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Questão de aula Mensagem

Nome: _________________________________________________________ N.º: ___ Turma: _______

Avaliação: _________________________________ O professor: _____________________________

1. Lê atentamente o poema de Mensagem de Fernando Pessoa.

Horizonte
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração1,
As tormentas passadas e o mistério,
5 Abria em flor o Longe, e o Sul sidéreo2
‘Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa –


Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
10 Mais perto, abre-se a terra em sons e cores;
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha.

O sonho é ver as formas invisíveis


Da distância imprecisa, e, com sensíveis
15 Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.
PESSOA, Fernando, 2008. Poesia do Eu.
2.a ed. Lisboa: Assírio & Alvim (pp. 363-364)

1. nevoeiro denso; 2. sideral, relativo aos astros.

1.1. Relaciona a apóstrofe com que se inicia o texto com o conteúdo das duas primeiras estrofes.
1.2. Interpreta o título do poema, considerando o tom gradativo da segunda sextilha.
1.3. Explicita a dimensão metafórica da última estrofe.

OEXP12 DP © Porto Editora


1.1. O poema inicia-se com uma apóstrofe ao “mar anterior” aos descobrimentos, ao qual o sujeito poético se
dirige para explicitar as consequências da passagem dos portugueses. Aos “medos” (v. 1), à “noite” (v. 3), à
“cerração” (v. 3), às “tormentas” (v. 4) e ao “mistério” (v. 4) sucedeu o “Longe” (vv. 5 e 9), o mundo novo
descoberto pelas “naus da iniciação” lusitanas (v. 6), caracterizado pelos “sons” e pelas “cores” (v. 10).

1.2. A segunda sextilha explicita os sentidos do “horizonte” anunciados no título, fazendo-o num tom
gradativo que sugere aproximação. De “linha severa da longínqua costa” (v. 7), realidade dura e
afastada, por intervenção da “nau” (v. 8) o horizonte coincide com a “encosta” (v. 8), sinédoque do
mundo novo sugerido pelo nome “Longe” (vv. 5 e 9). Aí, numa observação “mais perto” (v. 10), encontra-
se “a terra” de “sons e cores” (v. 10) e, ao “desembarcar” (v. 11), contacta-se diretamente com as suas
realidades, “aves, flores” (v. 11). A linha “severa”, “longínqua” (v. 7) e “abstrata” (v. 12) que era o
“horizonte” ganhou, por intermédio dos portugueses, uma dimensão de proximidade e de (nova)
realidade.

1.3. A última estrofe funciona como conclusão – metafórica – a retirar do exemplo dos portugueses,
explicitado nas sextilhas anteriores. É possível ultrapassar a “linha fria do horizonte” (v. 16) e descobrir as
“formas invisíveis / Da distância imprecisa” (vv. 13-14), ou seja, atingir objetivos, mesmo que aparentemente
exigentes, desde que se invista “esp’rança” e “vontade” (v. 15). A força do desejo permite alcançar a
recompensa que é a “Verdade” (v. 18).

OEXP12 DP © Porto Editora

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