Você está na página 1de 29
RIQUEZA EB TRABALHO duas regies pert Mas com Itaca que de_itaca, endo _nesse Pais_da_fantas 6i, que ¢ mundo de Ulises apulagio da_Mha era dominada por um grupo de familias de que alguns membros tomaram parte na expedigio con- ja, licands outros na ila, Entre estes wltimos citemos” > Ulsses, 4 partida, confiow-Ihe a sua jovem mulher Pené- lope, natural de outra regio, e seu filho unico, Telémaco, um reeém-nascido. Durante vinte anos verificou-se na direcgao poli- tica de ftaca um estranho hiato. O pai de Ulises, Laertes, apesar de ainda ser vivo, nao ternou a subir ao trono, Penélope, sendo mulher, nao podia governar. Mentor nfig era um tutor legal; era wina personagem cheia de boas intenges mas ineficaz e que néo podia desempenhar o cargo de regenie. Durante dez anos reinou a mesma situagio por todo o mundo grego, enquanto os reis, com poucas excepgdes se encontravam na guerra, A vida retomou o sc curso normal com a destruicio de Troia ¢ o grande regresso dos herdis a suas casas. Os reis mor- tos foram substituidos; alguns, como Agamémnon, depararam ao regressar com usurpadores e assassinos; os outros recuperaram o poder ¢ 08 seus cargos. Mas a Ulisses éstava reservado um outro destino, Ofendera o deus Poseidon, e leve por isso de errar de um lado para ouiro durante dez anos ant neontrar, sobretudo a interveneio de Alena, a salvaciio © o dir regressar a itaca. Esta segunda dée: gulhou 0 seu povo na erplexidade. Ninguém em toda a Hélade sabia o que era f le Ulises; tinha ele morrido na viagem de regresso de ‘Troia ou estava ainda vivo algures no mundo exterior? Esta incerteza serve le base ao segundo tema do poema, a dos pretendentes, Mas ainda aqui eis-nos as yoltas com mimeros, Nao menos de 108 nobres, 56 de ftaca ¢ das oulras ilhas gavernadas por Ulisses, ¢ 52 originarios de um reino do continente vizinho faziam, segundo o poeta, a corte a Penélope. Queria forgi-la a escolher entre eles 0 sucessor de Ulisses. Curisa corte, nem ao estilo antigo nem ao moderno. Exceptuando o facto de eles continuarem a_dormir nas_suas_proptias habilages, os pretendentes tinham literalmente tomado posse da a do ausente Ulisses, comendo bem e bebendo até a saci -dade das vastas reservas deste. Segundo 3 f6rmula’do porqueiro Kumeu: «Nem vinte homens juntos ti- nham tamanha fortuna» (2). No decorrer dos trés ltimos anos, Penélope tinha-se defendido com manobras de diverséo, mas a sua resisténcia comegava a ceder. Os constantes festins’ na sua casa, a crescenle certeza de que Ulisses ja no regressaria, a ameaga aberta dos pretendentes, feita em pablico a Telémaco, © Odisseia, XIV, 98-99. 50 ade vos comer todos os vossos haveres © sust a faz pobre vagabundo pouco dem eleito, Ul megavam > de lo na morte dos pretendentes ¢, Bracas A intervenedo final de Atena, no restabolecimento da sta Posigéo como chefe da sua casa e rei de Ttaca disso_na No sestrangeiro, a vida de Ulisses foi uma longa lutas com feiticeiras, fornece | & ainda_out ute: @ teatral_ou_como tipos co poem mente parte tempo de guer tidaio Por efeito de acasos devidos A guerra ¢ As economia tornava impossivel a ci isso mesmo, de nov mente nos outra porta para mente fechada. Ficleia, 0 Gedo Abaixo desta de outras divisoes, mi © Odiseeia, 11, 1 2: imites de 3 série de gigantes e ninfas, mas nao se enconim trago st6ria de Ttaca, Na ilha somos confrontados x ilha somos confrontado. sociedade inteiramente hum: a pre presi na (€ verdade que Atena e: mas num certo sentido os deuses gregos faz malmente parte da sociedade \anite sonhos, nas profecias, nos ordculos ¢ suced. ps homen , Manifestand non e a morte io em A_Odisseia os_aristoi n tempo de paz cor n-se todos os outros, colec ic era transposto nas, A. ¢ owas obres. O casamento_ vei ma mesma classe, ti nir. 9 que opde © escravo eo mul mente, O-Toase 0, salvo propria om uma. sla sem iam nor- se nos Por outros sinais), O mesmo iliada, Na historia das poucos dias que deco a ofensa feita por Agamé i Seiler ba Aquiles, como no episodio aristocraci m entre Tiaca, a ‘ava 0 mundo dos literal mo em D de maneira que esta & promogio social estava também hen metica- Mesmo, omem, Sh areca, Q-termo drester, mulheres, em casa ¢ també : ic irabalha para ou que i He os erier conan anmeatce ete seer vanes Bg Se ent Odisyeta Tanto para Os homens Neneve rasneis aaeth sticas OU OS serv SSL Sciriso A, excravos. O trabalho de uns © de ont vos, a populagao livre qu Iuineira como cram tratados, tanlo pelos seus senhores como no poeta n&o nos diz pi ntizamenie nada Oa tie se presiam a uma distingio. pralieemenio nade fic merosos, cram uma propricdade de que vossuinds casas2-be sedi Se Nas Pre mfr esoravas, DoT “ z PTS E re pifiagens éram a principal Fonte de spor a ee Tee os Fer S Nao havia razfo, alguma, de erdem economics, oo Fs oneiam antstuzer, © ogungvam 13. biscara: falta de satisfuzer, © agunavam pa_biewarguia social ara poupar a vida dos homens apes s sve derrota. Regra IRIER GERM cenit os hcrdis massacravain OS : mens ¢ levavam consigo as. mu- Jo, Antes de suplicar por seu o aparece desenhade nifica 4 Iho, «Mas nao como, cho- | tras Iheres Heitor, que conhece j4 0 sev, destino, diz & MONT ‘odo Melreceupa tanto a sorte dos ‘Trolancs deravante tua, quando um Aqueu de cota de, bronze te tua, Teerancando-te & liberdade, Talvez. entiio, Tiesno tear as ordens de ontra mulher; talve7 Mm de Hipereia, porque assim 10 yeu, lombremo-lo, chama a esses especialistas ucede_a Pen ara predi s suceden de outro encedor, Heitor nia tinha neces de Apoll tro, Ao Tonge de toda a historia grega, Ja ao que ivas ¢ ar mode: pessoas © bsp naaaaee que dele agponm 3. seu mode. Mas Heitor mostrava bre | Te especialita 6 6 RPE ee ecia no ciia.vo, As eseravas th que € ti eT Perce em casa, para ai kavar, covery Limpar, DcDace Sas oe Bestar servigos, Mus se eram jovens, também t Se ee OO ee are Ute Eineal fix na_-cama do senhor, O cerca da vel hos quanto ao mundo Se eae: nda muito jovem. tinha pago por ela univocos. Quando, no seu pal fete Tonge de ser claros uricleas us bens.~. mas nue. # tina do na, sie cane Po Te a ae ae Teenie user a9 U0 alguns dos jera do sua mulher» @). Foram 0 cardcler exe ypotonal eter coa cuseeat dg Gury os landam dizer oe co © ouro ... Nestor, 0 velho Ulises possu de eae wane abstinéncia. cavaleiro, forneceu 0 Ouro, ¢ o ferreiro rar aqui Fi \ Gntio com toda a pericia os corno: 3 vi eijaiase de um mémero red : oa eateries eas (OR NEMIEG may trate de vm mamere relond, Gare te er Sea ve cresaer ag gua ierselimed ee tsemos no saa indieados, contrariamente & passage Ae tad ernaue fe fata da Deere a ae tambs massa ‘erro em brulo» que Aquiles ofer ieenGlto 2 ontigho de escravo, como, Pore Remeu, de nascimento —|_—_ao vencedor clo torneio de Fe arene a cota ue comerciantes fenicios tinkam raptado na infancia et a c se ferro desempe- pe ‘era_ao mesmo tempo o ‘instrumento da eo eseravo. Os escravos trabalhavam camo as para o vende Re ©, Carleton $. Coon, Caravan: The Story of the z was Soe ioe Bok The Story of the Middle East (Jo () Odisseia, TH,’ 425-438. io da vitéria. Quem © ganhar, diz Aquiles, «podera usar dese ferro durante cinco anos inteiros, pois nem’ o pastor nem 0 layrador teré de ir a cidade por Ihe faltar o ferro, ele pro- prio Iho forneceray (*), ROnTA Lo que-ostivessenttd ui todo Eumeu sublinhava ainda um_ outro trago particular dos demioergoi, quando punha a questio: «Pois alguma vez alguém chamou um estranho... a menos que se trate de um dos de- mioergoi?» (de novo se impoe a analogia com os Cabilas). Havia, entio, latociros © menestréis ambulantes, indo de lugar em lugar, segundo um itinerario mais ov menos éstabelecido? De facto, 0 sentido da questo posta por Eumeu € 0 de que todos os’ estran~ geiros conyidaclos sao artesios, mas ndo o de que todos os artestios silo estrangeiros. F provavel que alguns o fossem e outros nfo nenhum tera trabalhado necessariamente io, Os arautos, sem dtivida alguma, faziam omunidade, como membros perma: eis_ como rg0i, a sua_contribuigio e Tedu- alhos bésicos de pastoricia ¢ lavra dos campos, © para as tarefas domésticas, ndo havia necessidadé tas. Em ftaca, cada um podia cuidar dos seus ani- mais, cultivar a sua terra, talhar a madeira; e aqueles que pos: suiam uma propricdade ‘trabalhavam-na eles proprios. Outros constituiam o pesjoal permanente ao servigo de Ulisses ¢ dos nobres, como esses anénimos «trinchadores de carne» que faziam parte integrante da casa. Qutros ainda, os menos afortunados, gram os thetas, trabalhadores nfo-vinculados que nada_possulany ‘e Umtaliavam quando contratados € miendigavam-o que nao po- Asia occidental nesta passage 6 sublinkada pelo cuidado com o qual te no poema, sio enumerados as suns comtpon de Mecelau a Telémaco, jaro, reapa~ quatro vezes na Odissetd, crentes, fer que fossem a sua finalida, o meta fagens, que no mundo, Cessitantlo! Ulisse: diam er ‘asooiagao de fam ariavelme © presen rece oul a chete, de que uma das QI punha ao oikos um problema particular, no a) : des Nn comandar ¢ repartir © saque, primeirarmente | suerminado lugar. A-divisio far Em grande parte essa repartic a. Visto qu centralizado © acumulado num de SEME por-taeom a sorte, como quando da partilha de wma he: ranca ragcil}jeiros. Por excmplo, nem todas, as aveaty: FANGa et eee durante 0 seu regresso foram trdgicas. Por duas ou Tess Veres, ele e os seus homens tivecam a feliz, coat de pilhar. A eartic de ion», conta © her6l, wo, vento tate até no pa icones. Af Je © matei os homens i ‘ocedlemos lige dos ber: nao levantava qualquer problem: lo de Robison amente UM entao aplicado no oikos prin vo, sementeira, fo, Fizemo-lo t wanto a sua parte» ("). a pela forga_¢ Ton reside _piecamente numa cmmunto de ferro, Tenham ou Tao menor envergadura cmpreen: as doze Somo exempio mais come: havin guorras intengao, \caio viol olomento Tondatente a. Belo contraiin,| 4 ainda que os testemut nos poema’ 103, ntes nem ceerentes, os f s vivesse. arquitectura, OrosD, € pareden ("). ie 300 anos apos te, uth ida colocaya 0 ca proprias da bon esposa. UL, 337-342, 61 (Ouse sino a oferta de despedida con: embora nela houvesse certo risco. A wltima cena de reconhieci, ja, entre o her6i © seu velho pai, comeca da Ulisses pretende ser outrem, um estrangeiro distante & procura de informagées a respeito tow-me vai para maneita habitual vindo de um py de «Ulises». Vosso filho, diz ele a Lacrte: cinco anos © recebeu de ‘mim