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Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 1

SUMÁRIO

1 RETIFICADORES .....................................................................................5
1.1 Introdução ................................................................................................5
1.2 Tipos de retificadores .............................................................................5
1.2.1 Retificador monofásico de meia onda .......................................................6
1.2.2 Retificador monofásico de onda completa.................................................7
1.2.3 Retificador trifásico de meia onda ...........................................................11
1.2.4 Retificador trifásico de onda completa.....................................................13
1.3 Filtros utilizados em circuitos retificadores........................................17
1.4 Retificadores na REPAR (CR)...............................................................19
1.4.1 CR com amplificador magnético..............................................................20
1.4.2 CR com ponte trifásica semicontrolada ...................................................23
1.4.3 Retificadores de entrada das UPS’s........................................................24
2 ACUMULADORES DE ENERGIA – BATERIAS - BT ............................26
2.1 Introdução ..............................................................................................27
2.1.1 Histórico ..................................................................................................27
2.1.2 Definições preliminares ...........................................................................28
2.1.3 Estado da arte em geradores eletroquímicos - baterias ..........................29
2.2 Acumulador elementar..........................................................................32
2.2.1 Princípio de funcionamento do acumulador ............................................34
2.3 Aplicações .............................................................................................37
2.3.1 Associação série de acumuladores e/ou baterias ...................................38
2.3.2 Associação em paralelo de baterias........................................................39
2.4 Principais definições e parâmetros para acumulador - BT................43
2.4.1 Capacidade .............................................................................................43
2.4.2 Carga.......................................................................................................46
2.4.3 Vida útil esperada....................................................................................47
2.4.4 Resistência interna ..................................................................................48
2.5 Situando os bancos de baterias da REPAR ........................................49
2.6 Fatores de conservação e manutenção da confiabilidade da BT .....50
2.7 Fatores ambientais e de segurança relacionados às baterias ..........51
2.7.1 Compromisso com o meio ambiente .......................................................51
2.7.2 Identificação de perigos à saúde .............................................................52
2.7.3 Primeiros socorros...................................................................................52
2.7.4 Risco de fogo ou explosão ......................................................................52
2.7.5 Medidas contra vazamentos acidentais...................................................53
2.7.6 Manuseio e estocagem ...........................................................................53
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2.7.7 Informações ecológicas...........................................................................53


2.8 Provocações para reflexão sobre o saber construído .......................54
3 INVERSORES .........................................................................................57
3.1 Introdução ..............................................................................................57
3.2 Tipos de inversores...............................................................................57
3.2.1 Inversor half-bridge..................................................................................57
3.2.2 Inversor full-bridge...................................................................................58
3.2.3 Inversor push-pull ....................................................................................59
3.3 Princípio da modulação PWM ..............................................................60
3.3.1 Modulação PWM senoidal a dois níveis ..................................................61
3.3.2 Modulação PWM senoidal a três níveis...................................................62
4 NO BREAK - UPS...................................................................................63
4.1 Introdução ..............................................................................................63
4.1.1 Definição .................................................................................................63
4.1.2 Estado da arte em no breaks – UPS .......................................................64
4.2 Situando as UPS´s da REPAR ..............................................................68
4.3 Possibilidades operacionais da UPS...................................................73
4.3.1 Operação em estado de rede normal ......................................................73
4.3.2 Operação via baterias .............................................................................73
4.3.3 Operação em estado de emergência via chave estática .........................74
4.3.4 Operação via bypass de manutenção .....................................................75
4.4 Principais parâmetros a considerar nas UPS´s ..................................75
4.4.1 Potências:................................................................................................76
4.4.2 Tensões:..................................................................................................77
4.4.3 Correntes:................................................................................................78
4.4.4 Autonomia ...............................................................................................79
4.5 Provocações para reflexão sobre o saber construído .......................79
REFERÊNCIAS.........................................................................................................81

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Circuito retificador monofásico de meia onda não controlado..................6


Figura 1.2 - Principais formas de onda........................................................................6
Figura 1.3 - Retificador monofásico de onda completa não controlado.......................7
Figura 1.4 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo positivo da fonte ..7
Figura 1.5 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo negativo da fonte.8
Figura 1.6 - Principais formas de onda........................................................................8
Figura 1.7 - Circuito retificador monofásico em ponte semicontrolado........................9
Figura 1.8 - Principais formas de onda........................................................................9
Figura 1.9 - Circuito retificador monofásico em ponte totalmente controlado............10
Figura 1.10 - Principais formas de onda....................................................................10
Figura 1.11 - Circuito retificador trifásico de meia onda não controlado....................11
Figura 1.12 - Principais formas de onda....................................................................12
Figura 1.13 - Circuito retificador trifásico de meia onda controlado...........................12
Figura 1.14 - Principais formas de onda....................................................................13
Figura 1.15 - Circuito retificador trifásico em ponte não controlado ..........................13
Figura 1.16 - Principais formas de onda....................................................................15
Figura 1.17 - Circuito retificador trifásico em ponte semicontrolado..........................15
Figura 1.18 - Principais formas de onda....................................................................16
Figura 1.19 - Circuito retificador trifásico em ponte totalmente controlado................16
Figura 1.20 - Principais formas de onda....................................................................17
Figura 1.21 - Circuito retificador com filtro capacitivo................................................18
Figura 1.22 - Tensão de saída com filtro capacitivo ..................................................18
Figura 1.23 - Circuito retificador com filtro LC ...........................................................18
Figura 1.24 - Tensão e corrente na entrada com filtro capacitivo e com filtro LC......19
Figura 1.25 - Diagrama do retificador trifásico tipo 3 BTU.........................................22
Figura 1.26 - CR 5601 da CAFOR ............................................................................23
Figura 1.27 - Vista interna do CR 5601 da CAFOR...................................................23
Figura 1.28 - CR 5301 do UTRA ...............................................................................24
Figura 2.1 - Acumulador elementar ...........................................................................29
Figura 2.2 - Acumulador prático ................................................................................32
Figura 2.3 - Placas em paralelo.................................................................................33
Figura 2.4 - Estado de carga no acumulador ............................................................36
Figura 2.5 - Associação de acumuladores série........................................................39
Figura 2.6 - Associação de acumuladores em paralelo.............................................40
Figura 2.7 - Paralelismo de fonte CC ........................................................................40

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Figura 2.8 - Paralelismo de fonte CC ........................................................................41


Figura 2.9 - Alimentação CC redundante ..................................................................42
Figura 2.10 - Ábaco de resistência interna de baterias .............................................49
Figura 2.11 - Bateria alcalina da CAFOR ..................................................................56
Figura 3.1 - Inversor meia ponte ...............................................................................58
Figura 3.2 - Inversor ponte completa.........................................................................59
Figura 3.3 - Inversor push-pull...................................................................................60
Figura 3.4 - Sinais de comando da modulação PWM senoidal a dois níveis. ...........61
Figura 3.5 - Tensão de saída para modulação PWM senoidal a dois níveis.............61
Figura 3.6 - Sinais de comando da modulação PWM senoidal a três níveis.............62
Figura 3.7 - Tensão de saída para modulação PWM senoidal a três níveis. ............62
Figura 4.1 - Esquema genérico de UPS....................................................................64
Figura 4.2 - Retificador da UPS.................................................................................69
Figura 4.3 - UPS Siemens da CAFOR ......................................................................70
Figura 4.4 - Diagrama bloco do inversor ...................................................................70
Figura 4.5 - Chave estática a SCR............................................................................71
Figura 4.6 - Configuração da UPS no sistema ..........................................................72
Figura 4.7 - UPS operando com rede normal............................................................73
Figura 4.8 - UPS operando pela bateria....................................................................74
Figura 4.9 - UPS operando em emergência ..............................................................74
Figura 4.10 - UPS em manutenção ...........................................................................75

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1 RETIFICADORES

1.1 Introdução

O retificador é um circuito que faz a ligação de uma fonte CA para uma


carga CC, ou seja, converte a tensão alternada de uma fonte em tensão contínua. A
tensão contínua, assim obtida, não é pura, como a de uma bateria, pois contém uma
componente alternada chamada ondulação ou ripple, sobreposta no nível médio CC.

Os vários tipos de circuitos retificadores, embora dêem uma tensão CC,


diferem quanto à ondulação na saída, ao nível médio de tensão, à eficiência, etc.

1.2 Tipos de retificadores

Os circuitos retificadores dividem-se em dois grupos, chamados de circuitos


de meia onda e circuitos de onda completa. Os circuitos de meia onda podem
também ser chamados de circuitos de um caminho, e os circuitos de onda completa
são também conhecidos como circuitos de dois caminhos, ou mais comumente,
circuito em ponte.

Quanto ao número de fases, os mais comuns são os circuitos retificadores


monofásicos e os circuitos retificadores trifásicos.

As características de controle dos vários circuitos retificadores podem ser


colocadas em três categorias: sem controle, semicontrolado e totalmente controlado.

O circuito retificador não controlado contém apenas diodos, fornecendo uma


tensão CC fixa para a carga, proporcional a tensão CA de alimentação.

Nos circuitos totalmente controlados, todos os elementos retificadores são


tiristores. Nesses circuitos, por meio do controle apropriado do ângulo de fase no
qual o tiristor é disparado, é possível controlar a tensão média CC na carga.

O retificador semicontrolado contém uma mistura de tiristores e diodos, e


também permite o ajuste do nível de tensão média CC na carga.
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1.2.1 Retificador monofásico de meia onda

Embora o retificador monofásico de meia onda não controlado seja bastante


simples, é fundamental sua análise para facilitar o entendimento dos circuitos mais
complexos.

A figura 1.1 mostra o diagrama do circuito e a figura 1.2 as principais formas


de onda.

Figura 1.1 - Circuito retificador monofásico de meia onda não controlado

Figura 1.2 - Principais formas de onda

Durante o semiciclo positivo, quando a tensão no anodo é positiva em


relação ao catodo, o diodo passa para o estado ligado. Isso permite que a corrente
flua através da carga. Assim a tensão acompanha a meia onda senoidal positiva.
Durante o semiciclo negativo, a tensão no anodo torna-se negativa em relação à no
catodo e o diodo passa para o estado desligado. Assim não há fluxo de corrente
através da carga, e a tensão na carga neste instante de tempo é zero.

O circuito retificador transformou a tensão CA em tensão CC, porém


pulsante e com uma ondulação elevada. No item 1.3 desta apostila, são
apresentados os filtros utilizados em circuitos retificadores, cujo objetivo é minimizar
as ondulações de tensão e corrente na carga.

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1.2.2 Retificador monofásico de onda completa

Esse retificador utiliza quatro diodos, como pode ser visto na figura 1.3.
Durante o semiciclo positivo da fonte de tensão, os diodos D2 e D3 estarão
diretamente polarizados, portanto conduzindo. O fluxo de corrente na carga, nesse
período, dá-se por estes dois diodos, resultando em uma queda de tensão positiva
na carga, como pode ser visto na figura 1.4.

A figura 1.5 mostra o circuito durante o semiciclo negativo da fonte de


tensão. Agora D1 e D4 estão diretamente polarizados e, portanto conduzindo. O
sentido da corrente através da carga é o mesmo, porém através dos diodos D1 e D4.
Isto resulta em uma tensão na carga ainda positiva. O retificador de onda completa
propicia corrente na carga durante ambos os semiciclos. A figura 1.6 mostra as
principais formas de onda.

Figura 1.3 - Retificador monofásico de onda completa não controlado

Figura 1.4 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo positivo da fonte

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Figura 1.5 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo negativo da fonte

Figura 1.6 - Principais formas de onda

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Este mesmo circuito quando possuir dois diodos e dois tiristores, como
mostra a figura 1.7, passa a ser um retificador monofásico em ponte semicontrolado.
As principais formas de onda podem ser vistas na figura 1.8.

Figura 1.7 - Circuito retificador monofásico em ponte semicontrolado

Figura 1.8 - Principais formas de onda

No caso dos quatro componentes serem tiristores, passa a ser um retificador


monofásico em ponte totalmente controlado. A figura 1.9 mostra a estrutura.

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Figura 1.9 - Circuito retificador monofásico em ponte totalmente controlado

Tanto no circuito semicontrolado quanto no totalmente controlado, não basta


os tiristores estarem diretamente polarizados para entrar em condução como
ocorrem com os diodos, torna-se necessária a aplicação de um pulso de disparo no
gatilho do(s) tiristor(es). Desta forma é conseguido um retardo no instante de entrada
em condução, esta é a forma de controlar a tensão entregue à carga. A figura 1.10
mostra as principais formas de onda para o retificador monofásico em ponte
totalmente controlado alimentando uma carga indutiva.

Figura 1.10 - Principais formas de onda

Fica evidente que o circuito como um todo acaba se tornando mais


complexo devido à necessidade da geração dos pulsos de disparo para acionar os
tiristores, porém é conseguida a regulação da tensão de saída, que pode ser
automática, através de circuitos de controle que monitoram a tensão e ajustam o
ângulo de disparo, ou manual.

