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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-12-78.2015.5.06.0007

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1003F4D74764EAFD39.
A C Ó R D Ã O
7ª Turma
GMRLP/hj/th

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. RECURSO INTERPOSTO SOB A
VIGÊNCIA DAS LEI Nºs 13.015/2014 E
13.105/2015 (CPC/2015) E ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. HORAS
EXTRAS – JORNADA DE TRABALHO - ADVOGADO
– CATEGORIA DIFERENCIADA – CONTRATO DE
EXCLUSIVIDADE. Ante a razoabilidade da
tese de violação ao artigo 20 da Lei nº
8.906/94, recomendável o processamento
do recurso de revista, para exame da
matéria veiculada em suas razões.
Agravo provido.
RECURSO DE REVISTA. HORAS EXTRAS –
JORNADA DE TRABALHO - ADVOGADO –
CATEGORIA DIFERENCIADA – CONTRATO DE
EXCLUSIVIDADE. O advogado empregado de
banco que exerce atribuições inerentes
à advocacia não se enquadra no artigo
224 da Consolidação das Leis do
Trabalho, pois, sendo profissional
liberal, se equipara aos membros de
categoria diferenciada, uma vez que
exerce atividade regulada em estatuto
profissional próprio, devendo observar
a regulamentação de jornada específica
de sua categoria, que se encontra
prevista na Lei nº 8.906/94. Assim,
configurada a dedicação exclusiva,
„serão remuneradas como
extraordinárias as horas trabalhadas
que excederem a jornada normal de oito
horas diárias‟ (parágrafo único do
artigo 12 do Regulamento Geral do
Estatuto da Advocacia e da OAB). Desse
modo, nos termos da jurisprudência
desta Corte, o reclamante não faz jus ao
pagamento de horas extras além da sexta
hora diária. Recurso de revista
conhecido e provido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-12-78.2015.5.06.0007, em que é Recorrente BANCO
BRADESCO S.A. e Recorrido LEANDRO MARTINS DA SILVA.

Trata-se de agravo de instrumento contra o despacho


de págs. 1662/1664 do seq. 3, originário do Tribunal Regional do Trabalho
da Sexta Segunda Região, que denegou seguimento ao recurso de revista
interposto, sustentando, em suas razões de agravo de págs. 1669/1676 do
seq. 3, que o recurso merecia seguimento.
Contraminuta apresentada às págs. 1689/1698 do seq.
3.
Dispensado o parecer da d. Procuradoria-Geral, nos
termos do artigo 95 do RITST.
Publicação do acórdão impugnado na vigência das Leis
nºs 13.015/2014 e 13.105/2015 e antes da vigência da Lei nº 13.467/2017.
É o relatório.

V O T O

I – CONHECIMENTO
Em contraminuta, o agravado requer o não conhecimento
do recurso, por aplicação do art. 544 do CPC.
Entretanto, examinando o conteúdo do agravo de
instrumento, constato que, embora o agravante tenha renovado, em parte,
os termos constantes do recurso de revista e de forma sucinta, a parte
agravante não deixou de renovar os dispositivos legais e constitucionais
apontados como violados no recurso de revista.
Ademais, a parte objetiva a reforma do despacho
denegatório, ao requer que “seja o presente recurso processado e, reconsiderando a r. decisão
de fl., para determinar o seu encaminhamento, regular processamento e provimento total do recurso de
revista”.
Por essa razão, afasto a incidência do art. 544 do CPC,
na hipótese.

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Desse modo, conheço do agravo de instrumento, visto
que presentes os pressupostos de admissibilidade.

Primeiramente, há de se afastar a alegação de que o


despacho denegatório incorreu em negativa de prestação jurisdicional,
violando os arts. 5º, caput, e II, XXXIII, XXXV, LIV, LV, e 93, IX, da
CF/88, 832 da CLT, 3º e 489, CPC/2015, na medida em que “para manter o deferimento
das horas extras além da 6ª diária, deixa de observar a análise e específico apontamento da violação ao
artigo 22, I da Constituição da República, bem como a afronta e violação do artigo 20 da Lei 8.906/94, o
artigo 12 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB e dá interpretação divergente ao
enunciado da Súmula 117 do C. TST”. Isso porque, segundo a norma do artigo 896,
§1º, da CLT, incumbe ao presidente do TRT realizar o juízo de
admissibilidade do recurso de revista, aferindo os seus pressupostos
extrínsecos e intrínsecos. Trata-se de decisão de caráter precário, a
qual não vincula o juízo ad quem, garantindo-se à parte a possibilidade
de manejar agravo de instrumento para requerer o reexame da integralidade
da matéria constante no recurso de revista. Inviável, portanto, a
alegação de afronta aos dispositivos indicados pelo agravante.

II – MÉRITO
HORAS EXTRAS – JORNADA DE TRABALHO - ADVOGADO –
CATEGORIA DIFERENCIADA – CONTRATO DE EXCLUSIVIDADE
Insurge-se o agravante, em suas razões recursais,
contra o despacho que denegou seguimento ao seu recurso de revista,
sustentando que logrou demonstrar violação de lei federal. Em suas razões
de recurso de revista, alegou que o reclamante, na condição de advogado
empregado de banco, não faz jus às horas extras além da 6ª diária, visto
que trabalhou em contrato de exclusividade, e, como advogado, integra
categoria profissional diferenciada. Defendeu, ainda, que o reclamante
exercia função de confiança do empregador, estando, pois, enquadrado na
exceção constante do parágrafo 2° do art. 224 da CLT, de modo que sua
jornada normal de trabalho era de oito horas diárias, além do que recebia
gratificação de função muito superior a 1/3 de seu cargo efetivo, em clara
demonstração de que detinha confiança diferenciada, não fazendo jus as
sétima e oitava horas diárias como extras. Apontou violação aos artigos
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224, §2º, 442, 444, 447 e 511, §3º, da Consolidação das Leis do Trabalho,
18 e 20 da Lei 8.906/94 e 12 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia
e da OAB e contrariedade à Súmula nº 117 e à Orientação Jurisprudencial
nº 403 da SBDI-1, ambas do TST. Transcreveu jurisprudência.
O Tribunal Regional, ao analisar o tema, consignou:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS.
BANCÁRIO. ADVOGADO. Os pretórios trabalhistas vêm se
posicionando, no sentido de desvincular o mero exercício da advocacia à
função de confiança a que alude o art. 224, § 2º, da CLT, eis que, via de
regra, os advogados contratados por empresas (no caso, instituição
financeira) nada mais são do que empregados que executam atividade
técnica intelectual qualificada, sem a presença de outros elementos, que
os aproxime do conceito que o legislador buscou imprimir às figuras dos
"gerentes", "diretores", "chefes" e "equivalentes". Nessa esteira, o C
Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula nº 102, de seguinte teor:
BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. (..). V - O advogado empregado
de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de
confiança, não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224
da CLT. Recurso ordinário desprovido, no particular.
................................................................................................................

