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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
TE0135 – CIÊNCIA DOS MATERIAIS
FORTALEZA
2020
1. Introdução
A engenharia de produção mecânica é responsável pela atuação no controle
e na programação dos sistemas de produção, seu principal objetivo é o foco na
otimização, produtividade e rentabilidade dos processos internos das empresas. A
formação do engenheiro de produção mecânico, mescla os conhecimentos de
produção e de mecânica, atuando no controle e aperfeiçoamento das cadeias
produtivas industriais e tendo a capacidade de trabalhar em recursos humanos e
financeiros de qualquer empresa
Portanto, as áreas de atuação do engenheiro são muitas, pois suas principais
atividades estão relacionadas desde ao cálculo de custos e previsão de vendas de
uma organização ao planejamento e redução da ociosidade de equipamentos,
passando pela administração de recursos, programação e controle da produção até
chegar a projeção novos produtos ou o planejamento da instalação de fábricas.
Logo, podemos afirmar que as áreas de atuação são vastas para o exercício da
profissão acima citada.
Seu campo de atuação também é bem vasto, podendo exercer a profissão em
indústrias de qualquer ramo, seja elétrica, química, farmacêutica, entre outras.
Também pode atuar em empresas de prestação de serviços, seja bancos ou
seguradoras e em empresas nacionais ou multinacionais públicas ou privadas.
A partir disso, podemos citar que o conhecimento da ciência e da engenharia
dos materiais é importante pois ao trabalhar na indústria, o engenheiro necessita
conhecer as propriedades, o processamento, as aplicações e as estruturas dos
materiais. Logo, a ciência e a engenharia dos materiais proporcionam com os
conhecimentos apresentados, a seleção de um determinado material para a
execução e fabricação de um dispositivo ou produto que mantenha, agregue e
satisfaça os requisitos de qualidade necessários para o bom funcionamento dos
equipamentos que serão utilizados na indústria. Esse conhecimento é de
fundamental importância do engenheiro de produção mecânica, principalmente os
que atuam diretamente no cão de fábrica de grandes indústrias.
O trabalho proposto pede a escolha de uma peça, um artefato mostrando
como o conhecimento do mesmo se aplica a Ciência dos Materiais e a relação que o
mesmo tem com o curso de Engenharia de Produção Mecânica. A atividade é
composta pela introdução, a análise do dispositivo escolhido que foi o pasteurizador
de garrafas de cerveja, que remete diretamente a sua aplicabilidade na indústria
química, estando atrelada aos conhecimentos das áreas de estudo. Também é
composta pela análise do material, sua classificação, propriedades e micro e
macroestrutura, seu processamento, como o conhecimento da ciência dos materiais
se aplica a esse dispositivo, a conclusão e as referências bibliográficas utilizadas na
produção do trabalho.
2. Análise do dispositivo
O dispositivo escolhido para análise foi o pasteurizador de garrafas de
cerveja, equipamento no qual pode ser fabricado em diversos tipos de aço e, para
fins de exemplificação, foi selecionado o pasteurizador da empresa ‘Palenox’. Dessa
forma, seguem algumas informações sobre o equipamento:
Fabricado com aço inox AISI 304
Comporta 120 ou 300 garrafas
Garrafas banhadas por aspersão
Controle automático de temperatura
Figura 1: Exemplo de um pasteurizador
A pasteurização é um importante processo durante a fabricação da cerveja,
pois consiste na eliminação de microorganismos que podem tanto ser nocivos à
saúde ou simplesmente causar sabores ou odores desagradáveis na bebida.
Inclusive, essa etapa é uma das diferenças, no Brasil, entre a produção de cerveja e
do chope, no qual este último não passa por esse processo e por conta disso possui
seu prazo de validade consideravelmente reduzido em comparação à cerveja.
Basicamente, o processo de pasteurização consiste no aquecimento das
garrafas contendo as cervejas já preparadas até 60ºC visando eliminar diversos
microorganismos presentes no líquido, sendo que em alguns casos também ocorre o
resfriamento das garrafas em seguida. Importante ressaltar que durante o processo
de aquecimento é necessário medir e acompanhar a pressão para evitar que as
garrafas ‘estourem’.
3. Análise do material
3.1 Classificação do material
A estrutura escolhida é um aço inoxidável composto por ferro (Fe), carbono
(C) e cromo (Cr), sendo o elemento mais importante presente no material acima
escolhido, contendo cerca de no mínimo 10,50% em sua composição.
Portanto, ao ter grande parte de sua composição a presença do cromo,
possibilita a formação de filmes que protegem da corrosão, explicando a passividade
do material. Ao chegarmos à conclusão de que o mesmo é um aço inoxidável,
podemos classificá-lo em um material metálico, tendo características bem definidas
e sendo opacos à luz visível, aparência lustrosa, moderada plasticidade, alta
tenacidade, bons condutores de calor, boa condução elétrica e térmica e possuem
um grande número de elétrons livres. A partir disso, podemos classificar o mesmo
baseado na sua funcionalidade. O aço inoxidável é um material estrutural, tendo por
base a transmissão ou suporte da força, tendo seus critérios avaliados a partir da
resistência as cargas externas, durabilidade, tenacidade, vida útil, entre outros
parâmetros para a classificação pela função do material.
