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Juarez Lopes de Morais et al.

Mineração

Fundamentos para simulação dos


desmontes de rocha por explosivos
Juarez Lopes de Morais
Doutorando em Engenharia Mineral pela UFMG,
Engenheiro Master da Companhia Vale do Rio Doce (Mina de cobre do Sossego)
E-mail: juarez.morais@cvrd.com.br

Maria de Fátima Andrade Gripp


Eng. de Minas, Dr. Ing. ENSMP,
Professor Adjunto Escola de Engenharia UFMG
E-mail: mgripp@demin.ufmg.br

Resumo Abstract
Esse artigo apresenta alguns resultados do trabalho This article shows some results of the doutorate
de pesquisa realizado para preparação da tese de douto- thesis about blast simulation. It’s looked for the
rado sobre a utilização da simulação da fragmentação no development of blast simulation estabilished in Kuz-
processo de desmonte de rochas por explosivos. É Ram and TCM (Two Components Model) models. For
apresentado um programa de computador denominado that was developed a software called SIMBLAST. The
SIMBLAST que utiliza a linguagem de programação Vi- data for this test of simulate was took in the iron mine in
sual Basic. O programa foi desenvolvido com base nos Carajás owned by CVRD - Companhia Vale do Rio Doce,
modelos Kuz-Ram e TCM - Two Components Model, des- located in the south of Para State. The simulator was
critos nesse artigo. Os dados para teste do simulador tested firstly in blasting of hard hematite (HD) and soft
foram levantados nas detonações de hematita dura (HD) hematite (HM) with the intention of compararison of
e hematita mole (HM), nas minas de minério de ferro de the models
Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce, localizadas no
Keywords: Blast simulation, explosives, fragmentation,
sul do Estado do Pará, com a finalidade de comparação
Kuz-Ram, TCM.
dos resultados da curva granulométrica gerada pelos dois
modelos.
Palavras-chave: Simulação da fragmentação, desmonte
de rochas, explosivos, Kuz-Ram, TCM.

REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 57(4): 241-248, out. dez. 2004 241
Fundamentos para simulação dos desmontes de rocha por explosivos

1. Introdução onde:
X50 é o tamanho médio de partícula (cm).
Vários autores têm estudado mode- A é o fator da rocha.
los de interação explosivo-rocha, que for- K é a razão de carga (kg/m3).
necem uma descrição útil do processo de Qe é a massa do explosivo utilizado (kg).
detonação como um "background" para Er representa a energia relativa em massa (RWS) do explosivo comparada ao ANFO
modelar o processo de fragmentação da (ANFO=100).
rocha por explosivos. Entre os principais
trabalhos destacam-se: Kuznetsov (1973),
Cunningham (1983), Lilly (1986), Sarma • Equação de Rosin-Rammler:
(1994) e Djordjevic (1999). A distribuição de tamanho dos fragmentos é calculada pela equação de Rosin-
Esse artigo apresenta um resumo Rammler:
dos resultados dos trabalhos desses 
n

− 0 , 693× X 

pesquisadores, que estudaram e cons- P = 100 × 1 − e  X 50 
 (2)
truíram modelos para a previsão da frag-  
mentação do desmonte a explosivo. Es- onde:
ses modelos foram reunidos para possi- X é o tamanho da malha da peneira.
bilitar a construção de um programa de X50 é o tamanho médio de partícula, n é o índice de uniformidade.
computador para simulação da fragmen- P é o percentual de material passante na peneira de tamanho X.
tação. A finalidade principal da simula-
ção é a previsão da curva granulométri-
ca da pilha detonada. Isto possibilita a • Índice de uniformidade de Cunningham:
alteração dos parâmetros dos planos de Essa expressão foi desenvolvida através de testes de campo por Cunningham
fogo de forma a atingir a fragmentação (1987). Ela correlaciona todos os parâmetros geométricos do plano de fogo, como
desejada para cada detonação. segue:

