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Universidade Federal do Oeste da Bahia

Farmacognosia I
Lucas Emanuel dos Santos

Resenha referente a aula de 01 e 08 de março

Metabolismo dos Vegetais: o metabolismo é o conjunto de reações químicas


que ocorrem em cada célula. A aula do dia 01 teve como ponto de partida a introdução
da rota metabólica dos vegetais e sua importância na comunidade científica. A rota
metabólica é responsável pela formação dos metabólitos vegetais, sendo que é dividido
entre os:

 Metabólitos primários: são os constituintes vitais para a sobrevivência das


plantas. Eles são universais, ou seja, são encontrados em qualquer tipo de
vegetal escolhido, fazem parte deste grupo os carboidratos (açúcares em geral,
como a glicose), lipídeos, ácidos nucleicos e proteínas.
 Metabólitos secundários: já os metabólitos secundários são derivados dos
primários, principalmente por conta da GLICOSE, já que ela é o ponto de
partida em comum de todos os metabólitos secundários. Os metabólitos
secundários são restritos, ou seja, casa planta produz seu determinado metabólito
secundário, em que irá diferenciar e destacar algumas características únicas no
vegetal. Eles agem como mediadores de interação entre a planta e a biota
relacionada. São alguns exemplos de metabólitos secundários: alcaloides,
flavonoides, terpenos, xantonas, entre diversas outros.

De forma conseguinte, foi explicado mais a fundo algumas funções importantes dos
metabólitos secundários, como:

 Função adaptativa: em que confere proteção aos vegetais contra os raios


UV, como os flavonoides e alcaloides;
 Função de defesa: em que confere proteção contra micro-organismos,
insetos e herbívoros. Agem como toxinas ou como desestimulantes de
herbívoros, como os alcaloides e xantonas;
 Função atrativa: em que confere a planta características que atraem
polinizadores, como o aroma (muito característicos da classe terpenos) e os
pigmentos que conferem cor, como os flavonoides;
 Participação em Alelopatias: uma interação planta/planta, em que gera uma
competição entre elas, na qual uma planta libera substância que inibe o
crescimento de outras, como o caso dos eucaliptos, em que inibe o
crescimento de vegetais ao redor.

Algumas outras características dos metabólitos secundários foram descritas em


aula, como a sua gigante variabilidade estrutural, em que confere inúmeros tipos de
arranjo possível e sua alta importância comercial, já que muitas plantas possuem fins
terapêuticos e medicinais, como foi citado em aula a planta conhecida como
Catharanthus roseus ou vinca-de-madagáscar, também como vinca-de-gato,
simplesmente como vinca, em que produz em seus metabólitos secundários a
vimblastina e a vincristina, em que são grandes potenciais antitumoral. O problema é
que sua rota é complexa e não é possível reproduzi-la em laboratório, ficando a mercê
da produção da planta, entretanto alguns de seus metabólitos secundários intermediários
foram analisados e partir deles foi possível produzir a vimblastina e a vincristina.

Após essa análise pedagógica, o assunto adentrado foi a fotossíntese, em que foi
discutido sua relevância e algumas quebras de conceitos arcaicos que, infelizmente,
ainda persistem nos dias de hoje. Dessa forma, a fotossíntese é um evento/fenômeno
que compreende o trabalho das plantas (e algumas algas cianofíceas) em captar energia
luminosa e transformá-la em compostos orgânicos (glicose) por essa equação geral:

CO2 + H2O → O2 + (CH2O)


Normalmente, o número de açúcares (representado por CH2O) é
dependentemente do número de moléculas de H 2O (água) participante, em uma
proporção de 1:1. É possível notar que essa equação parte de duas substâncias
inorgânicas (nos reagentes) para formar uma substância orgânica (no produto).
Entretanto, nessa equação há um esquema totalmente reduzido dos inúmeros outros
processos que acontecem na fotossíntese. Nos vegetais, a fotossíntese ocorre dentro de
organelas chamadas de plastos, a mais famosa e mais abundante é o cloroplasto, em que
seu principal representante é a clorofila (pigmento que absorve um certo espectro de luz
e reflete a cor verde). A clorofila possui um aspecto anatômico muito semelhante das
mitocôndrias, é dividida em duas membranas, possui seu próprio material genético e
ribossomos aderidos, dentro da membrana interna é possível notar uma grande
quantidade de discos achatados, que são chamados de tilacóides, e que em conjunto
formam os chamados de granum, o espaço que fica entre os granuns é chamado de
estroma, semelhante a matriz mitocondrial. A fotossíntese é dividida entre:

 Reações luminosas ou etapa fotoquímica (antigamente chamada de


fase clara): em que ocorre a absorção da energia luminosa proveniente
do sol, em sua maioria é realizada pelas folhas da planta. Sendo que, essa
absorção ocorre nas membranas dos tilacóides, em que são excitados e ao
final liberam energia. Em conjunto ocorre a fotólise da água e há
presença de 2 fotossistemas, o I e o II e o produto dessa reação é o
NADPH e o ATP que serão utilizados na outra reação;
 Reações de fixação de carbono ou etapa química (antigamente,
erroneamente chamada de fase escura): é dependente dos produtos
adquiridos da etapa fotoquímica (dependência indireta do sol), ocorre no
estroma da planta e é compreendida pelo ciclo Calvin.