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Quanto ao funcionamento, o que diferencia um retificador semicontrolado de


um totalmente controlado, é o fato de que o totalmente controlado permite também o
fluxo de corrente da carga para a fonte, ou seja, ele é um conversor bidirecional.

1.2.3 Retificador trifásico de meia onda

A figura 1.11 a seguir mostra o circuito de um retificador trifásico não


controlado de meia onda. Como existe um só caminho, os diodos de cada fase estão
conectados ao mesmo ponto e, como a carga é ligada ao neutro do transformador,
conduzirá o diodo ligado a fase que instantaneamente possuir o maior potencial.

Figura 1.11 - Circuito retificador trifásico de meia onda não controlado

A figura 1.12 mostra a forma de onda de tensão na carga. Observe que a


condução do D1, ligado a fase A, ocorre em ωt = π/6, no exato instante que a tensão
VA torna-se mais positiva que a tensão VC. Neste instante D3 comuta e D1 passa a
conduzir a corrente de carga.

Durante a condução de D1, a tensão na carga é exatamente VA. Os outros


diodos estão polarizados reversamente, pois as suas respectivas fases têm uma
tensão menor que a fase A.

Quando ωt = 5π/6, a tensão VB é igual à VA e o diodo D1 corta, passando D2 a


condução. Durante a condução de D2, a tensão na carga é VB.

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Figura 1.12 - Principais formas de onda

A substituição dos três diodos por tiristores, e evidentemente a colocação do


circuito de geração dos pulsos e controle, torna esse circuito um retificador trifásico
de meia onda controlado. As figuras 1.13 e 1.14 ilustram o circuito e as principais
formas de onda.

Figura 1.13 - Circuito retificador trifásico de meia onda controlado

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Figura 1.14 - Principais formas de onda

1.2.4 Retificador trifásico de onda completa

As figuras 1.15 e 1.16 a seguir mostram o circuito de um retificador trifásico


não controlado em ponte, e as formas de onda correspondentes.

Figura 1.15 - Circuito retificador trifásico em ponte não controlado

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Para entendermos o funcionamento desse circuito, vejamos inicialmente


como determinar os diodos que conduzem. Consideremos inicialmente que a fase A
possui a maior tensão em relação ao neutro. É razoável supor que neste caso D1
esteja em condução. Se isto ocorrer, teremos em X, relativamente ao neutro do
secundário do transformador, a tensão da fase A. As tensões aplicadas aos anodos
dos diodos D3 e D5 são respectivamente as das fases B e C. Como estas tensões
são menores, por hipótese, que a tensão dos catodos, D3 e D5 estão reversamente
polarizados.

Para determinarmos qual entre os diodos D2, D4 ou D6 conduzirá, faremos a


hipótese de que VCN>VBN, ou em outras palavras, a fase B é a menos positiva, ou a
mais negativa das fases do sistema trifásico. É razoável supor que D4 esteja
conduzindo e se isto se verificar, teremos no ponto Y, relativamente ao neutro do
transformador, a tensão da fase B. Teremos então D2 e D4 cortados uma vez que as
tensões dos catodos dos mesmos (VAN e VCN respectivamente) são maiores que as
tensões dos catodos (VBN, a menos positiva das três tensões de fase).

Chega-se a conclusão que conduzirão os diodos ligados a fase mais positiva,


e os diodos ligados as fases menos positivas. Ora isso é o mesmo que dizer que os
diodos que conduzirão serão determinados pela tensão da linha mais positiva. A
análise será feita então com base nas tensões de linha e não nas tensões de fase.

O quadro a seguir, resume os diodos que conduzem:

Intervalo Tensão de linha + positiva Diodos que conduzem

0 < ωt < π/3 VCB D5; D4

π/3 < ωt< 2π/3 VAB D1; D4

2π/3 < ωt < π VAC D1; D6

π < ωt < 4π/3 VBC D3; D6

4π/3 < ωt < 5π/3 VBA D3; D2

5π/3 < ωt < 2π VCA D5; D2

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Figura 1.16 - Principais formas de onda

Da mesma forma que nos circuitos monofásicos, a substituição da metade


dos diodos por tiristores, torna o circuito um retificador semicontrolado, e a
substituição de todos os diodos por tiristores, um circuito retificador totalmente
controlado. As figuras 1.17 e 1.18, ilustram o retificador trifásico em ponte
semicontrolado e suas principais formas de onda.

Figura 1.17 - Circuito retificador trifásico em ponte semicontrolado

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Figura 1.18 - Principais formas de onda

As figuras 1.19 e 1.20 ilustram o retificador em ponte totalmente controlado e


suas principais formas de onda.

Figura 1.19 - Circuito retificador trifásico em ponte totalmente controlado

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Figura 1.20 - Principais formas de onda

1.3 Filtros utilizados em circuitos retificadores

Até este ponto da apostila, a abordagem em relação aos retificadores foi


apenas em relação à conversão de CA para CC, sem questionar a qualidade do
sinal de corrente contínua. Quando se trata de um sistema de CC, espera-se um
sinal constante ao longo do tempo, ou seja, com baixa ondulação. Esta baixa
ondulação pode ser quanto à tensão, quanto à corrente ou ambas.

Sabe-se que se um capacitor for colocado em paralelo em um barramento


energizado com uma tensão CC, esta tensão estará em seus terminais, como o
capacitor se opõe à variação de tensão, existe uma tendência da tensão do
barramento sofrer uma menor variação, desta forma reduzindo a ondulação de

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tensão do barramento CC. A figura 1.21 mostra a colocação do capacitor na saída


de um retificador para reduzir a ondulação de tensão.

Figura 1.21 - Circuito retificador com filtro capacitivo

A figura 1.22 mostra o formato da tensão de saída do retificador após a


colocação do capacitor.

Figura 1.22 - Tensão de saída com filtro capacitivo

Quanto à ondulação de corrente, esta pode ser minimizada com a colocação


de um indutor em série com a saída do retificador, pois o indutor tem a propriedade
de se opor às variações de corrente. A figura 1.23 ilustra um circuito retificador com
filtro LC.

Figura 1.23 - Circuito retificador com filtro LC

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A figura 1.24 mostra a forma de onda da corrente de entrada do retificador


monofásico em ponte com filtro capacitivo e com filtro LC.

Figura 1.24 - Tensão e corrente na entrada com filtro capacitivo e com filtro LC

O dimensionamento dos elementos que compõem o filtro é dependente do


grau de alisamento desejado na tensão, na corrente ou em ambas, e também da
potência absorvida pela carga conectada na saída do retificador.

Nos retificadores de grande porte (retificadores industriais), normalmente os


capacitores e indutores são responsáveis por boa parte do volume e peso do
equipamento.

1.4 Retificadores na REPAR (CR)

Os retificadores existentes na REPAR são responsáveis pelo fornecimento


de energia com uma tensão 120VCC para ser utilizada em comandos, alarmes,
sinalização, comunicação, iluminação de emergência, etc. Esta energia é acumulada
nas “baterias”, para que nas situações de falta da rede CA, existam mecanismos de
controle e operação do sistema.

Basicamente a refinaria possui dois tipos de retificadores, aqui denominados


CR, ou carregador retificador, pois a energia entregue pelo retificador deve além de
alimentar os “consumidores” já citados, carregar o banco de baterias. Um dos tipos
de CR da refinaria utiliza-se da tecnologia de amplificadores magnéticos no controle
da tensão de saída, e o outro, utiliza uma ponte trifásica semicontrolada.
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Em operação normal o retificador encontra-se em estado de flutuação


mantendo em sua saída um nível de tensão na ordem de 132VCC, este valor é o
normalmente disponibilizado aos consumidores. Vale ressaltar que a tensão nominal
dos consumidores é de 120VCC e os mesmos normalmente admitem uma variação
na tensão de alimentação de ±10%, o que permite mantê-los alimentados
diretamente pela saída do retificador durante a flutuação. Esporadicamente é
necessária a aplicação de uma tensão de equalização sobre as baterias, esta tensão
é de 144VCC, valor este que ultrapassa a tolerância dos consumidores, portanto
nesta situação exige-se um recurso de atenuação para que o consumidor não seja
afetado.

Um mecanismo utilizado para regulação da tensão CC entregue aos


consumidores, é o chamado diodo de queda ou também DQ. Seu princípio se baseia
em provocar uma queda de tensão sobre um grupo de diodos colocado em série
entre as baterias e os consumidores. Em operação normal, tensão na ordem de
132VCC, a unidade DQ encontra-se curto circuitada. Por ocasião da aplicação da
carga de equalização, a chave em paralelo com a DQ é aberta e a unidade entra em
atuação. Assim é mantida a tensão para o consumidor na ordem de 132VCC mesmo
estando a tensão de saída do retificador em torno de 144VCC.

1.4.1 CR com amplificador magnético

Este retificador possui um transformador de entrada que tem a finalidade de


isolar o circuito e fornecer uma tensão mais alta que a do barramento CC.

O retificador é controlado por meio de um transdutor (amplificador


magnético), que por sua vez é controlado por um comando eletrônico. Sua função é
limitar a tensão e a corrente fornecida às baterias e consumidores.

A energia controlada pelo transdutor é em corrente alternada, logo o


transdutor situa-se entre o transformador de entrada e a ponte trifásica de diodos.

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Limitação da tensão: Produz-se no transdutor uma queda de tensão que é


proporcional ao valor momentâneo da tensão de saída CC que é regulada pelo
comando eletrônico. Este comando eletrônico compara a tensão CC do
consumidor com uma tensão de referência de um diodo zener. A eventual
diferença entre estas duas tensões é amplificada e aplicada a um transistor de
potência que controla a corrente de excitação do transdutor, variando assim a
impedância do mesmo, mantendo a tensão CC de saída praticamente constante.

Limitação de corrente: Para tanto, o comando eletrônico recebe a informação do


valor de corrente instantânea existente na saída do transformador por meio dos
transformadores de corrente (TCs). No caso da corrente atingir o valor nominal, o
comando eletrônico variará a impedância do transdutor, de maneira a obstruir a
passagem da corrente mais elevada.

A figura 1.25 ilustra o diagrama simplificado do CR em questão.

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Figura 1.25 - Diagrama do retificador trifásico tipo 3 BTU

Como exemplo de CRs que se utilizam desta tecnologia, pode-se citar os


retificadores do SETRAE e CAFOR cujos códigos de identificação são: CR5901,
CR5911, CR5921, CR5941 e CR5601.

A figura 1.26 a seguir mostra o CR5601 da CAFOR.

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Figura 1.26 - CR 5601 da CAFOR

Na figura 1.27 é apresentado o detalhe dos elementos magnéticos do


circuito, pode-se ainda observar a ponte trifásica de diodos.

Figura 1.27 - Vista interna do CR 5601 da CAFOR

1.4.2 CR com ponte trifásica semicontrolada

Da mesma forma que no CR anterior, este possui um transformador isolador


na entrada, que fornece uma tensão maior que a tensão CC de saída. Após o
transformador encontra-se a ponte retificadora trifásica semicontrolada, conforme
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visto na figura 1.17, composta por três diodos e três SCRs (retificador controlado de
silício).

Neste caso o controle da energia entregue à carga é feito através da


variação do ângulo de disparo dos SCRs. A placa eletrônica de controle monitora a
tensão e a corrente de saída, e ajusta o ângulo de disparo dos SCRs, o que ocorre a
cada meio ciclo da tensão de entrada em cada fase.

A figura 1.28 a seguir apresenta o CR5301 do UTRA, como exemplo de um


dos retificadores que utiliza a ponte trifásica semicontrolada.

Figura 1.28 - CR 5301 do UTRA

Como exemplo de CRs que se utilizam desta tecnologia, pode-se citar os


retificadores do UTRA e do PROCESSO cujos códigos de identificação são:
CR5301, CR2101, CR2201 e CR2501.

1.4.3 Retificadores de entrada das UPS’s

As UPS’s existentes na REPAR utilizam como entrada retificadora uma


ponte trifásica totalmente controlada, conforme descrito no item 1.2.4 e seu

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diagrama elétrico apresentado na figura 1.19. A tensão de alimentação destas UPS’s


é de 380VCA.

Vale ressaltar que estas UPS’s não são providas de transformador interno,
porém como solução para adaptar a tensão da rede de 480VCA para 380VCA é
utilizado um transformador isolador externo.

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2 ACUMULADORES DE ENERGIA – BATERIAS - BT

ENERGIA É A CAPACIDADE DE REALIZAR TRABALHO. (Princípio da


Física Clássica)

Por exemplo: A operação dos elementos 52 da SE 13.8 kV. O trabalho de


abertura e / ou fechamento que é provido via impulso elétrico a partir de um clic no
console até atingir uma das suas bobinas de abertura / fechamento ou de trip. A
ação de trânsito da informação, do console até o disjuntor, ação de abrir ou fechar
geralmente por atuação de uma mola que é carregada por ação de um motor
elétrico. A energia que transportou a informação, a energia da mola e a energia das
bobinas elétricas são capacidades de realizar trabalho e dependem de uma fonte
para alimentá-la, a fim de que nas ocasiões oportunas possibilite a operação
necessária.

