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Viver bem segundo Epicuro

Elsiane Lara Gomes Freire de Sá


Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar)

RESUMO

Esse trabalho discute a visão de Epicuro sobre uma vida feliz. São debatidos alguns temas centrais de sua
obra: a morte e o prazer, também são dados alguns exemplos de situações vividas atualmente. Para obter
sucesso neste percurso, utilizar-se-á como principal fonte bibliográfica a Epístola a Meneceu.

Palavras-chave: Epicuro; felicidade; morte; prazer.

1 INTRODUÇÃO
Epicuro foi um filósofo grego que viveu entre os anos 341 a.C. a 271 a.C. e foi fundador do
chamado Epicurismo. Movimento que acreditava que o prazer era o inicio e o fim da vida
feliz, por conta disso sua filosofia foi duramente criticada no seu tempo. Para viver de acordo
com os seus princípios, Epicuro e seus discípulos passaram a morar em uma propriedade que
denominaram de “Jardim”, nesse local viviam todos juntos de maneira muito simples em uma
comunidade autossuficiente, fortalecendo o coletivo onde os valores supremos eram a
amizade, a boa ação, a liberdade e o exercício da filosofia. O texto deixado por Epicuro
escrito a 2300 atrás consegue ser extremamente atual, capaz de nos fazer refletir sobre como
vivemos nossa vida hoje e portanto deve ser revisitado.

2 DISCUSSÃO
2.1 A morte
Uma ideia fundamental na carta de Epicuro é a filosofia como preparação para a morte. O
critério da verdade e do bem são as sensações posto que estar vivo é sentir, ver, cheirar,
escutar, tocar e por isso, a morte não deveria significar nada já que há uma privação de
sensações. Na nossa sociedade é comum existir pessoas que se paralisam diante da vida por
conta do medo da morte e isso é um indicativo de como estamos vivendo mal as nossas vidas.
Essa realidade não deveria nos amedrontar e sim nos fazer meditar e pensar na nossa história:
O que estamos fazendo da nossa vida? Estamos fazendo bem aquilo que nos concerne fazer?
No nosso cotidiano é comum deixarmos de fazer algo por medo de nos machucarmos e por
razão disso acabamos deixando escapar muitos momentos de alegrias que nos enriqueceria de
experiências. Não foi nos dado o conhecimento do nosso tempo de existência e exatamente
por isso que deveríamos buscar agir da melhor maneira pois muito mais importante que a
quantidade de tempo que se vive é a qualidade enquanto vive. Entende-se que para o sábio
viver não é um fardo e não viver não é um mal.

2.2 O prazer
Entende-se que é a referência do viver. Na sua correspondência dirigida a Meneceu, Epicuro
faz uma relação entre a felicidade e o prazer. Diz ele:

“[...] afirmamos que o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. Com efeito, nós o
identificamos como o bem primeiro e inerente ao ser humano, em razão dele
praticamos toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos escolhendo todo bem de
acordo com a distinção entre prazer e dor.” (EPICURO, 2002, p.37)

Faz-se necessário afirmar que o prazer aqui referido é intelectivo, calculado de maneira
cuidadosa e não escolhido com imoderação. É importante que eduquemos nosso corpo e
espírito a se sentir bem com aquilo de mais simples e básico da vida. No século XXI, há uma
confusão muito clara na busca desenfreada pela felicidade, caracterizando um
desconhecimento sobre os nossos próprios desejos e necessidades. É comum associarmos a
nossa felicidade aos bens materiais e essa relação é muito utilizada pelo mercado publicitário
que lucra através de comparações implícitas que nos fazem acreditar que precisamos de algo
que a maioria das vezes é desnecessário. O prazer só é bem escolhido através das virtudes e,
para Epicuro, a principal delas é a prudência. É esse atributo que nos habilita a identificar a
ação e a conduta correta, ou seja, aquelas que nos permitirão viver sem risco de sofrimento. É
importante entender que tudo podemos, mas nem tudo nos convém. Por esse motivo ter uma
vida bem analisada se torna essencial, é preciso investir tempo para reflexão, para
compreendermos o que somos, o que queremos e quais as coisas que nos alegram
verdadeiramente.
3 CONCLUSÃO
No final de tudo isso verifica-se que a receita para viver bem é simples mas não
necessariamente fácil. Ser homem é precisar escolher a todo instante e para fazer isso com
sabedoria devemos nos lembrar dos nossos conceitos de moralidade. É crucial a todo
momento investigar as motivações por trás das nossas ações pois, como afirmava Sócrates, a
vida irrefletida não vale a pena ser vivida.

REFERÊNCIAS
FOOT, Francisco, Epicuro: Carta sobre a felicidade (a Meceneu). Editora Unesp, 2002.

BOTTON, Alain, Epicurus on Happiness, 2012, Youtube. Disponível em:


< https://www.youtube.com/watch?v=KFYr2jvTm98 >

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