Dos pleitos relacionados à jornada de trabalho


(...)
No aspecto, assim decidiu o Juízo a quo:
(...)
Da 7a e 8a hora laboradas
Aponta o reclamante que até 31.03.2011 exerceu a função
de assistente jurídico e a partir de 01.04.2011 de advogado,
sempre subordinado, sem poderes administrativos e/ou gestão,
coordenação, supervisão, fiscalização ou disciplinar sobre
qualquer empregado do reclamado.
Alega a reclamada que contratado para laborar 8 horas
diárias, em regime de dedicação exclusiva, já que pertencente a
categoria diferenciada.
Alega, ainda, que as funções exercidas pelo reclamante
estavam elencadas entre as elencadas no parágrafo 2º do art.
224 da CLT, posto que detentor dos segredos da empresa, de
sigilo profissional, com empregados subordinados, autonomia
nas tarefas executadas e recebia gratificação de função em valor
superior ao fixado na legislação.
O reclamante exerceu na reclamada no período
imprescrito a função de Assistente Jurídico até 31.03.2011,
sendo promovido em 01.04.2011 a advogado I.
Resta definir se o seu enquadramento era ou não o
previsto no art. 224, parágrafo 2º da CLT.
É certo que a atividade do advogado é revestida de fidúcia,
mas o trabalho executado é na essência técnico, salvo exceções,
como, por exemplo, Gerente do Setor Jurídico.
A testemunha arrolada pela reclamada disse: "os
estagiários eram subordinados ao reclamante; para fazer
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diligências, etc; que o reclamante não podia admitir ou demitir
estagiários; que a questão de admitir, demitir ou advertir
estagiários era por conta da área administrativa ou da gerência;
que não se recorda se o reclamante representou o banco em
licitação; que o reclamante não assinava cheque administrativo;
que o reclamante fazia também audiências trabalhistas e não
podia fazer acordos trabalhistas;"
Em análise dos depoimentos prestados em Juízo,
verifica-se que o reclamante não desempenhou função de
confiança nos termos do art. 224, parágrafo 2º da CLT; apenas
típico cargo de fidúcia técnica, em ambas as funções.
Portanto, tem-se que o reclamante estava subordinado ao
Gerente do Setor Jurídico, não tinha o poder de abonar faltas,
de admitir ou demitir funcionários. Os poderes do reclamante,
como procurador do banco, eram os poderes da cláusula ad
judicia et extra. O simples exercício da advocacia não faz com
que exerça cargo de confiança.
Para o reconhecimento do cargo de confiança seria
necessário prova inequívoca nesse sentido, o que não há nos
autos.
Não produziu a reclamada prova no sentido de que o
reclamante detivesse poder de mando ou gestão. Até para se
fazer substituir em audiência era necessário informar ao
Gerente do Setor Jurídico para que ele designasse um substituto.
A gratificação de função recebida, superior a 1/3 do
salário não é suficiente para enquadrar o empregado no
parágrafo 2º do art. 224 da CLT.
O C. TST já decidiu que apenas o recebimento de
gratificação superior a 1/3 do salário não é impedimento do
reconhecimento de jornada especial de 6 horas:
"( ... ) O fato de o advogado de banco receber gratificação
superior a 1/3 do seu salário não leva a enquadrá-lo como
ocupante de cargo de confiança. A fidúcia e a responsabilidade
especial de que se reveste o cargo de advogado de banco é
distinta da reproduzida no art. 224, § 2º, da CLT' " ( cf. " SDI-
Jurisprudência Uniformizadora do TST ", DT, abril de 1999, p.
15 ) .
Portanto, aplica-se, à espécie, a inteligência da Súmula
102, caput do C. TST, donde se extrai que o empregado de
banco, ocupante da função de advogado, é bancário,
enquadrado na regra geral do caput do art.224, CLT.
Portanto, observando-se a jornada de trabalho arbitrada
pelo Juízo, tem-se que extraordinárias as horas laboradas após
a 6ª diária.
O adicional a ser aplicado, como bancário, o adicional a
ser aplicado às horas extras será de 50% e não 100% como
pleiteado. É que reconhecido o enquadramento como bancário,
observando-se a regra da atividade preponderante da empresa
demandada, não se aplica o disposto na lei 8906/94, mas as
normas aplicadas aos bancários.
A 7a e 8a horas não eram remuneradas com a gratificação
de função. A gratificação decorre da responsabilidade do cargo.
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Observe-se os a evolução salarial, os dias efetivamente
trabalhados (excluindo as faltas, afastamentos, licenças, etc), o
divisor de 150, por fim, autoriza-se a dedução dos valores pagos
a título idêntico, deduzindo-se 2 horas extras ao mês que
confessou o reclamante ter compensado.
Cabível, ainda, a adoção do divisor 150 na apuração das
horas extras na medida em que postulado na exordial e
respaldado em norma coletiva (cláusula oitava, § 1º, da CCT
dos bancários) da categoria em que foi enquadrado o autor, a
qual dispõe no tópico das horas extras que "quando prestadas
durante toda a semana anterior, os bancos pagarão também o
valor correspondente ao RSR, inclusive sábado e feriados",
considerando, portanto, o sábado como dia de descanso
remunerado nos termos da Súmula nº 124 do C.TST, que
pacificou a matéria albergando entendimento há muito esposado
por parte da doutrina e jurisprudência. A Súmula nº 113 do TST,
portanto, não se aplica ao caso dos autos.
Neste caminho, cita-se jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho:
(...)
Quanto aos reflexos, cabível as repercussões no aviso
prévio, férias + 1/3, 13º salários, RSR (inclusive nos sábados e
feriados em razão da previsão convencional) e FGTS + 40%,
nos moldes da súmula 376, II do TST.
Não incide na hipótese a súmula 113 do TST,
considerando-se que a norma coletiva estipula na cláusula
oitava, parágrafo segundo: " quando prestada durante toda a
semana anterior, os bancos pagarão, também, o valor
correspondente ao repouso semanal remunerado, inclusive
sábados e feriados".
(...)
Isto posto, observo, desde logo, que, de fato, discute-se nos autos o
direito do reclamante, advogado empregado do banco réu, ao recebimento,
como extraordinárias, da sétima e oitava horas diárias de labor, frente às
teses de defesa de que o demandante é integrante de categoria profissional
diferenciada, contratado sob o regime de dedicação exclusiva e de que se
enquadra na hipótese de cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º,
Consolidado.
Inicialmente, tenho que, na condição de advogado, não integra o autor
categoria profissional diferenciada, até porque dita função não está
catalogada no quadro anexo a que alude o artigo 577, da CLT, recepcionado
pela Carta Federal de 1988, como já proclamado pelo Excelso STF e cuja
enumeração é taxativa e não meramente exemplificativa.
Ultrapassada essa questão, observa-se que o sistema de enquadramento
sindical brasileiro, segundo a regra traçada no artigo 511, § 2°, da CLT, é
estabelecido pela atividade empresarial preponderante, salvo os casos de
categoria profissional diferenciada, na definição traçada no § 3°, do mesmo
artigo, o que, conforme exposto, não é o caso dos autos.
Destarte, prevalecendo como critério de enquadramento sindical a
regra geral, qual seja, a da atividade preponderante do empregador,
tratando-se o reclamante de advogado empregado da instituição bancária,
enquadra-se na categoria profissional dos bancários.
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Em face dessa circunstância, em que pese o demandante tenha sido
advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com cláusula de
dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4), acerca da jornada, aplicam-se, no caso, as
normas legais e convencionais disciplinadoras das atividades dos bancários,
e não, como pretende o demandado, o disciplinamento constante nos arts. 12
e 20 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB).
Quanto ao mais, não há ser acolhida a arguição calcada na hipótese de
cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, que atrai para a
reclamada o ônus de prova respectivo, a teor do disposto no art. 818, da CLT
c/c 373, II, do CPC/2015.
Com efeito, em virtude do próprio mister desenvolvido, o advogado
empregado necessita ter conhecimento de documentos sigilosos da empresa
e possuir poderes amplos de representação em juízo e repartições públicas.
Para isso, afinal, ele foi contratado: solucionar problemas que envolvam, nos
mais diversos setores, a aplicação do direito.
Os pretórios trabalhistas, no entanto, vêm se posicionando no sentido
de desvincular o mero exercício da advocacia à função de confiança a que
alude o comando legal acima referido, eis que, via de regra, os advogados
contratados por empresas (no caso, instituição financeira) nada mais são do
que empregados que executam atividade técnica intelectual qualificada, sem
a presença de outros elementos que os aproxime do conceito que o legislador
buscou imprimir às figuras dos "gerentes", "diretores", "chefes" e
"equivalentes". Nessa esteira, o C. Tribunal Superior do Trabalho editou a
Súmula n.º 102, V, de seguinte teor:
"BANCÁRIO CARGO DE CONFIANÇA
(...)
V - O advogado empregado de banco, pelo simples
exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não se
enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT.
(...)"
Nesse sentido, Alice Monteiro de Barros pontua que, para espelhar o
cargo de confiança de advogado, em geral, "não basta o mandato ad judicia
que o habilite a atuar em juízo, sendo necessário, ainda, poderes de mando
em setor vital da empresa e padrão salarial diferenciado, tornando-o o alter
ego do empregador" (in "Contratos e Regulamentações Especiais de
Trabalho", Editora LTr, pág. 40).
Maurício Godinho Delgado, por sua vez, lembra que os cargos e
funções de confiança, no segmento bancário, não se incluem no panorama do
art. 62, Consolidado, mas do § 2º do art. 224 da Legislação Trabalhista.
Desse modo, não se exigem, em tais circunstâncias, "amplos poderes de
mando, representação e substituição do empregador (Enunciado 204,
TST)". Ressalta que, nessa seara, presumem-se ser de confiança, "além do
cargo de gerente, os cargos de chefe (Enunciado 233, TST), subchefe
(Enunciado 234, TST), tesoureiro (Enunciado 237, TST) e subgerente
(Enunciado 238, TST)" ("Curso de Direito do Trabalho", Editora LTr, pág.
345). Fora dessas hipóteses, considera-se, ainda, inseridos no instituto em
exame, "outros cargos de confiança", mas ressalta o ilustre doutrinador que,
até mesmo o gerente geral da agência ou superintendente regional só serão
excluídos das regras legais relativas à jornada, se não houver "efetivo
controle minucioso de horários, que afaste a presunção estipulada pela
ordem jurídica" (op cit, pág. 346).