Prevendo possíveis falhas no sistema, casos de eventuais faltas ou


interrupções momentâneas, da rede elétrica CA normais, alocou-se recursos com
autonomia de suprir consumidores críticos com fontes alternativas, com capacidade
de acumular energia para realizar trabalhos além da operação em normalidade, mas
também mantendo uma reserva para operação nas emergências.

Provocações:

Os acumuladores de energia elétrica podem ser comparados de alguma forma


com o corpo humano? E com um tanque de combustível?

Qual a natureza da energia armazenada em uma bateria? Existe um acumulador


para energia elétrica alternada? Justifique!

Pilhas e baterias são fontes de energia! Então estamos falando de um mesmo


ente? Justifique!

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2.1 Introdução

2.1.1 Histórico

Embora a descoberta da eletricidade date de cerca de 2500 a. C. pelos


gregos, muito pouco progresso foi realizado na ciência da eletricidade até a
descoberta da célula básica, no final do século XVIII.

A reação da célula básica foi notada primeiramente por Luigi Galvani, em


1791, enquanto preparava uma experiência em anatomia. Para a experiência,
Galvani removeu pernas dissecadas de sapo de uma solução salina e suspendeu-as
por meio de um fio de cobre. Ele percebeu que cada vez que tocava em uma das
pernas com uma barra de ferro, os músculos da perna se contorciam. Galvani
concluiu que a eletricidade estava sendo produzida, mas pensou que ela viesse dos
músculos da perna.

Em 1800, o italiano Alessandro Volta repetiu a experiência e verificou que os


músculos do sapo não produziam eletricidade. Entretanto, descobriu que a
eletricidade resultava da reação química entre o fio de cobre, a barra de ferro e a
solução salina contida na perna do sapo dissecada. Usando este conhecimento,
Volta efetuou uma série de experimentos com vários tipos de placas metálicas e
soluções ácidas. Uma das experiências consistia em aproximar uma placa de zinco
de outra placa de cobre, separadas por uma tela impregnada de ácido sulfúrico.
Volta observou que, nessas condições, circulava uma corrente elétrica muito fraca
entre os elementos da composição. Para intensificar a corrente, ele dispôs os
elementos em pilhas, na qual a parte superior era constituída por uma chapinha de
cobre (o pólo ou eletrodo positivo) e a parte inferior por uma chapinha de zinco (o
pólo ou eletrodo negativo) O conjunto tornou-se eficiente e passou a ser chamado
de pilha de Volta.

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2.1.2 Definições preliminares

Pilha: gerador eletroquímico de energia elétrica, mediante conversão geralmente


irreversível de energia química (NBR 7039/87);

Acumulador: Tratando-se de acumulador elétrico, é dispositivo eletroquímico


constituído de um elemento eletrólito e caixa, que armazena, sob forma de
energia química a energia elétrica que lhe seja fornecida e que a restitui quando
ligado a um circuito consumidor (NBR 7039/87);

Elemento: É o conjunto de duas placas ou de dois grupos de placas de


polaridades opostas, isoladas entre si e banhadas pelo mesmo eletrólito, mais o
recipiente que os contém, conforme figuras 2.1, 2.2 e 2.3;

Bateria: É o conjunto de elementos interligados, contidos em um mesmo bloco


recipiente ou por associação externa dos elementos;

Eletrodos: são os condutores pelos quais a corrente deixa ou retorna ao eletrólito,


consiste de placas e terminais de conexão, há um eletrodo positivo e um
negativo, conforme figura 2.1.

Placa: É o conjunto constituído pela grade e materiais ativos; todos os tipos de


baterias possuem placas positivas e negativas;

Grade: Parte constitutivas das placas destinadas a sustentação dos elementos


ativos para compor o eletrodo;

Eletrólito: é a solução que age sobre os eletrodos nele localizados;

Vaso: caixa, recipiente ou invólucro que contém as placas e o eletrólito, é


geralmente construída de ebonite, resina acrílica.

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Figura 2.1 - Acumulador elementar

2.1.3 Estado da arte em geradores eletroquímicos - baterias

Todos os geradores eletroquímicos desenvolvidos com base na pilha de


Volta são constituídos essencialmente de dois eletrodos e um eletrólito, mesmo que
sejam diferentes entre si por muitas outras características. Dependendo do trabalho
que desenvolvem e de suas propriedades específicas, os geradores eletroquímicos
podem ser classificados em dois grupos:

Geradores eletrolíticos primários, que não podem ser recarregados (pilhas);


produzem um único processo de descarga, pois suas reações químicas internas
são irreversíveis. Dessa maneira, no final de um determinado período de uso, o
gerador se esgota, pois seus componentes internos se degradam
completamente.

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Geradores eletrolíticos secundários são os recarregáveis, chamados


(acumuladores), incluem todos os modelos de equipamento que permitem ciclos
de cargas e descargas repetidas. Isso acontece porque as transformações
eletroquímicas que se verificam no interior dos geradores podem ser revertidas
ao aplicar-se sobre seus terminais determinadas tensões e correntes elétricas.

No grupo de geradores primários destacam-se os seguintes tipos de pilhas:


pilha de zinco-carbono, pilha alcalina, pilha de mercúrio, pilha de prata, pilha de lítio.

No grupo de geradores secundários destacam-se pelo menos cinco tipos de


acumuladores que têm aplicações muito diversificadas:

Bateria com placas de chumbo, em solução eletrolítica aquosa ácida, ventilada,


requer manutenção do meio eletrolítico;

Bateria com placas de chumbo, em solução eletrolítica aquosa ácida, não


ventilada, isenta de manutenção com relação ao meio eletrolítico;

Bateria com placas de chumbo em solução eletrolítica gelatinosa ácida, isenta de


manutenção;

Bateria de níquel-cádmio com solução eletrolítica aquosa alcalina, ventilada,


requer manutenção;

Um outro grupo de baterias vem se destacando com o avanço da micro


eletrônica, com aplicação especial nos equipamentos portáteis de
telecomunicações que são as baterias utilizadas em aparelhos eletrônicos, tais
como celulares, notebook, etc.

Tanto a capacidade das pilhas como a dos acumuladores é determinada


com base no produto (multiplicação) de dois parâmetros (dados): corrente de
descarga e a duração da descarga. O valor do produto é expresso por unidades de
medida especiais o ampere-hora (Ah).

Os acumuladores quanto a sua função podem ser assim classificados:


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Acumuladores para partida, podendo ser de composição chumbo-ácido ou


níquel-cádmio, encontram sua maior aplicação em veículos automotores, que
utilizam motores de combustão interna, daí elas serem também conhecidas como
baterias automotivas, sua característica elétrica é a de fornecer grande
quantidade de corrente em intervalos de tempo pequenos – sua ação principal
predomina durante o acionamento do motor de arranque para a partida do motor
de combustão.

Acumuladores estacionários, podendo ser de composição chumbo-ácido ou


níquel-cádmio, são utilizados na composição de baterias das instalações fixas e
são empregadas como fontes de alimentação de emergência. A sua
característica principal é o fornecimento contínuo de energia por períodos
prolongados. Ex.: Banco de baterias utilizados em fontes CC, de subestações,
equipamentos rádios, no breaks, circuitos de emergência, sistemas contra
incêndio.

Acumuladores para tração, composição níquel-cádmio ou níquel-ferro, são


utilizadas na alimentação de veículos que são impulsionados por motores
elétricos. A sua principal característica é o fornecimento variado de energia em
pequenos períodos de tempo. Elas são largamente empregadas em pequenas
máquinas operativas, tais como empilhadeiras.

Os acumuladores portáteis, composição prata-cádmio ou níquel ferro,


caracterizam-se pelo tamanho reduzido e atualmente de grande aplicação em
aparelhos miniaturizados. A sua principal característica consiste na sua
construção hermética, necessária para evitar vazamento de eletrólitos, o que
ocasionaria danos aos equipamentos eletrônicos do aparelho.

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2.2 Acumulador elementar

O acumulador elétrico apresenta na sua estrutura três partes essenciais: os


eletrodos, onde se produzem as reações químicas; o eletrólito, que é a solução
reagente e que constitui o meio condutor das placas elétricas no interior do
acumulador; e o vaso recipiente que abriga os eletrodos e o eletrólito. A figura 2.2
apresenta um acumulador prático simplificado.

As placas dos eletrodos, que se localizam internamento ao acumulador,


imersas no eletrólito e afastadas uma das outras mecanicamente. Este afastamento
mecânico representa também um isolamento elétrico e que pode ser feito por um
material isolante.

Figura 2.2 - Acumulador prático

As substâncias que formam cada eletrodo têm constituição diferente e são


os reagentes que vão formar compostos químicos pela combinação com as
partículas das substâncias do eletrólito durante o fornecimento de carga elétrica ao
circuito consumidor, que se encontra ligado externamente aos terminais de ligação
do acumulador.

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O eletrólito é uma solução de ácido, base ou sais que servem de elemento


condutor para permitir a circulação de cargas elétricas no interior do acumulador.

A quantidade de cargas elétricas que o acumulador pode fornecer ao circuito


externo é um valor característico do elemento, e este valor é proporcional ao número
de reações eletroquímicas entre as substâncias do eletrólito e as placas. Portanto a
área da placa imersa no eletrólito afeta o fornecimento de corrente ao circuito
externo, então as estruturas dos eletrodos são formadas por várias placas em
paralelo, conforme mostra a figura 2.3.

a – Placas de um único eletrodo b - Conjunto de placas dos eletrodos positivo e negativo

Figura 2.3 - Placas em paralelo

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2.2.1 Princípio de funcionamento do acumulador

O acumulador elétrico tem o seu funcionamento caracterizado por reações


químicas em seus eletrodos, capazes de provocar a circulação de elétrons entre os
seus terminais de ligação, através de um circuito consumidor externo. Para que esta
corrente eletrônica se estabeleça, os seguintes requisitos devem ser atendidos:

as reações químicas que ocorrem nos eletrodos devem, de um lado liberar


elétrons e de outro absorver elétrons. Este requisito está ligado à valência dos
elementos das substâncias reagentes;

entre os dois eletrodos deve existir uma diferença de potencial capaz de provocar
o deslocamento dos elétrons pelo circuito externo. Este requisito está ligado ao
potencial eletroquímico que se estabelece entre os eletrodos e o eletrólito,
durante as reações eletroquímicas;

o eletrólito deve apresentar um alto grau de ionização, este requisito estabelece


a capacidade do acumulador em fornecer corrente ao circuito externo;

a circuito aberto, os íons existentes no eletrólito, que são átomos ou radicais com
grande afinidade química com as substâncias das placas, se deslocam para as
placas afins, em conseqüência, em volta das placas formam-se concentrações
iônicas;

ao fechar um circuito elétrico entre os dois eletrodos do acumulador, através de


um circuito externo, o desequilíbrio elétrico entre cada eletrodo e o eletrólito,
resultante do seu potencial eletroquímico, atrai a maioria dos íons ao seu redor
que são neutralizados, de um lado por ação de oxidação e do outro por redução,
combinando-se com as substâncias desses eletrodos. A partir daí, as reações se
sucedem formando-se um movimento de cargas elétricas no interior do eletrólito,
resultante do deslocamento dos íons, e no circuito externo é estabelecido o fluxo
de elétrons entre os eletrodos;

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o fluxo de elétrons através do circuito externo mantém o equilíbrio entre as


reações de redução e oxidação. Assim para cada combinação química nos
eletrodos do acumulador ocorre a neutralização de cargas elétricas. Para se
manter o equilíbrio entre as reações eletroquímicas, os elétrons entregues ao
eletrodo negativo deslocam-se pelo circuito externo, até o eletrodo positivo onde
são absorvidos durante a combinação entre os reagentes.

Durante o processo de fornecimento de corrente elétrica ao consumidor dois


pontos básicos se evidenciam:

a) as cargas elétricas em movimento no interior do acumulador são


formadas por partículas eletrizadas, (íons positivos e negativos);

b) as cargas elétricas em movimento pelo circuito externo são elétrons


resultantes das combinações eletroquímicas nos eletrodos do acumulador.

As reações químicas que ocorrem durante o fornecimento de energia pelo


acumulador são caracterizadas pelos processos de redução e oxidação. O processo
de oxidação ocorre no eletrodo negativo enquanto a redução ocorre no eletrodo
positivo. Com estes processos químicos se criam outras substâncias, diferentes das
originais, em cada eletrodo do acumulador elétrico.

Para restabelecer as condições originais das substâncias dos eletrodos, que


tomaram parte nas reações, efetua-se o procedimento inverso ao anterior,
fornecendo-se energia elétrica ao acumulador pela aplicação de uma fonte entre os
seus terminais. Quando isto ocorre, a circulação de corrente elétrica através da
solução eletrolítica provoca a sua eletrólise, e com isto reconstitui-se as substâncias
originais dos eletrodos. Neste processo o acumulador elétrico consome energia.
Esta propriedade do acumulador elétrico torna a sua aplicação recomendável para a
maioria dos sistemas industriais que necessita de uma fonte de emergência para
consumidores CC.

