Você está na página 1de 72

Rafael Barreto Ramos

© 2012

Direito Empresarial I
Professor: Rodrigo

07/02/12

 Avaliações

22/03 - Trabalho com consulta – 10 pontos

29/03 – Avaliação Oral – 25 pontos – Entram de 5 em 5, 3 questões para cada um, prova
individual.

03/05 – Trabalho com consulta – 10 pontos

10/05 – Avaliação Escrita – 25 Pontos

 Bibliografia

- Manual de Direito Empresarial: Resumido. Não utilizado.

- Curso de Direito Empresarial

Fran Martins

Não recomendados (Autores Falecidos)

Rubens Requião

Fábio Ulhoa Coelho  Bom

Marcelo Bertoldi  Resumido

Alfredo de Assis Gonçalves Neto  Melhor – Comenta artigo por artigo

Waldo Fazzio Júnior  Resumido

Wilges Bruscato  Bom

1
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Conteúdo Programático

- Histórico

- Empresa, Empresário, Estabelecimento

- Obrigações do Empresário

a. Registro

b. Escrituração

c. Demonstrações Contábeis

- Propriedade Industrial

- Micro Empresa e Empresa de Pequeno Porte

- Empresa Individual de Responsabilidade Limitada

- Contrato Social

- Sociedades

2
Rafael Barreto Ramos
© 2012

09/02/12

 Histórico

Ramos extremamente dinâmico. Altamente ligado ao seu histórico.

1. Histórico Geral

1.1. Antiguidade

Na antiguidade, não existia o Direito Comercial, ou seja, não havia um conjunto de normas
jurídicas destinadas a regular as atividades empresariais, mercantis.

Existiam normas que regulavam o comércio, porém estas eram esparsas, isoladas.

As TROCAS não são consideradas como atos mercantis. O sistema de permuta só funciona em
sociedades primitivas.

Este problema só é resolvido com o surgimento da moeda que, como consequência, o


surgimento do comércio, porém, ainda assim, não havia o Direito Comercial.

1.2. Roma

Também não houve o Direito Comercial, por três motivos:

- O direito romano resolvia bem as questões comerciais, mercantis. O Direito Romano, ao


mesmo tempo em que era extremamente formalista, concedia ampla liberdade. Por ser
formalista, gerava segurança jurídica.

- O comércio não era uma atividade valorada pelo romano. Este valorava muito as atividades
intelectuais (filosofia, artes, etc.).

- A Igreja na época condenava a usura e a agiotagem *.


*
usura: Cobrança de juros manifestamente desproporcionada de juros.

Agiotagem: empréstimos de dinheiro em troca de juros, geralmente altos.

O Romano passa então a delegar o comércio a seus filhos e escravos, enxergando a


importância do comércio.

1.3. Idade Média

Com a desestruturação do “Estado” em virtude da queda do Império Romano, procura-se


então proteção nos Senhores Feudais.

No início desta fase, o comércio praticamente se extingue, pois a produção passa a ser para a
mera subsistência.

Porém, com o passar do tempo, findam-se os conflitos, as pessoas migram para as cidades,
surgindo um comércio mais intenso.

3
Rafael Barreto Ramos
© 2012

Surgem então as Corporações de Ofício, que eram a reunião dos comerciantes. Os


comerciantes se unem em razão da falta do Estado. A partir daí, surge então o Direito
Comercial.

O Direito Comercial surge com as Corporações de Ofício, na Idade Média, sendo formado
pelas normas das corporações (assembleias dos comerciantes), decisões dos cônsules e
também pelos usos e costumes.

Surge principalmente nas cidades italianas e nas beiras das estradas.

1.4. Tempos Modernos

O Estado volta a se organizar, readquire suas forças. Porém, o Estado já aceita o Direito
Comercial como autônomo, independente e já legisla sobre tal.

Em 1553, Bennevenuto escreve o primeiro livro sobre Direito Comercial.

1.5. Fase contemporânea

Desde a Idade Média, os comerciantes vêm se tornando ricos, porém não detiam nenhum
poder.

A fase contemporânea caracteriza-se com a tomada do poder pela burguesia através da


Revolução Francesa (1789). Esta traz problemas por pregar a liberdade e igualdade.

Não há liberdade, pois só poderia ser comerciante quem participasse das Corporações de
Ofício. Proíbem-se então as Corporações de Ofício.

Não há igualdade, pois havia aplicação de direitos distintos, uma vez que o comerciante tinha
o direito comercial, criado por ele em seu benefício.

Destarte, o comerciante, ao comprar o bem, aplicava-se o Direito Comercial. Já para o


indivíduo comum, aplicava-se o Direito Civil.

O direito comercial passa então a ser o direito de alguns atos, algumas atividades,
considerados Atos de Comércio e qualquer um que praticasse estes atos, listados em lei, em
caráter profissional, seria regulado pelo Direito Comercial.

Teoria expressada no Código de Napoleão (1808).

Na prática, não houve mudanças.

Ocorre então a Revolução Industrial e, a partir desta, o mais importante deixa de ser o
comerciante (intermediador) e sim a indústria (produtor).

Com as Guerras Mundiais, há tentativas de imposição de ideologias. A Itália então, em 1942,


apresenta seu novo Código Civil, trazendo então a nova teoria: Teoria da Empresa.

Empresa é atividade econômica organizada (em larga escala) para a produção e circulação de
bens ou serviços. A Teoria da Empresa vai incluir todas as atividades que geram lucro.

4
Rafael Barreto Ramos
© 2012

14/02/12
2. História no Brasil

2.1. Luso-brasileiro:

No Brasil Colônia aplicava-se o Direito Português, adotando-se assim o Direito Comercial como
o Direito do Comerciante.

O comércio passa a acontecer efetivamente no Brasil com a vinda da família real.

4 importantes atos:

- Ocorreu a abertura dos portos para as nações amigas.

- Criação da real junta da indústria, comércio e navegação.

- Permite a instalação de indústria, comércio e agropecuária no país.

- Criação do Banco do Brasil.

Ao voltar para Portugal, Dom João, leva tudo consigo, fechando, inclusive, o banco do Brasil.

2.2. Brasileiro

Em 1822, o Brasil se torna independente.

Em 1833, forma-se uma comissão para a elaboração do Código Comercial Brasileiro, cujo
projeto é terminado em 1834 e, somente em 1850, é inaugurado o Código Comercial, que
vigora até os dias atuais.

Este Código foi baseado no Código de Napoleão, de 1808 e adota a teoria dos atos do
comércio.

Sua última grande alteração ocorreu em 2002, com o Código Civil, que passou a adotar a
Teoria da Empresa.

 Definição

É o conjunto de regras jurídicas que regulam as empresas e os empresários, bem como os atos
considerados empresariais, mesmo que esses atos não se relacionem com as empresas.

- Empresa: é atividade econômica organizada (em larga escala) para a produção e circulação
de bens ou serviços.

- Empresário: É a pessoa, física ou jurídica, que exerce profissionalmente a atividade


econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. (art. 966, CC/2002)

Empresário não é o sócio e sim a pessoa jurídica.

5
Rafael Barreto Ramos
© 2012

Nota:

NÃO SÃO CONSIDERADAS EMPRESAS AS ATIVIDADES INTELECTUAIS (advogados, engenheiros),


LITERÁRIAS (escritor de livros), ARTÍSTICAS (pintor de quadros) E CIENTÍFICAS (pesquisadores),
sob a prerrogativa de não serem atividades organizadas, uma vez que suas atividades não são
constantes.

Uma das principais fontes do Direito Empresarial são os costumes e é isto que o torna tão
volátil, dinâmico.

6
Rafael Barreto Ramos
© 2012

16/02/12

 Teorias do Direito Empresarial

1. Direito do Comerciante

Não é mais adotada por nenhum país do mundo. Estabelecia que era do Direito Comercial os
atos praticados pelo comerciante. Era considerado como integrante do Direito Comercial os
praticantes do comércio. É uma teoria SUBJETIVA, isto é, leva em consideração A PESSOA.

- Intermediação: Só era considerado comerciante quem fazia a ligação entre o produtor e o


consumidor. O PRODUTOR NÃO ERA CONSIDERADO COMERCIANTE.

- Intuito de Lucro: Não é necessário o lucro efetivo. Basta a vontade/intenção.

ATIVIDADES BENEFICENTES NÃO ESTÃO DENTRO DO DIREITO COMERCIAL.

- Permanência: Ato praticado constantemente que gera a profissionalidade. NÃO SIGNIFICA


PERMANÊNCIA DIÁRIA E SIM NUM CERTO PERÍODO.

2. Direitos dos Atos de Comércio

Teoria aplicada pela maioria dos países do mundo. Teoria de cunho OBJETIVO.

Leva em consideração O OBJETO, A ATIVIDADE.

Todos aqueles que praticam os Atos de Comércio em caráter profissional serão regidos pelo
Direito Comercial.

Os Atos de Comércio são definidos por lei.

Se for praticado em caráter eventual, NÃO É REGIDO PELO DIREITO COMERCIAL.

3. Direito de Empresa

Adotada no Brasil desde 2002.

Considera que Empresa é atividade econômica organizada (em larga escala) para a produção
e circulação de bens ou serviços. A Teoria da Empresa vai incluir todas as atividades que
geram lucro.

7
Rafael Barreto Ramos
© 2012

Porém o artigo 966, parágrafo único, exclui a atividade intelectual, de natureza científica,
literária ou artística.

Exceção: O exercício das profissões excluídas for um dos elementos da empresa.

Ex. Departamento jurídico, de engenharia da FIAT. / Cantores famosos (é montada uma marca
com o nome do cantor)

Art. 966.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.

- Características

I. Simplicidade: Não é um ramo burocrático. E, sendo simples, possibilita a execução de um


maior número de atividades. Como consequência, perde-se segurança jurídica, mas se ganha
em quantidade.

II. Internacionalidade: Visa o mercado externo a fim de ampliar a sua área de atuação.
“Quanto mais consumidores houver, melhor.”

III. Celeridade: Ganha em volume. É simples para ser rápido.

IV. Onerosidade: Atividade que visa o lucro.

V. Elasticidade: Está em constante crescimento. Criação de novos institutos, etc.

Ex. Comércio eletrônico.

8
Rafael Barreto Ramos
© 2012

23/02/12

 Divisão do Direito Empresarial

A divisão é apenas de cunho acadêmico, didático, uma vez que o direito como um todo é
indissociável.

1. Divisão Clássica

- Terrestre: Trata da Teoria Geral, do Empresário (Individual, Empresário), dos títulos de


crédito e contratos e da falência e recuperação.

- Marítimo: Trata do transporte marítimo e tudo relacionado às embarcações.

- Aeronáutico: Cuida do transporte aéreo e tudo relacionado aos aviões.

2. Divisão do código comercial

- Do comércio em geral: Teoria Geral, Comerciante, Títulos de Crédito e Contratos. PARTE


REVOGADA EM 2002.

