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Sumario ‘at Rrra Apresentagao, ae CAPITULO L O PONTO EA LINHA. HISTORIA DO DIREITO E {Snafenaane DIREITO POSITIVO NA FORMACAO DO JURISTA DO NOSSO TEMPO. : Introduga0.. : 1 Mintle 1,0 papel cultural da historia do dire ¢ 2 — eoscanie 2.0 Direito pertence a uma dimensio de civilizayzo....6 an 10 than See rte 3. Annecessidade cultural da presenga do historador nas eect Sones omoge Faculdades de Direito wren. 7 ee 4. Legitimando a presenga de historiador do dts... 9 5. Trés operagses para resgatar 0 contato eo dislogo do OO sntatan meta ee Naas ee RS historiador do direito, u me ConEIUSBO vn oe a3 so capituLo2 ‘Oi Hatie | Ta. SISTEMA JURIDICO MEDIEVAL E ‘ACIVILIZAGAO MEDIEVAL, cov 090 1. Por um renovado ¢ mais intenso didlogo entre "lent weporsve Mana Aprecide Gon Deoe medievalistas ¢ historiadores do diteit0...000.oson 17 ‘lomo wespraivl Hann Rporocide Conta Duane ‘Chsve-ioe? 0 PONTO EA LINHA. HISTORIA DO DIREITO E DIREITO POSITIVO NA FORMACAO DO JURISTA DO NOSSO TEMPO! Introdugio (0 tema sobre o qual gostaria de refletir, nio s6 por deter- minagio propria, mas também por desejo expresso de colegas amigos, consta entre os mais vivos ¢ urgentes que se ofere- ccem hoje a atengdo do jurista. Contém em si a questio relativa a concepeao do direito, dizendo respeito, consequentemente, 20 pprocesso de formagao do jurista e propria organizacao institu- cional das Faculdades de Direito na atualidade. Trata-se de problema resolvido por cada Estado na ordem organizativa da didatica universitéria, mediante a afirmagao ou a negagdo (ou, melhor dizendo, mais com a afirmago do que ‘com a negago) da presenga obrigatéria das disciplinas histéri- co-juridicas nos planos de estudos do curso de Direito, Na tia, por exemplo, foi ratificado recentemente o carster obrigatorio de uma disciplina romanista e de outra dedicada ao direito medie~ val e moderno. 7 O presente ensaio nasce como conteréncia ministrada em 26 de maio de 1988, por ocasito da cerimbnia de outorga do titulo de doetor ho- noris causa por parte da Universidade de Sevila, O texto foi publi- ado em eastelhano ~ com a “laudato a Paolo Grossi” de Bartolomé de Clavero.¢ com o curriculum vitae ~ pela mesma universidade a 1. O papel cultural da histéria do direito J diversas OPeOeS offcias, Cee aes aon interessa €a dimensto cabal de culty : ultural, isto & um papel QU, pata efeitos Fe ree forma, do jurado Noo tmp Ese respon for postiva: que papel & esse, € qual € 0 nexg mediador ene o historiador do direto, por um lado, € 08 cult. ‘adores das diversas ramificagdes do direito vigente, por outro? ‘A primeira questo eteio poder responder de modo afirmativo, sem maiores dividas, E ndo por me deixar tomar por um sent mento apologético incontrolado pela matéria que professo, mas por az3es intimamente relacionadas a uma visao critica dos es. tudos juridics e do oficio de juista. ‘Acrescento que tal resposta positiva se impoe particular rmente hoje, muito mais do que ontem. A constataga0 pode pa- recer chocante, Por iso, me sinto na obrigagao de motivé-la do ‘modo mais complet, Se olhar para tris, ndo seré dificil sentir a presenga de um Luniverso juridico constrangido entre as redes de uma opera- ¢o consciente e bem licida de redugao, Elevado ao centro das ateng6es constantes do poder burgués, 0 direito, inclusive o que regula as telagdes cotidianas que uma tradigao plurissecular deixava a produpto dos privados, assim, todo resulta ligado es- trcitamente a quem detém o poder politico. O Estado no s6 pretende criar o direito, mas também se afirmar como o tinico Sujeito produtor do mesmo, com a consequéncia imediata e gra- een também como o tinico ente em condigdes de Janice, ft soa genria: a mpresso eo privléyio da , transformando-a em norma juridica, Eum decidido ana 8? SN TeQuer um tragado firme e adota passo rain carat dt Revolugdo Francesa, Se, entre antigo e novo este