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“O Diário de Anne Frank ” é um livro escrito no período 12 de junho

de 1942 a 1.º de agosto de 1944, por uma menina de 13 anos


chamada Anne Frank.
Como o próprio nome já revela, “O Diário de Anne Frank” é
exatamente as anotações de um diário feito por uma adolescente.
Contudo, o que diferencia dos outros é que se trata de relatos de
uma menina durante um dos momentos mais tenebrosos da
humanidade, o nazismo.

“O Diário de Anne Frank” traz à tona as anotações da adolescente


de tudo que ela viveu e das atrocidades e horrores praticado pelos
nazistas contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi escrito em Holandês e publicado pela primeira vez em 1947,
com o título “Het Achterhuis. Dagboekbrieven 14 Juni 1942 – 1
Augustus 1944” (O Anexo: Notas do Diário 14 de junho de 1942 – 1º
de agosto de 1944).
Contudo, ganhou popularidade após a publicação da versão inglês
intitulada “Anne Frank: The Diary of a Young Girl”, em 1952.
Desde então, foi traduzido em mais de 70 idiomas em 40 países.
Além disso, já vendeu mais de 35 milhões de cópias no mundo,
sendo no Brasil cerca de 16 milhões.
“O Diário de Anne Frank” foi declarado patrimônio da humanidade
pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura).

Adaptações e Versões
Após sucesso entre os críticos, “O Diário de Anne Frank” inspirou
produções de peças teatrais e adaptações cinematográficas.
O livro foi adaptado para o cinema e teatro pelas mãos dos
roteiristas Frances Goodrich e Albert Hackett. Ambos com o título
“The Diary of Anne Frank”, sendo a peça estreada em 1955 e o filme
em 1959.
A obra possui algumas versões:
● Primeira versão: chamada de versão A, é o diário escrito pela
adolescente de forma espontânea, sem nenhum interesse de
publicação ou exposição.
● Segunda versão: chamada de versão B, passou por edição da
própria Anne Frank após ouvir no rádio uma chamada para
documentarem os acontecimentos daquele período. Então, ela
mesma começou a editar o diário com o intuito de no futuro
ser publicado.
● Terceira versão: editada pelo pai, Otto Frank, após a morte de
Anne Frank. Otto Frank modificou passagens que, segundo
ele, eram crises típicas de adolescente e não deveriam fazer
parte da obra.
● Última versão: no mês de maio deste ano, foi lançada uma
versão com as versões A e B. A edição contém todo o diário da
adolescente sem retoque ou correções do pai ou da autora.

O Diário de Anne Frank: a história


Tudo começou quando Anne Frank ganhou um diário ao completar
13 anos. A partir de então passou a escrever sobre a sua vida normal
de adolescente.
Contudo, de repente, ela e seus familiares precisaram fugir da
invasão nazista que perseguiram os judeus. Justamente com seus
familiares e outras famílias tiveram que se esconder no porão de um
prédio que ficou conhecido como “Anexo Secreto”.
Inicialmente, somente seu pai Otto Frank, sua mãe Edith Frank e
sua irmã Margot ficaram no anexo. Depois chegaram também
outros refugiados, a família Van Dan com seu filho Peter e um
dentista chamado Dussel.
Durante dois anos, Anne Frank e os outros viveram no “Anexo
Secreto” sem nenhum contato com o mundo exterior. Até para
conversar era por meio de sussurros, pois durante o dia o prédio
tinha funcionários trabalhando.
Até a descarga do sanitário não deveria ser usada para não fazer
barulho, pois qualquer movimento poderia revelar a presença deles
no prédio que pertencia ao chefe de Otto Frank.