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Observa-se, portanto, que, se a norma específica dos bancários exige
menos, para ter como configurado o cargo de confiança, não se pode olvidar,
de outra sorte, que, se abarcado na figura do art. 62, II, da CLT, o
trabalhador, automaticamente, já estaria espelhado no art. 224, § 2º, do
mesmo Diploma Legal.
No caso em exame, o autor foi admitido na função de Advogado I, na
qual permaneceu até o seu desligamento, estando sujeito à fiscalização
regular de horário de trabalho, como demonstram os controles anexados aos
autos. Necessário seria, portanto, prova contundente, irrefutável, no sentido
do seu enquadramento na regra do art. 224, § 2º, da CLT. Isso, contudo, não
aconteceu.
Evidenciado pela prova oral dos autos que todos os advogados
desempenhavam as mesmas atribuições, não havendo qualquer critério,
exceto numérico, para distribuição de processos, o que denota que o
recorrido era apenas parte de uma engrenagem em relação à qual não detinha
qualquer fidúcia especial, seja no campo jurídico ou administrativo.
Nesse cenário, o recebimento, pelo empregado, de gratificação de
função superior a 1/3 de sua remuneração, não o enquadra, automaticamente,
na exceção do § 2º, do artigo 224, da CLT.
Na verdade, não se pode confundir isenção técnica e independência
profissional (Lei n.º 8.906/94) com cargo de confiança, vez que os primeiros
estão atrelados aos conhecimentos especializados transformados em labor,
pelo advogado; enquanto que o segundo pressupõe, também, poderes a nível
administrativo. Ausentes estes últimos, como na hipótese dos autos, o
reclamante tem o direito de acionar o Poder Judiciário, a fim de receber a
contraprestação devida pela sétima e oitava horas de labor.
Pelos motivos supra, como reconhecido na sentença, tenho não se
inserir o caso dos autos na exceção do § 2º, do artigo 224, da CLT, pelo que a
jornada laboral do demandante deve ser regulada pelo caput do referido
dispositivo legal, qual seja, de seis horas diárias.
Ressalto, de outra parte, que a demonstração referente à jornada e
freqüência de trabalho ocorre por meio de prova pré-constituída, a cargo do
empregador, que consiste em cartões de ponto, por incidência dos artigos 2º e
74, § 2º, da CLT combinados com o art. 373, II do NCPC e a Súmula nº 338,
I do TST, admitindo-se a prova oral destinada a evidenciar que os
respectivos registros não retratam a realidade.
No caso, de fato, juntou a ré controles de ponto inerentes a todo o
período do contrato de trabalho do reclamante não alcançado pela prescrição
quinquenal (IDs 8452d41, 018b2af, 969c2e8, b546c85 e fb079e7), os quais
foram impugnados pelo autor, sob o argumento nuclear de que "as jornadas
consignadas na folha de registro não espelha o real tempo a disposição do
empregado" (ID 331016a). Desse modo, atraiu o reclamante o ônus
probatório de comprovar as respectivas alegações, nos termos dos artigos
818 da CLT e 373, I, do CPC/2015, encargo do qual não se desvencilhou a
contento, realçando-se que a prova oral por ele produzida não se revela
suficiente para esse fim.
Com efeito, destaco que a única testemunha apresentada pelo
demandante, embora tenha dito que "que geralmente a hora marcada não
era a duração regular do seu trabalho" e " que a marcação não era correta
da jornada para não gerar horas extras", alegou, em seguida, que "no inicio
do mês normalmente porderia ser marcada as horas extras, todavia, após
algum tempo quando o número de horas extras aumentavam só colocava o
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numero que não excedesse as horas extras (..)", procedimento este que não
se verifica nos cartões de ponto adunados, nos quais há registro de horários
variados ao longo de cada mês, não se extraindo desses documentos a
anotação de jornada maior no início e, menor, no final.
Considero válidos, portanto, os apontamentos contidos nos controles
de frequência, pelo que as horas extras devem ser com base neles apuradas.
Ressalto, outrossim, que a documentação anexada evidencia,
inclusive, a fruição de intervalo intrajornada de duração mínima de uma hora
em todos os dias da semana, o que há prevalecer, na hipótese, posto que,
também neste aspecto, a prova testemunhal produzida pelo autor não é apta a
desconstituir tais registros, realçando-se que revela a suposta ausência de
intervalo, em dois dias da semana, em dissonância com o relato da exordial,
segundo o qual, o repouso intervalar apenas não era usufruído integralmente
em dois dias da semana.
Por outro lado, no tocante ao curso de capacitação à distância (treinet),
observo que a prova testemunhal apresentada pelo reclamante, cujo trecho
consta grifado na sentença alhures transcrita, demonstrou, de modo seguro e
suficiente, tanto a obrigatoriedade de sua realização, como que tal se dava,
predominantemente, fora do horário de expediente, sem que fossem
computadas e remuneradas as respectivas horas extras, pelo que mantenho a
sentença neste ponto.
Haja vista a habitualidade do labor em sobrejornada, são também
devidos os respectivos reflexos deferidos, inclusive sobre o repouso semanal
remunerado, em consonância com a exegese dos arts. 142 da CLT e 7º, "a",
da Lei n.º 605/49 (com a redação conferida pela Lei n.º 7.415/85) e das
Súmulas n.ºs 45 e 172 do TST e 593 do STF.
E, à luz da cláusula 8ª, §1º, dos instrumentos coletivos, jungidos aos
fólios, na hipótese de realização de horas extras "prestadas durante toda a
semana anterior, os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao
repouso semanal remunerado, inclusive sábados e feriados".
Dessa previsão, decorre que é inaplicável, in casu, a Súmula nº 113 do
C. TST, porquanto devida a utilização da norma mais favorável, qual seja,
aquela insculpida nas CCT's da categoria, cujo teor estabelece que o sábado,
para o bancário, é dia de repouso semanal remunerado (cl. 8ª, § 1º).
Nada obstante, alterando posicionamento anteriormente adotado em
casos que tais, destaco que deve ser reformada a sentença quanto ao divisor.
Com efeito, o C. TST, em recentíssima decisão, proferida em
novembro de 2016, em sede de Incidente de Recurso Repetitivo
(IRR-849-83.2013.5.03.0138), analisando o alcance da cláusula 8ª, da CCT
dos bancários, manifestou-se no sentido de que "o divisor aplicável para
cálculo das horas extras do bancário, inclusive para os submetidos à jornada
de oito horas, é definido com base na regra geral prevista no artigo 64 da
CLT (resultado da multiplicação por 30 da jornada normal de trabalho),
sendo 180 e 220, para a jornada normal de seis e oito horas,
respectivamente". Consignou, ainda, que "a inclusão do sábado como dia de
repouso semanal remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em
virtude de não haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e de
repouso".
No particular, diante desse contexto, e ainda considerando o efeito
vinculante a que alude o art. 896-C, §11º, II, da CLT, impõe-se a adoção do
divisor 180 na apuração das horas extras, haja vista que a jornada do
reclamante, como dito, era de seis horas.
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Pelas razões expostas, dou parcial provimento ao recurso, no
particular, para determinar que as horas extras deferidas sejam apuradas de
acordo com os horários registrados nos controles de ponto adunados,
acrescendo-se o quantitativo arbitrado pelo Juízo a quo referente à
participação no curso de capacitação à distância, qual seja, 6 hotas extras
mensais, considerando-se o divisor 180, mantidos os demais parâmetros
definidos na sentença, bem como para excluir do condeno o pagamento a
título de intervalo intrajornada e reflexos.
E, em sede de embargos de declaração, consignou:
(...)
Isto posto, verifico, desde logo, a ocorrência de contradição, em face
dos elementos dos autos, os quais indicam, com efeito, ser incontroverso que
o autor, admitido pela ré em 09/09/2002, passou a exercer a função de
advogado a partir de 01/04/2011, bem como revelam que o termo de
exclusividade adunado sob o ID 8e4f9f4 foi firmado em 01/03/2007,
enquanto que consta expresso, no acórdão embargado, que "o demandante
tenha sido advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com
cláusula de dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4)" e que "No caso em exame, o
autor foi admitido na função de Advogado I, na qual permaneceu até o seu
desligamento".
Quanto ao mais, observo terem sido expostas, de modo suficiente e
claro, no jugado proferido por esta E. Turma, as razões de decidir relativas ao
enquadramento sindical do reclamante como bancário, à jornada aplicada e
ao intervalo intrajornada, nos seguintes termos, ora transcritos (destaques
inexistentes na origem):
(...)".
Cinge-se a controvérsia em definir se o empregado que
exerce a função de advogado, como empregado de banco, deve ser enquadrado
como bancário (nos moldes do art. 224, caput, da CLT) e se tem direito
às 7ª e 8ª horas como extras.
Na hipótese, o quadro fático delineado pelo acórdão
regional, de inviável reexame nesta esfera recursal, a teor da Súmula
126 do TST, consignou expressamente as seguintes premissas fáticas: “o
demandante tenha sido advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com cláusula de
dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4)" e que "No caso em exame, o autor foi admitido na função de
Advogado I, na qual permaneceu até o seu desligamento".
Entendeu o Colegiado que “na condição de advogado, não integra
o autor categoria profissional diferenciada”, pois entendeu prevalecer “como critério de
enquadramento sindical a regra geral, qual seja, a da atividade preponderante do empregador,
tratando-se o reclamante de advogado empregado da instituição bancária, enquadra-se na categoria
profissional dos bancários”. Assim, concluiu que “Em face dessa circunstância, em que pese
o demandante tenha sido advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com cláusula de
dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4), acerca da jornada, aplicam-se, no caso, as normas legais e

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convencionais disciplinadoras das atividades dos bancários, e não, como pretende o demandado, o
disciplinamento constante nos arts. 12 e 20 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB)”.
Pois bem.
Ocorre que o entendimento firmado na SBDI-1 é no
sentido de que o advogado empregado de banco que exerce atribuições
inerentes à advocacia não se enquadra no artigo 224 da Consolidação das
Leis do Trabalho, devendo observar a regulamentação de jornada específica
de sua categoria, que se encontra prevista na Lei nº 8.906/94, consoante
o precedente, in verbis:
"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI 11.496/2007. ADVOGADO EMPREGADO. CATEGORIA DE
PROFISSIONAIS LIBERAIS. INDEVIDA A JORNADA DE BANCÁRIO.
APLICAÇÃO DA LEI N.º 8.906/1994. JORNADA CONTRATUAL DE
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. HORAS EXTRAORDINÁRIAS.
INDEVIDAS. Não procedem os argumentos obreiros, segundo os quais as
horas extras são devidas por força do que dispõe a Súmula n.º 102, V, deste
Tribunal Superior e em virtude de seu enquadramento, como profissional
liberal, dar-se segundo a atividade preponderante do empregador. A Turma
não negou a aplicação de tal verbete sumular, até porque a matéria foi
analisada sob outro viés. A decisão tem como fundamento a circunstância de
que os profissionais liberais equiparam-se aos membros de categoria
diferenciada, uma vez que exercem atividades reguladas em estatuto
profissional próprio, razão por que não se lhes aplicam as disposições dos
artigos 224 e seguintes da CLT. O aspecto determinante à fixação da jornada
de trabalho do advogado, em controvérsias como a presente, cinge-se em
verificar a existência de regime de dedicação exclusiva ou de norma coletiva
disciplinando o assunto. Em tais hipóteses, afasta-se a jornada especial
prevista na Lei n.º 8.906/1994, conforme dispõe o seu art. 20. No caso
concreto, a Turma partiu da premissa de que houve regime de dedicação
exclusiva, aspecto sobre o qual não se insurgiu o Reclamante. Embargos
conhecidos e desprovidos." (ERR-32000-67-1997-5-01-0014, Rel. Min.
Maria de Assis Calsing, DEJT 29/7/2011).
Aliás, a SBDI-1 desta Corte, no julgamento do
E-RR-10400-85.2006.5.05.0006, publicado no DEJT de 26/06/2009, firmou
entendimento no sentido de que os profissionais liberais equiparam-se
aos membros de categoria diferenciada, uma vez que exercem atividades
reguladas em estatuto profissional próprio, não lhes sendo aplicadas as
disposições dos artigos 224 e seguintes da Consolidação das Leis do
Trabalho, a saber:
“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI 11.496/2007. ARQUITETO. PROFISSIONAL LIBERAL.
ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. 1.
Cinge-se a controvérsia em se saber se o arquiteto, empregado de instituição
bancária e que desempenha as atribuições inerentes de sua profissão, deve
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ser enquadrado como bancário. 2. A primeira questão que deve ser
considerada diz respeito ao tratamento sindical que deve ser conferido aos
empregados da categoria de profissionais liberais. 3. O quadro nexo do art.
577 da CLT não insere a profissão de "arquiteto" como categoria profissional
diferenciadas, mas, sim, como profissional liberal. Apesar disto, verifica-se
que inexiste qualquer incompatibilidade para a aplicação para esta categoria
de empregados das regras concernentes à categoria profissional diferenciada.
Primeiro porque tanto os profissionais liberais como os empregados de
categoria diferenciada exercem suas profissões ou funções diferenciadas por
força de estatuto profissional especial. No caso, a profissão dos arquitetos
encontra-se regulada pela Lei n.º 4.950-A/1966. Segundo, porque o art. 1.º
da Lei n.º 7.361/1985, confere à Confederação das Profissões Liberais o
mesmo poder de representação atribuído aos sindicatos representativos das
categorias profissionais diferenciadas. 4. De outro lado, esta Corte já
sedimentou o entendimento de que as instituições bancárias podem
legalmente contratar empregados de categorias diferenciadas em regime de
trabalho diverso do aplicado aos bancários, conforme o que se infere da
Súmula n.º 117. Recurso de Embargos conhecido e desprovido.”
Portanto, na hipótese, deve ser aplicado ao caso o
artigo 20 da Lei nº 8.906/94, que dispõe:
“A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da
profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a
de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de
dedicação exclusiva.” (grifos nossos)
Nesse passo, esta Corte sedimentou jurisprudência no
sentido de que empregado advogado de instituição bancária tem jornada
de trabalho regida pelo artigo 20 da Lei nº 8.906/94, não se enquadrando
no artigo 224 da CLT, de sorte que, estando sujeito ao regime de dedicação
exclusiva, a sua jornada diária é de oito horas, não fazendo jus às 7ª
e 8ª horas trabalhadas como extras.
Desse modo, entendo razoável a tese de afronta ao
artigo 20 da Lei nº 8.906/94.
Recomendável, pois, o processamento do recurso de
revista, para exame da matéria veiculada em suas razões.
Ante o exposto, conheço do agravo de instrumento para
dar-lhe provimento e, em consequência, determinar o processamento do
recurso de revista.

