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PRÁTICAS
1. INTRODUÇÃO
O Direito Constitucional do Trabalho está consagrado nos artigos 53º e seguintes da CRP,
correspondendo a um conjunto de direitos que, originariamente, se encontravam sediados
entre os DESC. Dos referidos direitos, deve fazer-se especial referência à liberdade de
profissão (art. 47º da CRP). O nº2 deste artigo refere-se ao acesso ao emprego da
Administração Pública, relevando, neste âmbito, o artigo 268º da CRP.
A Administração Pública tem sido interpretada no sentido de abranger os sujeitos que são
abrangidos pelo Direito Administrativo. Contudo, é de separar a Administração Pública de
natureza económica das demais, tendo-se vindo a aplicar a estas últimas as regras do Código
do Trabalho.
No Código do Trabalho, não há nenhuma regra de concurso, o que não quer dizer que o
empregador não o possa fazer, simplesmente não é obrigado a tal. Em conformidade com o
artigo 266º nº2 da CRP, os órgãos e agentes administrativos devem contratar com respeito
pela ideia de igualdade, imparcialidade e boa fé, objetivos que se pretendem assegurar através
do concurso, com particular relevância no que às empresas públicas diz respeito.
A proibição constitucional implica, desde logo, ilegalidade e a consequente nulidade dos atos
de despedimento sem justa causa e o direito do trabalhador a manter o seu posto de trabalho
e a ser nele reintegrado (art. 436º/1 b) do CT). Esta proibição vincula diretamente as entidades
públicas e privadas.
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Contudo, a Constituição não fornece uma definição de despedimento sem justa causa.
Tratando-se de um conceito não determinado constitucionalmente, há que recorrer às regras
de densificação semântica de conceitos constitucionais relativamente indeterminados:
Note-se, porém, que o direito à segurança no emprego não consiste apenas no direito a não
ser despedido sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos. O seu âmbito de
proteção abrange todas as situações que se traduzam em injustificada precariedade da
relação de trabalho.
Neste ponto, deve fazer-se referência ao trabalho a termo (art. 129º e ss. CT), que é, por
natureza, precário, daí que seja exigível motivo justificado para a contratação a termo.
Ademais, em face da Constituição, os empregadores perderam a liberdade de despedir e de
dispor dos empregadores, além de não poderem recorrer ao lock-out como meio de combate
contra os trabalhadores.
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São órgãos do coletivo dos trabalhadores da São formas particulares de associação,
empresa ou estabelecimento, implicando uma específica vontade associativa
independentemente da vontade individual de dos trabalhadores.
cada trabalhador.
O direito ao controlo de gestão (nº5, alínea b)) implica diretamente, pelo menos, o direito de
conhecimento prévio sobre as principais decisões de gestão e o direito de as comissões de
trabalhadores se poderem pronunciar antes de serem tomadas. Esse é o conteúdo mínimo do
conceito de controlo de gestão.
Quanto ao nº5, alínea e), o disposto compreende todas as estruturas e serviços correntemente
referidos nessa expressão, a saber: creches, cantinas, grupos desportivos, centros de repouso,
entre outros.
Os direitos previstos neste capítulo, bem como no artigo 59º, são direitos específicos dos
trabalhadores e só a eles são constitucionalmente reconhecidos e garantidos. Saber qual é a
noção constitucional de trabalhador é, por isso, de importância primordial.
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Assim, não contendo a Constituição nenhuma definição expressa, deve considerar-se, para
efeitos constitucionais, trabalhador como sendo o trabalhador subordinado, ou seja, aquele
que trabalha ou presta serviços por conta e sob a direção e autoridade de outrem,
independentemente da categoria deste (entidade privada ou pública) e da natureza jurídica do
vínculo. Estão, deste modo, seguramente abrangidos pelo conceito constitucional de
trabalhador os funcionários públicos (i.e., todos os trabalhadores da Administração Pública).
Quanto a estes trabalhadores, deve notar-se que, em certos casos, não podemos falar do
exercício de uma profissão. É o caso dos deputados ou dos ministros, que exercem uma função
para a qual foram eleitos. Trata-se não de uma atividade profissional mas de uma atividade de
serviço. A este tipo de profissionais vamos chamar de agentes públicos.
