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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PEDRO IAGO BENEVIDES LOPES

QUANTITATIVO DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EM UM ATERRO


SANITARIO NA CIDADE DE ITABUNA-BA

ITABUNA – BAHIA
2018
PEDRO IAGO BENEVIDES LOPES

QUANTITATIVO DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EM UM ATERRO


SANITARIO NA CIDADE DE ITABUNA-BA

Monografia apresentada ao Curso


de Engenharia Civil, da Faculdade
de Tecnologia e Ciências de Itabuna,
como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil

Orientador:

ITABUNA - BAHIA
2018
PEDRO IAGO BENEVIDES LOPES

QUANTITATIVO DE PRODUÇÃO DE ENERGIA EM UM ATERRO


SANITARIO NA CIDADE DE ITABUNA-BA

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia


Civil, da Faculdade de Tecnologia e Ciências de
Itabuna, como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Aprovado em: / /

Membro examinador

Membro examinador

Membro examinador

ITABUNA – BAHIA
2018
Dedico a minha família e ao meu Criador.
AGRADECIMENTO

Chegou a hora de agradecer, e por isso começo por meu pai que esteve
sempre presente ao meu lado me apoiando e incentivando pois sem ele nada disso
seria possível e sobre tudo a Deus que em todos os momentos sempre senti sua
presença junto a mim para garantir que minha vitória nessa jornada seria alcançada.
A todos os professores e orientadores que contribuíram e me guiaram até
esse momento com muita paciência, sabedoria e disponibilidade eu deixo um
imenso agradecimento, porque sem eles jamais teria cons eguido superar os
desafios e chegar a esse momento de grande realização na minha vida, sem
esquecer a esta instituição de ensino por ter me proporcionado os recursos
necessários para minha evolução acadêmica e profissional bem como momentos e
ensinamentos que vou levar comigo para sempre.
A minha família e a todos os meus amigos e colegas que fiz durante essa
jornada eu quero que saibam que reconheço tudo que fizeram por mim, eu deixo
uma palavra de gratidão por todo apoio, carinho e inspiração e a força que incutiram
no meu pensamento para não desistir, e o conforto de saber que nunca estive só
nessa caminha e que sempre serei capaz de tudo por maiores que sejam as
dificuldades.
A quem eu não mencionei, mas fez parte do meu percurso eu deixo um
profundo agradecimento porque com toda certeza tiveram um papel determinante
nesta etapa da minha vida.
RESUMO

O presente trabalho monográfico propõe uma investigação sobre a busca pela


sustentabilidade, principalmente na indústria da construção civil no Brasil, devido ao
grande impacto que o meio ambiente tem sofrido, abordando a geração crescente
de resíduos sólidos, avaliando a gestão dos mesmos e as possíveis medidas
amenizadoras dos impactos negativos no ambiente. A grande geração e destinação
final dos resíduos sólidos urbanos é um assunto que hoje é muito tratado como
problema, o que justifica a escolha do tema. Tendo em mente essa problemática foi
questionado se há viabilidade de geração energética com a implementação de um
aterro sanitário na cidade de Itabuna-Ba? O objetivo geral desse estudo foi analisar
o potencial energético gerado em um aterro sanitário, proveniente do gás metano
oriundo da degradação dos resíduos sólidos. Para isso foi realizado um estudo de
caso, a partir de uma pesquisa exploratória, a fim de conhecer os tipos e
classificações de resíduos sólidos e seus métodos de disposição final, também foi
utilizado à equação da (CETESB/SMA) para quantificar a produção de biogás e a
produção de energia oriunda da mesma. Constatou-se a viabilidade para instalação
do aterro e da sua eventual geração e transformação do biogás em energia,
podendo ser reutilizada pelo próprio aterro ou alimentando a rede do município.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos. Energia sustentável. Desenvolvimento.


Sustentabilidade. Biogás.
ABSTRACT

The present monographic work proposes an investigation on the search for


sustainability, mainly in the construction industry in Brazil, due to the great impact
that the environment has suffered, addressing the increasing generation of solid
waste, evaluating the management of the same and possible measures negative
impacts on the environment. The great generation and final destination of solid urban
waste is a subject that today is much treated as a problem, which justifies the choice
of the theme. Keeping in mind this problem was questioned if there is viability of
energy generation with the implementation of a landfill in the city of Itabuna-Ba? The
general objective of this study was to analyze the energetic potential generated in a
sanitary landfill, originating from the methane gas from solid waste degradation. For
this, a case study was carried out, based on an exploratory research, to know the
types and classifications of solid wastes and their methods of final disposal, was also
used to equate (CETESB / SMA) to quantify the production of biogas and the
production of energy from it. It was verified the viability for the installation of the
landfill and its possible generation and transformation of the biogas into energy,
being able to be reused by the own landfill or feeding the network of the municipality.

Keywords: Solid Waste. Sustainable energy. Development. Sustainability. Biogas


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fonte geradora e composição do RCC ........................................................20

Figura 2: Matriz energética por setor ............................................................................35

Figura 3: Matriz energética por geração de eletricidade..............................................35

Figura 4: Hidroelétrica de Itaipu (Foz de Iguaçu) .........................................................36

Figura 5: Destinação final de resíduos sólidos no Brasil .............................................39

Figura 6: Funcionamento de um lixão ao céu aberto...................................................40

Figura 7: Esquema de Aterro Controlado .....................................................................41

Figura 8: Aterro sanitário ideal ......................................................................................42

Figura 9: Mapa do município de Itabuna ......................................................................43


LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Normas técnicas brasileiras relativas ao RCC........................................... 22

Quadro 2: Normas técnicas brasileiras relativas ao RCC........................................... 23

Quadro 3: Descrição das fases da geração do Biogás...............................................44


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................10
2. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ..........................................................................12
História da construção civil ........................................................................................12
Importância do desenvolvimento sustentável...........................................................14
Resíduos sólidos .......................................................................................................18
Resíduos sólidos da construção civil ........................................................................18
Legislação ambiental .................................................................................................22
Resolução n. 307/2002 do CONAMA .......................................................................22
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos ................................................................26
Eficiência energética..................................................................................................30
Desempenho energético das Habitações .................................................................33
Energia sustentável ...................................................................................................37
Aterro Sanitário ..........................................................................................................38
Biogás.....................................................................................................................42
3. METODOLOGIA .......................................................................................................43
Área de Estudo ..........................................................................................................43
Materiais e Métodos ..................................................................................................43
Procedimento Analítico..............................................................................................44
4. RESULTADO E DISCUSSÃO ..................................................................................46
Simulação de geração de biogás de um aterro sanitário........................................50
Gráfico de produção de biogás ao longo de vinte anos..........................................52
Quantitativo de energia gerada a partir do biogás..................................................53
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................53
REFERÊNCIAS .............................................................................................................55
10

1. INTRODUÇÃO

A construção civil é considerada uma das atividades que mais geram resíduos
e alteram o meio ambiente, em todas as suas fases, desde a extração de matérias
primas, até o final da vida útil da edificação. Ou seja, num quadro comparativo, os
resíduos sólidos da construção civil representam uma parcela significativa do volume
total de resíduos produzidos por outras atividades humanas.
Neste ínterim, a falta de tratamento adequado para depósito desses resíduos
apresenta-se como um dos vilões dos impactos ambientais da engenharia civil; visto
que apesar de haver de legislação sobre normas de proteção ao meio ambiente, na
prática comum, observa-se a utilização de áreas para a deposição desses resíduos
de forma irregular, indiscriminada, sendo o descarte feito sem o devido tratamento.
O aproveitamento de resíduos na construção civil, bem como de outros
resíduos sólidos, apresenta-se como uma das medidas viáveis e para
desenvolvimento de obras e projetos que aliem desenvolvimento econômico com
maior sustentabilidade, proporcionando economia de recursos naturais e
minimização do impacto no meio-ambiente, especialmente no estudo em tela, na
geração de energia renovável em um aterro sanitário.
A escolha do tema se justifica pela necessidade de se aliar desenvolvimento
socioeconômico e sustentabilidade, leva a discussões sobre as formas mitigadoras
dos impactos ambientais, apresentando possíveis soluções para a disparidade
desenvolvimento/ sustentabilidade, bem como para a destinação correta dos RCC
no município de Itabuna/Ba.
A energia elétrica é a principal fonte de energia do mundo, ela é produzida
através do potencial elétrico de dois pontos de um condutor. A energia pode ser
renovável, quando é proveniente de recursos naturais naturalmente reabastecidos, e
energia não renovável, que embora também vindas da natureza, não tem a
capacidade renovável para em tempo útil, dessa forma sua reserva é finita e pode
ser esgotada.
Esse fato acima, aliado ao aumento populacional nas últimas décadas
demandando uma produção de resíduos desenfreada dificultando a atuação do
poder público na gestão e manejo de resíduos sólidos reforça a importância do
estudo dessa temática.
11

Justifica-se ainda a escolha do tema pelo fato de que grande parte desses
resíduos apresentam potencial de reaproveitamento e inserção novamente no
mercado como novos insumos. Para tanto, é importante fomentar a discussão no
meio acadêmico e no cenário político visando a promoção de políticas públicas
voltadas para a resolução do problema.
Com as reservas de energias convencionais se extinguindo ano após ano, a
única solução viável será a substituição das atuais fontes pelas renováveis e
sustentáveis, como geração de energia a partir do uso de resíduos sólidos. Nesse
sentido, o problema proposto por esse estudo visa responder se há viabilidade de
geração energética com a implementação de um aterro sanitário na cidade de
Itabuna-Ba?
O objetivo geral desse estudo foi analisar o potencial energético gerado em
um aterro sanitário, proveniente do gás metano oriundo da degradação dos resíduos
sólidos. Os objetivos específicos foram:
• Simular a geração de biogás em um aterro sanitário em Itabuna através do
cálculo da SETESB/SMA;
• Elaborar um gráfico de produção de biogás ao longo de vinte anos do aterro
sanitário;
• Gerar um quantitativo de energia gerada a partir do biogás gerado no possível
aterro na cidade de Itabuna.
A partir desse estudo esperou-se constatar que a energia gerada em um aterro
sanitário proveniente do biogás é suficiente para suprir algumas demandas da
cidade de Itabuna na Bahia, adicionando ganhos sociais e ambientais ao município.
12

2. REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO

História da construção civil

A evolução da Engenharia Civil segue paralelamente à evolução dos povos e


evidenciada pelas riquezas culturais com as quais cada povo realizava suas
construções. Ainda segundo Maia et. al., (2009) a Engenharia Civil desde os tempos
mais remotos interfere no avanço tecnológico e cultural de uma sociedade.
Entretanto, em um primeiro momento, a construção civil buscava atender as
necessidades básicas e imediatas do homem sem se preocupar com técnicas
aprimoradas, que garantisse uma execução mais segura, eficiente da obra, bem
como ambientalmente responsável.
Com o crescimento da população urbana, a construção das cidades e a
necessidade de uma infraestrutura suficiente para abrigar as pessoas que migraram
do meio rural demandou um aperfeiçoamento e qualificação de técnicas utilizadas
nas construções, passando também a foca a responsabilidade social destas. O
crescimento exagerado e desordenado da população exigiu uma maior demanda por
moradias desenvolvimento da indústria e comércio, dentre outras necessidades da
população.
No entanto, medidas mitigadoras dos impactos ambientais e a disseminação
da necessidade de construção socioambientalmente responsável permaneceram
deficientes durante muitos anos. É a partir da década de 50 que essa visão
ambientalista deixa de ser vista em segundo plano e passa a assumir cadeira
importante nas discussões sobre a relação desenvolvimento/ meio ambiente.
Com essa discussão na indústria da construção civil veio a preocupação de
escassez dos recursos naturais, que até então, pensavam ser inesgotáveis. Não se
consideravam meios que propiciassem a reutilização desses produtos, sendo
descartados sem nenhum tratamento, sem também mensurar os custos e prejuízos
decorrentes do desperdício desses materiais.
Para Moraes (2005), no Brasil, apesar da engenharia civil ter suas atividades
regulamentadas durante o período colonial com a construção de fortes e igrejas, a
preocupação com uma construção que atendesse as necessidades e respeitasse o
meio ambiente só ganhou força depois de meados do século XX.
A questão ambiental mobiliza diversos países pelo mundo. No Brasil, tal
preocupação se intensifica nos discursos e estudos a partir da década de 1960 após
13

uma fase de intenso crescimento urbano. Este crescimento urbano está associado
ao fenômeno da imigração da população estabelecida na zona rural para a zona
urbana.
Como resultado da imigração zona rural / zona urbana tem-se também a
expansão das cidades para áreas de risco acarretadas pelos problemas ambientais
desse crescimento desordenado, além de outros impactos nocivos ao meio
ambiente, tais como desmatamento, poluição de rios e outros mananciais de água,
aumento na emissão de gases poluentes, deterioração da qualidade dos recursos
hídricos e intensificação dos resíduos gerados pelas obras de construção com o
aumento da demanda de serviços na indústria da construção civil.
Segundo Ribeiro (2004) a demanda por bens de consumo e moradias gerou
uma grande quantidade de resíduos, necessitando de uma intervenção do governo
para dispor sobre as formas de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos, foco
do estudo deste trabalho monográfico.
Concomitantemente à necessidade de desenvolvimento e ao novo quadro
que mostra o aumento da população urbana, tem-se desenvolvido também a
preocupação com a questão ambiental, provocando discussões em diversos setores
da sociedade, governo, entidades de classe e organizações não governamentais.
Ribeiro (2004) enfatiza que o histórico da construção civil mostra que a
engenharia civil é um dos principais agentes transformador do meio ambiente, e,
portanto, carece de estudos que viabilizem a promoção de medidas mitigadoras dos
impactos ambientais, tais como a destinação adequada dos RCC e
reaproveitamento desses resíduos sólidos.

A construção da sustentabilidade nas cidades brasileiras significa enfrentar


várias questões desafiadoras, como a concentração de renda e a enorme
desigualdade econômica e social, o difícil acesso a educação de boa
qualidade e ao saneamento ambiental, o déficit habitacional e a situação de
risco de grandes assentamentos, além da degradação dos meios construído
e natural, e dos acentuados problemas de mobilidade e acessibilidade,
(ROMERO, 2011 p.55).

O conceito de desenvolvimento sustentável aplicável à indústria da


construção civil teve evidencia na década de 80 através do Relatório Brundtland,
que trouxe uma reflexão sobre a real abrangência dos princípios da sustentabilidade
na construção civil.
14

Importância do desenvolvimento sustentável

Vem sendo notada uma enorme mudança nos padrões dos resíduos sólidos
gerados nos centros urbanos, não só pela quantidade exorbitante, mas também pela
variedade em sua composição. Com os avanços tecnológicos e econômicos, o
crescimento populacional nos centros urbanos fez com que essa variedade de
resíduos trouxesse prejuízos ao meio ambiente e a própria humanidade. Estudos
indicam que tais impactos estão diretamente ligados ao fato de que a população
vem mudando seus hábitos de consumo, gerando assim uma mudança também nos
modos de produções (FERREIRA, 2001).
O crescimento urbano, industrial e tecnológico tem causando transtornos e
danos ao meio ambiente. Entretanto, a necessidade de se aliar desenvolvimento
socioeconômico e sustentabilidade, leva a discussões sobre as formas mitigadoras
dos impactos ambientais, apresentando possíveis soluções para a disparidade
desenvolvimento/ sustentabilidade.
O desenvolvimento é necessário da mesma forma que a necessidade de se
respeitar o meio ambiente. Para tanto, faz-se importante a existência de uma
viabilidade econômica nas ações voltadas para a produção de bens e serviços,
visando assegurar a disponibilidade de recursos naturais para as próximas
gerações, bem como cuidar para que o meio ambiente das gerações presentes e
futuras não seja prejudicado.
A reflexão acerca do futuro começa a ser exposta no pensamento político,
social e filosófico levando ao questionamento da participação do homem no planeta.
Neste contexto, o conceito de “desenvolvimento sustentável” surge como um termo
que expressa os anseios coletivos, tais como a democracia e a liberdade, muitas
vezes colocadas como uma utopia.
É a partir de estudos da Organização das Nações Unidas, na segunda
metade do século XX, na tentativa de responder à crise social e ambiental,
principalmente procurando respostas e soluções para os problemas causados pelas
alterações climáticas, que o conceito de desenvolvimento sustentável e concebido e
ganhado a adesão de diversos países.
Conhecida como Comissão de Brundtland, a Comissão Mundial para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), reforçou o conceito de desenvolvimento
sustentável através da elaboração de um relatório, intitulado como “Nosso Futuro
15

Comum”, que continha uma série de informações e pesquisas que colocavam em


relevo as questões ambientais e sociais, tais como uso dos recursos naturais como
terra, água, madeira, até análises de infraestrutura, saneamento e administração do
crescimento urbano.
De acordo com este relatório, o desenvolvimento sustentável tem como
prerrogativa o atendimento das necessidades da população presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem suas próprias
necessidades. Ou seja, o desenvolvimento sustentável deve assegurar a
preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social para gerações presentes
e futuras.
Outro momento áureo do desenvolvimento sustentável se deu na Conferência
“Rio 92”, firmando o conceito de sustentabilidade na chamada Agenda 21,
incorporando a necessidade de preservação ambiental ao rol de direitos humanos.
Apesar de grande avanço dos estudos e conceito de desenvolvimento sustentável,
suas perspectivas, definições e desafios ainda é alvo de diversos estudos.
Segundo Canepa (2007), faz-se mister uma harmonização entre o
desenvolvimento econômico, utilização racional dos recursos naturais, preservação
do meio ambiente a fim de garantir um meio ambiente equilibrado que propicie
qualidade de vida às pessoas para que o desenvolvimento sustentável ocorra.

(...) o padrão de produção e consumo que caracteriza o atual estilo de


desenvolvimento tende a consolidar-se no espaço das cidades e estas se
tornam cada vez mais o foco principal na definição de estratégias e políticas
de desenvolvimento. (...) Deste modo, é de grande importância à busca de
alternativas sustentáveis e que esquadrinhem qualidade de vida para a
dinâmica urbana, consolidando uma referência para o processo de
planejamento urbano. (FERREIRA, 1998, p. 52).

Ressalta-se a preocupação com o uso racional dos recursos naturais visando


evitar sua escassez desde a década de 70, com a elaboração do III Relatório do
Clube de Roma afirmando que “muito antes de esgotarmos os limites físicos do
nosso planeta ocorrerão graves convulsões sociais provocadas pelo gr ande desnível
existente entre a renda dos países ricos e dos países pobres”.
Em 1986 a Conferência de Ottawa estabeleceu alguns requisitos para
viabilizar o desenvolvimento sustentável: a integração da conservação e do
desenvolvimento; satisfação das necessidades básicas humanas; alcance de
eqüidade e justiça social; provisão da autodeterminação social e da diversidade
16

cultural; manutenção da integração ecológica. Já a Comissão Mundial do Meio


Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991) firmou os objetivos que derivam do
conceito de desenvolvimento sustentável.

Os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável estão


relacionados com o processo de crescimento da cidade e objetiva a
conservação do uso racional dos recursos naturais incorporados às
atividades produtivas. Entre esses objetivos estão: crescimento renovável;
mudança de qualidade do crescimento; satisfação das necessidades
essenciais por emprego, água, energia, alimento e saneamento básico;
garantia de um nível sustentável da população; conservação e proteção da
base de recursos; reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco;
reorientação das relações econômicas internacionais, (BARBOSA, 2008,
p.33).

Visto isso, questões de desenvolvimento e sustentabilidade levaram o tema a


ser incorporado pelo Direito Ambiental. Segundo Rodrigues (2002), o Direito
Ambiental deve ser firmado em princípios e normas específicas, cujo escopo é a
harmonização da relação entre o homem e meio ambiente, regulando quaisquer as
atividades que possam desequilibrar tal relação.

As diversas discussões sobre o tema “desenvolvimento sustentável” abrem


à questão de que é possível desenvolver sem destruir o meio ambiente.
Desta forma, o conceito de desenvolvimento sustentável descrito no “Nosso
Futuro Comum”, já mencionado, foi incorporado pelo Direito Ambiental. Uma
disciplina autônoma que é baseada nos princípios que regulam seus
objetivos e diretrizes que devem se projetar para todas as normas
ambientais, norteando os operadores desta ciência e salvando-os das
dúvidas ou lacunas na interpretação das normas ambientais. (RODRIGUES,
2002, p. 44).

