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"A doença pertence à historia, em primeiro lugar pois não é mais que
uma ideia, um certo abstrato numa 'complexa realidade empírica', e
porque as doenças são mortais [...] a doença pertence não só a historia
superficial dos progressos científicos e tecnológicos como também a
história profunda dos saberes e das praticas ligadas as estruturas
sociais, as instituições, as representações, as mentalidades." (Le Goff,
1985, p.7-8)
A historiografia recente nos aponta que a produção da história pode trabalhar com as
doenças, epidemias e eventos científicos como fontes de trabalho, pois todos esses aspectos da
fisiologia humana contém uma natureza social, passível de captarem as sensibilidades de seu
período. O próprio tratamento e atenção dada pela sociedade a determinadas doenças, a forma
como ela reage à morte de grupos sociais, reflete os interesses políticos e organizações do
período. A doença conhecida como a peste negra, que assolou a Europa medieval pode ser um
interessante exemplo.
Importante distinção:
A peste negra
Inicialmente era uma doença endêmica de algumas regiões da Ásia Central, mas se
torna uma pandemia em 1348.
O termo peste negra data do século XVIII. Os contemporâneos da peste,
possivelmente chamavam a doença de "terrível morte", "terrível peste" ou apenas
"peste".
Higiene e Cotidiano:
É anacrônico julgar com os padrões do que hoje consideramos higiene, a população
dos centros urbanos medievais. Logo, sua forma de conceber e lidar com o corpo humano, e a
higiene cotidiana, foi condicionado ao seu período. Dito isso, com base em Martino (2017),
podemos entender como era a estrutura sanitária das cidades medievais. Dejetos de todos os
tipos, fezes, sangrias, animais mortos e etc., ficavam expostos a céu aberto em meios às ruas
principais, em frente às casas e mercados. Em relação às questões de higiene, existem
algumas polêmicas entre a historiografia sobre as praticas de banho ou não durante a idade
média. Mas ainda assim, considerando a pobreza das casas, e a condição de alimentação, lavar
as mãos era considerado uma forma de higiene, elemento importantíssimo na disseminação da
peste negra.
Como a medicina estava ainda sob a tutela da igreja católica, a relação que se
desenvolvia com o adoecer no medievo, estava tingido pela religiosidade. Para o sujeito
medievo, morrer não era pior do que ir para o Inferno. A doença era entendida como a
materialização do pecado na carne, logo, a martirização dessa
Medicina Medieval:
Alguns acreditavam que o castigo de Deus caia sobre aqueles que ficassem dentro de
suas cidades, como se Deus pretendesse atingir determinados locais. Logo, era comum as
pessoas infectadas largarem todos seus bens e familiares e se deslocarem para outras regiões,
assim, infectando outras pessoas. Outra explicação era a de os astros colidiam e interagiam de
maneira caótica, assim, não se via regras ou métodos que pudessem impedir alguns de morrer
e outros de sobreviver.