▪ Nos termos do artigo 59º nº1 da CRP, são garantidos direitos genéricos aos
trabalhadores, os quais o legislador deverá concretizar.
o A este propósito, há que destacar a ideia da igualdade. Em relação à religião e
à ideologia, este princípio já tinha sido afirmado noutros preceitos da
Constituição (arts. 41º nº 7 e 47º nº2 da CRP).
Quanto à cidadania, a proibição de discriminação já resultaria em princípio do artigo
15º do texto constitucional, mas a Constituição quis salientar a
inadmissibilidade de disparidade de tratamento legal entre trabalhadores
nacionais e estrangeiros.
o A alínea a) do nº1 faz referência a um direito preciso que este artigo consagra
e talvez seja o único, a saber: “todos os trabalhadores têm direito a uma
retribuição condigna”. Entre nós, associa-se essa dignidade ao salário mínimo,
pois este garante o mínimo de existência.
Por outro lado, o referido o princípio da igualdade salarial é um princípio cuja eficácia,
entre nós, tem estado aquém daquilo que se pretende, porque de facto existem
situações onde a igualdade não se verifica. Designadamente, o caso da convenção
coletiva que só abrange os filiados a uma associação, ficando os outros sem ser
abrangidos pelo aumento salarial que foi conseguido pela associação. Nestes casos,
surgem as portarias de extensão.
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remuneração em função da produtividade e eficiência, através, p.e., de prémios de
produtividade ou a remuneração da produtividade em função do desempenho ou dos
resultados.
▪ Outra questão para a qual temos de chamar à atenção é sobre o direito de trabalho ter
um ambiente mais liberal, mais sui generis.
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Aula de 19 de outubro
5. DIREITO COLETIVO
Quando falamos em direito coletivo, por contraposição, referimo-nos às relações que se
estabelecem entre entidades coletivas.
Por regra, o associativismo está ligado somente aos interesses dos sócios. Porém, no âmbito
do associativismo sindical, mais do que representação de vontades, estamos perante a
representação dos interesses dos trabalhadores, pretendendo a CRP alargar o objeto da
atividade quer aos sócios quer aos não sócios.
Entre os não sócios, temos os trabalhadores que podem ou não ser filiados. Os trabalhadores
representados diretamente são os filiados; os demais que ocupam as mesmas categorias
profissionais são representados indiretamente.
De notar que esta consulta não interfere na vontade do legislador, desta resultando meras
sugestões sem caracter vinculativo. Não há qualquer partilha do poder legislativo, pretende-se,
sobretudo, adaptar as leis à realidade formal.
O Conselho Económico e Social é o órgão que tem por função a discussão das questões
sociais, pelo que também neste está presente uma representação de interesses.
Ainda quanto à liberdade de associação coletiva, temos de relevar o facto de a lei atribuir aos
seus representantes certos créditos laborais (art. 408º do CT), permitindo que estes fiquem
dispensados do trabalho a tempo inteiro, continuando a auferir a remuneração.
O artigo 410º do CT corresponde a uma norma de tutela dos representantes sindicais contra a
aplicação de sanções ou contra o despedimento. Estes são alvo de atenções especiais: muitas
vezes, o facto de acumularem funções não é ainda bem aceite pelas empresas. Há sempre aqui
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o risco do surgimento de atividades persecutórias que se irão refletir em reações
desproporcionadas aquando das infrações laborais. Surgem, então, as suprarreferidas normas
de tutela:
Estas são normas comuns às estruturas da representação previstas no artigo 404º do CT.
DISPOSIÇÕES RELEVANTES:
Estas convenções estabelecem normas distintas do que é estabelecido pela legislação laboral,
por exemplo, no que toca a atualizações salariais. Assim, devemos questionar-nos: se a
convenção caduca, será que temos um regime compensatório à caducidade que estabelece a
sobrevigência da convenção coletiva ou irão cessar, neste caso, as melhorias salariais obtidas
através da convenção? Colocando a questão noutros termos, será que a clausula, que estava
na convenção, integra-se agora no contrato do trabalho, mesmo no fim da convenção?