- Do comércio marítimo

- Das quebras: Falência e concordata. REVOGADA EM 1890.

- Jurisdição comercial: REVOGADA EM 1939.

3. Divisão no Código Civil de 2002

- Dos contratos: não traz todos os contratos e não faz diferença dos contratos empresariais e
civis.

- Títulos de crédito: só traz a teoria geral. Os títulos em espécie são regulados em leis esparsas.

- Direito de empresa: Teoria geral e do empresário.

9
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Fontes

- Fontes materiais: são empregadas para designar os órgãos elaboradores das normas
jurídicas. Poder legislativo.

- Fontes formais: são os meios pelos quais as normas jurídicas se exteriorizam. Poder Judiciário
e Executivo.

1. Fontes do Direito Empresarial

- Lei: no seu sentido amplo.

- Costumes: no direito empresarial o uso é sinônimo de costume.

10
Rafael Barreto Ramos
© 2012

2. Classificação das fontes

- Primitivas, diretas ou imediatas: são aquelas a que se recorre em primeiro lugar. São as leis
empresariais em sentido amplo.

Ex. art. 170, CF/88

- Secundárias, indiretas ou mediatas: são aquelas a que se recorre quando a resposta não é
encontrada na fonte primária.

1ª fonte secundária: Leis civis./2ª fonte secundária: usos e costumes.

3. Costumes

São as normas observadas uniforme, pública e constantemente pelos empresários de uma


praça e por estes consideradas como juridicamente obrigatórias para, na falta da lei,
regularem determinados negócios.

Ex. Filas

3.1. Requisitos

- Conforme o princípio da boa-fé

- Não serem contrárias às leis

3.2. Classificação dos usos

- Gerais e locais

I. Gerais: se aplicam em todo território nacional. Ex. Fila

II. Locais: se aplicam em determinadas localidades. Ex. Fechamento do comércio no horário de almoço.

- Gerais e especiais

I. Gerais: se aplicam a todo Direito Empresarial.

II. Especiais: se utilizam em determinados ramos do Direito Empresarial. Ex. nomenclaturas e práticas do
Direito Marítimo.

3.3. Os assentos dos usos

Registro na junta comercial de determinados costumes em virtude de sua importância.

A vantagem de se assentar um costume é a facilitação de sua utilização/demonstração como


meio de prova.

11
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Elementos Caracterizadores do Direito Empresarial

- Empresário: a pessoa física/jurídica que exerce profissionalmente a atividade econômica


organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

- Empresa: vide matéria anterior;

- E aquelas atividades que a lei discricionariamente reputa empresariais

12
Rafael Barreto Ramos
© 2012

28/02/12

 Conceito de Empresa para Alberto Asquini

Segundo ele, a palavra empresa tem vários sentidos, isto é, pode ser utilizada em diversos
significados. Possui sentido poliedro.

1. Conceitos

1.1. Funcional: A empresa como sendo atividade, isto é, atividade econômica organizada para
a produção ou organização de bens ou serviços. - ATIVIDADE

1.2. Patrimonial ou objetivo: No sentido de conjunto de bens. Ex. maquinário, crédito,


débito, trabalho dos funcionário, carros etc. - ESTABELECIMENTO

1.3. Subjetivo: Sinônimo de empresário. - EMPRESÁRIO

1.4. Corporativo: No sentido corporativo, de instituição. A empresa é a união do empresário


com seus empregados para os mesmos objetivos. – INSTITUIÇÃO

2. Crítica

Caso empregue-se a palavra para vários conceitos, não se saberá ao ser sua utilização num
caso específico.

2. Patrimonial

Para que se utilizar o conceito de empresa no sentido patrimonial, uma vez que o conceito da
palavra ESTABELECIMENTO já está bem definido, delimitado.

3. Subjetivo

Para que se utilizar o conceito de empresa no sentido subjetivo, uma vez que o conceito da
palavra EMPRESÁRIO já está bem definido, delimitado.

4. Corporativo

Não há uma união efetiva entre empresário e empregados, uma vez que estes tem finalidades
divergentes. Há, na verdade, um certo interesse entre estes. É um conceito muito mais
filosófico que prático, real.

Permanece então somente o conceito FUNCIONAL da palavra empresa.

13
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Empresa, empresário, estabelecimento

O estabelecimento é utilizado pelo empresário para a empresa, sendo que tudo é controlado
pelo empresário.

O empresário exerce a empresa sobre um estabelecimento.

Estes conceitos, apesar de distintos, são relacionados. Esta relação é conhecida como
TRILOGIA DO DIREITO EMPRESARIAL.

 Diferença entre empresário, empresa e sócio

- Empresário: quem exerce a atividade. É a pessoa física ou jurídica.

- Empresa: a própria atividade. O empresário exerce a empresa.

- Sócio: aquele que se une a outro(s) para constituir o empresário.

 Espécies de agentes econômicos

1. Sociedades empresárias ou empresário individual

Aquela que não exerce as atividades discriminadas no art. 966, parágrafo único (vide abaixo).

2. Sociedades simples ou profissional intelectual

Aquela que exerce atividade intelectual, de natureza literária, artística ou científica.

3. Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI)

Uma pessoa física pode se registrar na junta e constituir uma pessoa jurídica.

 Espécies de empresários

1. Empresário individual: quando a atividade econômica é exercida individualmente pelo


indivíduo em seu PRÓPRIO NOME.

2. Sociedade empresária: quando há a figura do sócio.

3. EIRELI: A pessoa física, individualmente, constituirá pessoa jurídica, destarte, a atividade


econômica é exercida individualmente pelo indivíduo por meio da pessoa jurídica.

14
Rafael Barreto Ramos
© 2012

01/03/12

 Condições à aquisição da qualidade de empresário

1. Requisitos Gerais

- Economicidade: são as atividades referentes à criação de riqueza, isto é, que visam LUCRO.

As atividades filantrópicas, beneficentes e assistenciais não interessam ao empresário. Estas


são exercidas pelas associações e fundações.

- Organização: são aquelas atividades que implicam na coordenação e organização dos


fatores de produção.

Ou seja, são as atividades sistemáticas, em série, em larga escala.

- Profissionalidade: são aquelas atividades exercidas habitual e sistematicamente.

Só empresário quem adota a atividade como profissão, constantemente, habitualmente e NÃO


NECESSARIAMENTE DIARIAMENTE.

Nota:

Estes são requisitos para empresários regulares, isto é, registrados.

Quando se é empresário irregular, tem-se todos os ônus do empresário, porém não possui os
bônus.

- Exceção: artigo 982, § único

Empresário em virtude de lei e não do cumprimento dos devidos requisitos.

Configura-se como empresário não pela atividade, mas pela forma.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e,
simples, a cooperativa.

I. Sociedade por ações

- Sociedade anônima: Tem como vantagem a captação de dinheiro. Ex. Faculdade pitágoras

- Sociedade em comandita por ações

II. Cooperativa INDEPENDENTEMENTE DE SEU OBJETO, será uma sociedade simples. É a reunião de
profissionais de um mesmo ramo com a finalidade de auxiliar o exercício da profissão.

15
Rafael Barreto Ramos
© 2012

2. Requisitos para Empresário individual

Além das 3 condições citadas acima.

- Pleno gozo da capacidade civil: Maiores de 18 anos.

- Não ser legalmente impedido: Existem pessoas que, além do pleno gozo da capacidade
civil, por se encontrar em determinada situação, não podem ser EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS.
Nada impede que estes sejam sócios em sociedades.

2.1. Legalmente impedidos:

a. Os chefes do poder executivo: Presidente, vice-presidente, governador, etc.

b. Magistrados

c. Militares

d. Falidos, enquanto não forem legalmente reabilitados:

até a sentença que extingue suas obrigações. Para extinguir as obrigações, deve-se pagar todos os
credores ou então 25% dos créditos quirografários (aquele que não possui nenhuma garantia), ou após
5 anos.

e. Os cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados:

- Cônsul: representantes de outros países no Brasil.

f. Os funcionários públicos, salvo como sócios que não exerçam cargos de administração

g. O condenado pelo período da condenação

h. Os médicos, para o exercício simultâneo da farmácia e vice-versa

Porque se pode haver o conflito de interesses.

16
Rafael Barreto Ramos
© 2012

06/03/12
2.1.1. Consequências da violação, da proibição (art. 973)

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer,
responderá pelas obrigações contraídas.

Apesar da proibição, o ato praticado é válido. Caracteriza-se como empresário, porém


irregular, sofrendo todas as sanções.

Ex. Magistrado empresário responderá em processo administrativo.

2.1.2. O estrangeiro empresário

Pode ser empresário individual, desde que esteja devidamente regularizado no Brasil.

2.1.3. A mulher casada empresária

Pode ser empresária individual sem consentimento do marido.

2.1.4. Capacidade (Civil)

NÃO PODEM SER EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS

a. Absolutamente incapaz: aptos a assumirem seus direitos e obrigações, porém não podem exercê-
los, necessitando de representação.

I. Os menores de 16 anos;

II. Os que, por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a
prática desses atos;

III. Os que não puderem exprimir sua vontade.

Ex. pessoa desaparecida, em coma.

b. Relativamente incapazes: devem ser assistidos na prática de alguns atos

I. Os maiores de 16 e menores de 18;

II. Os ébrios habituais, os vinculados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento reduzido.

III. Os excepcionais, sem o discernimento mental completo.

IV. Os Pródigos: São aquelas pessoas que não têm controle de seus gastos.

17
Rafael Barreto Ramos
© 2012

PODEM SER EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS

c. Emancipação

São aquelas pessoas que apesar de não alcançarem 18 anos, por determinadas condições, possuem o
pleno gozo para a prática do atos da vida civil.

I. Concessão dos pais, mediante instrumento público por sentença do juiz se o menor tiver 16 anos.

II. Pelo casamento.

III. Exercício de emprego público efetivo.

IV. Colação de grau em curso de ensino superior.

V. Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor de 16 anos tenha economia própria.

“16 anos, já trabalha, já consegue se manter com os rendimentos do trabalho.”

18
Rafael Barreto Ramos
© 2012

08/03/12

 Empresa individual de responsabilidade limitada (Lei 12441/11)


– EIRELI
Em janeiro de 2012, aprovou-se a lei 12.441/2011 que regula a EIRELI.

É inserida no artigo 44 do código civil, como sendo uma nova figura/pessoa jurídica.

a. Constituição uma pessoa jurídica formada por uma só pessoa.

A lei não dispõe se essa pessoa é física ou jurídica. A maioria da doutrina defende que só pode
ser formada por pessoa física.

b. Responsabilidade limitada ao capital social.

c. Capital social de no mínimo 100 salários-mínimos.

d. Por ter por objeto atividade artística.

e. Para nome empresarial poderá adotar uma firma ou denominação.

Nome empresarial é o nome do empresário e por denominação é sinônimo de nome fantasia.