O respaldo jurídico conferido à problemática do desenvolvimento sustentável


torna o termo capaz de estabelecer um novo modelo de desenvolvimento para o
país. No que tange à indústria da construção civil, diversas normas técnicas e leis
disciplinam questões referentes a desenvolvimento e sustentabilidade. Como
exemplo estudado neste trabalho tem-se a Resolução n. 307/2002 do CONAMA e a
lei n. 12.305/10 que estabelece a PNRS.
Para Maricato (2000), principalmente nas grandes cidades brasileiras, os
problemas causados pelo aumento da população urbana refletem em problemas
sociais e ambientais e são reflexos de um crescimento desprovido da presença do
poder público. A falta de planejamento e acompanhamento dessa urbanização leva
17

a problemas associados à criminalidade, à poluição, às enchentes, disparidade


decorrente da má distribuição de renda, etc.
Acselrad (1999) reforça que a sustentabilidade urbana é mensurada pela
capacidade do governo de instituir políticas urbanas que supram a demanda de
serviços garantindo equilíbrio entre as demandas de serviços urbanos e
investimentos em estrutura e equilíbrio do meio ambiente.
Para gestão de políticas sustentáveis são utilizados dados econômicos,
sociais, institucionais e ambientais. Dados da pesquisa sobre Indicadores de
Desenvolvimento Sustentável, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2012), apresentaram avanços significativos no que se refere à
elaboração de medidas e planejamentos que garantam um desenvolvimento
sustentável no país.
Contudo, a necessidade de práticas sustentáveis ainda necessita de uma
abrangência maior. O estabelecimento do equilíbrio entre o desenvolvimento
econômico e preservação ambiental continua sendo um dos maiores desafios do
século XXI e principal perspectiva de crescimento com responsabilidade ambiental.
A geração e destinação dos resíduos sólidos vêm sendo temática de
preocupação com o meio ambiente, pois sua irregularidade faz com que a mesma se
torne um dos principais fatores para a geração de impactos ambientais urbanos,
como a contaminação dos solos e das águas subterrâneas, proveniente da
infiltração do chorume e a grande geração de gases que aceleram o efeito estufa,
provenientes da degradação dos resíduos sólidos a céu aberto.
Faz-se mais uma das preocupações de grandes impactos ambientais urbanos
o uso de combustíveis fósseis, que é hoje uma das principais fontes energéticas no
mundo. (FEITOSA, 2010).
A falta de uma política de proteção à saúde pública faz com que haja uma
escassez, tanto na parte de coleta e administração de resíduos, quanto na
destinação final do mesmo, gerando assim um grave impacto, tanto ao meio
ambiente, quanto a saúde pública sendo ela coletiva ou individual. (Deus & Clarke,
2004).
Tirando a parte ambiental que está à margem desta ausência de
administração, há também vertentes econômicas e sociais proveniente da mesma. A
reutilização desses resíduos em beneficio de sua melhor serventia, criando
empregos e gerando uma grande diminuição nos impactos ambientais é uma visão
18

compartilhada por uma pequena parcela da sociedade, já que sua maioria só vê o


resíduo domiciliar como lixo (SÁNCHEZ, 2013).

Resíduos sólidos

A construção civil tem incrementado a quantidade de resíduos sólidos nas


últimas décadas, contribuindo significativamente para o agravamento de problemas
socioambientais. Para se entender essa problemática, faz-se necessário definir o
que seriam esses resíduos sólidos.
No Brasil se coleta cerca de 180 a 250 mil toneladas de resíduos sólidos
urbanos por dia (IBGE, 2016). As estimativas de crescimento anual de resíduos
estão ultrapassando a de crescimento populacional, com valores respectivos de 7%
e 1%, isso indica uma grande quantidade de produção de lixo por habitante (IBGE,
2016).
Estima-se 1kg de lixo produzido por habitante/dia no Brasil, mesmo sendo um
pais com uma variedade cultural ampla, a geração de resíduos está em crescimento
em todo território nacional (EEA, 2008), chegando a ser comparado a população
norte-americana que está no topo da tabela de produção de resíduos sólidos
urbanos (Abrelpe, 2010) (Nalini JE, 2008).
Todavia, com a enorme quantidade de resíduos sólidos produzidos, a
destinação final adequada da mesma é prejudicada, e mesmo com o avanço de
técnicas de acomodação de resíduos, em várias partes do país o entulho é
comumente disposto a céu aberto sem nenhum tipo de cuidado ambiental,
popularmente chamado de lixão.
Existem diversos tipos de resíduos: resíduos sólidos industriais, resíduo sólido
domiciliar, resíduos sólidos públicos, resíduos sólidos de portos, ferroviárias,
aeroportos e rodoviárias, resíduos sólidos agrícolas, resíduos sólidos de serviços
hospitalares e de saúde, ou entulho ou resíduos sólidos da construção civil.

Resíduos sólidos da construção civil

De maneira objetiva, Zordan (2001), define o entulho ou RCC como conjunto


de fragmentos resultantes do desperdício em obra da construção civil, provenientes
tanto de novas construções, quanto de reformas e demolições de edificações
19

diversas. As formas e características desses entulhos são variadas e dependem do


seu processo gerador. De acordo com a resolução do CONAMA os resíduos são
tipificados em:
Resíduos da construção civil são os provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos, tais como tijolos, blocos cerâmicos,
concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de
entulhos de obras, caliça ou metralha. (CONAMA, 2002).

De acordo com o pesquisador Fernandez (2011) o problema da construção


civil é que além do intenso consumo de recursos naturais podendo levar à escassez,
as construções, reformas ou demolições culminam em geração de resíduos que se
não tratados da forma correta poluem o meio ambiente, além de alterar a paisagem.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (2010), também trouxe uma
definição do termo resíduo da construção civil, em seu Art. 13, inciso I, alínea h,
dispondo que RCC são entulhos “gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e
escavação de terrenos para obras civis”.
A composição dos RCC depende ainda das características peculiares de c ada
região tais como geologia, morfologia, disponibilidade dos materiais de construção,
recursos tecnológicos e práticas adotadas nas obras. Destaca-se a heterogeneidade
desses resíduos, sendo, portanto necessário identificar quais são esses, sua
composição e fonte geradora, para que seu gerenciamento e destinação adequados.
De forma geral os RCC são materiais semelhantes aos agregados naturais e
solos, porém, também podem conter tintas, solventes e óleos que se caracterizam
como substâncias químicas que podem ser tóxicas ao ambiente ou a saúde humana
(BRASIL, 2005).
Vale destacar que os resíduos de construção e demolição (RCD) e RCC
representam um problema de ordem mundial e não apenas brasileiro. O incremento
de resíduos e o aquecimento da indústria da construção civil são percebidos em
diversos países, o que demanda uma preocupação mundial com os impactos
causados ao meio ambiente decorrentes da geração desses resíduos. Solis-
Guzman et al. (2009), afirma que a nível mundial estes resíduos representam
aproximadamente 35% do total de resíduos produzidos por toda atividade humana.
20

Silva Filho (2005) apud Santos (2009) afirma que a composição média dos
resíduos da construção civil no Brasil pode ser estimada em 63% de argamassas
entre os compostos dos resíduos, 29% de concreto e bloco na participação dos
RCC, 1% de materiais orgânicos 7% de outros materiais não tipificados que compõe
o resíduo da construção civil, como demonstra a figura 1:

Figura 1: Fonte geradora e composição do RCC

Fonte: Brasil, (2016).

Para Zordan (2001), no Brasil, mais de 75% dos resíduos da construção civil
são provenientes de construções informais ─ obras não licenciadas pelo poder
público─; 15% a 30% são decorrentes de obras formais ─ licenciadas pelo poder
público.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2004b), mediante a
NBR 10.004/2004, dispõe sobre a classificação dos resíduos sólidos quanto aos
riscos potenciais tanto ao meio ambiente quanto à saúde pública. A referida norma
também versa sobre a forma correta de manuseio e destinação desses resíduos.
De forma didática pode-se classificar os RCC quanto aos potenciais riscos em
classes:
• Resíduos Classe I: perigosos
21

• Resíduos Classe II: não perigosos


• Resíduos Classe II A: não inertes
• Resíduos Classe II B: inertes
Ainda de acordo com as normas da ABNT (2004a), apesar de grande parte
dos entulhos oriundos da construção civil fossem classificados como ‘Resíduos
Classe II – Inertes’, ou seja, não tiveram qualquer de seus componentes
solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,
ocasionando, portanto, baixo impacto ambiental, existem resíduos sólidos que
dependendo do caráter específico de cada obra e à composição dos materiais,
podem ser enquadrados nas Classes I e II A, perigosos e não inertes,
respectivamente, gerando danos mais nocivos ao meio ambiente e à saúde pública.
A Resolução 307/2002 do CONAMA, alterada pela Resolução n 348/2004 do
CONAMA 348/2004, propõe em seu artigo 3°, inciso IV a classificação dos RCC,
ainda em:
• Resíduos Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de
pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem; de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa e concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-
moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de
obras;
• Resíduos Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações,
tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
• Resíduos Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
• Resíduos Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e
materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde (Brasil, 2002).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2016), a cadeia produtiva
da Construção Civil no Brasil é responsável por grandes volumes de RCDs
22

(resíduos de construção e demolição) “oriundos de canteiros de obras 20 a 30% dos


RSU gerados pelos países membros da EU e por 55 a 70% dos resíduos gerados
pelos municípios brasileiros”.
Dentre s principais problemas causados ao meio ambiente, Fernandez (2011)
ressalta o intenso consumo de recursos naturais podendo levar à escassez dos
mesmos e comprometer a capacidade das gerações futuras possuírem tais recursos,
a destinação e acumulação em margens de rios, terrenos baldios ou outros locais
inapropriados, contaminando o solo e a água favorecendo a proliferação de insetos
e de outros vetores de doenças.

Legislação ambiental

Resolução n. 307/2002 do CONAMA

No Brasil, a Resolução CONAMA n. 307/2002 é considerada marco


regulatório para a gestão dos RCC. Tal resolução disciplina a temática, trazendo
conceitos, classificações e as responsabilidades dos municípios, especialmente do
poder público, na elaboração e implementação de planos de gerenciamento
integrado de RCC, adotando procedimentos adequados para o manejo e destinação
destes resíduos.
Além desse amparo legal, tem-se diversas normas gerais que dispõe sobre os
RCC, dentre as quais destaca-se a ABNT, que elencou em 2004 um rol de normas
relativas aos resíduos sólidos e aos procedimentos para o gerenciamento dos
mesmos, de acordo com a Resolução Conama no 307 (Brasil, 2002). O quadro 1
elenca as principais normas técnicas brasileiras referentes ao RCC:

Quadro 1: Normas técnicas brasileiras relativas ao RCC


Norma Descrição
NBR 10.004 Resíduos sólidos (classificação)
NBR 15.112 RCC e resíduos volumosos - áreas de
transbordo e triagem (diretrizes para
projetos, implantação e operação).
NBR 15.113 RCC e resíduos inertes - aterros
(diretrizes para projetos, implantação e
23

operação). NBR 15.114 RCC - áreas


para reciclagem (diretrizes para projetos,
implantação e operação).
NBR 15.115 Agregados reciclados de RCC -
execução de camada de pavimentação
(procedimentos).
NBR 15.116 Agregados reciclados de RCC -
utilização em pavimentação e preparo de
concreto sem função estrutural
(requisitos).
Fonte: IPEA (2012).

