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ÍNDICE
1. CONSIDERAÇÕES PEELIMINARES................................................................................................................................ 2
2. TIPOS USUAIS DE LAJES DE EDIFÍCIOS......................................................................................................................... 3
3. PROJETO DE LAJES.................................................................................................................................................... 3
3.1. Cálculo dos esforços solicitantes e das armaduras................................................................................................... 3
3.2. Estados limites de serviço: deslocamentos e fissuração........................................................................................... 3
3.2.1. Verificação do estado limite de deformação............................................................................................................ 3
3.2.2. Verificação do estados limite de fissuração............................................................................................................ 4
4. SISTEMAS DE LAJES COMPOSTAS DE ELEMENTOS PRÉ-MOLDADOS.................................................................................. 5
4.1. Vantagens e desvantagens das lajes com nervuras pré-moldadas............................................................................. 6
4.2. Parâmetros geométricos que definem a laje e as nervuras....................................................................................... 7
4.3. Materiais e elementos constituintes das lajes com nervuras pré-moldadas............................................................... 8
4.4. Comportamento estrutural das lajes com nervuras pré-moldadas............................................................................. 11
4.4.1. Ação da laje com nervuras pré-moldadas nas vigas do pavimento........................................................................... 11
4.4.2. Dimensionamento à flexão de lajes pré-moldadas simplesmente apoiadas............................................................... 12
4.4.3. Dimensionamento à flexão das lajes com nervuras pré-moldadas contínuas............................................................ 13
4.5. Verificação ao cisalhamento das lajes com nervuras pré-moldadas.......................................................................... 14
4.6. CÁLCULO E VERIFICAÇÃO DE FLECHAS NAS LAJES COM NERVURAS PRÉ-MOLDADAS.......................................................... 14
4.7. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS.................................................................................................................................... 15
4.8. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................ 15
5. PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS COM LAJAS MACIÇAS DE CONCRETO ARMADO....................................................................... 15
5.1. Métodos de cálculo................................................................................................................................................ 16
5.2. Método elástico...................................................................................................................................................... 16
5.2.1. Hipóteses de cálculo.............................................................................................................................................. 17
5.2.2. Equação fundamental............................................................................................................................................. 18
5.2.3. Processos de resolução........................................................................................................................................... 18
5.2.4. Cálculo por diferenças finitas................................................................................................................................. 19
5.2.5. Processo dos elementos finitos............................................................................................................................... 19
5.2.6. Processo da grelha equivalente............................................................................................................................... 19
5.2.7. Determinação de esforços e deslocamentos por meio de séries................................................................................ 20
5.3. Roteiro para o cálculo de lajes de concreto armado................................................................................................. 21
5.3.1 Discretização do pavimento.................................................................................................................................... 22
5.3.2. Pré-dimensionamento da altura das lajes................................................................................................................ 22
5.3.3. Cálculo das cargas atuantes.................................................................................................................................... 23
5.3.4. Verificação das flechas.......................................................................................................................................... 23
5.3.5. Cálculo dos momentos........................................................................................................................................... 24
5.3.6. Determinação das armaduras longitudinais............................................................................................................. 24
5.3.7. Reação das lajes nas vigas...................................................................................................................................... 24
5.3.8. Verificação de lajes ao cisalhamento...................................................................................................................... 25
5.3.9. Detalhamento das armaduras.................................................................................................................................. 25
6. PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS COM LAJAS NERVURADAS DE CONCRETO ARMADO................................................................. 26
6.1. Lajes nervuradas de concreto armado moldadas no local......................................................................................... 26
6.2. Lajes nervuradas em uma direção........................................................................................................................... 27
6.3. Prescrições da NB1/80 (NBR 6118/80) ................................................................................................................. 28
6.3.1. Cálculo à flexão..................................................................................................................................................... 28
6.3.2. Verificação ao cisalhamento................................................................................................................................... 29
6.3.3. Verificação das flechas.......................................................................................................................................... 29
6.3.4. Dimensões e recomendações construtivas............................................................................................................... 29
6.4. Prescrições da NB1/2001 (NBR 6118/2001) .......................................................................................................... 20
6.5. Lajes nervuradas em duas direções......................................................................................................................... 30
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................... 30
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
Análise e comportamento de sistemas estruturais em concreto / Pavimentos de edifícios - Jasson R. Figueiredo Filho / Roberto Chust Cavalho
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Para se projetar uma estrutura composta de lajes, vigas e pilares é necessário,
inicialmente, definir o tipo de pavimento ou de forro que será usado para, então, determinar as
cargas e, a partir delas, calcular e detalhar as lajes, as vigas e, finalmente, os pilares.