 Continuidade da empresa pelo incapaz (artigos 974, 975)


O incapaz, tanto relativamente quanto absolutamente, poderá CONTINUAR uma empresa.

Será então um empresário individual incapaz de responsabilidade limitada.

Será necessária a autorização judicial, a nomeação de um tutor/curador, sendo que a


autorização judicial já declarará quais serão os bens que responder pela pessoa jurídica.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos
da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz,
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos
adquiridos por terceiros.

§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará
que conceder a autorização.

19
Rafael Barreto Ramos
© 2012

Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder
exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.

§ 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser
conveniente.

§ 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da


responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.

Na prática, quem responderá será o representante, isto é, o curador ou tutor.

 Sociedade entre marido e mulher (arts. 977, 978)


Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham
casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

- Comunhão universal de bens: todos os bens, inclusive os anteriores, passam a pertencer ao casal.

Justificativa do legislador: Tudo que pertence a um, já pertenceria a outro, constituindo-se então
sociedade.

Crítica:

Porém, apesar de casados, estas ainda são pessoas físicas.

Ex. Os cônjuges em regime de comunhão universal não poderiam comprar, em simultâneo, ações no
banco do brasil. Contudo, quando a empresa atinge certa magnitude, a fiscalização encontra grandes
dificuldades.

- Separação obrigatória: aquele que, POR LEI, obriga os cônjuges a se casarem no regime de separação
total dos bens.

Alternativa do legislador para evitar fraude.

Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime
de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

20
Rafael Barreto Ramos
© 2012

13/03/12

 Empresário Rural (art. 971)

É opção do empresário se quer ser regido pelo Direito Empresarial ou Direito Civil.

Caso queira ser regido pelo direito empresarial deverá se registrar na junta.

Caso não registre, será regido pelo Direito Civil.

- Dois tipos de rurícolas:

I. Praticantes da Agricultura de subsistência: O que se planta é para consumo próprio, planta-se


diversas culturas.

Intencionou o legislador que estes rurícolas fossem regidos pelo Direito Civil.

II. Praticantes do Agronegócio: grandes territórios que usam alta tecnologia, alto maquinário, planta-se
1 ou 2 culturas no máximo, produção em larga escala para ser vendido no mercado.

Intencionou o legislador que todos grandes rurícolas fossem regidos pelo Direito Comercial, porém esta opção é do
empresário.

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos
os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

 Sociedade anônima e sociedade cooperativa

Toda sociedade anônima é uma sociedade empresária, independentemente de seu objeto.

Toda sociedade cooperativa é uma sociedade simples, independentemente de seu objeto.

Não estão subordinadas às restrições. É observado somente o tipo de sociedade.

21
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Obrigações gerais dos empresários

- Registrar-se na junta comercial

- Manter escrituração regular

- Levantar demonstrações contábeis periódicas: Todo empresário deve ter um contador.

1. Registro de Empresas

1.1. Legislação: Lei 8934/94 e decreto 1800/96

As duas leis estão em vigor, porém o decreto veio regulamentar a lei anterior.

1.2. Órgãos do registro

1.2.1. Departamento Nacional do Registro do Comércio (DRNC): Órgão do governo federal


localizado em Brasília com função de:

- Fiscalizar as juntas comerciais;

- Sanar as dúvidas das juntas comerciais;

- Normatizar o funcionamento das juntas comerciais.

NÃO É FUNÇÃO DO DNRC PROCEDER AO REGISTRO.

1.2.2. Juntas comerciais: Ou será uma autarquia estadual ou uma entidade ligada à secretaria
de segurança do estado. São aquelas que realizam efetivamente o registro. Cada estado possui
uma junta comercial, localizada, geralmente, em suas capitais.

- Função mista: ao mesmo tempo em que está ligada ao estado, está ligada à União.

I. Nas matérias ligadas ao Direito Empresarial, estão ligadas à União;

II. Nas matérias ligadas ao Direito Administrativo, estão ligadas ao Estado.

Nas empresas de atuação nacional, deve-se registrar-se EM TODOS OS ESTADOS.

O código civil prevê que, mediante lei, será necessário somente um registro, porém, na prática,
isto não ocorreria em virtude dos tributos, que são específicos para cada estado.

A junta comercial se atém ao preenchimento dos requisitos formais.

22
Rafael Barreto Ramos
© 2012

1.3. Finalidades

A verdadeira finalidade do registro é, na verdade, é possibilitar o governo uma forma de


controle.

1.3.1. Dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia nos atos jurídicos das
empresas mercantis.

1.3.2. Cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras e manter atualizadas as informações


pertinentes.

1.3.3. Proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como o seu
cancelamento.

Ex. Médico  CRM / Advogado  OAB

23
Rafael Barreto Ramos
© 2012

15/03/12
1.4. Atos do Registro de Empresas

1.4.1. Matrícula: é a inscrição de alguns profissionais na junta comercial. Somente são


matriculados na junta aqueles profissionais previstos em lei.

Ex. Leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros (administradores de


armazéns para importação de exportação de mercadorias), administradores de armazéns
gerais (local onde a mercadoria é guardada com a finalidade de entressafra).

Aquele que armazenou no armazém geral, recebe o warrant e o conhecimento de depósito.

- Warrant (garantia): Título que garante o empréstimo.

Ex. se o agricultar precisar de dinheiro, pega dinheiro emprestado e transfere o warrant para o credor;

- Conhecimento de depósito: a transferência do conhecimento de depósito implica na venda do produto


que está armazenado.

Para retirar a mercadoria, necessita-se tanto do Warrant quanto do Conhecimento de Depósito.

1.4.2. Arquivamento

I. Constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais (ATUAL EMPRESÁRIO


INDIVIDUAL), sociedades e cooperativas.

II. Os atos relativos a consórcio e grupo de sociedades (arts. 178 e 279 da lei 6404/71)

Consórcio possui um significado diverso do usual. Significa a união de dois ou mais empresários para um
determinado empreendimento. Cada um dos empresários terá uma tarefa distinta no empreendimento,
responderá somente pelos seus atos e possuirá personalidade jurídica distinta das demais. Findado o
empreendimento, se finda o consórcio.

Grupo de sociedade ocorre quando uma sociedade controla ou influencia outras.

A lei 6404/71 é a lei que trata das sociedades por ações.

III. Os atos e documentos que possam interessar no empresário.

Arquiva-se o documento na junta comercial com o objetivo de gerar a publicidade.

Ex. Caso haja destituição do administrador da sociedade, enquanto o ato não for comunicado à junta
comercial, esta pessoa continuará sendo considerada como administradora da sociedade, respondendo
esta por todos seu atos.

1.4.3. Autenticação

Instrumento de escrituração das empresas, cópias dos documentos assentadas.

É a confirmação da autenticidade do documento.

É conhecido coloquialmente como CARIMBO.

24
Rafael Barreto Ramos
© 2012

20/03/12
1.5. Procedimento

I. Feito o documento, o empresário terá 30 dias para requerer seu arquivamento.

Obedecido o prazo de 30 dias, os efeitos do documento retroagem à época de sua feitura. (ex tunc).

Não obedecido o prazo de 30 dias, o documento só passa a ter validade após seu deferimento. (ex nunc)

II. Indeferido o arquivamento, o empresário terá 30 dias para sanar o vício ou pedir
reconsideração.

Ocorre em virtude de vício, que se divide em:

- Sanável: aquele que poderá ser corrigido em 30 dias. Não é necessário pagar as taxas da junta
novamente.

- Insanável: aquele que afetam a VALIDADE do ato jurídico. O indivíduo terá que corrigir o vício e pagar
os emolumentos (vantagem pecuniária) novamente. Ocorre nos casos de:

a. Agente Incapaz;

b. Objeto Ilícito;

c. Falta de consentimento.

III. Indeferido novamente, o empresário terá 30 dias para sanar o vício ou propor recurso ao
pleno da junta comercial. (PRIMEIRO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO)

É direcionado ao próprio órgão que indeferiu.

Caso os órgãos não decidam no prazo, considerar-se-á o documento com arquivado. Porém,
nada impede que seja pedido seu “desarquivamento”.

Órgãos da Junta:

a. Vogal: aquele composto por apenas 1 funcionário. Decisão Singular. Prazo de julgamento de 3 dias
úteis. Decide sobre os atos não decididos originariamente pelo Órgão Pleno;

b. Pleno: aquele composto por 3 funcionários. Decisão Colegiada. Prazo de julgamento de 10 dias úteis.
Decide sobre os atos mais complexos, que são:

- Fusão, incorporação, cisão, recurso, S/A, Grupo de Sociedade, Consórcio.

IV. Indeferido por mais uma vez, o empresário terá 30 dias para sanar o vício ou propor
recurso ao Ministro da Indústria e Comércio.

V. Indeferido novamente, somente mediante decisão judicial, o documento será arquivado.

- Considerações

a. NÃO É NECESSÁRIO PERCORRER TODA A INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA PARA PROPOR AÇÃO


JUDICIAL A FIM DE REQUERER O ARQUIVAMENTO.

25
Rafael Barreto Ramos
© 2012

1.6. Consequência da falta de registro

Não possuirá os benefícios/vantagens do empresário.

- Responsabilidade ilimitada;

Os sócios não registrados terão responsabilidade ilimitada, uma vez que a pessoa jurídica só se forma
através do registro. Está é a chamada sociedade incomum.

- Não pode pedir a falência de outro empresário;

- Não pode requerer a recuperação judicial ou extrajudicial;

Judicial: terá a presença do judicial em todos os momentos.

Extrajudicial: só haverá a presença do judicial no momento da homologação acordo entre os


empresários.

- Sanção de natureza fiscal.

Não poderá emitir nota fiscal.

IMPORTANTE:

A sociedade incomum pode requerer a própria falência?

SIM!

1.7. Proibições de registro

I. Impedimento em razão da pessoa.

a. Quando o titular ou administrador estiver condenado;

b. Quando o titular for casa e não tiver juntado a outorga do cônjuge, em havendo a incorporação de
imóveis à sociedade;

Se algum imóvel for dado para a sociedade, deve-se haver a autorização do cônjuge.

II. Impedimentos em defesa dos sócios ou terceiros

a. Alteração societária por decisão majoritária, quando houver cláusula restritiva;

Deve-se primeiramente alterar o contrato para, posteriormente, praticar o ato.

b. Atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente.

Ex. Não se pode pedir um nome idêntico ou semelhante a um já existente.

III. Impedimento intrínseco

a. Atos contrários ao estatuto ou contrato não modificado.

Deve-se primeiramente alterar o contrato para, posteriormente, praticar o ato.

26
Rafael Barreto Ramos
© 2012

IV. Impedimentos formais

a. Documentos que não obedecem à forma legal ou ferirem os bons costumes e a ordem pública;

b. Contrato social sem o capital social ou não declarar precisamente o objeto;

c. Documentos relativos à incorporação de imóveis, sem a sua descrição.

