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Buscamos, neste artigo de caráter teórico, refletir sobre as relações entre os contextos
da universidade e da profissão na formação de psicólogos, questionando a
sustentabilidade desta formação. Tal objetivo se justifica pelas questões advindas das
novas configurações sociais que lançam à psicologia o desafio de ressignificar seu
sentido e seu compromisso com a diversidade, com a inclusão, com o humano. Nesse
sentido, interrogamos: Existe sustentabilidade entre as aprendizagens vividas nos
contextos da universidade e da profissão? Entendemos por formação sustentável
aquela que se assenta num “lugar híbrido” (NÓVOA, 2017), proporcionando o encontro
e o confronto entre os conhecimentos acadêmicos e aqueles advindos das
experiências profissionais contextualizadas. Pensamos que a construção deste lugar
híbrido de experiências esteja diretamente relacionada à constituição e ressignificação
de saberes institucionais, acadêmicos, culturais e políticos que estão, por sua vez, na
base do que compreendemos como profissionalidade em psicologia. Vale dizer que
Oliveira-Formosinho (2012) esclarece o desenvolvimento da profissionalidade como
transformação nos modos de ser, sentir, pensar e agir; sendo, portanto, uma mudança
ecológica. Para refletir sobre as possibilidades de vivência desta mudança pelos
estudantes, situamos o debate sobre a formação sustentável em psicologia na relação
entre universidade e profissão. Consideramos importante a ressignificação destes
espaços, tornando-os contextos de desenvolvimento e aprendizagem para os
estudantes, em diálogo constante com as pessoas e a cultura onde atuarão como
psicólogos/as. É preciso que universidade e profissão formem um contínuo, de modo a
irmos além da imagem de formação de psicólogo/as para darmos foco a formação do
coletivo profissional. Bronfenbrener (1996), em sua teoria bioecológica do
desenvolvimento humano, criticou o estudo do desenvolvimento sem a consideração
ao contexto, da mesma forma, criticamos a formação de psicólogos onde as
experiências no contexto profissional são pontuais no currículo da formação, pois
adentrar um universo profissional é vivenciar uma transição ecológica, com mudanças
nos modos de ser, pensar, sentir, agir. Seriam os estágios em psicologia realizados
em tempo e parcerias suficientes para dar condições ao desenvolvimento da
profissionalidade dos estudantes como futuros/as psicólogos/? De que modo os
conhecimentos constituídos pelos profissionais no exercício do trabalho psicológico
são apropriados pela universidade? Acreditamos que tais questões podem contribuir
para pensarmos papéis de professores, alunos e profissionais na construção de uma
rede de cooperação que implique na valorização e no sentido social desta profissão.