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Xintoísmo – “Caminho dos Deuses”

A palavra xintoísmo surgiu a partir da expressão Kami-no-Michi, que na


tradução literal significa "Caminho dos deuses".
História: A história do xintoísmo deve ser dividida em duas partes: antes e
depois da chegada do budismo no século VI.
O Japão, ao longo de sua história, foi invadido por vários povos que vieram
pelo mar, do sul e do oeste, com suas culturas e que introduziram o cultivo do arroz
e um tipo peculiar de construção de casas.
Nas ilhas, os invasores encontraram uma população pacífica e foi fácil
empurrar esses aborígenes para as montanhas do norte. Encontraram também uma
natureza belíssima, um clima moderado, uma vegetação rica e colorida. Fundindo as
próprias crenças e ritos com todos esses elementos, formaram uma religião alegre,
cheia de gentilezas e amor pela natureza. Era o xinto primitivo.
No século VI, o budismo foi introduzido no Japão, especialmente na corte
imperial, mas somente depois de dois séculos, conseguiu difundir-se entre o povo e
transformar-se até num sincretismo xinto-budista, no qual os kamis passaram a ser
considerados como reencarnações de Buda.
O xintoísmo sofreu durante os séculos a influência do budismo (ritos e formas
arquitetônicas dos templos, o conceito de oração, a teoria da reencarnação), do
confucionismo (o culto dos antepassados e o senso de pertença e de dever do
indivíduo para com a sociedade) e do taoísmo (crenças animistas e práticas
mágicas).

Profetas e deuses: O xintoísmo não conhece divindades ou um deus, mas


reconhece a existência dos kamis ou seres divinos, que podem se hospedar em tudo
o que existe como árvores, rios, montes, etc
Os kami mais conhecidos são: A grande deusa Sol Amaterasu Omikami
(nasceu do olho esquerdo de Izanagui), o deus Lua, Tsukiyomi-no-Mikoto (nasceu
do olho direito de Izanagui), deus Tempestade, Susano-O-no-Mikoto (nasceu de um
dos furos do nariz de Inazagui).

Escrituras sagradas: O xintoísmo não tem dogmas, teologia, escritura


sagrada (os livros da história do Japão são considerados livros religiosos) nem um
código moral.
Muitos textos são valorizados na religião xintoísta. A maioria data do século 8
d.C: 

 O Kojiki (Registro de Assuntos Antigos)


 O Rokkokushi (seis histórias nacionais)
 O Shoku Nihongi e sua Nihon Shoki (Crônicas Continuada do Japão)
 O Shotoki Jinno (um estudo de Xintoísmo e política japonesa e história) foi
escrito no século 14

Locais disseminados: O xintoísmo é uma religião étnica, ou seja, é a religião de


um único povo, no caso, o japonês, que se formou no interior deste e com ele
cresceu, a ponto de povo e religião formarem uma só coisa com a cultura, a história
e a mentalidade. Por essa qualidade, o xintoísmo não é uma religião proselitista, ou
seja, não envia missionários para difundi-la entre outros povos; a única tentativa foi
feita na Coréia durante o período de ocupação colonial no séc. VI.

Símbolos: O Torii é o símbolo do Xintoísmo. É uma espécie de portal composto


por duas barras verticais com uma barra horizontal no topo (chamada de kasagi),
geralmente mais larga que a distância entre as duas barras. Sob o kasagi está o
nuki, outra trave horizontal que liga os postes. Sua presença anuncia que há um
santuário xintoísta nas proximidades. Atualmente, o Torii é considerado um dos mais
importantes símbolos da tradição japonesa e simboliza a separação entre o mundo
dos homens e o dos kami. 

