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Pai Adérito Simões | www.aderitosimoes.com.

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ESTRUTURAS DE TERREIRO

ÁREA DA ASSISTÊNCIA

O QUE É?

A área da assistência é o local destinado a quem procura o terreiro. É o local


onde ficam as pessoas que estão aguardando para tomar seu passe, passar por
consulta ou apenas acompanhando a gira.

IMPORTANTE!

Acompanhe nosso raciocínio. Entrando no terreiro, a pessoa passa pela


estrutura de Ogum de Ronda e pela porteira. Depois, o necessitado (assistido) dirige-
se até a área da assistência e ali espera sua vez. Uma consulta demora de 5 a 20
minutos ou deveria durar no máximo 20 minutos. A demora até seu atendimento ou
seu passe é maior do que esse tempo. Acompanhará a abertura da gira, esperará as
pessoas que estão à sua frente e o que mais ocorrer até o seu atendimento. Portanto,
a área da assistência é o local que o necessitado passa a maior parte do tempo dentro
do terreiro. Logo, é um ótimo lugar para o trabalho espiritual indireto. Mas o que seria
esse trabalho indireto?

TRABALHO INDIRETO NA ÁREA DE TRABALHO

Trabalho espiritual indireto é o trabalho que o assistido não sabe que está
ocorrendo. Exemplo, balaio de Obaluaê com pipoca preso no teto da área de
assistência para absorver doenças e pensamentos negativos. O assistido não sabe que
aquele balaio está fazendo este trabalho por ele. Alguns, sequer notam o balaio. Este,
é um exemplo de trabalho espiritual indireto. Uma pena o nosso teto, aqui no T7, ter
sido rebaixado o que impossibilitou o uso do balaio de pipoca. Cada terreiro tem suas
características e cada um sabe onde o calo mais aperta.

COMO FAZER O BALAIO DE OBALUAÊ?

O balaio de Obaluaê é feito com pipocas estouradas (doburu – elemento de


Obaluaê para cura e descarrego) dentro de uma peneira de palha (palha é elemento
de Obaluaê que oculta o mistério da morte, dos espíritos e sua forte luz) presa por
palha trançada ou fio de nylon em um gancho preso no teto da área de assistência.
Fica sobre as pessoas filtrando pensamentos e puxando doenças. Claro, ao final da
gira ou no dia seguinte ou às segundas, dia de Obaluaê, as pipocas devem ser
despachadas, pois estarão repletas de energias negativas. Despache enterrando ao pé
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de uma árvore ou deixando no cruzeiro do cemitério já dentro de um saco plástico
para facilitar o recolhimento pelos funcionários do local ou em uma lixeira fora de seu
terreiro. Não queremos essas energias circulando por muito tempo dentro de nossa
casa de axé.

OBSERVAÇÃO: O termo correto para quem é da assistência é assistido (aquele que


recebe socorro ou ajuda) e não assistente. Assistente é quem dá assistência.

SEGUNDO TRABALHO ESPIRITUAL INDIRETO

Na área da assistência temos o trabalho indireto das entidades auxiliares da


linha de trabalho que atenderá naquele dia de gira. Estas entidades auxiliares são
enviados diretos da falange de atuação dos guias de trabalho que estarão prestando
atendimento durante a gira. Em alguns casos, os próprios guias de trabalho realizam
este trabalho. Vamos a um exemplo para que entendam melhor.

