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O estágio de estudantes na atual legislação

Maria Silvana Rotta Tedesco


Juíza do Trabalho

Geralmente o primeiro contato do jovem estudante com o mundo do trabalho se dá


por meio do estágio. A matéria é regulada pela Lei nº 11.788/2008. Segundo esta lei, o
estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho,
que visa à preparação para o trabalho produtivo e para a vida cidadã.

Pode ser estagiário o aluno a partir de 16 anos que estiver matriculado e que esteja
freqüentando o ensino regular, em instituições de educação superior, profissional, de ensino
médio, de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental na modalidade
profissional da educação de jovens e adultos.

O estágio não cria vínculo empregatício, dispensando a anotação da Carteira de


Trabalho e Previdência Social quando observados pela entidade concedente do estágio seus
requisitos de validade, previstos na citada legislação. Esses requisitos são a matrícula e a
freqüência do estudante em instituição de ensino regular, a celebração de um termo de
compromisso, por escrito, entre o estudante, a parte concedente do estágio e a instituição
de ensino, e a compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas
previstas no termo de compromisso. Ainda, deve ser observada a limitação do número de
estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades concedentes de estágio,
estabelecida pela legislação, em geral, numa proporção de um para cada cinco empregados.

Quando não respeitadas as condições exigidas na lei os estágios caracterizarão


vínculo de emprego do estudante com a parte concedente do estágio para todos os fins da
legislação trabalhista e previdenciária, ou seja, o estagiário adquirirá a condição de
empregado e, em consequência, fará jus a todos os direitos trabalhistas decorrentes, como
décimo terceiro salário, férias com acréscimo de um terço, vale-transporte, horas extras
quando excedida a jornada máxima diária ou semanal, depósitos do FGTS e verbas
rescisórias quando da cessação do contrato.

Os estagiários têm direito a receber bolsa ou outra forma de contraprestação que


venha a ser acordada, auxílio-transporte, jornada máxima de quatro horas diárias e vinte
semanais para os estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental
na modalidade profissional de educação de jovens e adultos e de seis horas diárias e trinta
semanais para as demais modalidades. Também têm direito a um período de recesso
remunerado de trinta dias para cada período de estágio igual ou superior a um ano, a ser
usufruído, preferencialmente, durante as férias escolares. Os estágios não poderão exceder a
um prazo de dois anos na mesma entidade concedente, salvo quando se tratar de estagiário
portador de deficiência.

Os estagiários, as empresas em geral e as demais entidades que se propõem a


conceder estágios devem ter a consciência de que as atividades que serão executadas pelos
primeiros se propõem ao aprimoramento do aprendizado, ao incremento do
desenvolvimento das habilidades vinculadas às áreas de conhecimento dos cursos
freqüentados e que, portanto, devem ser devidamente supervisionadas e acompanhadas
pelas pessoas responsáveis dentro de cada local de trabalho. Com isso, todos estarão
colaborando com a inserção do jovem ao mercado de trabalho, preparando-o para a vida
adulta.

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