2. Descrição dos   S
 B  1 + B
n = 2,2 − 14 ×   × 
( ) 0 ,5
 W  
× 1 −  × abs ×
(BCL − CCL ) + 0,1 0,1 ×  L 
   (3)
  D   2   B  L  H 
modelos  
As principais equações que com- onde:
põem os dois modelos de simulação em B é o afastamento (m).
questão são apresentadas a seguir. S é o espaçamento (m).
D é o diâmetro do furo (mm).
W é o desvio da perfuração (m).
2.1 O modelo Kuz-Ram L é o comprimento total de carga (m).
As propriedades das rochas, as pro- H é a altura do banco (m).
priedades dos explosivos e as variáveis BCL é o comprimento da carga de fundo (m).
geométricas do plano de fogo são com- CCL é o comprimento da carga de coluna (m).
binadas usando cinco equações que abs é o valor absoluto referente a (BCL-CCL)/L.
compõem o modelo de fragmentação
Kuz-Ram: • Equação de Tidman:
• Equação de Kuznetsov A energia do explosivo é calculada a partir da equação desenvolvida por Tidman:
Uma correlação entre o tamanho  VODe 
2

médio do fragmento e a energia de deto- Er =   × RWS (4)


nação aplicada por unidade de volume  VODn 
de rocha (razão de carga) foi desenvol- onde:
vida por Kuznetsov (1973) como uma Er é a energia relativa por massa efetiva do explosivo.
função do tipo de rocha. Essa equação VODe é a velocidade de detonação efetiva do explosivo (medida em campo).
foi modificada por Cunningham (1983) e VODn é a velocidade de detonação nominal do explosivo (m/s).
é dada por: RWS representa a energia relativa por massa comparada ao ANFO.

0 , 633
 115  • Fator da rocha:
X 50 = A × (K )
−0 ,80 0 ,167
× Qe ×  (1)
 Er  O fator da rocha (A) foi originalmente desenvolvido por Lilly (1986) e modifica-
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Juarez Lopes de Morais et al.
da por Cunningham (1987). Para deter-
minação desse fator são usados os da-
dos obtidos na classificação da Tabela
1, a qual considera o tipo de rocha, dire-
ção e mergulho das descontinuidades
com relação à frente livre do desmonte.
O fator da rocha é usado para ajustar o
tamanho médio dos fragmentos do mo-
delo e é obtido por:
A = 0,06 × (RMD + JF + RDI + HF ) (5)

2.2 O Modelo TCM


Para garantir uma maior precisão na
previsão da fragmentação obtida no des-
monte, principalmente para os finos, foi
desenvolvido o modelo de duas compo-
nentes (TCM), Djordjevic (1999). Nesse
modelo, a pilha resultante do desmonte
pode ser considerada uma mistura de dois Figura 1 - Modelo de fragmentação TCM, mostrando as duas componentes de
conjuntos de fragmentos de rocha, ilus- fragmentação do maciço rochoso (Djordjevic, 1999).
trados na Figura 1. O primeiro conjunto

Tabela 1 - Classificação geomecânica para obtenção do fator da rocha (Cunningham, 1983).

Símb. Descrição Classificação Índice


Friável 10
RMD Maciço rochoso Fraturado JF
Maciço 50
JF Maciço fraturado JPS + JPA
< 0,10 m 10
JPS Espaçamento das descontinuidades (m) 0,10 a MS 20
MS a DP 50
MS Oversize da britagem primária (m)
DP Parâmetros da malha de perfuração (m)
Horizontal 10
Mergulhando para fora da face livre 20
JPA Direção e mergulho com relação à face livre
Direção perpendicular à face livre 30
Mergulhando para dentro da face 40
Influência da densidade (densidade da rocha
RDI RDI = 25d - 50
intacta, g/cm3)
se E < 50 GPa HF = E/3
HF
se E > 50 GPa HF = UCS/5
E Módulo de Young (GPa)
UCS Resistência à compressão uniaxial (MPa)