O verdadeiro diário da adolescente Anne Frank. (Foto Wikipedia)


O medo era tão aterrorizante que qualquer barulho fora do anexo
era um momento de tensão e preocupação para eles.
Durante os dois anos que passaram escondidos, Anne Frank
escreveu todos os momentos que viveu com os familiares e os outros
refugiados.
Anne era uma adolescente e estava passando pela fase da
puberdade. Em meio a descobertas, dúvidas e anseios quanto a sua
mudança de corpo, surgiu a questão da sexualidade e seus desejos e
sentimentos pelo jovem Peter Van Dan.
Sobre esse momento, registrou o seguinte:

“Acho que o que me está acontecendo é tão maravilhoso,


não apenas as transformações que se podem ver em meu
corpo, mas principalmente o que está acontecendo dentro de
mim! Nunca falo com ninguém sobre essas coisas, por isso
tenho de falar delas comigo mesma. ”

O tempo passou e a convivência entre as pessoas no “Anexo


Secreto” ficava cada vez mais difícil. Especialmente em relação a
sua mãe, com quem Anne Frank tinha terríveis discussões.
Mesmo escondidos, todos tentavam viver uma vida “normal”. Anne
leu clássicos, fez curso por correspondência, estudou a árvore
genealógica de reis e rainhas, e até comemoravam datas
importantes para os judeus como o dia de São Nicolau.
O último registro de Anne Frank no diário foi no dia 1º de agosto de
1944, e três dias depois, 4 de agosto. Após denúncia, a Polícia de
Segurança alemã descobriu o esconderijo e todos foram presos e
deportados.
Anne e a irmã Margot foram separadas dos familiares e mandadas
para um campo de concentração, mas as duas morrem de tifo, em
março de 1945.
De todos os moradores do “Anexo Secreto”, somente Otto Frank, o
pai de Anne, sobreviveu. Após ser libertado, recebeu os escritos que
Anne deixou no esconderijo.

O Diário de Anne Frank: análise


“O Diário de Anne Frank” é considerado um dos livros de não ficção
mais importantes da história.
É um livro que conta, sem romantismo, os acontecimentos do
Holocausto. Então, se espera por romances e finais felizes com
certeza este livro não é o mais indicado.
Típico de um diário adolescente, a obra registra as mais diversas
emoções e frustrações da vida. Contudo, apesar do momento em
que viveu, ela ainda tinha esperanças do fim da guerra.
No início do diário, ela apresentava ser uma menina arrogante,
mimada e prepotente, mas vai se desenvolvendo ao longo dos dois
anos. É perceptível a mudança do seu comportamento para, então,
demonstrar a garota inteligente e forte que era.
O diário mostra a sua evolução durante os dois anos, ganhou
maturidade e força para lutar diariamente contra a fome, a tristeza e
o constante perigo de viver escondida.
Anne Frank, em algumas passagens do diário, demonstrava que seu
desejo era ser jornalista e escritora. Sonhava com o fim da guerra e,
assim, poder escrever vários livros, viajar pelo mundo e aprender
outros idiomas.

Trechos do livro
Domingo, 27 de setembro de 1942

Acabo de ter uma tremenda discussão com mamãe;


simplesmente não nos estamos entendendo mais. Minhas
relações com Margot também não são das mais cordiais. Em
geral, não costumamos ter desses estouros em nossa família,
e confesso que acho isso muito desagradável mesmo. Os
temperamentos de Margot e de mamãe são totalmente
diferentes do meu. Compreendo meus amigos muito melhor
do que minha própria mãe — e isso não é nada bom.

Sexta-feira, 26 de maio de 1944


Quantas vezes já me perguntei se não teria sido melhor para
todos nós não nos havermos escondido, se não teria sido
melhor estarmos mortos em vez de termos que passar por
toda essa miséria, principalmente porque, assim, não
estaríamos arrastando ao perigo nossos protetores. Mas a
verdade é que fugimos desses pensamentos, pois ainda
amamos a vida, a natureza, e, apesar de tudo, esperamos.
Que aconteça alguma coisa: tiroteio, se preciso for. Nada nos
abate mais do que esta incerteza. Que venha o fim, por pior
que seja; pelo menos havemos de saber se vencemos ou
perdemos.

Sexta-feira, 21 de julho de 1944

Agora estou ficando realmente esperançosa. Finalmente as


coisas vão bem, muito bem mesmo! Houve um atentado
contra a vida de Hitler, e desta vez não foi ato de judeus
comunistas ou capitalistas ingleses; foi um orgulhoso general
alemão, e — o principal — ele é conde e bastante jovem. A
Divina Providência salvou a vida do Führer, e infelizmente ele
conseguiu escapar com apenas alguns arranhões e
queimaduras. Alguns generais e oficiais que estavam com ele
ficaram feridos ou morreram. O principal culpado foi
fuzilado.

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