RECURSO DE REVISTA

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-12-78.2015.5.06.0007, em que é Recorrente BANCO
BRADESCO S.A. e Recorrido LEANDRO MARTINS DA SILVA.

O banco reclamado interpõe recurso de revista de seq.


03, págs. 1605/1616. Postula a reforma do julgado em relação ao seguinte
tema: horas extras – jornada de trabalho - advogado – categoria
diferenciada – contrato de exclusividade, por violação aos artigos 5º,
LV, da Constituição Federal, 224, caput, 511 e 818 da Consolidação das
Leis do Trabalho e 12 e 20 da Lei n. 8.906/1994 e por divergência
jurisprudencial.
Contrarrazões às págs. 1699/ do seq. 03.
Dispensado o parecer da d. Procuradoria-Geral, nos
termos do artigo 95 do RITST.
Publicação do acórdão impugnado na vigência das Leis
nºs 13.015/2014 e 13.105/2015 e antes da vigência da Lei nº 13.467/2017.
É o relatório.

V O T O
Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de
admissibilidade, passa-se ao exame dos pressupostos intrínsecos do
recurso de revista.

HORAS EXTRAS – JORNADA DE TRABALHO - ADVOGADO –


CATEGORIA DIFERENCIADA – CONTRATO DE EXCLUSIVIDADE
CONHECIMENTO
O recorrente sustenta, em suas razões recursais, que
o reclamante, na condição de advogado empregado de banco, não faz jus
às horas extras além da 6ª diária, visto que trabalhou em contrato de
exclusividade, e, como advogado, integra categoria profissional
diferenciada. Defende, ainda, que o reclamante exercia função de
confiança do empregador, estando, pois, enquadrado na exceção constante
do parágrafo 2° do art. 224 da CLT, de modo que sua jornada normal de
trabalho era de oito horas diárias, além do que recebia gratificação de
função muito superior a 1/3 de seu cargo efetivo, em clara demonstração
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de que detinha confiança diferenciada, não fazendo jus as sétima e oitava
horas diárias como extras. Aponta violação aos artigos 224, §2º, 442,
444, 447 e 511, §3º, da Consolidação das Leis do Trabalho, 18 e 20 da
Lei 8.906/94 e 12 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB
e contrariedade à Súmula nº 117 e à Orientação Jurisprudencial nº 403
da SBDI-1, ambas do TST. Transcreve jurisprudência.
O Tribunal Regional, ao analisar a questão, dispôs,
in verbis:
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. HORAS EXTRAS.
BANCÁRIO. ADVOGADO. Os pretórios trabalhistas vêm se
posicionando, no sentido de desvincular o mero exercício da advocacia à
função de confiança a que alude o art. 224, § 2º, da CLT, eis que, via de
regra, os advogados contratados por empresas (no caso, instituição
financeira) nada mais são do que empregados que executam atividade
técnica intelectual qualificada, sem a presença de outros elementos, que
os aproxime do conceito que o legislador buscou imprimir às figuras dos
"gerentes", "diretores", "chefes" e "equivalentes". Nessa esteira, o C
Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula nº 102, de seguinte teor:
BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA. (..). V - O advogado empregado
de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de
confiança, não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224
da CLT. Recurso ordinário desprovido, no particular.
................................................................................................................

Dos pleitos relacionados à jornada de trabalho


(...)
No aspecto, assim decidiu o Juízo a quo:
(...)
Da 7a e 8a hora laboradas
Aponta o reclamante que até 31.03.2011 exerceu a função
de assistente jurídico e a partir de 01.04.2011 de advogado,
sempre subordinado, sem poderes administrativos e/ou gestão,
coordenação, supervisão, fiscalização ou disciplinar sobre
qualquer empregado do reclamado.
Alega a reclamada que contratado para laborar 8 horas
diárias, em regime de dedicação exclusiva, já que pertencente a
categoria diferenciada.
Alega, ainda, que as funções exercidas pelo reclamante
estavam elencadas entre as elencadas no parágrafo 2º do art.
224 da CLT, posto que detentor dos segredos da empresa, de
sigilo profissional, com empregados subordinados, autonomia
nas tarefas executadas e recebia gratificação de função em valor
superior ao fixado na legislação.
O reclamante exerceu na reclamada no período
imprescrito a função de Assistente Jurídico até 31.03.2011,
sendo promovido em 01.04.2011 a advogado I.
Resta definir se o seu enquadramento era ou não o
previsto no art. 224, parágrafo 2º da CLT.
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É certo que a atividade do advogado é revestida de fidúcia,
mas o trabalho executado é na essência técnico, salvo exceções,
como, por exemplo, Gerente do Setor Jurídico.
A testemunha arrolada pela reclamada disse: "os
estagiários eram subordinados ao reclamante; para fazer
diligências, etc; que o reclamante não podia admitir ou demitir
estagiários; que a questão de admitir, demitir ou advertir
estagiários era por conta da área administrativa ou da gerência;
que não se recorda se o reclamante representou o banco em
licitação; que o reclamante não assinava cheque administrativo;
que o reclamante fazia também audiências trabalhistas e não
podia fazer acordos trabalhistas;"
Em análise dos depoimentos prestados em Juízo,
verifica-se que o reclamante não desempenhou função de
confiança nos termos do art. 224, parágrafo 2º da CLT; apenas
típico cargo de fidúcia técnica, em ambas as funções.
Portanto, tem-se que o reclamante estava subordinado ao
Gerente do Setor Jurídico, não tinha o poder de abonar faltas,
de admitir ou demitir funcionários. Os poderes do reclamante,
como procurador do banco, eram os poderes da cláusula ad
judicia et extra. O simples exercício da advocacia não faz com
que exerça cargo de confiança.
Para o reconhecimento do cargo de confiança seria
necessário prova inequívoca nesse sentido, o que não há nos
autos.
Não produziu a reclamada prova no sentido de que o
reclamante detivesse poder de mando ou gestão. Até para se
fazer substituir em audiência era necessário informar ao
Gerente do Setor Jurídico para que ele designasse um substituto.
A gratificação de função recebida, superior a 1/3 do
salário não é suficiente para enquadrar o empregado no
parágrafo 2º do art. 224 da CLT.
O C. TST já decidiu que apenas o recebimento de
gratificação superior a 1/3 do salário não é impedimento do
reconhecimento de jornada especial de 6 horas:
"( ... ) O fato de o advogado de banco receber gratificação
superior a 1/3 do seu salário não leva a enquadrá-lo como
ocupante de cargo de confiança. A fidúcia e a responsabilidade
especial de que se reveste o cargo de advogado de banco é
distinta da reproduzida no art. 224, § 2º, da CLT' " ( cf. " SDI-
Jurisprudência Uniformizadora do TST ", DT, abril de 1999, p.
15 ) .
Portanto, aplica-se, à espécie, a inteligência da Súmula
102, caput do C. TST, donde se extrai que o empregado de
banco, ocupante da função de advogado, é bancário,
enquadrado na regra geral do caput do art.224, CLT.
Portanto, observando-se a jornada de trabalho arbitrada
pelo Juízo, tem-se que extraordinárias as horas laboradas após
a 6ª diária.
O adicional a ser aplicado, como bancário, o adicional a
ser aplicado às horas extras será de 50% e não 100% como
pleiteado. É que reconhecido o enquadramento como bancário,
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observando-se a regra da atividade preponderante da empresa
demandada, não se aplica o disposto na lei 8906/94, mas as
normas aplicadas aos bancários.
A 7a e 8a horas não eram remuneradas com a gratificação
de função. A gratificação decorre da responsabilidade do cargo.
Observe-se os a evolução salarial, os dias efetivamente
trabalhados (excluindo as faltas, afastamentos, licenças, etc), o
divisor de 150, por fim, autoriza-se a dedução dos valores pagos
a título idêntico, deduzindo-se 2 horas extras ao mês que
confessou o reclamante ter compensado.
Cabível, ainda, a adoção do divisor 150 na apuração das
horas extras na medida em que postulado na exordial e
respaldado em norma coletiva (cláusula oitava, § 1º, da CCT
dos bancários) da categoria em que foi enquadrado o autor, a
qual dispõe no tópico das horas extras que "quando prestadas
durante toda a semana anterior, os bancos pagarão também o
valor correspondente ao RSR, inclusive sábado e feriados",
considerando, portanto, o sábado como dia de descanso
remunerado nos termos da Súmula nº 124 do C.TST, que
pacificou a matéria albergando entendimento há muito esposado
por parte da doutrina e jurisprudência. A Súmula nº 113 do TST,
portanto, não se aplica ao caso dos autos.
Neste caminho, cita-se jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho:
(...)
Quanto aos reflexos, cabível as repercussões no aviso
prévio, férias + 1/3, 13º salários, RSR (inclusive nos sábados e
feriados em razão da previsão convencional) e FGTS + 40%,
nos moldes da súmula 376, II do TST.
Não incide na hipótese a súmula 113 do TST,
considerando-se que a norma coletiva estipula na cláusula
oitava, parágrafo segundo: " quando prestada durante toda a
semana anterior, os bancos pagarão, também, o valor
correspondente ao repouso semanal remunerado, inclusive
sábados e feriados".
(...)
Isto posto, observo, desde logo, que, de fato, discute-se nos autos o
direito do reclamante, advogado empregado do banco réu, ao recebimento,
como extraordinárias, da sétima e oitava horas diárias de labor, frente às
teses de defesa de que o demandante é integrante de categoria profissional
diferenciada, contratado sob o regime de dedicação exclusiva e de que se
enquadra na hipótese de cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º,
Consolidado.
Inicialmente, tenho que, na condição de advogado, não integra o autor
categoria profissional diferenciada, até porque dita função não está
catalogada no quadro anexo a que alude o artigo 577, da CLT, recepcionado
pela Carta Federal de 1988, como já proclamado pelo Excelso STF e cuja
enumeração é taxativa e não meramente exemplificativa.
Ultrapassada essa questão, observa-se que o sistema de enquadramento
sindical brasileiro, segundo a regra traçada no artigo 511, § 2°, da CLT, é
estabelecido pela atividade empresarial preponderante, salvo os casos de