Imaginemos uma gira de caboclo. A fila na porta do terreiro já se formou e as


pessoas aguardam a abertura. O pai ou a mãe de santo estão lá dentro do terreiro
firmando a casa. Tronqueira oferendada, porteira ativada, descarrego da esquerda
pronto na área de trabalho, balaio colocado, isolamento da área de trabalho feito,
velas do congá acesas e ativadas, coroa planetária acesa e ativada. Portas abertas e as
pessoas começam a entrar. Passam por Ogum de Ronda, esquerda da porteira,
tronqueira e chegam na área de assistência. Ao entrar na área da assistência, serão
recebidos pelas entidades auxiliares, nesse caso, sendo uma gira de caboclos, caboclos
auxiliares das entidades que darão consulta, passe e trabalharão durante a gira dentro
da área de trabalho. Imagine que seja aqui no T7. O caboclo Sete Montanhas, guia
chefe de nosso terreiro, possui caboclos que auxiliam o seu trabalho e a ele prestam
contas de quem veio e do que precisam. Esses caboclos auxiliares prestam o primeiro
socorro e limpeza espiritual aos assistidos, encaminham alguns eguns, mantém
aqueles que precisam passar por transporte, saúdam as entidades dos umbandistas
que vieram prestigiar a casa dos irmãos, dentre outras funções que se fizerem
necessárias naquele momento. Ao entrar na área de trabalho para tomar seu passe ou
consulta, este assistido estará com meio trabalho adiantado mesmo que não saiba
disto. Assim, fica fácil entender por que algumas giras são só de descarrego ou são
pesadas para todas as pessoas (consultas difíceis) e outras, parece um hospital com
tanta gente procurando por cura e outras, só trabalhos para prosperidade. A seleção
é feita pelas entidades auxiliares que atuam na área da assistência.

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CUIDADOS A SEREM TOMADOS

A área da assistência não pode se tornar uma área de pré-incorporação. Para


que isto não ocorra, devemos afastar o hábito de trazer para dentro da área da
assistência todos que apresentarem algum sintoma de incorporação ou que
efetivamente incorporem. Quando trazemos para dentro da área de trabalho as
pessoas que incorporam Orixás, falangeiros ou entidades passamos a mensagem que
esta prática é bem-vinda e é recompensada com as boas-vindas e integração desta
manifestação à corrente de trabalho do terreiro. O método montanhense afasta esta
prática e respeita quem pensa e faz diferente de nós. Caso seu terreiro apoie esta
prática, seu terreiro está certo e nós estamos errados. Respeite seu método e sua
tradição.

Retomando o raciocínio montanhense, a corrente mediúnica do terreiro deve


ser preservada. Ao trazer continuamente para dentro do terreiro todo tipo de
manifestação alheia à corrente:

1. Desvalorizamos o nosso preceito;


2. Permitimos que as pessoas venham ao terreiro somente para incorporar e
descarregar;
3. Desequilibramos a energia circulante;
4. Interrompemos o rito, a ordem e a hierarquia;
5. Deixamos de ensinar aos médiuns presentes na assistência que existe momento
para tudo, até para incorporar. Ensinamento importantíssimo para todo
médium. Controle de manifestações é a chave para a evolução da mediunidade.

ASSISTIDOS FIÉIS

Todo terreiro possui seus assistidos fiéis que, por muitas vezes, são mais antigos
que muitos filhos de santo. Em outras ocasiões, são mais antigos que o próprio pai de
santo. Exemplo, terreiro que já passou por uma ou mais gerações.
Estes assistidos podem, caso o pai de santo aceite ou queira ou o guia chefe
assim determine, ter local reservado ou de destaque. A valorização da fé e da
fidelidade daquelas pessoas engrandece a corrente mediúnica e ensina aos filhos de
santo uma importante lição através do exemplo. O T7 separa algumas cadeiras na
frente da área da assistência para estes assistidos. Haverá reclamação por parte de
alguns. A resposta é simples, sejam tão firmes na fé como estas pessoas e terão lugar
de destaque perante a espiritualidade. A força do exemplo é forte. Somos todos iguais
perante Olorum, mas cada um possui, pela força do merecimento, seu local correto

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na organização espiritual. Algumas giras fechadas de cura e de atendimento estes
assistidos também estarão presentes a mando do pai ou da mãe ou do guia chefe.
Contudo, caso o pai ou mãe não queira ter que fazer isso para não passar por
falatório negativo, ter que explicar sua posição perante os mais antigos ou pensando
realmente que é uma atitude ruim e injusta, não faça o dissemos neste tópico. Seja
fiel às suas convicções e tenha a mente aberta para modificá-las quando for necessário
e justo.