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2.2.1.1 Transformações eletroquímicas em acumulador chumbo-ácido

O funcionamento de um acumulador ácido baseia-se em reações quase


completamente reversíveis. A ação eletroquímica do eletrólito de ácido sulfúrico
sobre as substâncias das placas é representado pelas condições de equilíbrio, nas
condições de carga e descarga das seguintes reações, consideradas pelos
fabricantes:

Estas reações apresentam a constituição do eletrólito na condição de


acumulador totalmente carregado e totalmente descarregado.

Observando a figura 2.4 torna-se perceptível o comportamento interno ao


vaso segundo as condições de carga e descarga se realizam, em uma bateria
chumbo-ácida.

Figura 2.4 - Estado de carga no acumulador

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2.2.1.2 Transformação eletroquímica em acumulador alcalino NiCd

Para o acumulador NiCd as reações químicas que caracterizam o estado de


equilíbrio do acumulador e consideradas válidas pelos fabricantes são:

Nesta reação o primeiro membro equivale à condição de acumulador


descarregado e o segundo membro à condição de acumulador carregado. O
composto NiOOH identifica o eletrodo positivo e é resultante da redução do hidróxido
de níquel 2Ni(OH)2. O eletrodo negativo é identificado por Cd que é resultante da
oxidação do hidróxido de cádmio Cd(OH)2. A água identifica o eletrólito do
acumulador, uma vez que o elemento potássio não toma parte nas reações
químicas, servindo apenas como portador de cargas elétricas.

2.3 Aplicações

As baterias industriais constituídas, principalmente, de chumbo ou cádmio e


seus compostos são destinadas a suportes de energia:

em estado de emergência para telecomunicações, usinas elétricas, subestações,


sistemas ininterruptos de fornecimento de energia, sistemas de alarmes,
segurança em sistemas contra incêndio, fazendo parte das fontes CC de
alimentação. A sua principal finalidade é suprir energia aos consumidores, para
manter a continuidade de seu funcionamento quando eventualmente os CR´s se
tornam inoperantes;

em sistemas de tração na movimentação de cargas ou pessoas, no acionamento


de empilhadeiras, elevadores e carros movidos por motor CC.

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O acumulador elétrico, tratando-se de cada elemento, pode ser utilizado


individualmente, um elemento por monobloco ou em associação série, dependendo
da tensão desejada por conveniência do projeto, tendo em vista a necessidade do
consumidor.

Para dar conta das diversas cargas, atendendo o requisito de diferença de


potencial necessário ao funcionamento nominal do consumidor geralmente os
acumuladores, um elemento por monobloco, ou as baterias de acumuladores, mais
que um elemento em um monobloco, são associados em série o que vem dar o
nome de baterias (BT).

As baterias, quando associadas, são também chamadas de bancos de


baterias. As baterias podem também ser associadas em série, em paralelo ou em
associação mista, com a finalidade de ajustar a intensidade de corrente ou tensão a
ser fornecida à carga.

As condições de associação dependem de quais parâmetros se deseja


ajustar, tensão ou corrente, quando se deseja ajustar a tensão e manter a
capacidade de fornecimento de corrente a associação série satisfaz. Para um
aumento da capacidade de corrente, sem variação da tensão, a associação em
paralelo é a indicada, estes casos serão analisados a seguir.

2.3.1 Associação série de acumuladores e/ou baterias

A associação em série tem por finalidade ajustar o nível de tensão


necessária e suficiente para a alimentação do consumidor e deve respeitar os
seguintes procedimentos:

polaridade de conexão – conforme a figura 2.25,

os acumuladores devem ser de mesma capacidade de corrente.

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Figura 2.5 - Associação de acumuladores série

A associação série pode se dar dentro de um monobloco, formando a


bateria, que no caso das baterias automotivas atualmente são conformadas em
monoblocos de 12 V variando a sua capacidade em Amper-hora.

Este tipo de associação tem como conseqüência o aumento do nível de


tensão total da bateria, ou do banco, sem alterar a capacidade de fornecimento de
corrente nominal das baterias. Aumenta a resistência interna total do banco o que de
certa forma preserva a característica da corrente de curto circuito. A corrente de
curto pode tornar-se elevada pelo aumento da d.d.p., considerando P = V.I. onde
houve um aumento de V. e a resistência da fonte é consideravelmente baixa.

2.3.2 Associação em paralelo de baterias

A associação em paralelo visa o aumento da capacidade de corrente da


bateria, entretanto, sem alterar o nível de tensão em seus extremos. Este tipo de
associação deve respeitar:

O mesmo nível de tensão entre os acumuladores a serem associados e;

A conexão se procede como na figura 2.6.

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Figura 2.6 - Associação de acumuladores em paralelo

Esta associação tem como conseqüência o aumento da intensidade de


corrente fornecida pelo conjunto e uma diminuição proporcional na resistência
interna da associação, ocasionando significativo aumento na potência de curto-
circuito do sistema, P = V.I., onde houve um aumento de I e também há de se
considerar o parâmetro de resistência interna da fonte muito baixo.

Analise a figura 2.7 e conclua sobre o valor da d.d.p. sobre o resistor R1.
Qual a intensidade de corrente total está circulando no resistor? Reflita sobre a
propriedade de comutação do diodo! O que se
pode afirmar sobre as correntes das fontes V1
e V2? Se não houvesse os diodos D1 e D2
como ficaria o funcionamento deste circuito?

Figura 2.7 - Paralelismo de fonte CC

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Com relação a figura 2.8 faça as mesmas análises sugeridas para o circuito
apresentado na figura 2.7 . Observe que D1 e D3, em série, vão estabelecer uma
prioridade na alimentação pela fonte V2. Em
que condição a fonte V1 entrará em condução?
Poderia ser inserida uma chave para efetivar a
conexão da bateria ao barramento do
consumidor?

Figura 2.8 - Paralelismo de fonte CC

Os circuitos das figuras 2.7 e 2.8 tem por objetivo introduzir uma visão sobre
aplicação prática adotada como alternativa para aumentar a confiabilidade da
reserva CC em caso de uma eventual falha de CA normal que impossibilite a
alimentação por alguns retificadores (CR´s). Este procedimento pode ser analisado
na figura 2.9, que é o esquema representativo do circuito que efetivamente está
implementado na planta do sistema.

A adoção de uma configuração paralela ou mista de circuito deve levar em


consideração que, para o fechamento das chaves de interligação dos bancos de
baterias, o barramento CC, como alternativa de alimentação de múltiplos
consumidores por múltiplas fontes CR´s e respectivas baterias, sem o artifício do
diodo de bloqueio, torna-se uma operação de risco. Deve-se observar que a
diferença de tensões entre as fontes não seja maior que 10 Vcc no momento da
conexão. Tendo em vista que a tendência, no ato do fechamento, é de as fontes
equilibrarem o nível de tensão entre elas, produzindo um pico de corrente que pode
degradar a instalação, prejudicando o condutor, a seccionadora, bem como o próprio
banco de baterias de menor capacidade.

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Um caso de aplicação de paralelismo de acumuladores na REPAR, esta


configuração utiliza o artifício do diodo de bloqueio para que evite ocorrências
danosas por ocasião do chaveamento do sistema em paralelo.

Figura 2.9 - Alimentação CC redundante

A associação mista é resultante da associação de dois ou mais bancos já com


seus elementos associados em série, e normalmente os bancos são interligados
em paralelo. Este é um caso utilizado com certa freqüência para quando se
deseja aumentar a capacidade do sistema ou mesmo para aumentar a
confiabilidade do sistema. Entretanto esta operação se torna relativamente
perigosa de ser manobrada e requer clareza sobre os riscos e faixas seguras de
operação. Em princípio a conexão deve ser efetuada com os bancos em um
mesmo nível de tensão, permitindo uma tolerância não superior a 10% da tensão
nominal do banco e observando as características da instalação. Por exemplo:
bitola e comprimento do condutor de interligação, capacidade de corrente da
seccionadora utilizada no sistema, condições da proteção. Esta é uma decisão a
ser tomada por quem tem um domínio do sistema e deve ser reavaliado no
momento da execução.

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2.4 Principais definições e parâmetros para acumulador - BT

2.4.1 Capacidade

Capacidade de descarga do acumulador é expressa pela quantidade de


eletricidade que a unidade é capaz de fornecer, em regime de descarga,
permanecendo a variação da sua força eletromotriz dentro de limites especificados.
Para cada tipo de acumulador a sua capacidade depende do regime de descarga,
isto é, depende do valor da corrente solicitada pelo consumidor. A capacidade
refere-se sempre a um determinado tempo de descarga. Este parâmetro é fornecido
pelo fabricante, expresso em Amper-hora, indicando a corrente que o acumulador
pode fornecer continuamente durante o número de horas estabelecido para a
descarga. Geralmente são disponibilizados em forma de tabelas, com valores
referidos à temperatura de 25ºC e normalizados para cada regime de descarga. Por
exemplo: Um acumulador com capacidade de 600 Ah em 10 hs pode fornecer 60 A,
continuamente, durante o período de 10 hs, devendo atingir no final deste tempo a
tensão final de descarga estabelecida pelo fabricante. Este mesmo acumulador se
descarregado em um regime de descarga de 120 A deverá atingir a tensão final de
descarga em um tempo inferior a 5 hs. Estas mudanças de regime de descarga não
são lineares. Para evitar que o acumulador sofra avarias o fabricante estipula o
tempo mínimo de descarga. A tabela 2.1 mostra a capacidade de descarga para
cada regime estabelecido para diferentes elementos.

Tempo de descarga é o tempo informado pelo fabricante do acumulador


para que o mesmo atinja a tensão final de descarga em um determinado regime de
descarga. Ex.: Um acumulador, chumbo-ácido, de 600 Ah em 10 horas, com tensão
final de descarga de 1,75 V/e, isto significa dizer que o acumulador pode fornecer
em regime contínuo 60 A por um tempo de 10 hs. No final das 10 hs o acumulador
deve atingir a tensão de 1,75 V/e, que é a tensão final de descarga prevista pelo
fabricante. A tensão final de descarga é um outro parâmetro importante para que a
bateria não perca as suas condições de regeneração na recarga.

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Tabela 2.1 - Corrente de descarga

ELEM. CAP. CORRENTES DE DESCARGAS (A)/TEMPO (h)


TIPO NOM. V
20 10 8 6 5 3 2 1,5 1
1,75 25,4 45,0 52,8 66,0 75,6 106 141 171 212
1,80 24,6 42,6 51,0 63,0 71,4 101 128 149 182
6 TM 75 450 1,85 23,5 41,4 49,2 59,1 67,5 93,0 119 138 167
1,90 20,9 37,2 46,2 55,2 63,0 84,0 102 117 126
1,75 29,6 52,5 61,6 77,0 88,3 124 165 200 247
1,80 28,7 49,7 59,5 73,5 83,3 118 149 173 213
7 TM 75 525 1,85 27,5 48,3 57,4 69,0 78,7 108 139 161 195
1,90 24,4 43,4 53,9 64,4 73,5 98,0 119 136 147
1,75 33,9 60,0 70,4 88,0 101 142 188 228 282
1,80 32,8 56,8 68,0 84,0 95,2 135 170 198 243
8 TM 75 600 1,85 31,4 55,2 65,6 78,8 90,0 124 159 184 222
1,90 27,9 49,6 61,6 73,6 84,0 112 136 156 168
1,75 38,1 67,5 79,2 99,0 113 160 212 256 318
1,80 36,9 63,9 76,5 94,5 107 152 191 223 273
9TM 75 675 1,85 35,3 62,1 73,8 88,7 101 139 179 207 250
1,90 31,4 55,8 69,3 82,8 94,5 126 153 175 189
1,75 42,3 75,0 88,0 110 126 178 236 285 353
1,80 40,9 71,0 85,0 105 119 169 213 248 304
10 TM 75 750 1,85 39,2 69,0 82,0 98,5 112 155 199 230 278
1,90 34,8 62,0 77,0 92,0 105 140 170 195 210
Fonte: Manual de baterias chumbo-ácidas NIFE.

Tensão final de descarga: parâmetro que serve para definir o valor limite da
força eletromotriz do acumulador, permitido durante o fornecimento de corrente ao
circuito externo, que garante o processo de reversibilidade do acumulador.
Teoricamente a tensão final do acumulador em descarga é ZERO, porém o seu
rendimento atinge o melhor índice quando se limita a descarga em valores
especificados pelo fabricante. Esta particularidade é exigida pelos fabricantes,
devido às modificações estruturais que ocorrem nas substâncias dos eletrodos
impossibilitando a sua recomposição, durante o processo de eletrólise, quando a
tensão é reduzida demasiadamente.

Tensão nominal do acumulador é a diferença de potencial entre seus


eletrodos quando em operação de descarga, isto é, alimentando o consumidor. Esta
tensão é característica para cada tipo de bateria, alcalina ou chumbo-ácida. Ver

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tabela 2.2. No caso da BT, a tensão nominal é o produto da tensão nominal do


elemento multiplicado pelo número de elementos da BT.