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origina-se da rocha relativamente próxi- a representa o tamanho médio de fragmento na segunda região (ruptura por tração).
ma ao furo. Esse conjunto de fragmen- b é o coeficiente de uniformidade da segunda distribuição de tamanho de fragmen-
tos tem ruptura compressiva-cisalhan- tos.
te; a influência da estrutura do maciço A soma das duas funções de distribuição, multiplicada pelas respectivas fra-
rochoso tende a ser muito pequena no ções da massa total, Fc e (1 - Fc), representará a distribuição de tamanho dos frag-
resultado dessa fragmentação. O segun- mentos da massa total:
do conjunto de fragmentos de rocha, ti-
picamente com granulometria mais gros-  − 0 , 693×(x ) − 0 , 693×(x ) 
b d

P = 100 × 1 − (1 − Fc )× e a
− Fc × e c
 (9)
seira do que o primeiro, é proveniente da 
rocha mais distante do furo. Esses frag-
mentos de rocha são criados por ruptura A fragmentação fina da rocha é predominantemente controlada pela interação
por tração, por meio da abertura e exten- do explosivo com a rocha intacta (rocha matriz) e é gerada na região da primeira
são de fraturas preexistentes, planos de componente ilustrada na Figura 1. Nessa região, os fragmentos típicos têm tamanho
acamamento e descontinuidades do ma- menor que 50mm. A influência dos aspectos macroestruturais do maciço e dos
ciço rochoso. Esse conjunto de fragmen- parâmetros geométricos do plano de fogo (afastamento, espaçamento etc.) não é
tos abrange uma região muito maior do importante na distribuição granulométrica desses fragmentos.
que a região da primeira componente de O campo de tensões na zona de ruptura cisalhante em volta do furo é compres-
fragmentação. sivo. Ambas as tensões, radial e tangencial, são compressivas. Em tal caso, a exten-
Assumindo que a massa de rocha são da ruptura cisalhante em volta do furo pode ser estimada usando o critério de
que se fragmenta devido à ruptura com- ruptura de Griffith, que, para o caso bi-axial de carregamento predominantemente
pressiva-cisalhante representa a fração compressivo, é (Djordjevic, 1999):
Fc da massa total de rocha desmontada
por furo, tem-se:
(σ 1 − σ 2 )2 − 8T0 × (σ 1 + σ 2 ) = 0 (10)
onde:
M0
Fc = (6) σ1 e σ2 são as tensões principais maior e menor, respectivamente.
M T0 é a resistência à tração da rocha.
onde:
Assumindo um coeficiente de Poisson(ν) médio de 0,25 e usando σ2 = [ν/(1-ν)].σ1,
Mo é a massa de rocha fragmentada por
a equação para cálculo do raio da região da primeira componente é:
compressão/cisalhamento.
M representa a massa total por furo. D
r = 0,5 ×
Conseqüentemente, a fração de ro-  24T0 
1
2
 (11)
cha que se rompe por tração ao longo  Pb 
das descontinuidades preexistentes é
onde:
1 - Fc. Por causa dos diferentes mecanis-
r é o raio da zona de pulverização.
mos de ruptura, cada subconjunto de
D é o diâmetro do furo.
fragmentos de rochas precisa ser repre-
T0 é a resistência à tração da rocha.
sentado como uma função distinta de
Pb é o pico da pressão de detonação no furo.
distribuição de tamanho. Usando a for-
ma de distribuição de Rosin-Rammler, O pico da pressão de detonação no furo é estimado usando a equação de
tem-se: Person, Holmberg e Lee (1994):
− 0 , 693× (x )  Pb = 0,25 × ρ × (VODe )
2

d
(12)
P1 = 100 × 1 − e c
 (7)
 onde:
Pb é a pressão de detonação aplicada à rocha (Pa).
 − 0 , 693× (x ) 
b