Ao se comprar o imóvel, deve-se realizar os seguintes procedimentos:

- Elaborar o contrato de compra e venda;

- Elaborar a escritura, que tem como finalidade conferir publicidade ao negócio;

Porém, neste caso, a junta comercial faz o papel da escritura, uma vez que já confere publicidade.

27
Rafael Barreto Ramos
© 2012

27/03/12

 Empresário rural e pequeno empresário (art. 976)

O empresário rural e o pequeno empresário DEVEM efetuar o registro, porém este é feito de
uma FORMA MAIS SIMPLES. Este terá apenas a opção de ser regido pelo Direito Empresarial
ou Civil.

Pequeno empresário (conceito estabelecido pela lei complementar 123/06): É o empresário


individual que tem receita bruta anual de até 60 mil reais. Também conhecido como MICRO
EMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI).

 Inatividade da empresa

80% das novas empresas fecham num período de 3 anos. Porém, em virtude dos custos e
burocracia para fechar a empresa, os empresários simplesmente abandonam-na.

O decreto 1800/96 estabelece que se o empresário, no período de 10 anos, não proceder a


nenhum arquivamento, a junta comercial poderá declará-lo inativo e poderá cancelar o seu
registro.

A junta comercial, antes de cancelar o registro, comunica a Receita Federal sobre a existência
de alguma dívida. Caso haja, o registro não será cancelado e a junta notificará a Receita
Federal para que esta realize a execução fiscal.

Caso não proceda nenhum arquivamento e ainda estiver ativo, deve-se NOTIFICAR A JUNTA
COMERCIAL para que não seja considerado inativo.

 Nome Empresarial (artigo 1155 a 1168)

É o usado pelo empresário para se identificar, enquanto exercente de uma atividade


econômica.

É o nome do empresário, que este é conhecido nos negócios e que vem na nota fiscal.

Nota:

3 tipos de nome:

- Nome empresarial: Nome do empresário;

- Nome Fantasia: Utilizado para atrair os consumidores;

- Marca: aquele que diferencia o produto do empresário do produto do concorrente.

28
Rafael Barreto Ramos
© 2012

1. Espécies de nome empresarial

1.1. Firma ou razão comercial

É o nome empresarial formado do nome dos sócios, acrescido ou não das palavras “e
companhia”.

Somente coloca-se companhia quando não se coloca o nome de todos os sócios.

Se o nome constar na firma, significa que a responsabilidade do mesmo é ILIMITADA.

Caso haja “e companhia”, dependerá da forma da sociedade.

1.2. Denominação

É o nome empresarial formado pelo objeto da sociedade ou de um nome de fantasia.

1.3. Formação do nome empresarial

Pode-se colocar qualquer nome, desde que não gere conflitos relacionados à:

I. Veracidade

O nome deve espelhar as características da sociedade (com o que trabalha,


integrantes, etc.)

II. Autenticidade

2. Modificação do nome empresarial

Pode-se alterar o nome empresarial SEMPRE QUE FOR NECESSÁRIO.

Ex. Caso o empresário com representação ilimitada.

3. Exclusividade do nome empresarial

O nome empresarial é registrado na JUNTA COMERCIAL. Portanto, a sua proteção é ESTADUAL.

Para adquirir a proteção nacional, deve-se registrar em TODAS AS JUNTAS DO PAÍS.

Nestes casos, o nome deverá ser homófono e homógrafo. Há a verificação no momento do


registro na junta comercial.

Não há impedimento de propositura de ação para os que eventualmente se sentirem


prejudicados.

29
Rafael Barreto Ramos
© 2012

10/04/12
Nota:

- O nome empresarial é o nome que vai identificar A PESSOA, O INDIVÍDUO EMPRESÁRIO.

- A marca identifica O PRODUTO. Diferencia o produto de seus concorrentes.

- O nome empresarial é EXCLUSIVO, único. Porém, este nome é registrado na junta. A


proteção, então, é ESTADUAL. Para ser protegido a nível nacional, deve-se registrar em todas
as juntas do país.

- Para que o nome seja registrado este deverá ser homógrafo (mesma grafia) e homófono
(mesmo pronúncia). DEVE-SE ANALISAR TODO O NOME.

Contraexemplo: Concessionária TECAR e OFICINA MECÂNICA TECAR.

- Caso haja mais de um nome, prevalecerá o direito para aquele registrou o nome
primeiramente.

4. Inalienabilidade no nome empresarial (art. 1164)

O nome empresarial NÃO PODERÁ SER VENDIDO, uma vez que este identifica a pessoa do
empresário, ou seja, faz parte de seu direito personalíssimo, tratando-se então de um direito
INDISPONÍVEL.

IMPORTANTE:

- Questão de prova:

Modificando-se a maioria dos sócios de uma sociedade empresária, deve-se modificar o


nome empresarial? Justifique.

Não, pois nome empresarial identifica o empresário. Em sociedades, o empresário é a PESSOA


JURÍDICA e não os SÓCIOS. Modificando-se os sócios, não se modifica a pessoa jurídica.

Portanto, não se deve modificar o nome empresarial.

5. Cancelamento (art. 1168)

Pode. O cancelamento do nome empresarial pode ser feito por QUALQUER PESSOA, desde que
esta DEMONSTRE que este nome NÃO ESTÁ SENDO UTILIZADO.

30
Rafael Barreto Ramos
© 2012

6. Não são exclusivos para fins de registro ou proteção expressões e palavras que
denotem:

NADA IMPEDE A COMBINAÇÃO. Caso haja a combinação este nome se torna EXCLUSIVO,
mesmo que estes nomes sejam comuns.

Ex. Padaria Pão Fofinho

Posto e Padaria

I. Denominação genérica de atividade

Ex. Padaria, Sorveteria

II. Gênero (padaria), natureza, espécie (vestuário), lugar (Barro Preto) e procedência (Belo
Horizonte), termos técnicos, científicos, artísticos e do vernáculo ou estrangeiros e outros de
uso comum ou vulgar;

III. Patronímicos (Nome da Família) ou nomes civis (Primeiro nome)

 Microempresa (ME) e a Empresa de Pequeno Porte (EPP)

São tipos societários NORMAIS e COMUNS. Ou serão sociedades empresárias ou sociedades


simples, porém, por possuírem uma baixa renda bruta, possuem um tratamento diferenciado,
principalmente em relação a tributos.

Essa diferenciação ocorre em virtude do poder de barganha destas ser diferenciado, ou seja,
para que estas estejam aptas a competirem no mercado.

Ex. Mercadinho do Seu Zé e Carrefour possuem poder de barganha TOTALMENTE


DIFERENCIADOS.

1. Legislação

Leis complementares 123/06 e 128/08, sendo a mais importante a 123/06.

2. Definições

2.1. Microempresas: são os empresários da pessoa jurídica (EIRELI e SOCIEDADE


EMPRESÁRIA) ou a ela equiparada (SOCIEDADE SIMPLES), que aufira em cada ano-calendário,
receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00.

2.2. Empresas de pequeno porte: são os micro empresários (EMPRESÁRIO INDIVIDUAL), a


pessoa jurídica (EIRELI e SOCIEDADE EMPRESÁRIA) ou a ela equiparada (SOCIEDADE SIMPLES)
que aufira em cada ano-calendário receita bruta superior a R$ 360.000,00. É igual ou inferior a
R$ 3.600.000,00.

31
Rafael Barreto Ramos
© 2012

3. Não Micro Empresário ou Empresa de Pequeno Porte (art. 3º, §4º, LC


123/06).

A lei vai excluir alguns empresários não serão considerados como ME ou EPP.

§ 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei


Complementar, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum
efeito legal, a pessoa jurídica:

Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de


pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade
limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, conforme o caso, desde que:

I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;

II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior;

III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra
empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a
receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;

IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não
beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata
o inciso II do caput deste artigo;

V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos,
desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;

VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;

VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;

VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa


econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de
corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento
mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar;

IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa


jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;

X - constituída sob a forma de sociedade por ações.

32
Rafael Barreto Ramos
© 2012

12/04/12
3. Para o arquivamento (do contrato social) é dispensado:

3.1. Certidão de inexistência de condenação que será substituído por uma


reclamação (ATESTADO DE BONS ANTECEDENTES);

Objetiva garantir a CELERIDADE.

3.2. Certidão de inexistência de débito tributário dos sócios;

Tem por finalidade garantir a CELERIDADE.

Altamente arriscado para o mercado, para a sociedade, para o governo, uma vez que
possibilita ao indivíduo dar o “calote” no governo diversas vezes.

3.3. Assinatura do advogado

Tem como finalidade tornar o a certidão MAIS BARATA, porém este fica todo lacunoso, cheio
de dúvidas, gerando então CONFLITOS.

Logo, acaba sendo mais lucrativo para os advogados a existência de contratos sociais mau
feitos.

4. Pequeno empresário (art. 68)

É o empresário individual cuja renda bruta anual é de até R$ 60.000,00.

É conhecido vulgarmente como MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL, cuja inscrição é feita


pela própria internet. Com R$54,00 mensais, pagam-se todos impostos.

TODO PEQUENO É MICRO, PORÉM NEM TODO MICRO É PEQUENO.

Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o empresário individual caracterizado como microempresa na
forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil
reais).

Nota:

Micro empresários: empresários da pessoa jurídica (EIRELI e SOCIEDADE EMPRESÁRIA) ou a ela


equiparada (SOCIEDADE SIMPLES), que aufira em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a
R$ 360.000,00.

33
Rafael Barreto Ramos
© 2012

5. Deliberações sociais (arts. 70 e 71)

Geralmente, ocorrem mediante prévia convocação. Os sócios são convidados mediante


publicação em jornal sobre a data em que ocorrerá a assembleia da sociedade.

Sendo uma ME ou EPP, todas as vezes que estiverem reunidos mais de 50% das cotas, as
deliberações poderão ser tomadas.

NUMA ME E EPP NÃO É NECESSÁRIA A PRÉVIA CONVOCAÇÃO.

Há o risco de ocorrer a NÃO convocação de uma minoria contrária às deliberações tomadas,


ou seja, pode haver sócios “marginalizados”, sem voz na sociedade.

Art. 70. As microempresas e as empresas de pequeno porte são desobrigadas da realização de reuniões
e assembléias em qualquer das situações previstas na legislação civil, as quais serão substituídas por
deliberação representativa do primeiro número inteiro superior à metade do capital social.

§ 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica caso haja disposição contratual em contrário, caso
ocorra hipótese de justa causa que enseje a exclusão de sócio ou caso um ou mais sócios ponham em
risco a continuidade da empresa em virtude de atos de inegável gravidade.

§ 2o Nos casos referidos no § 1o deste artigo, realizar-se-á reunião ou assembléia de acordo com a
legislação civil.