Dependendo da finalidade da edificação projetada há um grau de exigência de
funcionalidade e dimensões mínimas (vão livre) a serem atendidos. As ações a considerar na
estrutura também dependem da utilização que será dada à edificação. Dessa forma, a escolha do
tipo de sistema estrutural a ser adotado para determinado pavimento deve estar baseada em
estudos de racionalidade, otimização de tempo, custo e dos meios técnicos disponíveis.
Os pavimentos são estruturas de superfície plana compostos de um ou mais elementos.
Esses elementos são usualmente chamadas de lajes, principalmente se executadas com concreto
armado ou protendido. Sob o ponto de vista estrutural são placas de concreto, com ações
preponderantemente perpendiculares ao seu plano médio, em que a dimensão perpendicular à
superfície, usualmente chamada espessura, é relativamente pequena frente às demais (largura e
comprimento).
O pavimento de um edifício pode ser composto por uma única laje, sem vigas, ou por um
conjunto de lajes, maciças ou nervuradas, apoiadas em vigas. Estas três possibilidades estão
mostradas na figura 1.
A concretagem de vigas e pilares costuma ser realizada de uma única vez, definindo um
único elemento laje-viga embora, por questão de simplificação, para efeito de cálculo,
geralmente não se considere esta ligação monolítica, admitindo-se a laje simplesmente apoiada
nas vigas de contorno.
Pode-se dividir as lajes de edifícios em dois grandes grupos: as lajes moldadas no local e
as executadas com elementos pré-moldados. Podem também ser de concreto armado ou de
concreto protendido, independentemente se pré-moldadas ou moldadas no local em que serão
utilizadas.
As lajes moldadas no local podem, por sua vez, ser subdivididas em lajes com vigas
(sistema chamado de tradicional) e lajes sem vigas (lajes lisas, planas ou cogumelo) e, ainda,
cada uma delas podendo ser maciça ou nervurada.
As lajes pré-moldadas podem ser executadas em placas, geralmente protendidas, em
concreto comum ou celular, em forma de π (ou duplo Tê) e alveolares, mostradas na figura 2 a e
2 b. Podem ainda ser compostas por vigotas unidirecionais do tipo trilho ou com armadura em
treliça, protendidas ou apenas com armadura passiva.
3. PROJETO DE LAJES
De uma maneira geral, o projeto de lajes, assim como qualquer elemento estrutural,
consiste basicamente em determinar o carregamento, o cálculo dos esforços solicitantes
(momentos fletores e esforços cortantes), efetuar as verificações do estado limite de serviço
(deslocamentos e fissuração), calcular as reações de apoio (geralmente vigas) e efetuar o
detalhamento das armaduras.
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A fissuração deve ser verificada de acordo com os critérios dados no item 17.3.3, com os
limites estabelecidos em 13.4.2. De maneira geral, fissuração que respeite esses limites (da
ordem de 0,3 mm a 0,4 mm) não denota perda de durabilidade ou de segurança quanto aos
estados limites últimos.
Por outro lado, conforme o item 17.3.3.2, o valor da abertura de fissuras pode sofrer
influência de restrições às variações volumétricas da estrutura difíceis de serem avaliadas de
forma suficientemente precisa. Além disso, essa abertura sofre também a influência das
condições de execução da estrutura. Por essas razões os critérios para estimar a abertura de
fissuras devem ser encarados como avaliações aceitáveis do comportamento geral do elemento,
mas não garantem avaliação precisa da abertura de uma fissura específica.
