Prédios caem.

Tudo acaba… tudo tem um fim! É verdade isso… estou falando sério. Tudo que tem começo
tem um dia que termina, pode demorar… mas um dia acaba. Um prédio de concreto, do
chão até o topo, se vacilar, ele racha, ele quebra, ele cai e acabou. Mas antes dele cair, ele
dá sinais, ele começa a desbotar a pintura, a perder as pastilhas, a mostrar a estrutura
enferrujada, a infiltrar água do sétimo até o terceiro andar. E vai aparecendo uma rachadura
que começa bem pequena, quase nada e aos poucos ela vai crescendo, e abrindo, e
mostrando que tem uma cidade depois daquelas paredes, que tem uma vida para além
daquele concreto. Entende. Mas é um processo de desgaste, uma mistura do tempo com a
falta de cuidado. E eu ainda estou falando do prédio… daquele dia que você percebeu que
uma fiação deu curto-circuito e não se fez nada… que uma placa de gesso caiu e você
pensou “ufa, ainda bem que não caiu em mim”, mas em momento nenhum você entendeu
que tinham mais outras 14 placas que podiam cair a qualquer momento e você não fez
nada… E quando você menos espera uma parede cai! Isso tudo porque eu só estou falando
de um prédio, mas eu podia dizer que geladeiras pifam, que televisões queimam, que
relógios quebram, que pessoas morrem, que frutas estragam e caixas de leite cheias de
conservantes um dia estragam, pilhas alcalinas também perdem a sua energia e acabam,
assim como relacionamentos, eles acabam…
Ah… pode ser que no meio do entulho do prédio que desabou venha a surgir uma flor, mas
será algo que nasceu, depois que esse prédio caiu.