Vale ressaltar que a preocupação recorrente com a crescente geração de


RCC resultou no estabelecimento de políticas públicas, normas, especificações
técnicas e instrumentos econômicos, no Brasil a partir do ano de 2002.
A finalidade maior desse aparato legal constitui-se no direcionado para o
equacionamento dos problemas resultantes do manejo inadequado dos RCC como
medida mitigadora dos danos socioambientais. O quadro 2 ressalta os instrumentos
legais e normativos de abrangência nacional:

Quadro 2: Normas técnicas brasileiras relativas ao RCC


Documento Descrição
Decreto n 7.404/2010 Regulamenta a Lei n. 12.305, de 2 de
agosto de 2010, que institui a PNRS, cria
o Comitê Interministerial da Política
Nacional de Resíduos Sólidos e o
Comitê Orientador para a Implantação
dos sistemas de logística reversa, e dá
outras providências.
Lei Federal n 12.305/2010 Institui a PNRS, altera a Lei n. 9.605 de
12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências.
Lei Federal n 11.445/2007 Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis n.
24

6.766, de 19 de dezembro de 1979, n.


8.036, de 11 de maio de 1990, no 8.666,
de 21 de junho de 1993 e n. 8.987, de
13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei n.
6.528, de 11 de maio de 1978; e dá
outras providências.
Resolução n 348/2004 Altera a Resolução Conama n. 307, de 5
de julho de 2002, incluindo o amianto na
classe de resíduos perigosos.
Resolução n 307/2002 Estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos RCC.
Lei Federal n 10.257/2001 Estatuto das Cidades: regulamenta os
Artigos 182 e 183 da Constituição
Federal, estabelece diretrizes gerais da
política urbana e dá outras providências.
Lei Federal n 9.605/1998 Lei de Crimes Ambientais: dispõe sobre
as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.
Lei Federal n 6.938/1981 Lei Federal n. 6.938/1981 Dispõe sobre
a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação, e dá outras providências.

Fonte: IPEA, (2012).

Conforme já visto no estudo em tela, os impactos e danos ambientais


decorrentes do crescimento urbano e avanço industrial e tecnológico tem levado a
fomentação de ações que conciliem desenvolvimento socioeconômico e
sustentabilidade, leva a discussões sobre as formas mitigadoras dos impactos
ambientais, apresentando possíveis soluções para a disparidade desenvolvimento/
sustentabilidade.
Segundo Monteiro et al (2001), a geração de RCC no Brasil, é de, cerca de
300 kg/m² a partir de novas edificações. Estatisticamente, esse valor é dez vezes
maior do que os percebidos em países desenvolvidos, que geram 100 kg/m².
25

considerando uma cidade com aproximadamente 500 mil ou mais habitantes, esses
resíduos representam um montante de 50% do peso de todos os resíduos sólidos
urbanos.
As leis, normas e diretrizes são respostas do poder público à preocupação
social, ambiental, bem como ao desperdício de materiais na construção civil e a
geração de entulhos produzidos diariamente sem a destinação correta. Para tanto, o
que propõe essas legislações são mudanças de paradigmas no comportamento das
indústrias, construtoras e da sociedade civil em geral na utilização racional dos
recursos naturais e à destinação do que dos resíduos de forma a propicia material
para reaproveitamento em novos projetos.
Neste ínterim, ressalta-se a resolução do CONAMA que estabeleceu
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos Resíduos da Construção Civil
– RCCs, abrangendo desde a classificação até a sua disposição adequada,
passando pela atribuição de responsabilidades ao poder público municipal e também
aos geradores no que se refere à sua destinação (MAIA et al, 2009).
Segundo Souza (2007), a elaboração do CONAMA significa o esforço para
minimizar os impactos gerados pelo problema do gerenciamento dos resíduos de
construção no Brasil constituindo-se um instrumento de grande importância para
sustentabilidade do setor e a preservação ambiental.
Outro fato relevante sobre a Resolução nº 307/2002 do CONAMA é a
imposição aos geradores do princípio do gerador pagador, ou seja, obriga ao
gerador do resíduo a gestão adequada do mesmo. Outra alteração expressiva da
referida resolução é a inclusão do amianto na classe de resíduos perigosos,
estabelecendo responsabilidades aos geradores, das quais destacam-se a
necessidade de segregação dos resíduos em diferentes classes e o seu
encaminhamento para reciclagem e disposição final.
Para entender melhor quem são os responsáveis do ponto de vista do
principio gerador pagador a Resolução n° 307 do CONAMA (BRASIL, 2002)
estabelece que “geradores dos resíduos da construção civil são as pessoas físicas,
jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos
que gerem os resíduos sólidos da construção civil”.
O entendimento de quem são os geradores e a diferenciação dos RCC nas
classes distintas já abordadas anteriormente neste trabalho monográfico, possibilita
a identificação de qual o melhor manejo e segregação desses resíduos. Dessa
26

forma, são facultadas ao gerador diferentes soluções para os distintos resíduos


produzidos no seu empreendimento.
Ressalta-se que esse manejo vai responder não apenas por diminuição dos
danos ambientais, como também por redução orçamentária, atingindo um menor
custo de disposição final, com o reaproveitamento desses resíduos em novos
projetos.

O exercício das responsabilidades pelo conjunto de agentes envolvidos na


geração, destinação, fiscalização e controle institucional sobre os geradores
e transportadores de resíduos está relacionado à possibilidade da triagem e
valorização dos resíduos que, por sua vez, será viável na medida em que
haja especificação técnica para o uso de agregados reciclados pela
atividade da construção (PINTO, 2015, p. 10).

O amparo legal viabiliza a gestão dos RCC, mas não é suficiente para
solucionar o problema. Faz-se mister uma efetividade dessas normas. Como
escreve Pinto (2015, p. 10), “há um conjunto de leis e políticas públicas, além de
normas técnicas fundamentais na gestão dos resíduos da construção civil,
contribuindo para minimizar os impactos ambientais”, porquanto, por si só, não pode
solucionar todo o problema se não houver a cooperação de entes públicos e
privados na resolução do mesmo.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos ─ PNRS (Lei nº 12.305/2010) ─


elenca de forma sistemática as principais questões referentes à produção e à
destinação dos resíduos sólidos, dialogando com a Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei 6.938/81), com demais legislações que versam sobre a temática, além
de corroborar para o princípio da dignidade da pessoa humana, que tem como
pressuposto e direito fundamental assegurado pela constituição federal, por força do
art. 225, caput, no qual prevê o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
como direito e dever fundamental do poder público e de toda a coletividade.

Esse princípio, também conhecido como direito ao meio ambiente sadio e


ecologicamente equilibrado ou direito à sadia qualidade de vida tem raízes
históricas mais remotas no próprio direito à vida, consagrado até nas
constituições que admitem a pena de morte. O direito à vida saudável foi um
passo seguinte, decorrente da constatação de que não basta garantir ao ser
humano o direito aos seus batimentos cardíacos e à respiração – é preciso
27

que a vida seja sadia, íntegra. E isso depende da qualidade do meio


ambiente, do qual as pessoas humanas são parte e no qual estão ao
mesmo tempo inseridas, (MACHADO, 2002, p. 45).

A Lei 12.305/2010, PNRS, dispõe sobre diretrizes relativas à gestão integrada


e ao gerenciamento de resíduos sólidos, bem como incutindo aos geradores e ao
poder público a responsabilização pelo uso de instrumentos adequados à destinação
e manuseio adequado destes resíduos. Há muito tempo já s e aponta a centralidade
da discussão a respeito da destinação dos resíduos sólidos dentro do universo de
preocupações ambientais mundiais, (BRASIL, 2010).
Como resposta a lacuna legislativa sobre instrumentos eficientes na
destinação dos resíduos sólidos em geral, a Lei 12.305/2010 traz para o centro das
preocupações governamentais as questões relativas à destinação dos resíduos,
regulamentando a área de resíduos sólidos, a partir de uma proposta não
meramente punitiva, mas educacional, esclarecendo seus objetivos e expondo seus
princípios.
Além de abarcar todos os tipos de resíduos (industrial, doméstico, da área de
saúde, eletroeletrônicos, etc.), a PNRS prevê medidas que devem ser
implementadas para propiciar uma gestão integrada visando a racionalização do
manuseio destino e reaproveitamento dos resíduos sólidos de maneira eficaz.

Um dos maiores problemas do meio ambiente é a produção do lixo.


Anualmente são produzidos milhões de toneladas de lixo, contendo vários
materiais recicláveis como vidros, papéis, latas, dentre outros.
Reaproveitando os resíduos antes de serem descartados, o acúmulo
desses resíduos no meio ambiente diminui e com isso a poluição ambiental
é minimizada, melhorando a qualidade de vida da população. Atualmente, a
destinação final do lixo produzido diariamente, principalmente pela
população urbana, está vinculada diretamente à preservação do meio
ambiente. Os resíduos sólidos têm grande importância na degradação do
solo. Devido a sua grande quantidade e composição, contaminam o solo
chegando até mesmo a degradar os lençóis de água subterrânea. A
valorização da limpeza pública e a educação ambiental contribuem para
evitar a contaminação do solo e para a formação de uma consciência
ecológica, (SOARES, 2007, P.29).

