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Síntese Esquemática 1 Filosofia e Ética

Aluna: Agatha Shubeita


Seção 1.1 - Do Mito ao Logos: A Gênese da Filosofia
A filosofia teve início no século VI e VII a.C., na Grécia; Transição do saber mítico ao
pensamento racional; A razão e a lógica se tornaram pilares para os pressupostos
básicos do pensar.
O conhecimento mitológico atendia suficientemente às necessidades do pensamento do
grego antigo. O mito não é uma fantasia, mas sim uma forma não racional de explicar a
natureza e o seu surgimento. Antes da invenção da escrita, o conhecimento mitológico
era propagado oralmente, através de poemas, música e dança. Surgiram
questionamentos acerca da veracidade dos poemas.
Todos os eventos naturais, sentimentos e acontecimentos cotidianos eram manifestações
dos deuses. Os bons valores da sociedade eram incluídos dentro da mitologia para que
pudessem ser espalhados e seguidos.
O surgimento do logos possibilitou a análise e a interpretação dos acontecimentos,
procurando a causa dos mesmos.
As explicações mitológicas ruíram com a introdução dos pensamentos filosóficos.
Os primeiros filósofos elaboraram o conceito de physis, que é a fonte original de todas
as coisas. Aristóteles denominou esta fonte de arché. Tales de Mileto, primeiro filósofo
a surgir, acreditava que a água era a arché.
Physis diferentes: Heráclito era fogo e movimento (devir), Pitágoras era número,
Leucipo e Demócrito é o átomo.
Seção 1.2 - Hermenêutica e Finitude
Filosofar sobre a mitologia não é tratá-la como racional, mas sim trazer à conversa
filosófica questões humanas que foram simbolizadas como histórias mitológicas.
Hermes era o mensageiro dos deuses e mediava a comunicação entre os deuses e os
seres humanos. Hermes era imprevisível e sua personalidade mudava constantemente.
Uma vez, acusado de mentiroso por Zeus, prometeu então que nunca mais mentiria.
Essa promessa possuía a ressalva de que Hermes não era obrigado a contar toda a
verdade.
A linguagem é a representação da característica de Hermes no pensamento humano,
pois a linguagem, embora transmita informações concretas, sempre deixa uma margem
oculta para interpretação. Essa interpretação é a parte da verdade que não foi dita,
enquanto que as palavras concretas são a parte da verdade que foi dita.
Hermenêutica, com o nome referenciando o deus grego Hermes, é a arte e o estudo de
até onde é possível ao ser humano interpretar algo, e que sempre haverá mais a ser
interpretado do que já foi. Finitude é um conceito criado pelo filósofo Heidegger,
séculos depois, que significa que há um limite para o conhecimento humano ou para a
interpretação de algo, e que o ser humano não é capaz de passar esse limite.
Desta forma, o trabalho dos filósofos passou a ser não de entender um objeto físico, mas
de compreender o sentido. A filosofia antiga tentava compreender o mundo físico, a
filosofia moderna tentava compreender o conhecimento. Os gregos antigos acreditavam
na ontologia, que é a teoria de que o conhecimento é uma coisa concreta e que podemos,
sim, alcançá-lo por completo.
Consciência histórica é o conjunto das visões de mundo que a humanidade possuía em
determinado período da História. Hermenêutica e consciência histórica andam lado a
lado, pois na hermenêutica, o conhecimento é feito de interpretações, e dependendo do
momento da história em que uma pessoa vive, esta pode ter uma forma diferente de ver
o mundo, que não está errada, mas que é diferente por viver em outro contexto.
O ser humano, então, é constituído de interpretações, e não de verdades absolutas, uma
vez que ele é incapaz de chegar a essas verdades
Seção 1.3 - O que é filosofia?
A filosofia é baseada em questionamentos. Quem quer saber? Interesse, procurar, ir ao
encontro, sair da atual situação, mover-se. É querer ir além no conhecimento, procurar
uma mudança, procurar o que se ama. A palavra filos caracteriza o ser amante, o ser
mutável.
A construção do caminho para o que se quer saber caracteriza a filosofia. Não é um
caminho fixo. Guiar-se para a filosofia é reconhecer que o conhecimento é algo que
exige compreensão, ter a ciência de que é algo que sempre poderá ser aperfeiçoado.

Transcender, negar, criticar e realizar novas análises acerca do que já está imposto no
nosso mundo.

Em uma demonstração de preocupação sobre a filosofia, Heráclito e Éfeso


expressaram“Os asnos prefeririam a palha ao ouro”. A preferência pela palha representa
render-se para as necessidades intestinas, buscar a segurança e o convencional. Como
resultado, é apenas a satisfação mastigatória e repetitiva da palha ordinária e rotineira da
vida.

Para filosofar, é preciso entender que os enigmas do presente podem ser desvendados
interpretando o passado e projetando o futuro.

Seção 1.4 - Lógica e Racionalidade

A expressão “é lógico” é parte de uma tradição de pensamento que se originou na


Filosofia Grega, na qual os filósofos questionaram sobre a palavra lógos, se a mesma
obedecia regras, normas, princípios e critérios para o seu funcionamento.