O aço inoxidável é um material extremamente sujeito a passividade, ou seja,
reage com bastante facilidade ao meio ambiente. Porém, o cromo que possui em
sua estrutura, possibilita a formação de alguns filmes que protegem o material da
corrosão, esse processo é favorecido pela presença de meios oxidantes. O aço
inoxidável é dividido pelas séries, diferenciados pela presença ou ausência do níquel
(Ni): os aços inoxidáveis ferríticos, são os de série 400, que possuem estrutura
cúbica de corpo centrado, ligas de Fe-Cr e são magnéticos e os aços inoxidáveis
austeníticos, de série 300, que possuem estrutura cúbica de face centrada, ligas de
Fe-Cr-Ni e são não magnéticos.
O material apresentado é um aço inoxidável austenítico, o mais popular
dentro da série 300 dos aços inoxidáveis, sendo composto de no máximo 0,08% de
carbono (C), 18% a 20% de cromo (Cr), 8% a 10,5% de níquel (Ni), no máximo 2%
de manganês (Mn), no máximo 0,045% de fósforo (P), no máximo 0,030% de
enxofre (S) e no máximo 0,75% de silício (Si). Ele possui resistência à oxidação até
a temperatura de 850°C, sendo que a corrosão intercristalina acontece até a
temperatura de 300°C Suas aplicações estão estritamente ligadas na produção de
equipamento hospitalares e terapêuticos, em peças para a indústria química, têxtil,
petroleira, de tintas e, principalmente, para o pasteurizador de garrafas de cerveja
que é o material escolhido e que será mais especificado abaixo.
3.2 Aço AISI 304
O aço escolhido durante a fabricação do pasteurizador em análise foi o aço
inox AISI 304, o que é corroborado por diversos pontos. Um destes pontos é a
estabilidade estrutural e a inexistência da temperatura de transição dúctil-frágil dos
aços inoxidáveis austeníticos, classe na qual o AISI 304 se encontra, informação
importante já que o pasteurizador passa por a grande variabilidade de temperatura
durante o seu funcionamento e necessita de um aço que suporte essa questão.
Além disso, é necessário ressaltar a importância de ser uma liga metálica
inoxidável, isto é, uma liga metálica que não se oxida ou enferruja em contato com a
água, já que parte do procedimento envolve a aspersão de água nas garrafas, como
explicado anteriormente. Dessa forma, caso fosse optado um outro metal que não o
inoxidável, a durabilidade do material seria relativamente baixa.
O aço AISI 304 é considerado um dos materiais inoxidáveis mais utilizados no
mundo, em conjunto com o AISI 316. Este último contém molibdênio, que aumenta a
resistência à corrosão e tende a ser mais eficaz em ambientes ácidos. Por conta da
estrutura mais completa, o aço 3016 costuma ser mais oneroso, o que justifica a
escolha do aço 304 para a fabricação do pasteurizador já que durante o processo de
pasteurização não ocasiona um ambiente ácido, o que demonstra ser um benefício
desnecessário do 316 para este caso, não justificando o custo adicional para as
empresas.
3.3. Microestrutura e macroestrutura
Figura 2: Microestrutura do aço inoxidável austenítico
Fonte:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4137244/mod_resource/content/0/aula09-a
%C3%A7o_inoxid%C3%A1vel.pdf.
4. Processamento do material
Os aços austeníticos, categoria na qual o aço analisado se encontra,
geralmente possui a composição de 18 a 25% de cromo, 8 a 20% de níquel e baixa
quantidade de carbono (PICKERING, 1978). Esse tipo de aço pode ser fabricado
tanto em usinas integradas como em semi integradas. Para o presente estudo, será
considerado o processo de fabricação das usinas integradas, onde são realizadas as
etapas de redução, refino e laminação. Na figura abaixo é possível observar um
resumo do processo.
Fonte: Site da empresa BetaEq
A partir disso, são descritas cada etapa, de acordo como realizada pela
ArcelorMittal Inox Brasil, empresa siderúrgica brasileira.
Redução: Durante a redução no alto-forno o minério de ferro, carvão vegetal e
o coque são convertidos em ferro-gusa.
O gusa produzido no alto-forno é transportado para a aciaria, onde recebe o
tratamento de dessilicação, desfosforação e dessulfuração. A partir disso, o
metal líquido é vazado no Convertedor de Sopro Combinado MRPL/AOD para
que a descarburação seja feita de maneira que as perdas de cromo por
oxidação sejam mínimas. Posteriormente, o metal líquido é vazado no Forno
Panela, que é utilizado para manutenção da temperatura e acertos finais da
composição química. Após o tratamento de refino, o aço inoxidável líquido é
transformado em placas, tarugos e lingotes, através do lingotamento
contínuo.