os present sete talentos do meu_belo ouro trabalhado, tera com flores desenhadas, toda om prata, dove mantos nao 5 ida outras tantas sua escolha quairo bonitas mu. pos-se a chorar; conven- dos, cido de 10 que seu Filho es contrar mellior mancita de 0 revelar a seu,hhéspede senio com este comen. lério acerca da situagto: «Em véo deste esses presentes em tio Se encontrasses vive © teu hésped despedi ri qual a deusa Atena trago um chefe Tiifio, Con partir, © jovi gressa sente iio se pedia recusar 0 poder 2. (Enquanto “CD Odinseia, XXIY, 274-285. ©) Acerea ida Amizade © da ‘hospi OY Odisseia, 7, S1P18, 62 no era menos esperada que a da partid, . Tal era nesta sociedade a dadiva de presentes. Nao era necessario que a divida fosse paga edinto, © esse pagamento podia tomar normalmente, tinha sempre lugar. lo _respsito pelo passado, o preseate i zon efeito, muilo proximo de-uma obrigagTop Nenhum pormenor da vida dos herois recebe na —Timda—c na Pdisseia tanta atengio como a trova de presentes, sendo scimpre feita referéncia a adequacio, a conyeniéneia, & compensagno, «Mas nesse momento Zeus, filho de Crono, arrebatou também a Glauco a sua raze, pois que ao trocar as'suas armas com Did- medes, o filho de Tideu, Ihe deu ouro em troea de bronze —o valor de cem bois pelo de nove» (*). O comentirio que o poeta acrescenta, coisa fo rara no seu caso, traduz a enormidade do erro de juizo de Glauco Nao havia, por assim dizer, situagio a que o sistema d liclivas se nao pudesse aplicar. Mais precisamente, o termo «da. «Uva» cobria toda a gama das acgdss ¢ trarsaccd mais tarde. t ies du 1acdo propria. 5, des dos. género, ome nos versos em qu ®, por duas vezes, Penélope comentam a interpretacaio fayoravel que um estrangeiro da a van sinal dos deuses: «Ak! possam as ti lavras cumprir-se, héspede meu! Loga encontrarias em n amizade gente © ma penalidade (0 » unt jovem nobre de ftaca di esta explicacio: quando alguém da vossa cor wir-se a vos nu *) Mare Bloch, em The Cambridge Economie Histor por IH. Clapham e' Bileen Power, vol 1941), p. 262. Bloch discute Tacit, (2) Mada, VI, 234.236. ©) Odisseia, KV, 536-538, ‘descrito por 6 fangistia... Seria dificil reovsar a dadivay (@). Ainda num outro | cificados_ com ie vinte bois; nunca teria trocado os bois sere pagamento de vm servigo veritica-se o HMRI, exigido for uma escrava,, pe pira todo o acontecimento importante ‘pala-se_baslante-na.Odis- ‘ Tee Seitade de medida conyencional mais nfo € que wma Pe de «prene 2 ie o feliz pretendente. que Linguagem arlificial, um simbolo como sio em algebra %, ¥,© 7. seid de-eprest or Fronos sa duc agucle_que-mas-ofercee Hur Hngusgemima, esta medida nao pode determinar a quanto de ferro Venda em hasta pablica, psa a suin_contracdidiva sob Em Si Tinh equiyale uma vaca. No mundo de Adam Smith, esta Lianne mente, acompanhave O. i detorminaglo faziase através do-mercado da oferta da procura, a Tome daguilo «que chamamos Lelagoes intemacloneis © diplo- setae Complotamente desconhecido em ‘Troia ou em Tiaca. Hons or rogido pela jroca de reece do mercado esconde-se o mObil do Tucro; ora, se havia jnacia, nas suas manifestagoes pa Jmacias Ee’ mesmo em tempo de guerra,’ eesas Ccasieey 4} feixavam de sc apresentar, como eno. ot entre Ajax'e Heitor, quanclo os hers dos : pos adversos ve detiveram, ali mesmo no cami de batalha, sob izado Pos adverse provadores dos outros her6is, ¢ trocaram as suas guerra armadutas. Na Odisseia, 0 comércio diferia das niilt ca de presentes, na medida em que & {10° um fim em si. ércio, os abis: plas formas de tr ‘de bens_constitu orgue au ma_alianga 0 ‘um objecto _doterming Ser-satisfeila erbecessirio, Nos diriam maportagoes cram o mdbil do com franca constitu. wm tro Agu | atltude ciente Nese (alguns de} 0s, seus Faertes tinha comprado Buricleia bens tinha pago por ela vinte bois» C*), Q gade cf 8 oe dade on fe medida do valor_dos_bens ane Gimheiro, cmbora nem cl ‘ungoes qu ia a ter mais e as funges que, ole viria 4 ter dover a @ a vol juer_objecto dl culagio_de_m! para_esia © ga troca, *Laertes_ti maprado Euricicia_por_objectos Wao espe- GF) Ibid, 1V,, 649-651 8 Bia, 130-031. 64 (ou por ameacas) tanto de x por_tanto_de_y. Mais a a fic de trocas durante wi c proporgdes, ¢ elas eram geralmente comhecidas smo ile central, o chefe prezado costume, como no conflite que ops om efeito, que uma tal acto de troca. algum tabu nas trocas homéricas, era certamente 0 entre Diomedes ¢ Glauco, por (principio imulivel tanjo_no-comércio_coma_cm-qualauer oul ‘ a aad mofua-vantagem.O ganho rea Ss de-ouirem relevava de um outro dominio, da ‘eda pilhagem, onde cra alcangada por actos de bravura nao pela especulagao ¢ pelo regateio. a expensa e recem ines © facto de-ninguem poder p 2 é irrevelante para esta questo. C ‘tenha bastado para fornecer o seu tema para mostrar como a violagio d Phiverso, o costume era tao vinculativo par mais severas da época posterior. FE que participava numa troca, acrescentento-lo, ssivamente tomava parte numa dis as normas_juridi sobre 0 que do produto do sague. Podia sempre recusar levar mmo quando as regras néio eram respeitadas Jo julgava que nao o eram. we_algué a transacciio. A exactamente, @ Pi Tongo periodo de tempo tnha fixado, as da_comefsiante-&,na Sv mane essidade de melal era (io impor- Tuero na troca. 1 polo costume rue Aig existia fade valores: ica, efectiva © respeiladas Agi Wiad € suli- Tegra podia ser perigosa. © individuo a tra ow, mu Me k tipo de para todo 0 seia de. hos records nada _imenos- pagan Bos re Venda em hasta publica, ie ato conjunto daquil nas suas macia, pos ad as dada. 64 de_um_ objec FErnecessinin importagoes adinleiro, as fungoes de’ se apresentar, S. troca, *Laertes. () Did, ©) Ibid, nto a acont via, jar _uma_alianca cto determi eram 0 munca constitu contava_a_necossidade embora nen) Seria dificil recusar a um servigo verili nento impostan 9 & que chamamos .relacbi manifestagdes ‘Pesan: E, mesmo em. jeixavan exemplo, ou entre Ajax yarsos Se ares aprovadores armadw Na Odisse ca de presentes, um fim em si detiveram, di juando “aertes tinha compr linha pago por €l jor_dos_bens ele nem qualquer ne ele viria a ter mais Ty, 649-651 1, 430-431. Madivay @"). Ainda num outro Geso © ritualisme €xi ‘Pala-se_bastante-na_Odis- oo feliz pratendente, ae nie mars oferece numa cionais © diplo- ‘como entre Did ‘¢ Heitor, quan ‘mesino n0. ci 1s dois cam- mpo de batalha, e trocaram as suas Gltiplas formas de 0 comércio dif a de bens con ‘a medida em gue a tro jaderna, que SO ‘Nos dirfamos, em 5 as exportacdes. jébil do comércic ju uma_siecess ia «com (alguas ygado era & neste aspect, f outra, coisa dle, Sobretudo hase 2 preenchesse da_cuja— je_uso_servia, a_unidade de valor, TIngdo de meio “de or uma escrava. cificados_com_o_valor ma unidade mde de medida convencional m_simbolo como sho, lida nao pode dete: | -guipudade le trocas durante Un proporgoes, ¢ elas_eram Zio do sa Tomandanie-en-chele. gilar_as_normas goralmente tivas, O facto de ningue como no con! esta questi. Mes arti prezado 0 costa Aquiles, @ irrevelante para atitude tenha bastado para’ fornecer © s iente para mostrar como ostume era tio vincula Tinguagem artificial, w Em si mesma, esta med ‘ou de vinho equivale wi determinagao fazia-se al mecanismo compl Por detras do mereado es algum tabu nas trocas homéricas, e de outrem r onde era al agem, Ia especulagao e pelo regal 8) € nao pel yéncias dew autoridade institucional tanto de x por tanto dey. Nese universo, 0 © como as normas juri aquele que particip: tagem sobre o que do produto do sague. Podi Seu termo quando as regras nao era quando julgava que nfo o cram. jeremos_dizer ém_j (ode wma troca, jo que o fenomeno essencial: yratica_ do_comé oi 1Mo_aceilavel, nao Tesidia pe comerciante ¢ na sua “de metal era to impor~ plesmeate! je_vinte bois; rminar a qui través do mercado da jetamente desconhecido em sconde-se 0 mobil do a certamente o lue1 elevava dew ‘Mais exactamente, do de tempo tin ‘onhecidas © respeitadas, toridade central, o chefe geralmente © severas da época ‘acrescentemo-l0, parte numa’ dis r levar m respeitadas ou, ava numa troca, passivamente tomava sempre rect! a ee, Li hua vantagem..O ganho rea- m outro dominio, d por actos de bravura (ci. ada pe ‘a pritiea ais nio € que uma em algebra x, ¥ © % anto de ferro \do de Adam Smith, esta oferta e da procura, roia ou em fta Jucro; ora, se havia ro 118 Loca. a fixado as mni-lo por ito que opoe Agi ‘Com efeito, uu tema a ‘a violagio da regra Pp vo ame que ‘hada € suli- fa ser porigosa. ara © indivi sosterio! ‘a transaccao a \éreio_ como. Atena aparecen a Telémaco sob o aspecto de Mentor, o chefe ‘Tafio, diz transportar [erro para Temesa, para o trocar por visita cobre (#}. Isso ndo oferecia quaisquer dificuldades, ¢ a su termina com um didlogo acerca dos presentes’preciosos que selam os lagos de hospitalidade, Um estrangeiro, ao desembarear do seu navio, nem sempre era to bem acolhido ou estava ao abrigo de suspeitas. Poderia tratar-se de Ulisses diante de ismaros ou de Aguiles: «Doze cidades devastei com meus navios e, por ferra, conto onze toma~ das ainda por mim na fértil Troia.’E a cadauma arrebatei um amplo e precioso tesouro» ("), Nao é de admirar que alguns Gre @ tenham eyentualmente oposto a Homero enquanto edu- da Hélade, Glotificaco da pirataria, condenago do roubo (apropriagdo de bens em segredo), mas encorajamento da rapina (captura de bens e pessoas a forga)— na verdade, parecia ser um mundo de valores morais muito ambiguos. «Furtar bens», protesta Plato & ignobil; apoderar-se dgles pela forga, impu- dente; nenhum ‘de entre os filhos de Zeus amou a fraude ou a violéacia nem praticow nenhuma delas. Que ninguém, portanto, se deixe persuadir nestas questées pelos poetas © outros fazcdores de fabulas» (%), ‘Tedavia, 0 cédigo moral obed faltava cocréncia, tomando a sua plena significagio a partir de certas prowissas.” As diferengas que ele estubelecia repousavam numa estrutura social especitica, com nogées bem precisas a res peito da maneira conveniente dé um homem se conduzir perante outro no que respeita a propriedade. A sua chegada junto dos Feaces, mas antes de ter revelado a sua lade © contado as suas deambulagdes, Ulisses 6 recebido pelo rei Alcinoo. Terminaco © banquete, os jovens nobres defrontam-se num concurso de atletismo. Algum tempo depois, o filho do rei, Laédamas, apro- xima-se de Ulises para convidé-lo a participar nele. «ti a tua ver agora, estrangeiro € pai, se acaso a tua destreza pende para algum destes jogos: deves conhecé-los bem! Porque n&io ha nesta vida maior gloria que a que conferem as pernas c 08 bragos.» ma norma e nio Ihe (@) Nem Tafos nem ‘Temesa vieram a ser identificados como nomes de lugar, e as diversas tentativas, voladas ao Fracasso, para as fazer coin~ cidir com uma ou outra regido mineira, mais nfo fazem gue ilustrar uma vez mais a inutilidade de wma ¢historicizagaoy dos poemas de Homero, ") Iltada, IX, 328-331 ©) Ar Lets, Sai B 66 Ulises pede que o dispensem; © pesado fardo da sua sina. Um outro jovem aristocrata interpée-se entio. «Ah! nao! Nio vejo em ti, “estrangeiro, um conhecedar de jogos, como os ha om grande nimero entre nés, mas antes aquele que viaja mum navio, com muitos remadores, 'é 0 senhor de marinheiros que fazem comércio, vigia a carga’e se encarrega cas mercadorias © dos cobigados Jucros.» (4) © insulto era intoleravel em quaisquer circunstancias, mas Para o auditério de Homero devia significar, quando dirigido a Ulisses, uma farpa ainda mais acerada. Havia, no cardcter herdico de Ulises, uma certa ambiguidade, precisamente por causa da sua mais famosa qualidade, a sua’ asticia. A sia ascendéncia comportava mesn © avé materno, © belo Auté- lico, «dist na arte de furlar ¢ fazer perjurios, inha dotado» (®), Mais tarde, as hesitagdes de muitos Gregos transformaram-se em desprezo © condena fos. .dEle tem sempre na boca, sei-o, a menti eto 5. 