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No Brasil, em regra, as penas abstratamente previstas na lei penal são privativas de liberdade
e/ou multa, não havendo cominação de penas restritivas de direitos, quase sempre substitutivas da
reclusão, detenção ou prisão simples.
ATENÇÃO!
As qualificadoras não fazem parte das etapas de fixação da pena, pois integram o preceito
secundário do tipo penal, sendo consideradas como ponto de partida para a dosimetria da pena.
Fixada a pena definitiva, o Juiz deve determinar o regime inicial de cumprimento, bem
como a possibilidade, ou não, de substituição da pena por medida alternativa1.
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à per
sonalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
Nesta primeira etapa, o juiz está atrelado aos limites mínimo e máximo abstratamente
previstos. Devendo fundamentar a necessidade de aumento diante da presença de circunstâncias
judiciais desfavoráveis.
ATENÇÃO!
A pena-base fixada acima do mínimo sem fundamentação dá enseja à anulação da
sentença nesse ponto.
Não havendo circunstâncias relevantes ou presentes apenas favoráveis, a pena base deverá
ser fixada no mínimo legal. Na hipótese de concurso entre circunstância favoráveis e desfavoráveis,
desde que não prejudique o réu, aplica-se por analogia o art. 67.
Art. 67. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado
pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência
Antecedentes do agente: representa a vida pregressa do agente, não sendo considerados os fatos
posteriores.
Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para
agravar a pena-base2.
▪ Aceita a proposta, o juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que é registrada apenas
para impedir a concessão do mesmo benefício no prazo de cinco anos (Lei 9.9099/95, art. 76,
§4º). Além disso, a transação penal não constará de certidão de antecedentes criminais (§6º).
▪ O registro da transação penal não pode fundamentar o aumento da pena-base por maus
antecedentes, nem tampouco ser considerada na segunda fase de aplicação da pena como
agravante (STJ).
Súmula 636, STJ: A comprovação dos maus antecedentes dispensa a emissão de certidões
cartorárias, bastando a folha de antecedentes criminais.
Conduta social do agente: trata-se do comportamento do réu no seu ambiente familiar, de trabalho
e na convivência com os outros.
ATENÇÃO!
Condenações passadas não podem ser utilizadas para aumentar a pena com fundamento na
conduta social (STJ).
Motivo do crime: essa circunstância só deve ser analisada quando os motivos não integrem a
própria tipificação da conduta ou não caracterizem circunstância qualificadora ou agravante, sob
pena de bis in idem.
Nesta fase também não foi fixado o quantum de aumento ou diminuição, ficado ao arbítrio
do juiz, que deverá sempre fundamentar a sua decisão. Mas, atenção, ele continua atrelado aos
limites mínimo e máximo abstratamente previstos.
Havendo concurso entre circunstâncias agravantes e atenuante aplica-se o art. 67, devendo a
pena intermediária aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes.
ATENÇÃO!
Foi estabelecida pela jurisprudência, a seguinte ordem de preponderância:
a) atenuantes da menoridade e da senilidade;
b) agravante da reincidência;
c) atenuantes e agravantes subjetivas; e
d) atenuantes e agravantes objetivas.
a) para evitar a dupla valoração em prejuízo do réu (bis in indem), o legislador veda a incidência de
agravante quando a circunstância já constitua elementar do crime ou sua qualificadora;
b) Por força da interpretação jurisprudencial, a pena intermediária não pode extrapolar a sanção
máxima cominada ao tipo penal. Assim, se a pena-base for fixada no máxima, a agravante não
incidirá;
c) Constatado o concurso entre agravantes e atenuantes, não incidem aquelas quando estas forem
preponderantes.
As agravantes incidem apenas sobre os crimes dolosos, com exceção da agravante da
reincidência, também aplicável nos culposos.
É possível reconhecer circunstância agravante ou atenuante não articulada na denúncia (art. 385
e 387, CPP), não ofendendo o princípio da adstrição.
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
Art. 7°, LCP. Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de
passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer
crime, ou, no Brasil por motivo de contravenção.
ATENÇÃO!
▪ Não é necessário a homologação, pelo STJ, da sentença condenatória proferido no estrangeiro
pela prática de crime para que sejam gerados os efeitos da reincidência (art. 9º).
▪ Fato típico no estrangeiro, mas atípico no Brasil, não gera reincidência.
▪ A espécie da pena imposta é irrelevante para a reincidência.
▪ Sistema da temporariedade da reincidência (art. 64, I): não prevalece a condenação anterior, se
entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de
tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento
condicional, se não houver revogação.
A natureza do delito praticado poderá impedir a reincidência em caso de crime futuro, pois,
não se consideram para efeitos de reincidência os crimes militares próprios 4 e os crimes políticos5
(art. 64, II).