Laminação de barras: Os lingotes são enviados para a laminação de barras,
que após reaquecimento nos Fornos Poços, são laminados nos dois trens de
laminação, até a dimensão solicitada pelos clientes,
Laminação de tiras a quente: As placas, ao saírem do lingotamento contínuo,
vão para a Laminação de tiras a quente que, após reaquecimento, são
laminadas, produzindo bobinas a quente e chapas grossas.
Laminação a frio de aço inox: laminação a frio de aço inox é realizada através
de equipamentos como: Fornos Box, laminadores Senzimir, esmeriladoras de
bobinas e laminador de encruamento, que transformam as bobinas a quente
de aço inox, em bobinas laminadas a frio. Posteriormente as bobinas são
beneficiadas e cortadas.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Materials_science_tetrahedron_-_pt-
br.svg
Para o artefato em questão, o desempenho requerido é que o dispositivo seja
dotado de estabilidade estrutural e que o mesmo não possua uma temperatura de
transição dúctil-frágil já que o mesmo será exposto a variações de temperatura. Para
se chegar à aplicação desejada, deve haver um domínio razoável da ciência básica,
para perceber que a composição do material escolhido deverá mantê-lo dúctil em
diferentes temperaturas, e também pressões. Especificando mais o conteúdo
abordado na disciplina, a ductilidade é o grau de deformação que o material suporta
até o momento de sua fratura. Como todo projeto de engenharia, trabalha-se para
buscar as condições ideais de operação deste produto, e também para mantê-lo
disponível sempre que possível, para isso deve-se eliminar qualquer hipótese de
fratura deste dispositivo, pois isto poderá acarretar em sérios danos físicos,
financeiros e ambientais no local de operação do mesmo.
Após ter se abordado propriedade e desempenho, vem o processamento do
material como um componente importante dentro da disciplina. O material em
questão é um aço austenítico. Como já abordado anteriormente, a austenita é uma
solução sólida de carbono em ferro gama. Somente é estável em temperaturas
superiores a 723ºC, e justamente só se encontra em fase em aços austeníticos, do
contrário o mesmo se desdobrará em ferrita e cementita. Apresenta resistência à
corrosão e é não-magnética. A rede cristalina da mesma é a CFC. Como
aprendemos nas aulas de estruturas dos sólidos cristalinos, a estrutura CFC é a
cúbica de faces centradas, ou seja, possui um átomo no centro de cada face da
célula unitária. Isso será importante para o nosso estudo pois, a austenita é o
constituinte mais denso dos aços. É importante salientar que a estrutura cristalina
original do ferro, a ferrita, tem estrutura CCC (cúbica de corpo centrado) e torna-se
em CFC característico das austenitas. e a própria austenita é ponto de partida para
diferentes tratamentos térmicos em ligas de ferro, pois a partir da mesma é possível
se chegar a diferentes constituintes, como por exemplo a têmpera que consiste na
transformação da austenita em martensita, através de um rápido resfriamento da
peça tratada termicamente. Ainda sobre a composição do aço austenítico, é
importante salientar que o mesmo não é constituído apenas de ferro e carbono, mas
também estão presentes o níquel e o cromo. Inclusive, os 20% de Cromo presente
na liga, conferem a desejada resistência à corrosão, que já foi um grande problema
no século XX, pois os aços e ferros à época não ofereciam uma resistência à
corrosão razoavelmente satisfatórias. A partir daí, veio a surgir o que conhecemos
hoje como os aços inoxidáveis. Por fim os aços inoxidáveis austeníticos possuem
também boa tenacidade, permitindo sua utilização em operações de conformação
mecânica a frio e temperatura ambiente (PADILHA; GUEDES, 1994).
6. Seleção de Materiais
Fonte: https://afinkopolimeros.com.br/importancia-da-selecao-de-materiais/
http://www.madeira.ufpr.br/disciplinasivan/processoscorte_arquivos/FerroAcoCon
ceitos.pdf
http://www.demat.cefetmg.br/wp-
content/uploads/sites/25/2018/06/TCCII_2%C2%BA_2013_GabriellaSoaresCalde
iraBrant_Profa.Ivete_.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4137244/mod_resource/content/0/aula09-
a%C3%A7o_inoxid%C3%A1vel.pdf
file:///C:/Users/Acer/Downloads/Ci%C3%AAncia%20dos%20materiais%20-
%20Callister%20-%208%C2%AA%20Ed%20-%20Livro%20-%20Portugu
%C3%AAs.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3271537/mod_resource/content/1/Aula
%204%20Sele%C3%A7%C3%A3o%20de%20materiais.pdf
https://canal.cecierj.edu.br/recurso/17260