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categoria profissional diferenciada, na definição traçada no § 3°, do mesmo
artigo, o que, conforme exposto, não é o caso dos autos.
Destarte, prevalecendo como critério de enquadramento sindical a
regra geral, qual seja, a da atividade preponderante do empregador,
tratando-se o reclamante de advogado empregado da instituição
bancária, enquadra-se na categoria profissional dos bancários.
Em face dessa circunstância, em que pese o demandante tenha sido
advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com cláusula
de dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4), acerca da jornada, aplicam-se, no
caso, as normas legais e convencionais disciplinadoras das atividades dos
bancários, e não, como pretende o demandado, o disciplinamento
constante nos arts. 12 e 20 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB).
Quanto ao mais, não há ser acolhida a arguição calcada na hipótese
de cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT, que atrai para a
reclamada o ônus de prova respectivo, a teor do disposto no art. 818, da CLT
c/c 373, II, do CPC/2015.
Com efeito, em virtude do próprio mister desenvolvido, o advogado
empregado necessita ter conhecimento de documentos sigilosos da empresa
e possuir poderes amplos de representação em juízo e repartições públicas.
Para isso, afinal, ele foi contratado: solucionar problemas que envolvam, nos
mais diversos setores, a aplicação do direito.
Os pretórios trabalhistas, no entanto, vêm se posicionando no sentido
de desvincular o mero exercício da advocacia à função de confiança a que
alude o comando legal acima referido, eis que, via de regra, os advogados
contratados por empresas (no caso, instituição financeira) nada mais são do
que empregados que executam atividade técnica intelectual qualificada, sem
a presença de outros elementos que os aproxime do conceito que o legislador
buscou imprimir às figuras dos "gerentes", "diretores", "chefes" e
"equivalentes". Nessa esteira, o C. Tribunal Superior do Trabalho editou a
Súmula n.º 102, V, de seguinte teor:
"BANCÁRIO CARGO DE CONFIANÇA
(...)
V - O advogado empregado de banco, pelo simples
exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não se
enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT.
(...)"
Nesse sentido, Alice Monteiro de Barros pontua que, para espelhar o
cargo de confiança de advogado, em geral, "não basta o mandato ad judicia
que o habilite a atuar em juízo, sendo necessário, ainda, poderes de mando
em setor vital da empresa e padrão salarial diferenciado, tornando-o o alter
ego do empregador" (in "Contratos e Regulamentações Especiais de
Trabalho", Editora LTr, pág. 40).
Maurício Godinho Delgado, por sua vez, lembra que os cargos e
funções de confiança, no segmento bancário, não se incluem no panorama do
art. 62, Consolidado, mas do § 2º do art. 224 da Legislação Trabalhista.
Desse modo, não se exigem, em tais circunstâncias, "amplos poderes de
mando, representação e substituição do empregador (Enunciado 204,
TST)". Ressalta que, nessa seara, presumem-se ser de confiança, "além do
cargo de gerente, os cargos de chefe (Enunciado 233, TST), subchefe
(Enunciado 234, TST), tesoureiro (Enunciado 237, TST) e subgerente
(Enunciado 238, TST)" ("Curso de Direito do Trabalho", Editora LTr, pág.
345). Fora dessas hipóteses, considera-se, ainda, inseridos no instituto em
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PROCESSO Nº TST-RR-12-78.2015.5.06.0007

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exame, "outros cargos de confiança", mas ressalta o ilustre doutrinador que,
até mesmo o gerente geral da agência ou superintendente regional só serão
excluídos das regras legais relativas à jornada, se não houver "efetivo
controle minucioso de horários, que afaste a presunção estipulada pela
ordem jurídica" (op cit, pág. 346).
Observa-se, portanto, que, se a norma específica dos bancários exige
menos, para ter como configurado o cargo de confiança, não se pode olvidar,
de outra sorte, que, se abarcado na figura do art. 62, II, da CLT, o
trabalhador, automaticamente, já estaria espelhado no art. 224, § 2º, do
mesmo Diploma Legal.
No caso em exame, o autor foi admitido na função de Advogado I,
na qual permaneceu até o seu desligamento, estando sujeito à fiscalização
regular de horário de trabalho, como demonstram os controles anexados aos
autos. Necessário seria, portanto, prova contundente, irrefutável, no sentido
do seu enquadramento na regra do art. 224, § 2º, da CLT. Isso, contudo, não
aconteceu.
Evidenciado pela prova oral dos autos que todos os advogados
desempenhavam as mesmas atribuições, não havendo qualquer critério,
exceto numérico, para distribuição de processos, o que denota que o
recorrido era apenas parte de uma engrenagem em relação à qual não detinha
qualquer fidúcia especial, seja no campo jurídico ou administrativo.
Nesse cenário, o recebimento, pelo empregado, de gratificação de
função superior a 1/3 de sua remuneração, não o enquadra, automaticamente,
na exceção do § 2º, do artigo 224, da CLT.
Na verdade, não se pode confundir isenção técnica e independência
profissional (Lei n.º 8.906/94) com cargo de confiança, vez que os primeiros
estão atrelados aos conhecimentos especializados transformados em labor,
pelo advogado; enquanto que o segundo pressupõe, também, poderes a nível
administrativo. Ausentes estes últimos, como na hipótese dos autos, o
reclamante tem o direito de acionar o Poder Judiciário, a fim de receber a
contraprestação devida pela sétima e oitava horas de labor.
Pelos motivos supra, como reconhecido na sentença, tenho não se
inserir o caso dos autos na exceção do § 2º, do artigo 224, da CLT, pelo que a
jornada laboral do demandante deve ser regulada pelo caput do referido
dispositivo legal, qual seja, de seis horas diárias.
Ressalto, de outra parte, que a demonstração referente à jornada e
freqüência de trabalho ocorre por meio de prova pré-constituída, a cargo do
empregador, que consiste em cartões de ponto, por incidência dos artigos 2º e
74, § 2º, da CLT combinados com o art. 373, II do NCPC e a Súmula nº 338,
I do TST, admitindo-se a prova oral destinada a evidenciar que os
respectivos registros não retratam a realidade.
No caso, de fato, juntou a ré controles de ponto inerentes a todo o
período do contrato de trabalho do reclamante não alcançado pela prescrição
quinquenal (IDs 8452d41, 018b2af, 969c2e8, b546c85 e fb079e7), os quais
foram impugnados pelo autor, sob o argumento nuclear de que "as jornadas
consignadas na folha de registro não espelha o real tempo a disposição do
empregado" (ID 331016a). Desse modo, atraiu o reclamante o ônus
probatório de comprovar as respectivas alegações, nos termos dos artigos
818 da CLT e 373, I, do CPC/2015, encargo do qual não se desvencilhou a
contento, realçando-se que a prova oral por ele produzida não se revela
suficiente para esse fim.