aspecto onan an eeonhecertrasos de continuidade, sob 1ov0 contrast profundamente em contraposigi® (QDIRETO ENTRE PODER E ORDENAMENSTO A 4 historia juridiea contemporiinea foi mar- cada por fraturasirrepardveis. A operagio do poder burgus & rigidamente constringente e, por tanto, extremamenteredutora: os sujeits produtores do diito reduzemse a um s6. Este € identficado com a mera manifesto da lei, 4 qual agora ve torna fonte de qualidade superior, acedendo em eonsequencia 8 posigdo hierarquicamente primatia,O proprio ofiio de juris. ta, um oficio que a tradigdo majestosa do direito comum havia elevado a conditor iuris, agora se identifica com os redutivos trajes do exegeta de um texto normativo que resulta inteiremen. te estranho a0 proprio jursta, pois © mesmo de nenhm modo participou na sua produgéo, uma visto que, se situando no centro de um projeto po- icojuridico, apresenta o valor ndo desprezivel de conduzit a velha ¢ ca6tica ordem juridica a encaminharse para um sistema claro e simples, bem que se tratando sempre de uma operagio reducionista. O resultado que temos ¢ 0 de um panorama subs- tancialmente empobrecido, empobrecedor da complexidade riqueza do universo juridico, da propria ciéneia juridiea agora restrita a uma fungdo auxilia, do proprio métier do jurista. O grande risco consistia na imobilizagio através de um texto auto- ritdrio, cuja obrigatoriedade nio procedia da conscigncia social fem mutagiio, que podia, como com demasiada frequéncia tem acontecido, se dissociar da sociedade e se secar como uma casca sem o fluxo da sua linfa vita. O risco, em suma, era oda cisio centre dimensio juridica e civilizagio de fundo, entre dimensto Juridica e cultura em curso, entre formas e normas forms & fatos vitais ao velho. Com isso, © panorama que assim fica delineado, sumaria, mas fiel- mente, pertence ao nosso passado recente, mas tem tocado na profundidade da consciéncia dos juristas, arraigando-se nela ‘como uma solda intima: seja pela lucidez do projeto juridico ‘burgués, seja por sua carga de despotismo, seja pela preguiga ’Por ser expressto da vontade geral, conforme a mais notiria ieologia Juridica da Revolugto, (Cf. Déclaraton, 789 at. 6) PAOLO GRO, mera ima rN ae sm es st EO sug th matador ate de pases de regime aietva dos juristas: Nt Tr manifestar gritos de sofrimen, ositcado. nin deNAPETY vido a subserviencia exegéticg, coe ests de mPa TE acilmenteriscados como compg, nas foram gestos € 81 Se personagens com odor de heresig ne stimas décadas do século passed, ¢ sles, na Franga?, € © organicismo in, soso de Se eaa Media’; assim como tamb mn 8 Fosse aberturas de cultivadores do direito comercial, 1 oe tendo por font do dito a enaturerg so mpacignia do seu dscipulo Ascarell fren ae rrnrnagao contranatura do diteito em uma sucessto de FE tosh Mas s6 no transcurso desse iltimo século, lentamente rom algo de fadiga, mas sem pausa, vai-se abragando uma fecuperagao crescente da riqueza e da complexidade do uni- verso juridico. ‘ir B Gros Assolutsmo giuridcoe dirito privato. Lungo Vitne- ‘aro scenic di Raymond Saeiles. In: Rivista di Diritto Civile, XXXIK, 193, p45. ‘Tent ofrecerum panorama sinttico em “La scienza del divitto pri- ato” Una Rvisa-proeto nella Firenze di fine secolo, 1893-1896, Milan: Giufr, 1988, p15 s. Hero volume XX, 199, dos Quaderni Fiorentin’ per la Storia del imsero Gurdicn Modern, inteiramente dedicado & figura e & obra reaetteo Modero,intiramentededicado a figura € Cesare Vivant, rattatoddirita commerciale, Torino: Bocca, 189, esp b Lefont apg, mercial Torino: Boosa, 19%; Destageieenement es Blurdico (Ripensare, ee best em Le aporie dell'assolutismo Ibi re tone metodo di Tl scare ODIRETO ENTE PODIR E ORBEA NAMENTO a sociedade como fato global, manifestagbes’. Penso nas observagses imisiomec aca nogio de experiencia juridca, ao dicta wee ae mado como experiéncia, isto €, como dimensdo da vida’: Ponce em uma descoberta que