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Reflexão

“ A literacia ou as multiliteracias exigidas para aprender e para aprender ao longo da vida têm
e devem ser adquiridas precocemente e durante o percurso escolar, convocando para tal
metodologias de pesquisa e de investigação que resultem do trabalho colaborativo da
biblioteca com todos os elementos da escola, viabilizando-se, assim, a construção do saber.”

Dra. Teresa Calçada, II Seminário FORBEV, Évora, Outubro de 2008

No contexto actual da Sociedade da Informação, a Biblioteca Escolar (BE), deixou de


ser o local, onde os alunos procuram informação, para passar a ser um centro de
aprendizagem e de formação de alunos autónomos no trabalho de pesquisa em
diferentes suportes, transformando a informação em conhecimento, facilitando e
trabalhando transversalmente a literacia da informação associada ao currículo, às
aprendizagens dos alunos, conduzindo-os ao sucesso educativo. O papel da biblioteca
do século XXI é pois mais abrangente e multifacetado.

Neste contexto, é fundamental dar a conhecer a toda a comunidade educativa a


importância e as potencialidades da BE, porta de entrada e saída da informação, onde
os alunos adquirem competências de informação e de comunicação, constroem o seu
próprio conhecimento e o divulgam, numa perspectiva de partilha e interacção que
caracteriza a sociedade digital. É necessário pois mobilizar todos os órgãos da escola
para a divulgação e utilização dos recursos da biblioteca, enquanto instrumento
facilitador de metodologias inovadoras e de desenvolvimento de competências nos
alunos, na formação e no desenvolvimento das literacias (literacia da informação,
digital e tecnológica).

Mas o que é a Web 2.0? A Web 2.0 consiste no desenvolvimento de ferramentas que
aproveitam a capacidade da Internet para se tornarem melhores à medida que são
utilizadas pelas pessoas, usando para isso a inteligência colectiva. A Web 2.0 baseia-se
na participação, na colaboração online e na certeza de que as pessoas querem criar

Clara Oliveira
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conteúdo em vez de apenas consumir. Trata-se pois de uma visão totalmente diferente
do início da web, em que nos sentávamos em frente ao computador consultando sites
estáticos, fechados que não permitiam alterações.

Para a sobrevivência e afirmação da BE esta não pode “parar no tempo”, tem de


acompanhar a mudança e para tal desenvolver esforços para se tornar biblioteca 2.0.

Segundo Maness (2006) existem quatro princípios que caracterizam a Biblioteca 2.0:

 Centrada no utilizador - o utilizador participa na criação de conteúdos e


serviços disponibilizados na Web pela biblioteca.

 Disponibiliza uma experiência multimédia - tanto as colecções como os


serviços da biblioteca 2.0 contêm componentes vídeo, áudio e realidade virtual.

 Socialmente rica - interage com os utilizadores quer de forma síncrona quer de


forma assíncrona.

 Inovadora ao serviço da comunidade - procura constantemente a inovação e


acompanha as mudanças que ocorrem na comunidade, adaptando os seus
serviços para permitir aos utilizadores procurar, encontrar e utilizar a
informação.

Que mudanças temos então que equacionar para que BE do Agrupamento de Escolas
de Vale Rosal acompanhe a mudança?

 Uma equipa dinâmica, ousada, inovadora e com formação, capaz de atrair


todas as estruturas de supervisão pedagógica e de coordenação educativa para
que a BE seja, efectivamente, o grande recurso da escola. Uma equipa com
estas características já existe, no entanto, com a nova legislação relativamente
à carreira docente, será possível mantê-la? Este constituirá um dos maiores
problemas com que se irão debater a maiorias das BE. Outro aspecto que se
reveste de grande importância na BE de Vale Rosal, é o facto de que, para além
da professora bibliotecária, apenas uma professora colaboradora que tem no

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seu horário 45 minutos na BE, ter formação na web 2.0.Torna-se urgente a
formação da equipa para que possamos acompanhar a evolução tecnológica.
 Relativamente a infra-estruturas tecnológicas, estas já existem. O PTE interliga
de forma integrada e coerente a infra-estruturação tecnológica das escolas, na
disponibilização de conteúdos e serviços em linha e no reforço das
competências TIC de alunos, professores e pessoal não docente.
 Colocar ao serviço dos utilizadores as ferramentas da Web 2.0 que devem ter
uma utilização colaborativa, envolvendo professores, alunos e outros
elementos, dentro e fora da escola.

São várias as ferramentas que a Web 2.0 disponibiliza, de acordo com o que se
pretende. Assim sendo passo a enunciá-las:

 Informativas (blogue);
 Formativas (moodle, edu2.0);
 Criar redes colaborativas (wikis);
 Comunicar directamente com os utilizadores (twiter, blogue);
 Comunidades virtuais (facebook, myspace, orkut, youtube, slideshare);
 Obter informação actualizada e permitir o acesso à informação da biblioteca
pelos utilizadores (FEEds RSS);
 Promover a interactividade (blogue, twitter);
 Partilhar novidades (twitter);
 Permitir a construção de serviços de referência (twitter, wikis);
 Construir repositórios (Picasa, slideshare, youtube);
 Disponibilizar serviço de bookmarking (delicious, diigo);
 Possibilitar a catalogação social - disponibilizar e partilhar catálogos, facilitar o
social bookmarking - (Librarything);
 Integrar os média social e a criação de redes sociais, permitindo interacção
social, colaboração e partilha de informação.

Clara Oliveira
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A BE do Agrupamento de Escolas de Vale Rosal utiliza a Plataforma Moodle como
forma de divulgar as actividades, informações, os concursos em que participa, entre
outras. Também, possui um blogue em parceria com a Associação de Pais, que se
encontra em construção, no qual se pretende criar mais interactividade com a
comunidade educativa.

Concluo, frisando que temos um longo caminho a percorrer, a BE 2.0 exige um perfil e
competências ao Professor Bibliotecário e restante equipa no âmbito das Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação, que requerem necessariamente uma
formação contínua. Para além da formação, requer ainda a atribuição de um maior
número de horas aos professores que integram a equipa da BE, para que possam
desenvolver tarefas relacionadas com criação, gestão actualização dos serviços
disponibilizados para conduzir ao sucesso educativo dos alunos.

Clara Oliveira
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