Art. 71. Os empresários e as sociedades de que trata esta Lei Complementar, nos termos da legislação
civil, ficam dispensados da publicação de qualquer ato societário.

6. Nome empresarial (art. 72)

Ao final do nome virá a expressão Micro Empresa ou ME ou Empresa de Pequeno Porte ou


EPP.

EXISTE A OBRIGATORIEDADE, PORÉM NÃO HÁ A IMPOSIÇÃO DE SANÇÃO.

Art. 72. As microempresas e as empresas de pequeno porte, nos termos da legislação civil,
acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno
Porte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão
do objeto da sociedade.

34
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Escrituração (arts. 1179 a 1195)

ESCRITURAÇÃO SÃO OS LIVROS REGULARES. Nestes livros fica registrada a vida do empresário,
isto é, todos os seus atos.

Nota:

O empresário possui 3 obrigações:

- Registrar-se na junta;

- Manter a escrituração regular;

- Levantar demonstrações contábeis periódicas.

1. Funções

1.1. Gerencial: É baseado nos livros contábeis que o empresário toma suas decisões, isto é, o
que está dando lucro, prejuízo, onde este deverá alterar seus investimentos, etc.

1.2. Documental: É baseado nos livros que os administradores prestam contas aos sócios e
conseguem dinheiro emprestado nos bancos.

1.3. Fiscal: A Receita Federal e o INSS fiscalizam os livros para verificar se todos os impostos
estão sendo pagos regularmente.

2. Espécies de livros

2.1. Obrigatórios: são aqueles que os empresários têm que ter para exercer sua atividade
regularmente.

2.2. Facultativos: são aqueles que AUXILIAM os empresários em suas decisões. Estes
geralmente os têm para facilitar as atividades de escrituração.

2.3. Especiais: são aqueles obrigatórios para determinadas atividades ou sociedades.

Ex. Todo Posto de Combustíveis deve possuir o livro de entrada/saída de combustível.

3. Livros obrigatórios

3.1. Diário e o registro de duplicatas

- Diário: É no diário que empresário lança tudo o que acontece no dia.

- Duplicata: É uma forma de crédito.

Ex. Empresário vende uma mercadoria, passa a duplicata para o banco e recebe o dinheiro.

35
Rafael Barreto Ramos
© 2012

3.2. Optantes do simples (dispensa o Diário e a Duplicata)

Simples é o IMPOSTO ÚNICO do Micro Empresário e da Empresa de Pequeno Porte.

I. Caixa: Lança-se somente a movimentação financeira.

II. Registro de inventário: É o registro do estoque existente.

3.3. Adoção de fichas

Fichas são folhas soltas. Se o empresário fizer escrituração por meio de fichas poderá OPTAR
para substituir o diário:

I. Livro balancete diários: consta somente o balanço diário.

II. Balanços (arts. 1185, 1186): constam somente o balanço anual.

NÃO SUBSTITUEM A DUPLICATA

36
Rafael Barreto Ramos
© 2012

17/04/12
4. Regularidade na escrituração

4.1. Requisitos Intrínsecos

Estão relacionados à FORMA como deve ser feita a escrituração.

A escrituração será feita em:

- Idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil;

- Por ordem cronológica de dia, mês e ano;

- Sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transporte para as
margens.

Se houver borrões, entrelinhas, etc. pode-se haver alterações do ocorrido a fim de beneficiar o
empresário.

4.2. Requisitos Extrínsecos

- Termo de abertura

- Termo de Encerramento

- Encerramento e autenticação da junta comercial.

Estão relacionados à APRESENTAÇÃO da escrituração.

Atualmente, a junta comercial carimba somente as primeira e última páginas da escrituração,


sendo que deveria carimbar todas as páginas.

Nota:

A responsabilidade sobre o conteúdo da escrituração é do EMPRESÁRIO, não se


responsabilizando, portanto, a Junta Comercial.

37
Rafael Barreto Ramos
© 2012

5. Processos de escrituração

Na idade média, era feito através de Livros.

Na década de 60, era feito por máquinas de escrever através das fichas.

Na década de 80, surgem os computadores. Daí a contabilidade passa a ser feita através de
formulário contínuo.

Na década de 90, passa a ser feito através de fichas e microfichas. A vantagem da microficha é
a economia de espaço.

Independentemente do processo utilizado, para ser regular a escrituração, devem ser


preenchidos os requisitos tanto intrínsecos quanto extrínsecos, portanto, sempre será feito
por meio de livros.

6. Extravio e perda da escrituração

Todo empresário para exercer sua atividade regularmente, deve possuir os livros.

Em caso de perda ou destruição da escrituração, o procedimento é fazer um anúncio no diário


oficial e num jornal de grande circulação narrando o ocorrido. Após 48 horas, comunica-se à
junta e somente então poder-se-á substituir a escrituração perdida/extraviada.

O livro substituto terá o mesmo valor do livro original.

O EMPRESÁRIO deverá tentar reconstituir TODO o conteúdo da escrituração. Caso não


constitua, este empresário estará IRREGULAR.

7. Exibição dos livros (arts. 1190 a 1195 e súmula 439 do STF)

Em relação aos livros, adota-se o PRINCÍPIO DO SIGILO, salvo para duas exceções:

- Para fins fiscais: A fiscalização tributária (Fazenda Pública) e previdenciária (INSS) tem livre
acesso aos livros que LHE DIZEM RESPEITO.

Esta fiscalização pode ser surpresa, porém esta, geralmente, notifica o empresário e lhe dá um
prazo para estar com os livros ou apresenta-los.

- Para fins judiciais: Divide-se em parcial e total.

I. Parcial: O juiz pode requerer a qualquer momento e até mesmo de ofício a fiscalização parcial, ou
seja, pode ocorrer A QUALQUER MOMENTO e DE OFÍCIO.

O empresário NÃO É DESAPOSSADO DE SEUS LIVROS.

Se o empresário não apresentar seus livros, todos os fatos imputados contra si serão considerados como
verdadeiros.

38
Rafael Barreto Ramos
© 2012

II. Integral: Somente poderá ocorrer NOS CASOS PREVISTOS EM LEI.

O empresário É DESAPOSSADO DE SEUS LIVROS, ou seja, estes devem ser entregues ao judiciário.

Se o empresário não entregar, o juiz ordenará a busca e apreensão dos livros. Se, ainda assim, os livros
não forem entregues, o empresário será PRESO por desobediência.

Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária
observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.

Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando
necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou
gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.

§ 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício,
ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do
empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para
deles se extrair o que interessar à questão.

§ 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz.

Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos
judicialmente e, no do seu § 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar
pelos livros.

Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário.

Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro,
não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos
termos estritos das respectivas leis especiais.

Art. 1.195. As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do
empresário ou sociedade com sede em país estrangeiro.

39
Rafael Barreto Ramos
© 2012

19/04/12
8. Eficácia probatória dos livros mercantis

Os livros empresariais, os livros contábeis PODEM SER UTILIZADOS como meio de prova, mas
não são considerados como uma prova “muito forte”, uma vez que o Código de Processo Civil
dispõe que o juiz apreciará o valor das provas.

Assim sendo, os livros, para serem utilizados como meio de prova, estes devem estar
regulares e estes não possuem muito peso em virtude de ser o próprio empresário quem lança
os livros.

Se os livros estiverem incorretos, é tido como prova contrária ao empresário. Somente podem
ser utilizados em sua integralidade, isto é, como um todo.

9. Consequências da falta de escrituração

- Presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte adversa

- A tipificação de crime falimentar

O empresário pode atuar sem seus livros sem cometer nenhum crime. Porém, se este falir,
este deverá falir, pois, caso não possua, cometerá um crime previsto na lei de falência.

Isto é, se o empresário vier a falir e não possuir seus livros comete um crime previsto na lei de
falência. (LEI 11.101/05)

- Inacessibilidade à recuperação

Caso o empresário não possua os livros, não poderá pedir nem a recuperação judicial, nem a
extrajudicial.

Nota:

- Recuperação

O empresário, atualmente, ao buscar o lucro, acaba exercendo uma função social, isto é,
desenvolve a região em que este se encontra, etc.

A lei então, quando o empresário está em crise, prevê a hipótese de recuperação. Ou seja, ao
invés de o empresário falir diretamente, este pede a recuperação.

I. Recuperação extrajudicial

No processo extrajudicial de recuperação, o empresário faz um acordo com os credores e recorre ao juiz
para que haja a homologação.

II. Recuperação

Já a recuperação judicial, haverá a presença do judiciário em todo o processo de recuperação.

40
Rafael Barreto Ramos
© 2012

- Impossibilidade parcial de verificação de conta

Procedimento que demonstra as relações do empresário por meio dos livros.

A impossibilidade é imparcial em virtude de, caso o empresário não tiver seus livros, um outro
empresário poderá basear seu procedimento de verificação de conta através de seus livros.

- Ineficácia probatória

Se o empresário não possuir seus livros, não poderá utilizá-los como meios de prova.

10. Conservação da escrituração (art. 1194)


Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a
escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer
prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.

OS LIVROS DEVERÃO SER CONSERVADOS ENQUANTO NÃO OCORRER A PRESCRIÇÃO OU


DECADÊNCIA NO TOCANTE AOS ATOS NELES CONSIGNADOS.

Ou seja, depende dos livros.

Os livros tributários, durante 5 anos.

Os livros de empregados, durante 30 anos.

 Demonstrações Contábeis Periódicas

O empresário é obrigado a fazer o balanço ao término do exercício social, que ocorre


anualmente.

Para não ser obrigado a fazer dois balanços (um em virtude do imposto de renda e outro
relacionado às demonstrações contábeis), o empresário estipula no contrato social que o
balanço sempre ocorrerá no dia 31 de dezembro.

A lei prevê duas exceções para as demonstrações contábeis:

- Instituições Financeiras

- E se previsto no contrato social

Nestes casos, o balanço será SEMESTRAL.

41
Rafael Barreto Ramos
© 2012

1. Consequências da falta de demonstrações contábeis periódicas (da falta de


balanço)

- Dificuldade de acesso a crédito bancário

Como terá crédito bancário se não demonstra que pode pagar?

- Não podem participar de licitação

- Não pode requerer recuperação

- Responsabilidade dos administradores perante os sócios, pelos prejuízos advindos da


inexistência do documento

Dentro da empresa, são os administradores que devem fazer o balanço.

2. Balanço especial e de determinação

Em alguma hipóteses, o balanço terá que ser realizado fora de época.

A lei determinará os casos em será realizado o balanço especial e o balanço de determinação.

O balanço especial é uma ATUALIZAÇÃO DO ÚLTIMO BALANÇO.

Deve ocorrer quando há 4 meses que se ocorreu o último balanço.

No balanço de determinação, deve-se realizar UM NOVO BALANÇO.

Ex. Quando há mais de 4 meses que se ocorreu o último balanço.

Em casos de falência.