Para se executar um pavimento com essas lajes, não é necessário o emprego de formas,
pois as nervuras e os elementos de enchimento fazem esse papel para a concretagem da capa, e o
escoramento utilizado é bastante reduzido, apenas para auxiliar na resistência de uma pequena
carga acidental. Para vencer grandes vãos, ou suportar grandes cargas, este tipo de sistema se
mostra menos vantajoso, devido ao aumento da taxa de armadura e da altura final da laje.
Dependendo das dimensões do vão, são colocadas nervuras na direção transversal, com a
função apenas de travamento das principais (figura 4); isso é possível apenas quando as vigotas
principais são treliçadas, pois caso contrário seria grande a dificuldade em colocar a armadura
das nervuras transversais. Dessa maneira, é possível obter lajes com comportamento similar ao
daquelas armadas em duas direções, e um adequado travamento transversal entre as nervuras.
Elemento de Enchimento
Barras de Aço
Treliça
Nervura Transversal
Nervura Principal
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Como principais desvantagens apresentadas pelos sistemas de lajes com nervuras pré-
moldadas, podem ser destacadas a dificuldade na execução das instalações prediais nas lajes com
nervuras tipo trilho, e os valores dos deslocamentos transversais, que são bem maiores que os
apresentados pelas lajes maciças.
intereixo
a) Intereixo – distância entre o centro das nervuras pré-moldadas (figura 5 a), normalmente na
faixa de 40 a 50 cm, sendo raros os casos em que ultrapassa 60 cm; deve ser observado o
seguinte em relação a distância livre entre as nervuras (na NB1/01, item 13.2.4.2, os limites de
50 cm e 100 cm passaram a 60 cm e 110 cm respectivamente):
• se maior que 100 cm, o cálculo à flexão e cisalhamento será como o de um piso composto de
lajes maciças e vigas (nervuras);
• se entre 50 e 100 cm, o cálculo à flexão será como laje (placa) e o de cisalhamento como em
vigas; exige-se a verificação da flexão da mesa;
• se menor ou igual a 50 cm, o cálculo à flexão e cisalhamento poderá ser efetuado como em
lajes, e fica dispensada a verificação da flexão da mesa.
b) Altura total da laje – a altura total da laje, na figura 5b indicada com o valor de 12 cm, é
resultado da soma da altura dos blocos com a espessura da mesa. Está relacionada principalmente
com as flechas que podem ocorrer na laje, de modo a atender a limites impostos pelas normas;
são indicadas, normalmente, pela letra grega β, seguida de um número, indicando sua altura em
centímetros.
c) Altura da mesa – a altura da mesa (mesa de compressão para momentos positivos), que na
verdade é a espessura da capa (hf na figura 5 b), segundo o item 6.1.1.3 da NB1/80, não deve ser
menor que 4 cm e nem que 1/15 da distância livre entre nervuras. Na NB1/01, item 13.2.4.2, o
limite de 4 cm pode passar a 3 cm se não existir tubulação de diâmetro maior que 12,5 mm.
d)Largura da mesa – a largura da mesa (bf na figura 5 b) é função do intereixo adotado, e
deverá ser verificado, no dimensionamento da nervura, se toda ela colabora na resistência às
tensões de compressão no concreto.
e) Dimensões da sapata das nervuras treliçadas – a sapata das nervuras treliçadas, onde se
alojam as barras inferiores da treliça, têm largura em torno de 12 cm, e altura da ordem de 3 cm.