Mesmo nestes casos, é difícil muitas vezes manter-se a sobrevigência da clausula estipulada na
convenção. A ideia, porém, é garantir as expectativas dos trabalhadores.
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delegar num terceiro a solução ao conflito. Aqui, falam-se de litígios que a lei pretende
resolver.
Quanto à arbitragem necessária, veja-se o artigo 510º CT.
As portarias de extensão (art. 514º e seg. do CT) são regulamentos em que se alargam a
outros trabalhadores ou empresas determinada convenção coletiva ou decisão arbitral, na
medida em que esta última irá integrar o conteúdo da primeira. As portarias de condições de
trabalho (art. 517º e seg. do CT), por seu turno, apenas serão emitidas na falta de instrumento
de regulamentação coletiva.
Aula de 2 de novembro
Greve
1. NOÇÃO DE GREVE EM SENTIDO JURÍDICO
1.1. A ausência de uma definição legal
O regime legal do exercício do direito à greve (arts. 591º e seg. do CT) não contem uma
definição do conceito normativo de greve. O regime constitucional do direito à greve mostra-
se hostil à delimitação legal desse direito, pelo menos no que respeita a um dos seus
elementos: os motivos (art. 57º nº2 da CRP). A lei não pode criar motivações ilícitas de greve,
estas existem só na medida em que derivam do próprio sistema normativo constitucional.
i. Decisão de greve:
O juízo de oportunidade da greve não está legalmente condicionado: compete, em
exclusivo, aos trabalhadores e às suas associações.
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ii. Pré-aviso:
É necessário que a decisão seja exteriorizada com uma certa antes cedência
relativamente ao momento da sua concretização. Não é, assim, legalmente admissível
entre nós a chamada «greve surpresa».
O artigo 534º impõe um aviso prévio dirigido ao empregador ou à associação de
empregadores e ao Ministério do Trabalho.
Em geral, o prazo mínimo de antecipação é de 5 dias úteis; mas, para as empresas ou
estabelecimentos que se destinam à satisfação de necessidades sociais impreteríveis
(art. 537º), está fixado em 10 dias.
O pré-aviso funciona como uma condição formal de natureza coletiva para o exercício
individual do direito por qualquer trabalhador que nela potencialmente se enquadre,
através da adesão, independentemente da inscrição no sindicato.
Note-se, porém, que durante a greve estará vedado o recurso a outra empresa para
realizar os serviços de que a paralisação priva a entidade empregadora.
iii. Adesão
Adesão como decisão individual:
A decisão de greve não é juridicamente vinculante para cada trabalhador representado
pelo sindicato ou participante na assembleia. Ela traduz uma vontade coletiva à qual
os comportamentos individuais poderão ajustar-se ou não, na medida em que o
direito à greve consubstancia uma faculdade individual.
A lei toma em conta a possibilidade, frequentemente verificada, de a adesão individual
ser um ato posterior não só à decisão de greve mas ao próprio inicio dela. Assim, o
artigo 533º do CT prevê a formação de piquetes destinados a persuadir os trabalhares
a aderirem à greve, ressalvando a liberdade de trabalho dos não aderentes.
Reconhecimento da adesão:
Há quem sustente a existência de uma obrigação de informação do trabalhador
quanto ao sentido do seu comportamento de abstenção.
No que respeita aos trabalhadores filiados no sindicato declarante da paralisação, tal
evidência é evidentemente excessiva: a abstenção de trabalho parece, nestes casos,
suporte bastante para a presunção da adesão à greve. Esta presunção poderá ser
ilidida desde que o trabalhador apresente diversa justificação para a sua ausência.
iv. Termo:
A greve termina por acordo entre as partes ou por deliberação das entidades que a
tiverem declarado, nos termos do artigo 539º. Este artigo pretende, na verdade,
operar a determinação do termo dos efeitos jurídicos da paralisação coletiva,
nomeadamente a suspensão dos contratos prevista no art. 536º.