0 que salvava nha-na_prossecucio, + fraudles-e-acctes oder magicocapaz de o €Cireé, mas ToiAtena_quem se ¢.0 inspiron nos seus foites-herdicas. Ai » Tesponde primeiramente com palavras isses, entre todos os homens, nfo podia provar mples palavras. Termineda a sua réplica, le- ©, apanha um peso maior que o que qualquer ado e, sem mesmo tirar a roupa, langa-o rea dele’. omens, no_pequeno niimero dos que_ sos_alléticos e que—viviam_como qué nos , vanta-se de um dos jovens ti além da mi ia_uma_tinica_palavra que seja de faeto-um sinénimo de_«mercador». No fim de contas. o aprovisionamento tudo 0. acificos, cneonira dos Fenicios. Hstes ram realmente_um povo de comerciantes ‘Tavégando de um extremo ac outro do mundo conhecido, trans, portando escravos, metal, jéias e belos tecidos, Se agiam por amor ©) Odisseta, VINE, 145-164, CY Ibid, XIX, 395-397, 0) Filectes, 407-408, 67 constrangidos ao trabalho e os que 0 niio eram. Entre os primeiros, e homens Avidos» ("°) —, isso do iuero --«famosos pelos navios, ss 5 z ao inion 8 pelos, navi jipantes passives dt operacio os homens que possuiam um talento invulgar, os aedos, os que elevate Pare ye metal OW gu aseapeltava 20_ctkos ‘i trabalhavam os metais ¢ tinham outras actividades do mesmo tipo, O necesita como individual, A aquisicao dostas_rique/as, Constituiam a elite. O critério era sobretudo o seguiate: «A condi endo ora. = u sae a-erpresa do: @o do homem livre, é que cle nao vive sob a coaccio de ou- polo_ megs i inéstica, dirigida pelo chete dafamilia, Touma escala mais vasta, associando varia: ¢ cavum umus com as ouiras. No seio dg olkos, a. situactt favam umes Tferente. Qcnmércio no ihtevior da.casa_ era definicko impossivel: 0 oikos formaya ‘Ou entio podia ter Tagar ' trem» (), Por consequéncia havia um claro corte entre, de-wma s familias que coope- parte, aqueles que embora trabalhando permaneciam mais ou me- 4 hos senhores de si, pastores e camponeses independentes, , de : oulra parte, os fhetas ¢ os eseravos que trabalhavam ao servigo de outrem ¢ cujos meios de subsisténcia nao podiam contr escravos, pelo menos, crain quase sempre vitimas da ma sorte. Neste sentido, o ses era ainda mais desafortunado: era voluntaria~ afastada_toda_a_pos i Ba peo Ree evan, absolutamenlé. mente que submetia o controlo do seu proprio trabalho a um con- ir. Os thetas, por suave. estavary aoe a trato e, portanto, a sua propria liberdade. 2.1 tein ; "Tendo humanizado os deuses ara incluir o trabalho entre as ocupages celestes. Mag isso implicava uma verte dificuld Zeus, o galanteador infatigavel, Apolo, o arqucir: era masico, Ares, o dens da guerra actividades i 2 ‘Mas como podia 0 artestio, que construl equ ‘l Nas suas casas, a penur a, por vezes total, em caso de mas colheitas ov de calamidades rankos, outras vezes yrtrcial, por cavsa de um desequi ducgio agricola. As suas di \dades nao _constituem \ tema da poe: ae informamy est que al ast melgctuavalt essen areado ou de uma (05 palicios das aristocra~ s, fabricaVa as suas armas, a sua baixela e as suas j fetta, total cm pé de igualdacle com eles, sem macular a bierarg ns Ue “pr ‘eglatulo em que asseniava 4 sociedade? 86 um deus podia 10s principlos » costume e sem lucro. nenhuma segundo os mess tando as tubelas fixadas pel uma maneira ou de ou dades. ‘A dificuldade foi habilmente até. O attesdo divino cra Helesto, filho de Hera. A sua habilidade bra verdadeiramente fabulosa, ¢ nunca o poeta se cansou de in peu Wn OULTO LECUISO, p iuizo moral que & sociedade fala a proprio acto Has A pessoa e as circunsidncias esafia cen res ta de emprego do prete | sist na guy fora, nas sas ‘obras-primas, cle qu Burimaco, om respieia tyra iayrar--exactamente como, sob @ Foren de lac,‘ rao aspctepostiva desta ambit dente. dcha identidade, se vlanava da sua suporioridade no,arce O oviro aspecto era o seguinte: det deuses, apenas H. Haas Swe ans nao ok oe on fonstro. enorme e_coxoy COM «uM pescoo possante. & Girpaito cabeludoy). Helesto tinkia nasciio-coxo e-revelava en cL. Ma realidade, embora soubesse 7 ck truir uma jangada, é evidente que s6 raramente Gd Asia pessoa os estigmas do seu oprdbrio. Os outros deuses Os rebamNsieum trabaiho no seu dominio, a no ser como dos: feriam sido, por consequéncia, menos que humanos se Hefesto 0 negra grande linha de demarcagio entre os que eram i a () Aristételes, Ret samenté ao trabalh (ey Miada, XViT, 410-415, ica, 1, 9, 1367 a 32, A citagio refere-se preci- () Oulisseia, XV, 415-416. i ‘ 69 nao tivesse sido para eles uma fonte inesgotavel de humor. Certa vez, quando Zeus ¢ Hera tiveram uma terrivel discussio, 0 deus coxo tentou desempenhar 0 papel de mediador, enchendo os copos de néctar para toda a assembleia. «E subitamente um riso inextin- guivel rebentou entre os bem-aventurados deuses, a vista de He- f i do mundo Na realidade, a imagem especular no Olimpo era subtil. Pela arte e destreza técnicas, Atena era frequentemente ligada a Hefesto, como na passagem’em que é feita uma cempa- raedo com um ourives, «um artista habil, instruido por Hefesto e Palas Aiena em todas as espécies de oficio (rechné)» (""), Mas, na pessoa de Atena, justamente preferida de seu pai entre todas as ivindades, nada’havia de disforme nem que de algum modo pu- desse prestar-se ao riso. Era desnecessario desculpar a destreza de Alena com as maos, porque no que res batho, as nor- s nao eram exactamente as mesmas para as mulheres. Blas i participavam no modo de vida herdico: os actos de bravura, comipetig&es despo tagao dos diversos tipas de acti- vidad Penélope encontrava na sta tay fastar os pretendentes. ‘Ti que Ihe facto do seu est que tinha tecido de dia, se repetir durante ser desecherto, até que uma das servas den| 10 no era absolutamente indispensivel. A: , €oMO Os scus maridos, possufam cap: de trabalhos, ¢ aplicavam-na freque a verdadeira funcio fomse a seu dominio, a coztmitr 1 barrel, a limpeza e a tecelagem das roupas. Para elas, a linha de demarcegao tinha antes a ver com 0 grau’em que executavam as tarefas domésticas e passava entre as que as circunstancias constrangiam a cozinhar e a costurar sem descansc © as que fisealizavam o trabalho, apenas trabs como passatempo, "C5 Wid, 1, 599-600. 09) Odisveia, VE, 232-234, 70 4. DOMINIO, FAMILIA B COMUNDADE feguc objectives hem determinados. O qu apenas a cena em que o herdi se movimenta. Talo 0 Miada ficard impressionado com carécter da luta. De soldados enfrentam-se, mas 0 po , Heitor ou Eneias raro € 0 attista que possui hastantes para reeriar massas de coi 0, do. por la se opie a que no Aquiles © Heitor, ou ainda, entre Ajax e Heitor, ‘ter. e em iguallade de circunstancias e muma troca de_presenies, A inverosimilhanga aparece na imagem de conjunto da. bataiha, A confusio € ai indescritivel. Ninguém comanda ou dé ordens. Entra-se e sai-se da batalha a seu bel-prazor: cada qual escalhe 6 seu adyersério; agrupam-se ¢ reagrupam-se por razdes puramente pessoais. E esta desorganizacéo, diferentemente .dos movimentos eadticos de um romance de guerra como The Red Badge of Cou. rage, nio encontra a sua origem na faléncia do plano de batalha previsto; antes ira undo desintcress or_tud: s herdis enquanto individuos e realisia, volta Togo qué pOsSIva Personagens centrais. Para Stephen Crane, a desordem constituia, como tal, um elemento muito importante da narrativa; para Ho. mero, trata-se apenas de uma condigao inevitivel da poesia herdica. Fora do campo de batatha aparecem centenas de pequenos Pormenores absolutamente irrelevantes quer para a narrativa quer Para « uccio dos herdis. O enforcamento das doze jovens osera- n ” ato de ferro de Mentes, a perseguicao de Buri- seites, a visita de Telémaco ao armazém — todos estes spares so demasiado fragmentérios para terem inte, spieerqnquanto cenas independentes; por qutzo lado, nada Yazett S progressio da narrativa. Todavia, 0 poeta introduclos brevirs 2 Progresmomento, em algumas frases ov linhas, mas com & Tao" # lode org atengio, Tanio a arte da nazrativa como o seu poder habilidaet cimento sdo em grande parte devidos a estes incidentes, Segganam ou explicitam a conduta das personagens, dic) Cor te Segoes ¢ recordam constantemente 20 auditéne veracidade da seredo. Para nos estes episddios apresentam hoje, um inverent suplementar: facilitama janizaca - vas, a carrey cleia por fem primeiro lugar, 0 seu estaluto Lacioe Ate un homém e a apreciagao dos seus talentos, o qque devia ou nfo fazer para adquicir bens © dispor deles, no inte- ior ou fora do so dependia do estatuto. Era um Trot do cegido por normas ¢ valores multiples. por direitos 6 init igBes diversos. No que respeita ao trabalho ¢ a riqueza, pelo me: wigoes Gigacao de um individuo a determinado grupo soeisl, 1s fe 08 seus talentos, as} tivas_pessoais, consti- sempre o elemento decisivo. Os era indi no sett 32 i Vidoiss chnveni@noias @das normas. Havia também vide ioe “Utisses era de uma asticia excepcioual, Aquiles de uma cai iidade