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Anedota.

Eu tenho uma piada bem curta para contar: ressocialização. Pronto, contei. Uma piada
inteligente; é difícil, eu sei, talvez nem todas as pessoas compreendam a graça contida nessa
palavra. Interessante isso… pois o humor que vive encapsulado dentro desta palavra só é
possível de ser absorvido, se você estiver ciente, se você estiver atento à realidade que ela
habita. Caso contrário, ela, a palavra “ressocialização”, até parece uma premissa simpática,
mas é só uma piada. O uso da palavra “simpática” nesse contexto foi muito irônico, mas
vamos deixar isso pra um outro momento. Vamos avançar nessa investigação humorística.
Vou contar outra piada então. “Todos são iguais perante a lei”. Essa foi muito boa. Essa foi
muito engraçada. Acho que é mais fácil de compreender com o auxílio da construção de
uma frase. O português é uma língua complexa, mas muito rica, muito cheia pequenos
detalhes que podem acrescentar muito a esse discurso, a essa ideia, a essa piada mesmo.
Por exemplo a palavra “todos” contida nessa frase, ou melhor, nessa anedota… Nossa como
eu adorei falar essa palavra: anedota… Anedota... Enfim… foco. “Todos”, a palavra “todos” é
um pronome indefinido. Quando a palavra “todos”, que é um pronome indefinido se
relaciona com a palavra “lei”, que é um substantivo feminino, para transmitir a ideia de que
“a lei é implacável a todos”, encontramos o núcleo atômico dessa anedota, anedota... pois
quem é esse “todos” não é mesmo? Qual a cor da pele desse “todos”? Quem consegue se
manter mais indefinido do que outros “todos”, escondido, sei lá… num sítio de advogados…
numa plantação de laranjas… Enfim, consegue captar a piada contida nisso tudo? Isso é
muito refinado, isso é muito inteligente e só não enxerga graça nenhuma nisso tudo quem
está submetido a “ressocialização”. Que é a nossa primeira piada, entendeu?

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