aflora em forma continua nos aededses da Corte Constitucional italiana, do descobrimenta junto 20d. reito legal, de um diritto vivente, direito vivo e vives’ "om toda a exuberdncia de suas © direito, que antes se situava na superficie plana e seca das normas legais, recupera toda sua complexidade. Volta a ser como um universo, pode se dizer assim, de muitos estratos, Dessa forma, retorna como articulagdo legitima do horizonte dos juristas @ dialética entre validez e efetividade, que ja havia constituido a carga dinmica do velho dirsto comm. Nao te- 1mos de novo t8o-56 a medida rigida da valdea, isto é, da cor respondéncia com um modelo autoritirio geral, mas 2 plistica ‘maxima da efetividade, isto 6, da apropriagao social de uma re- gra ou de um principio. ‘Temos assim um resultado relevante: a ligagto recuperada en- tre direto e civilizagao, a capacidade renovada para se tratar de forma critica o legislador es seus produto, sles, iniciando um processo que, sem prejuizo do devido respeito regra legal, con- dduz a uma saudével desmistficagio. Legisiador lei descem do altar onde os havia entronizado a insistente propaganda burguesa para se confrontar com outrasfontes, em um univers juridico com, fronteiras notoriamente mais amplas. E emergem agora Angulos 7 Ao jurista, permito-me recordar que a refertacia € a Santi Romano, * De Giuse ‘Capograssi observem-se, sobretudo, os Studi sull espe > A mais recente é a de Luigi Mengoni, 1! “dirito vivente comme Milano: Giuffre, 1996. iimprevists de observa, com 0 e866" 703 da jg, > “abuso do leislabr” snoaeen fo menos na lila, ete € 0 Moen UE estamos ¥, justamente ienttico um papel indispensével para a hist. diteto, para o historiador do diteito como insubstituiyg| & ‘cultivador do diteito positivo, uma conse, festa e atua em virias diregdes, cigneia critica do critica que se ma ing 2. 0 Direito pertence a uma dimensao de civiizacig Fm primeiro ugar, a historia do direito reforea no jurist, persuasio crucial de que o direito pertence a uma dimensig civilizagao. Para este propésito, compete ao historiador, muy ‘mais do que ao filésofo ou ao comparatista, um papel exclus) vo: civilizagao significa historia, significa um contexto hist, rico determinado em toda a riqueza de suas expresses. E é pratica caracteristica do historiador colocar 0 dado que diane de si no interior do contexto que o gerou e que the imprine Vida. Fle, ohistoriador, quem pode e deve recordar a0s priva. tivistas e aos publcistas, todos eles presos nos préprios textos rnormativos, que 0 texto em si & sempre representagao de uma realidade de fundo, uma representagao parcial ¢ artificiosa; que © texto € como o cume emergente de um continente submerso, sendo enganosa a observacao da parte visivel, pelo que se faz necessirio o mergulho para poder apreciar a substancia efetiva do fenémeno, 7 Aen esta Lender a todo o resto situado além ¢absixo Favre reins cena ettade do universojuriic,soment uns Ge gS Pata eliza trea 0 historiado. Eo, rena vida em toda sua integridade, quem std voltado nao a isolar, mas a " Quando retomamos: ; se toma pr i jurista tanto superar ass preciosa, Permite ao ata Ficapdesfazem perch lificagdes persuasivas ~ pois simplé Pan afnal do dirsitoburgués , como também ODIRETOENTRE RODIN ORDENAMENTO the permite recuperar do achatamento € da tergiversagao 2 pro= pria complexidade do direito {A insergao do diteito no scio do projeto juridico liberal, ins- trumentalizando-0 de forma tio licida quanto inflexivel, tem tomprometido a autonomia do juridio, tem secado seus nexos ‘Sarurais com a sociedade e com a histéria, identificando-o, ou pre- qendendo identificé-lo, como sistema de regras pensadas do modo inais simples € abstrato possivel. A historia, a grande historia anvnas também ¢ inclusive ~ muito mais a historia de nossas vicis~ situdes cotidianas, a historia que sempre se encontra sob a éxide dda complexidade, tem dado com frequéncia amostras de rejeigo de tais simplificagdes. E, portanto, precioso que exista uma figura ypaturalmente vocacionada, pela indole do seu oficio, a fazer-se portador de um apelo & complexidade. 