SEPARAÇÃO COM A ÁREA DE TRABALHO

A área da assistência é separada da área de trabalho. As energias são diferentes.


Sabemos que cada terreiro tem suas características e já trabalhamos em espaços cuja
divisão era impossível. No início, quando o T7 se chamava Céu de Xangô e as giras
eram no fundo de uma casa geminada e alugada na Av. Presidente Kennedy, bairro
da Aviação, Praia Grande, SP (apenas para registro histórico) não havia espaço para
divisão entre assistidos e médiuns. O perfeito é ter divisão física, local de entrada
separada da saída e espaço de circulação de pessoas. O bom é ter divisão física. O
possível é o que podemos fazer com o que temos. O bom não pode ser inimigo do
perfeito.
Ao separar as áreas teremos a preservação do axé da corrente mediúnica e o
pré-trabalho de atendimento na área de assistência. A separação física pode ser com
uma corda, com uma cerca ou qualquer outra barreira. Esta separação física terá uma
porta de entrada e uma de saída ou uma para entrar e sair da área da assistência. É
ali, na porta de saída, que as pessoas devem sair de costas. Não há necessidade de
andar de costas por toda a área de trabalho para sair nem sair de costas na porta do
terreiro ao ir embora. É ali, na porta de entrada, que os filhos de santo saúdam o chão
antes de entrar na área de trabalho. Entidades incorporadas em seus médiuns não
precisam virar de costas ao sair nem saudar a área de trabalho ao entrar. As entidades
são a própria força saudada e são os agentes que descarregam e encaminham os
espíritos e a força negativa.

COMO FIRMAR A ÁREA DA ASSISTÊNCIA ANTES DA GIRA

Para firmar a área da assistência utilize pinga. Pegue uma garrafa de pinga e
faça uma linha por onde se entra na área da assistência. Se for a própria porta do
terreiro, faça lá. Faça uma linha entre a área da assistência e a área de trabalho. Não
precisa ser uma linha contínua. Não precisa usar muita pinga. É algo simples e
poderoso. Há terreiros enormes que usariam uma garrafa inteira somente para este

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fim. Neste caso, basta uma linha na porta de entrada e outra na porta de saída. Bata
seu paô direcionado ao chão da área da assistência e reze:

“Laroyê, Exu! Saravá, Pomba Gira! Venham nesta área tomar seu
posto (respire evocando estas entidades). Recolham a energia negativa
descarregando na porteira e na tronqueira, limpem esta área para que as
entidades do trabalho de hoje possam prestar auxílio aos necessitados que
aqui estarão”.

Levante suas mãos à frente do seu corpo e viradas para cima como se puxasse
as forças de luz provenientes do alto e reze:

“Senhor Obaluaê, imponha seu poder de cura nesta área e tome


seu trono no domínio dos desencarnados para que os necessitados recebam
sua luz ao pisar aqui. Atotô, Obaluaê”.

OBSERVAÇÃO: A videoaula deste tema que consta no curso TEORIA DO SACERDÓCIO


ensina a fazer de uma outra forma deixando claro que não há somente uma e sim,
inúmeras formas de se firmar um terreiro para a gira. Tome para si a forma que mais
se adapta às suas crenças e possibilidades. Nossa missão é de ajuda e ensino de
Umbanda. Cada pessoa e cada terreiro tem suas próprias dificuldades, facilidades e
características.

ATENÇÃO:

1. Este material é parte integrante do curso TEORIA DO SACERDÓCIO disponível


em www.aderitosimoes.com.br. Caso queira saber mais sobre esse assunto,
acesse nossa plataforma.
2. Pode usar à vontade em seu terreiro para seu grupo de estudos, suas
aulas, site, mídias sociais e vídeos.
3. Fique à vontade para distribuir este pdf para quem quiser.

Pai Adérito Simões


Sacerdote de Umbanda do T7

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