42
Rafael Barreto Ramos
© 2012

24/04/12

 Agentes Auxiliares (Prepostos)

Dificilmente o empresário consegue exercer suas funções sozinho, isto é, praticar todos os atos
sem possuir pessoas que lhe auxiliem.

Estas pessoas que ajudam o empresário são chamadas de agentes auxiliares, ou seja, são as
pessoas que vão ajudar o empresário no exercício de suas funções.

Ex. Advogados, vendedores, caixas, etc.

O Código Civil somente trata dos PREPOSTOS. Todo preposto é agente auxiliar, porém nem
todo preposto é agente auxiliar.

O preposto, além de trabalhar para o empresário, este REPRESENTA O PRÓPRIO EMPRESÁRIO,


atua em nome do empresário, ocupando posição de destaque.

Ex. Gerente

O Direito empresarial somente traz as normas gerais sobre os agentes auxiliares, porque esta
relação de empregado com o empresário interessa ao Direito do Trabalho.

1. Classificação

1.1. Dependentes: São aqueles que exercem a função diretamente ligada por um contrato de
trabalho.

Aqueles que possuem um vínculo trabalhista, são regulados pelo Direito do Trabalho, possuem
carteira assinada, etc. É um trabalhador assalariado.

Nota:

Todo professor é agente auxiliar dependente.

1.2. Independentes: São aqueles exercem a função de forma autônoma, com um contrato
de prestação de serviço.

Aqueles que possuem um contrato de prestação de serviço. NÃO HÁ VÍNCULO DE


SUBORDINAÇÃO.

2. Regras Gerais

2.1. Autorização por escrito (art. 1169)

Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da
preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele
contraídas.

43
Rafael Barreto Ramos
© 2012

2.2. Exclusividade da função (art. 1170)

Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiro,
nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob
pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação.

3. Gerente (arts. 1172 a 1176)

Aquele que possui uma posição de comando, controle. É aquele que POSSUI SUBORDINADOS
numa empresa.

Ex. CEO, supervisor, coordenador, executivo.

Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em
sucursal, filial ou agência.

Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a praticar todos
os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados.

Parágrafo único. Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários os poderes conferidos a dois
ou mais gerentes.

Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a terceiros, dependem do
arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado
serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente.

Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou revogação do
mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas Mercantis.

Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que este pratique em seu próprio nome,
mas à conta daquele.

Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do
exercício da sua função.

44
Rafael Barreto Ramos
© 2012

4. Contabilista (arts. 1177 e 1178)

É o responsável pelos LIVROS CONTÁBEIS. É aquele que faz o BALANÇO.

É o único previsto no Código Civil.

IMPORTANTE:

A responsabilidade pelos livros contábeis, o balanço SERÁ SEMPRE DO EMPRESÁRIO.

Porém, se o contabilista agir com CULPA (negligência, imprudência e imperícia), a


responsabilidade é do empresário, porém este poderá propor ação de regresso contra o
CONTRA O CONTABILISTA.

Se o contabilista agir com DOLO, este responderá SOLIDARIAMENTE COM O EMPRESÁRIO.

Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos
encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos
como se o fossem por aquele.

Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os
preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos
dolosos.

Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus
estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito.

Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o
preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela
certidão ou cópia autêntica do seu teor.

 Estabelecimento Empresarial (arts. 1142 a 1149)

É o conjunto de bens que o empresário reúne para a exploração de sua atividade econômica.

NÃO TEM COMO O EMPRESÁRIO EXERCER UMA FUNÇÃO SEM POSSUIR BENS.

IMPORTANTE:

Para a maioria da doutrina (inclusive para concursos), o IMÓVEL não faz parte do
estabelecimento.

1. Fundo de comercio ou aviamento: É o sobrevalor nascido por atividade


organizacional do empresário.

O sobrevalor é o valor dado ao bem por este estar reunido com outros. Paga-se a mais em
virtude de este conjunto de bens já estarem estruturados para o exercício de determinada
atividade comercial.

Ex. Fiat vender toda a planta de Betim.

45
Rafael Barreto Ramos
© 2012

2. Elementos do estabelecimento

2.1. Capital

- Bens corpóreos: aqueles que possuem existência material, palpável.

Ex. Vitrine, maquinário

- Bens incorpóreos: aqueles que não possuem existência físicas, que são impalpáveis.

Ex. A marca, o título do estabelecimento.

2.2. Trabalho: É a atividade daqueles que se dedicam ao funcionamento do estabelecimento.

FAZ PARTE DO ESTABELECIMENTO.

2.3. Organização: É o elemento estrutural que surge da conjugação do capital e trabalho em


função do fim colimado.

Nota:

TODO ESTABELECIMENTO POSSUI O CAPITAL, O TRABALHO E ORGANIZAÇÃO.

O elemento mais importante variará conforme a atividade.

Ex. Banco  capital / Escola  Trabalho (professores) / Empresa pertencente a um setor de


alta concorrência  organização

2.4. Clientela (NÃO FAZ PARTE DO ESTABELECIMENTO): É o conjunto de pessoas que


habitualmente consomem os produtos ou serviços fornecidos por um empresário.

NÃO FAZ PARTE DO ESTABELECIMENTO, uma vez que não se pode obrigar o cliente a comprar
o estabelecimento.

46
Rafael Barreto Ramos
© 2012

26/04/12
3. Título do Estabelecimento

É a designação pela qual este se torna conhecido perante o público.

“É o nome que fica na fachada do estabelecimento.”

Pode ser igual à marca e ao nome empresarial.

Nome utilizado para atrair a clientela.

Geralmente, utiliza-se como título do estabelecimento a atividade exercida.

4. Insígnia

É o emblema/desenho ou qualquer outro sinal que sirva para distinguir o estabelecimento dos
seus congêneres.

5. Ponto Comercial

É o local em que se situa o estabelecimento e para onde se dirige a sua clientela.

6. Ponto Comercial

É o local em que situa o estabelecimento. É para onde se dirige a sua clientela.

NÃO É O IMÓVEL E SIM AONDE SE VAI.

Para aqueles que entendem que o imóvel não faz parte do estabelecimento, este não tem
nenhuma relação com o ponto comercial.

Ex. Feira Hippie, Shopping Oiapoque

47
Rafael Barreto Ramos
© 2012

7. Renovação do contrato de locação comercial (Lei 8245/91)

A estabelece que o empresário que aluga um imóvel, após certo tempo, pode propor a ação
renovatória do contrato de locação, desde que preenchidos os requisitos legais.

O PRAZO PARA PROPOSITURA DA AÇÃO VARIA DE 1 ANO A 6 MESES DO VENCIMENTO DO


CONTRATO.

Requisitos:

- Contrato por prazo determinado

Aquele em que o FIM DO CONTRATO ESTEJA PREVISTO.

- Prazo mínimo do contrato seja de 5 anos

Que o locador esteja no imóvel por, no mínimo, 5 anos.

- Exploração, no mesmo ramo, pelo prazo, ininterrupto, de 3 anos

8. Exceção de retomada

Proposta a ação, o locatário será citado para contestar.

Fatos que podem ser alegados pelo locatário.

- Realização de obras no imóvel, por exigência do Poder Público

- Reforma que valorize o imóvel

- Insuficiência da proposta

- Proposta melhor de 3º

- Transferência do estabelecimento ao cônjuge ascendente ou descendente do locador

- Uso próprio

Nota:

Pressuposto: condição de existência;

Requisito: condição de validade.

48
Rafael Barreto Ramos
© 2012

9. Indenização do ponto

Situações em que o locatário vai ser obrigado a sair, porém terá direito a indenização.

9.1. Pressuposto

a. Caracterização da locação como empresarial, com o atendimento aos requisitos formal


(contrato por escrito e com fim determinado), temporal (prazo mínimo de 5 anos) e material
(Exploração, no mesmo ramo, pelo prazo, ininterrupto, de 3 anos)

b. Ajuizamento da ação renovatória dentro do prazo (1 ano a 6 meses após o vencimento do


contrato)

c. Acolhimento de exceção de retomada (Vide item 8)

9.2. Hipóteses de indenização

a. Existência de melhor proposta de 3º

b. Se o locador demorou mais de 3 meses para dar-lhe o destino alegado

c. Exploração da mesma atividade do locatário

d. Insinceridade da retomada

Pessoa mentiu para ter o imóvel de volta.

49
Rafael Barreto Ramos
© 2012

08/05/12
10. Alienação do estabelecimento empresarial

Conhecido vulgarmente como “Passa-se o ponto”, sendo Trespasse o seu nome técnico.

Somente surte efeito para terceiros a partir do arquivamento na junta comercial.

11. Sucessor do estabelecimento

É quem adquire o estabelecimento, ou seja, o ativo pode ser comprado.

No que diz respeito às dívidas:

11.1. A obrigação do alienante encontra-se regularmente contabilizada (art. 1144 a


1146, CC)

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do
empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na
imprensa oficial.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da
alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos
outros, da data do vencimento.

Neste caso, quem adquire o ativo, adquire também o passivo.

“Se a dívida estiver nos livros, quem compra os bens, ‘compra as dívidas’”.

Contudo, o alienante vai ficar durante 1 ano solidariamente responsável pela dívida. Acontece
para evitar a “transferência do estabelecimento para um laranja”.

Caso não esteja contabilizado, o adquirente fica isento, respondendo, portanto, o alienante.

11.2. Obrigações trabalhistas

O Direito sempre protege o trabalhador.

Então, pelas dívidas trabalhistas, tanto o alienante quanto o adquirente são responsáveis pela
dívida, ou seja, o trabalhador poderá cobrar tanto do alienante quanto do adquirente.

50
Rafael Barreto Ramos
© 2012

11.3. Obrigações fiscais, no mesmo ramo (art. 133 do Código Tributário Nacional)

A obrigação é integral do sucessor, porém este terá responsabilidade subsidiária se o


alienante, em 6 meses, voltar a exercer qualquer atividade econômica.

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo
de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a
contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou
profissão.

12. Trespasse e locação empresarial

É possível que o locatário de um imóvel venda o estabelecimento, porém deve haver a


autorização do locador, que permitirá a permanência do adquirente no imóvel.

Ex. Compra-se todo o estabelecimento de um bar (panelas, estoque, etc.), porém o imóvel é
alugado. O comprador somente poderá permanecer no imóvel se o locador permitir.

13. Cláusula de não-restabelecimento

SALVO CLÁUSULA EM CONTRÁRIO, o alienante não vai poder concorrer com o adquirente do
estabelecimento por um período de 5 anos.

É permitida a atuação em ramo distinto, sendo vedada apenas a concorrência.

51
Rafael Barreto Ramos
© 2012

15/05/12

 Propriedade empresarial/industrial

1. Legislação

Lei 9.279/96

2. Invenção

2.1. Invenção (Conceito Doutrinário): É dar aplicação prática ou técnica ao princípio científico
no sentido de criar algo novo, aplicável no aperfeiçoamento ou na criação industrial.

