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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS – CECA


GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

EMANUEL ARAUJO DO NASCIMENTO


RONALD SANTANA DA SILVA
PEDRO NUNES
BARTOLOMEU SILVA DE SOUSA JÚNIOR
JOÃO CRUZ LIVINO DO SANTOS
JOSÉ WILLIAM ALEXANDRE DOS SANTOS

CAATINGA

Rio Largo / AL
2019
EMANUEL ARAUJO DO NASCIMENTO
RONALD SANTANA DA SILVA
PEDRO NUNES
BARTOLOMEU SILVA DE SOUSA JÚNIOR
JOÃO CRUZ LIVINO DO SANTOS
JOSÉ WILLIAM ALEXANDRE DOS SANTOS

Obtenção de conhecimentos na área das ciências do ambiente e manejo


agrário de recursos naturais

Pesquisa apresentada ao professor da


disciplina de ciências do ambiente e
manejo agrário de recursos naturais,
Professor Carlos Frederico Lins e Silva
Brandão, utilizada como forma de
avaliação para obtenção de nota.

Rio Largo / AL
2019
Sumário
1 – Introdução ............................................................................................................................. 4
2 – Bioma ................................................................................................................................... 5
3 – Caatinga ................................................................................................................................ 5
4 – Impactos a Caatinga.............................................................................................................. 8
4.1 – Aumento do risco de seca .............................................................................................. 9
4.2 – Ameaças à biodiversidade............................................................................................ 10
4.3 – Intensificação do processo de desertificação ............................................................... 11
4.4 – Insegurança alimentar .................................................................................................. 12
4.5 – Agravamento da crise hídrica ...................................................................................... 13
4.6 – Maior risco de extinção das espécies ........................................................................... 13
4.7 – Aumento do desmatamento ......................................................................................... 14
4.8 – Aumento da migração .................................................................................................. 14
5 – Medidas para mitigação ...................................................................................................... 15
5.1 – Manejo florestal ........................................................................................................... 15
5.2 – Integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) ................................................................ 15
5.3 – Uso de biocombustíveis ............................................................................................... 16
6 – Referências ......................................................................................................................... 17
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1 – INTRODUÇÃO

Caatinga é a vegetação que predomina no Nordeste do Brasil e que está inserida no


contexto do clima semiárido. Os índios, primeiros habitantes da região, a chamavam assim
porque na estação seca, a maioria das plantas perde as folhas, prevalecendo na paisagem a
aparência clara e esbranquiçada dos troncos das árvores. Daí o nome caatinga (caa: mata e
tinga: branca) que significa “mata ou floresta branca” no tupi. Porém, no período chuvoso a
paisagem muda de esbranquiçada para variados tons de verdes com a rebrota das folhas das
árvores e com o surgimento de diversas plantas nas primeiras chuvas.

Semiárido, Caatinga e Sertão são termos, muitas vezes, utilizados como sinônimos.
Porém, semiárido refere-se ao clima dessa região. Caatinga é um termo mais abrangente que
envolve clima, relevo, solos, vegetação e fauna. Já o sertão, refere-se a qualquer região
distante de grandes centros urbanos, com baixa infraestrutura e baixa densidade demográfica.
Além do Nordeste, o termo sertão também é utilizado na região centro-oeste.

Portanto, iremos desenvolver neste trabalho os assuntos associados ao bioma caatinga,


os impactos ambientais sofridos pela própria e suas medidas de mitigação.
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2 – BIOMA

Bioma é uma unidade biológica ou espaço geográfico cujas características específicas


são definidas pelo macro clima, a fitofisionomia, o solo e a altitude, dentre outros
critérios. São tipos de ecossistemas, habitats ou comunidades biológicas com certo nível de
homogeneidade. Como a vegetação é um dos componentes mais importantes da biota, seu
estado de conservação e de continuidade definem a existência ou não de hábitats para as
espécies, a manutenção de serviços ambientais e o fornecimento de bens essenciais à
sobrevivência de populações humanas.

Para a perpetuação da vida nos biomas, é necessário o estabelecimento de políticas


públicas ambientais, a identificação de oportunidades para a conservação, uso sustentável e
repartição de benefícios da biodiversidade.