exeessiva, mas todos eles suseitavam alguma perple- xidade © caso de wn ilustra bem o alcance do estatuto. Chamam-lhe amide o «anais.t i @ isso sem fepaia aiguma, ainda que erm nada seja o mais herdico, nem Mts _p, suas virludes nem nos seus feilos cdo A frente oT [das forgas invasoras go seu_mésito- 2 fer,-enquamto chete Ga Tornecet_o maior conligente. com eet ahitS valew-lhe 0 comando, ¢ portanto o direits har © saque e de fixar os prémias de honra. ainda por Fe areata coudigao que. Aquiles, feride no seu amor-proprio, Srehas passivamente pode exprimir o seu furor, com um Profan peep arnuo, ainda qué o seu valor faca dele o chefe reconhecido. rs | Consideremos, pois, Telémaco; cerlamente era ainda um ado- Iescente, Contudo, nas palavras de Atenas h4 uma ponta evidente Ue intilagio. «Nao devias continuar com esses modos pessoais, pois SE ni tens idade para isso» (*). A maturidade io era wnicamente dina questio de Wade; com feito, esperava-se que um jovem de Vile nos, se de boas familias e condigao elevada, crescesse munis depressa e melhor ¢ devia fazer face mais cedo aos acontecimentos {que requeriam um comportamente de adulto. ScvAtena espicagaTelémaco, ¢ porque a situacio criada pelos pretendentes se tinha tornado critica. A deusa cita Orestes como Gxemplo: «Nao ouviste ja a fama que de entre todos os humanos fxemP'Sjustre Orestes no dia em que matou esse astuto Egisto, seseasino de seu pads (). Os pretendentes de Penélope nao tinham Comelido assassinio, nam ameacavam cometé-lo (em seguida ten- tardo, sem sucesso, armar uma emboscada a Telémaco para agsas- (iitto). Todavia, fora dos principios herGicos de honra ¢ gloria, renee era um modelo adequado para o ilho de Ulisses, Ambos Se encontravam confrontados com aniilogos deveres de origem [a- ‘hin devendo vingar a morte do seu pai, o outro, devenddo _proservar 0 oikos pateruo ‘Orestes ¢ Egisto, Telémaco e os cento e oito pretendentes exam lodos nobres. Entretanto, no seio desta classe social existia Gra atro tipo de relagdes ¢ de Tidelidade de grupo: os vinculos fa- wijores, EMnecessirio nfo esquecer que Agamémnon justificaya O seu direito de comandar os exércitos gregos pelo facto de o sey 1a parte ofendida. Por ocasido de actos ae nao a classe social ou a_comunidade qregada de Tazor_respettar ie istoricamente, exist Bo dia nogao de crime, concebido como um delito pillice, ¢ 2 aM dade do grupo de parentesco, Conhecem-se numerosas socieda. iyas ean que € impossivel encontrar a miniraa-autoridade @) Odleseia, 1, 296-297, &) Quando 'se'tyata, de ‘Orestes na Odi mente que ele teria igualmente, mort 2 Mago, ovtema. central da tragadia de Orestes po drama B20" § 1 O siencio de Homero, esta diferenca, amente contemporanees des tragédias Yevela uma vex mais que hé mais a ‘np estudo do mundo de Ulisse, infor Shomeriea das velhos. mitos, Quanto teciais livre fssim, como 08 pormenores ra Principalmeate &4 eenas no pal perder do que a ga magoes tiradas da fos. postas © dram BR noso. Ou a vinganga é exercida pela ou ém ria descrever € a que proj febintamento hi finda_avangado | mula da -mpo de Orestes ¢ de Telémaco, nem leve inicio nos (quer dizer € 05 seus o homem ocidental moderno, com as suas tradi¢oes sobre uma questo piiblica que lares, teria certamente escolhido, reter_o caso Depois acrescenta: mais 6bvio, 0 homicidio cortinuou a ser, em grande medide, pr infel “ eco 5 fesejado Estas duas despracas e1 lispuiha de nenhum mei , nao estabeleciam dis x recusa dos pretendentes em tend s dizia respeito a pensava que era pio! negio, 86 por si, € si ia entre os elemento con: rentes a pegar em armas porque, diz 0 pai turo se falard da nossa vergonha se os 6 ides» (*), Se as diversas casas e grupos & coexisténcia fisica a sentido de um ir um exeraplo lomero emprega Unt Térmo especial, enarér, para designar a mulher do irmio do marido, palayra essa’ que em’ breve lario usual. A razio disso & simpl descrever nem 0 ide grega. Os Grego: mente para ag regioes da Mediterraneo 0: lores que, pelo qu dizer. também conhecem a arte da agi has pa estabeleceram em que a d récia cerca de 1200-1100 a.C. ou por quake Fenémeno novo para os distingao entre questées belecidas po de guerra wero de sessGes, Na au- fe anos, {taca nunca se reu- rem aparentemente o poder 10 querido, como sucede a Aquiles convo- jcia os Aqueus, no campo de batalha, se bem que 0 comando pertencesse a Agamémnnon ¢ nao a ele, Em ftacaya ques- sses levantou-se do leilo & ps a8 Suas roUupas... rrautos de voz clara que convocassem para uma 2s- ‘queus de longos cabelos. Eles convocaram, e estes logo acorreram.» (*) O assunto da ordem do dia era 0 ponto que Fesponsavel da convocagao queria que fosse discutido, Aguele que ‘desejava tomar a palavra levan durante todo 9 tempo «i ‘que falaise segurava 0 cepiro ‘a varinha magica que. ‘Qilevid 0 costume que o primeiro lugar. Em seguida era 0 idade que determinava a ordem dos mais oradores, a assembleia era dissol “A assembleia_ nem yotava nem tomava decis6: era dupla: onfrontar os argumenlos pré © contra. © exprimir a Fei ou 20 comandante do campo a opiniio predominante. A a magio representava o tinico meio de av: 500 formas pouco disciplinadas, como qua impopular era vaiada. O rei era livre de tomar ou na 8 sentimentos expressos ¢ dé act Este aspecto forneceu, de facto, & “Um sacerdoté veio ao campo dos Aqueus para res cide, Defendeu brevemente sua cau 0 tomasse a palavea ém 130 do debate mais do que a jores. Quando nao havia de Agamémnon, 0 bora» (*), Emi grande célera 0 deus Apolo e durante nove dias faz chover flechas sobre 0 exér as piras dos mortos arderam ininterruptamenten. Fini tomada de piedade, ordena a Aquiles que convoque uma assem- 2. Numa violenia discuss4o com Aquiles, Agamémaon subme- Iha do sacerdote, mas toma a de- na sua tenda por Briseida, a : preferida de Aqui Aquiles toma s ‘Agamémnon quatro; mas palayra no decorrer da assemb! longo de todo o debate dirige: i, 1-3. | 22°25; 376-979. 7 sempre directamente um ao outro como dois homens que altercam en privado, na intimidade das suas casas, Uma unica vez Aga- é lerrompe 0 que esté a dizer a Aquiles, e volta-se para a assisténcia para anunciar a decisio de restituir Criseide e Lxar 0 procedimento susceptivel de apaziguar o deus. A parte este mo- mento, os adversdrios ditigem-se apenas um ao outro. Quando Nestor intervém no fim, para os exortar a reconciliarem-se, tam- bém se dirige apenas aos dois heréis. Finalmente, «tendo ambos posto fim as suas palavras iradas, dispersaram a assem! os navios aqueuso ("), Nesté circunstancia, con outros casos que figuram na Hiada, 0 exército néo manifestou nem preferéncia nem sentimento de qualquer Uma reunido deste, género, uma ico to informal como este tipo de assembleia ndo poderia ser julgada em termos parlamentares. Um rei ou um comandante-ein-chefe néo eram obrigados a coavocar uma reunifo. Contudo, a arislocracia, e até © povo nuim certo sentido, tinham direifo a fader-se ouvir, Sei’ 0 QUE % 0 rei teria podidor Lazer imix COAVECACAS WekEAS. Os" wobres mais importantes assistiam o rei como um conselho de anciios mas, uma vez mais, nada obrigava 6 rei a seguir a sua opinifio. Certa vez, por exemplo, 0 rei Alcinioo retine os chefes e nobres Feaces, Informa-os da sua decisio de escoltar Ulisses a Ttaca ¢ conduz 0 herdi a um banguete sem mesmo esperar a reacgo e 0 comen. tério deles. Entretanto, a-Miada € a Odisseia comgorta: bisias © discusses, que de moda aenbum eram Do ponto de vista’ puramente dos direitos for der de tomar uma decisao 56 © sem consultar quem quer que ffosse, Muitas vezes agia assim, Mas havia a them 4 Uradigio, os habits populares, os usos— quer dizer, seja q for o nome que Ihe demos, o enorme poder do 4é assim'que se faz (ou nio se faz)». O mundo dé Ulisses possuia um sentido muito Idesenvolvido das convenigncias e de decoro, Uma tnica vez, nos dois poemas, um homem do povo, Tersites, ousa tomar a palavra no decurso de uma assembleia, © & imediatamente chamado a ordem por Ulisses. A conduta ‘de Tersites era inconveniente: 0 povo devia escutar, depois aclamar ou discordar, mas nio devia tomar a palavra, Essa era a prerrogativa dos nobres; o seu papel era aconselhar, ¢ o do rei ter ou nao em conta os seus conselhos. No @écorrér de uma reunigo dos ancidos; Nestor diz a° Agamém- non: «Cabe-te a ti ainda mais do que aos outros falar e esculans (") muitas assem- 8 © rei, se ndo tinha em conta o sentimento da maioria, estava no seu direito, mas corria um risco. Todo o dirigente deve tomar em consideragio a eventualidade de os que eslio sujeilos, pela | ou pela tradi¢ao, a obedecer-lhe poderem um belo dia recusar-se 4 isso, seja pela resistencia passiva, seja abertamente pela revolta Assim, em Homero, a assembleia era para os reis um meio de tes. lar a opinido piblica, da mesma maneira que 0 conselho de an- ciflos exprimia 0 sentimento dos nobras, A auséneia de regras formais, a Flexibilidade e a maleabilidade caracterszavam em larga medida as instituigdes politicas da época. Havia regras de responsabilidade e de poder que eram geralmente reconhecidas mas, muitas ves, entravam em contradigfo, pelo que surgiam diffeuldades. Se.0 rei podia ignorar a opinido dé uma} gf assembleia, por clara e undnime que fosse, € preciso nao esquecer; que 6 mundo grego podia muito bem passar sem reis durante dez| anos ¢ que isso se verificou em flaca durante vinte 4 Hsta vacaiura era possivel porque a comunidade, a unidade territorial submetida & autoridade do rei, podia sobrepor-se ao sis- ma de pareritesco doméstico e enfraquecer, pelo menos em parte @ sob cestos aspectos, a sua procmineacia. foso verifivevnse. em caso de guerra, especialmente defensiva, pois era uma actividade- da comunidade, enquanto as pi as actividades de subsisténcia, os justiga, 0 cémércio com os deuses € até as 6 estrangeiro prosseguiam em larga medida, dro do oikos, do parentesco e da classe, estr: uns nos outros. : O conceito de parentesco estendia-se « todos os dominios, Até lig6es relativamente novas € extra-familiares da comuni- izavam na medida do possivel & imagem da casa e da Dolo mais perfeito disso consiste cerlamente na com- paragio dg rei com 0 pai (no Olimpo, Zeus tem 0 titulo de upai dos deusesr, o que é efectivamente, no caso de alguns deles mas no de todos).' De facto, em muito das suas fungSss —na assembl por exemplo, ou quando da oferenda de sacrificios aos deuses — rei desemperthava o papel de patriarea. O verbo grego anassein, que significa «ser um senhon, egovernary, € empregado tanto para o rei (basileus) como para’ o chefe de wm vikas, B aplica-se igualmente aos deuses; Zeus, por exemplo, ugoverna (anassein) 065 deuses e os homens» (4), Governar, enfim, é ter 0 poder, seja sobre as coisas e os ho- mens (quer este poder esteja nas mAos de outros homens ou de (©) CL, por exemplo, Nada, UL, 669. 