3 A contravenção cometida no estrangeiro nunca gera reincidência, porque não existe extraterritorialidade da lei penal
brasileira quando se trata de contravenção.
4 São considerados crimes militares próprios os tipificados apenas no CPM.
5 Art. 2º, Lei 7.17/83.
ATENÇÃO!
Os crimes militares próprios não gerarão reincidência se o crime posterior for comum ou
militar impróprio. Se for outro crime militar próprio, será considerado reincidente (art. 71,
CPM).
Espécies de Reincidência
a) Real: ocorre quando o agente comete novo crime após efetivamente cumprido a totalidade da
pena pelo crime anterior, e antes do prazo de cinco anos.
b) Ficta: o agente comete novo crime após ter sido condenado definitivamente, mas antes de ter
cumprido a totalidade da pena do crime anterior.
c) Genérica: os crimes praticados pelo agente são de espécies distintas.
d) Especifica: os crimes praticados pelo condenado são da mesma espécie.
A prova da reincidência deve ser feita através de certidão cartorária. Mas o STJ, vem
admitindo a folha de antecedentes criminais.
Súmula 241, STJ: a reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante
e, simultaneamente, como circunstância judicial.
Tendo o agente diversas condenações pretéritas, um delas pode ser utilizada na primeira fase
de aplicação da pena, como maus antecedentes, e a outra na segunda, a título de reincidência.
A vingança poderá constituir ou não motivo torpe, de acordo com a causa que a originou.
O outro crime de que fala o dispositivo pode ser de autoria do próprio agente ou pessoa
diversa.
ATENÇÃO!
Se o crime foi praticado para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de
uma contravenção penal, é descabida a presente agravante, podendo configurar, conforme o
caso, a do motivo torpe ou fútil.
Crime cometido com traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que dificultou ou tornou
impossível a defesa do ofendido (art. 61, II, “c”)
O código exemplifica alguns modos insidiosos de praticar o crime, como a traição (ataque
desleal), emboscada (ataque surpresa) e dissimulação (fingimento), cabendo, a interpretação
analógica.
Crime praticado com emprego de veneno 6, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que possa resultar perigo comum (art. 61, II, “d”)
Crime praticado contra descendente, ascendente, irmão ou cônjuge (art. 61, II, “e”)
Essa agravante não se aplica ao parentesco por afinidade ou à união estável (interpretação
in malam partem). Sendo exigida prova documental do parentesco ou vínculo matrimonial para a
sua configuração (art. 155, §ú, CPP).
Crime praticado com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão (art. 61, II, “g”)
Crime praticado contra criança, maior de 60 anos, enfermo ou mulher grávida (art. 61, II, “h”)
b) maior de 60 anos: para incidir a agravante, a condição deve ter relação com o crime praticado
(aproveitando-se da fragilidade do ofendido).
Crime praticado quando o ofendido estava sob imediata proteção da autoridade (art. 61, II, “i”)
a) promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes (coautor
intelectual);
c) instiga ou determina a comete o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não punível em virtude
de condição ou qualidade pessoal (autor mediato);
d) executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa (concorrente
mercenário).
ATENUANTES
Em regra, as atenuantes sempre atenuaram a pena. Contudo, excepcionalmente, as
atenuantes não incidirão quando:
Súmula 231, STJ: a incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
ATENÇÃO!
As atenuantes incidem em todos os crimes (dolosos, culposos e preterdolosos).
Súmula 74, STJ: para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por
documento hábil.
ATENÇÃO!
A circunstância atenuante da menoridade é preponderante, compensando-se com a
reincidência (STJ).
TER O AGENTE PROCURADO, POR SUA ESPONTÂNEA VONTADE E COM EFICIÊNCIA, LOGO APÓS O
CRIME, EVITAR-LHE OU MINORAR-LHE AS CONSEQUÊNCIAS, OU TER, ANTES DO JULGAMENTO
REPARADO O DANO (ART. 65, III, “B”)
d) Nos crimes contra a ordem tributária, extingue a punibilidade o pagamento integral do débito
tributário.
e) nos crimes de menor potencial ofensivo, permite-se às partes a composição civil dos danos.
Havendo reparação do dano ou restituição da coisa, ocorrerá a extinção da punibilidade.
TER O AGENTE COMETIDO O CRIME SOB COAÇÃO A QUE PODIA RESISTIR, OU EM CUMPRIMENTO
DE ORDEM DE AUTORIDADE SUPERIOR, OU SOB A INFLUÊNCIA DE VIOLENTE EMOÇÃO,
PROVOCADO POR ATO INJUSTO (ART. 65, III “C”
ATENÇÃO!
A coação física irresistível exclui a conduta; se moral irresistível, exclui a culpabilidade
(art. 22).
ATENÇÃO!