Ressalta-se que tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas, de direito


público ou privado, estão sujeitas à lei eu estabelece a PNRS, desde que sejam
responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que
desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de
resíduos sólidos, conforme institui o art. 5º da Lei 12.305, (BRASIL, 2010).
28

De forma ampla, o objetivo geral da PNRS é a redução de resíduos através


do o tratamento e da reutilização dos mesmos. No que tange aos rejeitos, faz-se
necessária uma destinação adequada dos mesmos a fim de inibir qualquer agressão
ao meio ambiente. De acordo com a PNRS, o aumento da ação de reciclagem no
país acarretaria em uma diminuição do uso de recursos naturais, beneficiando a
geração presente e futura.
Dentre os objetivos específicos da PNRS podem-se ser citados os seguintes:
a) proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;
b) não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
c) estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de
bens e serviços;
d) adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como
forma de minimizar impactos ambientais;
e) redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
f) incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de
matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;
g) gestão integrada de resíduos sólidos;
h) articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o
setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão
integrada de resíduos sólidos;
i) capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
j) o incentivo à adoção de consórcios ou de outras formas de cooperação
entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de aproveitamento e à
redução dos custos envolvidos, dentre outros, (BRASIL, 2010).
Outro acréscimo conferido pela PNRS é o princípio de responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, ou seja, responsabilizando tanto
fabricantes, quanto importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
Necessário reforçar a logística reversa ou conjunto de ações para facilitar o retorno
dos resíduos aos seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados em
novos produtos, um dos pontos fundamentais propostos pela PNRS.
Para isso, a PNRS possui princípios gerais do direito ambiental e princípios
setoriais, conforme art. 6 da Lei nº 12.305/2010:
29

(...) a) a prevenção e a precaução: por força do princípio da prevenção, b) o


poluidor-pagador e o protetor-recebedor: aqui temos princípios espelhos,
pois um é justamente o reverso do outro, e as razões para que o poluidor
pague são coerentes com a proteção daquele que protege a natureza. c) a
visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; d) o
desenvolvimento sustentável; e) a ecoeficiência; f) a cooperação entre as
diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais
segmentos da sociedade; g) a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos; h) o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e
reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e
renda e promotor de cidadania; i) o respeito às diversidades locais e
regionais; j) o direito da sociedade à informação e ao controle social; k) a
razoabilidade e a proporcionalidade, (BRASIL, 2010).

É latente na supracitada lei a cooperação entre o poder público federal,


estadual e municipal, o setor privado e a sociedade em geral na busca de medidas
mitigadoras dos problemas socioambientais decorrentes da geração dos resíduos
sólidos, enfatizando que seu tratamento adequado, além de constituir ganho
ambiental, promove ganhos econômicos, tais como a geração de emprego e renda
na implantação de unidades de reciclagem e no uso de materiais reciclados como
fonte de matéria prima para novos projetos, reduzindo o orçamento da obra.
Entre os principais instrumentos instituídos pela PNRS, destacam-se
(BRASIL, 2010):
a) Os planos de resíduos sólidos; Inventários e o sistema declaratório anual
de resíduos sólidos;
b) Coleta seletiva,
c) Os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à
implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos;
d) Incentivo a cooperativas de catadores;
e) Monitoramento e a fiscalização ambiental, sanitária e agropecuária;
f) Cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o
desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e
tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e
disposição final ambientalmente adequada de rejeitos;
g) Educação ambiental.
Por fim, destaca-se a obrigatoriedade que a nova lei impõe por força do art.
33 da estruturação e implementação de sistemas de logística reversa, a proibição de
30

destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos em praias, rios ou em


quaisquer corpos hídricos, bem como veda o lançamento in natura, queima a céu
aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa
finalidade, salvo as exceções concedidas a essas e outras proibições.

Eficiência energética

O termo energia é derivado do grego “ergos” que significa trabalho, e pode


ser classificada em duas maneiras: em renováveis, que são aquelas que são
provenientes dos recursos naturais e são naturalmente reabastecidos, como o sol,
chuva, marés, vento e energia geotérmica.
Já as energias não renováveis que também são energias vindas da natureza,
porém não podem se regenerar em um prazo útil pela natureza ou pelo ser humano,
o carvão, gás natural e o petróleo são tipos de energia não renovável, pois sua
reserva não é infinita e um dia irá se esgotar.
Até então a maior produção de energia mundial se dá a partir das
hidrelétricas. No Brasil elas são responsáveis pela produção de cerca de 90% da
energia. Mesmo que essa fonte não gere poluente, existe um debate sobre sua
verdadeira classificação, pois ela traz com sua instalação grandes modificações
negativas em seus entornos, no entanto pode ser classificada como uma energia
sustentável.
É inevitável que um dia as hidrelétricas cheguem ao seu limite de produção e
a busca por outras fontes que a possam substituir é uma urgência. A utilização de
fontes que sejam renováveis e sustentáveis é sem dúvidas a melhor opção visando
uma diminuição no número dos gases que são liberados e aumentam o efeito estufa.
De maneira sucinta, a eficiência energética pode ser definida como uma
forma de propiciar um uso energético racional e, consequentemente da matéria
prima fornecida para esse fim. Para tanto, diversas regulamentações e certificações
foram estabelecidas em relação ao setor elétrico de forma a promover essa melhoria
e otimização energética.

Eficiência energética é definida como a obtenção de um serviço com baixo


dispêndio de energia. Não se trata da redução do serviço, mas do uso
eficiente e racional da energia e da redução do consumo (propiciando, por
consequência, a redução dos níveis de emissões de gases na atmosfera).
No âmbito da arquitetura e da construção civil, um edifício é considerado
31

mais eficiente do que outro se “oferece as mesmas condições ambientais


com menor consumo de energia” (LAMBERTS, et al. 2004; apud MOURA E
MOTTA, 2013, p. 44).

O objetivo precípuo da eficiência energética é a obtenção de serviços com


baixo gasto de energia, a partir de soluções que possibilitem essa redução como
aproveitamento racional das condições temperatura, ventilação, iluminação,
topografia do local, dentre outras. Ou seja, enseja em um planejamento apropriado
da edificação que passam desde o projeto até a execução. “Assim, os materiais
escolhidos, o paisagismo, a orientação e a escolha da tipologia exercem grande
influência sobre as condições de conforto de um lugar” (Ibidem).
De acordo com Ruiz (2014, p.28), a construção civil possui lugar de destaque
“entre as indústrias poluidoras do meio ambiente, enfrentando um grande desafio ao
tentar aumentar a eficiência energética durante e após a execução da obra, pois,
necessita de uma das maiores demandas energéticas no mundo”.
Nesse ínterim, a torna-se fundamental a adoção de técnicas que propiciem a
eficiência energética nas edificações, como conhecimento e investimento em “novas
alternativas de materiais e técnicas contribuiriam para o aprimoramento da
consciência de construtores, investidores e consumidores finais quanto aos
benefícios socioculturais, financeiros e ambientais obtidos” (RUIZ, 2014, p.28).
A construção civil, como já visto anteriormente nesse trabalho, contribui
bastante com o agravamento de problemas ambientais diversos, como o
esgotamento de recursos naturais, o que torna evidente a necessidade urgente de
mudanças na maneira de se pensar e executar a atividade da construção civil.
Faz-se necessária a adoção de novas tecnologias ou intervenções, “que por
fim possam propiciar melhor eficiência energética ao empreendimento,
apresentando sistemas mais racionais e sustentáveis que sejam capazes de atender
ou auxiliar na demanda por energia” (DORIGO, PINTO E SANTOS, 2010, P. 33).
Ainda segundo os supracitados autores, o que mais agrava o problema da
eficiência energética e baixo desempenho das edificações é “o raciocínio imediatista,
pois, os elementos de projeto, os mecanismos do mercado e o próprio ato de
executar a obra podem resultar em construções pouco eficientes no quesito
energético e de conforto térmico” (Ibidem). Por isso, torna-se necessária a
propositura de soluções que viabilizem a eficiência energética e sustentabilidade na
construção civil.
32

A análise geral do consumo energético na construção civil reafirma a


necessidade de adoção de medidas ambientalmente adequadas em todas as fases
da construção, ou seja, tanto de projeto, quanto de execução e ocupação de uma
edificação, isto é, “demonstrando medidas que podem ser adotadas no âmbito de
projetos e técnicas de construção para que haja redução no consumo energético e
melhora no desempenho dos processos” (RUIZ, 2014, p.29). Nesse sentido, tem-se
ainda que:

[...] o consumo energético nas edificações ocorre desde a etapa pré-


operacional pela extração e fabricação de materiais, transporte e construção
do edifício, como também durante a ocupação e a operação de elevadores,
bombas, equipamentos de automação, e de forma mais intensiva em
sistemas de iluminação e condicionamento térmico ambiental (LAMBERTS,
et al. 2004; apud MOURA E MOTTA, 2013, p. 46).

No entanto, a preocupação com a eficiência energética surgiu apenas na


década de 70 com a crise do petróleo que influenciou no suprimento de energia,
demandando uma readequação de estratégicas de gestão e utilização dos recursos
energéticos.
Na tentativa de minimizar os efeitos gerados pela crise, os países com grande
desenvolvimento da indústria investiram em projetos voltados para o uso eficiente da
energia, bem como em projetos que propõe o uso de fontes renováveis de energia.
Esses projetos objetivavam diminuir a dependência em relação ao uso do
petróleo e seus derivados enquanto fonte energética. Como exemplo, tem-se o
protocolo de Kyoto em 1997, no qual foi estabelecido um acordo internacional
estabelecendo entre os países participantes metas de redução de emissões de gás
carbônico, estimulando assim a eficiência energética.
No Brasil foram incrementadas usinas térmicas, bem como o lançamento de
um programa nuclear que visava a criação de usinas nucleares para a geração de
energia elétrica. Outra medida adotada pelo governo nacional foi a criação do
Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e a expansão das hidrelétricas de forma
alternativa à crise do petróleo.
Vale salientar que na tentativa de evitar o uso de petróleo para a geração de
energia, o governo brasileiro aumentou o preço do petróleo e implantou um sistema
de controle de cotas de combustíveis.
33

Depois foi lançado o Programa de Conservação de Energia Elétrica, em 1981,


sendo apontado como principal propulsor da adoção da eficiência energética no
Brasil.
Já em 1985 foi criado o Programa Nacional de Conservação de Energia
Elétrica conscientizando através da distribuição de manuais voltados à conservação
de energia elétrica.
Contudo, percebe-se ainda que grande parte das edificações é construída
com uso das mesmas técnicas e materiais utilizados há décadas, ou seja, com
“baixa racionalidade construtiva e alta geração de resíduos”; um exemplo disso é a
incidência de “construções informais e ainda pelo nível de educação, falta de
capacitação técnica da mão de obra, dificultando a utilização de novas técnicas,
envolvendo interesses voltados a ganhos imediatos ou em curto prazo” (DORIGO,
PINTO E SANTOS, 2010, P. 31).