3. Anecessidade cultural da presenca do historiador nas Faculdades de A alusio que acaba de ser feita & dialética irresoluta entre simplificag2o das formas juridicas modernas e complexidade da vida juridica nos conduz sem saltos bruscos a identificar outra razio, no menos forte, da necessidade cultural da presenga do historiador nas Faculdades de Direito. A eivilizagao burguesa, este mundo de ontem, nao s6 imobilizou o direito: Teve a pre- sungao de imobilizé-lo dentro de regras construidas e pregadas como gerais € eternas. Na construgao destas regras, regras po- sitivas, dita civilizagao adotava sem reservas a eficaz estratégia do direto natural, isto é, de fundagées jurisnaturalistas muito densas e prestissimas, ou seja, em outras palavras, de funda- mentos de carster elegantemente ético. 0 éxito presumido, fruto também de uma propaganda inci- siva e intolerante, foi precisamente uma imobilizayao: a da regra que agora se est em condigdes de codificar, ltimo e definitive clo de um avango constante que posterga no pordio todo 0 passa- do, para fixar 0 presente, ¢ assim o futuro. A tendéncia natural de todo jurista a estabilizar as coisas, em quanto organizador incisive de tal regra vigente POssa Ser frutg pic fonvieyio de gue a8 sustentala pol 20" Fyotvas de valores inseritos nas Prépriag de letra € todos eisamente com 0 peso d3.Propagand, burguess Hi aul de propaganda to penetrate, advém uy ee eT em psioluica nesta ara 0 proprio ju ensue ye as um momento deicado € de dif yan misuracntreovelho © novo: debate-se assim rare onsideragio dos valores juridicas atuais Como se fos. sou unelusive, 08 Melhores. ‘rtd agai a segunda consequéncia nefasta: a incapacidade deproceder a um crivo citco de tis valores. Gostemos ou nao, serena herdcizos em linha direta do jurisnaturalismo do seculo XVIII, € temes 0 nosso foro interior inconscientemente, ontaminado pela sua sutil propaganda, Ainda hoje, diante de ‘evocagies como lei, legislador, cédigo, legalidade, hierarquia das fontes,certeza do direito, igualdade juridica, divisio de po- detes,¢ todo esse leque, isto &, diante dos idolos abengoados do santuario da Revolugdo Francesa, nos comportamos de forma Go pouco critica quanto um jacobino exaltado por um discurso de Robesperte. E nesse ponto preciso que se faz viva a fungdo ulterior da presenga critica do historiador. Sua tarefa, relacionada com 0 Sena enstemolgin, de relativizagao, de nser0 do tote negate hist, e assim relat, E desta rele pode edi au temos hoje necessidade. O historiador Trane gat 8 Privativista ao publicist, a estes sre ecrads eles valores ransmitids pelo tem imediat® oe aoe somente o fruto de dito passado Tie deta at enes duzenos anos, a Europa continental Que mundo histérico tem vivido também OpIRgHTO INTHE POOLE F OPEN AeAENTO ° QOWEITOENTRE PODER EOPDENAMENTO ie ide valores, € de uns valores alternativos; sendo, inclusive, 0s contrais. Estou fazendo referencia as grandes experiéneias juridieas do direito romano, ¢ do diteito comum medieval e pés-medie- Val, a uma tarefa historica de relativizagao cuja efiedcia poderd ver potencializada se 0 historiador contar com a companhhia do Comparatista, do conhecedor competente do planeta juridico gue convive conosco, limitrofe e, todavia, distante; 0 do com non law, um planeta que nao padece da quebra sofrida no sécu- To XVIII pelo direito continental europeu; e que assim se situa ‘em maior relagio de continuidade com os valores representados pelo ius commune medieval. [Nao se trata de infundir, no énimo do publicsta, ¢ muito me- nos do privativista,linhas de um ceticismo corrosive: assim como hndo se trata, nem muitisimo menos, de destruir um patrimnio “Aico-cultural que resulta por tantos motivos admirdvel. Trata-se, sim, de