P2 = 100 × 1 − e a
 (8) ρ é a densidade do explosivo (kg/m3).
 VODe é a velocidade de detonação efetiva do explosivo (m/s).
onde:
Para o desenvolvimento do programa de simulação foram estudadas algumas
P1 e P2 são os percentuais passantes na
variações desse modelo, principalmente no que refere ao cálculo do tamanho médio
peneira de tamanho (x) para as regiões
e no coeficiente de distribuição dos finos do desmonte.
de ruptura por compressão e tração, res-
pectivamente.
c é o tamanho médio de fragmento na 2.3 O programa SIMBLAST
primeira região (ruptura por compressão).
O programa foi desenvolvido com base nos modelos de simulação de fragmen-
d representa o coeficiente de uniformi-
tação Kuz-Ram e TCM. O programa SIMBLAST tem as seguintes características
dade da primeira distribuição de tama-
técnicas e computacionais:
nho de fragmentos.
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• Arquitetura-cliente/servidor com base
de dados Oracle.
• Interface gráfica padrão Microsoft.
• Desenvolvimento utilizando I-CASE
Visual Basic 4.0 32 bits.
• Hardware: a instalação-padrão do
SIMBLAST é em arquitetura departa-
mental, requerendo, no mínimo, na es-
tação-cliente um PC 486 DX4 100 MHz,
RAM 16MB, mouse, monitor SGVA
colorido e placa de rede. Servidor de
processos de bancos de dados: servi-
dor RISC/Powdwe PC (Unix ou
Windows NT), INTEL (Windows NT).
• Software: sistema operacional
Windows 95 (na estação-cliente) e
sistema operacional Unix ou Windows
NT e RDBMS.
A Figura 2 mostra a tela principal
Figura 2 - Tela principal de simulação para o modelo TCM.
de simulação para o modelo TCM com a
curva granulométrica gerada a partir de
um plano de fogo.

3. Resultados
3.1 Determinação do fator da
rocha
O simulador foi testado nas deto-
nações de minério de ferro das minas da
Companhia Vale do Rio Doce, em Cara-
jás-PA. A Figura 3 mostra a frente de
lavra de hematita dura (HD) escolhida
para teste do simulador. Para a determi-
nação do fator de rocha, foi utilizada a
classificação proposta por Cunningham
(1987). Essa classificação foi realizada a
partir do mapeamento da frente de lavra
com o apoio da geologia da mina. A
Tabela 2 apresenta a classificação do fa-
tor da rocha para a hematita dura. Figura 3 - Vista da frente de lavra da detonação da HD.

geomecânicos da frente de lavra e a en- vas numa mesma tela de simulação, como
3.2 Dados do plano de fogo trada dos parâmetros do plano de fogo mostra a Figura 4. Nesse caso, abaixo do
no simulador SIMBLAST foram geradas tamanho de fragmento igual a 20cm, os
A Tabela 3 mostra os principais pa-
as curvas granulométricas para os mo- modelos TCM e Kuz-Ram apresentam
râmetros do plano de fogo utilizados na
delos Kuz-Ram e TCM. resultados diferentes.
detonação da HD.
A avaliação dessas curvas mostrou Como a frente de lavra de HD apre-
3.3 Comparação dos que o modelo TCM apresenta um maior sentou grande variabilidade nas propri-
percentual de finos. Já na fração grossa, edades do maciço rochoso, foi realizada,
modelos Kuz-Ram e TCM
os dois modelos se equivalem. Isto pode também, uma simulação considerando a
Após o levantamento dos dados ser comprovado plotando as duas cur- presença de HM - Hematita Mole na área