Tabela 2.2 - Tensões para acumuladores

Tipo do ELETRODO TENSÃO EM VOLTS/ELEMENTOS/BANCO


ELETRÓLITO Vndesc V flut Veq Vcesp Vfin
el bt el bt el bt el bt el bt

ALCALINO Niquel – Cádmio 1,2 110 1,4 128 1,6 147 1,7 156 1,0 92

ÁCIDO Bióxido de chumbo 2,0 120 2,2 132 2,4 144 2,7 162 1,75 105
- chumbo

GEL Bíoxido 2,0 384 2,25 432 - - - - 1,75 336


chumbo – chumbo
Vndesc – Tensão nominal de descarga Vfin – Tensão final de descarga
Vflut – Tensão de flutuação el – tensão por elemento
Veq – Tensão de equalização bt – tensão total da bateria
Vcesp – Tensão de carga especial
Fonte: Adaptada do manual de baterias chumbo-ácidas NIFE.

Nos elementos chumbo ácido a tensão é dependente da densidade


enquanto nos acumuladores alcalinos a densidade não se altera com o estado de
carga ou descarga do acumulador, conforme pode ser observado na tabela 2.3 a
seguir.

Tabela 2.3 - Densidade de eletrólitos em acumuladores

TIPO DE ELETRODO SOLUÇÃO DENSIDADE g / cm3


ELETRÓLITO carregada entre descarregada
Hidróxido de
ALCALINO NiCd Potássio 1,17 – 1,30 independe 1,17 – 1,30
KOH2

ÁCIDO Bióxido de Pb - Ácido Sulfúrico 1,20 – 1,29 depende 1,05 – 1,10


Pb H2SO4
Fonte: Adaptada do manual de baterias chumbo-ácidas NIFE.

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2.4.2 Carga

A carga da bateria tem por finalidade restituir a capacidade de fornecimento


de corrente dos seus acumuladores. Distinguem-se os seguintes tipos de carga
para as baterias: flutuação, carga normal e carga especial.

A carga de flutuação da bateria é usada para manter o estado de


capacidade desejável da bateria, visando compensar as perdas internas por
autodescarga. Neste estado de operação a bateria absorve um mínimo de corrente
do CR (Carregador Retificador), sendo este estado característico para cada tipo de
acumulador. A carga de flutuação é o regime normal de trabalho das baterias nas
fontes CC, pois os consumidores são alimentados pelos CR´s.

A carga de equalização destina-se a repor pequenas perdas dos


acumuladores, por descargas intermitentes e de curta duração provocada por
inoperância do CR da fonte CC. A finalidade desta carga é repor os acumuladores
nas condições nominais de capacidade. Este modo geralmente é ativado
manualmente quando na manutenção preventiva se detecta ligeiras discrepâncias
entre os valores de tensão de flutuação dos elementos. Por causar gaseificação,
aquecimento dos elementos, evaporação do eletrólito este modo de operação é
limitado a duração não muito longa. Requer acompanhamento da manutenção para
avaliação constante e o sistema deve retornar ao estado de carga de flutuação tão
logo a equalização seja atingida. Normalmente após 3 h de medição sem variação
nos valores tomados deve-se retornar para o modo de flutuação.

A carga especial só é utilizada em casos raros de necessidade de repor a


capacidade de carga do BT e requer alterações específicas no CR para que não
ponha em risco a segurança do sistema como um todo.

Tensão final de carga é o valor máximo de tensão alcançado nos terminais


de cada elemento quando recebe energia CC, no processo de carga, para readquirir
a sua capacidade total perdida por descarga. Esta tensão é típica para cada tipo de

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acumulador. Ver tabela 2.2, no caso de uma bateria (BT) a tensão final é o produto
da tensão final do elemento pelo número de elementos que compõem a BT.

A carga com tensão constante pode ser nos níveis de tensão de flutuação,
de carga de equalização ou de carga especial de acordo com o tipo de carga
desejado. A carga com tensão constante pode ser sem limitação de corrente e carga
com limitação de corrente.

No processo de carga da bateria, paralelamente com o aumento de cargas,


ocorre o acréscimo da tensão dos acumuladores, que passa do valor da tensão final
de descarga para o valor de tensão final de carga, no instante em que a tensão
alcança a tensão final de carga dá-se o início ao processo de gaseificação. Estes
gases, geralmente mistura de hidrogênio e oxigênio, são resultantes principalmente
da eletrólise da água do eletrólito. A quantidade de gás emanado depende da
intensidade da corrente de carga utilizada. Por ser uma mistura altamente explosiva,
durante a carga da bateria deve ser garantida a retirada dos gases do
compartimento onde ela está instalada. Isso requer um sistema de ventilação
adequado, podendo ser natural ou mecânico, por meio de exaustores. Outra
providência a ser tomada é evitar que estes gases cheguem até os equipamentos da
instalação, principalmente em caso de baterias ácidas, devido ao perigo de corrosão.

2.4.3 Vida útil esperada

A vida de um acumulador pode ser expressa em tempo de serviço quando


opera em paralelo, ou em quantidade de ciclos quando opera ciclicamente.

Entende-se por operação em paralelo quando a bateria for mantida o maior


tempo de sua vida em flutuação, sofrendo esporadicamente descargas de baixa
profundidade; e por operação cíclica quando a bateria for mantida a maior parte de
sua vida em regime de carga e descarga.

A vida de uma bateria, quer em regime paralelo, quer em operação cíclica,


depende:

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da temperatura: considerada a temperatura ambiente e a temperatura devido a


reação química mais dissipação ri x i2 ;

das características do equipamento de carga CR: tais com ajustes de tensão de


flutuação, tensão de equalização, limitação de corrente, etc;

da intensidade de sobrecarga: considera-se o tempo em que a bateria


permanece em carga de equalização e ou carga especial ou carga profunda;

da profundidade das descargas: considera os níveis de tensão final de descarga


a que a bateria é submetida durante o seu funcionamento em regime de
descarga;

da manutenção: São os cuidados dedicados pela equipe de manutenção


preventiva e ou corretiva do sistema. Quer da manutenção dos CR´s bem como
dos bancos de baterias propriamente. Verificando: a temperatura de trabalho, da
densidade de eletrólito, dos níveis de tensão de flutuação.

2.4.4 Resistência interna

A resistência interna de um elemento ou bateria é uma grandeza complexa


e difícil de ser definida, varia com o tipo da bateria se ácida ou alcalina, com o tipo
de placa, com o tipo construtivo, com o estado de carga, com a temperatura de
trabalho, etc. Existem vários métodos de medição, entretanto o que apresenta
valores mais precisos e mais práticos é o chamado de resistência interna aparente.

Este método consiste em descarregar o elemento ou a bateria com corrente


constante I = 0,10xC, e em intervalos regulares acrescenta-se picos de correntes e
medem-se as quedas de tensão correspondentes. O valor da resistência é
determinado através da lei de Ohm, onde ri = ∆V/I. A figura 2.10 mostra curvas de
resistência interna obtida por este método, para baterias chumbo-ácidas.

Em se tratando de baterias geralmente os valores de resistência interna são


muito baixos em comparação com as fontes CC, tais como geradores CC, fontes

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lineares, conversores, etc. Portanto, o risco de um curto-circuito em baterias é muito


mais grave do que de uma fonte CC que não seja uma bateria.

Figura 2.10 - Ábaco de resistência interna de baterias

2.5 Situando os bancos de baterias da REPAR

A REPAR basicamente faz uso de três tipos de baterias em seu sistema!

Baterias alcalinas, com eletrodo Níquel-Cádmio (NiCd) em solução Hidróxido


de Potássio, adotando como densidade padronizada 1,18 g/cm3 à temperatura de
25ºC, com um total de 92 elementos por bateria, alimentada por retificador industrial
de precisão (CR). Esta bateria é projetada para regime de descarga em 5 horas. Em
operação normal ela está em flutuação na tensão de 1,4 Volts por elemento,
perfazendo a tensão de flutuação da bateria 128,8 V. Quando em equalização
assume a tensão de 1,6 Volts por elemento, perfazendo a tensão de 147,2 V. Para

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esta bateria a tensão final por elemento é de 1,0 V chegando o banco atingir 92 V na
tensão final de descarga.

Há baterias industriais do tipo chumbo-ácidas com eletrodo positivo em


dióxido de chumbo (PbO2) e eletrodo negativo em chumbo esponjoso (Pb) imersos
em solução de ácido sulfúrico (H2SO4), adotando como densidade padronizada 1,21
g/cm3 a temperatura de 25ºC, com um total de 60 elementos por bateria, alimentada
por retificador industrial de precisão (CR). Esta bateria é projetada para regime de
descarga em 10 horas. Em operação normal ela está em flutuação na tensão de 2,2
Volts por elemento, perfazendo a tensão de flutuação da bateria 132,0 V. Quando
em equalização assume a tensão de 2,3 Volts por elemento, perfazendo a tensão de
138,0 V. Para esta bateria a tensão final de descarga por elemento é de 1,75 V
chegando o banco atingir 105 V na tensão final de descarga.

Um terceiro tipo de baterias são as utilizadas nas UPS que são baterias do
tipo chumbo-ácidas verdadeiramente seladas com eletrodo positivo em dióxido de
chumbo (PbO2) e eletrodo negativo em chumbo esponjoso (Pb) imersos em solução
gelatinosa de ácido sulfúrico (H2SO4), utilizando elementos separadores em
microfibra de vidro, com um total de 192 elementos por bateria, contendo 6
elementos em cada monobloco de 12 V, alimentada pelo próprio retificador da UPS.
Esta bateria é projetada para regime de descarga em 20 horas. Em operação normal
ela está em flutuação na tensão de 2,25 Volts por elemento, perfazendo a tensão de
flutuação da bateria 432,0 V. Para este tipo de bateria não é previsto tensão de
equalização ou de carga especial e a tensão final de descarga por elemento é de
1,75 V. Esta bateria chega atingir 336 V na tensão final de descarga.

2.6 Fatores de conservação e manutenção da confiabilidade da BT

Durante o processo de operação, manter atenção em relação aos valores de


tensão e corrente de flutuação. Uma corrente de flutuação elevada pode
significar que a bateria está degradada havendo elementos em curto. A tensão

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de flutuação elevada ou um tempo muito longo em carga de equalização ou em


carga especial acelera a evaporação do eletrólito, provocando exposição das
placas, o que causa ressecamento em um tempo muito curto, fato que empena
as placas e danifica a bateria.

Outro fator muito importante para a preservação da vida útil das baterias é a
temperatura. O ideal para as baterias é trabalhar na região de 25ºC, valores
muito fora disso acarretam deficiência em seu desempenho. Baterias chumbo-
ácidas não devem ser operadas a temperatura superior a 40 ºC e as alcalinas
não devem ultrapassar a 45ºC. Temperaturas abaixo de 10ºC são altamente
prejudiciais às baterias chumbo-ácidas, enquanto as alcalinas não são tão
afetadas pelas baixas temperaturas.

Cargas de equalização ou cargas especiais devem ser sempre aplicadas com


acompanhamento do mantenedor, pois há todo um procedimento para ser
efetuado em intervalos regulares com relação a observação de densidade,
distribuição da tensão total pelos elementos, condições de gaseificação, etc.

Teste de capacidade é um requisito necessário para detectar possíveis falhas no


sistema de baterias, evitando assim surpresas por ocasião de uma eventual
emergência.

2.7 Fatores ambientais e de segurança relacionados às baterias

2.7.1 Compromisso com o meio ambiente

Quando da substituição das baterias, elas devem ter uma disposição final
adequada, de modo que os elementos químicos nelas contidos sejam tratados
dentro da lei. Os componentes das baterias são recicláveis, mas só uma entidade
idônea poderá fazê-lo. Portanto, as baterias após seu esgotamento energético,
deverão ser entregues pelo usuário ao fabricante e ou ao importador ou ao
distribuidor para os procedimentos de descartes.
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2.7.2 Identificação de perigos à saúde

Contato com os olhos e com a pele pode causar queimaduras e danos


severos;

Inalação de névoa de ácido sulfúrico devido a extrema sobrecarga pode


causar irritação respiratória, dificuldade de respirar, dor de cabeça, náuseas e
fraquezas. Exposição severa pode causar edema pulmonar e aumentar o risco de
câncer de pulmão.

Ingestão de eletrólito ácido pode causar severas queimaduras na boca,


esôfago e trato intestinal.

A exposição do chumbo pode causar contaminação como sintomas de


fadiga, insônia, dor abdominal, constipação, perturbação nervosa, anemia, danos de
natureza crônica no rim e no cérebro.

2.7.3 Primeiros socorros

Em caso de contato com os olhos ou com a pele lavar imediatamente com


água corrente durante 20 minutos, remover as roupas contaminadas, lavá-las antes
de reutilizar e procurar assistência médica se a irritação persistir.

Em caso de inalação, se desenvolver e irritação, remover a vítima para local


fresco e arejado e procurar a assistência médica.

