca con {eta num novo sentido, de imediato no objeto, predominen 4 sentido lidico, sem drama, entrando coma parc: paglo doespectador. Sto proposigessadias que anda e130 Bor certo devenvolvidas, que tambem nos evoeamcetas pt fists do conceto de antarte, que as lornam de imedato importants ‘Em Sio Paulo queremos ainda anotar a expricia im portant de Willys de Castro, que dese a Epoca neoconera Stara o “objeto tivo” deyevoiveu cocrenemcate ese proceso até hoje, aproximando-se de solugbes que sain fom 0 que os americanos deincm como primary siratures ‘.que als acomtece com as de Serpe multas obras da epoca ‘eoconerta como as de Carvao (ijolos de cor) © a0 de ‘Amica de Castro, que também mostfarimos aq nesa posit, Soo expergnsias muito aluls, que tendem au tem 4: Tomada de Hi atualmente no Brasil a necessidade de tomada de po- siglo em relardo a problemas poiios, socials ¢ tots re zsidade essa que se acentua a cada da e pede uma form lncto urgent, sendo o ponto erucial da propre aber dager 4s problemas no campo eriativa: ares lites placer Te, ‘atua et, Nessa lina evolutiva da qual surgi, ou meinen, {que eclodiu no objeto, na partidpaeto do especiador cies 6 chamiado grupo realita segundo Schembere (a0 Rio), ho ‘campo plistico (ineluindo al as experiencia de Escosteguy, cOmseguu a primeira sinese de idlas esse sentido aque adsl ime obra lia propre acon ‘aril paricipante no sentido politico fol a de Esconeauy 1963, que, surpreendido por gestOespolcas de vulle ng poca, criou uma especie de relevo para er apreendido te ‘os pela viso © mals elo tato (aide, chamavase “panties ‘etl, teria sido entao a primeira obra ness sentivo aqut = metsagem politico-social em que o expestador teria que ‘sar as ms como um cego para desvend ta, Essasiias, ou linhas de pensamento no sentido de uma “arte participanie”, porém, jah alguns anos vinham grt sando de maneia lara objetiva na dba de alguns posts ¢ te6ricos, que pela natureza de seu trabalho possuiam maior tendéncia para a abordagem do problema, A plemia stack tada ai tomou:se como que indispensivel aqueles que em ‘qualquer campo cratvo estao peocurando etiar uma base solids para uma cultura tipieamente braslera, com catas {eristcase personalidade propria. Sem dvida a obra eas ‘dias de Fereira Gullar, no campo podtica e tebrico, so a8 Posigdo em relacto a problemas polit {que mais criaram nesseperiodo, neste sentido. Tomem hoje lum importdneia decisva eaparecem como un estimulo pac "a os que véem no protesto e na. completa reformlagao Politico-social uma necesidade fundamental na nossa sual dade cultural. O que Gullarchama de paticipasdo ¢ no fun do, esa necessidade de uma partcipaedo total do poeta, do intelectual em geral, nos acontecimentos enos problemas do ‘mundo, consequentementeinfluindo e modifiando-on; umn ‘no Viar as costas para o mundo para restringir-se a probe ‘as estéticos, mas a necesidade de abordar esse mundo com ‘uma vontade'e um pensamento realmente tansformadores, on os panos éico-potticosocal. © ponto crucial dessas eas, serundo o proprio Gulla: fo Compete ao arts as tard modiicadesno campo eitico como se fora este uma ieee bi cn a nd proce a partipaedo teal, erguer os aceers de uma Lovalidece Gull, peando transformers profundas coon sd homem, que de espectador pastivo dor aconicemenon Pastara a age sobre cls wsando‘or mele que he cous fem: atevolta, o potest, 0 trabalho constraivo pars mi Bir a esa transformacdo te. O artista, o ntlecual mee. ‘al stave fadado-a uma posgso cada ver mas satus ¢ atknatria ao persis na vn psi ecient: par ns hoje oca, de considera os produtosda are somo aiteecten

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