Ex. Lâmpadas, caneta esferográfica.

2.2. Modelo de Utilidade: É o objeto de uso prático, ou parte deste suscetível de aplicação
industrial, que apresente nova forma ou disposição envolvendo ato inventivo, que resulte em
melhoria funcional, no seu uso ou em sua fabricação.

“Pega-se um aparelho que já existe e o evolui.”

Ex. Telefones celulares.

Deve estar presente o ato inventivo.

Nota:

- Adição de invenção: É uma melhora sem o ato inventivo.

2.3. Desenho industrial (Design): É a forma plástica orçamental de um objeto ou o conjunto


orçamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado
visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial.

“Dá-se uma nova forma, uma nova configuração a algo que já existe.”

2.4. Marca (sinônimo de marca de produto ou serviço): É o sinal distintivo, suscetível de


percepção visual, que identifica produtos ou serviços.

3. Segredo de empresa

É o não pedido da patente do empresário para não divulgar sua invenção, seu modelo de
utilidade.

Uma vez que muitos empresários preferem não patentear o produto para não “correr o risco
de ser copiado”.

52
Rafael Barreto Ramos
© 2012

4. Marca de produto ou serviço

É a usada para individuar, distinguindo-os de outros idênticos, semelhantes ou afins.

Ex. Nike, Coca-Cola, Intel.

5. Marca de certificação

É a que atesta a conformidade de produto ou serviço as normas ou especificações técnicas.

O empresário, ao produzir determinado produto, obedece a normas determinada entidade,


tornando-o diferenciado dos demais. Ex. ISO9001, INMETRO

6. Marca coletiva

É a que informa ser o produto ou serviço fornecido por empresário filiado a certa entidade.

“O empresário que produz determinado produto que faz parte de outra entidade, que pode ou
não ter ligação com o produto produzido.”

Ex. Faber-Castell, que é filiada à S.O.S. Mata Atlântica

7. Propriedade intelectual

Tudo aquilo que provêm da criatividade/intelecto do ser humano.

7.1. Natureza do registro

Natureza constitutiva: altera o status jurídico. Garante a exclusividade.

7.2. Extensão da tutela

Protege a ideia.

Nota:

Propriedade Intelectual é gênero e tem como espécie o Direito Autoral e o Direito


Empresarial, uma vez que ambos provêm da criatividade/intelecto humano.

Direito Autoral Direito Industrial

- Natureza declaratória: “Serve somente para - Natureza constitutiva: altera o status jurídico.
demonstrar que determinada pessoa foi a Garante a exclusividade.
primeira a produzir.”
- Protege a ideia.
- Protege a forma.
- A exclusividade somente é obtida mediante o
- O REGISTRO NÃO É NECESSÁRIO para a registro ou patente.
obtenção da exclusividade no direito autoral.

- Estudado pelo Direito Civil - Estudado pelo Direito Empresarial

53
Rafael Barreto Ramos
© 2012

8. Desenho industrial e obra de arte

- Obra de arte: Tem como função somente embelezar ou demonstrar o poder econômico.

O desenho industrial, por sua vez, tem utilidade prática. Há somente uma exceção: as joias.

Ambos possuem os mesmos requisitos para a obtenção de patente.

9. Patenteabilidade

Requisitos para a obtenção da patente.

9.1. Novidade (art. 11)

É o que não se encontra no estado da técnica1.


1
Estado da técnica: Conhecimento poder ter acesso qualquer pessoa.

“Novidade é o que não é conhecido.”

- Exceção:

Se 6 meses antes do requerimento da patente, divulga-se o conteúdo da invenção em revistas,


congressos, considera-se este requisito como preenchido.

Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no
estado da técnica.

§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de
depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil
ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

§ 2º Para fins de aferição da novidade, o conteúdo completo de pedido depositado no Brasil, e ainda
não publicado, será considerado estado da técnica a partir da data de depósito, ou da prioridade
reivindicada, desde que venha a ser publicado, mesmo que subseqüentemente.

§ 3º O disposto no parágrafo anterior será aplicado ao pedido internacional de patente depositado


segundo tratado ou convenção em vigor no Brasil, desde que haja processamento nacional.

9.2. Atividade inventiva (art. 13 e 14)

Algo engenhoso/criativo, aquilo que os técnicos/cientistas consideram como avanço.

Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não
decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.

Art. 14. O modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico no assunto, não
decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica.

54
Rafael Barreto Ramos
© 2012

9.3. Industriabilidade (art. 15)

O produto deve ser passível de produção.

Contraexemplo. Disco Voador

Art. 15. A invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando
possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria.

9.4. Desimpedimento (art. 18)

- Produtos impedidos:

9.4.1. Contrárias à moral, aos bons costumes, à segurança, à ordem e à saúde.

9.4.2. Substâncias nascidas de transformação no núcleo atômico

Ex. Bomba atômica

9.4.3. Seres vivos ou partes deles, com exceção dos microrganismos

Exemplo de microrganismo que possui patente: transgênicos

Art. 18. Não são patenteáveis:

I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;

II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a


modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou
modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e

III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três
requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º
e que não sejam mera descoberta.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou
parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua
composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições
naturais.

55
Rafael Barreto Ramos
© 2012

10. Registrabilidade

Requisitos para se obter o registro.

10.1. Desenho industrial

- Novidade

É o que não se encontra no estado da técnica.

- Originalidade (art. 97)

Configuração visual distinta.

Art. 97. O desenho industrial é considerado original quando dele resulte uma configuração visual
distintiva, em relação a outros objetos anteriores.

Parágrafo único. O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos
conhecidos.

- Desimpedimento (art. 98 e 100)

Deve estar desimpedido.

- Atos impedidos:

I. Natureza puramente artística;

Uma vez se tratar de obra de arte.

II. Ofende a moral, os bons costumes, a honra, imagem da pessoa ou atente contra a liberdade de
consciência, crença, culto religioso ou contra ideias ou sentimentos dignos de respeito e veneração;

III. Apresenta forma necessária, vulgar, comum.

Deve ser original.

Art. 98. Não se considera desenho industrial qualquer obra de caráter puramente artístico.

Art. 100. Não é registrável como desenho industrial:

I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas, ou
atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimentos dignos de respeito
e veneração;

II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente por
considerações técnicas ou funcionais.

56
Rafael Barreto Ramos
© 2012

10.2. Marca (Classes)

A proteção da marca se dá por meio de classes

- Novidade relativa

Deve ser nova na classe que lhe diz respeito.

- Não colidência com marca notória (art. 126)

As marcas notórias possuem proteção em todos os setores.

Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6º bis (I), da
Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial,
independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil.

§ 1º A proteção de que trata este artigo aplica-se também às marcas de serviço.

§ 2º O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza ou imite, no todo ou
em parte, marca notoriamente conhecida.

- Desimpedimento (art. 124)

Lista com mais de 50 itens que abrangem brasões, fórmulas matemáticas, bandeiras, etc.

IMPORTANTE:

Não tendo a proteção não quer dizer que não poderá ser usado.

Poderá ser usado, sendo vedada somente a EXCLUSIVIDADE.

Art. 124. Não são registráveis como marca:

I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais,
estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação;

II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;

III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que
ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso
ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração;

IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria
entidade ou órgão público;

V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou


nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos;

VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver
relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma
característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época
de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;

57
Rafael Barreto Ramos
© 2012

VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;

VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo;

IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente
induzir indicação geográfica;

X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do
produto ou serviço a que a marca se destina;

XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de


qualquer gênero ou natureza;

XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação
por terceiro, observado o disposto no art. 154;

XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou
técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo
quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento;

XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;

XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com
consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;

XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com
consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;

XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito
autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou
titular;

XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou
serviço a distinguir;

XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia
registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de
causar confusão ou associação com marca alheia;

XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de
marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva;

XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que
não possa ser dissociada de efeito técnico;

XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e

XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não
poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território
nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento,
se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar
confusão ou associação com aquela marca alheia.

58
Rafael Barreto Ramos
© 2012

17/05/12
11. Proteção do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial)

11.1. Conceito

Autarquia federal, cuja sede está no Rio de Janeiro com filial nas principais cidades responsável
pela concessão de patentes e registro.

Em Belo Horizonte está localizado na Av. Amazonas, próximo à praça Raul Soares.

Patente da patente (invenção e modelo de utilidade) e do registro (marca e desenho


industrial).

11.2. Procedimento

I. Depósito: O valor ficará depositado por 180 dias;

II. Publicação: Após os 180 dias, o pedido será publicado por 60 dias na revista do INPI para os
interessados apresentarem a contestação;

III. Exame: Exame de preenchimento dos requisitos, dos impedimentos, da contestação, etc.

IV. Decisão: Concessão ou não concessão da patente ou registro.

Nota:

Por se tratar de tratado internacional, a partir da concessão da patente, o indivíduo ficará


protegido durante 180 nos países que o assinaram, ou seja, o individuo tem 180 dias para
requerer a proteção da patente nestes países.

12. Extinção do Direito Industrial

Causa o término do direito industrial, conhecido como “cair em domínio público”.

A partir do momento que cai em domínio público, qualquer pessoa poderá utilizar a marca,
invenção, etc.

O antigo dono poderá continuar a usar, apenas não terá a exclusividade.

12.1. Decurso do Direito Industrial

- Invenção: 20 anos do depósito ou 10 da concessão. O que

- Modelo de utilidade: 15 anos do depósito ou 7 da concessão.

- Desenho industrial: 10 anos do depósito e até 3 prorrogações de 5 anos.

- Marca: 10 anos e infinitas prorrogações.

Será o aplicado o prazo que for mais benéfico para o indivíduo.

59
Rafael Barreto Ramos
© 2012

Nota:
Passados 25 anos, o design perderá sua exclusividade.

A marca, por sua vez, caso devidamente registrada, não perderá sua exclusividade, não
podendoser utilizada.

Ex. Caso alguém queira produzir uma Ferrari ano 1985, poderá utilizar-se do design sem
problema algum. Porém, não poderá utilizar a marca.

12.2. Caducidade

Perda do Direito Industrial pelo abuso ou pelo desuso.

12.3. Renúncia

O Direito industrial será perdido nos casos de renúncia.

12.4. Falta de pagamento ao INPI

O Direito industrial será perdido nos casos de não pagamento ao INPI.

12.5. Inexistência de representante legal no Brasil

- Degeneração de marca notória: Ocorre nos casos em que a marca passa a identificar o
produto.

Ex. Bombril, maizena, Xerox, etc.

Inicialmente é bom, porém, como passar do tempo, destrói a marca da pessoa.

- Concorrência Desleal (art. 195): Quando uma pessoa tenta enganar o público em geral com
marcas extremamente semelhantes ou iguais.

Quando se quer utilizar uma marca que já existe ou outra que gere confusão, comete-se o
crime de concorrência desleal.