9 y deuses), seja conjuntamente sobre os homens e os deuses (no caso de Zeus). Mas as formulas aédicas dio por vezes uma in- jcapdo bem reveladora. Em cinco casos, 0 termo anassein & qua lificado polo advérbio iphi, epela forcay, de maneira que o governo do rei (contrariamente ao do senhor da casa) aparece como bs seado na forca. H necessdrio nao ver ai, em caso algum, uma im patagao de tirania, de um poder que se impée pela violencia no mau sentido. Quando Heitor ora para “que o fillho «possa pela fora em Tlion» ("), nfo pede aos deuses que déem & c 25 qualidades de um déspota, mas simplesmente que Ihe suceda no tromo, E quando Agamémaon dé a uma das filhas o nome de Mia nnagsa, chama-the «prineesay, exactamente como 0 nome ITigénia, nascida com poder, exprime uma origem real “iphié conduz-nos insensivelmente a atengio para os limites da compar fe de familia e 0 rei, O critério funda ‘mental reside na sucessao. ‘Os reis, tal como Heitor, tinham_pes- soalmente interesse em alargar 6 paralélisnto Tamiliar até 26 ponto | eos Tien thes suwdorem automaticamente no, ron conto thes Sucediain no oikos. «0 remorveu! Viva o relly Esta. proclamagao Taarca’ 6 Triualo Tinal do principio dinfstico na monarquia. Mas unca no mundo de Ulisses um arauto o pronunciou. A realeza io linha chegado tao longe, € os outros membros da aristocracia conseguiam muitas vezes impor uma proclamacao diferente: «O rai morreu! A luta pelo trono esta abertal» Tal é a formula pode resumir todo o episédio de Itaca na Odisseia, «Reinar forgan significava, noutros termos, que um rei fraco nao era rei, ow o Tei tinha a forga para governar ou no governaya. ‘Numa das numerosas réplicas sarcisticas de Telémaco aos elendentes, o jovem exprime-se de maneira assaz curiosa: «No im de contas, fia nossa {taca cercada pelo mar existem muitos is (basileis) entre os Aqueus, jovens ¢ velhos, um dos ser eleito se na jsses. morreut ("), cio difere das palavras de Nestor, ao chamar a Aga- mémnon «o mais realn, porque neste iltimo caso a comparagto Teporta-se aos herdis reunides em Trdia, dos quais muitos tem efectivamente 0 estatuto de rei, Telémaco, pelo contrario, visa os nobres de ftaca, dos quais nenhum ¢ rei. Se esta, pasvagem fosse tinica, poder-se-ia negligencif-la e ver ai apenas uma pr tativa desajeitada de Telémaco (cujo processo de amadurecimento comecado nesse mesmo dia) para igualar a asticia de seu [Ps ‘Mas a oscilacao entre basileus, com o sentido de rei, e basileus, Hiada, VL, 478, 05 Odissdia, 7, 394-396 80 com o sentido de chefé —quer dizer & cabega duma casa aj critica com os seus intmeros servidores—, encontra-se no! passagens dos poemas homéricos e noutros escritores do periodo + areaico, Nao se trata de uma pobreza de linguagem. Por detras~ desta terminologia pode se todo 0 peso que a aristocracia exercia para reduzir a realeza ao minimo. A aristocracia era ante- rior a realeza Togica, historied € socialmente. Ao mesmo tempo que reconheciam a monarquia, os nobres desejavam que a prioridade fundamental do seu estatuto fosse perpetuada, propondo-se man- ter o rei ao nivel de um primeiro entre igyais. (© conflito fundamental aparece em toda a sua complexidade no, primeiro liyro da Odisseéa, A referénoia que Telémaco faz & existéncia em ftaca de numerosos reis, situa-se na réplica do jovem a uma provocagao do pretendente Antinco «Que Crono (Zeus fhunea te faca rei na Ttaca cercada pelo mar, que é teu patriménio pelo nascimento.» Telémaco reconhece tristemente que este deseo € esta predi¢io so provavelmente fundamentades, e contenta-se com pedir que a sua casa, enquanto distinta do reino, Ihe seja res- tituida, «Telémacon, responde um outro pretendente, o muito pér- fido Burimaco, adeixemos nos joelhios dos deuses a escolha daquele que serd rei dos Aqueus nesta ftaca cetcada pelo mar. Mas quanto acs teus bens, conserva-os ¢ sé senhor (anassein) na tua cast» ('), Que Penélope escolhesse 0 sucessor de Ulisses como rei ¢ esposo © 2 paz voltaria a-ftaca; o feliz. pretendente tomaria o trono © Telé maco poderia womendo ¢ bebendo, fruir em paz de todo (o seu) patriménio, enguanto ela cuidaria da casa de um outron ('"). De outro mods, ojfestim continuaria din apés dia, ao longo desta es- tranha guerra de usura, alé“que um dia Telémaco se encontrasse sem nenhum dominio para herdar. © elemento de forga em nada era dissimulado. As duas partes deixavam piedosamente a decisiio, aos deuses; mas @ sabedoria. en- sinava-Ihes quo,os imortais tomami a sta decisio tendo em conta a forga dag armas que os mortais manejam. Na va assembleia que Telémaco convoca no dia seguinte, Ledcrito, aberla © abrupla- mente, langa esta adverténcia :«Se Ulisses de ftaca tm pessoa vol- tasse ¢ se, a0 encontrar A mesa no seu palécio estes bravos preten- dentes, fosse tomado do desejo de limpar a casa, isso poderia néo trazer ‘alegria a sua mulher, que tanto suspira por vé-lo regressar: ‘o que encontraria seria um destino Fatal, se tivesse de bater-se com tao grande niimero» (". 1, 386-402, "bid, XX, 336-337. (7) tbid, HH, 246.251 81 Leéerito era um pobre profeta. Mas 0 facto é que quando Ulisses regressou nao se verilicou uma recuperagio automatica das suas prerrogativas reais. Bra-lhe necessdrio lutar ainda com todos os recursos das suas forgas lisicas € da sua astticia para reto- mar 0 sew trono. Leécrito tinha negligenciado uma coisa, o inte- resse de Atena por Ulisses. «Decerto eu teria perecido no meu palicio pelo mesmo destino fatal que o Atrida Agamémnon se tu nifo tivesses vindo dizer-me tudo, 6 deusa» (**), Objectar-se-é que nds atribuimos umia significacio que € apenas a efabulecdo da narrativa poética, Se Ulisses nao ivesse regressado, ndovteriamos tido a Odisseia; se tivesse encon- trado a morte de que a deusa o preservou, teriamos tido um conto completamente diferente. & veriiade; ma no devemos esquecer que Ulisses & para nés "wm nome convencional para o Rei X. espojados dos pormenores do mito e.da narrativa, os diversos episédios do regresso correspondem precisamente a0 que t acontecide nur mundo como o de Ulises, com 0 seu fragil equ librio de poderes, facilmente perturbado, Nesior @ Menelau repu- seram todas as coisas no lugar, como eslavam antes da expedicao bélica, cada um & sua maneira; Agamémnon foi morto por Egisto, que témou o seu lugar como espoxo, chefe da casa ¢ rei; Ulisses seguiu evitar esta sorte, ainda que tivesse de enfrentar cento e inimigos prontos a fazer de Egisto. No plano da histérin e da ogi icatn simplesmente que, de entre os reis, belecido wma autoridade e um poder pessoais tais que nada podin ameacé-los; outros eram desafiados mas sem sucesso €, outros ainda, aprendiam que ser «o primeiro entre iguais» nfo era uma situacio em que se pudesse esperar le- var uma longa vida de alegria, de tranguilidade cde prazeres. Nem sequer era necessdria uma guerra de Troia para atear a chamas, embora uma auséncia assim forcada pudesse, evidentemente, fa: cilitar a mobilizagao das forcas hostis. Estas incertezes da realeza podem ser feitas ao remontar um pouco atras na carreira de Ulisses. Que se passava com Laertes? ‘Tratava-se certamente de um homem idoso, mas. nfo senil, Por- que nio ocupava ele o [rono de flaca? Nestor era pelo menos tio velho—a Iliada dé-lbe cerca de setenta anos—,e nic somente era rei antes e depois da guerra, como acompanhou os exércitos @ Troia; & aqui, embora o seu papel fosse sobretudo de ordem moral © psicolégica, era chefe do conselho de ancifios junio de Agamém- nop. E também havia 6 velho Prfamo. Na grande crise, & Heilor quem verdadeiramente assume a direcgio mas Priamo continuava ©) Woid,, XU, 383-385. 82 incontestavelmente a reinar. Apés a reconciliagéo de Aquiles © Agamémon ¢ o regresso do primeiro ao combate, Eneias avanca lo para um combate singular. Porqué, interroga Aqui- les: «Berd que 0 teu coraco te impele a combateres-me na espe. ranga de vires a reinar sobre todos os Troianos domadores de ca- valos, tal como Pefamo? Mas ainda que tu me mates, nao sera por isso que Priamo pord a sua condicao nas tuas méos, pois tem fithos © néo & um espirito fraco» (*), Entretanto, nada nos autoriza a supor que Ulisses tivesse usurpado 0 lugar do pai; pelo contrario, grande parte da ltima rapsddia & consagrada a uma cena de respeitosa temura entre o pai e 0 filho. Todavia, o ex-rei encontrava-se tio longe do poder que durante todo 9 tempo em que os pretendentes ameagavai arruinar a fortuna do filho ¢ do neto, Laertes nao tem outro curso seno relirar-se parn a sua herdade, para ai se entregar & afligéo © magoa. Os nobres viviam na cidade ¢ niio nos seus do- minios, Todayia, Laertes «no yoltcu a cidade, mas vive no campo, irado e desgostoso, ¢ ai uma velha serve-lhe a comida e a be- quando 0s membros esto fatigados de se arrastar pelas coli- nas a cuidar das suas vinhas» () E ocioso imaginar as circunsténeias que levaram Ulisses a0 trono em vez de Laertes. Basta dizer que bem antes de se entregar exclusivamente ao cuidado das suas vinhas Laertes se tinha mos- trado incapaz de governar iphi, pela forea. Assim, de uma maneira ou de outra, 0 poder passou a seu filho, Num certo sentido, o que 95 reis modernos chamaram © principio da legitimidade assim preservado, esse mesmo principio que Aquiles formula a Eneias ¢ de que se faz defensor, junto des Mirmidses, por seu pai Peleu ¢ por si proprio. H esta a principal preocupagio de Aquiles no Hades, quando Ulises responde &s suas perguntas: «i ele 0 seu lugar legit ce the prendeu bragos e pernas’) Socorro ja no estou It em cima, sob os Porque, raios do soln, protegendo o nosso poder com a minha forga» (2), i 189-193, & necessirio observar que uma descrigto aparece mais adiante na Odivteia, em particular faimente se comsidern tor ano compoato.bastant sa bela propricdade de Laertes... All estava a sa cisa, aia Sependuaca, ore cxtumivan, comer, Scatarse.