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Fundamentos para simulação dos desmontes de rocha por explosivos
Tabela 2 - Determinação do fator da rocha para a HD. Tabela 3 - Principais parâmetros do plano
de fogo para a HD.
Símb. Descrição Classificação Índice
RMD Maciço rochoso Fraturada JF Plano de
Parâmetros
Fogo
JF Maciço fraturado JPS + JPA 40
Espaçamento das Diâmetro 12 1/4"
JPS de 0,1m a 1,0 m 20
fraturas (m)
Blendado
Direção e mergulho com Explosivo
Mergulhando para fora da 60/40
JPA relação à frente livre do 20
face livre Altura do banco (m) 15
fogo da família principal
RDI Influência da densidade 25 x d - 50 64 Afastamento (m) 6,5
d Densidade (g/cm3) 4,56 Espaçamento (m) 11,4
HF Fator HF Se/5 13,2 Tampão (m) 5,5
Energia específica de
Se 66 Carga por furo (kg) 1035
perfuração média (MPa)
A Fator da rocha A=0,06x(RMD+JF+RDI+HF) 7,03 Razão de carga (g/t) 204

Figura 4 - Comparação das curvas TCM e Kuz-Ram geradas pelo programa SIMBLAST para a detonação da HD. Nota-se nitidamente
uma mudança no comportamento das curvas na região onde os fragmentos são menores do que aproximadamente 20cm.

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detonada. Para isso, foi recalculado o Segundo Djordjevic (1999), o mo- 4. Conclusões
fator da rocha e realizada uma nova ro- delo Kuz-Ram subestima a fração dos fi-
dada de simulação. Nesse caso, o fator nos. No caso das detonações de HD, • O simulador SIMBLAST permite tes-
da rocha para a HM reduziu para 2,61 como o objetivo é a redução da geração tar várias configurações de plano de
(contra 7,03 na HD). A Figura 5 mostra de finos, o modelo de simulação que fogo antes de sua execução, com mai-
as novas curvas granulométricas gera- melhor representa a granulometria dos fi- or rapidez e menor custo na definição,
das pelos dois modelos para a detona- nos deve ser utilizado, nesse caso o TCM. adequação e implementação de novos
ção de HM. planos de fogo.
Os maciços rochosos apresentam,
Comparando os resultados da Fi- geralmente, grande variabilidade em suas • Os modelos Kuz-Ram e TCM apresen-
gura 4 com os resultados da Figura 5, propriedades. Normalmente, não se tem tam uma diferença na previsão da fra-
conclui-se que, para maciços rochosos um fogo de produção com apenas um ção dos finos. Os resultados mostra-
com um menor fator de rocha (menor re- tipo de rocha. Ocorrem intrusões de HM, ram uma diferença nas curvas simula-
sistência à compressão, menor espaça- transições de HM/HD e HD em um mes- das para fragmentos com tamanho
mento entre as descontinuidades e me- mo desmonte. Essa situação é bastante abaixo de 20cm.
nor densidade), ocorre uma maior dife- complexa para a simulação do desmon- • Para fatores de rocha maiores (rochas
rença na região dos finos entre as cur- te, pois dificulta a determinação do fator mais resistentes), os modelos TCM e
vas dos dois modelos. Isto mostra que, da rocha e da curva granulométrica si- Kuz-Ram tendem a apresentar resulta-
para rochas extremamente resistentes e mulada. Um mapeamento detalhado das dos similares de simulação. Já para fa-
maciças, os modelos Kuz-Ram e TCM frentes de lavra permite aumentar a pre- tores de rocha menores (rochas me-
tendem apresentar resultados similares. cisão da simulação. nos competente), os modelos apre-

Figura 5 - Comparação das curvas TCM e Kuz-Ram geradas pelo programa SIMBLAST para a detonação de HM. Nota-se nitidamente
uma mudança no comportamento das curvas na região onde os fragmentos são menores do que aproximadamente 15cm.

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Fundamentos para simulação dos desmontes de rocha por explosivos
sentam maiores diferenças na simula- desmonte é, por essa razão, de suma HUSTRULID, W. Blasting Principles for
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ração de finos no desmonte aumenta PIT MINING CONFERENCE. THE
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ração e da velocidade de detonação
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