Ex. Posto 13R.

Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:

I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter
vantagem;

II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem;

III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem;

IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os
produtos ou estabelecimentos;

V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe
ou oferece à venda ou tem em estoque produto com essas referências;

60
Rafael Barreto Ramos
© 2012

VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome ou razão social
deste, sem o seu consentimento;

VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve;

VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou
falsificado, ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou
falsificado, se o fato não constitui crime mais grave;

IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado,


faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem;

X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao
dever de empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador;

XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados


confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam
de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso
mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato;

XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o
inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou

XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou
concedida, ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel
comercial, como depositado ou patenteado, ou registrado, sem o ser;

XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não
divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades
governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos.

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º Inclui-se nas hipóteses a que se referem os incisos XI e XII o empregador, sócio ou administrador da
empresa, que incorrer nas tipificações estabelecidas nos mencionados dispositivos.

§ 2º O disposto no inciso XIV não se aplica quanto à divulgação por órgão governamental competente
para autorizar a comercialização de produto, quando necessário para proteger o público.

61
Rafael Barreto Ramos
© 2012

 Sociedade

É o contrato por intermédio do qual duas ou mais pessoas se obrigam reciprocamente a


contribuir, com bens ou serviços para o exercício de atividade econômica e a partilhar entre si,
os resultados.

1. Classificação das sociedades

1.1. Sociedade de pessoa e sociedade de capital

- Sociedade de pessoa

Aquela em que o elemento mais importante é a figura dos sócios, ou seja, aquela em que as
pessoas são o elemento mais importante. A sociedade vive em função de seus sócios.

Ex. Escritórios de advocacia.

- Sociedade de capital

Aquela em que o elemento mais importante é o capital investido pelos sócios.

Ex. Bancos

Exemplo da diferenças entre sociedade de pessoa e sociedade de capital

I. Penhora de cotas

- Na sociedade de pessoa, a penhora das cotas NÃO É PERMITIDA. Neste caso, pode-se penhorar
somente os rendimentos.

- Já na sociedade de capital, a penhora de cotas é permitida.

II. Extinção

- Na sociedade de pessoa, caso os sócios morram, esta se extingue.

- Já na sociedade de capital, as cotas passam para os herdeiros.

III. Saída de sócios

- Na sociedade de pessoa só se sai com a autorização dos demais.

- Na sociedade de capital pode-se sair a qualquer momento.

62
Rafael Barreto Ramos
© 2012

1.2. Responsabilidade ilimitada, Responsabilidade mista & Responsabilidade limitada

- Responsabilidade ilimitada

Aquela em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.

- Responsabilidade mista

Aquela em que alguns sócios têm responsabilidade limitada e outros têm responsabilidade
ilimitada.

- Responsabilidade limitada

Aquela em que todos os sócios respondem limitadamente pelas obrigações da sociedade.

1.3. Sociedade simples & Sociedade empresária

- Sociedade simples

Aquela que exerce atividade intelectual, literária, artística e científica.

- Sociedade empresária

Aquela que exerce as demais atividades.

63
Rafael Barreto Ramos
© 2012

22/05/12 (FALTANDO MATÉRIA)

64
Rafael Barreto Ramos
© 2012

24/05/12

 Tipos Societários

1. Sociedade em comum (art. 986 a 990)

1.1. Definições

- Conceito: É a sociedade cujo ato constitutivo não está inscrito, ou seja, não é registrada.

- Responsabilidade dos sócios: Todos os sócios têm responsabilidade solidária e ilimitada pelas
obrigações sociais.

- Personalidade jurídica: Não possui personalidade jurídica.

- Nome empresarial: NÃO POSSUI NOME EMPRESARIAL.

1.2. Erro no código civil

Conforme dispõe o Código Civil, em caso de dívidas, primeiramente cobra-se da sociedade e


depois dos sócios, porém a sociedade não é personificada, não podendo, portanto, ser
cobrada.

Enfim, basicamente, em virtude da não personificação da sociedade, sempre se cobraria dos


sócios.

1.3. Distinção doutrinária

Parte da doutrina defende a seguinte distinção das sociedades comuns:

1.3.1. Sociedade de fato: aquela que nunca foi registrada.

1.3.2. Sociedade irregular: Por ter se alterado os sócios em demasia, esta se torna irregular.

- Crítica sociedade irregular

A sociedade continuaria registrada, não perdendo sua personalidade jurídica. Neste caso, os SÓCIOS
responderiam pelos atos irregulares.

65
Rafael Barreto Ramos
© 2012

CAPÍTULO I Da Sociedade em Comum

Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em
organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem
compatíveis, as normas da sociedade simples.

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a
existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em
comum.

Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo
pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou
deva conhecer.

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do
benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.

2. Sociedade em conta de participação (art. 991 a 996)

É uma sociedade que, mesmo não possuindo registro, é considerada regular. Será constituída
por um sócio ostensivo que é empresário e realiza todos os negócios em seu próprio nome,
respondendo ilimitadamente pelas obrigações sociais.

Os demais sócios são chamados de ocultos, fornecendo capital e respondendo limitadamente


ao capital aplicado. Essa sociedade não tem nome empresarial porque realiza os negócios em
nome do sócio ostensivo, não possui personalidade a jurídica.

Ou seja, em linhas gerais, é a sociedade em que aparece apenas um sócio, ficando os demais
ocultos. Este sócio se apresenta como empresário individual e responderá como empresário
individual, isto é, ilimitadamente.

Ex. Motel em que um dos sócios deseja permanecer oculto a fim de evitar que o nome de sua
família seja denegrido.

IMPORTANTE:

- Questão de prova:

E se o sócio ostensivo registrar na junta comercial o contrato que possui com o sócio oculto?
Qual será a consequência deste contrato? A sociedade adquiriria personalidade jurídica?

O contrato somente geraria cumplicidade e não alteração, uma vez que esta sociedade é feita
para funcionar desta maneira. Desta forma, a sociedade NÃO ADQUIRIRIA PERSONALIDADE
JURÍDICA.

66
Rafael Barreto Ramos
© 2012

CAPÍTULO II Da Sociedade em Conta de Participação

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida
unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.

Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante
este, o sócio participante, nos termos do contrato social.

Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e


pode provar-se por todos os meios de direito.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu
instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.

Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante
não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder
solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.

Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial,
objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.

§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.

§ 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta,


cujo saldo constituirá crédito quirografário.

§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da
falência nos contratos bilaterais do falido.

Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o
consentimento expresso dos demais.

Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for
compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à
prestação de contas, na forma da lei processual.

Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e julgadas
no mesmo processo.

67
Rafael Barreto Ramos
© 2012

3. Sociedade em nome coletivo (art. 1039 a 1044)

- Conceito: É uma sociedade que, apesar de ser registrada, todos os sócios são pessoas físicas e
possuem responsabilidade solidária e ilimitada.

- Nome empresarial: Para nome empresarial adota uma firma.

CAPÍTULO II Da Sociedade em Nome Coletivo

Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo
todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato
constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no que seja omisso,
pelas do Capítulo antecedente.

Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma social.

Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos
limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.

Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a
liquidação da quota do devedor.

Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando:

I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;

II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no
prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório.

Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e,
se empresária, também pela declaração da falência.

68
Rafael Barreto Ramos
© 2012

4. Sociedade em Comandita¹
¹Sociedade em Comandita: sociedade que possui um administrador que responde ilimitadamente.

4.1. Simples (art. 1045 a 1051)

4.1.1. Conceito

É uma sociedade que possui dos tipos de sócios:

- O comanditário: fornece o capital e possui responsabilidade limitada.

Aquele que é sócio, que investe o capital, porém não pode administrar. É o investidor. Não
responde ilimitadamente.

Pode ser pessoa jurídica, pois apenas investe na sociedade.

Se o sócio comanditário morre, as cotas passam para seus herdeiros.

Caso o comanditário comece a administrar, passará a ter responsabilidade ilimitada.

- O comanditado: administra e possui responsabilidade ilimitada.

Aquele que, além de sócio, é administrador. Responderá ilimitadamente.

NÃO PODE SER PESSOA JURÍDICA, uma vez que o administrador deve necessariamente ser
pessoa física.

Se o sócio comanditado morre, em regra, a sociedade se extingue.

4.1.2. Nome Empresarial

Para nome empresarial adota uma firma e no fim sempre terá “e cia” ou “e companhia”.

Deve-se haver somente o nome do comanditado porque somente este responde


ilimitadamente.

69
Rafael Barreto Ramos
© 2012

CAPÍTULO III Da Sociedade em Comandita Simples

Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os
comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os
comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.

Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.

Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade em nome coletivo, no
que forem compatíveis com as deste Capítulo.

Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em
nome coletivo.

Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as
operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social,
sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.

Parágrafo único. Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negócio
determinado e com poderes especiais.

Art. 1.048. Somente após averbada a modificação do contrato, produz efeito, quanto a terceiros, a
diminuição da quota do comanditário, em conseqüência de ter sido reduzido o capital social, sempre
sem prejuízo dos credores preexistentes.

Art. 1.049. O sócio comanditário não é obrigado à reposição de lucros recebidos de boa-fé e de acordo
com o balanço.

Parágrafo único. Diminuído o capital social por perdas supervenientes, não pode o comanditário receber
quaisquer lucros, antes de reintegrado aquele.

Art. 1.050. No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição do contrato,
continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente.

Art. 1.051. Dissolve-se de pleno direito a sociedade:

I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;

II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de sócio.

Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão administrador provisório


para praticar, durante o período referido no inciso II e sem assumir a condição de sócio, os atos de
administração.

70
Rafael Barreto Ramos
© 2012

4.2. Sociedade em comandita por ações (art. 1090 a 1092 e lei 6.404/76)

4.2.1. Conceito

É uma sociedade que o sócio administrador possui responsabilidade solidária é ilimitada e o


demais sócios, responsabilidades limitada ao capital aplicado.

Aplicam-se as normas sobre sociedade anônima (sociedade de ações). A administração será


constituída por um ou mais diretores

Tudo que é decidido em assembleia, o sócio(s) administrador(es) tem que concordar, pois este
possui responsabilidade ilimitada.

4.2.2. Nome Empresarial

Para nome empresarial, adota uma firma ou denominação. No caso de denominação, ao final,
terá a expressão “comandita por ações”.

CAPÍTULO VI Da Sociedade em Comandita por Ações

Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas
normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e
opera sob firma ou denominação.

Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde
subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.

§ 1o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens


sociais.

§ 2o Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, e somente
poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital
social.

§ 3o O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelas obrigações
sociais contraídas sob sua administração.

Art. 1.092. A assembléia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o objeto essencial
da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures,
ou partes beneficiárias.

71
Rafael Barreto Ramos
© 2012

29/05/12 (FALTANDO MATÉRIA)

72

Você também pode gostar