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As leis de Mendel, o pai da Genética

Escrito por Prof. Liedson LiderçoEm 08/04/2013 (atualização: 28/07/2017)


O estudo da genética iniciou-se antes das leis de Mendel, mas eram estudos
primitivos e sem resultados práticos devido à escolha do material de estudo,
que eram em sua maioria muito complexos, animais geralmente.
O sucesso de Mendel deve-se, em grande parte, a escolha do material para
estudo, pois ao usar plantas como base, Mendel conseguia resultados rápidos,
um alto número de descendentes, a possibilidade de fazer auto-fecundação e
ainda guardar sementes para serem estudadas posteriormente.
Mendel nasceu na Áustria em 1822 com o nome de Johann Mendel, passando
a adotar o nome de Gregor Mendel, em 1847, quando se ordenou a padre,
desenvolvendo paralelamente trabalhos científicos e religiosos. Era botânico e
biólogo, sendo hoje considerado o pai da genética. Faleceu em 1884 devido a
problemas renais.

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons


As Leis de Mendel

Antes de entendermos as leis de Mendel, temos antes que saber o que a Teoria
da Evolução, de 1859, de Darwin, tem a ver com as leis de Mendel. A Teoria de
Darwin revolucionou a ciência e a forma como o mundo via a espécie humana,
deixando de vê-la como espécie isolada das demais.
Em resumo, a teoria de Charles Darwin dizia que todas as espécies vinham de
um único ancestral comum, e que esse ancestral foi aos poucos, e lentamente,
evoluindo e originando todas as espécies do planeta.
Além disso, esta teoria dizia também que um indivíduo herdaria as
características de seus pais em medidas iguais, isto é, 50% de cada progenitor.
Isso foi genial na época, mas trouxe consigo um grande problema que colocaria
a teoria em xeque: se a evolução dava-se por seleção natural do indivíduo mais
adaptado, entendido como superior, este só passaria metade de suas
características para sua descendência. Então como poderiam seus filhos herdar
essa superioridade se um dos pais fosse inferior?
Isso faria com que o indivíduo fosse mediano, nem superior nem inferior! A
característica da superioridade não estaria presente no individuo e logo não
passaria para sua prole, o que é o mesmo que dizer que a evolução não foi
passada adiante.
Paralelo a isso, nos anos de 1856 a 1863, Mendel estava fazendo cruzamento
em plantas e observando o resultado desses cruzamentos. Neles ele observou
que quando essas plantas tinham determinada característica diferente entre si,
como a cor de uma ervilha por exemplo, que poderia ser amarela ou verde, ao
cruzar essas plantas, ao invés de obter plantas filhas que dessem ervilhas de
coloração misturada, como seria esperado de acordo com a Teoria de Darwin
(ervilhas verdes e amarelas na mesma planta, ou uma terceira cor formada pela
mistura do verde e do amarelo), apenas uma das cores era mantida, enquanto a
outra não aparecia. A grande sacada foi quando Mendel voltou a cruzar essa
segunda geração de plantas. Nesse momento as duas cores voltaram a
aparecer.
Entretanto a comunidade cientifica da época não mostrou interesse pelas
descobertas de Mendel que parou suas pesquisas científicas em 1968 para
dedicar-se às atividades burocráticas no convento que fazia parte. Sua
pesquisa ficou esquecida ate 1900 quando três pesquisadores que trabalhavam
independentes uns dos outros na Alemanha (Karl Corens), Áustria (Erich Von
Tschermak) e na Holanda (Hugo De Vries) descobriram através de estudos
semelhantes aos de Mendel as leis da hereditariedade, as quais já tinham sido
descritas por Gregor Mendel 34 anos antes, dando-lhe assim o reconhecimento
pelas suas descobertas, as chamadas Leis da Hereditariedade, ou Leis de
Mendel.
Os experimentos de Mendel