discuti-lo, de dialeticamente relaciond-lo a solugdes dife- rentes; de criticamente fortalecé-lo, fazendo dele, contudo, algo bem diferente da mitologia passivamente accita. © historiador, ‘estando a0 lado do cultivador do direito positivo, oferece uma contribuigio insubstituivel a esta saudivel desmistiicagdo: a simplificagdo do direito de ontem aparece, agora também, como simplificagio excessiva de uma realidade que cabe, antes, con- siderar em toda sua complexidade. Especialmente hoje, quando urge uma revisto da teérica tradicional das fontes do direito, pode set realmente fecunda uma vor que remita & harmonia das fontes ‘com as que um passado remota, aparentemente remoto, edificou a grandeza da propria mensagem. 4, Legitimando a presenga do historiador do direito Consideramos até agora duas expressdes de consciéncia cri- tica que por si s6s ja legitimariam a presenga do historiador do direito, mas nao queremos deixar na antecdmara outra que é inclusive, de maior aleance. A ciéncia juridica oferece hoje 20 observador atento um cendrio marcado por uma pesada con- Seen ece unidade, As analisesrefinadas do eivilista, de 9 Sent a process, do ena Fae ag do dre constitvem Se SPEC algumy Se remit eu et 88 1 PFOVOCAAD og, aoe eeu gu cena € ua PIB UMICAUE Mex, Sos seus fundamentosepistemab5zi°os Urge recuperar a percepgio de tal unidade por parte dg ode aise que nto quer dizer que 0 civilista ja n8o deyg eae nreom a seu ofsio de eiviist®, em awe, Menos an. Asser ahvlista que improvisar como penalista ou com on sSesulista, Estou consciente de que 0 grau de refinaments se sone ails cientifca 6 proporcional a uma inevitavel ‘isto por setores: quanto maior for 0 primeiro, maior sera tam. em a sezunda, E no estou menos eonsciente de que o ecle tleismo € um inimigo cultural e que se impde a especificidade de competéncias. Tudo isto, todavia, ndo deve se contrapor, ‘ou sequer mitigar a percepgao da unicidade do saber juridico. Prosiga-se com o cultvo do terreno proprio delimitado, mas tomando eonscigncia do que estésendo feito no terreno ao lado ¢ jamais abandonando esta atenglo, nem a disponibilidade de aprendermos com ela, Mediante esta recuperagio, 0 historiador do direito pode oferecer uma contribuigao fundamental. Fazendo efetivamente historia ele se mede sempre com a vida, feito global e unitario ainda em sua indubitével complexidade. Ao historiador sem- pre serio repugnantes isolamentos e compartimentos, porque & vida, a vida juridica de um momento histérico determinado, re- vela-se antes de tudo como um emaranhado intrincado de rela- Reece. Mitpas diversas manifetamse também demas esate Srentese paticulaizadas que aprofune 4 uma sida substineia unit . ‘como esté a essas alturas tradigdo: com es © DIREHTO INTHE PODER E ORDENAMENTO, 1 a debater somente com os colegas do estreto eampo dsciplinar {que Ihe € proprio 5, Trés operagées para resgatar o contato eo didlogo do historiador do direito Recuperayao da complexidade do universo juridico, relative zagio saudével do santuirio que cada jurista pode guardar com “elo no interior do proprio nim resgate da percepgdo da unidade da ciéncia juridica: temos aqui trés operagdes culturais que fazem cportunas, se nfo necesséris, o contato eo cokiquo continuos do historiador do direito com quem cultiva oditeto postivo. Ja disse em outras ocasides © gostaria de repetic mais uma ‘ver, agora nesta sede magnifica: no estamos em tempos de iso Jamentos para o jurista. E muito mais um tempo de trabalho em comum, de atengao e disponibilidade mituas. Alimento um s rio temor em relag2o aos isolamentos, em relagio ao especialista que trabalha solitario instrumentado e satisfeito com a couraga que a propria competéncia especifica Ihe fornece. Desconfio sobretudo de dois isolamentos especialmente perniciosos, 0 do historiador e 0 do analista de um direito vigente jgnorando-se reciprocamente, Falemos do primeiro