Em caso de ingestão, de solução ácida, não provocar vômito. Não dar nada
pela boca para uma pessoa inconsciente ou em convulsão. Molhar a boca com uma
pequena quantidade de água e procurar a assistência médica imediatamente.

2.7.4 Risco de fogo ou explosão

Em caso de incêndio usar como meio de extinção do fogo dióxido de


carbono, pó químico.

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Procedimentos especiais para combate a incêndio: desligar o equipamento;


utilizar os equipamentos de segurança e máscara de proteção respiratórias com
pressão positiva.

Para evitar risco de fogo ou explosão: afastar dos ambientes onde as


baterias se encontram, cigarros, fagulhas e chamas. Explosões podem resultar de
cargas impróprias e de emissão dos gases de carga (hidrogênio).

Produtos perigosos da combustão: óxido de enxofre, chumbo e hidrogênio.

2.7.5 Medidas contra vazamentos acidentais

Evitar contato com eletrólito e eletrodos de chumbo. O vazamento é raro, a


menos que a bateria seja quebrada; se ocorrer vazamento, neutralizar o ácido com
solução de bicarbonato de sódio 5%; recolher os resíduos evitando drená-los em
galerias de esgoto sem o tratamento adequado.

2.7.6 Manuseio e estocagem

Durante o manuseio: cuidar para não quebrar o recipiente; não ocasionar


curto-circuito nos terminais; não ocasionar sobrecarga; não aquecer; não empilhar e
não colocar ferramenta sobre as baterias. Precauções especiais devem ser mantidas
com relação a cigarros, fagulhas e chamas. Em caso de estocagem: estocar em
local fresco e seco.

2.7.7 Informações ecológicas

A destinação final inadequada dos componentes internos da bateria


inservível pode poluir águas e solo. Não drenar o eletrólito em galerias de esgoto ou
rio sem tratamento adequado. A bateria após seu esgotamento energético deverá
ser entregue pelo usuário ao fabricante ou ao importador ou ao distribuidor da
bateria, para destinação final.

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2.8 Provocações para reflexão sobre o saber construído

Justifique a importância da utilização de fontes de corrente contínua, nos


procedimentos de operação, na REPAR. Tendo em vista o grau de segurança
exigido, poder-se-ia utilizar apenas fontes CA?

Diferencie gerador eletroquímico primário de gerador secundário pelos pontos


de vista de capacidade, potência e reversibilidade.

Um acumulador pode ser constituído de uma placa positiva e outra placa


negativa, de um meio eletrolítico e um vaso recipiente. Justifique a razão dos
fabricantes produzirem acumuladores com múltiplas placas em paralelo.

Diferencie o eletrólito utilizado nas baterias de chumbo do eletrólito utilizado


nas baterias de níquel-cádmio.

Para avaliar a capacidade de descarga de uma bateria utiliza-se os parâmetros


de capacidade em A.h. e o tempo de descarga em horas. Explique como estes
parâmetros são empregados para estimar a intensidade de corrente que pode
ser solicitada da bateria.

Explique como e quando se dá o fenômeno da gaseificação nos acumuladores.

Explique a natureza da corrente elétrica no interior do vaso recipiente e


externamente entre os eletrodos do acumulador, que executa trabalho, ao
transitar no consumidor.

Esboce um diagrama que demonstre as formas de configurar a associação de


baterias em série, em paralelo e mista. Justifique suas aplicações e reflita sobre
os riscos destes procedimentos.

Há aumento de risco ao associar muitos acumuladores em série?

Que parâmetros são alterados ao associar acumuladores em paralelo?

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Verifique o diagrama da figura 2.9 – alimentação CC redundante. Explique o


funcionamento do circuito proposto. Que benefícios ele apresenta? Como
conseqüência, o que se perde?

A bateria tem seus parâmetros com baseados em um calor determinado de


temperatura, valor de referência. Qual é esse valor de temperatura e quais os
pontos limites superiores para bateria ácida e alcalina?

A tensão final é um parâmetro importante para a vida útil da bateria. Que


alterações podem acarretar ao acumulador o fato de ultrapassar esse limite?

Explique a variação de densidade com os eventos de carga e/ou descarga em


baterias ácidas e alcalinas.

Que afetações podem ocorrer se uma bateria ficar sob condição de carga de
equalização por um período de aproximadamente 30 dias?

Justifique a existência de exaustor(es) na sala de bateria.

Considere que uma bateria é composta por 60 acumuladores tipo chumbo-


ácida cuja resistência interna é de 0,3 mΩ por acumulador. Calcule a corrente
de um curto-circuito junto aos pólos extremos do banco de baterias.

Qual o destino a ser dado ao conjunto de bateria inservível?

Cite alguns perigos à saúde ocasionados pelo contato com o eletrólito da


bateria.

Reflita sobre as providências a serem tomadas em caso de acidentes


envolvendo baterias.

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Dado a BT da CAFOR, considere que a


resistência interna seja da ordem de 0,1
mΩ por acumulador. A capacidade
informada é de 900 Ah em 5 h. Qual a
intensidade da corrente de curto esperada
em seus pólos extremos? É viável atingir o
valor de corrente calculado? Justifique!

Figura 2.11 - Bateria alcalina da CAFOR

Para o caso acima, considere que um curto ocorra junto a um consumidor


situado a 100 m de distância da BT e a interligação é feita por condutor de
bitola 10 mm2, com resistência de 1,8 Ω/km. Qual a corrente esperada no
ponto do curto-circuito? O que se espera desencadear em um evento desta
natureza? Pense em termos do painel de distribuição de CC relativo a este BT.

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3 INVERSORES

3.1 Introdução

Inversores são circuitos que convertem potência CC em potência CA com


freqüência e tensão ou corrente de saída desejada. A tensão de saída tem uma
forma de onda periódica que, embora não-senoidal, pode, com uma boa
aproximação, chegar a ser considerada como tal. Há muitos tipos de inversores,
classificados de acordo com o número de fases, tipo de semicondutores de potência
utilizados, estratégia de modulação e controle, forma de onda da saída, etc.

Nesta apostila serão abordados os três tipos de inversores mais


empregados em UPS’s, ressaltando que na REPAR, devido a faixa de potência, o
tipo de inversor que compõe a etapa de saída das UPS’s é o full-bridge ou também
chamado ponte completa.

Cabe ainda ressaltar a existência de inversores para acionamento de


motores, cujo objetivo é controlar a partida, a parada e a velocidade dos mesmos,
porém não serão objetos de estudo neste curso.

3.2 Tipos de inversores

3.2.1 Inversor half-bridge

O inversor half-bridge ou meia ponte é apresentado na figura 3.1.

Este inversor é utilizado em aplicações de baixa potência, e é considerado o


circuito básico dos inversores. Seu funcionamento consiste no comando não
simultâneo dos interruptores de tal forma que quando o interruptor superior está
acionado, a corrente na carga flui num sentido, na seqüência desliga-se este
interruptor e aciona-se o interruptor inferior, fazendo com que a corrente agora flua
em sentido contrário.

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Figura 3.1 - Inversor meia ponte

Como principais características pode-se citar:

Emprega dois interruptores;

A fonte de alimentação CC necessita de ponto médio;

Necessita de circuito de comando isolado, pois o interruptor superior não se


encontra na mesma referência da fonte de alimentação CC;

O nível de tensão na carga é a metade da tensão de alimentação CC, ou seja,


para a mesma potência processada, a tensão nas chaves é o dobro da
aplicada na carga.

3.2.2 Inversor full-bridge

O inversor full-bridge, ou ponte completa é apresentado na figura 3.2.

Este inversor é utilizado em aplicações de potências mais elevadas. Seu


funcionamento consiste no comando aos pares dos interruptores em diagonal, de tal
forma que a corrente na carga flui em sentidos opostos a cada acionamento. O
circuito de comando, da mesma forma que o inversor meia ponte, jamais poderá
comandar dois interruptores do mesmo “braço” simultaneamente, pois isto causaria
o chamado “curto em um braço de interruptores”. Para evitar este fenômeno, os
circuitos de comando são dotados de um “tempo morto” entre o acionamento dos
interruptores do mesmo “braço”, que nada mais é do que um pequeno intervalo de
tempo entre os acionamentos.

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Figura 3.2 - Inversor ponte completa

Como principais características pode-se citar:

Emprega quatro interruptores;

A fonte de alimentação CC não necessita de ponto médio;

Necessita de circuito de comando isolado, pois o interruptor superior não se


encontra na mesma referência da fonte de alimentação CC.

3.2.3 Inversor push-pull

O inversor push-pull é apresentado na figura 3.3.

Este inversor é bastante empregado em UPS’s de baixa potência, também


conhecidos como short breaks. Seu funcionamento consiste no comando não
simultâneo dos interruptores de tal forma que a tensão do barramento CC é aplicada
a um dos enrolamentos do lado primário do transformador. Esta energia é transferida
para o secundário do transformador onde está conectada a carga. Antes que ocorra
a saturação do núcleo do transformador devido à aplicação da tensão CC do lado
primário, o interruptor é desacionado, em seguida é acionado o outro interruptor, que
energiza o outro enrolamento primário com polaridade contrária a anterior,
novamente ocorre a transferência de potência para o secundário do transformador e
conseqüentemente para a carga, porém com polaridade contrária, caracterizando a
aplicação de CA sobre a carga.

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Figura 3.3 - Inversor push-pull

Como principais características pode-se citar:

Emprega dois interruptores;

Estrutura naturalmente isolada, empregando um transformador com ponto


médio no lado primário;

Não necessita de circuito de comando isolado, pois a fonte de alimentação


CC e os interruptores encontram-se referenciados na mesma massa.

3.3 Princípio da modulação PWM

A modulação PWM senoidal consiste em comparar-se uma tensão de


referência senoidal (imagem da tensão de saída buscada) com um sinal triangular
simétrico. Como resultado desta comparação tem-se um sinal com largura de pulso
variável de acordo com a amplitude relativa da referência em comparação com o
sinal triangular. A freqüência do sinal triangular determina a freqüência de
chaveamento, esta deve ser no mínimo 10 vezes superior à freqüência do sinal de
referência para que se obtenha uma reprodução aceitável deste.

Existem dois tipos distintos de modulação PWM senoidal:

Modulação PWM senoidal a dois níveis;

Modulação PWM senoidal a três níveis.

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3.3.1 Modulação PWM senoidal a dois níveis

Na figura 3.4 apresentam-se as formas de onda dos sinais de comando da


modulação PWM senoidal a dois níveis.

Figura 3.4 - Sinais de comando da modulação PWM senoidal a dois níveis.

Como resultado desta modulação, apresenta-se na figura 3.5, a forma de


onda da tensão de saída. Observa-se que esta tensão fica submetida a dois níveis
de tensão: E e –E.

VAB
E

-E

Figura 3.5 - Tensão de saída para modulação PWM senoidal a dois níveis.

Esta configuração apresenta um espectro harmônico maior do que se


comparado com a modulação PWM senoidal de três níveis. Observa-se também
que, para que a tensão de saída seja mais próxima de uma senóide, é necessária a
utilização de um filtro na saída do inversor.

Este tipo de modulação apresenta um circuito de comando bastante


simplificado.

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3.3.2 Modulação PWM senoidal a três níveis

Na figura 3.6 apresentam-se as formas de onda dos sinais de comando da


modulação PWM senoidal a três níveis.

Figura 3.6 - Sinais de comando da modulação PWM senoidal a três níveis.

Como resultado desta modulação apresenta-se, na figura 3.7, a forma de


onda da tensão de saída. Observa-se que esta tensão fica submetida a três níveis
de tensão: E, 0 e –E.

VAB
E

-E
Figura 3.7 - Tensão de saída para modulação PWM senoidal a três níveis.

Nesta configuração também torna-se necessário a utilização de um filtro na


saída do inversor, para que a tensão se aproxime de uma senóide. Entretanto, para
a mesma freqüência de chaveamento, aparece na tensão de saída um número de
pulsos duas vezes maior que o obtido na modulação PWM senoidal de dois níveis.
Logo, o filtro de saída requerido é menor.

Este tipo de modulação apresenta um circuito de comando um pouco mais


complexo que o da modulação PWM senoidal de dois níveis.

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4 NO BREAK - UPS

4.1 Introdução

No breaks ou UPS´s são dispositivos requeridos principalmente por


equipamentos ou sistemas em que a sua desenergização, mesmo que por um
intervalo curto de tempo, possam causar perdas consideráveis, como por exemplo,
em um CPD, onde informações valiosas podem ser perdidas em uma simples
“piscada” da energia fornecida pela concessionária, ou em uma unidade de terapia
intensiva de um hospital, onde a falta de energia pode representar a diferença entre
a vida e a morte, em locais de grande concentração de pessoas para evitar tumultos
durante eventuais blecautes.