Locais sagrados: O Santuário de Itsukushima  é um santuário xintoísta situado


na ilha de Itsukushima, perto da cidade de Hatsukaichi, na província de Hiroshima,
no Japão, que foi construído sobre a água. A ilha de Itsukushima é uma das muitas
ilhas do Mar Interior e é onde se localiza o monte mais elevado da região, o Monte
Misen (530m). Devido ao costume xintoísta de adoração de montanhas o local foi
considerado sagrado - e como tal vedado à presença humana, desde tempos
remotos. Assim, o Santuário foi construído sobre a água, junto à ilha, que é hoje
considerada parque natural.
Regras ou mandamentos: Não há regras escritas, ou mandamentos, somente
preceitos que são seguidos, como não prestar atenção nas coisas falsas.

Vestimentas: As roupas deles apresentam uma grande beleza artística, de


raízes nos séculos passados, mas só são utilizadas nos santuários e em ocasiões
especiais na rua. A arte do vestuário para o culto fica completa com um toucado
especial e sapatos próprios. Sobre a testa de um "Yamabushi", coloca-se uma
pequena caixa preta chamada "tokin", que é amarrada à sua cabeça com um cordão
preto. Durante as cerimónias, os sacerdotes costumam trazer também uma espécie
de cetro de madeira, que tem um significado purificador, mas sobre o qual não recai
qualquer tipo de veneração.
Fora das funções rituais, os sacerdotes não usam qualquer tipo de sinal exterior,
que os distinga dos outros.

Conflitos: Em 1946, com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, o


imperador Hiroíto renunciou o caráter divido que era atribuído aos governantes
japoneses. Assim, a nova constituição japonesa passou a defender a liberdade
religiosa da população.

Xintoísmo no Brasil: O xintoísmo no Brasil é praticado por uma pequena


comunidade, normalmente formada por descendentes ou imigrantes japoneses.
O principal Templo Xintoísta do Brasil está localizado no estado de São Paulo
e faz rituais e cerimônias em homenagem aos antepassados, além de manter a
tradição e a filosofia do xintoísmo entre os japoneses que residem no Brasil.

Divisões: O xintoísmo é uma religião muito antiga praticada no Japão, ela se


disseminou no interior e ilhas japonesas, após o século VI o xintoísmo recebe
influencias budistas transformando-se em um sincretismo xinto-budista.

Tipos de xintoísmo:

 Xintoísmo dos santuários (Jinja Shinto): é o conjunto de crenças que se


exprimem através das festas e das venerações nos santuários. Praticamente
todos os santuários pertencem à Associação dos Santuários (Jinja honchó),
fundada em Tóquio no ano de 1946.
 Xintoísmo doméstico: exprime-se nos lares japoneses. Nas casas xintoístas
existe em geral um pequeno altar consagrado aos deuses, o kamidana. Em cima
deste altar encontra-se muitas vezes um amuleto oriundo do santuário local, do
Grande Santuário de Ise e em alguns casos. Nestes altares colocam-se
oferendas (saquê, arroz, sal) e recitam-se orações.
 Xintoísmo imperial (Koushitsu Shinto): é o resultado do desenvolvimento na
casa imperial da prática dos ritos e cerimônias do xintoísmo.
 Xintoísmo folclórico (Minkan Shinto): caracteriza-se pela ausência de uma
sistematização doutrinária e de uma organização. É o tipo de xintoísmo praticado
essencialmente pelos pequenos vilarejos.
 Xintoísmo das seitas (Kyoha Shinto): é composto essencialmente pelas treze
seitas reconhecidas pelo Estado dos Meiji entre 1876 e 1908. Estas seitas
possuem em geral um fundador (homem ou mulher). Até ao fim da Segunda
Guerra Mundial, os grupos xintoístas que não pertenciam a uma das treze seitas
não eram reconhecidos pelo Estado, o que gerou a integração de muitos desses
grupos numa das seitas existentes. Depois da guerra, e tendo sido declarada a
liberdade religiosa, alguns grupos estabeleceram-se como organizações
independentes.

Conflitos: No Japão, a religião permaneceu oficial de 1868 a 1946. Com a


derrota japonesa na segunda Guerra Mundial, o imperador Hiroíto renunciou ao
caráter divino atribuído à realeza pelo xintoísmo e a nova Constituição do país
passou a defender a liberdade religiosa para todos os japoneses.

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