¢ os fies eseravos que para'ele_se entregavam ao trabalho da ferras (24,'205-210). & tambem nesta rapasdia que feta referencia capitis 90 facto de Lacrtes ter antes sto tat C") Odisseia, XI, 494-503, 83 pretendentes, e todas ia, podiam ignorar completa- ‘A primeira vista, parece no ant mente 0 direito da familia av trono. Fhaver razdo valida para que tivessem prosseguide duran nos esse jogo. Se a [orga tivesse sido © tinico factor, Leéi ita razdo ao dizer que, pelo seu. mimero, cles superavarn toda a ‘oposigao possivel; de facio, nao havia qualquer oposigaio visivel Fe todavia, nao somente se abstém de qssassinar Laertes e Telé- maco e de se apoderar do poder (ainda que no dltimo momento maguinem a morte do jovem), nd somente reconhecem em. pie blicy e por diversas ocasides os direitos de Telémaco ao seu oilcas, como ainda depdem a decisto entre as mos de uma miher, o que tificilmente se conceberia, Nada em Penélope, nem a beleza, nem 6 espirito, nem a sabedoria justificavam, a tivio de triunfo pessoal, ste direlio de decisdo sem precedentes, que ela nem sequer tinha reivindicado, Além disso, n0 pl onal, tratava-se de uma Sociedade fortemente patriarcal, em que Telémaco podia até orde- har agua mae que deixasse a sala de banquete e se reth fos seus aposentos, para ai se entregar s suas laretas fem! (© poeta nao explica porque foi dado a Penélope ext de facto, no quadro que ele trac: Jaro nem inteiramente coerente. co dispunha de uma certn autoridade, e Atena a via para sair do impasse em que se en- contrava: «Quanto & tua mile, se 0 seu coragao a impelir ao casa- mento, fala voltar para casa de seu pai, a quem nao falta poder. ‘Ali se [ara0 os preparativos para a boda e reunion, presentes sem conta, tudo 0 que uma filha bem-amada deve ter» (*). No dia se- guints, no decorrer da assembleia, Antinoo e Eurimaco dio-Ihe ambos o TASTE COMSEMO, 0 tllimo. precisamente nos termos que ‘Atena tinha empregue. Mas o «sdbion Telémaco zeplica: «Que perda nio sera, ter de reembolsar Icdrio (o pai de Penélope), se por minha vontade, a envi minha maely (*) Esta grande eperdan era o dote, que em lais circunstancias seria neces- isses revelaria brusca~ do festim durante 0 qual No inic mente a sua identidade e massacraria os pretendenies, Telémaco faz.a um deles um reparo que sublinha de novo sua autoridade, mas nvm sentido diferente. «io sou eu quem faz demorar as ipeias de minha mae, antes a exorto a que despose quem The ¥ 275278, Ya 13233, 84 agradle @ oferego-Ihe, além disso, infiaitos presentes. Mas expul- sila do paldcio contra sua vontade, por meio de palavras violentas, iss0 tenho vergonha.» (*) Mas se Teiémaco tem o direito de orien: a mAe nesta quesido do casamento, soja mandando-a de volta para case do pai, seja impondo-Ihe (ou proibindo-lhe) escoiher en- {re 0s pretendentes, como explicar, de facto ou de direito, a st chegada de Atena a Esparta, durante a visita de Tel nelau, aconselhando-o a que’ regresse imediatamente? que séu pai e seu irmao (de Penélope)», deciara n deusa, «a instam 1 que desposs Eurimaco, que em dacivas supera todos os preten- dentes ¢ nio cessa de aumentar-lhe ainda o dote» (). Talvez a situagio de Penélope se tenha tornado tio na longa pré-historia da Odisseia, que 0, seu verdadeiro estatuto social ¢ legal j4 no possa ser restabelecido, Alguns ram ai um confuso vestigio de um sistema matriarcal que, em evalecesse entre os Gregos.nos séculos precedentes. Wdicagdes analogas na Feécia; de facto, 0 poela ex- rime-se le maneira muito estrantia acerca da rainba Arete, so- brinha e esposa d eclevada perspica 3 homens (*), Quando entrares no palicio, acon: Ulises, passa ao lado do trono de meu pai, vai infe e dirige-te a ela. «Se a minha mie, em seu coragio, te quiser bem, enlio podes ter esperanga de reencontrar os teus, de chegar a twa casa e nela habitar de novo, no teu pais natal» (™#), Feliz. mente, tanta! Arete como Aleingo revelavam uma disposigao ami- gavel para com Ulisses eo herdi teve um acolhimento para além do que podia esperar. Quando terminou o relato de muitas das stias aventuras, a rainha, que participava plenamente no festim, contrariamente a todos os costumes da sociedade grega do tempo, pede aos nobres que tragam presentes de valor. «Ble € meu hés- pede, mas cida um de v6s participa na honra.»(®) Nem mesmo Cliteranestra teria falado assim, ela que estava prestes a associar-3e 20 conluio para assassinar 0 sou senhor, Agamémnnon. ‘Um aobre ¢ idoso Feace observou de tmediato a Arete que, por muito sibia que fosse a sua proposta, wAicinoo estava ali; que ele proceda e falen (*). Nausica, também ela, antes de aconselhar bid., XX, 341-344. bid, XV, 16-18. id’, VIN, 73-74, id.) VI, ‘33315; repetido por Atena, VEL, 75-77 es 85 Ulisses a procurar Arete, apresentou-se como «a filha do grande Alcinoo, daquele que tem nas mios a forga ¢ o poder dos Fea- ces» (#)'-B através de toda # longa secgo do poema consagrada aos Feaces, Alcinoo exerce por diversas vezes a sua evidente in- contestada autoridade real. Fstas passagens comportam outras di- ficuldades e aparentes contradigdes, sendo proviivel que dues ver- ses divergentes da narrativa sobre os,Feaces se tenham fundido numa tnica composic¢ao imperfeita, Mas a hipétese segunco a qual a recordagio recalcada de um antigo matriarcado se exprimiria em is dos versos parece fragil. Nem Arete nem Penélope preen- ia genealogia, as proprias Arete era filha do irmio mais de Alefnoo, no apresentavam qualquer espéci Seja quai for a explicacdo que se possa dat der de decisio subitamente adquirido por Penélope, 0 cial é que «todos os pobres que dominam nas ilhas, em Du Samos ¢ na arborizada Zacinto, bem como os que imper pedregosa ftacan ()— numa palavra, praticamente toda a aristo- Gracia de flaca @ arredores—concordavam em que a casa de Ulisses fosse destronada. De acordo com a regra, 0 seu sucessor tinha também de tomar a sua mulher ou, como o criam, a vitlva. mo neste ponto, @ pode supor-se que o seu racio~ a 0 seguinte: ao receber no Jeito de Ulis sua escolha, Penélope devia projectar sobre o que uma sombra de legitimidade, por duyidosa e fi No seu primeiro discurso A assembleia, Telémaco que 0s pretendentes «evitam dirigir-se junto de sew pai Ieario, para dea sua casamento € a entregue a quem ele’ esco- » (). Iedrio, evidentemente, teria escothido 0 que mais ofere. cesse, 0 que desse os presentes de casamento mais preciosos. Toda- via, 6 pouco entusiasmo dos pretendentes em seguir este procedi- mento comumente aceite ndo tinha propriamente a ver com a avareza. Se a escolha do segundo marido de Penélope fosse Feita { por Ieario, o feliz escolhido adquiriria uma esposa e nao o reino. Segundo a regra de ftaca, esta prerrogativa nao podia pertencer a icirio, um esirangeiro. Misteriosamente, pertencia a Penélope. Wbid., VI, 196-197 Entré os"Iroqueses matriarcais, por exemplo, 0 sucessor de umm ida ps tami ") Oaieseia, 1, 245-247, repetida XVI, 122-124; com variantes, XIX, (5) tua, 11, 52-54, E Penélope foi a perda dos pretendentes. A cons logrou-os ao permitir ao herdi regressado, sempre ado de mendigo, apoderar-se do grande arco que aimguém além dele podia esticar, ¢, com ele, gracas av apoio de Telémaco e de dois escravos, Fil assacrar of inlrusos. Uma vez mais, os pore: nores da narrativa sublinham um elemento essencial da la de Ulisses: para recuperar o seu trono o rei ni podia contar sendo com a mulher, o filho og escravos figis; ou seja, o poder real eras um poder pessoal. Nada réneo que uit comy, paragao com o rei em luta contra os bardes, final da Tdade Média, quando o dé triunfo do pr real dependia do apoio do pove. Em ul ‘os cidadios de Tlaca, de Es- parta ou de Argos pegavam em armas ¢ entdo, face ao estrangeiro migo, a com le tornava-se uma ‘realidade efect cn- ‘como seu chefe e representante, recebia apoio e obe- Em tempo de paz, tinha dircifo a renumeragies diversas, {que em circunstancias normais eram volualaramente dadas. Po: rém, quando os senhores se guerreavam entre si, geralmente a ques. tio sh a eles dizin respeito ‘A despeito do siléncio geral dos poemas acerca dos feitos da gente comum da Grécia, dispée-se de um testemunho directo, Quase no fim da assembleia convocada por Telémaco, Mentor | menta-se: «Agora, na verdade, estou aborrecide com 0 resto do povo (demos), pois todos vés estais sentados em siléncio e néo cen- * surais nem fazeis por refrear esses poucos pretendentes, quando sois em maior nimero» (). No fim da narraliva, apés 0 massacre dos pretendentes, e quiindo Ulisses e © pai comemoram o seu reen- contro na herdade do ancifo, uma outra reunido tem lugar na dgora. Os parentes das vilimas reuniram-se para exigir, na sua c6- Jera, a vinganga do sangue. Nao se trata de uma assembleia formal. Os homens reuniram-se porque «a Fama, célere mensageira, tinha percorrido a cidade», levanco noticias da chacina C"). A Fama € fageira de Zeus, porém nunca em flaca tinha sido in- vestida das fungoes de arauto. O poeta diztclaramente que era u mens da jassagem Homero jamais u embora alguns tradutores tenham erradamente inserido wo povo» no texto. ‘0 apelo & vinganga do sangue era normal. O proprio Ulisses linha previsto esta reaccéo quando advertin Telémaco, aps 0 mas de Atena, 05 tbl 05 te 87 tes: «Mas reflictamos, para que tudo suceda emia que o demos, até entio impassivel perante 0 ) ra é frequente, quando nesta terta algném mata 4 apelo de . se decidisse dai em di ‘io tem muitos a vingé-lo, fugir ¢ abando- Cabe observar que 6 seu discurso nao faz alusio a quai { tscuos. a Nio era a reivindicagai Era, pois, uma ‘mas a préxima mat le de Tel > poema, acon- part impor o seu poder pela forca e, por definia encia, 0 petigo de vé-lo persuadir o demos a deixar a sua neutralidade para entrar directamente em acgao, Talvez Alcinoo tha procurad reuniiio, evdirige uma sO ver a0 povo. Fala aos pre- endentes, repetindo em pablico 0 pedido que sé bes tinha expri mido em particular, que renunciassem & sua forma inconveniente Somente no fim, Mentor se volta para o demos, para zangado conyosco, pois nao vos vi intervir. Sem ublica contra ds pre ima questao privada num, mente a quiestdo, sein maior si Mi jemas representa: @l3sses poucos (os pre- mesma pergunta ser-lhe. ocaside por nenbuma das em maior ntimerov. Mas replica disfargado de mer em 9 Maior ntimero so neutros e desin- § duas razdes é a vei poder bastante portanto, os noses que o fez De fa ca pensava real- mente de toda esta questio. A narrativa termina sem que ele in- ‘a favor de um ou doutro lado, apesar de todas as discus- § ¢ temores, de todos os esforgos para