Antes de ocorrido o termo formal da greve, e, não obstante, por exemplo, a totalidade
dos empregadores se apresente ao trabalho, o empregador não pode exigir-lhes o
cumprimento pontual das suas prestações. Por outro lado, uma vez verificadas as
condições previstas no artigo, se os trabalhadores persistam na recusa da prestação de
trabalho, estarão fora da proteção do direito de greve, com possível relevância
disciplinar.
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greve está associada a ideia de dano, visando alcançar a satisfação de determinados
interesses (que devem estar definidos por força do art. 530º).
Caso em que a greve visa alterações legislativas: desde que sejam normas que digam
imediatamente respeito aos interesses dos trabalhadores, entende-se que é lícita.
Nota: durante o período de greve, vigora uma proibição de substituir os grevistas, da qual se
exclui o ius variandi- mantem-se, pois, a possibilidade dos trabalhadores que não aderiram à
greve exercerem outras funções. Diferentemente, exclui-se a admissão de novos trabalhadores
ou transferência de trabalhadores de uma unidade produtiva para outra ou empresas que
prestem o mesmo trabalho que a empresa realiza. Qualquer uma destas alternativas atenuaria
a diminuição de produtividade e, consequentemente, a eficácia da greve.
A nossa lei não estabelece qualquer limite temporal para a greve, embora deva entender-se
que o aviso prévio deve fixar o período de greve se esta for de duração determinada ou se esta
for de duração indeterminada.
O artigo 537º estabelece que devem ser prestados durante a greve os serviços necessários à
segurança e manutenção de equipamentos e instalações da empresa; em especial, hão-de ser
prestados os serviços mínimos indispensáveis à satisfação de necessidades sociais
impreteríveis.
A obrigação compreendida no artigo 537º nº3 redunda numa compressão do direito à greve.
Supõe-se que todas as pessoas envolvidas no processo de greve têm interesse em que a
organização produtiva se mantenha intacta e apta para funcionar após a paralisação. A
destruição ou deterioração do equipamento e instalações não cabe nos objetivos legalmente
protegidos pelo direito à greve.
Na greve tradicional, há uma relação bilateral, resultando um dano económico. Porém, a greve
também pode ser levada a cabo por aqueles setores que satisfazem necessidades essenciais,
tendo como pessoas principal e imediatamente afetadas pessoas estranhas à relação laboral.
Nestes casos, estão em causa direitos fundamentais, o que remete para uma relação triangular
ou até quadrangular (empregador, trabalhador, terceiro ao conflito laboral afetado pela greve
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e Estado, na sua função de garantia dos direitos fundamentais postos em causa nestes
conflitos). Quanto maior o número de afetados pela greve, maior será a sua eficácia.
Em síntese, a definição dos serviços mínimos pode fazer-se pelas seguintes vias (art. 538º):
Não fica essa obrigação afastada pela circunstância de, desencadeada a greve e suspensa a
satisfação de necessidades sociais impreteríveis, serem postos a funcionar, pela empresa ou
pelo Governo, dispositivos de emergência destinados a cumprir essa função em termos mais
ou menos precários.
É o que ocorre se, numa greve de bombeiros, as tarefas destes são atribuídas a unidades
militares; ou se, numa paralisação dos transportes aéreos, a evacuação de doentes das regiões
isoladas passa a fazer-se por aviões militares.
A solução traduz-se num desvio ao regime da suspensão do contrato definido no artigo 536º, e
representa, formalmente, a negação do direito de greve dos mesmos trabalhadores, na
medida em que impõe a autoridade patronal numa situação em que ela se confronta com esse
direito.
5. PROIBIÇÃO DO LOCAUTE
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ali ocupados. Tem por finalidade exercer pressão sobre os trabalhadores para manter as
condições existentes ou criar outras mais favoráveis aos empresários.
Aula de 9 de novembro
“A é contratado a termo por 4 meses, por B, com requisitos de forma todos cumpridos, no dia
2 de janeiro de 2018. Em 2 de maio, o contrato é renovado por mero consenso por 8 meses,
vindo a terminar a 2 de janeiro de 2019 por iniciativa do empregador.
A foi contratado para compor três máquinas especificas (X, Y e Z), sendo que a última só ficou
pronta a 10 de junho de 2018.”