A UPS torna-se imprescindível na alimentação dos equipamentos


considerados consumidores críticos, em que a alimentação é feita diretamente em
energia CA, como é o caso da maioria dos consoles de operação de sistemas. Nas
refinarias petroquímicas, na proteção do vôo e no controle de espaço aéreo, pelos
danos materiais e humanos que uma interrupção da operação pode causar é que
torna indispensável que a fonte de alimentação seja ininterrupta. Estes tipos de
consumidores além da adoção de UPS possuem geração de emergência própria
para oferecer uma maior confiabilidade, geralmente visando resguardar patrimônio e
vida humana.

4.1.1 Definição

Os sistemas ininterruptos de energia, conhecidos como no break ou UPS


(Uninterrupt Power System), tem como características: filtrar, regular, suprir energia
elétrica alternada para cargas sensíveis, isolar a carga da rede comercial, sujeita a
transientes, ou de forma geral garantir o fornecimento de energia elétrica aos
consumidores, sem interrupção, durante o período de falha da rede.

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4.1.2 Estado da arte em no breaks – UPS

A configuração básica de um conjunto no break conforme apresentado na


figura 4.1 utiliza uma fonte CA primária, proveniente da rede da concessionária ou
grupo gerador, alimentando um módulo retificador, correspondendo ao CR, e
baterias, que alimentam um inversor, que por sua vez alimenta o consumidor. No
caso de uma eventual falha na UPS ocorre a mudança de alimentação para a via de
bypass.

Figura 4.1 - Esquema genérico de UPS

Quanto ao princípio de funcionamento os no breaks podem ser rotativos ou


estáticos (por chaveamento eletrônico). O no break rotativo apresenta em sua
configuração um motor elétrico CC, um volante de inércia e um alternador.

As principais desvantagens do sistema no break rotativo são quanto ao


processo de partida devido a dificuldade de aceleração da massa do volante de
inércia, quanto à manutenção do motor elétrico e quanto ao espaço físico para a
instalação. Fatos que tornou-o obsoleto a ponto de cair em desuso.

O avanço tecnológico na fabricação de componentes semicondutores, para


circuito de potência, permitiu superar as desvantagens apresentadas pelos
inversores rotativos e efetuar a substituição por sistemas estáticos. Com as mesmas
funções e uso o no break estático apresenta como característica principal a ausência

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de peças móveis, além de apresentar uma considerável redução de volume, em


relação ao no break rotativo, pelo emprego de componentes eletrônicos de estado
sólido.

4.1.2.1 Formas de inserção do no break entre a rede e o consumidor:

Off Line / Short break, neste caso a carga fica ligada na própria rede, e o inversor
do no break, só entra em serviço quando há falta de energia, ou seja ele fica em
stand-by. Contudo no instante da transferência, é gasto de ½ a 2 ciclos para a
entrada do inversor alimentando a carga. Este equipamento é mais simples, mais
barato e, sua forma de onda de saída é praticamente quadrada.

Line Interactive / Ferro ressonante / Bidirecional, trata-se de um meio termo entre


o tipo off line e on line. Neste modelo, com a rede presente, a carga está sendo
alimentada pela rede e regulada pelo conjunto transformador de núcleo saturado,
ferro ressonante com os filtros LC, no momento da falta da rede, não ocorre uma
interrupção, mas sim uma pequena perturbação na transferência do modo de
operação da rede para o inversor ou vice versa.

On Line / Dupla conversão, este tipo é chamado on line, devido ao fato da carga
estar sempre sendo alimentada pelo circuito inversor, ou seja, no caso de falta da
rede, não há atraso algum na transferência de energia para a carga. Sua forma
de onda é uma senóide quase perfeita.

Assim como em qualquer outro equipamento, à medida que ampliam seus


recursos, os valores envolvidos também aumentam. Desta forma, temos em ordem
crescente de valores; short break, no break interativo e no break de dupla
conversão, este o mais completo de todos e com várias arquiteturas de entrada e
saída dependendo das necessidades e conveniências do usuário e concepção de
projetos dos fabricantes.

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4.1.2.2 Arquitetura usuais de configuração dos no breaks – UPS

As configurações descritas abaixo aplicam-se mais a UPS, no breaks on


line, por ser o tipo de configuração que atende a consumidores de médio ou grande
porte e de importância relevante. Trataremos inicialmente da configuração
envolvendo o número de fases de entrada e da saída dos equipamentos:

Mono / Mono, neste caso incluem-se todos equipamentos de pequeno porte,


geralmente menores que 10 kVA;

Mono / Tri, esta configuração é de pouco uso, tendo em vista que se aplica mais
quando nas cargas do usuário contém motores elétricos trifásicos de pequeno
porte, geralmente não passam de 10 kVA;

Tri / Mono, esta configuração é de uso freqüente, pois tem como vantagem a
facilidade do filtro da ondulação da tensão retificada, utiliza apenas um inversor
monofásico, que pode ser seguido por um transformador de tap central,
possibilitando o uso de duas tensões de saída, 110V + 110V ou 115V +115V.
Normalmente esta configuração é utilizada entre 5kVA e 30 kVA;

Tri / Tri, para equipamentos de potência superior a 20 kVA torna-se


economicamente viável, apesar da utilização de módulo de inversor trifásico, mas
pelo fluxo de energia se justifica.

Com relação ao arranjo de retificador e carregador de baterias geralmente


encontram-se no mercado os seguintes tipos de equipamentos:

Com retificador totalmente controlado e carregador concomitante, este é o tipo


mais comum de configuração, podendo apresentar a variante de controle
especial para a corrente de recarga da bateria. Há equipamentos que utilizam
esta configuração sem a utilização do controle da corrente de recarga da bateria.
Isto coloca o banco de baterias sujeito a altas correntes de recarga que podem
ser danosas aos elementos acumuladores;

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Com retificador burro e carregador independente, esta topologia utiliza uma ponte
retificadora trifásica a diodo, isto é, sem controle, para alimentar
permanentemente o módulo inversor com a rede presente. E um módulo
retificador carregador semicontrolado destinado a suprir a recarga e flutuação do
banco de baterias. Existindo um tiristor de bloqueio entre a entrada do módulo
inversor e a bateria que é gatilhado por ocasião da falta da rede. O corte deste
tiristor se dá pelo retorno do funcionamento do carregador devido a normalização
da rede e obedecendo o princípio de funcionamento do tiristor.

Outro atributo importante para a qualificação do no break é com relação ao


acoplamento magnético, que pode existir ou não, gerando as seguintes variações
nos equipamentos:

Sem transformador, esta forma de entrada geralmente é utilizada nos


equipamentos com retificador sem controle, isto é, a diodo, pois a entrada do
inversor é projetada para trabalhar com a tensão direta da rede. Este fato torna o
equipamento mais leve, mais barato e gera menor dissipação térmica. Entretanto
toda distorção na forma de onda devido ao retificador aparece para a rede de
alimentação, afetando os outros consumidores vizinhos.

Com autotransformador na entrada e/ou saída, esta topologia tem por função
adaptar as tensões da rede para as condições de trabalho do inversor e/ou
tensão de saída do inversor para a carga. Tem como vantagem ser de baixo
custo em relação ao transformador isolador, contudo não propicia a isolação
galvânica geralmente desejável para os sistemas que requerem maior
confiabilidade.

Com transformador isolador na entrada e/ou saída, este componente propicia


maior confiabilidade aos sistemas, porém tornam-se mais robustos, causam
maior dissipação térmica e são mais caros.

Fator de potência e taxa de distorção harmônica do equipamento são fatores


importantes de serem avaliados por ocasião da aquisição de um UPS, bem como

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não deve ser perdido de vista durante a sua utilização, pois os equipamentos são
comercializados pela sua potência aparente (kVA). Sendo o fator de potência
sempre menor que a unidade, a potência efetiva fornecida em kW se torna
menor que a grandeza em kVA. Portanto, o fator de potência é um fator limitante
do valor da potência efetiva disponível pelo equipamento. Por exemplo: um
equipamento de 10 kVA com fator de potencia 0,6 dispõe ao consumidor 6kW de
potencia real. Ou seja, este equipamento pode alimentar uma carga de 10 kVA
porém com fator de potência 0,6 que define o limite de uso efetivo de 6 kW.
Vendo pelo triângulo de potência temos envolvido nesta operação 8 kVAr.

Chave de transferência para no break de pequeno porte, menores que 5 kVA,


geralmente são de natureza eletromecânica, utilizam relés para comutação. Para
equipamento em que as cargas se tornam mais exigentes ou equipamentos de
maior porte utiliza-se chave estática. Enquanto uma chave eletromecânica
comuta entre 2 ms e 20 ms a chave estática comuta num tempo da ordem de no
máximo 1 ms, o que torna a interrupção quase que imperceptível para o
consumidor.

4.2 Situando as UPS´s da REPAR

Os equipamentos para suporte de energia CA em emergência, na REPAR,


alguns são de fabricação Siemens, figura 4.3 e outras ABB, prevalecendo UPS´s de
potência aparente de 15 kVA. Entrada: trifásica, 380VCA. Saída: monofásica, 220VCA.
Fator de potência 0,8. Freqüência 60 Hz. As UPS´s recebem tensão de alimentação
trifásica através de transformador de adaptação de 480VCA para 380VCA que
alimenta a ponte retificadora totalmente controlada, conforme o item 1.2.4 e figura
1.19. A tensão retificada é filtrada e levada ao banco de baterias e entrada do
inversor com tensão nominal de 432VCC. Estes equipamentos são providos de
transformador isolador interno associados à saída do módulo inversor, que
propiciam a tensão senoidal de 220VCA. Esta tensão é apresentada a um outro
transformador que adapta a tensão para a necessidade do consumidor que é de
120VCA.

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A UPS Siemens não possui internamente um transformador isolador de


entrada, entretanto é provida de um acoplamento indutivo que atua como filtro para
atenuar as perturbações, devido as distorções harmônicas, ocasionadas pelo
módulo retificador.

Figura 4.2 - Retificador da UPS

Neste equipamento o retificador é dimensionado para alimentar


simultaneamente o inversor à plena carga e dar conta de recarregar o banco de
baterias, possuindo controle eletrônico para manter o controle da recarga mesmo
que as baterias solicitem uma intensidade de corrente maior que a recomendada
pela sua capacidade, evitando danos aos acumuladores.

Provocação:

Se internamente este no break não possui transformador elevador, então


como os 380VCA apresentados na entrada do retificador possibilitam obter no link DC
uma tensão de 432VCC?

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A BT, para estes equipamentos, é


composta de 32 monoblocos de 12 VCC,
chumbo-ácido selados, solução gelatinosa,
totalizando 192 elementos acumuladores. A
tensão de recarga é permanente de
2,25V/elemento, perfazendo 13,5VCC por
monobloco. Este tipo de bateria não diferencia
tensão de flutuação, equalização ou carga
especial. Portanto a sua recarga é sempre com
tensão de 2,25 V/elemento, totalizando 432 VCC
no link DC.

Figura 4.3 - UPS Siemens da CAFOR

O módulo inversor tem a função de converter a tensão VCC proveniente do


retificador ou da bateria em uma tensão VCA estável em freqüência e amplitude
confiáveis, com fins de atender ininterruptamente os consumidores críticos do
sistema. Logo após a ponte inversora o sistema dispõe de filtros para aproximar a
forma de onda de uma senóide.

Figura 4.4 - Diagrama bloco do inversor

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Para as UPS´s Siemens o inversor é do tipo ponte completa monofásico


controlado através da tecnologia PWM, figura 3.2 cuja saída alimenta um
transformador isolador, assegurando a isolação galvânica entre o inversor e o
consumidor.

A chave estática utiliza tiristores (SCR), figura 4.6, como elemento de


chaveamento. Em operação normal a carga é alimentada diretamente pelo inversor,
o equipamento é de natureza on line, porém
em caso de manobra, de desligamento do
equipamento, por sobrecarga, ou por eventual
falha no sistema a alimentação se torna
possível pelo ramo de bypass, recebendo
alimentação diretamente da rede. Esta
comutação ocorre sem interrupção.

Figura 4.5 - Chave estática a SCR

O bypass de manutenção composto por uma chave termo-magnética


automática que permite a comutação da carga do ramo de bypass para o ramo de
bypass de manutenção sem interrupção. E após a comutação para o bypass de
manutenção não há retorno de energia para o sistema no break. Liberando-o
totalmente para a manutenção. O sistema é provido de intertravamento elétrico para
evitar eventuais erros de manobra.

A numeração junto aos blocos da figura 4.7 tem os seguintes significados:

1 – Bloco retificador em ponte totalmente controlado


2 – Baterias
3 – Inversor
4 – Chave estática do ramo UPS
5 – Chave estática do ramo de bypass alimentação em emergência
6 – Chave termo-magnética do ramo bypass de manutenção

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Figura 4.6 - Configuração da UPS no sistema

A chave bypass de manutenção tem por função a isolação total do


equipamento UPS para torná-lo disponível para manutenção. Esta operação de
transferência deve ocorrer com a carga sendo alimentada pelo ramo de bypass de
emergência por questões de segurança. Pois a fim de não se interromper a
alimentação do consumidor, por ocasião da transferência da carga da UPS para o
bypass de manutenção ocorre um overlap (superposição das chaves por curto
espaço de tempo). Esta superposição se feita diretamente sobre a saída da UPS
pode causar danos ao sistema.