Os cloroplastos contam com alguns pigmentos diferentes entre si, que abrangem
diferentes espectros de absorção de luz, são eles a clorofila a, clorofila b e os
carotenoides, isso facilita para os vegetais, pois assim eles podem absorver um maior
espectro de energia luminosa. Dentre a clorofila a e a b existem configurações espaciais
parecidas, possuem uma cabeça polar, no qual é a região responsável por absorver a
energia luminosa e refletir a cor verde, são constituídos por 4 anéis pirrólicos (contendo
1 N em cada anel), estrutura policíclica e possui uma região (cauda) hidrofóbica em que
ancora os pigmentos nas membranas dos tilacóides, a única diferença estrutural entre a
clorofila a e a clorofila b são um terminal metila em uma e um terminal carbonila
(aldeído) em outra, respectivamente, e somente isso confere absorções espectrais
totalmente diferentes um do outro, mas a clorofila a é a principal e consegue absorver
faixas distantes entre si.

A clorofila a, b e os carotenoides formam o centro de captação de luz na


membrana dos tilacóides, e esse conjunto é denominado complexo antena. Esse
complexo antena é responsável pela captação do fóton (energia luminosa) e o canaliza
até o centro de reação. O centro de reação é constituído por moléculas especiais da
clorofila a, e é divido entre dois fotossistemas:

 Par de clorofila a especial no Fotossistema II – P680;


 Par de clorofila a especial no Fotossistema I – P700.

A numeração indica a faixa do espectro de luz visível de maior absorção pelos


fotossistemas. Esses fotossistemas são responsáveis pela produção dos produtos (ATP e
NADPH) na etapa fotoquímica da fotossíntese. Contudo, são realizadas duas reações
pelos fotossistemas, conhecida como: Fosforilação Não-Cíclica e Fosforilação
Cíclica.

A Fosforilação Não-Cíclica envolve os dois fotossistemas e o fluxo de elétrons é


transferido do fotossistema II para o fotossistema I. Quando a energia luminosa atinge a
membrana dos tilacóides no qual está presente os fotossistemas II e I ocorre a
fotólise/oxidação da água, em que resulta em:

2H2O → O2 + 4H+ + 4e-


Os fótons provenientes da energia luminosa conseguem quebrar 2 moléculas de água,
resultando 1 molécula de oxigênio (O 2), 4 prótons (H+) e 4 elétrons (e -). Essa reação é
fundamental para que esses elétrons possam dar capacidade oxidativa ao fotossistema II
presente. Além disso, o oxigênio e os prótons são levados ao lúmem dos tilacóides para
posteriores reações. Os elétrons produzidos com a fotólise da água são transferidos para
o fotossistema II (P680), no qual passa de um estado excitatório, com uma diferença de
potencial óxido-redução, posteriormente os elétrons irão passar por uma cascata de
transferência, começando pelo receptor Pheo (feofitina), que transfere esses elétrons ao
receptor QA (plastoquinona A), sendo transferido novamente a outro receptor QB
(plastoquinona B). Após essa série de passagens dos elétrons até o receptor QB, esses
elétrons são levados a um complexo citocromo b6f, esse complexo é responsável por
transferir esses elétrons ao outro fotossistema I (P700) e por formar mais prótons (H +)
no lúmem do tilacóide, isso ocorre dessa forma: Após a chegada de 2 elétrons no
complexo b6f é formado 2 prótons que são encaminhados para o lúmem, esses 2 prótons
formados se soma aos 4 prótons da fotólise da água e formam 6 prótons no lúmem do
tilacóide. Já a passagem dos elétrons ocorre de forma natural, do complexo b6f é
transferido para o receptor PC (plastocianina) que, por sua vez, transfere esses elétrons
para o fotossistema I (P700). Quando esses elétrons chegam na P700, ela fica excitada
e, também, vai ocorrer uma diferença de potencial óxido-redução que vai desencadear
uma cascata de fluxo de elétrons. Quando a P700 está excitada, ela vai transferir esses
elétrons ao receptor A0 (clorofila aceptora de elétrons), após essa transferência, os
elétrons são levados a outro receptor A1 (filoquinona), posteriormente transferidos a
proteína FeS (Ferro-Enxofre) que possuem 3 centros ativos. Então, primeiramente, os
elétrons passarão pelo centro FeSX, depois para o centro FeS A e por último pelo centro
FeSB, respectivamente. Após essa passagem pelos centros da proteína FeS, os elétrons
são encaminhados para o receptor Fd (Ferrodoxina), que é transferido para o receptor
FNR- (Ferrodoxina NADP+ redutase). Após essa fase, os elétrons reduzem o NADP +
que é caracterizado como o aceptor final de elétrons, e se reduz a NADPH, no qual é
encaminhado ao estroma para a realização de outra etapa da fotossíntese.

Já a Fosforilação Cíclica ela é especial e ocorre somente nos casos de déficit de


ATP na planta e/ou excesso de NADPH. Esse ciclo começa no complexo b6f e apenas o
fotossistema I participa da reação. Primeiramente os elétrons passam do complexo b6f
até o fotossistema I pelo receptor PC. O fotossistema é excitado e seus elétrons são
transportados até o receptor Fd, o outro receptor FNR- é bloqueado e não é formado
NADPH nesse ciclo, quando esses elétrons passam pelo receptor Fd, seus elétrons são
levados novamente ao complexo b6f em que é produzido mais prótons para o lúmem do
tilacóides. Dessa forma, a intenção da Fosforilação Cíclica é formar prótons e induzir a
formação de ATP.

Quando o lúmem está cheio de prótons, há uma força matriz e um desbalanço


eletrolítico que induz a formação de ATP pela proteína CF 0, em que é aceptora de
prótons e transfere esses prótons a outra proteína CF1 que transforam o ADP + Pi em
ATP.

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