1.1. Supondo que o trabalhador recebe a indemnização prevista, este contrato tem alguma
possibilidade de ter violado a lei, tendo por consequência a reconversão do contrato a
termo num contrato sem termo?
Deve começar por verificar-se se B poderá contratar A a termo:
Aula de 16 de novembro
1.2. Vamos supor que em condições normais o serviço seria prestado em 8 meses. Sabemos
ainda que, após decorridos os 4 meses, o contrato foi renovado por 8, terminando no final
destes 8 meses. A primeira duração mostra-se contrária à lei, na medida em que não se
encontra preenchido o requisito da razoabilidade.
O art. 148º nº2 do CT deve ser lido de forma unitária, relevando a última parte da norma
para efeitos do nº3: só há violação desta norma quando a duração do contrato seja
inferior ao período razoável.
Diferentemente, se a necessidade for de 12 meses e se contratar por 6 meses, já não se
aplica esta norma. Qual a duração final do contrato? Seria de 14 meses.
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Regime do trabalhador-estudante
Esta matéria encontra-se regulada nos artigos 89º e seg. do CT, com as alterações introduzidas
pela Lei 75/2009 de 12 de fevereiro, sendo-lhe feita referência no artigo 59º nº2 e) da CRP.
Noção (art. 89º nº1 do CT): “(…) o trabalhador que frequenta qualquer nível de educação
escolar, bem como curso de pós-graduação, mestrado ou doutoramento em instituição de
ensino, ou ainda curso de formação profissional ou programa de ocupação temporária de
jovens com ocupação igual ou superior a seis meses.”
Prevê-se, assim, que o trabalhador estudante possa beneficiar dos dois dias anteriores ao
exame de dispensa, para preparação e descanso, considerados como tempo efetivo de
trabalho.
Férias (art. 92º do CT): marcadas de acordo com as suas necessidades escolares.
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§ Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 2 de junho 2016, relativo a um
professor de escola de condução cuja conduta gerava desconforto em relação às
alunas e, na sequência das reclamações destas à entidade patronal, lhe foram
atribuídas atividades que visavam evitar esse contacto, nomeadamente a tarefa de
lecionar aulas de mecânica, à porta aberta. O tribunal veio entender que estaríamos
perante a aplicação de uma sanção abusiva, que resulta da utilização do poder
disciplinar para fins diversos daqueles a que se destina, reconduzindo à figura do
abuso de direito.
Aula de 23 de novembro
Este acórdão versa sobre uma relação laboral para as funções de instrutor de condução. Ao
longo do tempo tudo parece decorrer em normalidade, até 2011, quando é requerido pelo
trabalhador o estatuto de trabalhador estudante, fazendo prova da sua frequência das aulas e
do seu aproveitamento.
Face ao procedimento disciplinar instaurado contra o trabalhador, este exerceu o seu direito
de defesa contra à nota de culpa, daí resultando um segundo procedimento. Todavia, veio o
tribunal a entender que, ainda que os factos enunciados pelo trabalhador fossem falsos e
visassem denegrir a imagem da entidade empregadora, não se pode esta aplicar um
procedimento disciplinar pelo exercício de um direito que assiste ao trabalhador no âmbito de
qualquer procedimento disciplinar.
Por outro lado, no que diz respeito à questão do travão de mão de algumas viaturas, que
utilizava para dar as aulas práticas e que, segundo as alegações, serviria para estabelecer certo
contacto com algumas das alunas, não se conseguiu faz prova nesse sentido. Diversamente, o
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trabalhador alega que o travão foi colocado no banco pela entidade empregadora, por forma a
denegrir a sua imagem e dificultar o seu trabalho.
Por fim, foi ainda levantada a questão do gravador colocado no carro utilizado para lecionar as
aulas práticas, que serviu, uma vez mais, para sustentar a prática de mobbing contra este
trabalhador.
RESOLUÇÃO:
Começamos por verificar se B pode contratar com A. Nos termos do art. 140º nº1 do CT, a
contratar a termos está dependente da existência de uma necessidade temporária, sendo
admissível na medida em que a sua duração seja coincidente com a duração da necessidade. A
substituição de trabalhador temporariamente impedido de trabalhar constitui, por força da
alínea a) do nº2 do mesmo artigo, necessidade temporária.