influenciar a (0 piiblica. Como as mulheres de Canterbury de que fala T. S. (demos dle Ttaca, pela sua neutralidade, parecia dizer: reunir. O préprio UI de bater-se com tio grande aiimeron ©) A neutralidade stado de espirito; ¢ todo aquele que en- tre ém cena tar pelo poder deve ter os olhos e os ouvidos postos no piblico, pois a sua atitude pode mudar bruscamente, & pode suceder que entre em massa na arena “Ap6s 0 Tracasso do projecio de cilada a Telémaco, Antinoo ta que seria perigoso pr la mais a questo, jo 208 campos, propde, & st no-lo porq) a favoravel a nés, 0 povo. Va- nos! nio esperemos que ele retina na dgo: contar 0 atentado que maquindmos contra el Os_preteni 0, no aprovara as nossas vis acgées. E. pode até a Antinoo de que uma solugio seria « al ¢ expulse da nossa terra, terido nés'de partir para se poderia dizer se os seus temores eram “i ou reinem os bardes; f g ‘ules or barons rule; |. ‘own deviges, |) And we are content if we are lef XVI, 375-382, 88 jum outro fim se preparava. Enquan'o duraya esta discussio, id 2m, scondia-se em Tiaca e, dentro em pouco, pretendentes Ulisses estar a morte as suas mdos. Poderemos imosiner & ieiam fioassndo se acaso uma flecha tivesse abatito Ulisses nesse se teria PoSNao se deve concluir, necessariamente, qi” demos momenado a reptesilias. Nada, nas regras de cont aceites, hem os mandamentos divinos nem. tal aceao, De um ponto de vista pill crime e 0 regicidio apenas era Morto Ulisses, Telemaco t fazer de Hamiet ot fazer de Or fade familiar, a comunidade nada tina & dito Nestor a Tel » «ouviate fa fe de como regressou & Egisto fim, Mas o dia do triste castigo encontrado perante um dilema: es, Tudo depend Egisto, assassino de seu rae itfortini de Telemaco & que tinha de enfrentas core oe’ em ver de um s6, @ era o descendente de to ralger or Gnieos pelo que silo podia apelar para nenhum inmao de sangue. ‘A vinganga de sangue é sem fie que, no mundo de Ulises, de aves Mju gua casa, éa sua familia. Nesse sentido, pet ae roto, poder real finka um alcance profundo, Os pretendentes them podiam afirmar que nao jam nenhuma intencio hos- to do oikos de Ul riagio era, a todos 0S fos atipica, e, 20 fim @ a0 cabo, Antinoo Telé- os alps seu dominio entre os pretendentes. A total ‘det eto do rel eo oikos do rel era de regra, da ce ei reatra, que os seus servidores pessoais eramm tampéM T= cus seo: ouro, 0 bronze, 0 cereal, o vinho seas atgos anos que, Telémaco tinha visto fechados na despea s tecidos Tinos vt e seriain seas por heranga, tivessem oles Lenciam por Ulises, como rei ou enguanto simeles nots, Tue Telémaco dissesse com uma, pont de memento em que a vitéria dos pre- envidagurada; «ido é na verdade wna mA Col jertes Ro gue é a casa ricamente fomecida ¢ o homem muito an, () Odissefa, 1, 193-198. idl, Ty 392393. 90 Riqueza ¢ poder reais assentavam yado, sem a qual homem algum © seu reinado, o rei dispunha tamb hamado femenos, posto & sua disposici Charade a excepeao A regra segundo @ qual todas as, possess¢ eS Bra aigoes do re’ se (undiam no seu olkos privado, Na ist dos acéditos reais» inserevia-se em seg jue — termo extensivo, compreendendo o gado, o metal, © qualquer a Tiqueza de que pudesse apro) que cons- ii imples Tazo de que ndo se fazia a guerra 9. Disfargado de mendigo cre Vangleria-se junto de Eumeu da sua rave vonira gebles de outras terras comandel eb, 08 Tép) 3s navios tos meus homens, cabendo-me grande al de despojes, de que escolhi primeiramente, 05 que me me sairam depois & sorte» ("). As ‘chefe no somente tomava | pparte com 05 se igualitaria, por tia gem A sorte, dos despojos, serntar, gue escolhia prioritariamente., Nuima expedies Tate, b comencante-em-chele reservava-se a pert wate gutros reis fizessem parte do seu grupo. «Ne be ba. impe- que outros Teas bragos que agueniam o principal; mas winds 2 partilha, sempre arte & para ti, B quando vollo para os meus barcos, evo comigo bem modesta recom ‘a Agamémnon, ie um pouco as interpretar mal to para com Agamemnon, seu conferido pela’ posi- pensa, mas qu e embara’ ca bem mod aquisigoes do «saqueador de a amplitude do seu resse inferior na coragem mas ido se trata de teria, Ho go, havia os.presetiies que constantemente se dava fe de que'se fola incessantetnente, Nao se encontra, nos. poet palavra algui io. a coacgio — como «taxssh od mesmo Dalavee 2efoudais para designar as prestagbes do povo a5 set) seep Pata do contexto do privilégio que The & concedilo na, pat: ‘Gistribuigao da carne dos animais sacri- te cidades muito bem s ricos em gado grosso, © © mesmo termo se aplicaya ao dominio de (ous um deus. Com a decadéncia da. seal es erme temenos $6 conservou este ‘ll Sty,” 230-233. lado dos Troianos o! destacament , expde as coisas mult ‘xGlauco,’por que razio nos concedem tantas fares de prestigio, a melhor carne © tagas cheias, ¢ xf que razio possuimos, nas maz menos), um belo dominio mo a um deus» ivos a es de presentes pel mencionada. Que, ao lado dos aiores € cons na. Licia, todos nog olham como deuses? or vezes estas didivas, como os (ributos forgados de Car- jparecem um pouco menos que voluntirias, «Vamost», diz 4} Aleinoo dos Feaces aos nobres que Sestejam a partida de ‘cada um de nds uma tripods ¢ uma caldeira, ‘0 seu valor, poi Todavia, “Nao € sem gloria que os ‘eles que comem og carneiros mais gordos © ‘e como mel. E também tém, parece, © vigor s$ bravos, pois que se batem na primeira linha dos Licios"». ( ¢_ pouse justia) restagies. Prim 0s nent 9 su ATO i 5 mO- inde afec- mente na, de ordem fenhum mortal sobre subiu até ao céu vasto aos deuses ¢ reinando sobre um Valente, vive segundo a justica, e cujo bom governo faz a terra esoura produzir o trigo € a cevada, as drvores vergarem-se sob 0 rr frutos, as ovelhas parirem sem interrupcao, 0 mar apa- iar pelxe © 08 povos prosperarem (*). Este vincuto: governo justo do rei e a fecundidade da natur 6 anacrénicg, como o € também a ses>. Estes {emas niio_pertencem rapartida da dadiva? A resposta séculos VIII ¢ VIL a. C., quandoa _pela_justica je chamamos os neg6- ado assegurava a pro- nos poemas de , A v Ses com of reis estrangeiros, pela hos conta mostra que toma a liberdade de introduzir no seu relato ae re eee nracdis dletmatals’e [eto ‘um traco contemporaneo; mas filo com toda, a cautels, tor do povo», segundo posito de uma compara wocente, evitando por eatde: Gage ard’ toda a contradicao na. proj wa. O reeresso de Ulisses a matestcvecd iach ae Rae GuctanG trono de ftaca era justo e oportuno, mas releyata de uma acgdo 1 you ser gastors (*). Sarpédon, comandando 20 eresses pessoais, ¢ no da vitéria da rectidio no relagiio dos ‘des de uma ordem jente dife- a dédive a_um governante, 1§ praticos, é, no seu cardcter je uma taxa fixa, com ses, mem por homens com el rente, Da t icia de um mundo ordenad em lugar srrogarmo-nos porque nao deixa Aleinoo que 0 povo oferega directamente a Ulisses © presente, As tripades @ as caldeiras eram bens preciosos, ¢ s6 a aristocracia os posstuia i em quantidade. Nem seria apropriade que o povo desse presentes 5. A longs deserigio que nao 4 ei Se 264-298" A passage 31. 8 aivelto que. Agaméenon tem de JG exemplo Unico, © inexplicave, nos posmas Frinkel, Die Homerischen Gleichnisse XIE, 310921, XIX, 107-(14. i 93 para desejar boa viagem a0 herdi. Numa sociedade baseada na Aicrarquia do estatuto, em que a didiva de preseatey se revesti de um cardcter cerimonial, néio_era_qualquer um que” poder oferecer presentes a quem quer qué fasie Eis oletta proseoe mete segundo regras estritas, e havia categorias ¢ classes definidas de odjectos, Noutros termos, niio se podia separar a dédiva das des entre doador e recebedor. As relagoes do povo com o senhor eram uma coisa, as relagce: estrangeiro eram outra, € no se pod i Seja qual for fect ue 0s psicblogos reconhe- nalmente lugar, no casa~ acto através que nos n as relagbes de est as obrigagées polilicas. O mundo de humerosas. ci lades mais ou mei tes a ftaca, Entre cada uma ¢ todas as outras, a relagio normal era de hosti- lidade, por veces pussiva, uma espécie de trégua armada, e por vezes activa © belicosa. Quando os pretendentes massacrados (pe- netram no Hades, esta chegada mas de ttaca faz sensa ‘da a uma de Foi porventura Poseidons, pergunta a sombra de quem afundou os yossos aay: ito e aqui ob os golpes de inimigos, porque Ihes roubiveis os s bois ou belos rebanhos de ovelhas, ou entiio em algum comb: quando eles. de na sua cidade e as suas mulheres Neste ambi oy herdis podiam pro: tre outras coisas, servia para esta- novas linhas de parentesco, 0, de obrigagses mituas, que se eatrecruzavam através do mundo grego. Arranjar um casamento era negécio exclusivo dos homens; ¢ s6 um homem quem Zeus tivesse arrebatado a razo nig teria tido em conta, ao fazer a sua escolha, consideragies a, de poder e de apoio. A prossecucdo, durante varias geraeées, deste comércio bem caleulndo das filhas e da troca equilibrada’ dag m i id, XXIV, 109-113. Numa cen ymbra de Agamémnon em termo: | | fa, por veres confusa, alé de obrigacdes recipro- das razGes por que os herdis aprendiam cuida- de cor a sua genealogia ¢ fayam Trequeatemente. io Diémedes e Glauce «se enc fos, ambos ansiosos por se «Quem és tu, nobre nos. combates A tesposta de Glauco cinco versos, consagrada relalo dos feitos herdicos e da descendéncia de te. As suas tltimas palavras so: «Eis o meu . Diémedes, do possante ... Dessa maneira, e desde ha muito. Por meu héspede por parte de e 0 divino Oinew recebeu rofonte, que ai passou vin Assim, tu ‘as nossas bastantes ue todos saibam aqui que idade, por parte de nossos p: Poupemos pois m Troianos para as nossas armas a G Toi entio qi armadura de s na Gpera-cémica. Hi ao € um soda am bem mais que a expressio seni ‘a. No mundo de Ulisses, tratava-se de t com, em meados do enviou mensageiros a Es- ance». Os Espar- concluiram um: stow (*4), jada, VI, 119-231 ierédato, 1, 69, 95 ho pefcorrido pelo ses, Creso trocava juramentos dle an fos; mas Homero nao conhe alianca dessa lipo entre Argives ¢ Licios ow entce ¢ viviculos indivigtas aco. Bom entendido, ahdspeclen € 2 e certamente desajetada, do sentidos. A mosma_palavra ho», como cestrangeiroy ou rica caracteristica com ps wstranhos nesse mundo arcaico. A primusira ft acerca dos Feaces — fo sittin toda a 4 que eles vivian isolamento_quase total; o pai de Aleinog, Naubitos, teria plantado a gonuaidade de Hipereia para Schéria (dois luga- cos) precisamente com