3 – CAATINGA

A caatinga ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente


a 11% do território nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Rico
em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79
espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na
região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. A caatinga
tem um imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, uso sustentável e bi
prospecção que, se bem explorado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do país.
A biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins
agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos,
químico e de alimentos.

Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de forma acelerada,


principalmente nos últimos anos, devido principalmente ao consumo de lenha nativa,
explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobre pastoreio
e a conversão para pastagens e agricultura. Frente ao avançado desmatamento que chega a
46% da área do bioma, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o governo
busca concretizar uma agenda de criação de mais unidades de conservação federais e
estaduais no bioma, além de promover alternativas para o uso sustentável da sua
biodiversidade.
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Em relação às Unidades de Conservação (UC´s) federais, em 2009 foi criado o


Monumento Natural do Rio São Francisco, com 27 mil hectares, que engloba os estados de
Alagoas, Bahia e Sergipe e, em 2010, o Parque Nacional das Confusões, no Piauí foi
ampliado em 300 mil hectares, passando a ter 823.435,7 hectares. Em 2012 foi criado o
Parque Nacional da Furna Feia, nos Municípios de Baraúna e Mossoró, no estado do Rio
Grande do Norte, com 8.494 ha. Com estas novas unidades, a área protegida por unidades de
conservação no bioma aumentou para cerca de 7,5%. Ainda assim, o bioma continuará como
um dos menos protegidos do país, já que pouco mais de 1% destas unidades são de Proteção
Integral. Ademais, grande parte das unidades de conservação do bioma, especialmente as
Áreas de Proteção Ambiental – APAs, têm baixo nível de implementação.

Paralelamente ao trabalho para a criação de UCs federais, algumas parcerias vêm


sendo desenvolvidas entre o MMA e os estados, desde 2009, para a criação de unidades de
conservação estaduais. Em decorrência dessa parceria e das iniciativas próprias dos estados da
caatinga, os processos de seleção de áreas e de criação de UC´s foram agilizados. Os
primeiros resultados concretos já aparecem, como a criação do Parque Estadual da Mata da
Pimenteira, em Serra Talhada-PE, e da Estação Ecológica Serra da Canoa, criada por
Pernambuco em Floresta-PE, com cerca de 8 mil hectares, no dia da caatinga de 2012
(28/04/12). Além disso, houve a destinação de recursos estaduais para criação de unidades no
Ceará, na região de Santa Quitéria e Canindé.

Merece destaque a destinação de recursos, para projetos que estão sendo executados, a
partir de 2012, na ordem de 20 milhões de reais para a conservação e uso sustentável da
caatinga por meio de projetos do Fundo Clima – MMA/BNDES, do Fundo de Conversão da
Dívida Americana – MMA/FUNBIO e do Fundo Socioambiental - MMA/Caixa Econômica
Federal, dentre outros. Os recursos disponíveis para a caatinga devem aumentar tendo em
vista a previsão de mais recursos destes fundos e de novas fontes, como o Fundo Caatinga, do
Banco do Nordeste - BNB, a ser lançado ainda este ano. Estes recursos estão apoiando
iniciativas para criação e gestão de UC´s, inclusive em áreas prioritárias discutidas com
estados, como o Rio Grande do Norte.

Também estão custeando projetos voltados para o uso sustentável de espécies nativas,
manejo florestal sustentável madeireiro e não madeireiro e para a eficiência energética nas
indústrias gesseiras e cerâmicas. Pretende-se que estas indústrias utilizem lenha legalizada,
advinda de planos de manejo sustentável, e que economizem este combustível nos seus
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processos produtivos. Além dos projetos citados acima, em 2012 foi lançado edital voltado
para uso sustentável da caatinga (manejo florestal e eficiência energética), pelo Fundo Clima
e Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal – Serviço Florestal Brasileiro, incluindo
áreas do Rio Grande do Norte.

Devemos ressaltar que o nível de conhecimento sobre o bioma, sua biodiversidade,


espécies ameaçadas e sobrexaltadas, áreas prioritárias, unidades de conservação e alternativas
de manejo sustentável aumentou nos últimos anos, fruto de uma série de diagnósticos
produzidos pelo MMA e parceiros. Grande parte destes diagnósticos pode ser acessados no
site do Ministério: Legislação e Publicações. Este ano estamos iniciando o processo de
atualização das áreas prioritárias para a caatinga, medida fundamental para direcionar as
políticas para o bioma.