Se o contrato de X for sem termo, o que dissemos é válido, porque a renovação se funda no
motivo do primeiro contrato. Porém, supondo que o contrato de X é a termo, poderá o
contrato de A ser renovado, mantendo-se a necessidade temporária? A admissibilidade da
contratação a termo é a necessidade da substituição, a qual já não coincide com a necessidade
de renovação. Por se tratarem de necessidades diferentes, ainda que materialmente seja a
mesma função, o fundamento nos termos do qual se vai contratar impede a renovação. Para
que A se manter como trabalhador a termo, teria de celebrar novo contrato.
Quanto à contratação de C, veja-se o art. 143º nº1 do CT, cuja violação tem por consequência
o facto do trabalhador incorrer numa contraordenação grave, conforme o nº3 do mesmo
artigo. O contrato celebrado com C seria igualmente convertido em contrato sem termo por
falta de fundamentação.
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Aula de 30 de novembro
RESOLUÇÃO
Nota prévia:
O art. 237º menciona o caracter tendencial da conexão entre o direito a férias a gozar em
certo ano e o trabalho prestado no ano anterior, bem como da autonomia do direito a férias
perante a assiduidade do trabalhador. Aquela primeira característica conhece desvios
reapresentados por:
Nos termos do artigo 239º nº1 do CT, no ano de admissão, o trabalhador tem direito a dois
dias úteis de férias por cada mês de duração do contrato de trabalho no primeiro ano civil
da respetiva execução, desde que esta se prolongue por um período mínimo de seis meses
completos. Nesta medida, o trabalhador A teria direito a 20 dias úteis de férias.
O art. 240º nº2 consagra uma garantia suplementar, segundo a qual as férias têm de ser
gozadas até 30 de abril do ano seguinte ao ano em que se vencem.
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Neste caso, aplica-se o primeiro dos prazos, pelo que, em janeiro, forma-se o direito do
trabalhador a 20 dias de férias.
O período de seis meses exigido pelo nº1 do art. 239º também condiciona o vencimento
do direito às férias no ano subsequente ao ano da admissão. Não faz sentido que o direito
a férias mais recente se vença mais cedo do que o direito a férias mais antigo, referente ao
ano da contratação.
Assim, se o trabalhador A fosse admitido a 1 de outubro tem direito a seis dias úteis de
férias em virtude do trabalho prestado nesse ano, a que acresce o período de vinte e
dois dias úteis vencidos no ano seguinte, não em 1 de janeiro como é regra, mas logo
que perfaça os seis meses completos da execução contratual.
A 1 de janeiro de 2016 vencem-se 30 dias de férias, a serem gozadas por acordo, sendo
que relativamente a 8 dias, terão de ser gozados até 30 de abril. Há uma divergência
doutrinal e jurisprudência quanto às consequências de não gozar neste prazo.
A 1 de janeiro desse ano, já tinha vencido o direito geral a férias. Por remissão do art. 239º
nº6 para o nº1: para efeito de férias, considera-se como se fosse o ano de admissão do
trabalhador: o direito a férias começa, assim, a formar-se em outubro. Quer isto dizer que
o trabalhador não tem direito às férias correspondentes ao trabalho prestado em 2016. O
direito a férias só vence se o trabalhador estiver a prestar trabalho a 1 de janeiro- há uma
suspensão das férias em sentido técnico: aplica-se um regime especial no caso de
impedimento prolongado (suspensão que começa num ano e acaba no outro, cuja
duração a considerar é duvidosa).
O facto de se tratar de um dia fixo pode dar origem a situações caricatas: veja-se o
exemplo do trabalhador que fica impedido durante 11 meses no mesmo ano,
encontrando-se em funções a 1 de janeiro, e que tem direito a gozar as férias.
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• O trabalhador não estava ao serviço em 1 de janeiro, pelo que não se venceu o
direito a férias de acordo com a regra geral do nº1 do art. 237º.