esse abjectivo. Nao ha razéo para Nausicaa, para tranquilizar as avas servas, que . na praia: «Nao existe nem nasceu ainda 0 que hé-de trazer o desastre ao pais dos Feaces, porque of imortais muito nos amam. Vivemos afastados, rodeadas por este F tormeitoso, os mais retirados dos homens, © neniunt mortal ten eelagSes conaoscom (*). Nausicaa carregava un povtco 0 qua- dro, Apés ter escoltado Ulisses até A cidade langado sobre ole una quvem dle brama para assegurar a sua chegedn em segurai a0 jalcio, Atena di-lhe este conseto: sNao oles para nineuea tes nada, Os es " um Aspe : glo a0 estrangtiro, Ao que é nevessério actescentar que ele estava degprovido de qualquer direilo, de parentes que o salvassem, ov Vingassem, em caso de necessidide, se fosse maltratado. Mas havia nbém 0 ai todo o homem se een, num dos seus mente cit Ancia tal que a. opul iorna proverbial, mais tarde, entre os Grogos. widamnsatal “Us iundo Odisseio, VT, 201 Wbid., VEL, 31-92 96 © posta, care os Ciclop. cuidado de ap Polifemo responde, com abarto cinismo: Dev ei em mo lugar, de entre os teus companheitos; wtal serd o mew pre- lade» (*). Polifemo apenas reconhecia o primeira id6, © hao havia a menor hesi lade sem reservas para com todos os estran: Homero pos 0 dedo no essencial, «Nao temos de hos preocupar nem com og deuses afortunados nem com Zeus soberano na medida em que somos de longe meolhoresn, dechea © Ciclope (), Ludibriado. pela astic temente aos deuses, 0 gigante cedo ii Por detris doc stamente, wma clara visio da evolusio social. Nos tempos primitives, parece o. poeta 4 sugerir, © homem vivia num estado de luta permanente, de guerr de morte contra o estrangeiro, Depois ot deuses inlerviersn através dos seus preceitos, a sua themis, foi apresentado ae “| mem, © particularmente ao rei, um novo ideal, o dever de hog| Pilalidade: ¢Estranhos ow mendigos, todos sto enviades por (*). Dal em diante, o homem’ teria de seguir um dif ho entre dois pélos, entre a realidade de uma sociedade 1a ameaga, |, que de certo modo 0 cobria com a dgidle gue o estrangeiro continuava a ger um problema ¢ u! @ um novo ideal mor de Zous. imentos de hostilidade, mas 4 sua contribuigio nesse plano no podia ser duradoura. Bem pelo contririo, o comércio tena ‘para reforgar a desconfianga em relacao ao estran geiro, pelo préprio facto de ser imprescindivel. O retrato esteren: pedo ¢ inteiramente negativo que Homero traga dos Fentcios ¢, a este respeito, perfeitamente claro. Uma vez mais, Homer penetra no reino da Utopia. Os Feaces era marinheios perteitos homens que, contrariamente aos Gregos, aiio tinham medo do m to alguma para receé-lo. «Os navios [eaces nio posstem ‘os nem timio, que os outros navios tém; sabem adivinhar por si préprios os desejas ¢ os pensamentos dos homens» (). E. (8) tbia., 1X, 370, 9 ibid, IX. 275296, ) tbia.? XIV, 575k 9 Tia’, Wire, 357-559, 7 | somente nfo se encontra a minima alusio a: um io fence, como, € na Feécia que Ulisses irado_a_um_ mertador. © vinculo de hospitalidade era de uma owira natureza e rele- vava de uma concepcio intciramente diferente. Q individu que ha vm xenos wusna terra est © toda a comunidade da sua era solo estrangeiro ~ possuia um substituto efectivo dos parentes, um protector, um representantg e um aliado. Dis- punha de um refdgio se Ihe fosse necessirio fugir de casa, um armazém onde se abastecer quando era obrigado a reserva de homeas © de armas em caso de combate. Todas estas relugdes eram pessoais, mas, entre os senhores poderosos, 0 pes- soal fun » eas relagées de hospital a versio ou as precursoras, cas. Nao que todo o héspede res npossivel de alcangar, Neste gum rel; o sew valor estava_em = Durante S tempo da tua imexpll- es nao deixariam de concordar com o pai, 0 velho Laertes, quando diz a um deles: «Em vio deste esses’ presentes em tio grande niimeron ("), ‘A chegada dos pretendentes ao Hades, a sombra de Aga- mémnon dirige-se mais especialmente a Anfimedonte: «Recor- das-te de quando cheguei a yossa casa (em Itaca) com o divino Menelaw, para exortar Ulijses a que nos seguisse até Tr6ia, nos seus bem apetrechados navios? Pol-nos necessdrio um més de Viagem pelo vaste mar e a custo convencemos 0 assolador de cidadesn (*), Para recrular um exército entre estrangeiros, para ‘0 que nao passava, & partida, de uma querela familiar relativa a0 rapto de uma esposa, Agamémnon fez naturalmente o mais largo uso dos seus héspedes. Mas se se dirigiit a Anfimedonte para dele receber hospitalidade, aparentemente nfo the ped Para iso dirigise no tel, Ulises, com o qual’ malmente relagées. Seria vio pretender adi casa. Ou porque € que ar porque ficou Anfimedonte em almente persuadido a recrutar bid, ay, 23, ei 4 ibid, SSC, 115-119. Fot provavelmente com o pai de, Anfime- dontey Melanéu, que’ Aganémnon ‘ali_sediighs, argue Antimedonte Seria entao ainda, ama enanga. No-que segue, continuo, por eomodidade, a inencionar Anfimedonte 98 lum exéreito, no quis ou nto pode integrar aa expedicfo uma maior parte da nobreza de flaca. O facto € que a mancira como Toi reunido © exército aqueu nunca deixou de ser obscura, 2 possivel que em Itaca o processo tenha sido © mesmo que entre 03 Mirmidées de Aquiles. Aqui, foi tirado A sorte um. filho de cada Jamilia (*). Mais provavelmente, os processos variavam do comunidade para comunidade, em fungao dos desejas, dos inte- resses ¢ sobretudo do poder dos respectivos reise nobres. Nenhuma comunidade grega tinha sido atacada ou mesmo ameagada; a par Heipagio na/guerra de ‘Tréia nio dizit drectamente rexpeito a0 lemos. De novo se nos depara a fluidex da’ cena politica. Agamémnoa, © mais poderoso de entre o§ numerosos chefes helenos, teve por anfitriio em Itaca nao o rei Ulisses mas um dos aris s que i mo poder, Aiifimedonte. havid nisso de bizarro ta siluagio repetia.se em todo o mundo grego, sma maneira que o casamento, su S classe, era perfeitamente possivel entre um rei ou um. filbo a filha de wm nobre que nao fosse rei, A [érmula co entre igvaisy implicava uma igualdade de estatuto no respeita aos dois tipos de relagdes pacfficas que podiam este- belecer-se entre duas comunidades, o casamento e as relacbes de, italidage, A nogdo de sangue real nfo podia impor-se num que, no seio de cada comunidade, aha muilos outros Existia entretanto uma terceira categoria de relagio em que se exprimia a desigualdade—a relagio do_vassalo, Enquanto 0 casamento ¢ os vinculos de hospitalidade transbordavam das fron teiras da .comunidade — os tltimos sempre,. 0 primeiro por ve- zes—-, a vassalagem era uma instituicio est estabelecia uma hierarquia inde! mesma comunidade e desempenhava um decisivo papel na estru- {ura interna do poder. Pode dizer-se isto de outro modo: os vassa- los constituiam o terceiro elemento essenc 4 eb sendo os autros dois constituidos pelos membros da. fa forga de trabalho (escravos on assalariados), «Vassalon & 2) termo yago: eis porque convém ao termo grego therapon. Numa extremidade da escala, define os homens livres niif certamtente nao. nobres, que prestam assisténcia aos banguetes no palicio, assim realizando os uservigos que os criados fazem aos serthoresn (°). i ~C Hiada, XT, 397-400, (9) Oalascia, XV. 324 xtremidade, encontra-se um her6i coma Mériones, the- idomeneu de Creta. Mériones recebe nos poemas ‘etos mais glorioscs, como «igual do célere Ares», de guerreiros» in dos raros chefes de segunda designado no catélogo das naves; e numerosos versos Theda glorificam a sua coragem no combate. Todavia, deve ‘ese que Meriones, enquanto therapon, seguiu. Idomeneu 1 por obrigagao, ¢ ndo porque tivesse sido «isso persuadido» ‘Obrigagses desta natureza e desta forca eram, como as que, Impunha, pessouis. Isso nfo significa que fossem arbi arias, fracas ou ingerlas, mas que em grande medida se situa- mn a’ margem dos vinculos da comunidade; ou melhor, que se ‘cima, Foi Menclau 0 atingido com a fuga de Helena, ‘arta, Foi seu irmio Agamémnon quem assegurou a tlirecgdo da guerza de represilia, e nfo Micenas. Foi a Anfime- donte e a Ulisses que Agamémnon pediu o seu auxilio © nao flaca, Mas foram todos os homens de Troia que tiveram de com- hater, nfo por Tidelidade a Paris —nem mesmo ao velho Priamo, obrigado a apoiar o fillio —, mas porque os invasores gregos amen- gavam destruélos todos. ‘A constante interaccio entre a casa, 0 parentesco @ a comu- nidade, no interior como no exterior, criava para 03 individuos tuma complexa diversidade de situagoes e de problemas. Havi Contudo, como que um modelo fundamental, uma tendéncia que, nao sendo perfeilamente discernivel nos proprios poemas, pode ger reconhecida gracas a0 mais Gtil de todos os instrumentas de que 0 historiador dispse, a andlise celrospectiva. Os antropélog, Gasinaram-nos 0 que é, ‘nas suas formas mais puras, uma. soc dade baseada no pareotesco. A maior parte do mundo primitive caracteriza-se- pela (G20 dos comporiamentos inter-indivi- duais em fungao do p: 2 elaborago de modelos fixos de condula, proprios de cata lipo reconhecido de relagées de parentescor (*). Nao é a: mundo de Ulisses. O vinculo Tamiliar, ainda que forte, era af estritamente definido, e outras Ges’ igualmente solidas e amide mais estreitas se institulam Tora do grupo de consangui Em termos evolucionistas, na medida em que possam ser legitimam izados, diriamos que > mando dos poemas homéricos tinha avancado para além do estado primitivo. O-parentesco mais nio constituia que um dos Varios prine(pios de organizagao, e ném Sequer era 0 mais pode- (3) dfada, XII, 295, 304 (5 ACR: Radaliffe-prown, Society (Cohen and West, Londres, ture and Function in Primitive yp. 29. 100 roso. A prioridade perfencia 20 ofkos, a grande casa. nobre, com. postr cota de escraves e de gente comus, a-sua comitiva de aA: eee as Fos seus aliados, constituidos por parentes ¢ lipspedes. : eigeior da casa, como no interior de uma Tinkagem, os mento enire os homens (ou entre homem e mUther) eram classificados’ e estabelecidos. O mesmo se passava Tire as cashs, hévenido: intimeras regras estabelecidas pelo cos- fame que fixavam o conveniente ¢ o inconveniente, havendo ra- goes para pensar que na colina quotidiana, estas regras se ima Zhamt por si mesmas, Porém, fallava em grande medida um poder Roercivo situndo mais acima, pois o principio da comunidade ora Sinda rudimentar. Por conseguinte, rivalizando cada, oikos Prine ipesco com os oulros por maior riqueza, poder,.prestlgio-€

Você também pode gostar