Desempenho energético das Habitações

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016) apontou que a


região Sudeste é dominante em número de habitações. De acordo com os dados da
pesquisa 87% das construções do país são casas. “O Brasil teve um aumento de
43% no número de apartamentos, que passou de 4,3 milhões em 2000 para 6,1
milhões em 2010”, (IBGE, 2016).
No tocante à eficiência energética, o Brasil apresentou certos avanços em
alguns setores da economia, apesar do aumento da demanda do uso de energia
elétrica nas últimas décadas, sendo o setor industrial principal responsável. Por isso
faz-se importante o desenvolvimento de ações voltadas para a eficiência energética.
O ciclo de vida dos edifícios ocasionam diversos impactos ao meio ambiente,
inclusive de matérias primas que são convertidas em energia elétrica gerando
reflexos de ordem ambiental, social e econômico para o local onde foi construída a
habitação, como exemplo, a produção de gases atmosféricos e geração de resíduos.

A fase de construção é a que produz os impactos mais relevantes e


alterações mais significativas, em curtos períodos de tempo, nos sistemas
ambientais. Na fase de construção, os maiores impactos estão associados
a: alterações no meio envolvente, nomeadamente através da afetação da
fauna e flora locais e alterações no uso do solo; consumo de matérias
primas; produção, armazenamento e deposição de resíduos; produção de
ruídos e poeiras. Mais os impactos ambientais mais significativos
34

acontecem durante a fase de utilização do edifício, que é a fase mais


duradoura do seu ciclo de vida. (MARICATO, 2000, P.48).

Salienta-se ainda que os maiores consumos de energia da edificação provêm


de equipamentos de ventilação, de aquecimento e equipamentos elétricos no geral,
portando, consumindo energia durante o seu ciclo de vida. Por isso faz-se
necessária a adoção de meios que geram a aplicação da eficiência energética em
habitações.
Apesar de ser uma preocupação recente, é um mercado em expansão, já que
“grande parte das habitações nas cidades foram construídas em épocas em que
essa consciência de sustentabilidade ainda não estava disseminada, e podem ser
adaptadas com soluções sustentáveis de eficiência no consumo de energia”,
representando uma economia de 30% do consumo energético, “e no caso de
construções de raiz essa percentagem de economia pode chegar a 50% de
economia de energia” (Ibidem).

Muito mais que levar em conta a preservação ambiental, as construções


sustentáveis prezam em muitos casos pela economia de recursos
econômicos, o que é uma grande vantagem nos dias de hoje, sendo assim
o que é sustentável é saudável, e sempre deve ser incentivado a sua
disseminação nas sociedades. Portanto foi possível perceber que novos
produtos estão surgindo e num futuro não muito distante as pessoas já
poderão viver em habitações totalmente sustentáveis, capazes de gerar
conforto e qualidade de vida por um valor mais econômico e acessível.
(MARICATO, 2000, P.49).

Portanto, o maior desafio é promover a eficiência do uso energético nas


habitações, já que são essas também grandes responsáveis pelo consumo de água
e energia. A construção civil deve buscar pelo desenvolvimento sustentável das
construções.
Segundo Morishita (2011, p.62), o consumo de energia está diretamente
relacionado com a finalidade de cada edificação. Em seus estudos, o autor concluiu
que em 2009 o setor residencial foi responsável por 24% do consumo de toda a
energia produzida no país, e, “[...] nos setores residencial, comercial e público
implicou ao setor de edificações 47% de participação no consumo de energia,
ultrapassando o consumo do setor industrial que foi de 44%”. Em 2011, houve uma
redução no consumo residencial, conforme demonstra a figura 2:
35

Figura 2: Matriz energética por setor

Fonte: Morishita (2011).


Ainda de acordo com o autor, o consumo médio mensal de uma residência é
de pelo menos 152 kWh/mês. Logo, reforça-se a necessidade de otimização do
consumo, visto que a geração de eletricidade depende, em sua totalidade de
recursos naturais, sendo muitos deles não renováveis. A figura 3 mostra como se dá
a geração de eletricidade no país:

Figura 3: Matriz energética por geração de eletricidade

Fonte: Morishita (2011).


36

Como visto na figura acima, as hidroelétricas são responsáveis por maior


parte da geração de energia elétrica do Brasil. De forma geral, essas usinas utilizam
a força das águas para geração de energia elétrica. A energia hidrelétrica utiliza
água dos rios. “No Brasil, essa é a principal fonte de energia elétrica do país, ao lado
das termoelétricas, haja vista o grande potencial que o país possui em termos de
disponibilidade de rios propícios para a geração de hidroeletricidade” (MORISHITA
2011, p.64).
Nas hidroelétricas são construídas barragens no leito do rio para represar
essa água que vai ser utilizada na geração de eletricidade. Abaixo, na figura 4 tem-
se um exemplo desse tipo de geração energética:

Figura 4: Hidroelétrica de Itaipu (Foz de Iguaçu)

Fonte: MME (2017).

Segundo os dados do Balanço Energético Nacional (BEM) de 2012, ano base


2011, e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e
Energia (MME), a geração de energia no Brasil é oriunda de 56% de fontes não
renováveis de energia, como por exemplo, da extração do petróleo, o gás natural, o
minério de urânio e o carvão mineral, e, 44% de fontes renováveis, ou seja,
passíveis de reposição, tais como dos biocombustíveis líquidos, biogás, a energia
hidráulica, eólica, a lenha, o carvão vegetal e, até mesmo, a energia (MME, 2017).
Vistos esses delineamentos gerais sobre geração e consumo de energia
elétrica no país, retoma-se aqui a necessidade de se pensar em soluções viáveis
37

para a eficiência energética. Nesse sentido, Moura e Motta (2013, p.52) ressaltam
que devem ser adotas soluções desde a fase de projeto, “implementadas na fase de
construção e adotadas na fase de utilização da edificação, sendo possível a
racionalização do consumo de energia até mesmo em edifícios já existentes, que
não foram concebidos sob princípios sustentáveis”.

Recomenda-se que na fase de projeto arquitetônico priorizem-se


edificações com condicionamento térmico aceitável aliado a um mínimo
consumo de energia, oferecendo proteção adequada contra insolação no
verão, amortecimento da temperatura pela utilização de materiais de grande
inércia térmica, alta qualidade de ventilação e iluminação, aproveitamento
da insolação no inverno e isolamento racional de superfícies externas para
proteger os ambientes contra trocas de calor indesejáveis e condensação
(BALTAR, et al, 2006, P.47).

A partir da leitura acima, reforça-se a necessidade de que a própria


arquitetura seja aliada à construção civil para que se consiga otimizar o consumo de
energia nas habitações.
Outra proposta viável seria a adoção de fontes renováveis de energia como “a
utilização de painéis solares, e contribuir utilizando-se tanto de materiais com
menores níveis de emissões, quanto de materiais que apresentem níveis reduzidos
de emissões na fase de produção” (MOURA E MOTTA, 2013, p.52-53).

Energia sustentável

Entende-se por energia sustentável aquelas produzida sem agredir o meio


ambiente e que se renovam sem necessidade de intervenção humana e em um
lapso temporal viável.
Dentre as fontes de energia renováveis e sustentáveis tem-se: eólica, obtida
através de massas de ar: a energia eólica é conseguida por meio das massas de ar;
solar, obtida através de painéis solares fotovoltaicos; biogás, obtido por meio de lixo
orgânico, como cascas de frutas e verduras e excrementos de animais que são
convertidos em gás; marés, funcionam de maneira similar à energia eólica.
38

Aterro Sanitário

Nem todo país possui uma boa renda econômica, profissionais capacitados,
mesmas individualidades ambientais e são de primeiro mundo, tendo isso em vista,
todos os países devem buscar uma boa administração para os seus resíduos sólidos
considerada a atual situação degradante em que o meio ambiente global se
encontra, porém nem todos têm o que é necessário para tal.

O gerenciamento da limpeza urbana não é uma tarefa simples e não dada a


improvisos técnicos e administrativos. Em geral, depende de aspectos
técnicos, administrativos, jurídicos, econômicos, sociais e políticos
envolvidos, obrigando a profissionalização dos funcionários responsáveis
pelo serviço, em qualquer nível (SILVA, 2000, p.13).

O atual modelo de desenvolvimento econômico no mundo é o consumista,


porém o mesmo acarreta um grande impacto negativo para o meio ambiente.
Grandes empresas sejam elas nacionais ou não, fazem o manejo e a disposição de
seus resíduos de forma inadequada, por não haver nenhum tipo de controle ou
restrição legal que as impeça.
Os vários tipos de embrulhos descartáveis que são feitos de plástico, vidro,
ferro, papel, entre outros que são dispostos de maneira igualmente inadequada, tudo
isso acumulado em locais clandestinos de disposição de resíduos, os chamados
lixões (SILVA, 2000).
São poucos os aterros que funcionam de maneira correta ambientalmente,
por depender de manutenção e controle elevados, muitos resultam na perda de sua
competência e qualidade. A figura 5 apresenta em porcentagens como se dá a
destinação dos resíduos sólidos no Brasil:
39

Figura 5: Destinação final de resíduos sólidos no Brasil

Destinação Final de Resíduos Sólidos no Brasil

1%

10%

13%
Disposição a céu aberto
Aterro controlado
Aterro sanitário
Compostagem/incineração
76%

Fonte: Figueiredo (1995).

Mesmo com a existência de aterros sanitários, dos 24% dos resíduos que são
tratados de maneira considerada minimamente adequada ambientalmente, 13% vão
para aterros controlados, segue no gráfico 02, que é um tipo de disposição final que
acarreta em uma enorme contaminação nos lençóis freáticos. (Figueiredo 1995).
Já o lixão a céu aberto não contém nenhuma medida de proteção para com o
solo e meio ambiente, é um simples acúmulo de resíduo em local inapropriado e a
céu aberto sem qualquer tipo de preocupação com a área em que é depositada, com
a emissão de gases, como o metano, a disseminação do lixo pela ação do vento, a
penetração do chorume no solo causando contaminação de lençóis freáticos ou a
infestação de animais em suas proximidades como, galinhas, porcos, cachorros, etc
(BIDONE, 2001).
Nestes locais de disposição ilegal também não possuem qualquer tipo de
seleção de resíduos, podendo conter lixo proveniente de locais de saúde e
industrias, como mostra a figura 6:
40

Figura 6: Funcionamento de um lixão ao céu aberto

Fonte: Silva (2000).