• Não foi prestado trabalho no ano da cessação, pelo que nenhum crédito de férias
foi gerado, seja pelo nº6 do art. 239º seja pela alínea b) do nº1 do art. 245º.
• O trabalho prestado no ano do início do impedimento prolongado não gerara
ainda qualquer direito a férias.
Assim, o art. 245º aproveita este trabalho, o último prestado antes da cessação do
contrato, para dele retirar o período de férias correspondente. Se algum trabalho tiver
sido prestado no ano da cessação do contrato, logo após o termo da suspensão, já não há
lugar à aplicação desta norma. É o caso, já que o trabalhador A esteve ao serviço de
outubro de 2017 a fevereiro de 2018.
Aula de 7 de dezembro
Nesse sentido, começa por consagrar no seu nº1, seguindo de muito perto o artigo 3º nº1 da
diretiva, o princípio da transmissão para o adquirente da empresa ou do estabelecimento de
todos os contratos de trabalho existentes nessa data, bem como de quaisquer direitos e
obrigações emergentes de tais contratos. Ficam, pois, excluídos desta transmissão os créditos
emergentes de contratos de trabalho que tenham cessado em momento anterior àquela. Ex:
subsídios de férias e de Natal ou trabalho suplementar.
No que concerne ao nº5 deste preceito, a linguagem mais abstrata é o termo de unidade
económica. Quando há transmissão de empresa ou estabelecimento, requer-se este
pressuposto por forma a que seja possível aplicar a diretiva à nova empresa ou
estabelecimento.
Exemplos:
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i. Quando uma empresa cede bens a outra, ainda que a anterior se extinga, trata-se de
uma mera cedência e não de uma qualquer transmissão.
ii. Em sentido diverso, se, por exemplo, 10 trabalhadores de uma empresa que vão dirigir
um grupo de formação dos novos trabalhadores da empresa, transmitindo-lhes o
método produtivo. Entende-se, aqui, que se mantém a identidade da empresa.
iii. Os 10 trabalhadores que vão ser distribuídos para as sucursais de uma multinacional. A
dispersão geográfica não releva, porém, se estes, pela sua qualidade, virem a exercer
funções de formadores, não se mantém a identidade funcional.
Problema que se levanta: quando é que a empresa poderá fazer despedimentos coletivos
sem violar esta norma? O tempo é aqui o elemento determinante: justifica-se que haja lugar
ao despedimento com fundamento no excesso de mão de obra nos primeiros meses e não,
p.e., passado 4 ou 5 anos.
O ARTIGO 286º
O ARTIGO 286º-A
A relevância deste artigo prende-se com o artigo 394º nº3 d), constituindo causa de rescisão
unilateral do contrato (aditamento por força da Lei 14/2018, que transpõe a diretiva).
Tal como sugere o nº1 do artigo, é uma iniciativa individual do trabalhador, que se esgota no
seu contrato de trabalho. O conceito de prejuízo sério comporta sempre uma certa
ambiguidade, dificultando significativamente a prova do trabalhador nesse sentido.
Por força do art. 396º nº5, para efeitos de retribuição do trabalhador que exerce o direito de
rescisão do contrato de trabalhador por força do argumento da existência de prejuízo sério, o
direito a compensação é calculado nos termos do artigo 366º.
O ARTIGO 287º
Relativamente ao art. 287º, entre os direitos dos trabalhadores que a diretiva procura
acautelar, incluem-se os direitos coletivos. O seu artigo 6º afirma a inalterabilidade do
estatuto e funções dos seus representantes, bem como, em caso de cessão antecipada do seu
mandato causada pela transmissão, a aplicabilidade a estes de regimes especiais de tutela.
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CASO PRÁTICO Nº4
Hipótese 1:
o Vamos admitir que B ganhava 1000€ por mês e auferia de 100€ de subsídio de
alimentação e 300€ por trabalhar por turnos.
o No ano de 2016, gozou férias, recebendo a respetiva retribuição.
o Em dezembro de 2016, adoece até ao termo do contrato.
o O contrato viria a terminar a 30 de novembro de 2018, por B ser considerado 100%
inválido.