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f) Espessura das nervuras – a espessura (largura) das nervuras (bw), de acordo com o item
6.1.1.3 da NB1/80, não deve ser inferior a 4 cm. Segundo a NB1/01, item 13.2.4.2, a espessura
das nervuras não deve ser inferior a 5 cm. Nenhuma das duas versões da norma permite o uso de
armadura de compressão em nervuras de espessura inferior a 8 cm.
g) Altura da treliça – a definição da altura da treliça depende principalmente da necessidade ou
não de armadura de cisalhamento na laje; caso ela seja necessária, a própria armadura lateral da
treliça desempenhará essa função, e em caso contrário será apenas construtiva.
a) Elementos pré-moldados
O elemento pré-moldado (linear) tem função resistente, obtida da associação do concreto
com armaduras; esses elementos são feitos de concreto com fck 20MPa ou mais, têm formato e
dimensões constantes é são produzidos em mesas vibratórias com fôrmas metálicas. O elemento
pré-moldado e a capa trabalham como uma só peça, formando a seção resistente da laje, que para
efeito de cálculo é admitida como tendo a forma de um T. Os elementos podem ser de três tipos:
• vigotas de concreto armado com seção transversal na forma aproximada de um T invertido
(trilho), com armadura passiva envolvida totalmente pelo concreto (figura 6 a);
• vigotas com armadura treliçada, constituídas por uma treliça espacial de aço composta por
três banzos paralelos, e diagonais de forma sinusoidal soldadas aos banzos, e uma placa de
concreto envolvendo as barras inferiores da treliça que irão compor a armadura da face
tracionada (figura 6 b);
• vigotas de concreto protendido com seção transversal em forma aproximada de um T
invertido (trilho), com armadura de protensão pré-tracionada envolvida totalmente pelo
concreto (figura 6 c).
Armadura Pré-Tracionada
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b) Painéis treliçados
Os painéis treliçados são placas de concreto moduladas e pré-fabricadas (figuras 7 a e
7 b). Eles podem ser entendidos como uma extensão das vigotas pré-moldadas. A vantagem deste
tipo de elemento em relação ao anterior é o de ter grandes dimensões, mas de peso controlado.
Ele permite formar lajes com superfície inferior contínua de concreto armado, semelhante às
lajes maciças. Esses painéis podem também ser utilizados como fôrmas para lajes maciças de
maior espessura, e neste caso são usualmente denominados de pré-laje.
Armadura Treliçada
Concreto
S
3S
PAINEL PRÉ-MOLDADO
e) Elementos de enchimento
O material de enchimento não é um material estrutural, e em princípio qualquer produto
inerte pode ser utilizado. O elemento de enchimento (figura 6), que na maioria das vezes fica
incorporado na laje, pode ser de blocos cerâmicos (lajota), blocos de concreto comum, blocos de
concreto celular, blocos de EPS ou outros suficientemente rígidos que não produzam danos ao
concreto nem às armaduras.
Esses elementos têm a função de aumentar a altura da laje, afastando o concreto da capa
(comprimido) da linha neutra e aumentando o braço de alavanca entre a zona comprimida e
tracionada, e de criar vazios, economizando concreto. São desconsiderados como elementos
resistentes, mas devem suportar o peso do concreto fresco moldado no local e as ações devidas à
execução.
O bloco cerâmico tem peso próprio não muito elevado (peso específico em torno de
13 kN/m3 – 1300 kgf/m3). Ele deve possuir o mínimo de resistência necessária para não quebrar
ao ser transportado até a laje, e para sofrer flexões durante a colocação do concreto ainda plástico
da capa e durante a vida útil da laje.
Os blocos de EPS (poliestireno expandido, matéria plástica derivada do petróleo - isopor)
podem ter as mais variadas formas, sendo obtidos a partir de grandes peças. No Brasil são
produzidos normalmente com as dimensões de 100 cm x 100 cm x 400 cm. São bastante leves
(peso específico entre 0,13 kN/m3 a 0,25 kN/m3 – 13 kgf/m3 a 25 kgf/m3), proporcionam um bom
isolamento térmico e acústico e são facilmente posicionados entre as nervuras (figura 8).
Os blocos de enchimento fabricados com concreto celular são também bastante leves. O
concreto celular é um composto formado de uma mistura de areia média, cimento, fibras de
polipropileno, água e bolhas de ar incorporadas uniformemente na massa, por meio de uma
espuma com uma densidade em torno de 80 g/l. É um material homogêneo, resistente e tem
medidas uniformes (figura 9 a), facilitando a execução (figura 9 b). O concreto celular tem
elevada fluidez e baixa condutividade térmica, e possui excelentes índices de isolamento térmico
e acústico. Sua massa específica pode variar entre 500 kg/m3 a 1200 kg/m3; quanto maior sua
massa específica, maior sua resistência.
