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CONCURSOS (VJ Estratégia Aula 02 DRC Me Oke oe CaS Nerney Professor: Sérgio Mendes AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Ptiblico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 APRESENTAGAO DO TEMA .. 1. PRINCIPIO DA UNIVERSALIDADE OU GLOBALIZAGAO ... 2. _ PRINCIPIO DA ANUALIDADE OU PERIODICIDADE, 3. PRINCIPIO DA UNIDADE E DA TOTALIDADE .. 4. PRINCIPIO DO ORCAMENTO BRUTO ... 5. PRINCIPIO DA EXCLUSIVIDADE . 6. _ PRINCIPIO DA ESPECIFICACAO OU DISCRIMINACAO OU ESPECIALIZACAO... 7. PRINCIPIO DA PROIBIGAO DO ESTORNO .... 8. PRINCIPIO DA QUANTIFICACAO DOS CREDITOS ORGAMENTARIOS . 9. PRINCIPIO DA PUBLICIDADE .. 10. PRINCIPIO DA TRANSPARENCIA ORCAMENTARIA... 11. PRINCIPIO DO EQUILIBRIO ORCAMENTARIO.. 12. PRINCIPIO DA NAO AFETAGAO (OU NAO VINCULACAO) DE RECEITAS ... 13. PRINCIPIO DA PROGRAMAGAO . 14, PRINCIPIO DA LEGALIDADE.. 15. PRINCIPIO DA CLAREZA OU DA INTELIGIBILIDADE 16. PRINCIPIO DA UNIFORMIDADE OU CONSISTENCIA. Bernas. QUESTOES DE CONCURSOS ANTERIORES . LISTA DE QUESTOES COMENTADAS NESTA AULA .. GABARITO .. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Ola amigos! Como é bom estar aqui! “Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relégio marque meia noite. E minha fung&o escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque esta chovendo ou agradecer as aguas por lavarem a poluigao. Posso ficar triste por nao ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finangas, evitando o desperdicio. Posso reclamar sobre minha satide ou dar gracas por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por nao terem me dado tudo 0 que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com 0 trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepcées com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas ndo sairam como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomecar. O dia esté na minha frente esperando para ser que eu quiser. E aqui estou eu, 0 escultor que pode dar forma. Tudo depende sé de mim”. (Charles Chaplin) *“O homem no consegue descobrir novos oceanos se néo tiver a coragem de perder de vista a costa.” (André Gide) Na certeza de um belo dia e que outros ainda melhores virdo, entusiasmados estudaremos nesta aula os princfpios orgamentarios, que séo premissas, linhas norteadoras a serem observadas na concepgdo e execugdo da lei orcamentaria. Validos para todos os entes e para todos os Poderes, visam a aumentar a consisténcia e estabilidade do sistema orcamentario. Por isso, so as bases nas quais se deve orientar o proceso orcamentério e sao impositivos no orgamento publico, apesar de ndo terem caréter absoluto por apresentarem excecies. Ateng&o: € um assunto importante para a compreensdo geral da matéria e também muito cobrado em concursos! Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 2de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 De acordo com o principio da universalidade, o orgamento deve conter todas as receitas e despesas referentes aos Poderes da Unido, seus fundos, orgdos e entidades da Administracao direta e indireta. Assim, 0 Poder Legislativo pode conhecer, a priori, todas as receitas e despesas do governo. Esté na Lei 4.320/1964: “Art. 2° A Lei do Orgamento conteré a discriminagdo da receita e despesa de forma a evidenciar a politica econémica financeira e 0 programa de trabalho do Governo, obedecidos os principios de unidade, universalidade e anualidade. Art. 3° A Lei de Orcamentos compreendera todas as receitas, inclusive as de operacées de crédito autorizadas em lei. Art. 49 A Lei de Orcamento compreendera todas as despesas préprias dos Grgaos do Governo e da administracéo centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no art. 2°.” O art. 165 da CF/1988 se refere & universalidade, quando o constituinte determina a abrangéncia da LOA: “§ 5° A Lei Orcamentaria anual compreendera: 1-0 orcamento fiscal referente aos Poderes da Unido, seus fundos, érgaos e entidades da administracdo direta e