RESOLUÇÃO
Contudo, nos termos do art. 245º nº4, o trabalhador vai ter direito à retribuição e subsídio de
férias correspondente ao tempo de serviço (11 meses).
• Retribuição: por força do art. 258º nº2, compreende a retribuição base e outras
prestações regulares e periódicas feitas, direta ou indiretamente, em dinheiro ou em
espécie. A retribuição de B, calculada nestes termos, é de 1400€.
• Retribuição de férias:
o Se o trabalhador trabalhar os 12 meses, receberia 1000€ de retribuição de
base; trabalhando os 11 meses, receberá, aproximadamente 916€.
o Relativamente ao subsídio de alimentação, nos termos do art. 260º, este está
excluído do conceito da retribuição.
o Quanto ao subsídio de turnos, à retribuição de base acresce 275€ (cfr. art.
264º nº1).
• Subsídio de férias: nos termos do art. 264º nº2, compreende a retribuição de base
(atividade do trabalhador no período normal de trabalho- art. 262º nº2 a)) e demais
prestações retributivas, que sejam contrapartida do modo específico da execução do
trabalho, correspondentes à duração mínima das férias (22 dias).
o O subsídio de alimentação encontra-se excluído na medida em que não
constitui uma prestação retributiva.
o A base de cálculo do subsídio é a mesma da retribuição.
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Aula de 14 de dezembro
Imagine-se que hoje, dezembro de 2018, houve lugar a um despedimento coletivo. Note-se
ainda que todos os créditos sobre o empregador correspondentes a anos anteriores a 2017 se
encontravam liquidados. Que créditos tem este trabalhador sobre o empregador?
O trabalhador já há alguns anos que trabalhava por conta própria num part-time e auferia
500€ por mês. Poderia este montante influenciar o crédito que lhe caberia pelo
despedimento?
RESOLUÇÃO:
i. Ano de 2017:
Quanto ao tempo de férias devido pelo trabalho prestado em 2016, o direito venceu-
se em 1 de janeiro de 2017, não tendo o trabalhador gozado essas mesmas férias
quando regressou. Assim, o trabalhador teria direito a receber a retribuição e
respetivo subsídio de férias correspondentes às férias vencidas e não gozadas, nos
termos do art. 245º, nº1 a). O que equivale a: 1000€ / 30 x 22 dias úteis (ano de 2016)
= 733 euros, ao que acresce o subsídio de férias.
Deve fazer-se uma nota relativa a esta última disposição, nomeadamente no que
respeita à última parte (”cujo gozo pode ter lugar”). Esta estabelece um vencimento
mensal: ao fim de cada mês, o direito vence-se, porém, a questão do gozo é distinta
(exigindo-se seis meses de execução completa do contrato de trabalho). Em princípio,
vale a regra de que o vencimento é anual. Apenas quando o contato cessa é que o
vencimento é mensal. Relativamente a qualquer contrato, a partir do momento em
que extingue, há lugar a liquidação.
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No que respeita à retribuição relativa a estes 18 dias de férias, o trabalhador irá
receber o total 1200€:
• Seriam devidos 600€ a título de retribuição (1000€ x 18 / 30, nos termos dos
art. 264º nº1 do CT e art. 366º nº1 c));
• Acresce 600€ de subsídio de férias, correspondente à retribuição de base
(1000€) e outras prestações retributivas (1000€ x 18 /30) (cfr. art. 264º nº2).
Por força do art. 366º nº1, o trabalhador tem direito a compensação correspondente a
12 dias de retribuição de base (a qual corresponde a 1000€, nos termos do art. 262º
nº2 a)) e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade. Assim, a compensação
deve ser calcula nos seguintes termos: 1000€ /30 (valor diário de retribuição de base a
que se refere a alínea c)) x 12 = 400€. Uma vez que, por força do art. 295º nº2, o
tempo de suspensão se conta para efeitos de antiguidade, este total deve ainda ser
multiplicado elos 8 anos de antiguidade do trabalhador, equivalendo a um total de
3 200€.
Nota: ainda que consagrada no âmbito do despedimento coletivo, o art. 366º nº2 c)
corresponde à norma geral de retribuição diária, pelo que será esta que valerá para
efeitos de férias.
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