Dois filósofos importantes para o contexto: Heráclito acredita que tudo flui, que apenas
a mudança é real e a permanência é ilusória. Parmênides acredita que a permanência e a
identidade são reais e a mudança é ilusória. Um acredita que o mundo está sempre em
mudança, e o outro acredita que é tudo questão de harmonia entre mudança e
permanência. Logo, a filosofia busca solucionar: se Heráclito está certo, o pensamento é
fluidez e a verdade é contradição dos seres em mutação. Se Permênides está certo, o
mundo de Heráclito não faz sentido. Então, surgiu a lógica e a metafísica, sendo duas
disciplinas filosóficas.

1.4.1 Entre a Dialética Platônica e a Analítica Aristotélica

Platão concorda com o pensamento de Heráclito, que o mundo sensível está em


constante mudança, mas também aceita o fato de que este mundo sensível é apenas
imagem, cópia do mundo real, de essências imutáveis: o mundo inteligível.

Porém, como passar do mundo sensível ao inteligível? Platão responde: pela dialética,
ou seja, diálogo, compartilhar conhecimento.

Aristóteles, diferente de Platão, diz ser desnecessária a separação entre a realidade da


aparência em dois mundos distintos, pois há apenas um único mundo que existem
essências e aparências. Heráclito fez uma suposição errônea ao dizer que a mudança se
realiza sob a forma de contradição. A mudança é a maneira pela qual as coisas realizam
todas as potencialidades contidas em sua essência.

Como e por que, sem mudarem a essência, as coisas se transformam? Por que são
mutáveis?

Já considerava Aristóteles: a dialética não é um procedimento preciso para o


pensamento e a linguagem da Filosofia e das Ciências, pois não necessariamente se
chega a essência da coisa elegendo uma opinião entre opiniões contrárias.

Portanto, cria-se a lógica: enquanto a dialética platônica é um modo de conhecer através


de pensamentos e discursos, a Lógica oferece o exercício do pensamento e da
linguagem que conduzem o conhecimento universal, através de leis, regras e princípios.

1.4.2 – Para que Lógica?

A linguagem é o meio pelo qual os homens se expressam no mundo. Podemos nos


expressar de diferentes formas, para diferentes situações. Estas formas de expressão
precisam alcançar um fundamento e uma demonstração coerente a situação.

A lógica desempenha um papel muito importante, não apenas na Filosofia, mas na


construção do conhecimento que se diz verdadeiro, ou ao menos, sustentável. Ajuda a
analisar a estrutura formal e expressiva do conhecimento, de modo que seja bem
compreendido. São necessários bons argumentos e boas formas de expressá-lo, para que
seja válido.

A conclusão precisa informar algo baseado em premissas. A lógica é justamente a área


que busca ajudar a determinar se um argumento é ou não válido. Clarifica o pensamento
e ajuda a evitar os erros de raciocínio, por ser crítica. Isso chamamos de pensamento
fundamentado, baseado em razões.

A frase “todas as verdades são relativas” é utilizada equivocadamente. Todas as


verdades são relativas, também esta é uma verdade relativa, de modo que pode ser
interpretada ou não como sendo falsa. Também demonstra que, mesmo tendo um vasto
conhecimento e acesso a informações, podemos facilmente nos apoiar em argumentos
frágeis, iludidos, que o conhecimento pouco tem a ver com a forma de sua expressão,
quando a credibilidade de um saber é correlata à coerência de sua exposição e
justificação.

1.4.3 – O Problema da Argumentação

O argumento é caracterizado por um conjunto de proposições ou sentenças. A lógica,


mesmo não se interessando pelo poder de persuasão dos argumentos, mantém um
compromisso com o saber científico e com a estruturação dos conhecimentos seguros.
Por isso, o grande objetivo de um argumento é convencer e produzir novos
conhecimentos. Podem ser argumentos dedutivos ou indutivos.

Argumentos dedutivos tiveram origem na geometria, por trabalhar com a determinação


de proposições gerais sobre espécies de coisas. A geometria é uma ciência
exclusivamente dedutiva: certas proposições têm de ser tomadas como verdadeiras sem
demonstração e todas as outras proposições têm de ser derivadas destas e independentes
do tópico particular em questão.

Para Aristóteles, o argumento dedutivo é uma inferência que vai dos princípios para
uma consequência lógica necessária. É o silogismo: ligação de dois termos por meio de
um terceiro. Se por um lado a dedução é algo rigoroso, por outro é algo estéril, pois não
apresenta nada de novo daquilo que já estava nas premissas. A validade dos argumentos
dedutivos é determinada pela forma lógica e não pelo conteúdo.

Argumentos indutivos são aqueles que concluem, a partir de dados particulares, uma
verdade universal. Excede o conteúdo das premissas. Pode admitir uma conclusão falsa,
ainda que suas premissas sejam verdadeiras.

Em meio a tantos modos de expressão e linguagem, é comum ouvir discursos ardilosos,


enganadores e falsos, embora não pareçam ser. Tratam-se de falácias: um argumento
que parece correto, mas não é.

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