Da mesma forma, aumentou a divulgação de informações para a sociedade regional e


brasileira em relação à caatinga, assim como o apoio político para a sua conservação e uso
sustentável. Um exemplo disso é a I Conferência Regional de Desenvolvimento Sustentável
do Bioma Caatinga - A Caatinga na Rio+20, realizada em maio deste ano, que formalizou os
compromissos a serem assumidos pelos governos, parlamentos, setor privado, terceiro setor,
movimentos sociais, comunidade acadêmica e entidades de pesquisa da região para a
promoção do desenvolvimento sustentável do bioma. Estes compromissos foram apresentados
na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio +20.

Por outro lado, devemos reconhecer que a Caatinga ainda carece de marcos
regulatórios, ações e investimentos na sua conservação e uso sustentável. Para tanto, algumas
medidas são fundamentais: a publicação da proposta de emenda constitucional que transforma
caatinga e cerrado em patrimônios nacionais; a assinatura do decreto presidencial que cria a
Comissão Nacional da Caatinga; a finalização do Plano de Prevenção e Controle do
Desmatamento da Caatinga; a criação das Unidades de Conservação prioritárias, como
aquelas previstas para a região do Boqueirão da Onça, na Bahia, e Serra do Teixeira, na
Paraíba, e finalmente a destinação de um volume maior de recursos para o bioma.
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4 – IMPACTOS A CAATINGA

A ocupação do Sertão nordestino foi feita no período denominado ciclo do gado, assim
chamado por ter na pecuária sua principal atividade econômica.

A atividade pecuária foi complementar à grande riqueza da época - a cana-de-açúcar -


e desenvolveu-se ao longo do rio São Francisco (rio dos Currais) durante os séculos XVI.
XVII e XVIII.

A forma extensiva com que foi realizada, sem maiores cuidados com os solos
utilizados, tornou a pecuária não só a responsável pelo povoamento do sertão, mas uma das
principais causas da devastação da caatinga, bioma característico dessa área.

A maior parte da caatinga já desapareceu, e 68% sofreram profundas alterações


causadas pelo homem. Do que restou, cerca de 3% recebe algum tipo de proteção ambiental.
A ave mais ameaçada de extinção no Brasil, a ararinha-azul, vive na caatinga.

Os grandes latifundiários são os grandes responsáveis por essa degradação, pois, além
de desmatar a vegetação original, monopolizam o uso dos açudes, provocando seu
assoreamento. As águas do São Francisco, o único rio perene da região, são usadas para a
irrigação, provocando a salinização do solo. Aos pequenos proprietários, resta viver em extre-
ma miséria ou migrar para as capitais nordestinas e outras regiões brasileiras. Dessa forma, o
êxodo rural torna-se um efeito colateral dos impactos ambientais. Portanto, salvar a caatinga é
preservar a vida da população que dela sobrevive.

Outro grave problema ambiental refere-se ao processo de desertificação de grandes


áreas da caatinga, provocado pelo desmatamento da vegetação nativa (agropecuária e lenha) e
pela degradação do solo. Além disso, vários tipos de indústria utilizam espécies arbóreas
nativas para a produção de energia.
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4.1 – AUMENTO DO RISCO DE SECA

O consenso científico dos especialistas reunidos pela Organização das Nações Unidas
(ONU), no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês),
é de que o fenômeno provocará aumento na frequência e intensidade dos eventos climáticos
extremos, em razão da elevação da temperatura na Terra.

Com essas consequências, as projeções dos pesquisadores situa a Caatinga como uma
das regiões geográficas mais afetadas pelas mudanças ambientais, podendo sofrer uma
redução de até 40% nas suas chuvas, impactando diretamente diversos setores sociais e
produtivos.