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Entretanto, será que a capa de concreto não confere rigidez, mesmo que pequena, ao
pavimento na outra direção, propiciando que também as vigas laterais recebam uma parcela da
carga proveniente da laje? Através de um estudo foi verificado que de fato essas vigas também
recebem uma parcela do carregamento atuante no pavimento; em função dos diversos valores
obtidos para vários casos estudados, recomenda-se, em princípio, que de 25% a 30% da carga
total seja transmitida a essas vigas. Os valores recomendados são limites, o que pode resultar em
vigas superdimensionadas para particulares situações.
É importante destacar que quando se considera uma fração da ação para uma direção, o
valor para a outra direção automaticamente fica fixado, pois a soma das ações deve resultar na
ação total sobre o pavimento. Assim ao se optar, por exemplo, em usar 80% da ação total nas
vigas da direção x e este valor estiver a favor da segurança (for maior que o real) na outra direção
estará sendo considerada ação menor que a real. Dessa maneira, a favor da segurança,
recomenda-se ainda que nas vigas perpendiculares aos elementos seja admitido que atue toda a
carga proveniente da laje, e nas vigas paralelas 25% a 30% dessa ação, ou seja, nos cálculos de
todas as vigas de apoio será empregada uma carga maior que a total atuante.
0,05
0
momrnto fletor (tf.m)
1 3 5 7 9 11
-0,05
-0,1 placa
-0,15 nervura
-0,2
-0,25 elemento
isolado
FIGURA 10. Diagrama de momento fletor na região central da placa para os três casos
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Dessa maneira, o modelo para o cálculo da laje pode ser admitido como o de um conjunto
de “vigas” paralelas que trabalham praticamente independentes, podendo ser adotada seção
transversal em forma de “ T ” (figura 11), sem qualquer contribuição do material de enchimento
na resistência do conjunto.
Pelo modelo de empregado, é possível perceber que a seção transversal resiste melhor aos
momentos “positivos” que aos “negativos”, pois a região de concreto disponível junto à borda
inferior da laje (região comprimida para momento negativo) é bem menor que a região junto à
face superior. Assim, em lajes contínuas, nem sempre é possível obter junto aos apoios
intermediários o momento negativo total indicado pelo cálculo. Por este motivo e também
porque em obras de pequeno porte é difícil garantir o posicionamento da armadura negativa
(durante a movimentação dos operários pode-se deslocar essa armadura), recomenda-se nessas
situações o emprego de lajes em que as nervuras sejam simplesmente apoiadas.
Com base no modelo descrito é possível dimensionar a altura e a armadura longitudinal
necessárias. Na prática costuma-se tabelar os resultados obtidos por este procedimento para que o
engenheiro possa usar determinada laje pré-moldada sem efetuar todo o cálculo. A maioria das
tabelas existentes não leva em conta os efeitos da fissuração e deformação lenta do concreto, o
que pode levar a grandes erros.
atuantes.
Uma solução apontada para esse problema é a adoção de seção maciça de concreto na
região onde a seção nervurada não resiste ao momento negativo. Outra possibilidade é considerar
que o esforço solicitante no apoio diminua até um valor correspondente à resistência da seção
nesse apoio (ou uma parcela deste valor, ou ainda, um valor obtido experimentalmente) e, em
seguida, considerar a redistribuição dos esforços ao longo da nervura, para verificar se o máximo
momento fletor positivo solicitante não ultrapassa o máximo resistido na seção de momento
positivo.
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lajes maciças diminui consideravelmente quando o pavimento se repete, pois pode ser utilizado o
mesmo jogo de fôrmas e escoramentos várias vezes.