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Com efeito, destaco que a única testemunha apresentada pelo
demandante, embora tenha dito que "que geralmente a hora marcada não
era a duração regular do seu trabalho" e " que a marcação não era correta
da jornada para não gerar horas extras", alegou, em seguida, que "no inicio
do mês normalmente porderia ser marcada as horas extras, todavia, após
algum tempo quando o número de horas extras aumentavam só colocava o
numero que não excedesse as horas extras (..)", procedimento este que não
se verifica nos cartões de ponto adunados, nos quais há registro de horários
variados ao longo de cada mês, não se extraindo desses documentos a
anotação de jornada maior no início e, menor, no final.
Considero válidos, portanto, os apontamentos contidos nos controles
de frequência, pelo que as horas extras devem ser com base neles apuradas.
Ressalto, outrossim, que a documentação anexada evidencia,
inclusive, a fruição de intervalo intrajornada de duração mínima de uma hora
em todos os dias da semana, o que há prevalecer, na hipótese, posto que,
também neste aspecto, a prova testemunhal produzida pelo autor não é apta a
desconstituir tais registros, realçando-se que revela a suposta ausência de
intervalo, em dois dias da semana, em dissonância com o relato da exordial,
segundo o qual, o repouso intervalar apenas não era usufruído integralmente
em dois dias da semana.
Por outro lado, no tocante ao curso de capacitação à distância (treinet),
observo que a prova testemunhal apresentada pelo reclamante, cujo trecho
consta grifado na sentença alhures transcrita, demonstrou, de modo seguro e
suficiente, tanto a obrigatoriedade de sua realização, como que tal se dava,
predominantemente, fora do horário de expediente, sem que fossem
computadas e remuneradas as respectivas horas extras, pelo que mantenho a
sentença neste ponto.
Haja vista a habitualidade do labor em sobrejornada, são também
devidos os respectivos reflexos deferidos, inclusive sobre o repouso semanal
remunerado, em consonância com a exegese dos arts. 142 da CLT e 7º, "a",
da Lei n.º 605/49 (com a redação conferida pela Lei n.º 7.415/85) e das
Súmulas n.ºs 45 e 172 do TST e 593 do STF.
E, à luz da cláusula 8ª, §1º, dos instrumentos coletivos, jungidos aos
fólios, na hipótese de realização de horas extras "prestadas durante toda a
semana anterior, os bancos pagarão, também, o valor correspondente ao
repouso semanal remunerado, inclusive sábados e feriados".
Dessa previsão, decorre que é inaplicável, in casu, a Súmula nº 113 do
C. TST, porquanto devida a utilização da norma mais favorável, qual seja,
aquela insculpida nas CCT's da categoria, cujo teor estabelece que o sábado,
para o bancário, é dia de repouso semanal remunerado (cl. 8ª, § 1º).
Nada obstante, alterando posicionamento anteriormente adotado em
casos que tais, destaco que deve ser reformada a sentença quanto ao divisor.
Com efeito, o C. TST, em recentíssima decisão, proferida em
novembro de 2016, em sede de Incidente de Recurso Repetitivo
(IRR-849-83.2013.5.03.0138), analisando o alcance da cláusula 8ª, da CCT
dos bancários, manifestou-se no sentido de que "o divisor aplicável para
cálculo das horas extras do bancário, inclusive para os submetidos à jornada
de oito horas, é definido com base na regra geral prevista no artigo 64 da
CLT (resultado da multiplicação por 30 da jornada normal de trabalho),
sendo 180 e 220, para a jornada normal de seis e oito horas,
respectivamente". Consignou, ainda, que "a inclusão do sábado como dia de
repouso semanal remunerado, no caso do bancário, não altera o divisor, em
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virtude de não haver redução do número de horas semanais, trabalhadas e de
repouso".
No particular, diante desse contexto, e ainda considerando o efeito
vinculante a que alude o art. 896-C, §11º, II, da CLT, impõe-se a adoção do
divisor 180 na apuração das horas extras, haja vista que a jornada do
reclamante, como dito, era de seis horas.
Pelas razões expostas, dou parcial provimento ao recurso, no
particular, para determinar que as horas extras deferidas sejam apuradas de
acordo com os horários registrados nos controles de ponto adunados,
acrescendo-se o quantitativo arbitrado pelo Juízo a quo referente à
participação no curso de capacitação à distância, qual seja, 6 horas extras
mensais, considerando-se o divisor 180, mantidos os demais parâmetros
definidos na sentença, bem como para excluir do condeno o pagamento a
título de intervalo intrajornada e reflexos.
E, em sede de embargos de declaração, consignou:
(...)
Isto posto, verifico, desde logo, a ocorrência de contradição, em face
dos elementos dos autos, os quais indicam, com efeito, ser incontroverso que
o autor, admitido pela ré em 09/09/2002, passou a exercer a função de
advogado a partir de 01/04/2011, bem como revelam que o termo de
exclusividade adunado sob o ID 8e4f9f4 foi firmado em 01/03/2007,
enquanto que consta expresso, no acórdão embargado, que "o demandante
tenha sido advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com
cláusula de dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4)" e que "No caso em exame, o
autor foi admitido na função de Advogado I, na qual permaneceu até o seu
desligamento".
Quanto ao mais, observo terem sido expostas, de modo suficiente e
claro, no jugado proferido por esta E. Turma, as razões de decidir relativas ao
enquadramento sindical do reclamante como bancário, à jornada aplicada e
ao intervalo intrajornada, nos seguintes termos, ora transcritos (destaques
inexistentes na origem):
(...)".
Cinge-se a controvérsia em definir se o empregado que
exerce a função de advogado, como empregado de banco, deve ser enquadrado
como bancário (nos moldes do art. 224, caput, da CLT) e se tem direito
às 7ª e 8ª horas como extras.
Na hipótese, o quadro fático delineado pelo acórdão
regional, de inviável reexame nesta esfera recursal, a teor da Súmula
126 do TST, consignou expressamente as seguintes premissas fáticas: “o
demandante tenha sido advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com cláusula de
dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4)" e que "No caso em exame, o autor foi admitido na função de
Advogado I, na qual permaneceu até o seu desligamento".
Entendeu o Colegiado que “na condição de advogado, não integra
o autor categoria profissional diferenciada”, pois entendeu prevalecer “como critério de
enquadramento sindical a regra geral, qual seja, a da atividade preponderante do empregador,