isolamento, Infelizmente, constitui uma realidade habitual em muitas Faculdades de Direito: a do historiador que trabalha com paixao e dedicagao, mas afastado fem um canto em que © mesmo tem se organizado defenden- do-o com empenho. E a manifestagao externa de uma postura interior de profunda autossuficiéncia, que acentua a incomuni- cabilidade entre quem presume dominar 0s altos instrumentos, de uma suma erudigdo e quem, aos seus olhos, entretém-se, frequentemente para fins grosseiramente préticos, com os ar- tigos de um cédigo. ‘Tudo se torna menos complicado, cedendo da autossuficién- cia & compreensio, se o historiador, que naturalmente nto pode renunciar aos instrumentos preciosos favorecides por uma séli- da erudigao filolégica ¢ arqueologica, no desiste jamais, nem pe 094 cia Sex de scr um ver por um instante. da comet ri oa fe hrnie eienttico anilises de inteliyg ede fazer com o seu tcl “ ; «stems nom noes ge 2 COTES CU ARE Se sm Em ostin dier agn Beason ated ae msn" Jo dey ea fhe, mus sempre fundamental, da tenica juridica, Some ons uma autora Ppa, qu conerovien vom uma visio auténoma do mundo, 0 que, em suma, Sc umasberapesicn autonome deste ep estamos de xi. so m0 significa que ody > extja condenado ao formalismo € 0s SUS EXCeSSOS, coma lguas incultos poderiam crer. Ao contrario: 0 saber juridica, como saber téenico, ¢ simplesmente a clara ebuligao da dimensig ca dentro da grande realidade socioeconémica, uma ebuli. uso sabe etm cones deze peciamene iso oq equerem dents os pris his ‘adores. Recordo-me sempre com satisfago de conversagies .ntidas com Jacques Le Goff, especialmente uma de suas con- clusdes: Voeés, historiadores do direito, tém que desempenhar © ¥0380 oficio especifico e intransferivel. “Surtout soyez vous- sémes", isto é, sede juristas e fazei as tarefas de juristas; nio ‘os desnaturalizeis, porque de vés, historiadores gerais, é jus- {amen isso 0 que pedimos. Somente e, no imenso repertrio eee eta parecia sublinhar Le Goff, vés, es do diteito, conseguirdes identificar a dimensio ju- ridica, somente desta form: re 2 fae 1, chegarei izar, af enon “gareis vs a historicizar, a fazer Nao se diga qui Ee a site &5 Considerapoes precedentes so absolut © que so, portanto, initeis, Formalmente s@ opimemo tts DROENAMENTO trata de uma tautolog ‘mas substancialmente nao. Com dema- sada frequencia, © historiador do direito anda esquecido de sua dentidade de jurista, da juridieidade intrinseca do instrumental de intcligéncia que coloca em uso, Certamente é um jurista com tum Angulo muito peculiar de observaglo, mas participe junto tom o operacdor do diteito positive de uma aventura intelectual ‘Chego aqui a0 outro isolamento de que desconfio. Nao exis te divida alguma de que o privativista e o publicista tem por ficio o estudo de um direito vigente. O seu saber tem que Ser ‘assim especifico, posto que 0 direito vigente é o fruto hic et nunc de forgas historicas determinadas e alcanga expresso em fontes normativas determinadas. Tudo isto tomamos como 6b- vio. Nao é ébvio, pelo contrério, que a sua tarefa tenha que se jdentificar com a exegese, em uma atividade intelectual passiva, como juristas dotados de instrumentos exclusivamente lozicos ¢, sobretudo, psicologicamente alheios a respeito de um comple- xo de normas, cujo proceso de produgdo eles proprios ni tive~ ram nem tem envolvimento algum. Para uma ética meramente ‘exegética, 0 operador do direito positivo se restringe de fato a operagdes de carater logico-hermenéutico com uma limitago cexcessiva do seu horizonte, ou com a exclusto do enriquecimen- to que somente pode chegar de fora do texto, com uma fungao reduzida ao extremo. E uma fungio, ereio, que ndo corresponde ao que se espera hoje do jurista, Hoje se demanda a percepgo da complexidade, meu ponto de partida, como também se requer distanciamento critico (atitude bem diversa a do desprezo). Pede-se a distin- cia critica que coloca o presente — vigente