indireta, inclusive fundagées instituidas e mantidas pelo Poder Publico; II -o orcamento de investimento das empresas em que a Uniéo, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; II - 0 orgamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e 6rgos a ela vinculados, da administracao direta ou indireta, bem como os fundos e fundagées instituidos e mantidos pelo Poder Piblico.” Principio da Universalidade referentes aos Poderes da racao direta e indireta. ‘A LOA deve conter todas as receitas e despes: jo, seus fundos, orgaos e entidades da admii Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br Bde 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 . PRINCEPIO DA ANUALIDADE OU PERIODICIDADE Segundo o principio da anualidade, o orcamento deve ser elaborado e autorizado para um periodo de um ano. Estd na Lei 4.320/1964: “Art. 2° A Lei do Orgamento conteré a discriminagéo da receita e despesa de forma a evidenciar a politica econémica financeira e 0 programa de trabalho do Governo, obedecidos os principios de unidade, universalidade e anualidade.” E também na nossa Constituicdo Federal de 1988: “Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerSo: I~ o plano plurianual; II - as diretrizes orgamentérias; III - os orgamentos anuais.” E conhecido também como principio da periodicidade, numa abordagem em que © orcamento deve ter vigéncia limitada a um exercicio financeiro. A ideia, em sua origem, era obrigar o Poder Executivo a solicitar periodicamente ao Congreso permissao para a cobranca de impostos e a aplicagéo dos recursos publicos. No Brasil, tal principio coincide com 0 ano civil, segundo a Lei 4.320/1964: “art. 34. O exercicio financeiro coincidiré com 0 ano civil.” Varios artigos da Constituicéo remetem & anualidade, como 0 § 19 do art. 167: “§ 1° Nenhum investimento cuja execugéo ultrapasse um exercicio financeiro poderé ser iniciado sem prévia incluséo no plano plurianual, ou sem lei que autorize a incluso, sob pena de crime de responsabilidade.” A Lei 4.320/1964 poderia ser alterada, porém nao desconfiguraria o principio, pois 0 conceito de anualidade ndo esta relacionado ao ano civil, mas com o exercicio financeiro e 0 periodo de 12 meses. © tema “Créditos Adicionais” é visto em aula especifica quando previsto em edital. Por agora, temos que saber que a Lei Orcamentédria Anual podera ser alterada no decorrer de sua execug&o por meio de créditos adicionais. Temos trés espécies. de Créditos Adicionais: suplementares, especiais. e extraordinarios. Os créditos adicionais especiais e extraordinarios autorizados nos ultimos quatro meses do exercicio podem ser reabertos no exercicio seguinte pelos seus saldos, se necessério, e, neste caso, viger até o término desse exercicio financeiro. Por esse motivo, alguns autores consideram que se trata de excegées ao principio da anualidade. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br Ade 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 rn © orcamento deve ser elaborado e autorizado para EOP E um periodo de um ano. cexercicio financelro Qu. eerie: créditos adicionais reabertos = enustidede tnbuteria CoN Staablinoes, + anterioridade tributaria oomas FUNDO! Mais alqumas consideracées sobre o principio da anualidade: _ Estamos tratando da anualidade orgamentéria. A anualidade tributéria determinava que deveria haver autorizacdo para a arrecadacao de receitas previstas na Lei Orcamentaria Anual. Assim, as leis tributarias deveriam estar incluidas na LOA, ndo se admitindo alteracdes tributérias apés os prazos constitucionais do orgamento anual. Tal principio tributario nao foi recepcionado pela atual CF/1988 e foi substituido pelo principio tributdrio da anterioridade. _ Anualidade é principio orgamentério, porém anterioridade nao & 0 principio constitucional da anterioridade € principio tributario ¢ nao orgamentério. A existéncia no ordenamento juridico de um plano plurianual com duragéo atual de quatro anos no excepciona o principio da anualidade, pois tal plano é estratégico e nao operativo, necessitando da Lei Orgamentéria Anual para sua operacionalizacao. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br Sde52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Segundo o principio da unidade, o orgamento deve ser uno, isto é, deve existir apenas um orgamento, e néo mais que um para cada ente da Federagéo em cada exercicio financeiro. Objetiva eliminar a existéncia de orgamentos paralelos e permite ao Poder Legislativo o controle racional e direto das operagoes financeiras de responsabilidade do Executivo. Também esta consagrado na Lei 4.320/1964: “Art. 2° A Lei do Orgamento conteré a discriminagao da receita e despesa de forma a evidenciar a politica econémica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os principios de unidade, universalidade e anualidade.” Vale ressaltar que, apesar de ter previsdo legal desde a Lei 4.320/1964, o principio da unidade foi efetivamente colocado em pratica somente com a CF/1988. Antes disso, havia diversas pecas orcamentdrias nao consolidadas, como 0 orgamento monetério, o qual sequer passava pela aprovacéo legislativa. FUNDO! Aprofundando no tema, vamos tratar do principio da totalidade. Houve uma remodelagéo pela doutrina do principio da unidade, de forma que abrangesse as novas situagdes, sendo por muitos denominado de principio da totalidade, sendo construido, entéo, para possibilitar a coexisténcia de multiplos orgamentos que, entretanto, devem sofrer consolidacéo. A Constituigéo trouxe um modelo que, em linhas gerais, segue o principio da totalidade, pois a composigéo do orcamento anual passou a ser a seguinte: orgamento fiscal, orgamento da seguridade social e orcamento de investimentos das estatais. Tal tripartigdo orgamentdria é apenas de cunho instrumental, nao implica dissonancia e, portanto, nao viola o principio em estudo. Concluindo, © principio da totalidade n&o necessariamente significa um documento unico, j4 que 0 processo de integracéo planejamento-orcamento tornou o orgamento necessariamente multidocumental, em virtude da aprovac&o, por leis diferentes, dos varios instrumentos de planejamento, com datas de encaminhamento diferentes para aprovacdo pelo Poder Legislativo. Em que pesem tais documentos serem distintos, devem obrigatoriamente ser compatibilizados entre si. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 6de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Unidade: 0 orcamento deve ser uno, isto é, deve existir wo apenas um orcamento, e nao mais que um para cada ente CONFUNDA! —_| da federacéio em cada exercicio financeiro. Totalidade: ha coexisténcia de multiplos orgamentos que, entretanto, devem sofrer consolidacao. Principio da Unidade e Totalidade go> CAIU na prova! Substituto - TCE/PR - 2016) O PPA jade € seu orcamento é definido bienalmente. Segundo 0 principio da anualidade ou periodicidade, 0 orgamento deve ser| elaborado e autorizado para um periodo de um ano. O PPA possui um periodo de quatro anos. Resposta: Errada (CESPE - Agente Administrative - DPU - 2016) No Brasil, para \determinado periodo do ano civil, cada ente da Federacao deve possuir um orcamento para as receitas e um orcamento para as despesas. No Brasil, para determinado periodo do ano civil, cada ente da Federagaio deve possuir um Unico orgamento para as receitas e para as despesas (e nao um orgamento somente para as receitas e outro somente para as despesas). Resposta: Errada (FCC - Analista Judicidario - Contabilidade - TRT/16 - Maranhaéo — 2014) O principio orgamentario da exclusividade determina que a LOA ide cada ente federado deverd conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, érgdos, entidades, fundos e fundacées institufdas e mantidas pelo Poder Publico. © principio da universalidade determina que a LOA de cada ente federado deveré conter todas as receitas e despesas de todos os poderes, érgdos, entidades, fundos e fundacées instituidas e mantidas pelo Poder Publico. Resposta: Errada (FGV - Analista Judiciério - Apoio Judiciario e Administrative - T1/GO) = 2014) Entre os principios orcamentarios contemplados pela legislacao brasileira, o principio da universalidade diz que o orcamento deve ser uno para cada unidade governamental. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br Tde 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Entre os principios orgamentérios contemplados pela legislagéo brasileira, 0 principio da unidade diz que o orcamento deve ser uno para cada unidade governamental. Resposta: Errada (FGV - Analista Judiciario - Apoio Judi ivo - T3/GO| = 2014) Entre os principios orcamentdrios contemplados pela legislacao brasileira, o principio da universalidade diz que o orgamento deve ser elaborado e autorizado para um periodo especifico, chamado de exercicio financeiro. Entre os principios orgamentérios contemplados pela legislagéo brasileira, 0 principio da anualidade diz que o orcamento deve ser elaborado e autorizado para um periodo especifico, chamado de exercicio financeiro. Resposta: Errada Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br Bde 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Existem despesas que, ao serem realizadas, geram receitas ao ente publico. Por outro lado, existem receitas que, ao serem arrecadadas, geram despesas. Por exemplo, quando o Governo paga salarios, realiza despesas. No entanto, a partir de determinado valor, comeca a incidir sobre a remuneracao o Imposto de Renda, que é uma receita para 0 Governo, descontada diretamente pela fonte pagadora. Assim, ao pagar o salério de um servidor, é efetuada uma despesa (salrio) que ao mesmo tempo gera uma receita (Imposto de Renda). © principio do orgamento bruto veda que as despesas ou receitas sejam incluidas no orgamento ou em qualquer das espécies de créditos adicionais nos seus montantes liquidos. Note que a diferenca entre universalidade e orgamento bruto é que apenas este tltimo determina que as receitas e despesas devam constar do orcamento pelos seus totais, sem quaisquer deducées. Também esté na Lei 4.320/1964: “Art. 6° Todas as receitas e despesas constardo da Lei de Orcamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deducées. § 1° As cotas de receitas que uma entidade publica deva transferir a outra iincluir-se-o, como despesa, no orcamento da entidade obrigada a transferéncia e, como receita, no orgamento da que as deva receber.” RCE Cat ry onrmnceone IRaaie Staten geen ORCAMENTO BRUTO COR COO Ce Oa ito ‘como despesa no orgamento da § 12 As cotas de receitas entidade obrigada a transferéncia que uma entidade publica 'nsvir-se-do ; deva transferir a outra como receita,no orgamento. Sno) da que asdevareceber os > No nosso exemplo, considere uma carreira de alto escaldo do Executivo, que tem como subsidio inicial R$ 14.000,00. Subtraindo os descontos de Imposto de Renda e Previdéncia Social, o liquido gira em torno de R$ 10.000,00. Na Lei Orcamentéria, segundo o principio do orgamento bruto, deverao constar todos esses itens, de receitas de despesas, e néo somente a despesa liquida da Unio de R$ 10.000,00. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 9de 52 AFO ¢ Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Pablico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 esta & NAPROVA! Principio do Orgamento Bruto Nao importa se 0 saldo liquido sera positivo ou negativo, © principio do orgamento bruto impede a inclusdo apenas dos montantes liquidos e determina a incluso de receitas e despesas pelos seus totais, vedadas quaisquer deducées. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 5. PRINCIPIO DA EXCLUSIVIDADE O principio da exclusividade surgiu para evitar que 0 orgamento fosse utilizado para aprovagéo de matérias sem nenhuma pertinéncia com o conteuido orgamentario, em virtude da celeridade do seu processo. Determina que a Lei Orgamentéria néo podera conter matéria estranha a previséo das receitas e a fixacio das despesas. Excecéo se dé para as autorizagdes de créditos suplementares e operagdes de crédito, inclusive por antecipag&o de receita orgamentaria (ARO). Por exemplo, o orgamento néo pode conter matéria de Direito Penal. Assim, 0 principio da exclusividade tem o objetivo de limitar o contetido da Lei Orcamentéria, impedindo que nela se inclua normas pertencentes a outros campos juridicos, como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais répido. Tais normas que compunham a LOA sem nenhuma pertinéncia com seu contetido eram denominadas “caudas orcamentérias” ou “orcamentos rabilongos”. Por outro lado, as excegdes ao principio possibilitam uma pequena margem de flexibilidade ao Poder Executivo para a realizagdo de alteragdes orgamentarias. Possui previso no art. 165 da CF/1988: “§ 89 A lei orcamentaria anual no conteré dispositivo estranho a previséo da receita e a fixagdo da despesa, nao se incluindo na proibigéo a autorizago para abertura de créditos suplementares e contratacéo de operagées de crédito, ainda que por antecipagao de receita, nos termos da lei.” E também no art. 7° da Lei 4.320/1964: “art. 7° A Lei de Orcamento poder conter autorizago ao Executivo para: I~ Abrir créditos suplementares até determinada importancia obedecidas as disposigées do artigo 43; II - Realizar em qualquer més do exercicio financeiro, operagées de crédito por antecipacdo da receita, para atender a insuficiéncias de caixa. § 1° Em casos de déficit, a Lei de Orgamento indicara as fontes de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura. § 2° O produto estimado de operacées de crédito e de alienagéo de bens iméveis somente se incluiré na receita quando umas e outras forem especificamente autorizadas pelo Poder Legislative em forma que juridicamente possibilite a0 Poder Executivo realizd-las no exercicio. § 3° A autorizacao legislativa a que se refere o paragrafo anterior, no tocante 2 operacées de crédito, poderé constar da prépria Lei de Orcamento”. O inciso II foi parcialmente prejudicado e deve ter sua leitura combinada com 0 art. 38 da Lei de Responsabilidade Fiscal, por ser mais restritivo. Estuda-se Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 ARO em tépico especifico relacionado ao endividamento publico, quando previsto no edital. regra_previsSode recetase fxasSo de despesat. Principio da Exclusividade << Autorizaciio para: oxceries |) Abertura de créditos suplementares; Il) Contratagao de operagées de crédito, inclusive por ARO. ‘Senecio Relembro que o género créditos adicionais possui trés espécies: suplementares, especiais e extraordinarios. Pelo principio da exclusividade, a LOA poderé autorizar a abertura de créditos adicionais suplementares, porém ndo € permitida a autorizacéo para os créditos adicionais especiais e extraordinarios. No que se refere as operaces de crédito, entenda, por agora, que elas se assemelham a empréstimos que o ente contrai para aumentar suas receitas e cobrir suas despesas. Finalizando, 6 fundamental guardar que as excegdes ao principio da exclusividade sdo créditos suplementares e operacées de crédito, inclusive por ARO. Pessoal, 0 que deve ficar claro é que a LOA nao pode criar receitas e despesas (respeitadas as excecées do principio da exclusividade). O que eu quero dizer é que uma autorizacéo Para o aumento de remuneragaéo de uma determinada carreira, por exemplo, nao pode constar unicamente na LOA. A cS LOA vai refletir 0 aumento da despesa (pois toda despesa —_ deve estar na LOA), mas esse aumento tem que ser criado por um instrumento legal prévio. No caso, seria uma lei anterior autorizando 0 aumento. O mesmo se aplicaria quando fosse necessdria a criaco de novos cargos puiblicos. ES CAIU na prova! (CESPE - Auditor - Conselheiro Substituto - TCE/PR — 2016) Dado o| principio da exclusividade, cada ente da Federacdo devera ter o seu préprio orgamento. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 12de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Dado o principio da exclusividade, a LOA no podera conter matéria estranha @ previsdo das receitas e a fixagdo das despesas. Excecao se| dé para as autorizagdes de créditos suplementares e operagdes de crédito, inclusive por antecipagdo de receita orgamentaria. Resposta: Errada (CESPE - Auditor - Conselheiro Substituto - TCE/PR - 2016) De acordo| com o principio do orgamento bruto, as receitas devem constar no lorcamento pelos seus totais, deduzindo-se destes somente os| impostos. De acordo com 0 principio do orcamento bruto, as receitas devem constar no orcamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deducées. Resposta: Errada (FCC - Analista Judiciério - Contabilidade - TRT/16 - Maranhaéo — 2014) O principio orgamentario da exclusividade estabelece que a LOA nao contera dispositive estranho a previsao da receita e a fixagao da \despesa. Ressalvam-se dessa proibicdo a autorizacdo para abertura de crédito suplementar e a contratacdo de operacées de crédito, nos termos da lei. © principio da exclusividade estabelece que a LOA nao conterd dispositive Jestranho a previsdo da receita e a fixacéo da despesa. Ressalvam-se dessa| proibig&o a autorizago para abertura de crédito suplementar e a contratagao de operagdes de crédito, nos termos da lei. Resposta: Certa Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo ~ Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 6. PRINCIPIO DA ESPECIFICACAO OU DISCRIMINACAO OU ESPECIALIZACAO © principio da especificagéo ou discriminacéo (ou ainda, especializacéio) determina que, na Lei Orgamentaria Anual, as receitas e despesas devam ser discriminadas, demonstrando a origem e a aplicagdo dos recursos. Tem o objetivo de facilitar a fungéo de acompanhamento e controle do gasto ptblico por toda a sociedade, evitando a chamada “ac&o guarda-chuva”, que é aquela ago genérica, mal especificada, com demasiada flexibilidade. Para o PPA e a LDO, nao ha necessidade de um detalhamento tao grande de receitas e despesas. Isso vai ocorrer posteriormente, pois a LOA é obrigada a seguir o principio da especificacéio. O principio veda as autorizagdes de despesas globais. Atualmente, o principio da especificagio nao tem status constitucional (néo tem previséo constitucional), porém esté em pleno vigor por estar amparado pela legislagao infraconstitucional, como na Lei 4.320/1964, que em seu art. 5° dispde: “Art. 5° A Lei de Orcamento nao consignarad dotagées globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, servicos de terceiros, transferéncias ou quaisquer outras, ressalvado 0 disposto no artigo 20 e seu paragrafo unico.” As excecdes do art. 20 se referem aos programas especiais de trabalho que, por sua natureza, no possam cumprir-se subordinadamente as normas gerais de execucdo da despesa, como os programas de protecdo a testemunha que, se tivessem especificagéo detalhada, perderiam sua finalidade. Tais despesas sdo classificadas como despesas de capital e também chamadas de investimentos em regime de execucao especi: O referido art. 20 ainda determina que os investimentos sejam discriminados na Lei de Orcamento segundo os projetos de obras e de outras aplicagées. A LRF estabelece a vedacéo de consignago de crédito orgamentario com finalidade imprecisa!, exigindo a especificagdo da despesa. Esse mesmo artigo apresenta outra excecéo ao nosso principio, que é a reserva de contingéncia2. A reserva de contingéncia tem por finalidade atender, além da abertura de créditos adicionais, perdas que s&o episédicas, contingentes ou eventuais. Deve ser prevista em lei sua constituico, com vistas a enfrentar provaveis perdas decorrentes de situagdes emergenci "at. 5°, §4%, da LRF. > Ant 5° TIL, da LRF. Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 14de 52 AFO e Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Publico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 Exemplo: despesas decorrentes de uma calamidade publica, como uma enchente de grandes proporgées. wea Receitas e despesas devem ser discriminadas, 0 da Especificacio, = demonstrando a origem e a aplicagdo dos recursos. encogoed Discriminacao ou Especializagao Senaodlones, |) programas especiais de trabalho ou em regime de execugao especial; Il) reserva de contingéncia. t PEGADINHA As excegSes dos programas especiais de trabalho e reserva de contingéncia so quanto dotacSo global, pois nao necessitam de discriminag&o. Nao deve ser confundido com dotacéo ilimitada, que é aquela sem valores definidos. Exemplo: recursos para o programa de protecdo a testemunha. Dotacao ilimitada seria nao definir 0 valor no orcamento ou colocar que se pode gastar © quanto for necessario. Nao é permitido, sem excegées. Ja dotacdo global seria colocar dotacao limitada, R$ 20 milhdes para o programa, porém sem detalhamento. Também a regra seria ndo ser permitido, porém admite excegées, como nesse programa, pois com um detalhamento poderia haver risco de morte para as testemunhas. Atengo: néo confundir Orgamento Bruto com Discriminagao. © principio da discriminagéo (ou especializagdo ou especificagio) determina que as receitas e despesas devam ser especificadas, demonstrando a origem e a aplicacéo dos recursos. Tem o objetivo de facilitar a funcéo de acompanhamento e controle do gasto puiblico. Ja © principio do orgamento bruto impede a incluso apenas dos montantes liquidos e determina a incluso de receitas e despesas pelos seus totais, ndo importando se o saldo liquido sera positivo ou negativo. Por exemplo, a apurag&o e a divulgagao dos dados da arrecadagao liquida, sem a indicagdo das dedugées previamente efetuadas a titulo de restituigdes, ferem o principio do orgamento bruto Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 52 AFO ¢ Direito Financeiro p/ TCE-RS luditor Pablico Externo — Ciéncias Juridicas e Sociais Teoria e Questées Comentadas Prof. Sérgio Mendes ~ Aula 02 0 principio da proibicgdo do estorno determina que o administrador publico nao pode transpor, remanejar ou transferir recursos sem autorizacdo. Quando houver insuficiéncia ou caréncia de recursos, deve o Poder Executivo recorrer & abertura de crédito adicional ou solicitar a transposig&o, remanejamento ou transferéncia, o que deve ser feito com autorizacao do Poder Legislativo. Frovioave Entretanto, hd uma excegéo, acrescida pela Emenda Constitucional n° 85, de 26 de fevereiro de 2015: ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorizacéo legislativa, podera transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria de programacao no Ambito das atividades de ciéncia, tecnologia e inovacéo, com o objetivo de viabilizar Veja os dispositivos constitucionais: “Art. 167. S80 vedados: () VI ~ a transposic&o, 0 remanejamento ou a transferéncia de recursos de uma categoria de programag&o para outra ou de um érg&o para outro, sem prévia autorizagao legislativa. () § 5° A transposigéo, 0 remanejamento ou a transferéncia de recursos de uma categoria de programagao para outra poder&o ser admitidos, no 4mbito das atividades de ciéncia, tecnologia e inovagéo, com o objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas fungées, mediante ato do Poder Executivo, sem necessidade da prévia autorizacao legislativa prevista no inciso VI deste artigo.” ‘S30 vedados a transposicio, o remanejamento ou a transferéncia de recursos de uma categoria de programaco para outra ou de um érgao rere ara outro, sem prévia autorizagio legislativa, Ato do Poder Executive, sem necessidade da prévia autorizago enecio legislativa, poderé transpor, remanejar ou transferir recursos de uma categoria de programagio no ambito das atividades de ciéncia, tecnologia Seroodnces, € inovagdo, com 0 objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos ~ a essas funcies. Os termos remanejamento, transposicao e transferéncia sao relacionados pela Constituigdo Federal as situagdes de destinagao de recursos de uma categoria de programacéo para outra ou de um érgéo para outro. Foram introduzidos na CF/1988 em substituigio & expresséo estorno de verba, utilizada em Prof. Sérgio Mendes www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 52

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