Sabe-se que a disposição dos resíduos sólidos urbanos nos lixões a céu
aberto traz, mais do que problemas ambientais, saúde pública danificada e impactos
sociais também são resultados dessa pratica.
Na saúde pública, o lixo impacta indiretamente para proliferação de doenças,
com a disposição inadequada do mesmo, a incidência de vetores que se agrupam
nos lixões em busca de comida e abrigo, se transforma em mecanismos de
transmissão de doenças ali encontradas.
O aterro controlado é aquele mais recomendado para otimização do processo
de reciclagem, geração de energia biodegradável e redução dos impactos
ambientais. Considera-se parecido com os aterros sanitários, esta técnica é mais
aconselhável aos lixões, pois possui uma área de acúmulo de resíduos minimizada.
Em grande maioria não possui a impermeabilidade de sua base ou sistema de
tratamento de chorume ou da emissão de gases. Por seu elevado custo de
instalação e seus problemas para com o meio ambiente, este método é menos
aconselhável que os aterros sanitários. A figura 7 apresenta sucintamente um
esquema de aterro controlado:
41

Figura 7: Esquema de Aterro Controlado

Fonte: D’ Almeida & Vilhena (2000).

Já o aterro sanitário dispõe-se de critérios e de normas técnicas específicas


para seu funcionamento, utiliza de um processo de acúmulo de resíduos sólidos no
solo, no geral lixo domiciliar. Sua disposição é segura, pois existe um controle
bastante rigoroso para não ocorrer poluição ambiental, sua confinação é através de
camadas que são cobertas por materiais inertes, na maioria das vezes se utiliza o
próprio solo (D’ ALMEIDA & VILHENA, 2000).
Vários estudos são realizados bem antes de um aterro ser construído, como a
topografia do local e sua geologia, para que assim não aja comprometimento ao
meio ambiente.
Os líquidos que são provenientes dos resíduos não se infiltram no solo, pois
existe uma camada de argila e lona plástica que é feita inicialmente na base do
aterro, possibilitando assim o seu tratamento em lagoas de tratamento através da
drenagem feita por tubulações apropriadas. Também há o cuidado com a
pluviosidade do local, vários tubos cobrem a área do aterro para evitar seu acúmulo,
como sintetiza a figura 8 sobre o aterro sanitário ideal:
42

Figura 8: Aterro sanitário ideal

Fonte: D’ Almeida & Vilhena (2000).

Segundo a (NBR 8419/1992), os procedimentos técnicos fundamentais para


elaboração de um projeto de aterro são:
I. Impermeabilização da base.
II. Impermeabilização superior.
III. Monitoramento ambiental.
IV. Monitoramento geotécnico.
V. Sistema de drenagem de lixiviados.
VI. Sistema de drenagem de gases.
VII. Exigência de células especiais para resíduos de serviço de saúde.
VIII. Apresentação do manual de operação do aterro.
IX. Definição do uso futuro da área do aterro após seu encerramento de
atividades.
Há um processo de liberação de gases no aterro proveniente da degradação
dos resíduos ali impostos, eles são armazenados em tanques para serem
queimados ou aproveitados para gerar energia, esses são os chamados de aterr os
energéticos (BIDONE, 2001).

Biogás

O biogás é uma forma de energia sustentável, decorrente da geração de gás a partir da


reciclagem de matéria orgânica, de resíduos industriais, fezes de animais, “esgotos, vestígios
da agricultura, entre outros é chamada de biogás, sua geração natural é feita em lugares
submersos pois não pode haver oxigênio em meio ao processo, já sua geração antrópica se
43
tem por meio de aterros sanitários” (BORBA, 2006, p.39).

É um gás produzido pela decomposição anaeróbica dos resíduos sólidos orgânicos, cujo sua
composição se dar por 35% de dióxido de carbono, 60% de metano e os outros 5% por um
conjunto de vários gases, são eles, amônia, gás sulfídrico, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio,
monóxido de carbono e aminas voláteis. O biogás pode chegar a conter cerca de 40% ou até
80% de gás metano em sua composição, mas isso vai depender do quão eficiente este
processo foi (PECORA, 2006, p.44).

Nesse sentido, observa-se uma considerável variação no nível de produção de biogás em um


aterro, visto que essa produção pode variar em detrimento da ação de diversos fatores,
influenciando diretamente na composição dos resíduos a serem degradados. “A melhor fase
para sua produção está entre os primeiros dois anos e que logo após decai progressivamente
ao passar dos anos, porém sua geração após o fechamento de sua célula se estenda por volta
de 20 anos” (FILHO, 2006, p.94).
Pelas vantagens apresentadas, a utilização do biogás enquanto meio de geração de energia
tem-se demonstrado eficiente para resolução de problemas de produção em diversos setores
(agropecuários, industriais, etc.) e redução dos danos ambientais, como emissão do gás
metano na atmosfera, além de auxiliar na produção de eletricidade.

As aplicações do biogás são inúmeras, sua compatibilidade para as atividades realizadas pelo
gás natural é quase que 100%, porém existem
44

algumas de suas utilidades que é preciso ser tratado para atender seus requerimentos, como,
seu uso em combustível, sua distribuição em tubulações, para aplicações estacionárias, etc
(PECORA, 2006, p.44).

A cidade de São Paulo possui aterros sanitários especializados em geração de energia elétrica
é referência nesse tipo de produção energética. Segundo Costa (2002) essa energia produzida
pelo aterro consegue abastecer em média 35 mil residências com a energia proveniente do
biogás.
Ainda de acordo com o autor, o município de São Paulo foi o primeiro a utilizar o biogás como
fonte de energia. Todo o gás dos resíduos são queimados com o uso de 24 geradores de alta
potência e as máquinas transformam o biogás do aterro em energia elétrica. suficiente para
abastecer 35 mil domicílios da cidade de São Paulo,conferindo além de ganhos ambientais,
receitas extras para o município (COSTA, 2002).
A geração de biogás em um aterro segundo percorre cinco fases que vai desde a
decomposição dos resíduos sólidos, até a conversão em CH4 e CO2, como se vê no quadro 3:

Quadro 3: Descrição das fases da geração do Biogás


Fase Descrição
Ajuste inicial Decomposição biológica dos resíduos sólidos.
Transição A célula se encontra em sua capacidade máxima de
retenção de umidade, fazendo com que o chorume e os
gases produzidos gerassem a mudança da condição no
interior da célula de aeróbica para
anaeróbica, iniciando a composição de ácidos graxos.

Formação dos ácidos Nessa fase, assim como em seu nome, são produzidos
aglomerados reduzidos de ácidos mais complexos e o ácido
acético que é constituído com
baixa massa molecular;

Metanogênica O ácido acético e o hidrogênio que foram gerados na fase


três são convertidos em metano e dióxido de carbono pelos
microorganismos anaeróbios, os
chamados metanogênicos.

Maturação Final A maioria dos elementos foram convertidos em CH4 e CO2.


É nessa hora que partes dos resíduos que não fora
degradado ate então reagem, pois o fluido gerado continua a
deslocar-se por entre o lixo
Fonte: Monteiro (2003).
45

O quadro acima descreveu todos os acontecimentos em cada fase da produção do biogás,


porém, apesar dessa sucessão de acontecimentos, existem variáveis que influenciam a
produção do biogás, como “a porção de nutrientes acessível, o quão úmido o lixo se encontra,
o ordenamento dos resíduos na célula, e a sua compactação” (BARBIERE, 2007, p.128).
Outros fatores também influenciam a geração de gases no aterro sanitário, dentre eles a
temperatura; o Ph das bactérias; a composição dos resíduos; o tamanho da partícula; e, a
forma de construção e operação do aterro.
46

3. METODOLOGIA

Área de estudo

A pesquisa foi realizada na cidade de Itabuna, no estado da Bahia. O


município foi fundado em 1910 e hoje é considerado é um centro regional de
comércio, indústria e de serviços do sul do Estado baiano. Possui uma extensão
territorial de 432,244 km² e uma população estimada em 221.046 mil habitantes. A
figura 9 mostra a localização de Itabuna no mapa da Bahia:

Figura 9: Mapa do município de Itabuna

Fonte: Ganem (2018).

Materiais e métodos

O presente trabalho de conclusão de curso teve como suporte metodológico a


pesquisa bibliográfica, do tipo exploratória, subsidiada pela leitura, análise e
interpretação de códigos e leis pátrias, livros, periódicos, documentos, textos
selecionados, artigos, revistas especializadas, além conteúdos de sites acadêmicos.
A revisão da literatura ou bibliográfica é um levantamento crítico, meticuloso
de publicações referentes à determinada área do conhecimento. A pesquisa
exploratória refere-se a um estudo preliminar do principal objetivo da pesquisa,
conferindo mais dados e conhecimento sobre tal temática, permitindo ao
47

pesquisador definir o seu problema e formular a sua hipótese decidindo sobre as


questões que carecem de uma investigação mais aprofundada. Ainda segundo o
autor, a pesquisa pode de natureza exploratória, quando envolver levantamento
bibliográfico, proporciona uma visão geral de um determinado objeto de estudo.

Procedimento analítico

Em um primeiro momento, a metodologia usada foi estruturada de forma a


possibilitar a identificação das fontes de informações sobre o tema; posteriormente o
levantamento das alternativas viáveis para desenvolvimento sustentável, como uso
do EPS na construção civil.
Esse tipo de metodologia permite conhecer as diferentes contribuições
científicas para o tema em questão, visto que tal metodologia confere um suporte
eficiente em toda etapa desde a definição do problema, na escolha dos objetivos, na
construção de hipóteses, justificativa e fundamentação teórica.
Para simulação do cenário futuro de utilização e conversão do Biogás no
aterro, foi utilizado o Método de Projeto (CETESB/SMA), o qual utiliza como
parâmetros a fração de metano no biogás, a quantidade média de resíduos
depositados durante o ano, potencial de geração de biogás e o exponencial da
proporção de tempo do decaimento do aterro, representados na formula descrito
abaixo:
Q = F .R .Lo .(1 – e –K.t), sendo:

Q = Metano gerado [m³/ano];


F = Fração de metano no biogás [%];
R = quantidade média de resíduos depositados durante o ano [kg RSD/ano];
Lo = potencial de geração de biogás [m³ de biogás/kg RSD];
k = constante de decaimento [ano-1];
t = tempo decorrido;
RSD = Resíduos Sólidos Depositados;
M.O. = Matéria Orgânica.
Onde:
Lo = FCM.COD.CODf.F (16/12), sendo:

FCM = Fator correção de metano do lixo [kg de CH 4/kg de RSD];


48

COD = carbono orgânico degradável [kg de C/kg de RSD];


CODf = fração em volume de metano no biogás [%];
F = 0,50 ou 50% (Mendes & Sobrinho, 2007);
(16/12) = fator de conversão de carbono em metano [kg de CH4/kg de C].
Onde:
CODf = 0,014.T + 0,28, sendo:

T = temperatura na zona anaeróbia [ºC];