em uma linha elegan- te, movendo-se entre passado e futuro. Conclusao exposto até agora se materializa em um salvamento cul- tural triplo: a favor, antes de tudo, da cigneia jurica e, mais es- pecificamente, tanto do historiador do direito como do analista mb do ex fs erudiva0 ue crusliga0 €, 10 OUTED, ay erui a los do direito positvo, reseatadon possa confins-los, em umt rormativ. ; sma questo que Considero ney Fica ainda por pontuar uma d se rer Pome eguivocos que ameagam eny SS ria para esa ee que se desconfiasse de uma ina socio Ni Be porgica a a8 timas conan spots def ogni, com arene om quot repented uma histria mesg cas em bet proposta atualidade, : um riseo que considero eliminado pelas préprias aly, poimicasdrigdas a uma historiografia juridica que consiggr omo fuga eelusto de propésitos culturais bem primérios, Que ro, em todo cas0,reterar 0 que ndo duvidei em proclamar em ‘oz alta e clara diante de um ilustre conclave internacional qa romanistas, medievalistas € modernistas!’. A historia nao tem ¢ incumbéncia de brindar modelos ao presente: verdade elemen, tar especialmente dirigia aos coegas romanistas, to inclinadoy com frequéncia, todos eles, a imobilizar e dogmatizar os seus admiréveis arqustipos “cléssicos”. ‘A comparacao vertical, mas sem divida também a horizon- tal, produ algo bem diverso: oferece ao presente momentos dia- ‘eticos. Relativiza tal presente, situando-o em relagao dialti com tais momentos. E, ao mesmo tempo, o enriquece e robuste- ce inserindo-o na linha que surge do passado, toca o presente ¢ ‘o-sobrepassa, drigindo-se, reta, em diregao ao futuro. Dialétca significa confrontagao com valores diferentes ¢, tebe Contrarios, valores que nao se valem de modelos cons- ee ee cia € disponibilidade para experiéa- Os diteremar iunizando reflexdes, integragGes, modificagdes ‘momentos histéricos, cada um dos quais realiza Fos dias 24.27 de abril de 19% € edicado a0 n strap anes em rela ao dieito comum eur0P em construcéo, QDIRENTO ENTE RODERE OnDERAMENTO. 4 na maturidade auténoma dos tempos, no sBo lh mas pontos de uma longa linha, pons sustemados por fora proprias e poculars, 2s Gnieas com res fer medidos e avaliados, mas sen Somente de uma linha, Peito as quais podem Pe pontos, fragmentos tio- © historiador nto oferece modelos, mas aponta o sentido da linha. Digamos que dissolve o absolutsmo do presente lat, vizando-o gragas a sua inserglo na linha, mas dotando-a seeing também de uma conscineia mais aguda da propria diregao. Uma direglo que certamente nao se encontra delineada por um cons. tante movimento evolutivo sob a égide de um constante progres: so,mas que Se constitu de vez em ver, tilizando a nica rgueza disponivel para a experiéncia humana, a vida inteiramente vivida, ‘completamente expressada, com todo o seu patriménio de valores contravalores. O presente &s6 um fragmento, um fragmento que, inclusive, € por natureza incompleto e mudo, tao deficiente e inexpressive ‘que pode tornar o olhar miope. Com as forgas exclusivas de pre- sente néio se constréi o futuro, E mais, necessita-se, nfo como modelo, mas como momento dialético, de uma maturidade que se manifeste em sua totalidade. E o historiador é, sem divida, 4 figura mais preparada ao futuro, pela perfeicdo (perfeigto no sentido latino que denota completo) de um patrimnio do pas- sado que Ihe é familiar e que torna o olhar, antes miope, agora Penetrante, permitindo superar a imperfeigdo cm si iniludivel do presente, Penso com frequéncia no momento nada fécil que nés, juris- tas, estamos vivendo. Penso particularmente em nosso esforgo plausivel por edificar passo a passo um dieito comum curopeu. s problemas fazem-se quase insuperaveis se vermos como ab- soluto o nosso presente ainda penetrado de Estados, de sobera- nias minuciosas, de leis nacionais. E aqui que se insere saudével 4 obra do comparatista no sentido vertical: as misérias de um Dresente que pode parecer