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tratando-se o reclamante de advogado empregado da instituição bancária, enquadra-se na categoria
profissional dos bancários”. Assim, concluiu que “Em face dessa circunstância, em que pese
o demandante tenha sido advogado contratado com jornada de oito horas diárias, com cláusula de
dedicação exclusiva (ID 8e4f9f4), acerca da jornada, aplicam-se, no caso, as normas legais e
convencionais disciplinadoras das atividades dos bancários, e não, como pretende o demandado, o
disciplinamento constante nos arts. 12 e 20 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB)”.
Desse modo, a controvérsia instalada nos autos diz
respeito à aplicação, ou não, da jornada de trabalho legal do bancário
ao advogado que trabalha junto à instituição bancária, em cujo contrato
há previsão de dedicação exclusiva e com jornada de oito horas diárias.
A discussão, portanto, versa sobre o possível
enquadramento da reclamante nas regras do caput do artigo 224 da
Consolidação das Leis do Trabalho, ainda que na hipótese de dedicação
exclusiva.
A SBDI-1 desta Corte, no julgamento do
E-RR-10400-85.2006.5.05.0006, publicado no DEJT de 26/06/2009, firmou
entendimento no sentido de que os profissionais liberais equiparam-se
aos membros de categoria diferenciada, uma vez que exercem atividades
reguladas em estatuto profissional próprio, não lhes sendo aplicadas as
disposições dos artigos 224 e seguintes da Consolidação das Leis do
Trabalho, a saber:
“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI 11.496/2007. ARQUITETO. PROFISSIONAL LIBERAL.
ENQUADRAMENTO COMO BANCÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. 1.
Cinge-se a controvérsia em se saber se o arquiteto, empregado de instituição
bancária e que desempenha as atribuições inerentes de sua profissão, deve
ser enquadrado como bancário. 2. A primeira questão que deve ser
considerada diz respeito ao tratamento sindical que deve ser conferido aos
empregados da categoria de profissionais liberais. 3. O quadro nexo do art.
577 da CLT não insere a profissão de "arquiteto" como categoria profissional
diferenciadas, mas, sim, como profissional liberal. Apesar disto, verifica-se
que inexiste qualquer incompatibilidade para a aplicação para esta categoria
de empregados das regras concernentes à categoria profissional diferenciada.
Primeiro porque tanto os profissionais liberais como os empregados de
categoria diferenciada exercem suas profissões ou funções diferenciadas por
força de estatuto profissional especial. No caso, a profissão dos arquitetos
encontra-se regulada pela Lei n.º 4.950-A/1966. Segundo, porque o art. 1.º
da Lei n.º 7.361/1985, confere à Confederação das Profissões Liberais o
mesmo poder de representação atribuído aos sindicatos representativos das
categorias profissionais diferenciadas. 4. De outro lado, esta Corte já
sedimentou o entendimento de que as instituições bancárias podem
legalmente contratar empregados de categorias diferenciadas em regime de
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trabalho diverso do aplicado aos bancários, conforme o que se infere da
Súmula n.º 117. Recurso de Embargos conhecido e desprovido.”
Verifica-se que, embora o referido precedente
refira-se à profissão de arquiteto e o presente caso se trate de advogado,
há similitude de situações, já que engenheiro e advogado integram o rol
de profissionais liberais, e não de categoria profissional diferenciada,
são regulamentados por lei específica e são integrantes da Confederação
Nacional das Profissões Liberais.
Com isso, há de ser aplicado o mesmo entendimento, no
sentido da possibilidade de aplicação da Súmula nº 117 desta Corte,
segundo a qual: “Não se beneficiam do regime legal relativo aos bancários
os empregados de estabelecimento de crédito pertencentes a categorias
profissionais diferenciadas”.
Dessa forma, o entendimento firmado na SBDI-1
aplica-se perfeitamente ao caso dos autos, devendo-se reconhecer que o
advogado empregado de banco que exerce atribuições inerentes à advocacia
não se enquadra no artigo 224 da Consolidação das Leis do Trabalho,
devendo observar a regulamentação de jornada específica de sua categoria,
que se encontra prevista na Lei nº 8.906/94.
Ademais, o Tribunal Pleno do TST, julgando incidente
de uniformização de jurisprudência instaurado nos autos do Processo nº
TST-IUJ-ERR-32000-67-1997-5-01-0014, decidiu que "o item V da Súmula n.º
102 do Tribunal Superior do Trabalho diz respeito à caracterização do
exercício ou não do cargo de confiança, questão alheia, portanto, à que
discutida no Recurso de Embargos". Referidos embargos tratavam matéria
semelhante à dos presentes autos.
Assim, a SBDI-1, no precedente que deu origem ao IUJ,
posicionou-se no sentido de que o advogado empregado de instituição
bancária que labora em regime de dedicação exclusiva não tem direito ao
pagamento de horas extras além da sexta diária, in verbis:
"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI 11.496/2007. ADVOGADO EMPREGADO. CATEGORIA DE
PROFISSIONAIS LIBERAIS. INDEVIDA A JORNADA DE BANCÁRIO.
APLICAÇÃO DA LEI N.º 8.906/1994. JORNADA CONTRATUAL DE
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. HORAS EXTRAORDINÁRIAS.
INDEVIDAS. Não procedem os argumentos obreiros, segundo os quais as
horas extras são devidas por força do que dispõe a Súmula n.º 102, V, deste
Tribunal Superior e em virtude de seu enquadramento, como profissional
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liberal, dar-se segundo a atividade preponderante do empregador. A Turma
não negou a aplicação de tal verbete sumular, até porque a matéria foi
analisada sob outro viés. A decisão tem como fundamento a circunstância de
que os profissionais liberais equiparam-se aos membros de categoria
diferenciada, uma vez que exercem atividades reguladas em estatuto
profissional próprio, razão por que não se lhes aplicam as disposições dos
artigos 224 e seguintes da CLT. O aspecto determinante à fixação da jornada
de trabalho do advogado, em controvérsias como a presente, cinge-se em
verificar a existência de regime de dedicação exclusiva ou de norma coletiva
disciplinando o assunto. Em tais hipóteses, afasta-se a jornada especial
prevista na Lei n.º 8.906/1994, conforme dispõe o seu art. 20. No caso
concreto, a Turma partiu da premissa de que houve regime de dedicação
exclusiva, aspecto sobre o qual não se insurgiu o Reclamante. Embargos
conhecidos e desprovidos." (ERR-32000-67-1997-5-01-0014, Rel. Min.
Maria de Assis Calsing, DEJT 29/7/2011).
Portanto, deve ser aplicado ao caso o artigo 20 da Lei
nº 8.906/94, que dispõe:
“A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da
profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a
de vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de
dedicação exclusiva.” (grifos nossos)
Dedicação exclusiva, na forma do que dispõe o artigo
12 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, é considerada
como o regime de trabalho que for expressamente previsto em contrato
individual de trabalho e, configurada a dedicação exclusiva, “serão
remuneradas como extraordinárias as horas trabalhadas que excederem a
jornada normal de oito horas diárias” (parágrafo único). Confira-se o
teor do artigo 12 do mencionado Regulamento:
“Para os fins do art. 20 da Lei 8.906/94, considera-se dedicação
exclusiva o regime de trabalho que for expressamente previsto em contrato
individual de trabalho. (NR)
Parágrafo único. Em caso de dedicação exclusiva, serão remuneradas
como extraordinárias as horas trabalhadas que excederem a jornada normal
de oito horas diárias.”
Esta Corte tem adotado entendimento pelo qual somente
no caso de a jornada de trabalho ter sido fixada em oito horas diárias
ou quarenta horas semanais é que se configura a hipótese de dedicação
exclusiva. A dedicação exclusiva decorre, não do número de horas
trabalhadas, mas do que for expressamente previsto em contrato individual
de trabalho.
No caso dos autos, o reclamante foi contratado pelo
reclamado para exercer a função de advogado, tendo o Tribunal Regional
consignado a premissa de que havia o regime de dedicação exclusiva.
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Destarte, estando o reclamante cumprindo jornada de
oito horas diárias e em regime de dedicação exclusiva, nos termos da
jurisprudência desta Corte, não faz jus ao pagamento da sétima e oitava
hora diária como extras.
Sendo assim, quando submetido à dedicação exclusiva
a jornada do advogado empregado de banco é de oito horas, ou seja, são
indevidas as sétimas e oitavas horas diárias como extras.
Nesse sentido, os precedentes desta 7ª Turma, da
SBDI-1 e de Turmas desta Corte:
"AGRAVO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA. LEI Nº
13.015/2014. CPC/1973. ADVOGADO EMPREGADO DE BANCO.
HORAS EXTRAS. REGIME DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.
CONTRATAÇÃO POSTERIOR AO ADVENTO DA LEI Nº 8.906/94.
Este Tribunal Superior, interpretando os artigos 12 do Regulamento Geral do
Estatuto da Advocacia e da OAB e 20 da Lei nº 8.906/94, Firmou tese no
sentido de que, nos casos em que o empregado for contratado após o advento
da referida Lei, se exige a cláusula expressa como condição essencial à
caracterização do regime de dedicação exclusiva, não havendo falar na mera
presunção de sua existência ou em ajuste tácito. No caso concreto, resultou
comprovada a existência de cláusula de exclusividade. Assim está
consignado no acórdão regional: "[...] Pois bem; o contrato de fls. 85/86 dá
conta de que a obreira foi contratada em regime de exclusividade, razão
pela qual deve prevalecer a exceção contida na parte final do caput do
art. 20 da Lei 8906/94 ." Registre-se, por fim, que o exercício da advocacia
é regulado por estatuto profissional próprio - Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da
OAB). Logo, enquadra-se no conceito de categoria diferenciada estabelecido
pelo artigo 511, §3º, da CLT. Dessa forma, o advogado empregado de
banco que exerce atribuições inerentes à advocacia deve observar a
regulamentação de jornada específica de sua categoria, que se encontra
prevista no artigo 20 da Lei nº 8.906/94. Desse modo, quando submetido
à dedicação exclusiva é de oito horas, ou seja, são indevidas as sétimas e
oitavas horas diárias como extras. Precedentes. Agravo conhecido e não
provido" (Ag-ED-ED-RR-1285-46.2011.5.05.0012, 7ª Turma, Relator
Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 25/10/2019). (G.n.)
"RECURSO DE REVISTA - PROCESSO SOB A VIGÊNCIA DA
LEI Nº 13.015/2014 E DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/2016 DO
TST - ADVOGADO EMPREGADO DE BANCO - HORAS
EXTRAORDINÁRIAS - REGIME DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA -
ENQUADRAMENTO NO ART. 20 DA LEI Nº 8.906/94 - JORNADA
DE QUARENTA HORAS SEMANAIS. Ressalvado o entendimento deste
relator, de que o advogado empregado contratado por instituição bancária faz
jus à jornada de trabalho a que alude o art. 224 da CLT, a jurisprudência da
Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais do TST consolidou-se
em sentido contrário, razão pela qual impõe-se adotar o posicionamento
definido pela seção de uniformização desta Corte, em prol da segurança
jurídica e a estabilidade das decisões, daí por que afasta-se o direito ao
pagamento de horas extraordinárias excedentes à sexta diária, em face
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do que dispõe o art. 20 da Lei nº 8.906/94 para, caracterizada a
dedicação exclusiva desde de o início da relação jurídica de emprego,
absolver o reclamado da condenação imposta de horas extraordinária e
reflexos. Recurso de revista conhecido e provido"
(RR-1378-08.2013.5.06.0013, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho, DEJT 22/02/2019). (G.n.).
"EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 11.496/2007. HORAS
EXTRAS. ADVOGADO EMPREGADO DE BANCO. APLICAÇÃO
DO ARTIGO 20 DA LEI Nº 8.906/94 EM DETRIMENTO DO
ARTIGO 224, CAPUT , DA CLT. REGIME DE DEDICAÇÃO
EXCLUSIVA. DURAÇÃO DO TRABALHO DIÁRIO DE OITO
HORAS. Trata-se de pedido de pagamento de horas extras feito por
advogada empregada de banco referente às 7ª e 8ª horas trabalhadas. A
controvérsia cinge-se a definir se é aplicável ao caso o artigo 224, caput ,
da CLT ou o artigo 20 da Lei nº 8.906/94. A Turma entendeu que o
exercício da advocacia é regulado por estatuto profissional próprio - Lei nº
8.906/94 (Estatuto da OAB), pelo que se enquadra no conceito de categoria
diferenciada estabelecido pelo artigo 511, § 3º, da CLT, razão pela qual não
se aplica ao advogado bancário a jornada de trabalho prevista no artigo 224
da CLT. Acrescentou que esta Corte Superior, ao rever a sua jurisprudência,
firmou novo entendimento de que a jornada de trabalho do advogado
empregado de banco submetido à dedicação exclusiva é de oito horas.
Concluiu, então, legítima a jornada de oito horas durante todo o período
contratual, sendo indevidas as 7as e 8as horas diárias como extras. Esta
Corte pacificou o entendimento de que o advogado empregado de banco
tem sua jornada de trabalho regida pelo artigo 20 da Lei nº 8.906/94,
não se enquadrando no artigo 224 da CLT, de modo que, estando sujeito
ao regime de dedicação exclusiva, a duração diária do seu trabalho é de
oito horas, não fazendo jus às 7ª e 8ª horas trabalhadas como extras.
Desse modo, verifica-se que a Turma, ao adotar a tese de que se aplica à
reclamante a jornada prevista no artigo 20 da Lei nº 8.906/94, em
detrimento do artigo 224 da CLT, decidiu em consonância com a
jurisprudência desta Corte, razão pela qual o acórdão embargado não
merece reparos. Embargos não conhecidos"
(E-RR-1200-64.2009.5.12.0035, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT
13/09/2019). (G.n.).
"AGRAVO EM EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014 .
ADVOGADA. EXERCÍCIO DA PROFISSÃO APÓS A LEI Nº
8.906/94. DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. EXISTÊNCIA DE AJUSTE
CONTRATUAL EXPRESSO. HORAS EXTRAS INDEVIDAS. Trata-se
de caso em que o Regional procedeu ao enquadramento da reclamante como
bancária, afastou o exercício de cargo de confiança nos moldes previstos no
artigo 224, § 2º, da CLT e condenou o reclamando ao pagamento de horas
extras além da 6ª diária. Consta do acórdão regional que a reclamante foi
contratada como escriturária em 15/3/90 e que a sua jornada de trabalho
jamais se submeteu ao regime previsto no artigo 20 da Lei nº 8.906/94.
Consta também que, em 1º de março de 2001, foi assinado um termo de
aditamento ao contrato de trabalho, com previsão de exercício de atividades
jurídicas com caráter de exclusividade e de jornada de oito horas diárias,
sendo, segundo o Regional, "fato inconcusso que a Reclamante, durante todo
o período imprescrito, desempenhou a atividade de advogada empregada do
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Banco Reclamado". Contudo, a Corte a quo entendeu que o "caráter de
exclusividade dos serviços advocatícios prestados pela Reclamante" não
alteraria a sua conclusão acerca da aplicação do artigo 224 da CLT, tendo em
vista o princípio da primazia da realidade. Quanto ao enquadramento da
reclamante como empregada bancária, cumpre esclarecer que a Súmula nº
102, item V, do Tribunal Superior do Trabalho não trata dessa
especificidade, pois apenas estabelece que o fato de o advogado empregado
exercer a advocacia, por si só, não implica o reconhecimento do exercício de
cargo de confiança, com vistas a se aplicar o disposto no artigo 224, § 2º, da
CLT. Esse foi o entendimento adotado pelo Pleno desta Corte no julgamento
do IUJ - 32000-67.1997.5.01.0014, em 24/5/2011, de relatoria da Exma.
Ministra Maria de Assis Calsing, publicado no DEJT 3/6/2011, em que se
firmou a tese de que "o item V da Súmula n.º 102 do Tribunal Superior do
Trabalho diz respeito à caracterização do exercício ou não do cargo de
confiança, questão alheia, portanto, à que discutida no Recurso de Embargos.
Incidente de Uniformização não conhecido". Portanto, à luz da
jurisprudência pacificada nesta Corte, a jornada de trabalho do
empregado advogado deve ser examinada a partir da constatação de
existência , ou não , de regime de dedicação exclusiva ou de norma
coletiva disciplinando o assunto, nos termos em que preconiza a Lei nº
8.906/94. Aliada a esse entendimento, a Turma excluiu as horas extras
deferidas à reclamante, com amparo na premissa fática registrada no
acórdão regional de que as partes firmaram termo contratual com
previsão expressa de adoção do regime de dedicação exclusiva, com
jornada de oito horas diárias, impondo-se, por conseguinte, a incidência
do artigo 20 da Lei nº 8.906/94, que estabelece que "a jornada de
trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá
exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas
semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação
exclusiva". Assim, na esteira da jurisprudência firmada nesta Corte, a
validade da adoção do regime de dedicação exclusiva para o advogado
empregado está condicionada à previsão contratual expressa dessa condição,
cuja inobservância resulta no dever de pagar as horas extras excedentes. Esse
entendimento encontra amparo no Regulamento Geral do Estatuto da OAB,
artigo 12, caput, o qual preconiza que "para os fins do art. 20 da Lei nº
8.906/94, considera-se de dedicação exclusiva o regime de trabalho que for
expressamente previsto em contrato individual de trabalho" e "em caso de
dedicação exclusiva, serão remuneradas como extraordinárias as horas
trabalhadas que excederem a jornada normal de oito horas diárias"
(parágrafo único). Assim, na hipótese, sendo incontroversa a existência de
previsão contratual expressa de jornada de trabalho em regime de
dedicação exclusiva, bem como o vínculo empregatício mantido entre as
partes, são, efetivamente, indevidas as horas extras pleiteadas.
Precedentes. Agravo desprovido . (...)”
(AgR-E-ED-ED-ED-RR-135700-35.2007.5.03.0020, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Jose Roberto
Freire Pimenta, DEJT 06/09/2019).(G.n.)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017. ADVOGADO
EMPREGADO. JORNADA DE TRABALHO. DEDICAÇÃO
EXCLUSIVA . TRANSCENDÊNCIA. O processamento do recurso de
revista na vigência da Lei 13.467/2017 exige que a causa ofereça
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica,
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política, social ou jurídica, a qual deve ser analisada de ofício e previamente
pelo Relator (artigos 896-A, da CLT, 246 e 247 do RITST). A matéria trata
do indeferimento de horas extras (além da 4ª diária e 20ª semanal ou,
sucessivamente, além da 6ª diária e 30ª semanal) ao advogado empregado
que fora contratado, na vigência da Lei 8.906/94, para o cumprimento de
jornada de 8h diárias e 40 semanais. Extrai-se do acórdão que há previsão
expressa do regime de dedicação exclusiva no contrato de trabalho. O
Regional consignou que a realização de atividades a favor de terceiros não
integrantes do grupo econômico a que pertence o réu se deu por expressa
determinação do Banco e dentro do horário contratual. Registrou que o
reclamante não comprovou que - poderia atender clientes particulares ao
arrepio do consentimento de seu empregador -. Assim, não demonstrada a
ausência de dedicação exclusiva, foi afastada a jornada de 4h diárias e 20h
semanais. Registrou a Corte, ainda, serem indevidas as horas extras acima da
6ª hora diária e/ou da 30ª hora semanal, porquanto o advogado de instituição
financeira, pertencente à categoria diferenciada, não se submete às regras da
CLT dirigidas aos bancários, sendo-lhe inaplicável o disposto no art. 224,
caput e §2º, da CLT. A matéria debatida não possui transcendência
econômica, política, jurídica ou social. Agravo de instrumento de que se
conhece e a que se nega provimento porque não reconhecida a
transcendência" (AIRR-988-97.2013.5.23.0002, 6ª Turma, Relatora
Desembargadora Convocada Cilene Ferreira Amaro Santos, DEJT
30/08/2019).
"RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO ANTES DA
VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.015/2014. ADVOGADO EMPREGADO.
REGIME DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. HORAS EXTRAS.
INDEVIDAS. Este Tribunal firmou jurisprudência no sentido de que os
advogados empregados de banco não se enquadram na regra do art. 224 da
CLT, notadamente por se tratar de profissionais liberais que se equiparam
aos membros de categoria diferenciada, cujas atividades são regulamentadas
por estatuto próprio (Lei n.º 8.906/94), o qual estabelece jornada normal de 8
horas diárias para esses profissionais em período de dedicação exclusiva.
Recurso de Revista conhecido e provido, no tópico. (...)”.
(RR-987-10.2010.5.05.0038, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena
da Silva, DEJT 31/05/2019).
"AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMADO. BANCÁRIA.
ADVOGADA COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. INDEVIDAS AS 7ª E 8ª
HORAS DIÁRIAS COMO EXTRAORDINÁRIAS. Ante possível violação
do art. 20 da Lei 8.906/1994, nos termos exigidos no artigo 896 da CLT,
dá-se provimento ao agravo de instrumento para determinar o processamento
do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO.
BANCÁRIA. ADVOGADA COM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA.
INDEVIDAS AS 7ª E 8ª HORAS DIÁRIAS COMO
EXTRAORDINÁRIAS. Sem embargo de o advogado não integrar categoria
diferenciada, o fato de ter regulamentação própria no tocante à jornada o
impede de beneficiar-se do art. 224 da CLT, se realizar trabalho em
estabelecimento bancário. A advocacia é profissão regulamentada e, por
isso, havendo dedicação exclusiva, a jornada é de oito horas, não se
aplicando a jornada de seis. Incidência dos artigos 20 da Lei 8.906/94 e 12,
parágrafo único, do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB.
Há precedentes da SBDI-1 e de todas as Turmas do TST. Recurso de revista