A relação entre altura (espessura) e vão da laje de pavimentos de edifícios costuma variar
de 1/40 a 1/60. Considera-se que a laje cuja relação se encaixa dentro desses limites, tem uma
altura considerada, para efeito de cálculo, pequena (aplica-se a teoria das placas delgadas).
A concretagem de vigas e pilares costuma ser realizada de uma única vez, definindo um
único elemento laje-viga embora, por questão de simplificação, para efeito de cálculo,
geralmente não se considere esta ligação monolítica, admitindo-se a laje simplesmente apoiada
nas vigas existentes em seu contorno; situações de engastamento ocorrem apenas quando há lajes
de rigidez equivalente justapostas, podendo assim admitir que há continuidade.
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maciças são placas delgadas de concreto e, portanto, a elas se aplicam todos os conceitos e
teorias desenvolvidas para as placas delgadas.
Segundo a NB1/01, item 14.7.3, os métodos baseados na teoria da elasticidade podem ser
utilizados nas estruturas de placas, com coeficiente de Poisson ν (relação entre as deformações
transversal e longitudinal de um elemento submetido a uma determinada força) igual a 0,2. Já na
NB1/80, o cálculo elástico é previsto no item 3.3.2.1, com o mesmo coeficiente de Poisson.
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mx ∂ 2 w ∂2w
= + ν ⋅
D ∂x 2 ∂y 2
my ∂2w ∂2w
= +ν⋅
D ∂y 2 ∂x 2
A equação das placas delgadas resolve por completo o problema da placa de forma
qualquer, carregada com carga qualquer e repousando num contorno de apoio qualquer.
Praticamente a resolução é possível mais ou menos facilmente em alguns poucos casos, e não
conhecida em outros.
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contornos não regulares, com vazios internos (poços de elevadores), lajes com vigas e lajes sem
vigas.
A linha elástica w (x,y) (forma da superfície da placa após sua deformação) afim ao
carregamento (tem a mesma forma do carregamento, ou seja é uma função do mesmo tipo) será
dada por uma série dupla, e é obtida a partir das derivadas da equação fundamental e das
condições de contorno para a placa, apoiada ao longo das bordas (deslocamentos verticais
impedidos) e com rotação livre, resultando:
p mn m⋅π⋅x n⋅π⋅y
w= 2
⋅ sen ⋅ sen
m2 n2 a b
π4 ⋅ D ⋅ 2 + 2
a b
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m⋅π⋅x n ⋅π⋅x
sen ⋅ sen
16 ⋅ p
w= ⋅∑∑ a b
π6 ⋅ D m 2
n
2
m ⋅n ⋅ 2 + 2
m n
a b
Os momentos mx e my , por faixa de comprimento unitário, nas direções x e y (direções
de colocação da armadura) são obtidos a partir das derivadas da superfície elástica w (x,y), ou
seja:
mx ∂ 2 w ∂2w my ∂2w ∂2w
= + ν e = +ν
D ∂x 2 ∂y 2 D ∂y 2 ∂x 2
n2 m2
+ ν ⋅
b2 a2
16 ⋅ p m⋅π⋅x n ⋅π⋅ y
my = ⋅ ∑∑ ⋅ sen ⋅ sen
π4 m n m2 n2
2 a b
m⋅n ⋅ 2 + 2
a b
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O cálculo por séries de um pavimento constituído por várias lajes, classicamente é feito
admitindo cada uma trabalhando isoladamente (discretização do pavimento), e isso é
fundamental para utilização de tabelas. Ressalta-se, porém, que com processos como o de grelha
equivalente ou elementos finitos, os pavimento podem ser analisados como um todo.
Para projetar um pavimento em lajes maciças, então, primeiramente é preciso separar o
pavimento em lajes isoladas; em seguida deve ser pré-dimensionada a espessura (altura) de cada
laje, determinar os carregamentos atuantes, verificar as flechas, calcular os esforços e
redimensionar a espessura se necessário. São então determinados os esforços solicitantes finais,
calculadas as reações nas vigas de apoio, feita a verificação do cisalhamento, dimensionadas e
detalhadas as armaduras positivas e negativas. Em seguida, resumidamente, é comentado cada
uma dessas etapas.
