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PERFORMANCE INTERATIVA “TRANSPLANTE DE SUBJETIVIDADES” MOVIMENTA O

XV ENECULT

O prédio do IHAC estava repleto de provocações, manifestos e deslocamentos, na última


quinta-feira (01), durante a programação do XV Enecult. O motivo foi uma “máquina” que,
segundo seus criadores, seria capaz de realizar “Transplante de Subjetividade”. Ocorre que
esse é o nome da performance realizada pelos artistas Peri Brasil e Luisa Caria, sob
coordenação de Paola Leblanc, todos membros do IHAC-UFBA.

“Transplante de Subjetividades é um projeto de pesquisa prática e teórica em artes visuais,


objetivando o desenvolvimento de uma interface interativa que permita um jogo de troca de
identidades onde se "veste a pele do outro", informa o grupo. Resultado de uma construção
desenvolvida no Laboratório do Dr. Fantasma - que integra o Grupo de Pesquisas Poéticas
Tecnológicas – IHAC/UFBA, o processo criativo se iniciou há cerca de um ano e a obra
vem sendo desenvolvida conjuntamente pelos artistas, como informa Luisa Caria, que no
Transplante, atua como VJ (video jockey).

Já no início, somos avisados dos efeitos imprevisíveis que podem se dar durante o percurso
da experiência ali apresenta, e não se pode dizer o contrário.

Concebida enquanto uma performance interativa, Transplante de Subjetividades


estabeleceu uma relação de troca com o público desde seus primeiros instantes. A ação
artística buscou preencher o espaço, no primeiro momento da apresentação, se valendo de
uma série de narrativas de mulheres negras, que ganharam contornos dinâmicos e críticos
ao serem projetadas sobre um performer em movimento. Ao “invocar” a presença de figuras
como Elisa Lucinda, Djamila Ribeiro, Luedji Luna, pasando por Elza soares até Marile
Franco - vereadora assassinada por motivações políticas, no ano passado, no Rio de
Janeiro.- o processo de “transplante de subjetividade” suscita referências que aliam
tecnologia, arte e política, enquanto avança uma delicada fronteira no tocante à
representatividade e à alteridade.

Já no segundo momento da performance, foi notável a capacidade da intervenção em


promover a participação ativa dos presentes, contemplando outras subjetividades e
permitindo ao público fazer uso da “máquina de transplante”. Assim, outras e imprevistas
vozes e imagens, se somaram àquele acontecimento artístico e político.

Progressivamente, as fronteiras entre ação artística e plateia foram se diluindo,


preenchendo o espaço com conexões e inquietações.

Sidney Alaomim

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