Eventos ambientais extremos, como as secas, produzem danos e impactos


socioeconômicos generalizados, tomando proporções de verdadeiros desastres naturais. É
caso da "seca do século", ocorrida no período de 2010-2017, conforme analisada no
Livro "Um século de secas”. As secas extremas expõem a vulnerabilidade da população
diante das políticas públicas inefetivas e a fragilidade da infraestrutura dos diversos setores
frente aos sistemas ambientais. Dessa forma, altera o funcionamento da economia e o bem-
estar social.

Segundo o Relatório de Danos Materiais e Prejuízos Decorrentes de Desastres


Naturais no Brasil (1995-2014), os desastres naturais informados com maior frequência pelos
municípios da Caatinga são relativos a estiagens e secas. No Anuário Brasileiro de Desastres
Naturais, consta 3.096 registros de ocorrência de eventos de seca e estiagem, somente em
2013, em municípios do Semiárido. Esse total representa 70% dos desastres naturais
ocorridos no Brasil naquele ano.
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Desenvolver mecanismos de adaptação às secas extremas hoje é um passo


fundamental para promover a resiliência dos ecossistemas e da população humana aos
impactos das mudanças climáticas projetadas para futuro breve. Diante das projeções de
mudanças climáticas, e sua relação com a crescente ocorrência de desastres naturais, o
aumento na frequência e na intensidade das secas demanda dos governos e sociedade urgência
na implementação de ações estruturais e não estruturais, com foco na gestão integrada de
riscos de desastres.

A seca é considerada um desastre natural crônico-silencioso, cujos impactos


ambientais e econômicos negativos afetam milhares de pessoas, sendo, muitas vezes,
relegados pelos formuladores de políticas públicas. Sua extensão e frequência recorrentes

causam prejuízos a diversas atividades econômicas nos setores da agricultura, pecuária,


indústria, serviços e comunidade em geral.

4.2 – AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE

Serra da Capivara. Foto: Eraldo Peres (MMA).


A vegetação da caatinga, embora seja xerófila e altamente adaptada às secas, poderá
ser afetada pelas mudanças climáticas. O processo de alterações ambientais exigirá um alto
nível de adaptação das espécies da flora nativa às novas condições ambientais.

Pesquisadores afirmam que eventos climáticos extremos, como a seca de 2012, levam
as plantas da Caatinga a operarem em seus limites fisiológicos. Com a redução das chuvas,
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provocada pelas mudanças climáticas, os ecossistemas da Caatinga poderão alcançar um


ponto crítico de irreversibilidade, causando uma flora e fauna empobrecida. O processo de
degradação das terras e da vegetação, provoca a desertificação em algumas áreas do bioma,
tornando a caatinga extremamente vulnerável aos eventos climáticos extremos e às futuras
mudanças climáticas.

4.3 – INTENSIFICAÇÃO DO PROCESSO DE DESERTIFICAÇÃO

Desertificação no Semiárido brasileiro. Foto: Lapis.


A Caatinga é um ambiente altamente susceptível à desertificação, processo
caracterizado pela perda progressiva da cobertura vegetal, causada por ações antrópicas, como
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desmatamento e desflorestamento, associadas a intervenções naturais. Segundo dados do


MMA, já foi desmatada cerca de 46% da sua área total.

Esse fator aumenta a exposição dos solos aos processos erosivos, tornando as terras
secas estéreis à produção agrícola, provocando intenso êxodo da população rural. A
recuperação de áreas degradadas é considerada economicamente inviável e as mudanças
climáticas tornarão o processo de desertificação uma condição ambiental ainda mais grave.

Segundo o mapa acima, elaborado pelo Lapis, os níveis de degradação ambiental, em


relação às áreas totais dos estados do Semiárido brasileiro, estão distribuídos da seguinte
forma: Alagoas (32,8%), Paraíba (27,7%), Rio Grande do Norte (27,6%), Pernambuco
(20,8%), Bahia (16,3%), Sergipe (14,8%), Ceará (5,3%), Minas Gerais (2,0%) e Piauí
(1,8%).