Antes de sabermos o que anuncia as leis da hereditariedade, temos que


entender como foram feitas as experiências de Mendel. Não por acaso, Mendel
escolheu estudar plantas e animais de pequeno porte, como camundongos ou
insetos como abelhas, por terem reprodução rápida. Sua teoria foi baseada nos
experimentos que ele realizou com ervilhas, também de reprodução rápida, e
com a vantagem de poder ter sementes que poderiam ser armazenadas para
estudos posteriores. Sua metodologia foi a seguinte:
De forma didática, considere plantas “puras”, isto é, que apresentam apenas
uma possibilidade em seu DNA para determinada característica: semente
amarela por exemplo. Significa dizer que todos os filhos desta planta pura
também serão puras desde que o cruzamento dela seja feito com uma outra
planta pura. Assim Mendel cruzou plantas puras que produziam sementes
amarelas com puras de mesma característica e observou que as plantas
geradas deste cruzamento só produziam sementes amarelas, e fez o mesmo
com as plantas que produziam sementes verdes, obtendo o mesmo resultado, e
com outras características de ambas as plantas como porte, cor da vagem, da
flor, etc.
Após esses resultados ele cruzou novamente essas plantas, mas desta vez
com possibilidades diferentes para a mesma característica: plantas que
produziam sementes verdes com plantas que produziam sementes amarelas.
Para essas, as possibilidades de cor ele chamou de “Fator” e essa geração
nascida deste cruzamento ele chamou de híbridos. Mendel percebeu que as
plantas híbridas da primeira geração de plantas puras ainda apresentavam
apenas uma cor de sementes: Amarelas.
Foi então que ele fez o cruzamento entre híbridas, tendo como resultado
plantas que produziam sementes amarelas e plantas que produziam sementes
verdes. Com isso Mendel deduziu que o fator para sementes verdes não havia
desaparecido na primeira geração, apenas não tinha se manifestado na planta.
Com isso ele observou também outros fatores, como por exemplo: que as
plantas que produziam sementes verdes apareceram numa proporção de
aproximadamente 25%, deduzindo então que algumas características eram
dominantes diante de outras e, com isso, a característica que não fosse
dominante, chamada de recessiva, não iria se manifestar quando a dominante
estivesse presente, fazendo isso apenas nas plantas puras.
Imagem: Reprodução/Blog Hugo Ajuda Biologia
Por fim, ele percebeu ainda que para qualquer característica, a planta trazia
dois fatores, um herdado da mãe e o outro do pai. Atualmente damos a esses
fatores o nome de Gene, isso porque, naquela época, termos tais como gene,
cromossomo, DNA e tantos outros usados atualmente ainda nem existiam.
Desta forma, as leis de Mendel apresentam o seguinte enunciado:

Imagem: Reprodução/Só Biologia


Primeira Lei de Mendel

Baseada na comprovação da existência da dominância e da recessividade dos


genes e de que cada gameta carrega um gene simples, também chamado de
Lei da Pureza dos Gametas, seu enunciado diz o seguinte: cada característica é
determinada por um par de fatores herdados um de cada progenitor.
Segunda Lei de Mendel

Nessa fase de seu estudo, Mendel estava cruzando mais de uma característica
das plantas. Ele usou plantas puras com sementes amarelas lisas (VVRR),
traços dominantes, e plantas também puras com sementes verdes e rugosas
(vvrr), estes sendo traços recessivos. O estudo dessas duas características
Mendel chamou de Diibridismo, e o resultado desse cruzamento já era
esperado, todas as plantas produziam sementes amarelas lisas, pois estes
fatores eram dominantes e as características recessivas não apareceriam na
presença desses fatores (VvRr).
Da mesma forma, Mendel cruzou os híbridos resultantes do cruzamento anterior
e achou as seguintes possibilidades:

Imagem: Reprodução/Biologia em sua vida


Com esse resultado, foi formulado a Segunda Lei de Mendel, também chamada
de Lei da Segregação Independente, que diz que dois ou mais fatores separam-
se nos híbridos de forma independente um do outro para formação dos
gametas, voltando a combinar-se aleatoriamente na fecundação. Com isso, três
quartos da geração apresentaram características dominantes e apenas um
quarto apresentaram as características recessivas.
Terceira Lei de Mendel

Também chamada de Lei da Distribuição Independente, diz que cada fator puro
para cada característica é transmitida à geração seguinte de forma
independente uma da outra seguindo as duas leis anteriores. Os híbridos
possuem o fator recessivo, mas este é encoberto pelo fator dominante.
A terceira Lei é tida como um resumo das duas leis anteriores, por isso há
autores que não a levam em conta. Tem ainda aqueles que consideram que as
leis de Mendel são duas e não três, embora três seja o número de leis mais
utilizado didaticamente.
Referências
»MCCLEAN, Phillip. Genética Mendeliana, 2000. Disponível
em: https://www.ufpe.br/biolmol/GenMendel/Mendel1&2-
extensoes/mendel1.htm.  Acesso em: 12 de abril de 2017.
»LEITE, Raquel Crosara Maia; FERRARI, Nadir; DELIZOICOV, Demétrio. A
história das lei de  na perspectiva Fleckiana. Disponível
em: http://abrapecnet.org.br/atas_enpec/iiienpec/Atas%20em%20html/o9.htm.
Acesso em: 12 de abril de 2017.
»BIOGRAFIA, E. Gregor Menel, 2015. Disponível em:
https://www.ebiografia.com/gregor_mendel/. Acesso em: 17 de abril de 2017.
» FISCHER, Barbara. 1859: Darwin publica Teoria da Evolução. Disponível
em: http://www.dw.com/pt-br/1859-darwin-publica-teoria-da-evolu
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» ALVES, Cláudio P. Gregor Mendel: Vida e Obra. Disponível
em: http://www.agostinianomendel.com.br/gregor-johann-mendel/. Acesso
em: 18 de abril de 2017.
» PLANETABIO. Genética: 1ª Lei de Mendel. Disponível
em: http://www.planetabio.com/lei1.html. Acesso em: 18 de abril de 2017.

» BIOLOGIA, Só. Leis de Mendel. Disponível


em: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel3.php. Acesso em: 18 de abril de
2017.
» MANIA, Bio. A segunda lei de Mendel. Disponível
em: http://www.biomania.com.br/bio/?pg=artigo&cod=1217. Acesso em: 18 de
abril de 2017.

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