Com isso, o valor da altura h da laje poderá ser determinado (figura 12), somando-se ao
valor de d, o cobrimento c a ser considerado mais uma vez e meia o diâmetro φ da armadura
φ
empregada h = d + c + φ + 2 .
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Ainda, no item 6.1.1.1 da NB1/80, está estipulado que a espessura das lajes não deve ser
menor que:
Os deslocamentos não poderão atingir valores que possam resultar em danos a elementos
da construção apoiados na estrutura ou situados sob elementos da mesma, prevendo-se, nestes
casos, quando necessário, dispositivos adequados para evitar as conseqüências indesejáveis.
A verificação dos deslocamentos se faz no estado limite de utilização, de acordo com o
item 13.3 da NB1/01, e de acordo com o item 5.4.2.2 da NB1/80, que fornece a seguinte
combinação para o caso de edifícios (substituindo-se as solicitações pelas ações, o que é possível
quando o cálculo é feito por processo linear):
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Fd = Fg k + 0,7 ⋅ Fq k
onde:
Fd – ação de cálculo;
Fgk – ação permanente característica;
Fqk – ação acidental característica.
5.3.5. Cálculo dos momentos
Os momentos positivos e negativos das lajes, nas direções x e y, podem ser calculados
por séries, com o uso de tabelas. É importante destacar novamente que os momentos são
determinados para uma faixa unitária de laje, e para lajes isoladas. Também é interessante
observar que os coeficientes indicados nas tabelas levam a valores extremos dos momentos e,
portanto, não expressam a variação de esforços ao longo da placa.
No caso de momentos negativos em face comum à duas lajes, é usual considerar o maior
valor entre a média e 80% do maior; entretanto, a favor da segurança, recomenda-se tomar para
cálculo das armaduras negativas, o maior dos dois momentos nessa face.
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FIGURA 13. Regiões da laje para o cálculo das reações nas vigas
Não houve mudanças a respeito das reações de apoio nas lajes maciças na NB1/01,
conforme se depreende da leitura do item 14.7.6.1.
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Dessa forma, para efeito de cálculo considera-se que cada laje nervurada seja
simplesmente apoiada em seu contorno, e no caso de lajes vizinhas, na região da face comum,
deve ser colocada apenas uma armadura construtiva, negativa, para evitar fissuração exagerada
da mesa de concreto.
FIGURA 14. Laje nervurada e seções transversais com materiais de enchimento: a) forma
reutilizável; b) blocos de concreto; c) blocos de concreto celular; d) tijolos cerâmicos furados
Para que uma laje nervurada possa ser admitida engastada no contorno é necessário criar
uma mesa de compressão inferior, porém nesse caso será necessário realizar a concretagem em
pelo menos duas etapas. Outra solução é, simplesmente, eliminar, nas regiões do contorno
engastadas, o material de enchimento, criando uma região maciça. Na figura 15 estão indicadas
essas duas situações.
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FIGURA 16. a) pavimento a ser executado; b) solução em laje nervurada em uma direção
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O item 3.3.2.1 da norma estabelece que as lajes podem ser calculadas como placa em
regime elástico, e os itens 3.3.2.3 a 3.3.2.8 referem-se às seguintes situações de placas,
aplicáveis também às maciças: vãos livres, distribuição de cargas, largura útil e condições de
apoio, lajes contínuas armadas em uma direção, armadura de tração sobre os apoios e armaduras
nos cantos das lajes retangulares livremente apoiadas nas quatro bordas.
Fica claro, a partir dessas recomendações, que um piso, cuja sistema estrutural seja
composto de “nervuras” espaçadas a uma distância superior a 1 m deve ser considerado, para
efeito de cálculo, como um pano de lajes e vigas.
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Este valor geralmente é muito a favor da segurança. Desta forma, recomenda-se que a laje
nervurada seja calculada, para efeito de pré-dimensionamento, como maciça e, para efeito de
detalhamento, como grelha.
BIBLIOGRAFIA
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