4.4 – INSEGURANÇA ALIMENTAR

De acordo com o 5º Relatório do IPCC (2014), as mudanças climáticas irão reduzir a


produção agrícola no Brasil, em particular da Caatinga, dificultando o acesso à
alimentação e a estabilidade nos preços. Dessa forma, diminuirá a segurança
alimentar, especialmente de populações mais pobres, em áreas urbanas e rurais. Projeções
apontam até mais de 25% de perdas nas colheitas, no período de 2030-2049, em comparação
com o final do século XX, a depender do nível de adaptação desenvolvido em cada região.
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Além disso, em ambientes semiáridos, haverá redução na obtenção de renda com produção de
alimentos nas áreas rurais, especialmente por parte de agricultores e pecuaristas com recursos
escassos. Esse aspecto irá diminuir o nível das condições de vida da população que vive da
agricultura de subsistência, como mais uma consequência extrema das mudanças climáticas.

Na Caatinga, onde cerca de 90% dos empreendimentos rurais agropecuários são


oriundos da agricultura familiar, os impactos dessas mudanças climáticas poderão afetar
diretamente cerca de 8,5 milhões de pessoas, frequentemente encontradas em condições de
extrema pobreza.

4.5 – AGRAVAMENTO DA CRISE HÍDRICA

De acordo com a ONU, as mudanças climáticas intensificarão a crise hídrica em


diversas regiões do Planeta, afetando as populações humanas e os ecossistemas, em particular,
devido às alterações previstas na sua qualidade e quantidade.

Os efeitos negativos desse novo cenário ambiental provocarão uma grande redução da
disponibilidade de água superficial e subterrânea, acirrando a competição pelo recurso natural.
O fenômeno representará um sério obstáculo à garantia dos direitos humanos à água, sendo
necessário consolidar eficientes mecanismos de gestão e governança dos recursos hídricos,
visando promover a justiça ambiental.

4.6 – MAIOR RISCO DE EXTINÇÃO DAS ESPÉCIES

Jaguatirica ou gato do mato, ameaçada de extinção na Caatinga.

Ainda segundo o Relatório do IPCC, com as mudanças climáticas, grande número de


espécies terrestres e aquáticas estará ameaçado, em razão do aumento na temperatura do
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Planeta, associado a fatores de risco já existentes, como a alteração dos habitats, sobre-
exploração, poluição e espécies invasoras.

4.7 – AUMENTO DO DESMATAMENTO

O aumento na frequência de eventos ambientais extremos elevará as pressões


antrópicas sobre a Caatinga. Um dos motivos é o fato de a população encontrar na floresta
fontes alternativas para garantir sua subsistência, em termos de alimentação e geração de
renda.

Um dos maiores problemas relacionados ao crescente desmatamento na Caatinga é a


degradação das terras e o aumento da vulnerabilidade do bioma ao processo de
desertificação.

4.8 – AUMENTO DA MIGRAÇÃO

Estudos da Universidade das Nações Unidas sobre desertificação indicam que, nos
próximos dez anos, mais de 50 milhões de pessoas no Planeta terão que migrar das suas
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regiões, em consequência de ecossistemas secos, causados pela perda da cobertura vegetal


natural, por erosão dos solos e pela deterioração das águas.

Segundo estimativas da Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação


(UNCCD), estima-se que 135 milhões de pessoas estão em risco de serem deslocadas pela
desertificação, até 2045, como resultado do processo contínuo de degradação das terras.

Certamente, as mudanças climáticas será um dos grandes vetores do processo de


degradação das terras, do desmatamento e da consequente migração da população, em busca
de outras alternativas de subsistência e de melhores condições de vida.

5 – MEDIDAS PARA MITIGAÇÃO

As medidas de mitigação são formas de amenizar os impactos sofridos pelo


ecossistema, especificamente a caatinga.

5.1 – MANEJO FLORESTAL

O manejo florestal da Caatinga é a administração da floresta para a obtenção de


benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do
ecossistema. Corresponde à utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos
produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços
ambientais. O manejo da floresta garante a cobertura florestal da área, retém a maior parte da
diversidade vegetal original e pode ter impactos pequenos sobre a fauna, se comparado à
exploração não manejada. As florestas manejadas prestam serviços para o equilíbrio do clima
regional e global, especialmente pela manutenção do ciclo hidrológico e retenção de carbono
(Pereira et al., 2001; Sá et al, 2011). A adoção do manejo garante a produção sustentável de
madeira na área, e requer menor tempo para recuperação em relação à exploração não
manejada (Oliveira et al., 2010).

