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Horizonte
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração1,
As tormentas passadas e o mistério,
5 Abria em flor o Longe, e o Sul sidéreo2
‘Splendia sobre as naus da iniciação.
1.1. Relaciona a apóstrofe com que se inicia o texto com o conteúdo das duas primeiras estrofes.
1.2. Interpreta o título do poema, considerando o tom gradativo da segunda sextilha.
1.3. Explicita a dimensão metafórica da última estrofe.
1.2. A segunda sextilha explicita os sentidos do “horizonte” anunciados no título, fazendo-o num tom
gradativo que sugere aproximação. De “linha severa da longínqua costa” (v. 7), realidade dura e
afastada, por intervenção da “nau” (v. 8) o horizonte coincide com a “encosta” (v. 8), sinédoque do
mundo novo sugerido pelo nome “Longe” (vv. 5 e 9). Aí, numa observação “mais perto” (v. 10), encontra-
se “a terra” de “sons e cores” (v. 10) e, ao “desembarcar” (v. 11), contacta-se diretamente com as suas
realidades, “aves, flores” (v. 11). A linha “severa”, “longínqua” (v. 7) e “abstrata” (v. 12) que era o
“horizonte” ganhou, por intermédio dos portugueses, uma dimensão de proximidade e de (nova)
realidade.
1.3. A última estrofe funciona como conclusão – metafórica – a retirar do exemplo dos portugueses,
explicitado nas sextilhas anteriores. É possível ultrapassar a “linha fria do horizonte” (v. 16) e descobrir as
“formas invisíveis / Da distância imprecisa” (vv. 13-14), ou seja, atingir objetivos, mesmo que aparentemente
exigentes, desde que se invista “esp’rança” e “vontade” (v. 15). A força do desejo permite alcançar a
recompensa que é a “Verdade” (v. 18).