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4.3 Possibilidades operacionais da UPS

4.3.1 Operação em estado de rede normal

Na configuração on line, a energia é processada pelo duplo conversor


VAC/VDC (módulo retificador) e VDC/VAC (módulo inversor) respaldado pelas baterias
permanentemente conectadas ao link DC, torna transparente para o consumidor
eventuais perturbações ou falhas da rede normal de alimentação. Em estado normal
mesmo que a UPS sinta tais eventos, ela mantém o consumidor imune das
perturbações.

Figura 4.7 - UPS operando com rede normal

4.3.2 Operação via baterias

Em casos de eventuais falhas da rede normal, rede 1, as baterias que se


encontravam em flutuação entram em ação, imediatamente, mantendo o módulo
inversor alimentado, esta situação perdurará durante a autonomia das baterias. A
autonomia em casos extremos pode ser prolongada utilizando-se do recurso de
redução de cargas menos essenciais que normalmente estão sendo alimentadas
pelo barramento crítico.

Tão logo a rede 1 se normaliza o retificador entra novamente em ação,


cessando o dreno de corrente das baterias e então o carregador supre a carga e a
corrente de recarga das baterias. Esta recarga pode ser com limitação de corrente

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de baterias como pode ser que o limite fique pelo extremo da potência do módulo
retificador carregador. Neste caso se a carga do barramento crítico estiver atenuada
pode ser fornecida uma corrente excessiva para as baterias, o que pode ser
prejudicial, em virtude de aquece-las em demasia.

Figura 4.8 - UPS operando pela bateria

4.3.3 Operação em estado de emergência via chave estática

Em caso de anomalia na UPS o seu sistema de controle efetua a


transferência de fluxo de energia do inversor para o ramo de bypass e a carga crítica
passa a ser alimentada pela rede 2, rede de emergência, via chave estática.

Figura 4.9 - UPS operando em emergência

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4.3.4 Operação via bypass de manutenção

Esta função tem por finalidade isolar o equipamento para manutenção,


viabilizando a alimentação do barramento por um condutor que tem origem na rede
de emergência e é conectável ao barramento crítico via uma chave de operação
especial que comuta o barramento crítico do ponto de saída da UPS para o condutor
de bypass de manutenção sem interrupção.

Figura 4.10 - UPS em manutenção

4.4 Principais parâmetros a considerar nas UPS´s

Analisando pela lei de Ohm (V = R.I) a grandeza tensão, d.d.p., [V], é a que
oferece condições de, proporcionar a circulação da corrente elétrica [I] através do
consumidor [R], estando o circuito fechado. Portanto, em certos momentos da
operação, na entrada do equipamento pode estar presente a tensão, porém se ele
não estiver em atividade, poderá não haver corrente circulante. O que nos leva
geralmente a monitorar estas duas grandezas em vários pontos do sistema.
Reconhecer estes princípios pode ser muito útil na tomada de decisões em
momentos de correções de desvios da normalidade, ou mesmo para evitar provocar
desvios na coerência de procedimentos. Estas informações geralmente estão na
parte frontal dos PN’s e principalmente no painel frontal da UPS através do LCD.
Acessar com rapidez os parâmetros essenciais é fundamental para a eficácia da
operação.

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4.4.1 Potências:

A quantidade de energia/tempo que pode transitar pela UPS é limitada pelos


seus parâmetros construtivos. UPS´s são classificadas pela potência aparente que
geralmente está associada ao nome da UPS. Ex.: UPS Siemens 15 kVA.

Potência aparente: O parâmetro 15 kVA nos dá a idéia do limite de carga que


podemos alimentar com esta UPS e é a potência aparente do equipamento.
Geralmente é esta potência que aparece associada às referências do
equipamento. Em conseqüência da natureza desta potência, vai aparecer
associado a ela um parâmetro adimensional que é o fator de potência. No caso
das UPS´s da REPAR este fator de potência é 0,8.

Potência real é uma conseqüência da operação de multiplicação da potência


aparente com o fator de potência. No nosso caso de S = 15 kVA, cosφ = 0,8,
implica em uma potência real disponível máxima de 12 kW. Assim, não podemos
extrair deste equipamento a potência de 15 kW, sob riscos de danos.

Potência reativa é a componente do triângulo de potência que aparece como o


cateto do triângulo retângulo que possibilita a potência aparente ser diferente da
potência real. E seu valor também está diretamente relacionado com o valor da
potência aparente e com o fator de potência do sistema.

Fator de potência é uma característica da carga, do consumidor. É ocasionado


pelos reativos, que geram o defasamento entre a tensão e acorrente. Exemplo:
motores e transformadores a vazio geralmente produzem pouca potência real, e
um valor significativo de potência aparente e de potência reativa. Tendo como
conseqüência um fator de potência muito baixo.

As grandezas acima podem ser facilmente estimadas conhecendo-se as


componentes de tensão, corrente e cosφ da carga.

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4.4.2 Tensões:

As necessidades dos sistemas apontam para a conveniência da adoção de


vários níveis de tensão, quer seja VCA ou VCC, e isto ocorre com freqüência quando
se trata de UPS de dupla conversão.

CA da entrada para a UPS na REPAR é proveniente de um transformador que


adapta a tensão de 480VCA para 380 VCA.

Link DC, ou mesmo que barramento CC, é o ponto de junção da saída do


retificador, da entrada do módulo inversor e da conexão da bateria.

CA da saída é a tensão obtida logo após o módulo inversor após o filtro e


transformador de adaptação.

CA do bypass de emergência é a tensão disponível no ramo paralelo, passando


pela chave estática interna na UPS, com a finalidade de assumir de forma
automática a alimentação dos consumidores, em eventual falha na UPS. Esta
fonte de emergência no sistema REPAR passa por um transformador de
adaptação de 480VCA para 220VCA, tornando a tensão do ramo de bypass
compatível com a saída do inversor da UPS.

CA do bypass de manutenção é a fonte que possibilita desenergizar por


completo a UPS tornando-a disponível para intervenções da equipe de
manutenção. Esta fonte utiliza o próprio transformador de adaptação do bypass
de emergência.

Delta V representa a diferença de tensão entre o ramo de saída do inversor e a


tensão na entrada da chave estática do bypass de emergência. A UPS dispõe de
circuito de sincronismo da tensão gerada pelo seu inversor em relação à rede de
bypass de emergência. No momento da transferência da carga de uma fonte
para outra esta diferença de tensão deve ser mínima para evitar danos ao
sistema.

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4.4.3 Correntes:

A diferença de tensão em si não é suficiente para que ela execute um


trabalho elétrico, é necessário que a condição de continuidade do circuito se
estabeleça para que haja corrente no circuito.

Corrente de entrada é a corrente CA ocasionada pelo chaveamento da ponte


retificadora de onda completa. Geralmente via um TC a corrente eficaz de
entrada da UPS é mostrada ao operador em um amperímetro no painel no LCD
do painel frontal da UPS. Sondo o equipamento trifásico é possível efetuar leitura
da corrente das três fases de entrada. Em princípio estas correntes devem estar
em equilíbrio, como sintoma de bom funcionamento do equipamento. A potência
de entrada do equipamento é estimada pela relação matemática S = 3 ⋅ V ⋅ I e
P = S . cos φ

Provocação: estabeleça comparações entre a corrente de entrada com


a corrente de alimentação no ponto antes do transformador de 480VCA para 380VCA.
Justifique as diferenças.

Correntes no link DC, ou correntes no barramento CC, envolve as correntes de


saída do retificador, corrente de flutuação da BT, corrente de descarga das
baterias por ocasião em que o inversor está sendo alimentado pela BT, corrente
de entrada do inversor e corrente de recarga da BT.

Corrente na saída é a corrente no ponto de junção da chave estática de saída do


inversor com a chave estática do bypass de emergência. Neste ponto a tensão é
de 220VCA, portanto, o que podemos afirmar a respeito da intensidade da
corrente na saída da UPS em relação a intensidade de corrente que entra no
quadro de alimentação dos consumidores?

Corrente de flutuação da bateria: esta grandeza torna-se importante pois é ela


que mantém a bateria em plena carga e com capacidade suficiente, dentro da

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autonomia desejada, para manter a operação em eventuais falhas da rede


normal.

Corrente de recarga da bateria ocorre após uma solicitação de descarga das


baterias. Com a normalização da alimentação do carregador, as baterias
passam a absorver uma intensidade de corrente maior, que alcança o limite de
recarga se o retificador foi concebido com recursos para essa discriminação.
Equipamento sem este recurso pode causar danos às baterias.

4.4.4 Autonomia

Autonomia é o parâmetro relacionado ao tempo em que a UPS suporta


manter o consumidor alimentado utilizando a capacidade da BT. As BT´s das UPS´s
da REPAR são dimensionadas para uma autonomia de 30 min a plena carga. Como
as UPS normalmente estão operando para alimentar 50% da plena carga, então
espera-se que a autonomia seja superior a 30 min.

Provocação: qual a autonomia aproximada esperada para este caso?

4.5 Provocações para reflexão sobre o saber construído

Como instrumento de idealização do processo de operação, reproduza o


esquema elétrico unifilar de entrada e saída das UPS´s considerando o bypass
de emergência e o bypass geral de manutenção de cada equipamento.

Historicamente o que levou a comunidade científica e industrial a desenvolver


equipamento com função do tipo UPS?

O gargalo limitante da autonomia da UPS dupla conversão está em que


componente? Veja pelos pontos de vista: disponibilidade de espaço para
instalação, custo / autonomia, risco.

Há casos em que a autonomia do no break é limitada pelo inversor?

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Pensemos que o banco de baterias da UPS é de 100 Ah em 20 horas, instalado


neste equipamento de 15 kVA, fator de potência 0,8. O equipamento por sua vez
está alimentando um consumidor que está solicitando uma potência de 5 kVA
com fator de potência 0,8 indutivo. Após uma operação de descarga das baterias
por aproximadamente 20 minutos ocorre a normalização da rede de alimentação.
Com base nesta informação aproxime a autonomia desta UPS e explique o que
deve acontecer após a normalização da alimentação pelo retificador da UPS.

Qual a corrente recomendada para a recarga das baterias, após a atuação em


emergência? Comente sobre os possíveis efeitos se esta corrente não for
limitada durante a recarga da BT.

Se a saída do retificador fornece uma potência de 12 kW na tensão de 432VCC,


considerando a corrente solicitada pelo ramo do inversor que está alimentando
uma carga de 4 kW, qual a corrente disponível para a recarga da BT após um
período de aproximadamente 25 min de descarga? Qual a tendência de recarga
das baterias?

Sugira exemplo de cargas em que a potência aparente coincide com a potência


real.

Compare a intensidade da corrente relativa a UPS no ponto anterior ao


transformador de 480/380V com a intensidade no ponto após o transformador de
alimentação da carga de 220/120V.

Explique a expectativa do ângulo de fases nos pontos A, B, C e D dos quadros


de consumidores alimentados pelas UPS´s da CAFOR! Que importância esta
questão tem em relação às chaves A/B e C/D?

As BT´s Seladas gelatinosas para uma mesma faixa de corrente, normalmente,


custam tanto quanto as BT do tipo industrial, tem menor vida útil. O que justifica a
adoção destas baterias nas UPS´s?

Curso Sistemas de CC e CA
Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng.
José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005
Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 81

REFERÊNCIAS

ABB. UPS/No-Break – Fonte de Alimentação Ininterrupta, MONO PLUS Manual de


Serviços.

AHMED, A. Eletrônica de Potência. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

BARRADAS, O.; SILVA, A. F. Sistemas de Energia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos


e Científicos Editora S. A. EMBRATEL 1980.

COPEL. Apostila Carregador de Baterias.

COPEL. Apostila Retificadores.

LANDER, C. W. Eletrônica Industrial – Teoria e Aplicações. 2a ed. São Paulo:


Makron Books, 1996.

MOHAN / UNDELAND / ROBBINS. Power Eletrctronics – Converters, Applications,


and Design. 2a ed. New York: John Wiley & Sons, 1995.

NIFE. Manual do Retificador NIFE tipo 3BTU.

NIFE. Manual de operação e manutenção de baterias ácidas – LÓRICA.

NIFE. Manual de operação e manutenção de baterias alcalinas - NIFE.

NIFE. Manual de baterias Níquel Cádmio versus Chumbo - Ácida.

PETROBRAS. Apostila Amplificadores Magnéticos.

POMILIO, J. A. Eletrônica de Potência. Campinas: Unicamp, 1998.

REPAR. Manual de Utilidades. 2003.

ROMANELI, E. F. R. Curso de Inversores Senoidais Monofásicos para UPS.


Florianópolis, 2002. Publicação interna – INEP - UFSC.

SIEMENS. Manual da UPS 41 – 5-30kVA.

SOLA. Sola 1000 Service Manual. 1994.

Curso Sistemas de CC e CA
Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng.
José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005

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