5.2 – INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA (ILPF)

Componente importante é a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que além de


contribuir para a recuperação de pastagens degradadas, preserva os recursos naturais,
promove a sustentabilidade e a viabilidade econômica e permite a intensificação e o aumento
da eficiência do uso da terra, diminuindo inclusive as taxas de emissão de gases do efeito
estufa por unidade de alimento produzido (Macedo, 2009). Na Caatinga, pesquisas têm sido
desenvolvidas com o objetivo de avaliar práticas adequadas do manejo iLPF associando
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culturas de sequeiro, caprinos e ovinos, além do manejo da Caatinga nativa (Araújo Filho e
Silva, 2008).

5.3 – USO DE BIOCOMBUSTÍVEIS

O uso de biocombustíveis é uma das medidas mais preconizadas na redução da


emissão dos GEE, uma vez que a sua utilização reduz a queima de combustível fóssil,
beneficiando a economia rural (Solomon et al., 2007).

O estudo realizado por Monteiro (2007) identificou que no Nordeste a redução de


emissões de CO2 pelo uso de biodiesel poderá atingir 10% a 29% em 2015. E ainda, o
Semiárido apresenta uma área estimada de 3,7 milhões de hectares para a expansão do cultivo
de oleaginosas por agricultores familiares, considerando as áreas com potencial para
desenvolvimento agrícola que estão improdutivas.

A produção de cana-de-açúcar, além de substituir parcialmente a gasolina pelo etanol,


evitando a emissão média anual de 6,9 Tg de C, permite a utilização do bagaço da planta
como combustível nas caldeiras, gerando energia elétrica (Cerri et al., 2007). Segundo os
autores, cerca de 8 Mt de C deixam de ser emitidos devido à substituição parcial de
combustível fóssil pelo biocombustível. A colheita mecanizada da cana-de-açúcar também
contribui para o sequestro de 0,48 Mt de C por ano (Cerri e Cerri, 2007). Isto acontece porque
os resíduos vegetais depositados na superfície do solo são decompostos e incorporados à
matéria orgânica aumentando o estoque de C e reduzindo a emissão de GEE. Assim, nas áreas
sob cultivo de cana-de-açúcar deve-se realizar a colheita mecanizada, evitando os o uso de
queimadas e permitindo a reciclagem da palhada (incorporação ao solo ou produção de
energia nas usinas).

A seleção de espécies vegetais para a produção de biocombustíveis deve considerar


além da produtividade da cultura, o ganho energético (razão entre a quantidade de energia em
uma unidade de biocombustível e a energia investida para a sua obtenção) deve ser positivo.
Urquiaga et al. (2005) ressaltaram que a cana-de-açúcar e o pinhãomanso para a produção de
etanol e biodiesel, respectivamente, são duas das espécies mais promissoras. O
desenvolvimento de tecnologias para o cultivo da cana-de-açúcar no Semiárido está sendo
conduzido a fim de obter práticas agrícolas adequadas para a sua adaptação na região (Simões
et al., 2010). Para o pinhão-manso, estudos sobre o desempenho agronômico de genótipos
poderão contribuir para futuras pesquisas sobre o sistema de cultivo (Drumond et al., 2010).
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6 – REFERÊNCIAS

CAATINGA. Impactos ambientais na caatinga. Disponível em: 10/08/2019


http://caatinga1.blogspot.com/p/impactos.html
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Biomas. Disponível em: 09/08/2019
https://www.mma.gov.br/biomas.html
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Caatinga. Disponível em: 09/08/2019
https://www.mma.gov.br/biomas/caatinga.html
MUDANÇAS Climáticas no Semiárido Brasileiro: Medidas de Mitigação e
Adaptação. Revista Brasileira de Geografia Física, PERNAMBUCO, 2011
SENA, Liana Maria Mendes. Conheça e Conserve a Caatinga – O Bioma Caatinga. Vol. 1.
Fortaleza, 2011. 54p;
WIKIPEDIA. Bioma. Disponível em: 09/08/2019 https://pt.wikipedia.org/wiki/Bioma

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