Se a ordem não for claramente ilegal, a culpabilidade do subalterno será excluída,
respondendo pelo crime somente o superior (art. 22).
c) agente praticar o crime sob a influência de violenta emoção, praticada por ato injusto da vítima,
dispensando reação imediata.
a) seja espontânea: é a assunção, livre de interferência subjetiva externa, dos fatos imputados. A
decisão de confessar deve partir do próprio agente.
b) Perante a autoridade pública: deve ser feita perante juiz de direito ou delegado. A confissão
policial retrata em juízo não permite a incidência da atenuante, salvo se utilizada como fundamento
para conclusão condenatória.
Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
ATENÇÃO!
O juiz deve desprezar as frações de dias (horas), nos exatos termos do art. 11.
a) Reclusão;
b) Detenção;
c) Prisão simples (contravenções penais).
Após ser fixada a reprimenda definitiva, o juiz determinará, na própria sentença, o regime
inicial para seu cumprimento. O regime inicial para o seu cumprimento. Para identificar o regime
inicial mais justo, o juiz atenderá aos seguintes fatores:
a) espécie de pena;
Regimes Penitenciários
Súmula 718, STF: A opinião do julgados sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.
Súmula 719, STF: A imposição de regime de cumprimento mais severo exige motivação
idônea, leia-se, com base na gravidade em concreto do delito.
Súmula 440, STJ: Fixada pena-base no mpnimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito,
Pena de Detenção
A alteração do §2º, art. 387 do CPP pela Lei 12.736/12, implicou na antecipação da análise
da detração para o momento da sentença. Assim, a detração não será considerada na aplicação da
pena (etapa já encerra), sendo admitida apenas para estabelecer o regime inicial.
ATENÇÃO!
Nessa fase a detração só é capaz de permitir regime prisional menos rigoroso se o tempo
de prisão provisória, administrativa ou internação coincidir com o requisito temporal da
progressão, sem desconsiderar outros requisitos objetivos inerentes ao incidente.
O incidente de progressão, no âmbito da execução penal, pode ser iniciado por determinação
do juiz (ex officio) ou mediante requerimento do MP, advogado, DP ou do próprio sentenciado.
Os requisitos para a progressão de regimes podem ser divididos em objetivos e subjetivos (bom
comportamento carcerário). Os requisitos objetivos foram sensivelmente alterados pelo Pacote
Anticrime (Lei 13.964/19).
2/5, se primário e
Crime hediondo ou equiparado
3/5, se reincidente
7 Não se trata de execução provisória da pena, mas antecipação de benefício de execução penal.
Súmula nº 471, STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes
da vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
A lei 13.964 é irretroativa, não alcançando os fatos esgotados antes da sua vigência
Crime hediondo ou
40% da pena Primário
equiparado
8 A reincidência, por ser condição pessoal do condenado, influi sobre o requisito objetivo de todas as condenações,
inclusive aquelas quando ainda primário. Assim, se o reeducando, enquanto cumpre pena pro crime cometido
quando primário, vem a ser condenado definitivamente por novo crime, agora reconhecido reincidente, será tratado
como reincidente para fins de progressão em relação aos dois crimes.
9 Condenação anterior é um crime praticado com violência ou grave ameaça e o posterior é sem violência ou grave
ameaça – por omissão do legislador.
10 Atenção! O dispositivo faz referência à reincidência específica em crime com violência ou grave ameaça. Se o
reeducando for reincidente, mas não específico, estamos diante de um lacuna, cuja integração deverá observar o in
dubio pro reo. A fração deve ser a mesma do primário, levandos-e em conta o crime pelo qual foi foi considerado
reincidente: se violento, aplica-se a mesma fração do inciso III (25%); se não violento, a fração do inciso II (20%).
morte (vedado o livramento
condicional)
Crime hediondo ou
60% da pena Reincidente11
equiparado
Crime hediondo ou
equiparado com resultado
70% da pena Reincidente12
morte (vedado o livramento
condicional)
50% da pena
Súmula 491, STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
No requisito subjetivo deve-se verificar o mérito, em regra, basta o atestado de bom comportamento
carcerário expedido pelo diretor do estabelecimento prisional (§1º, art. 112, LEP). Mas
excepcionalmente, será necessário o exame criminológico (quando o apena demostrar duarante a
11 Se o crime anterior não for hediondo ou equiparado, aplica-se o patamar do inciso (40¢) por absoluta omissão do
legislador (ele é reincidente, mas não em crime hediondo)
12 Se o resultado morte não estiver no crime anteror um dos crimeshediondos aplica-se o percentual de 50 por absoluta
omissão legislativa
13 Abrange todas as figuras do art. 288-A (organização paramilitar, milícia privada e grupo ou esquadrão (grupo de
extermínio)
execução comportamento ruim, o MP requerirá ao juiz a realização do exame, que o fará em
decisão motivada)