T = 50 ºC.
49

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O foco de discussão desta monografia pretendeu aludir a aspectos relevantes


da geração de entulhos e consequentemente o impacto ambiental ocasionado pelos
descartes dos resíduos em áreas de deposição irregular, analisando a disposição
destes no município de Itabuna, região sul do estado da Bahia. Segundo o IBGE
(2016), Itabuna surgiu em 1857, servindo, a priori, de ponto de passagem de
tropeiros que se dirigiam a Vitória da Conquista, sudoeste do estado.
A emancipação política administrativa ocorreu em 1910, possuindo uma
extensão territorial de 443.198 km² e uma população de 204.667 habitantes (IBGE,
2016). O crescimento urbano e populacional do município incrementa a indústria da
construção civil, aquecendo as atividades deste setor no município.
Em decorrência do aquecimento da atividade da construção civil tem-se um
aumento no volume de resíduos, facilmente visíveis em vias públicas da cidade, que
se constituem em pontos de deposição irregular. O poder público municipal não tem
aporte para monitorar tal problema, como também não dispõe de dados gerenciais
quantificando o volume de entulhos.
Outro problema são os resíduos sólidos diversos, tanto doméstico, quanto
hospitalar, industrial e etc. O crescimento populacional aumenta paralelamente essa
demanda. De acordo com duas empresas privadas que oferecem serviços de
recolhimento desses entulhos, são colhidos diariamente pelo menos de 12,9 t/mês.
Entretanto, além das empresas de na coleta de RCD’s, há particulares que realizam
esse serviço com carroças, galeotas, transportes particulares, caçambas e
caminhões, que acabam depositando esses entulhos em locais clandestinos.
Dessa forma, a destinação irregular dos RCC, sem nenhum tipo de
segregação, acarreta na inviabilidade da reciclagem dos mesmos, e, consequente
reaproveitamento em outras obras. A estimativa dos órgãos públicos municipais é
que a quantidade de resíduos de construção e demolição, baseadas em municípios
com população semelhante, é quantificada a partir das taxas de geração de 400
kg/hab.ano e de 700 kg/hab.ano.
O órgão da administração pública responsável pela gestão dos RCC em
Itabuna é a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR). Todavia, o
licenciamento é realizado pelo Departamento de Licenciamento e Fiscalização
50

Ambiental (DELFA). Os dados foram obtidos em visita técnica feita à Secretaria de


Agricultura e Meio Ambiente do município de Itabuna. Essa secretaria possui dois
departamentos ligados ao meio ambiente que são o Departamento de Licenciamento
e Fiscalização Ambiental (DELFA) e o Departamento de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (DEMAH).

Simulação de geração de biogás de um aterro sanitário

Dentre as diversas formas de avaliar através de cálculos a produção de gás


em um aterro sanitário, utilizou-se o método de projeto da (CETESB/SMA, 2003), e
foram realizados os seguintes cálculos com objetivo de quantificar a geração de
biogás em um possível aterro sanitário no município de Itabuna.
Tendo em vista a não existência de um aterro sanitário na cidade alvo da
pesquisa, alguns dados foram retirados de uma pesquisa realizada na cidade vizinha
de Ilhéus (GANEM, 2017), por possuírem algumas características similares; no
entanto, houve a necessidade da realização de uma regra de três simples para obter
valores proporcionais aos dados que possuam uma maior variabilidade, a fim de se
simular um resultado com decorrer de vinte anos.

Equação 01
Q = F .R .Lo .(1 – e –K.t)
Sendo:
Q = Metano gerado [m³/ano];
F = Fração de metano no biogás [%];
R = quantidade média de resíduos depositados durante o ano [kg RSD/ano];
Lo = potencial de geração de biogás [m³ de biogás/kg RSD];
k = constante de decaimento [ano-1];
t = tempo decorrido;
RSD = Resíduos Sólidos Depositados;
M.O. = Matéria Orgânica.
Segundo a pesquisa de campo feita por Ganem (2017), a quantidade média
de resíduos depositados durante o ano em ilhéus é de R = 70.123.968 kg/ano,
utilizando uma regra de três simples comparando a população das cidades de ilhéus
e Itabuna, como fator principal de variabilidade da geração de resíduos sólidos, se
51

tem uma média aproximada de resíduos sólidos depositados durante o ano na


cidade alvo da pesquisa. Segundo IBGE (2018) Ilhéus possui 164.844 habitantes e
Itabuna 212.740 habitantes. Logo:
164.844 hab ------------ 70.123.968 Kg/ano
212.740 hab ------------ R Kg/ano

R = 90.498.732 Kg/ano;
Utiliza-se o mesmo valor da constante de decaimento, pois a precipitação
anual nas duas cidades se equipara durante o ano.
k = 0,125 (precipitação anual superior a 2000 mm) (World Bank, 2003);
O tempo também se mantém o mesmo, pois o espaço de tempo estudado na
pesquisa será igual.
T = 20 anos;
Para as variáveis da equação do potencial de geração de biogás, foram
utilizados os dados encontrados na pesquisa de Ganem, (2017), pois ou são
constantes ou são aplicáveis para com a cidade alvo da pesquisa por ter a mesma
característica em questão.
Equação 02:
Lo = FCM.COD.CODf.F (16/12)

Em que:
FCM = Fator correção de metano do lixo [kg de CH4/kg de RSD];
COD = carbono orgânico degradável [kg de C/kg de RSD];
CODf = fração em volume de metano no biogás [%];
F = 0,50 ou 50% (Mendes & Sobrinho, 2007);
(16/12) = fator de conversão de carbono em metano [kg de CH4/kg de C].

FCM (CETESB/SMA, 2003) para aterro sanitário = 1,0.


COD = (teor de carbono x fração de M.O.amostrado) = 0,28. 0,83
M.O./R.S.D.;
COD = 0,23 kg.C/kg.RSD.
52

Equação 03:

CODf = 0,014.T + 0,28.

Em que:
T = temperatura na zona anaeróbia [ºC];
T = 50 ºC.
CODf = 0,98.
Lo = 1 x 0,23 x 0,98 x 0,50 x (16/12)
Lo = 0,150 kg CH4/RSD
Retornando à Q = F.R.Lo.(1-e-K.t), têm-se:
Q = 0,50 x 90.498.732 x 0,150 x (1-e-0,125x20)
6.230.260,778 m3/ano
ou
112.144.077,2 J ou 112.14 Mj

Gráfico de produção de biogás ao longo de vinte anos.

O gráfico 1 simula o aumento do volume de geração de metano projetado na


taxa de aumento populacional ao longo de 20 anos, utilizando o crescimento
populacional da Bahia (IBGE, 2013) de 1,043 ao ano; considerando Q01 como o
final do primeiro ano de operação e Q20 o ano final do cenário calculado. As
mudanças no padrão de consumo não foram consideradas.
53
Gráfico 1: Cenário de Geração de Biogás (2018 - 2038) com base no crescimento populacional
estimado

CENÁRIO DE GERAÇÃO DE BIOGÁS


(ANOS)
2040

2035

2030

2025

2020

2015

2010

2005 (m3/ano)

Fonte: Dados da pesquisa (2018)

Quantitativo de energia gerada a partir do biogás.

Proporcionalmente o aterro iria gerar inicialmente cerca de 31,15 kWh/mês, e


com o passar do tempo, em seu pico de produção de biogás em 2038, ele irá gerar
cerca de 72,30 kWh/mês. Pode não ser uma grande geração de energia elétrica,
porém pode saciar pequenas demandas além de reduzir impactos a sociedade e ao
meio ambiente.
54

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desse estudo vislumbraram-se benefícios e potencialidades da


produção energética a partir da decomposição dos resíduos sólidos em aterros
sanitários. Contudo, observou-se que apesar das vantagens econômicas, sociais e
ambientais decorrentes da utilização dessa forma de energia sustentável, poucos
são os municípios e empresas de iniciativa privada que investem nessa produção.
Constatou-se que a crescente urbanização, desenvolvimento da construção
civil e demais aspectos influenciam diretamente nos impactos ao meio ambiente,
principalmente om a geração desenfreada de resíduos sólidos, como da construção
civil, hospitalar, doméstico, industrial, dentre outros.
Dessa forma, foi possível entender que para solucionar emergencialmente os
problemas advindos da destinação final dos resíduos sólidos é necessária uma
atuação do poder municipal na adoção de medidas não apenas de resolução do
problema, mas também de prevenção.
Como exemplo, tem-se a manutenção de uma área destinada ao descarte
dos resíduos, constante de fiscalização e impedimento de descarte de lixo orgânico
e podas de árvores no local, assim vedando a descarga de lixos domiciliares não-
inertes oriundo do preparo de alimentos, resíduos industriais e dos serviços de
saúde, além do impedimento da presença de catadores e animais.
Apesar do crescimento no setor da construção civil nos últimos anos, a cidade
de Itabuna, Bahia, ainda não tem uma política de gestão para os resíduos
produzidos pelas obras, e nem mesmo para os demais tipos de resíduos sólidos, o
que faz com que o material seja descartado sem maiores cuidados na natureza,
deixando de aproveitar grande parte desses resíduos.
Para tanto foi sugerido por esse trabalho a criação de um aterro sanitário que
viabilize essa produção de energia, pois além dos benefícios e reaproveitamentos
diretos, essa implantação no município de Itabuna, utilizando de um operação
ambiental e monitoramento geotécnico adequados, traria uma maior conservação
ambiental e uma melhor inserção social na região, já que diminuiria o lançamento
dos gases que causam o efeito estufa e a infiltração de líquidos no solo,
contaminando os lençóis freáticos e os cursos d´água do município; geraria um
aproveitamento energético eficiente com a diminuição de uso das fontes externas;
55

incentivo a coleta seletiva na triagem, reciclagem e reaproveitamento dos resíduos;


além da diminuição dos impactos à saúde pública e na inserção social-econômica
dos envolvidos.
56

REFERÊNCIAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15114: Resíduos sólidos


da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto,
implantação e operação. Rio de Janeiro, 2004a.

. NBR 10.004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004b.

BARBOSA, G. O desafio do desenvolvimento sustentável. 2008. Disponível em:


<http://www.fsma.edu.br/visoes/ed04/4ed_O_Desafio_Do_Desenvolvimento_Sustent
avel_Gisele.pdf> Acesso em 06 de outubro de 2018.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente -


CONAMA. Resolução n° 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes,
critérios, procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Brasilia-DF,2002.

. Ministério do Meio Ambiente: principais fontes geradoras de RCC.


2016. Disponível em: http://www.mma.gov.br/o-ministerio/centro-de-informacao.html
Acesso em 29 de agosto de 2018.

. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.


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