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conhecido e provido. (...)". (RR-35100-29.2006.5.01.0074, 6ª Turma,
Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 15/02/2019).
E de minha lavra:
"RECURSO DE EMBARGOS. HORAS EXTRAS - EMPREGADO
CONTRATADO PARA TRABALHAR EM BANCO COMO
ADVOGADO COM JORNADA DE TRABALHO DE OITO HORAS E
EM REGIME DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA. O advogado empregado
de banco que exerce atribuições inerentes à advocacia não se enquadra no
artigo 224 da Consolidação das Leis do Trabalho, pois, sendo profissional
liberal, se equipara aos membros de categoria diferenciada, uma vez que
exerce atividade regulada em estatuto profissional próprio, devendo observar
a regulamentação de jornada específica de sua categoria, que se encontra
prevista na Lei nº 8.906/94. Assim, configurada a dedicação exclusiva,
„serão remuneradas como extraordinárias as horas trabalhadas que
excederem a jornada normal de oito horas diárias‟ (parágrafo único do
artigo 12 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB). Desse
modo, nos termos da jurisprudência desta Corte, o reclamante não faz jus ao
pagamento de horas extras além da sexta hora diária. Recurso de embargos
conhecido e desprovido." (E-ED-RR-42700-50.2007.5.05.0464, Rel. Min.
Renato de Lacerda Paiva, DEJT 22/8/2014).
Ante o exposto, conheço do recurso de revista, por
violação ao artigo 20 da Lei nº 8.906/94.

MÉRITO
Como consequência lógica do conhecimento do recurso
de revista por violação ao artigo 20 da Lei nº 8.906/94, dou-lhe
provimento para, reformando o acórdão regional, enquadrar o autor na
jornada de trabalho de 08 (oito) horas e excluir da condenação o pagamento
das 7ª e 8ª horas como extras e os reflexos decorrentes.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade, dar provimento ao agravo de
instrumento para destrancar o recurso de revista. E, por unanimidade,
conhecer do recurso de revista por violação ao artigo 20 da Lei nº
8.906/94, e, no mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão
regional, enquadrar o autor na jornada de trabalho de 08 (oito) horas
e excluir da condenação o pagamento das 7ª e 8ª horas como extras e os
reflexos decorrentes.
Brasília, 9 de dezembro de 2020.

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RENATO DE LACERDA PAIVA
Ministro Relator

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