eterno, tendo, ao contrario, origens ‘Wo préximas, serdo intensificadas no confronto com as paisa- ‘gens universalistas desenhadas pelo historiador. No momento ¢ vado uniforme 0 SISTEMA JURIDICO MEDIEVAL EACIVILIZACAO MEDIEVAL! |, Por um renovado e mais intenso didlogo entre medievalistas e historiadores do direito Sou o primeiro a desejar que o coléquio entre medievalis- tas ¢ historiadores do direito, longe de ser um fato episddico, possa concretizar-se em uma reciproca e continua participa” ‘fo, repropondo hoje otrago que distinguia a feliz estagio eul- tural que eu, estudante e jovem assistente, experimentava em torno de mim. ‘Neste dmbito, recordo a vivacidade das Semanas de estudo spoletinas dos anos cinquenta, em que muito frequentemente os protagonistas eram juristas (penso a Leicht, a Vaccari, a Bog- Trata-se do texto da conferénca introdutiria ao Congresso sobre “A civilizagdo comunal italiana na hstorigrafa internacional” organi= zado em Pistoia, em 9 ¢ 10 de abril de 2005, no “Centro Stu sulla CCivilita Comunale”, drigido pelo Prot. Giovanni Cherubini, Com ust pesar sem fim, dedico este escrito & meméria de Mario St ocala ‘um tempo meu cart mo diseipulo em Macerata, apos meu mestre ‘nos estudos histiriojuridicos, que, me dando 0 iltimo testemunbo do seu afeto, quis vira Pistoia ouvir minha conferéncia. Foi, aque, também o titimo abrago com ele, que deveria prematuramente nos deixar em I" de agosto de 2005. tudo MP ades € cult Fegor dis socwedaeeS © CUMURRS, Sito yg 1s se Abo PSST EM AM gui dage Maka Meac™a. PORE a V0 deles poder pa maior ou menor centralidade daque st Monsiiade do MENO ENEFE SUBSTAN emg er para pemanecer no een NEE & Mais family, soaker de er dverieadas 8 vozes de especial nao do epilisa m Medernidade, A civility ces zag juridca no sentido de que um espagy mei gs un argreturprjetual compete 20 dreto, dentro deo oteirasum inubitael rimado epistemolegica con. sae centaur € ess 6 observada COM atenglo € respeito ‘eran de todo intelectual; 0 jurita €homem de projtos, ext Perro da cade que o nutre e o forma como célula que a Penta seta no palicio como depositario natural do poder e Gdaloga com os doutos, ele — 0 primeiro entre os doutos como ‘mrerioctor privilegiado. Quando, na plena Idade Moderna, esta facerada e pluralista ordem sociopolitica e cultural é abando- nada por uma concepga0 monopolistica e absorvente do poder politic, o direto passa de feixe de nervos de toda sociedade (@ {gual toda sociedade civil concorre) um dos mecanismos essen ciais do poder, enquanto se deforma sensivelmente ¢ desvirtua a ‘ela relagdo entre direito e mundo circundante. O absolutismo juriico da idade liberal percebe o enorme valor — stricto sensu politico ~ do direito, o liga 20 poder € a classe detentora como precioso insirumentum regni mais do que antes tenha sido feito, ‘mortificaojuristaa ser repetidor da tnica voz do legistador. Dé-se 20 juridico o pape! infinitamente menor de servir como aparelho cortopédico para as fraquezas do legislador ¢ aos juristas este ‘io-papel de conselheiro de expedientes gramaticais. ere de paisagens historicas, diversidade de com pertamerios do juriio, No tema que nos reine, exist Um lee Teneo a cblemas de quesitos ede possiveisresosias que ase elimestgadr Sei desde jé que desta rquera ° nosso et um tesouro, hist vad 10 1 cant mir exper peFERENCIAS BIBLIOGRAFICAs ALLEGRETTI, Umberto, Diritto € Stato nella mdi froina: Cittd Aperta, 2002. or ARIES, Philipe. L’homme devant la mort. Pais; Sei, 197, BALDASSARE, Antonio, Glohalizzazione contro demas Lterza, 2002. BARILE, Paolo (a cura di). Piero Calamandrei~ Vetus sags grande maestro. Milano: Giuffté, 1990. Ban BLOCH, Mare, Apologie pour histoire ou Méierd’hisrien Pans Calin, 1989. BLOCH, Mare. Les rois thaumaturges, Now. Edition. Pas Gall rmard, 1983 (tradugo para lingua portuguesa em BLOCH. Mar Os "2s aumaturgos. 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